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SOU MÓRMON, SOU MAÇOM, E AGORA?


Cesóstre Guimarães de Oliveira
Mórmon/Maçom
Loja Maçônica Humanidade e Concórdia, nº 2851
Grande Oriente do Brasil no Maranhão

Pensando na relação Mórmons Maçons, cheguei à seguinte conclusão: nós, os


livres pensadores somos "TOLERADOS" no seio de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. Impressiona-me ver que a relação que existiu e ainda perdura
até nossos dias, entre a Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias é um tabu temido por alguns, odiado por outros, e por uma minoria bem pequena
(aqui me incluo) é compreendida. Por vezes me entristeço ao ver que não só os
membros novos, mais até mesmo membros antigos que ocupam cargos de proeminência
desconhecem esta relação, e sua importância histórica no estabelecimento do evangelho
restaurado, e por desconhecê-la, repudiam.
Surpreendo-me sempre ao ouvir justificativas apresentadas por membros da Igreja
quanto à presença de nossos primeiros líderes no seio da fraternidade maçônica, eles
tentam justificar esta relação como que se algo de errado tivesse sido praticado por tão
nobres e proeminentes líderes. Reafirmo o que já foi dito: os primeiros cinco
presidentes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foram iniciados na
Maçonaria, e com eles todo o primeiro Quorum dos Doze Apóstolos, além de vários
(muitos) outros membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e lá
(na Maçonaria americana) permaneceram até a morte. Com o mesmo zelo que
guardaram seus testemunhos, estes homens de nobres estirpes jamais negaram a
maçonaria. Penso que aqueles que tentam justificar os líderes iniciados na Maçonaria,
estão a acusá-los de um feito errado. “Quem se desculpa, se acusa”, esta frase esteve
muito tempo em um mural na sala da presidência de minha estaca, demorei a entender o
teor da mensagem, talvez a compreensão literal do texto por parte de quem o colocou lá
não seja a mesma minha, mas em um ponto podemos concordar, se não estou errado,
não devo me desculpar.
O preconceito, a ignorância, a epistemofobia tem mutilado a história mórmon,
bem pouco são os registros que tratam desta relação, e destes, menos ainda são aqueles
expostos ao publico, e em especial aos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias (a grande maioria dos escritos são de autores não mórmons), algumas
vezes tenho a impressão que se fosse permitido aos nossos historiadores, eles rasgariam
estas páginas de nossa história.
Tentar pesquisar sobre a relação mormonismo e maçonaria é algo extremamente
penoso. O desrespeito, o descaso com nossa historia é gritante. Se pegarmos velhos
manuais, ou até mesmo livros escritos por antigos líderes, e compararmos estes a suas
versões atuais, de forma desconcertante verificaremos que muito do que se refere à
estadia de nossos precursores (mórmons) na maçonaria, foi intencional e completamente
ignorado. Quando algum escrito sobrevive ao zelo desconcertante de um ou outro
historiador mórmon, atônitos podemos concluir que parte do texto foi editado, capítulos
 
inteiros que tratavam desta temática foram reduzidos a 10 ou 15 linhas onde maçonaria
aparece como algo sem relevância, ou um acontecimento local.
Esta cegueira (intencional) por parte de alguns líderes é algo que desconcerta e
incomoda até mesmo ao mais desatento pesquisador de nossa história. Em conversa
reservada com um irmão Maçom que também é Mórmon, eu me arrisquei a profetizar,
(esta é uma força de expressão, não estou a dizer que sou profeta, tenho um testemunho
do Presidente Monson), dizia a ele: chegará o dia em que nossos lideres terão que se
pronunciar oficialmente sobre maçonaria, temo por este dia. Receio que o preconceito
seja mais forte que a razão, o medo daquilo que se desconhece supere o desejo pela
busca do conhecimento, receio pelo dia em que não mais teremos as 13 Regras de Fé no
formato que as temos hoje, temo pelo dia em que não mais poderemos ensinar nossas
crianças que “...se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável,
nós a procuraremos”(13º Regra de Fé). Oxalá este dia nunca chegue, pois se ele
chegar, teremos que encontrar respostas para explicar ao mundo por que nossos mártires
morreram, teremos que explicar que a intolerância que os matou não é a mesma que nos
motiva a rejeitar a mais sublime organização ¹agregadora (religiosa) criada para os
homens.
Para aqueles que parecem ter esquecido, lembro (novamente), Maçonaria não é
religião, e não tem pretensões de ser ou combatê-las, afinal, sempre fomos nós os
maçons as vitimas dos religiosos, e nunca os seus algozes, a história secular nos mostra
isto.
Quando afirmo ser a Maçonaria religiosa estou pautado nas afirmações de grandes
e ilustres mórmons maçons, ou maçons de outros seguimentos religiosos. Isento-me
aqui de citá-los já que este não é o objetivo a que me propus ao iniciar esta escrita, mas
esclareço que somos religiosos por que “é requerido de cada Maçom o reconhecimento
de um único princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito ao qual damos o
nome de Grande Arquiteto do Universo, por que é uma entidade espiritualista em
contraposição ao predomínio do materialismo” (www.masonic.com.br, em 23/01/2009).
Maçonaria não pode nem deve ser comparada a uma religião já que não nos
enquadramos, nem pretendemos nos enquadrar ao perfil de uma. Sabemos que uma
religião é caracterizada por cultos a uma divindade, na Maçonaria mesmo reconhecendo
e respeitando a existência do Grande Arquiteto do Universo, em nenhum momento de
nossa ritualística aparece o culto á uma divindade cristã ou pagã, deixamos esta pratica
para as religiões. Outro ponto que caracteriza uma religião, que não tem presença
confirmada na ritualística maçônica é a existência de doutrina ou um sistema organizado
religioso. É requerido a cada Maçom que manifeste a crença em um ser supremo, para
nós independe se o deus a quem a pessoa professa sua fé é Iahweh, Alá, Krishna, etc.
Nós nos relacionamos respeitando a fé de cada um, nós mórmons maçons
compreendemos que esta relação pacífica é parte da doutrina de Jesus Cristo, e tem
ligações diretas com o livre arbítrio, pois até mesmo a 11º Regra de Fé é inquestionável
quando afirma que “Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de
acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens
o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem”.
 
Sou Mórmon, sou Maçom, bem poucos daqueles não iniciados têm a
compreensão da magnitude que é pertencer a estas duas sublimes organizações, sendo
Maçom estou completo como Mórmon, conhecimentos que ora para mim estiveram
perdidos agora posso resgatá-los na sublime instituição que é a Maçonaria. Concluindo
meu pensamento cito o Presidente Joseph Fielding Smith: ²"Muitos filiaram-se à
instituição maçônica. Isto parece ter sido um degrau ou preparação para algo mais, a
verdadeira origem da Maçonaria. Isto também vi e me regozijo."

APENDICE

¹Não confundir com religião. (A Maçonaria é Religiosa?


http://www.masonic.com.br/trabalho/conceito.htm).
²Joseph Fielding, Diary (1843-1846), Church Archives, citado em "`They Might Have
Known He Was Not a Fallen Prophet' – The Nauvoo Journal of Joseph Fielding",
editado por Andrew F. Heath. BYU Studies 19 -Winter 1979.)
São Luis, Maranhão, 23 de janeiro de 2009
 

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