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Professora Doutora do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora
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Professora Mestre do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora
Figura 1 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro
Pelo exposto, pode-se deduzir que esse Atlas introduz inovações no que diz
respeito à utilização dos mapas de agricultura para escolares uma vez que permite ao
usuário estabelecer comparações e analisar o quadro agrário brasileiro, conduzindo à
elaboração de sínteses sobre diferentes lugares acerca do assunto. A sua proposta
ultrapassa a cartografia tradicional que se atém à localização dos lugares. Para a
organização das legendas foram utilizados símbolos e cores que às vezes dificultam a
legibilidade dos mesmos.
O Atlas Escolar da Fundação Nacional de Material Escolar (FENAME) foi
elaborado com o apoio do IBGE e substituiu o Atlas Geográfico Escolar, com utilização
bastante difundida e publicado durante vários anos (de 1956 a 1980), com uma tiragem
de 2.958.000 exemplares ao longo do tempo3. Publicado em 1983, o Atlas Escolar
resgata informações de seu antecessor e as amplia, incluindo amplo mapeamento sobre
a agricultura brasileira, contando, nessa parte, com a consultoria do Prof. Nilo
Bernardes.
No mapa dedicado à ocupação territorial, remete à evolução histórica,
representando as áreas de extração de pau-brasil e cultivo de cana-de-açúcar, no século
XVI; as áreas de pecuária e de extração das drogas do sertão nos séculos XVII e XVIII
e, no século XIX, as áreas de cultura de café.
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Na apresentação do Atlas Geográfico da FENAME há considerações sobre o Atlas que o antecedeu e
das mudanças propostas para o novo Atlas.
No Atlas foi incluída uma página dedicada à agricultura, com três mapas. O
principal, na escala de 1: 22.000.000, apresenta o zoneamento agrícola do espaço
brasileiro, de forma generalizada, destacando áreas de policultura, de cultura de grãos,
monocultura, culturas diversificadas e pecuária, sem definir o tipo de produto de cada
área demarcada. Apresenta como encartes temáticos, visando à ampliação das
informações do mapa principal, dois mapas coropléticos, na escala 1: 50.000.000; o
primeiro apresenta a distribuição por porte do rebanho (pequeno, médio e grande) e o
segundo a especificação das culturas por estado.
O Atlas contém o mapeamento das regiões brasileiras, reservando três mapas
para cada região: físico/político, vegetação, agricultura e indústria, sempre na mesma
escala. Nos mapas de agricultura e indústria estão demarcadas as áreas de criação e de
produção agrícola, de forma zonal. Dentro das manchas que correspondem à policultura,
há destaque dos produtos predominantes, anotadas dentro dos próprios mapas, portanto,
não incluídas nas legendas. Na forma de encarte temático, um mapa coroplético indica a
pecuária, especificando se é de grande ou pequeno porte e a agricultura, se é industrial
ou de consumo (alimentar).
Constata-se a riqueza de informações sobre a agricultura brasileira que
possibilitam a utilização do Atlas de diferentes maneiras, seja através de uma leitura
ampla do quadro agrário brasileiro, seja através da superposição de informações, o que
permite a comparação, a análise e a síntese voltada para informações acerca de
produção. Ao lado dos mapas de cada região brasileira estão incluídos gráficos sobre a
composição da população, o que possibilita analisar a produção agrícola com a
população rural, mas não há dados suficientes que permitem uma compreensão da
ocupação social diferenciada do espaço.
Publicado em 1998, os autores do Atlas Geográfico do Estudante incluíram
seis mapas contendo informações sobre a agricultura brasileira. Entre os mapas, dois
estão em uma escala maior (1: 30.000.000), “Agropecuária” e “Estrutura Fundiária”. No
primeiro estão representadas, em grandes áreas, a agricultura e a pecuária de forma
similar ao mapa contido no Atlas Escolar da FENAME; os mapas são seguidos de
outros dois, na mesma página, um com dados relativos à produção agrícola para
exportação e o outro com a principal produção pecuária. A escala dos mapas, 1:
60.000.000, não permite boa legibilidade, sobretudo quando há a superposição das
informações. O mapa da estrutura fundiária, também na escala de 1: 30.000.000, contém
a representação de informações das propriedades pequenas, médias e grandes, número
de propriedades e área ocupada. As informações foram organizadas em gráficos de
setores dispostos sobre o mapa. Na parte inferior da folha, foram incluídos outros dois
mapas na escala 1: 60.000.000 (Fig. 5); no primeiro estão representados, pontualmente,
os municípios com assentamentos rurais e no segundo, conflitos de terra e principais
lugares de violência no campo. A análise comparativa entre os mapas possibilita o
cruzamento de informações sobre a organização social do espaço agrário, entretanto, a
escala dos mapas dificulta uma análise mais detalhada, posto que não há possibilidade
de identificação dos municípios e dos lugares indicados. Vale ressaltar que a inclusão
desses mapas apresenta um viés diferenciado de análise do espaço agrário brasileiro,
não encontrado nos Atlas escolares anteriormente mencionados.
Figura 5 – Estrutura Fundiária, Assentamentos Rurais e Conflitos de Terra.
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Avaliação didáticos – ver referência
Figura 6 – BRASIL Uso da terra e Tensão no campo
Bibliografia
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