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BNDES-exim.
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Tirar
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o seu
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projeto
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papel.
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Esse
Esseé oé nosso
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Esseé oé nosso
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O BNDES-exim,
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além
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instrumento
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de financiamento
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às exportações
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de produtos
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brasileiros,
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o caminho
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mais
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curto
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entre
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as empresas
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de serviços
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e o emercado
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global.
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Se você
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trabalha
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comcom
projetos,
projetos,
obras,
obras,

desenvolvimento
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de software
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e outras
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atividades
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na área
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de serviços,
de serviços,
consulte
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as soluções
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BNDES-exim
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e leve
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seus
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conhecimentos
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o mundo.
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Se oSeserviço
o serviço
da sua
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empresa
empresa
é competitivo,
é competitivo,
comcom
o BNDES
o BNDES
apoiando
apoiando
ele ele

fica fiimbatível. Acesse


ca imbatível. www.bndes.gov.br/exportacao.
Acesse www.bndes.gov.br/exportacao.
FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 1


Diretoria 2006-2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

Federação das Câmaras


1 Vice-Presid de
e n t e Comércio Exterior st

Foreign Trade Chambers


PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZFederation

V i c e de
A FCCE é a mais antiga Associação - P rClasse
e s i d ededicada
ntes V iac e - P r e s i d e n t e DAS
FEDERAÇÃO Euro pa
CÂMARAS DE COMÉRCIO
Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. EXTERIOR – FCCE assinou Convênio com o CONSE-
Gilberto Ferreira Ramos
Fundada no ano de 1950, pelo empresário João V iLHO c e - PDEr e sCÂMARAS
i d e n t e NDEo r tCOMÉRCIO
e DAS AMÉRICAS,
Joaquim Ferreira Mângia Cláudio do Carmo Chaves
Daudt de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a organismo que representa as Câmaras de Comércio
José Augusto de Castro
fundação da Confederação Nacional do Comércio – V iBilaterais
Ricardo Vieira Ferreira Martins
c e - P r e sdosi d eseguintes
n t e S u dpaíses:
e s t e ARGENTINA, BOLÍVIA,
Antonio Carlos Mourão Bonetti
CNC ), a FCCE opera ininterruptamente, há mais de CANADÁ , CHILE , CUBA , EQUADOR , MÉXICO ,
50 anos, incentivando e apoiando o trabalho das V iPARAGUAI ce-Presidente Sul
, SURINAME , URUGUAI , TRINIDAD E
Arno Gleisner
Câmaras de Comércio Bilaterais, Consulados Estran- TOBAGO e VENEZUELA.
geiros, Conselhos Empresariais e Comissões Mistas a Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio
Diretores
nível federal. Bilaterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte
A FCCE, por força do seu Diana Estatuto,
Viannatem âmbito Luiz
De Souza daOswaldo
Diretoria Aranhaatual, os Presidentes das Câmaras de
Marie Christiane Meyers Marcio
nacional, possuindo Vice-Presidentes Regionais em Comércio: Brasil-Grécia, Eduardo Sette Fortes de Almeida
Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia,
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
diversos Estados da Federação, operando também no Brasil-Eslováquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
plano internacional, através “Convênios de Cooperação” México, Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano,
Andre Baudru Ricardo Stern
firmados com diversos organismos da mais alta Brasil-Índia, Brasil-China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
credibilidade e tradição, a exemplo da International Brasil e Indonésia, além do Presidente do Comitê
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Cesar Moreira
Inter- Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional, o
Roberto Habib
nacional – CCI), fundada em 1919, comAndrew
Charles sede em Presidente
Paris Roberto
T'Ang da Associação Brasileira da Empresas
Kattán Arita
e que possui mais de 80 ComitêsDaniel Nacionais,
André Sauernos 5 SergioComerciais
SalomãoExportadoras – ABECE, o Presidente da
continentes, além de operarEduardo
a mais Pereira
importante Associação
“Corte Sizínio
De Oliveira Pontes Brasileira
Nogueira da Indústria Ferroviária – ABIFER,
Internacional de José
Arbitragem”
Franciscodo mundo,
Fonseca fundada no
Marcondes o Presidente
ano Sohaku
Neto Raimundo daCesar
Associação
Bastos Brasileira dos Terminais de
de 1923. Luis Cesario Amaro da Silveira Contêineres,
Stefan Janczukowicz o Presidente do Sindicato das Indústrias
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO Mecânicas e Material Elétrico, entre outros. Some-se,
EXTERIOR tem sua sede na Avenida General Justo no ainda, a presença de diversos Cônsules e diplomatas
307, Rio de Janeiro, (Edifício da Confederação
C o n s e l hNacional
o F i s c a l estrangeiros,
( T i t u l a r e s ) dentre os quais o Cônsul-Geral da

do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, há de República


Delio Urpia Seixas do Gabão, o Cônsul do Sri Lanka (antigo
quase duas décadas “Convênio de Suporte Administrativo
Elysio de Oliveira“Ceilão”),
Belchior e o Ministro Conselheiro-Comercial da
e Protocolo de Cooperação Mútua”. Em passado recente
Walter Embaixada de Portugal.
Xavier Sarmento
A Diretoria

2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Diretoria 2006-2009
Diretoria 2006-2009
Presidente
P r e s i dDE
JOÃO AUGUSTO e nSOUZA
te LIMA
JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st V i c e - P r e s i d e n t e
1 Vice-P
st
PAULO FERNANDO r e s i d e n t eFERRAZ
MARCONDES
PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vice-Presidentes Vice-Presidente Europa


V i Arlindo
c e - P r eCatoia
s i d eVarela
ntes Jacinto
V i c e - PSebastião
r e s i d e nRego
t e Ede
u rAlmeida
o p a (Portugal)
Gilberto Ferreira
Arlindo CatoiaRamos
Varela Jacinto
V i c e - PSebastião
r e s i d e nRego
t e Nde
o rAlmeida
te (Portugal)
Joaquim Ferreira Mângia
Gilberto Ferreira Ramos Cláudio
V i c e - Pdo
r e Carmo
s i d e nChaves
te Nor te
José Augusto
Joaquim deMângia
Ferreira Castro Cláudio
V i c e - Pdo
r e Carmo
s i d e nChaves
te Sudeste
RicardoJosé
Vieira Ferreira
Augusto deMartins
Castro Antonio
V i c e - PCarlos
r e s i dMourão
e n t e Bonetti
Sudeste
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Antonio
V i c e - PCarlos
r e s i dMourão
e n t e Bonetti
Sul
Arno
V i c eGleisner
-Presidente Sul
Arno Gleisner
Diretores
D i r e t oLuiz
Diana Vianna De Souza r e sOswaldo Aranha
Marie
DianaChristiane
Vianna DeMeyers
Souza Marcio Eduardo
Luiz Oswaldo Sette Fortes de Almeida
Aranha
AlexanderMeyers
Marie Christiane Zhebit OswaldoEduardo
Marcio Trigueiros Júnior
Sette Fortes de Almeida
AlexandreAlexander
Adriani Cardoso
Zhebit Raffaele Di Luca Júnior
Oswaldo Trigueiros
AndreCardoso
Alexandre Adriani Baudru Ricardo Stern
Raffaele Di Luca
Augusto Tasso Andre
Fragoso Pires
Baudru Roberto Nobrega
Ricardo Stern
Cassio José
Augusto Monteiro
Tasso FragosoFrança
Pires Roberto Nobrega
Roberto Cury
Cesar Moreira
Cassio José Monteiro França Roberto
Roberto Habib
Cury
Charles Cesar
Andrew T'Ang
Moreira Roberto Habib
Roberto Kattán Arita
DanielAndrew
Charles André Sauer
T'Ang Sergio
Roberto Salomão
Kattán Arita
EduardoDaniel
PereiraAndré
De Oliveira
Sauer Sizínio Salomão
Sergio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca
Eduardo Marcondes
Pereira Neto
De Oliveira Sohaku Raimundo
Sizínio Pontes Cesar Bastos
Nogueira
Luis Cesario
José Francisco FonsecaAmaro da Silveira
Marcondes Neto Stefan Janczukowicz
Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Conselho Fiscal (Titulares)


C o n s e Delio
l h o FUrpia
i s c ade
l Seixas
(Titulares)
Elysio
DeliodeUrpia
Oliveira Belchior
de Seixas
Walter
Elysio deXavier Sarmento
Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 3


Editorial

Índia e Brasil: a união emergente APOIO

Namasté! A famosa saudação indiana traduz, de forma bastante direta, a grande satisfação
em termos, pela primeira vez ,a Índia dentro da série de Seminários Bilaterais de Comércio
Exterior e Investimentos organizada pela FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO
EXTERIOR (FCCE). Os eventos contam com o apoio e participação do governo federal,
através dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria e Co-
mércio Exterior, das principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional de
Comércio (CNC), a Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas.
A relevância da escolha da Índia, a maior democracia do mundo, para o encontro é
grande. Afinal, o país asiático vem, há mais de dez anos, deixando de ser visto pelo Oci-
dente apenas como distante e exótico para se tornar objeto de análises nas mais renomadas
publicações de economia mundo afora. Tudo isso porque a Índia vem ostentando um ritmo
de crescimento impressionante, numa média de 10% ao ano.
Num mundo onde a globalização se configura como um processo irreversível, buscar
o desenvolvimento, incremento e diversificação do comércio exterior brasileiro com a
Índia revelam-se tarefa das mais urgentes. E dentro desse quadro estratégico, é bastante
salutar a busca pelo conhecimento de como fazer negócios com os indianos.
O encontro promovido pela FCCE deu provas de que há grandes motivos para que
possamos acreditar no crescimento das relações comerciais entre os nossos países. Os nú-
meros estão aí para comprovar. A corrente bilateral de comércio, que totalizava US$ 1,22
bilhão, em 2002, praticamente triplicou em 2007, chegando ao patamar de US$ 3 bilhões.
O objetivo é fechar 2008 na casa dos US$ 4 bilhões, a despeito da grave crise financeira CONSELHO DE
internacional que já se instalou. E o mesmo vale para a corrente de investimentos diretos CÂMARAS DE COMÉRCIO
de empresas indianas no Brasil, sobretudo nos ramos da tecnologia da informação e far- DAS AMÉRICAS

macêutico, áreas nas quais a Índia detém posição de destaque no cenário internacional. Do
outro lado, empresas brasileiras também começam a aportar recursos na Índia, ainda que Expediente
elas tenham movimentos bem menos agressivos quando comparados aos dos congêneres
Produção
indianos. Não obstante os resultados do comércio estarem melhores hoje, os desafios ainda Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
marcam posição. Sendo um país de mais de 1 bilhão de habitantes e a 2ª maior população Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
do mundo, A Índia não está sequer entre os 10 principais destinos de exportações bra- e-mail: fcce@cnc.com.br
sileiras. Tampouco, o país da Ásia figura na lista dos 10 maiores fornecedores do Brasil.
Editor
O outro desafio é aumentar a diversificação das mercadorias trocadas, buscando, dessa Brunno Braga
forma, comercializar produtos de maior valor agregado para os indianos. Assessora da Presidência
Quanto ao espectro político, as conversações assumem patamares elevados. A criação Maria Conceição Coelho de Souza

do Foro IBAS (Índia, Brasil e África do Sul), as trocas de visitas dos chefes de governo dos Textos e Reportagens
Brunno Braga
dois países e as articulações no G-20 e no Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) traduzem a
Diagramação e Arte
disposição de os dois países de trabalhar juntos, o que pode refletir em mais dinamismo no
Rodrigo Lisboa
comércio bilateral. Tel.: 55 21 7812-7173
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR investe, por inter- Secretaria
médio da realização do 39º Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Sérgio Rodrigo Dias Julio

Brasil-Índia, na união de esforços entre o poder público e a iniciativa privada para que se Fotografia
Christina Bocayuva
intensifiquem ainda mais as linhas de comércio entre os dois países. Isso é importante,
Jornalista Responsável
pois os nossos países anseiam, em conjunto, saírem da condição de coadjuvante para ter
Brunno Braga (MTB 050598/00)
uma participação mais ativa no tabuleiro mundial. A FCCE acredita, portanto, que tão e-mail: carbrag29@yahoo.com.br
importante como promover encontros de alto nível como este, com vistas a debater os Tel.: 55 21 8880 2565

assuntos relacionados a trocas comerciais e investimentos, é elevar o fomento da cultura Estagiário


Vinícius Henter
do comércio exterior, tão imprescindível no mundo de hoje, em todas as esferas sociais.
As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
Boa Leitura reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

O Editor

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Sumário

6 E ntrevista
Sivaraman Swaminathan

“Podemos comprar derivados como o biodiesel oriundo


da gordura do boi para os nossos automóveis”

9 di p lomacia
Maria Clara Duclos Carísio

“Seria muito bom exercitamos a troca de experiências


na s áreas de combate à fome e à pobreza”

14 A bertura
34 urbani z ação
Índia e Brasil unidos nos projetos sociais
Parceria no campo social

16 Painel I 36 E ntrevista
Entendendo a Índia A nossa missão é beneficiar as empresas lá fora

20 Painel I I 38 entrevista
Fortalecendo o setor de serviços
Explorando oportunidades

24 PA I N E L I I I 42 C ultura
A importância do aumento do fluxo comercial Bollywood

30 E N C E R R A M E N TO 50 relaç õ es bilaterais
Relações além do intercâmbio

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 5


Entrevista

“Temos que trabalhar


em conjunto”
Cônsul-geral da Ìndia no Brasil define o seu país
para os empresários brasileiros que começam a olhar
o país asiático como um porto seguro para investir
Um país que está aberto para investimentos brasileiros, que apresenta
um dos mercados mais atrativos do mundo. É assim que o cônsul geral
da Índia em São Paulo, Sivaraman Swaminathan define o seu país para os
empresários brasileiros que começam a despertar para a importância e
grandeza da Índia, uma das forças emergentes a se tornar uma das princi-
pais potência econômicas mundiais nas próximas décadas. Representan-
do o governo do seu país no Seminário Bilateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Índia, Swaminathan disse, em entrevista à Revista da
FCCE, que empresas brasileiras devem aproveitar as enormes vantagens
oferecidas pelo país, com o objetivo de prospectarem bons lucros. Este
foi um dis últimos eventos que o diplomata atuou como cônsul no Brasil.
Em novembro, ele passou a assumir o cargo de embaixador da Índia na
Islândia. Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Este foi o primeiro seminário bilateral de comércio exterior com a Índia


como país convidado. Como o senhor avalia este evento?
S. Swaminathan - Excelente. A escolha pelo Rio de Janeiro é muito oportuna porque
a cidade sedia as principais empresas do mundo como a Petrobras e a Vale do Rio Doce.
Eu estou muito feliz pela realização do seminário nesta cidade. Já realizamos seminários
no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo, mas essa foi a primeira vez que
é realizado um encontro Brasil-Índia deste porte na cidade do Rio de Janeiro.

Qual a experiência do senhor como diplomata no Brasil ?


S. Swaminathan - Estou no Brasil desde 2002. Desde então, aprendi a gostar de muita
coisa aqui: da comida, do clima, dos costumes dos brasileiros. Admiro também a língua
portuguesa, pela sua sonoridade. Normalmente, diplomatas ficam num país por no má-
ximo três anos. Eu estou no Brasil há mais de seis anos, aprendendo muito .

E o que mudou desde então?


S. Swaminathan - Há uma nova visão nas relações bilaterais Brasil-Índia. Quando me
perguntam sobre as relações comerciais entre Brasil e Índia, eu sempre me lembro da
viagem de Pedro Álvares Cabral que estava seguindo o mesmo caminho feito por Vasco
da Gama. E o interessante é que ele estava indo para Índia e descobriu o Brasil. Assim,

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 7
Entrevista

não comerem carne de vaca. Os hindus


não comem carne bovina porque a vaca
nos dá vida através do leite e, por isso,
a consideramos como um animal sagrado
e não comemos. Mas, há outras religiões
na Índia que não fazem restrições ao con-
sumo de carne bovina. Todo mundo sabe
que o maior país islâmico do mundo é a
Indonésia. Mas, poucos sabem que o se-
gundo maior país muçulmano do mundo
é a Índia. Claro, a Índia não é um país de
maioria islâmica, mas temos algo em tor-
no de 250 milhões de muçulmanos em
nosso país, o que é praticamente a popu-
lação do Brasil. E os muçulmanos comem
carne bovina.
Embaixador Swaminathan, Augusto Tasso Fragoso Pires ( Presidente da Câmara Bilateral
Brasil-Índia) e o ministro das Cidades, Marcio Fortes Mas a Índia possui o maior reba-
nho de carne bovina do mundo?
a conexão entre os nossos países come- O grupo Gerdau está investindo US$ 71 Haveria espaço para produtores
çou nesse período. Mas hoje, vemos um milhões na aquisição de 45 por cento da brasileiros
crescimento excepcional nas relações co- siderúrgica SJK Steel Plant, do grupo Swaminathan - É certo também que
merciais. Chegamos a um fluxo de US$ Kalyani. A unidade tem uma capacidade produtores brasileiros de carne bovina
3 bilhões de dólares e, em 2008, chega- de 275 mil toneladas de aço líquido por não vejam o mercado indiano como atra-
remos a US$ 4 bilhões. Esses resultados ano. Andrade Gutierrez e Petrobras são ente porque a Índia tem 300 milhões de
são importantes porque nos aproxima outras empresas que estão buscando in- cabeças de gado. Mas eu estive, recen-
da meta estabelecida pelos governos dos vestir pesado no meu país. temente, na planta do frigorífico Ber-
dois países que é de chegar em 2010 a tin, em São Paulo, e eles podem vender,
marca de US$ 10 bilhões. O senhor falou de empresas de por exemplo, biodiesel feito a partir da
grande porte. O mesmo se dá com gordura da vaca. E atualmente estamos
E como estão os acordos diplomá- empresas de médio e pequeno por- verificando a importância de se ter mais
ticos que visam facilitar as tran- te? acesso a tipos de combustíveis menos
sações comerciais entre os nossos Swaminathan – Ainda não temos um poluentes. Assim surgem as oportunida-
países? movimento grande de empresas médias des. Não precisamos comprar a carne do
S. Swaminathan - O consulado e o brasileiras, mas é muito grande a ida de Brasil, mas podemos comprar derivados
Itamaraty vêm trabalhando em conjunto grandes empresas brasileiras, porque elas como o biodiesel oriundo da gordura do
para acertar acordos tarifários entre os vão e obtêm sucesso, e fazem com que boi para os nossos automóveis.
nossos países. E nós incluímos cerca de as menores se interessem e vão atrás.
400 itens que podem ser comercializados Muitas pessoas falam que a distância é O nosso comércio é pouco diver-
dentro deste acordo. E nós estamos agora um grande complicador. A distância re- sificado e ainda temos um déficit
trabalhando para criar uma área de livre almente dificulta. Temos também outras com a Índia. O senhor acredita que
comércio no âmbito do IBAS. diferenças, como a comida, os costumes. é possível ter, em breve, um comér-
Mas, na verdade, não vejo essas coisas cio mais equilibrado?
Em relação a investimentos, como como grandes problemas para estreitar as Swaminathan -É difícil prever, mas já
estão se comportando as empresas nossas relações. demos um salto enorme em termos de
brasileiras na Índia? valores. Mas, para resolver isso, temos
S. Swaminathan - No momento há O desconhecimento é também um que ser mais ambiciosos, principalmente
muitos investimentos brasileiros na Ín- dos fatores que dificultam uma os empresários brasileiros, que precisam
dia. Temos, por exemplo, a presença da maior diversificação da nossa pau- ir mais à Índia, da mesma forma como os
companhia Marco Pólo que está montan- ta? empresários indianos vêm ao Brasil. Te-
do uma grande empresa no sul do meu Swaminathan – Com certeza. Deixe- mos que trabalhar em conjunto. Só assim
país. Estão previstas a entrega de 525 en- me citar um exemplo de como o desco- conseguiremos aumentar, diversificar e
comendas para o novo sistema de trans- nhecimento pode ser um complicador. Já equilibrar a nossa balança comercial.
porte coletivo da cidade de Nova Delhi. é bastante conhecido o fato de os Hindus

8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Diplomacia

“Há riqueza nas relações A


ministra Maria Clara Du-
clos Carísio, chefe da Di-

Brasil-Índia”
visão de Ásia e Oceania
do Ministério das Relações Exte-
riores (MRE) aposta nas políticas
de integração Sul-Sul desempe-
nhada pelo Itamaraty. Segundo
ela, as conversações existentes
entre Brasil e Índia para resolver
antigas pendências se dão em alto
nível. Prova disso foi a criação
do Foro IBAS. O próximo pas-
so, segundo a ministra, é buscar
um entendimento em relação às
pendências existentes no campo
da agricultura. Maria Clara Du-
clos Carísio falou com a Revista
da FCCE sobre esses e outros as-
suntos. Leia os principais trechos
da entrevista:

Qual é o balanço que a senhora


pode fazer das relações entre Bra-
sil e Índia nos últimos anos?
Duclos Carísio - Desde a indepen-
dência da Índia, o relacionamento en-
tre os nossos países sempre foi pautado
pela coordenação muito grande em fo-
ros internacionais, independentemente
das diferenças políticas vistas ao longo

“Seria muito bom exercitamos a


troca de experiências entre Brasil e
Índia nas áreas de combate à fome
e à pobreza”
Duclos Carísio

da história. No entanto, apesar das ações


coordenadas entre os nossos países, não
verificávamos reflexos nas relações bila-
terais de comércio, com resultados pou-
cos significativos até o final da década de
80. Coincidentemente, foi nessa época
em que Brasil e Índia iniciaram um pro-
cesso de maior inserção internacional
das suas economias, o que fez com que

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 9


Entrevista

a trajetória das relações comerciais entre nas áreas de combate à fome e à pobreza.
os nossos países tomasse rumo positivo. Temos similaridades, isso facilita as Mas o Brasil teve algumas diver-
relações? gências em relação à Doha.
Como se dá o relacionamento po- Duclos Carísio - Serve, é claro, como Duclos Carísio - Sim, dentro do setor
lítico? um catalisador de uma coordenação de agrícola, Brasil e Índia sempre tiveram
Duclos Carísio - Em 2003, o presiden- posições em foros multilaterais porque posições diferentes. Brasil é um gran-
te Lula decidiu que a Ásia seria uma das as necessidades são as mesmas, os pro- de exportador agrícola e a Índia luta até
prioridades da política externa brasileira blemas são os mesmos. O próprio presi- hoje para garantir o que eles chamam de
e singularizou, de certa maneira, a Índia dente Lula disse, em uma de suas visitas segurança alimentar. Então é óbvio que,
e a China nesse processo. Eram países im- à Índia, que o Brasil pretende aumentar a para um país como o Brasil, é importante
portantes, mas que tínhamos poucas rela- relação com o país na área social e na área a abertura de mercado para os seus pro-
ções. É verdade que com a China, a evo- de saúde, justamente porque eles têm ex- dutos agrícolas, mas isso nunca foi um
lução da relação se tornou mais aparente periências muito interessantes na área de entrave para que Brasil e Índia tivessem
do que a Índia em razão dos números do redução de pobreza, de desenvolvimento estreitas relações de cooperação em tor-
comércio. Mas, é também verdadeiro que rural e fabricação de remédios nós tam- no do G-20. O que se busca agora é o
o comércio entre o Brasil e a Índia escon- bém temos projetos sociais importantes. grau de manobra que cada país terá na
de a riqueza da relação política. Então, seria muito bom exercitamos a OMC, e isso não se trata de contencioso
troca de experiências entre Brasil e Índia entre Brasil e Índia, no que diz respeito
Em que sentido? a atender aos interesses de países, como
Duclos Carísio - Em vários. Principal-
“O próprio presidente Lula disse, em a Índia, que busca manter a proteção do
mente quando o governo brasileiro resol-
uma de suas visitas à Índia, que o seu mercado no setor agrícola, e países
veu investir no mecanismo do IBAS, que
Brasil pretende aumentar a relação como o Brasil, que busca abrir mercados
é justamente a reunião de três países de
com a Índia na área social e na para os seus produtos de agrobusiness.
continentes diferentes, mas com grandes área de saúde” Acredito, contudo, que chegaremos a um
Duclos Carísio meio termo.
“O IBAS não só tem dado certo em
diversos projetos trilaterais como
também verificamos reflexos em
terceiros países, como no caso do
continente africano”
Duclos Carísio

populações multi-étnicas, grandes demo-


cracias e importantes em suas respectivas
regiões, o que parecia estranho, inicial-
mente, tornou-se num mecanismo capaz
de potencializar tudo que existe de rique-
za nas relações entre os países.

O IBAS tem dado certo?


Duclos Carísio - O IBAS não só tem
dado certo em diversos projetos trilate-
rais como também verificamos reflexos
em terceiros países, como no caso do
continente africano. Fora isso, no campo
bilateral, nós já fizemos muito progresso,
não tanto, talvez na área comercial, mas
em termos de cooperação em diversos
projetos, como nos setores de tecnologia,
de fármaco. O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, esteve recentemente
lá e assinou um mecanismo que vai per-
mitir a realização de pesquisas para vacina Maria Clara Duclos Carísio disse que o IBAS tem dado resultados positivos
anti-malária.

10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


VOCÊ QUER VENDER
O MUNDO QUER COMPRAR

BRAZILIAN
EXPORTERS

www.brazilianexporters.gov.br
www.vitrinedoexportador.gov.br

Versões em:

Inglês
Francês
Espanhol
Japonês
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL INDIA
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Programa do Seminário - 13 de Outubro de 2008

14:00h- Abertura dos Trabalhos: 14:30h PAINEL I: O relacionamento bilateral


João Augusto de Souza Lima - Presidente da FCCE Brasil-INDIA: Perspectivas e Parcerias

Sessão Solene de Abertura Presidente e Moderador: Jovelino Gomes Pires –


Presidente da Sessão e Pronunciamento espe- Presidente da Câmara de Logística da AEB
cial : Marcio Fortes de Almeida – Ministro de Estado
das Cidades Expositores:

Componentes da mesa: Leonardo Pereira – Gerente da Area de Exportação do


Elio de Almeida Cardoso – Assessoria Especial de Polí- BNDES
tica Externa da Presidencia da República Fabio Martins Faria – Diretor de Planejamento e De-
Augusto Tasso Fragoso Pires – Presidente da Câmara senvolvimento do Comércio Exterior - MDIC
Bilateral Brasil- INDIA Leonardo Ananda Gomes – Vice-Presidente da Câmara
S. Swaminathan – Consul-Geral da INDIA em São Paulo INDIA Brasil (MG)
Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da CCI e
Presidente do Conselho Superior da FCCE (intervalo para café – 10 minutos)
Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do Con-
selho Superior da FCCE
Paulo Fernando Marcondes Ferraz – 1º Vice-Presidente
da FCCE
15:30h PAINEL II: As relações Brasil – INDIA 17:00h PAINEL III: O relacionamento Brasil-
nos setores de: petróleo, e fontes alternati- INDIA nos setores de serviços (comunicações)
vas de energia; o agronegócio. Melhorias na e industrial
infra-estrutura.
Presidente: Jane Alcanfor de Pinho – Coordena-
Presidente do Painel: Armando Meziat – Secreta- dora-Geral da Secretaria de Comercio e Serviços do
rio de Desenvolvimento da Produção do MDIC MDIC
Pronunciamento especial: Embaixador Ernesto
Moderador e Pronunciamento especial – Sr. S. Rubarth – Secretario de Estado de Assuntos Interna-
Swaminathan Consul-Geral da INDIA em São Paulo cionais
Expositor: Tiago Sozo – Gerente do Departamento 18:00h Sessão Solene de Encerramento:
de Estratégias do Frigorifico BERTIN
Presidente da Sessão: B– Sr. S. Swaminathan Con-
sul-Geral da INDIA em São Paulo
Pronunciamento Especial: Ministra Maria Clara
Duclos Carísio, Chefe da Divisão de Asia e Oceania do
Ministério das Relações Exteriores-MRE

Componentes da mesa:
Elio de Almeida Cardoso – Assessoria Especial de Polí-
tica Externa da Presidência da República
Jane Alcanfor de Pinho – Coordenadora-Geral da Se-
cretária de Comércio e Serviços do MDIC
Augusto Tasso Fragoso Pires – Presidente da Câmara
de Comércio Brasil - INDIA
João Augusto de Souza Lima – Presidente da FCCE
Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro
do Conselho Superior da FCCE
S. Swaminathan – Consul-Geral da INDIA em São Pau-
lo

COQUETEL:
Homenagem ao Embaixador Sr. S. Swaminathan
Abertura

Índia e Brasil unidos nos


projetos sociais
Ministro das Cidades, Marcio Fortes, ressalta a importância da parceria
entre os dois países no setor de moradias populares

Composição da mesa da esquerda para a direita: Ministra Maria Clara Duclos Carísio (MRE). Elio de Almeida Cardoso, cônsul-geral da
India (SP) S. Swaminathan, ministro Marcio Fortes, presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima

O
presidente da Federa- Augusto Tasso Fragoso Pires; o Jane Alcanfor de Pinho. Para fazer
ção das Câmaras de Co- cônsul-geral da Índia em São Pau- o pronunciamento especial da ses-
mércio Exterior, João lo, S. Swaminathan; o presidente são, Souza Lima convidou o mi-
Augusto de Souza Lima, abriu os da CCI e presidente do Conselho nistro das Cidades, Marcio Fortes,
trabalhos do Seminário Bilateral Superior da FCCE, Theóphilo de que também presidiu a Sessão de
de Comércio Exterior e Investi- Azeredo Santos; o vice-presidente Abertura do Seminário.
mentos Brasil-Índia, o 39º encon- do Conselho Superior da FCCE,
tro organizado pela instituição. Gustavo Affonso Capanema; o 1º Assentamentos humanos
Para compor a mesa, o presiden- Vice-Presidente da FCCE, Pau-
te da FCCE convidou: o assessor lo Fernando Marcondes Ferraz; o O ministro das Cidades, Marcio For-
tes, disse, no início do seu pronuncia-
Especial de Política Externa da presidente da Câmara de Logística
mento, que a idéia de convidar a Índia
Presidencia da República, Elio de da AEB, Jovelino Gomes Pires; e a para o seminário bilateral de comércio
Almeida Cardoso; o presidente coordenadora-Geral da Secretária exterior e investimentos o deixou entu-
da Câmara Bilateral Brasil- Índia, de Comércio e Serviços do MDIC, siasmado. Segundo Fortes, não obstante

14 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


a pasta ministerial comandada por ele para a realização do evento. “Se é um Fó- problema das favelas, numa questão tão
não cuidar da área econômica, ele disse rum para tratar de questões primordiais, delicada que é a falta de qualidade de mo-
que os interesses existentes entre Brasil o Rio de Janeiro é um cartão postal de radia”, disse.
e Índia conseguem ir além das linhas do problemas com assentamentos precários. O ministro destacou que a aproxi-
comércio. “Eu gostaria de ressaltar que O governo federal está colocando recur- mação entre Brasil e Índia, no tema que
Brasil e Índia têm firmado um acordo de sos da ordem R$ 1 bilhão, e realiza obras envolve projetos para soluções de as-
cooperação na área de assentamentos hu- em comunidades de grandes dimensões sentamentos, pode, inclusive, gerar um
manos. Brasil e Índia, como é de conhe- como o Complexo do Alemão, Mangui- incremento na corrente de comércio e
cimento de todos, enfrentam problemas nhos, Pavão-Pavãozinho, Rocinha, Vidigal investimentos. “Podemos encontrar em-
muito sérios na área de moradia, com um entre outras. Por isso, eu gostaria que o presas daqui ou da Índia interessadas em
grande número de assentamos precários. Rio de Janeiro seja escolhida a cidade-sede investir e comercializar itens para habi-
Esse é um tema que é colocado no me- do Fórum Urbano Mundial, pois a cidade tação social como também investimentos
morando de entendimento assinado por seria o cartão postal em vários sentidos: em tecnologias que podem se realizados
Brasil, Índia e África do Sul no âmbito do o cartão da natureza, da problemática e tanto no Brasil como na Índia”, disse,
Foro Ibas”. da solução de atacar profundamente o concluindo a sua apresentação.

“Construir casas que são ecologica- DADOS DA ÍNDIA


mente mais viáveis, com baixo con-
sumo de energia entre outras coisas, ÁREA: 3.287.782 km²
mas essa questão passa também pela CAPITAL DA ÍNDIA: Nova Délhi
disponibilidade de recursos.Temos
aprofundando essa discussão em POPULAÇÃO: 1,080 bilhão (estimativa 2005)

âmbito de vários fóruns mundiais” MOEDA DA ÍNDIA: rúpia indiana

Marcio Fortes NOME OFICIAL: República da Índia (Bharat Juktarashtra).

NACIONALIDADE: indiana
Marcio Fortes revelou que os países DATA NACIONAL: 26 de janeiro (Proclamação da República); 15 de agosto (Independência); 2 de outubro
do Ibsa têm experiências a serem troca- (aniversário de Gandhi).

das no âmbito de construção de moradias COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO: indo-arianos 72%, drávidas 25%, mongóis e outros 3% (censo de 1996).
para famílias de baixa renda. No entanto,
IDIOMAS: hindi (oficial), línguas regionais (principais: telugu, bengali, marati, tâmil, urdu, gujarati).
ele sustentou que as conversas entre os
países não devem estar restritas apenas RELIGIÃO: hinduísmo 80,3%, islamismo 11% (sunitas 8,2%, xiitas 2,8%), cristianismo 3,8% (católicos 1,7%,
protestantes 1,9%, ortodoxos 0,2%), sikhismo 2%, budismo 0,7%, jainismo 0,5%, outras 1,7% (em 1991).
em criar projetos para construir mais ca-
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 329 hab./km2
sas, mas também trabalhar na necessidade
de agregar tecnologia, com o objetivo de CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO: 1,6% ao ano (1995 a 2000)

construir casas mais duráveis e de menor TAXA DE ANALFABETISMO: 44,2% (censo de 2000).
custo. “Construir casas que são ecologi-
RENDA PER CAPITA: US$ 3.019 (estimativa 2005).
camente mais viáveis, com baixo con-
sumo de energia entre outras coisas são
aspectos primordiais. Mas essas questões
passam também pela disponibilidade de
recursos. Contudo, temos aprofundando
essas discussões em âmbito de vários fó-
runs mundiais”
Com o objetivo de demonstrar o gran-
de interesse do Brasil nessa área, o minis-
tro anunciou que o Brasil está pleiteando
para ser sede, em 2010, do Fórum Ur-
bano Mundial. “O presidente Lula (Luiz
Inácio Lula da Silva) já mandou publicar
a autorização da apresentação da candi-
datura do Brasil”, afirmou o ministro,
acrescentando que o Rio de Janeiro tem
Cônsul-geral da India (SP), S. Swaminathan, e o ministro das Cidade Marcio Fortes: par-
fortes chances de ser a cidade escolhida ceria entre Brasil e Índia em projetos sociais

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 15


Pa ine l I

Entendendo a Índia
Debatedores do Painel I discutem porpostas de parcerias estratégicas entre
Brasil e Índia

Fabio Martins Faria (MDIC),Cônsul S. Swaminathan, Armando Meziat (MDIC), Jovelino Gomes Pires (AEB), Leonardo Pereira (BNDES)
Leonardo anda Gomes (Câmara India- Brasil)

O
Painel I teve como tema: MDIC. de 2008. “Pudemos perceber uma
O relacionamento bilateral Leonardo Pereira, do BNDES, série de oportunidades no campo
Brasil-Índia: Perspectivas e abriu a série de exposições da ses- do comércio, do trade finance e,
Parcerias e foi presidido e mode- são. O gerente do BNDES iniciou inclusive, oportunidades de inves-
rado pelo presidente da Câmara a sua participação informando timentos e cooperação industrial”,
de Logística da AEB, Jovelino Go- aos presentes que o banco apóia, comentou o gerente do BNDES.
mes Pires. A sessão contou com as há 18 anos, o comércio exterior, Em seguida, Pereira afirmou
exposições de Leonardo Pereira, tanto no pré-embarque como no que o apoio à inserção interna-
gerente da Area de Exportação pós-embarque. Além disso, Perei- cional é uma das prioridades do
do Banco Nacional do Desenvol- ra mencionou que o banco passou BNDES atualmente. Além disso,
vimento Econômico e Social (BN- a ser também um grande aliado o gerente do banco informou que
DES); Leonardo Ananda Gomes, no apoio à internacionalização das projetos de inovação tecnológica
vice-presidente da Câmara Índia- empresas brasileiras. Já em rela- têm tratamento preferencial den-
Brasil; e Fabio Martins Faria, dire- ção à Índia, o executivo revelou tro da nova proposta operacional
tor de Planejamento e Desenvol- que agentes do BNDES estiveram do banco. “O BNDES trabalha
vimento do Comércio Exterior do naquele país em 2007 e no início dentro de todo um pacote para

16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


apoiar a inovação tecnológica. O diversos eventos para fomentar a expor- em Cuba. A África é também uma região
banco é, também, um dos princi- tação e operações de internacionalização estratégica para o banco, segundo Perei-
de empresas. Segundo ele, esse processo ra. Destacam-se as linhas que o BNDES
pais apoiadores do PAC, suporte vai ser reforçado dentro de um trabalho disponibilizou para Angola, que montam
às pequenas e médias empresas e conjunto entre o BNDES e a APEX. “As- US$ 1,8 bilhão, e com foco em projetos
apoio ao desenvolvimento regio- sim, a gente vai conseguir alinhar os inte- de infra-estrutura para esse país.
resses do banco no apoio á exportação e
nal e inclusão social”, afirmou. investimentos com a estratégia da APEX , Novos produtos
O gerente do banco disse que que é bastante similar à nossa”, analisou.
o apoio à inserção internacional Em relação aos novos produtos desti-
Integração regional nados ao comércio exterior, o palestrante
do BNDES compreende duas ver- citou o pro-soft e o pro-farma exporta-
tentes. A primeira seria o apoio às O palestrante voltou a destacar a es- ção. Ele explicou que esses programas
exportações, e se divide em apoio tratégia do BNDES para a integração da foram criados para apoiar a exportação
América do Sul , através de apoio a pro- de empresas brasileiras nos segmentos de
à produção e capital de giro (pré-
jetos na região. “Em oito anos, o BNDES serviços de tecnologia e software; e no
embarque) e apoio à exportação já desembolsou US$ 3 bilhões em proje- segmento de farmo-químico e medica-
de bens e serviços, tanto de bens tos majoritariamente em infra-estrutura mentos. O objetivo é buscar uma gran-
de capital como de projetos de e temos uma carteira de projetos que de interação e oportunidade de negócios
atinge US$ 14 bilhões para a América do com a Índia, já que o país é modelo no
infra-estrutura. Esses programas Sul. O mesmo acontece na América Cen- processo de exportação de serviços de
contam com presença na América tral, mas com pouco menos ênfase, pois é tecnologia e na área de medicamentos.
Central e na América do Sul, que uma região diferente e também com ne- “Não é à toa que no pro-soft e o pro-
cessidades diferentes da América do Sul”, farma há a possibilidade de parcerias de
são regiões consideradas focos es- disse. Ele citou Cuba como o caso mais empresas brasileiras e indianas. Nós já fo-
tratégicos de integração e coope- recente. De acordo com ele, várias equi- mos, inclusive, procurados por empresas
ração regional. A segunda vertente pes já foram para o país caribenho este indianas. Embora a Índia seja o maior ex-
ano e foi estabelecida uma linha no valor portador do mundo de serviços de TI, há
é o apoio ao investimento direto, de US$ 600 milhões para apoiar infra- uma grande complementaridade entre os
chamado de Apoio à Internaciona- estrutura, empreendimentos industriais modelos de negócios brasileiros e india-
lização de Empresas Brasileiras. “O
BNDES pode apoiá-las via finan-
ciamento ou via capitalização de
empresas, auxiliando-as nas par-
ticipações acionárias daquelas que
queiram fazer alianças estratégicas
no exterior ou mesmo montar
uma empresa em outros países”,
disse.

Reestruturação

A atuação institucional do banco se dá


em função da atual reestruturação da ins-
tituição. Pereira explicou que a pauta de
comércio exterior brasileira que está cada
vez mais diversificada, e que, por isso, o
setor de comércio exterior do banco está
divido e estruturado setorialmente. Além
disso, o executivo contou que o BNDES
busca fazer no Brasil e no resto do mundo Fabio Martins Faria disse que o comércio Brasil-Índia ainda está muito concentrado

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 17


Pa ine l I

o BNDES está passando por uma reestru-


turação para poder atuar de forma mais
efetiva esses projetos de internacionaliza-
ção”.
O gerente do BNDES explicou que,
entre 2009 e 2014, o BNDES vai ter um
portfólio para poder apoiar empreendi-
mentos juntamente com a subsidiária no
exterior, com financiamento e operações
de empréstimos subordinado, de debên-
tures e de equity. Isso poderá ser feito
não somente para empresas no Brasil,
mas também as que estão instaladas no
exterior. “Por isso, teremos um funding
externo para poder operar dessa forma.
Vamos também explorar mais a ofer-
ta de garantias. Uma empresa que toma
empréstimo no exterior e que precisa
dar garantias a um banco ou uma contra-
garantia para uma seguradora, o BNDES
poderá providenciar isso. E, por fim,
Leonardo Pereira, do BNDES, disse que o banco trabalha para internacionalizar empresas pretendemos atuar com mais força para
brasileiras
poder dar suporte a essas operações. En-
nos. Eles têm uma grande capacidade e principalmente de serviço e bens de capi- tão, o BNDES espera seja possível forta-
operam em grande escala, e o Brasil pode tal. Então, vamos ter parcerias estratégi- lecer duas áreas de comércio exterior e
atuar em conjunto com as empresas in- cas em alguns mercados para poder facili- internacionalização de empresas e assim
dianas até mesmo para exportar para ter- tar e apoiar as exportações brasileiras de alcançar os objetivos da PDP”, disse con-
ceiros mercados como os EUA”, avaliou serviços de tecnologia e bens de capital”, cluindo a sua participação.
Pereira. previu.
Na indústria de medicamentos, na Por que investir na Índia?
qual o banco apóia através do programa PDP
pró-farma, há também possibilidades O vice-presidente da Camara de Co-
de cooperação, de acordo com Pereira. O palestrante citou, ainda, a Política mércio Índia-Brasil, Leonardo Ananda
“Essa é uma indústria que o Brasil está de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Gomes, foi o palestrante seguinte. Para
desenvolvendo. Ela tem grande impor- governo federal que opera dentro de duas ele, há, atualmente, um crescimento do
tância para o país e para a sua soberania. macro-metas, relacionadas à exportação número de brasileiros que buscam enten-
Há pouco tempo, tivemos uma equipe do e ampliação da participação das exporta- der melhor a Índia. Ele contou que antes,
BNDES que visitou uma fábrica de medi- ções brasileiras no cenário internacional. para muitos brasileiros, a Índia era vista
camentos indiana que tem interesses de Pereira revelou que as metas estabelecem de uma forma bastante restrita e carrega-
investir no Brasil”, revelou o executivo o alcance de 1,25% de participação do da de estereótipos. “Antes, o brasileiros
do BNDES. Para ele, o pro-farma está em Brasil no cenário de comércio mundial conheciam a Índia apenas como a terra
fase de maturação e deve ser lançado até em 2010; e aumento da base de micro e do Taj-Mahal e da vaca sagrada. Hoje, essa
o fim do ano. pequenas empresas exportadoras. Para percepção está mudando. As empresas
Ainda dento da estratégia de fortale- ele, o PDP se espelha bastante no proces- indianas são mais conhecidas por aqui. A
cer as empresas brasileiras no exterior, so de internacionalização das empresas Índia possui empresas de alta-tecnologia,
Pereira informou que o BNDES está de diversos países. “Ao analisar diversos tem uma forte classe média consumido-
abrindo escritórios no Uruguai e na In- bancos de fomento ao redor do mundo, ra, está se consolidando como um gran-
glaterra. Isso permitirá com que as em- inclusive o Índia Exim Bank, a gente pode de mercado, além de haver indianos em
presas brasileiras que têm base no exte- perceber que o apoio à internacionaliza- várias empresas de alta-tecnologia nos
rior tenham mais facilidades de obtenção ção representa muito mais do que dispo- EUA. Isso é uma prova de que os profis-
de créditos em praças distintas. “A idéia é nibilizar financiamentos às empresas, mas sionais indianos são extremamente qua-
justamente ter bancos no resto do mundo também servem para prestar serviços de lificados”, disse Ananda, acrescentando
que possam operar de forma rápida e ágil assistência técnica, desenvolvimento de que o país, em comparação com o Brasil,
para apoiar projetos de comercialização, projetos e prover informações. Por isso, possui território 2,6 vezes menor, mas

18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


que tem uma população 5,8 vezes maior
do que a brasileira.
A Índia tem mais de 30 bilionários na
lista da Revista Forbes, tem 17% da po-
pulação mundial, maior população de lín-
gua inglesa, maior rede rodoviária e se-
gunda maior rede ferroviária do mundo,
maior democracia do mundo, 17 mil fa-
culdades, que formam 250 mil engenhei-
ros por ano, tem 30 cidades com mais de
um milhão de habitantes e hoje tem uma
classe de milionários que vai crescendo
ano a ano, com uma classe média de 200
milhões de pessoas. São com essas carac-
terísticas, apontadas pelo representante
Leonardo Ananda, vice-presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil, afirmou que
da Câmara Índia-Brasil, que fazem com falta ousadia dos empresários brasileiros para investir na Índia
que o país asiático seja atraente para in-
vestidores de todo o mundo. No entanto, te uma missão portuguesa que rumava primeiros nove meses de 2008, são o
em relação aos investimentos brasileiros à Índia e, devido a mudanças de ventos minério de cobre, que teve uma expan-
na Índia, verifica-se, ainda, movimentos oceânicos, a sua esquadra veio parar no são de 41%, chegando a 25% do total das
tímidos, não obstante ter crescido expo- Brasil. De fato, depois de aportar aqui, exportações brasileiras, o que demonstra
nencialmente o interesse de empresários Cabral (Pedro Álvares) seguiu para a Ín- uma participação bem expressiva na pau-
brasileiros em investir naquele país. Para dia, já que o comércio com os indianos ta, Logo atrás, aparecem o óleo de soja,
Leonardo Ananda, há diversas barreiras era o principal negócio a ser buscado pelo ferro-liga, amianto, motores, geradores e
a serem enfrentadas. A distância física é império português de então”, comentou. outros produtos manufaturados. Do lado
a principal delas. “Não é fácil ir à Índia. Ao tratar sobre o intercâmbio comercial, das importações, cerca de 95% das com-
Não há vôos diretos”. Outras dificulda- o representante do MDIC mostrou que pras brasileiras são de produtos manufa-
des apontadas pelo palestrante são a baixa a evolução do comércio Brasil-Índia tem turados indianos. O principal produto de
divulgação de oportunidades e desconhe- ascendido, embora as importações brasi- importação da Índia são os óleos com-
cimento mútuo, e a falta de percepção leiras tenham crescido a um ritmo mais bustíveis, com 43% da pauta, fios de fibra
de que Brasil e Índia podem ser países de acelerado do que as exportações, ao con- têxteis, medicamentos, fios de algodão
economias complementares e não com- trário do que acontece com o comércio e outros produtos industriais. “A pauta
petitivas. “A necessidade de entender o exterior indiano, que é deficitário. “Ti- comercial tem crescido muito, mas ain-
mercado indiano é importante, pois não vemos no período de janeiro a setembro da permanece bastante concentrada dos
é simples. Muitas multinacionais comete- de 2008 um crescimento de 15% nas dois lados”, analisou.
ram diversos erros quando tentaram in- exportações para Índia, quando compa- Em termos de colocação dos países
serir seus produtos no mercado indiano. rado ao mesmo período do ano anterior. dentro do ranking de comércio exterior,
A Índia está globalizada, mas é uma glo- E do lado as importações, verificamos o Brasil participa com 1,5% dentro do
balização com sotaque. Se empresas que um crescimento de 103% por cento nos quadro de destino das exportações da
querem investir no país não se adapta- primeiros nove meses do ano em relação Índia, e, responde com menos de 0,5%
rem à realidade indiana fica difícil colocar a janeiro e setembro de 2007. As impor- das importações. “Apesar de todo o cres-
o seu produto lá dentro”, disse Ananda, tações de produtos indianos tiveram um cimento verificado no comércio bilateral
finalizando a sua participação. crescimento asiático. Os dados mostram Brasil-Índia nos últimos anos, a participa-
que a Índia se tornou um fornecedor ção brasileira ainda é muito pequena no
Intercâmbio comercial agressivo dentro do mercado brasileiro”, total de comércio exterior da Índia. No
disse o secretário. entanto, há espaço para crescer. É preciso
Fabio Martins Faria, o último pales- De acordo com ele, o intercâmbio diversificar a pauta e as missões empre-
trante do Painel I, iniciou a sua apresen- comercial é bastante equilibrado entre sariais são fundamentais para dinamizar
tação fazendo um breve relato histórico a os agregados econômicos. Martins Faria esse comércio, favorecer uma maior in-
respeito das relações entre Brasil e Índia, afirmou que o Brasil não se constitui um tegração das economias e o intercâmbio
lembrando que os primeiros contatos fornecedor de matérias primas para a comercial. Índia e Brasil são dois países
nasceram logo da data do descobrimento Índia e vice-versa. Em seguida, ele anun- de dimensões territoriais continentais,
do Brasil. “Resgatando um pouco a nossa ciou que os principais produtos brasilei- com PIBs semelhante e forte mercado
história, o Brasil foi descoberto duran- ros destinados ao mercado indiano, nos consumidor”, conclui Martins Faria.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 19


P a i n e l II

Explorando oportunidades
Cônsul geral da Índia comenta sobre as relações entre os dois países nos
últimos anos

Cônsul S. Swaminathan e Armando Meziat (MDIC): o diplomata fez pronunciamento especial no Painel II

O
Painel II teve como tema: cargo de Tiago Souza, gerente do ções multilaterais da OMC, seja
As relações Brasil – INDIA Departamento de Estratégias do no Fórum Ibas, ou nos entendi-
nos setores de: petróleo, e Frigorífico Bertin. mentos para dar forma ao novo
fontes alternativas de energia; o agro- Meziat iniciou a sua apresenta- bloco denominado Bric”, consi-
negócio e melhoria infra-estrutura. ção aludindo para o fato de Brasil derou. Não obstante as dificulda-
Armando Meziat, secretário de e Índia, com os avanços observa- des enfrentadas pelos mercados
Desenvolvimento da Produção do dos nos últimos anos, estarem se financeiros internacionais, Me-
MDIC presidiu o painel e para as- juntando aos países de maior in- ziat disse acreditar que o capital
sumir a moderação da sessão foi fluência da economia mundial. internacional produtivo continu-
convidado o cônsul-geral da Índia “Temos procurado atuar de forma ará alocando seus investimentos
em São Paulo, Sivaraman Swamina- coordenada nos diversos fóruns em economias dinâmicas, está-
than. A exposição da sessão ficou a internacionais, seja nas negocia- veis e com fortes perspectivas

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


de crescimento. Nesse contexto, Parcerias entre empresas Bahia são algumas empresas com contro-
ele mencionou que Brasil e Índia le acionário de capital de origem indiano.
A melhoria da infra-estrutura para Diversas siderúrgicas têm nos procurado
têm a vocação para o crescimen- suportar as necessidades de desenvolvi- na intenção de implantar novas unidades
to, com amplos recursos naturais mento de países da dimensão do Brasil e produtivas aqui no Brasil”, disse. Ele des-
e de mão de obra, um mercado da Índia torna-se relevante, na avaliação tacou que, como contrapartida, há em-
do secretario. “Se no Brasil, o PAC prevê presas brasileiras que já atuam na Índia e
consumidor forte e a capacidade
investimentos de mais de R$ 500 bilhões, entre elas estão a Gerdau e a Vale. No se-
para recepção de grandes projetos num período que vai até 2010, os proje- tor de energia, a Petrobras assinou me-
de investimento. “Abre-se, assim, tos de infra-estrutura da Índia receberam morando de entendimento com a Oil and
uma grande oportunidade para a recursos públicos e privados da ordem Natural Gas Corporation (estatatal indiana
de US$ 350 bilhões até 2012”. Ele desta- de petróleo) para realizar explorações
implementação de investimentos cou, ainda, que empresas brasileiras de conjuntas em campos de petróleo e gás na
conjuntos, sobretudo na infra-es- engenharia como Odebrecht, Camargo Índia e no Brasil. “Ainda temos excelen-
trutura, pela construção de estra- Correa e Andrade Gutierrez já manifes- tes oportunidades no campo de biocom-
taram interesse em colaborar com o de- bustíveis, considerando a disposição da
das, ferrovias, porto e aeroportos.
senvolvimento indiano. Por outro lado, a Índia em desenvolver fontes alternativas
Tudo isso com o compartilhamen- siderurgia e a mineração indiana aqui se de energia, tendo como exemplo a gran-
to de nossas competências, repre- instalaram. “A Novelis, atuantes no setor de competência desenvolvida em energia
sentada pela utilização de mão-de- de laminados de alumínio, e a Mineração eólica e solar. A larga experiência do Bra-
sil na produção do etanol pode ser objeto
obra especializada. É um desafio de cooperação técnica com a Índia, tendo
extraordinário”, frisou. “Nos tempos atuais, é interessante
em vista que aquele país explora e refina
notar que os nossos países têm uma petróleo, mas importa cerca de 70% da
relação de cooperação bem intensa sua necessidade, sendo o segundo maior
nos fóruns multilaterais” produtor mundial de cana-de-açúcar”.
Neste caso, Meziat apontou a possibilida-
Sivaraman Swaminathan

Armando Meziat afirmou que a Índia é um dos mercados prioritários para o governo brasileiro

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 21


P a i n e l II

de de induzir o desenvolvimento de pro- Ele acrescentou que Brasil e India dor com a Índia para o desenvolvimen-
jetos de cooperação bilateral, abrangendo podem estabelecer parcerias para o de- to de sementes para melhor produção
desde a produção da cana-de-açúcar até o senvolvimento de tecnologias para a de alimentos e matéria-prima para a
processo industrial com a possibilidade de produção de etanol de segunda geração. produção de biodiesel. “Em síntese,
exportação de equipamentos para as refi- “Entendemos ser esse o movimento mun- temos a vocação e o instrumento para
narias, e de máquinas para o plantio, co- dial e que deve ser seguido pelo Brasil atingirmos níveis mais elevados de de-
lheita e transbordo de cana-de-açúcar. “Aí onde essa tecnologia vem sendo desen- senvolvimento econômico”, concluiu.
se incluem a transferência de tecnologia, volvida por entidades e empresas como Diplomacia
com todas as etapas do processo de fabri- a Petrobras, Votorantim e a Dedini”. A
cação de etanol a partir da cana-de-açúcar, cooperação para o desenvolvimento do Sivaraman Swaminathan, o pales-
conhecimento na logística e armazena- agronegócio também foi lembrada pelo trante seguinte, disse que Brasil e Índia
mento, e a distribuição do combustível e palestrante, que citou a Embrapa, com sua estão avançando bastante em termos
na mistura de álcool e gasolina, bem como comprovada competência na criação de de comércio bilateral. “Em 2000, o flu-
em motores veiculares, notadamente em variedades adequadas aos diversos tipos xo de comércio entre os nossos países
veículos flex fuel, aviões agrícolas e moto- de solo e clima, como potencial colabora- estava em US$ 200 milhões. Em 2007,
cicletas”. conseguimos alcançar a cifra de US$ 3
bilhões. E, em 2008, acredito que ire-
mos chegar na casa dos US$ 3,5 bilhões.
Isso é importante. Em 2006, quando
foi realizada a primeira cúpula do Foro
Ibas, ficou estabelecido que o comércio
bilateral entre os dois países objetivam
alcançar a meta de US$ 10 bilhões. Es-
tou confiante de que temos todos os
mecanismos para que possamos cum-
prir essa meta”. No entanto, apesar do
crescimento do fluxo comercial, Swa-
minathan afirmou que está desaponta-
do com os empresários brasileiros, em
razao da tímida procura pelo mercado
indiano. “Nos últimos três meses, o
nosso consulado em São Paulo recebeu
uma missão empresarial da Índia por
semana. Empresários do setor de TI,
farmacêutico, têxtil, alimentos entre
outros. Contudo, o mesmo não se viu
por parte do empresariado brasileiro.
E eu espero que com a ajuda do MDIC
possa haver mais missões empresariais
à Índia”, disse o diplomata. Para ele,
essa é a única forma de diminuir o atual
déficit brasileiro no comércio bilateral
com a Índia. Swaminathan explicou
que, tradicionalmente, o Brasil sempre
teve superávits nas relações de comér-
cio. Mas, nos últimos dois anos, esse
quadro se inverteu, muito disso em
virtude do real forte, o que fez com
que os produtos indianos ficassem mais
baratos para importar. “Nós, indianos,
estamos investindo muito no Brasil.
Há um investimento para a construção
Tiago Souza, da Bertini, disse que o faturamento estimado da empresa para 2008 é de R$
7 bilhões de uma fábrica para produtos de alta-

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


tecnologia em Campos. No ano passado,
a Satyam – empresa de TI- se instalou em Empresas Indianas no Brasil
Londrina (PR) e emprega hoje 900 en-
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genheiros. Isso demonstra que indianos e
mitada 9959
brasileiros podem trabalhar perfeitamen-
Tel. (11) 30517888; fax: 3051 7800
te em conjunto”, disse, finalizando o seu E-mail: zeuslife@uol.com.br Namaste II
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mento institucional e estratégias comer- Torrent Pharmaceuticals Ltda.
ciais do frigorífico Bertini, foi o ultimo Tel. (11) 3048 4080; fax: 3048 4099 Kasinsky (Joint venture with Bajaj Auto
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palestrante do painel. Ele começou a sua
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O faturamento estimado para 2008 é um www.unica.br
pouco mais de R$ 7 bilhões”, disse. Cipla, Representante no Brasil: E-mail: cristina@unica.br; clara@unica.br
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desde a sua fundação, foi de agregar valor
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da cadeia bovina”. Na análise di executi- e-mail:pedroza@discoverychem.com.br volvimento de softwares educacionais)
vo, essa é uma das principais razoes para E-mail: rog@ahand.unicamp.br
o crescimento da empresa. Na área de ali- Nancy Crafts www.ahand.unicamp.br
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lhar com a Índia no setor de expertise de
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comercialização. “Hoje a Índia é um dos
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cinco maiores exportadores mundiais de Tel. (11) 3326 0417/3326 2512 Tel. (011) 7854 6279
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estamos enxergando as grandes oportu-
Mina Índia Fonte: Consulado Geral da Índia
nidades na Índia”, concluiu. em São Paulo

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 23


P a i n e l III

A importância do aumento do
fluxo comercial
Palestrantes debatem a importância do setor de serviços e a necessidade de
aumentar o comércio bilateral

Da esquerda para direita: embaixador Ernesto Rubarth; cônsul S. Swaminathan; presidente da FCCE, José Augusto de Souza Lima;
coordenadora-geral de Serviços do MDIC, Jane Pinho

O
Painel III apresentou o A coordenadora-geral da Secretaria pessoas físicas. “Dentro dessa divisão,
tema: O relacionamento de Comercio e Serviços do MDIC, Jane eu diria que a Índia apresenta vantagens
Alcanfor de Pinho, abriu o painel infor- comparativas muito fortes nas modali-
Brasil-Índia nos setores de mando à platéia presente que dentre os dades de comércio trans-fronteiriço e
serviços (comunicações) e industrial. países dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e Chi- no movimento temporário das pessoas
Para presidir a sessão foi convidada na), a Índia possui uma singularidade no físicas”, declarou Pinho. Em relação ao
comércio de serviços, pois é o único su- comércio e as oportunidades de inves-
a coordenadora-geral da Secretaria peravitário nesse setor. “Os resultados da timento na Índia, a palestrante disse
de Comercio e Serviços do MDIC, exportação indiana de serviços em 2007 que o comércio indiano está no centro
Jane Alcanfor de Pinho e para fazer são bastante relevantes - US$ 86 bilhões, das atenções da economia mundial, em
contra US$ 23 bilhões de exportação de razão das altas taxas de crescimento do
o pronunciamento especial do pai- serviços brasileiros”, disse. De acordo com país cujo dinamismo provém do setor
nel foi convidado o secretário de a representante do MDIC, o comércio de de serviços e que cresce acima dos de-
Assuntos Internacionais do Estado serviços precisa ser entendido em quatro mais setores da economia indiana desde
dimensões: 1) comércio trans-fronteiriço; a década passada. “Essa é uma caracte-
do Rio de Janeiro, embaixador Er-
2) o consumo no exterior; 3) a presença rística que distingue o país dos demais
nesto Rubarth. comercial; 4) movimento temporário das emergentes asiáticos, que tem como

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


foco do seu desenvolvimento a produ- foi puxado pelas exportações de serviços alcançar US$ 60 bilhões até 2010. Nós
ção de manufaturas”. ligados à área de saúde e de informática”, do MDIC estamos hoje observando de
Pinho revelou que o setor de servi- disse. Ela afirmou que o grande catalisa- perto a política pública desenvolvida
ços na Índia responde por 53% do PIB, dor de crescimento do setor de serviços por esse país. A Índia é realmente mui-
apesar de a maior parte da população in- indianos é o de tecnologia da informação to bem-sucedida e a questão de o país
diana estar empregada no setor primá- (TI), cuja exportação é possibilitada por ter desenvolvido a área de recursos
rio - cerca de 60% - e o setor terciário intermédio de call-centers, centros ad- humanos que atuam na fronteira tec-
responder por 23% da força de trabalho ministrativos, outsourcing e offshore de nológica, um movimento importante
da Índia. Ela informou, ainda, que a cor- TI, serviços médicos etc. A expositora para o desenvolvimento econômico
rente de comércio entre Brasil e Índia argumentou que a grande vantagem in- de qualquer país”, disse, concluindo,
cresceu 533% entre 2003 e 2007 e o diana deve-se à vasta disponibilidade de assim a sua apresentação. Em seguida,
maior aumento se deu nos anos de 2004 mão-de-obra anglófona, qualificada e ela passou a palavra para o secretário
e 2005, quando foi registrado um cresci- de baixo custo. “O setor de serviços da de Estado de Assuntos Internacionais,
mento de 800% na corrente. “Esse fluxo Índia exporta U$ 40 bilhões e a meta é embaixador Ernesto Rubarth.

Jane Pinho, do MDIC, elogiou o comércio de serviços indiano

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 25


P a i n e l III

Templo Baha’i, Nova Delhi

Propostas de incremento comercial buscar estreitar esse relacionamento, isso sobretudo no momento em que o país
também se reflete no próprio comércio”, cresceu em níveis muito altos, houve
O embaixador Rubarth fez, de início, declarou Rubarth. uma abertura gradual do seu mercado e
menção a alguns traços comuns existen- O embaixador fez referências ao ali- houve um esforço sistemático de apro-
tes nas relações entre Brasil e Índia. Para nhamento existente entre Brasil e Índia ximação firme com o Brasil, seja através
ele, quando se pensa nesses dois países, nos grandes foros internacionais, como a de visitas oficiais, seja através de mis-
vem à mente uma idéia de que eles têm Organização Mundial do Comércio. Ele sões empresariais. Mas, o que se perce-
muitas afinidades. “Pelo fato de ambos se- citou, ainda, a instituição do Foro do Ibas be é que o comércio ainda está muito
rem atores de peso em suas respectivas como mais um mecanismo que aproxima reduzido”, afirmou. De acordo com ele,
regiões e de grande presença em âmbi- os dois países. No entanto, a despeito des- é possível melhor esse quadro, após es-
to global, com vastos recursos naturais e ses arranjos políticos, o comércio entre tudar a fundo a estrutura e composição
elevados níveis de industrialização, for- Brasil e Índia ainda está muito inferior ao do comércio entre os dois países e quais
mados por populações multi-étnicas e seu potencial, considerou Rubarth, apesar as medidas a serem tomadas para tentar
multi-culturais e que enfrentam graves de reconhecer que houve forte incremen- superar esses entraves. Ele apresentou
problemas de pobreza e de exclusão so- to nos últimos anos. “Mas, se analisarmos estatísticas do MDIC que relatam que
cial e são duas grandes democracias do os últimos 20 anos, percebe-se que houve o intercâmbio comercial entre os dois
mundo em desenvolvimento”. No entan- um fluxo muito modesto de mercadorias, países triplicou nos últimos cinco anos,
to, apesar dessas similaridades, o comér- com grande concentração de produtos”, evoluindo de US$ 1 bilhão em 2003,
cio bilateral não consegue se desenvolver avaliou. para U$ 3 bilhões em 2007, represen-
com grande desenvoltura e muita facili- O embaixador disse que desde 2004, tando crescimento médio de 32% ao
dade. “O que se vê é que sempre houve verifica-se a consolidação e o crescimento ano. “De janeiro a agosto de 2008, o co-
um certo distanciamento entre Brasil do superávit em favor da Índia no comér- mércio chegou a U$ 2,9 bilhões, o que
e Índia e se procura, nos últimos anos, cio bilateral. Em 2007, o déficit brasileiro significa dizer que houve um aumento
tentar uma maior aproximação e, assim, com a Índia atingiu US$ 1,2 bilhão, com de 116% em relação ao mesmo período
recuperar esse tempo perdido. Da mes- uma pauta extremamente concentrada. de 2007. No entanto, esse dinamismo
ma forma que há uma decisão firme do “Se pensarmos um pouco sobre o que precisa ser mais qualificado, pois ele se
ponto de vista político dos dois países de aconteceu na história recente da Índia, deve, em primeiro lugar, às compras

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


brasileiras, que representam 70% do va-
lor do comércio. Apesar desse aumento
extraordinário e que dá uma perspecti-
va muito positiva, deve-se entender que
a Índia ocupou a 36ª posição entre os
principais mercados de destino das ex-
portações brasileiras”, considerou. Pelo
lado indiano, ele declarou que o Brasil se
posiciona na 26ª posição entre os princi-
pais exportadores do mercado indiano,
fornecendo 0,5% da demanda total.

Propostas

Mencionando uma pesquisa feita pela


Confederação Nacional da Indústria,
junto com o Itamaraty, Rubarth afirmou
que uma das razões do comércio ainda
ser bastante reduzido se dá pelo fato de Embaixador Rubarth disse que Índia e Brasil têm grandes similaridades
os dois países serem grandes produto-
res e exportadores de produtos básico e O QUE É IBAS
semi-manufaturados, que são bem mais
intensivos em trabalho do que em capital Formalmente estabelecido em 6 de junho de 2003, mediante a “De-
e tecnologia. “As pautas dos dois países
na área de importações são compostas
claração de Brasília”, o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul
basicamente de produtos manufaturados. (IBAS) representa esforço de coordenação política cujas metas cen-
Isso significa dizer que a oferta brasileira trais podem ser resumidas em três tópicos: a aproximação de posi-
não se encaixa naturalmente na demanda ções dos três países em instâncias multilaterais, o desenvolvimento
indiana e vice-versa. Há necessidade de
explorar alguns nichos específicos, pois da cooperação comercial, científica e cultural no âmbito Sul-Sul e a
do contrário, não haverá uma expansão democratização de esferas de tomada de decisão internacional.
muito clara do comércio”, disse. Em sua Índia, Brasil e África do Sul procuram, especialmente a partir da dé-
análise, a complementaridade entre os cada de 1990, elevar seu perfil internacional a partir de atributos cuja
dois países dá pouca margem às trocas.
E os principais itens de exportações bra- semelhança, por si só, justifica a maior aproximação entre os três pa-
sileiras para Índia em 2007 situam-se na íses: são potências intermediárias, com forte influência em suas res-
categoria de minérios de cobre (25%), pectivas regiões, democracias consolidadas e economias em ascensão
óleo de soja (19%), ferro fundido e aço
e que, dadas as evidentes desigualdades internas, confrontam desafios
(10%) e produtos químicos orgânicos
(7%). Do outro lado, os principais pro- comuns de desenvolvimento.
dutos importados da Índia pelo Brasil fo- A partir dessa condição comum, Índia, Brasil e África do Sul perse-
ram o óleo diesel (50%), produtos quí- guem interesses convergentes em relação à reforma nos mecanismos
micos (14%), e produtos farmacêuticos
(5%).
de tomada de decisão a nível global, especialmente do Conselho de
Dentre os entraves e as dificuldades Segurança das Nações Unidas e posicionam-se contrariamente à po-
apontados pelo estudo apresentado pelo lítica de subsídios agrícolas praticada pelos países desenvolvidos e,
embaixador, destacam-se a logística e, como síntese das duas posturas anteriores, propugnam uma ordem
especificamente, o setor de transporte.
“O transporte é caro. Não há vôos dire- internacional multipolar, estruturada a partir da maior atenção aos
tos entre os dois países e inexistem linhas países em desenvolvimento e baseada no Direito Internacional e na
regulares de transporte marítimo. Quan- democracia.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 27


P a i n e l III

do queremos chegar à Índia, é preciso cadeias varejistas brasileiras”. Além do balhar para a divulgação do mercado da
fazer um transbordo em Cingapura, o setor alimentício, Rubarth citou o setor Índia para os empresários brasileiros,
que encarece o frete e o seguro”, re- de infra-estrutura indiano como atraente realização de estudos de viabilidade
velou Rubarth. Outros fatores que, para as empresas brasileiras. “Há um pro- para produtos específicos, organização
segundo o embaixador, dificultam o grama extenso de investimento indiano de seminários e uma negociação entre
comércio entre os dois países são o de cerca de US$ 500 bilhões em aeropor- os governos para melhorar essas con-
desconhecimento recíproco e as práti- tos, rodovias, geração de energia, mora- dições logísticas. “Precisamos colocar,
cas protecionistas adotadas pela Índia, dia etc. E como há grandes empresas de ainda, algumas conversações no âmbito
deixando os produtos brasileiros com engenharia e construção civil com pre- do Ibas no que diz respeito à redução
pouca competitividade no mercado sença e atuação global, poderia se pensar da carga tarifária, contribuindo, assim,
indiano. “Não obstante essas dificulda- em estimular uma aproximação”. O setor para um maior fluxo comercial. Como
des, vemos que os dois países dispõem de energia foi lembrado pelo embaixador mercados emergentes e com cada vez
de um bom potencial de oportunida- como outro item importante a ser explo- mais influencia no cenário mundial,
des, sobretudo no setor de alimentos, rado pelo Brasil. “Com o dinamismo da Brasil e Índia precisam de incentivos
já que com a expansão da classe mé- economia indiana, petróleo e derivados governamentais e iniciativas mais ino-
dia nos dois países, há uma estimativa têm sido itens de crescimento acelerado vadoras dos seus empresários para ex-
de que haja um aumento de consumo dentro da pauta de importações. E pode- plorar com mais vigor o potencial de
alimentar. O governo indiano tem es- se se pensar em parcerias entre o governo comércio que já existe, mas que pre-
tabelecido parcerias com grandes ca- indiano e a Petrobras na área de biocom- cisa ser explorado para progredir no
deias internacionais, como a Wal-Mart bustíveis”, frisou. sentido de dar impulso ao intercambio
e Carrefour, e, por isso, acredito que Além dos setores já citados, o embai- comercial entre os dois países”, disse,
possa haver boas oportunidades para xador ressaltou a importância de se tra- finalizando os trabalhos do Painel III.

Mumbai, capital financeira da Índia

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Encerr amento

Relações além do intercâmbio


comercial
Representante do MRE comenta, em discurso, que as relações Brasil-Índia
têm que ser pautadas com bastante profundidade

Embaixador Ernesto Rubarth, ministra Maria Clara Duclos Carísio e Cônsul-Geral da Índia em São Paulo, S. Swaminathan, durante a
Sseeão Solene de Encerramento

A
Sessão Solene de Encerramento Augusto Tasso Fragoso Pires, presidente da vam da maneira desejável. “Consideran-
do Seminário Bilateral de Co- Câmara de Comércio Brasil – Índia; João do que, desde o inicio da independência
mércio Exterior e Investimentos Augusto de Souza Lima, presidente da da Índia em 1947, os nossos países têm
Brasil-Índia foi presidida pelo cônsul-Ge- FCCE; e o embaixador Paulo Pires do Rio, uma relação muito boa em foros multila-
ral da Índia em São Paulo, S. Swamina- diretor-conselheiro do Conselho Superior terais, demonstrando que temos proble-
than e o pronunciamento especial da ses- da FCCE mas e necessidades comuns. Então, por
são ficou a cargo da ministra Maria Clara A ministra Maria Clara Duclos Carí- que ela não se transforma numa coope-
Duclos Carísio, chefe da Divisão de Asia e sio disse que a divisão onde trabalha torna ração bilateral mais aprofundada do que
Oceania do Ministério das Relações Exte- clara a importância que a Índia vem tendo é hoje? Todas as oportunidades que te-
riores (MRE) Para compor a mesa, foram no conjunto das relações internacionais do mos de sanar o problema de desconheci-
convidados: Élio de Almeida Cardoso, Brasil nos últimos anos. “Muitas vezes, o mento e distanciamento, é, para nós do
assessor especial de Política Externa da que notamos é que o interesse pela Índia MRE, muito importante”, analisou.
Presidência da República; Jane Alcanfor é crescente no Brasil”, afirmou. Para a di- De acordo com Carísio, cada vez
de Pinho, coordenadora-geral da Secre- plomata, no entanto, o desconhecimento mais o Brasil precisa demonstrar que o
taria de Comércio e Serviços do MDIC; mútuo impede que as relações se desenvol- mais relevante no desenvolvimento de

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


uma relação bilateral é conseguir ultra- ca, opera num único sentido, em favor os problemas sociais. Isso nos permite
passar a barreira de idéias pré-concebi- da Índa. “O fato de ser desequilibrado o ter uma cooperação muito mais rica do
das, sobretudo na área do comércio, uma comércio não é, em tese, ruim. A questão que puro e simplesmente o intercâm-
vez que, segundo ela, há dificuldades de recai sobre quais são as oportunidades que bio comercial”.
grande parte do empresariado brasileiro nós estamos perdendo por não termos o Ela citou, também, o trabalho de-
de focar o mercado indiano. “Nós temos mesmo espírito empreendedor que os in- senvolvido pelo MRE para potenciali-
aqueles que pensam que: ou não temos dianos estão tendo nos últimos anos”, dis- zar essas afinidades, seja pelo trabalho
condições de entrar no mercado indiano se. Segundo ela, faz-se extremamente ne- realizado nos foros multilaterais, seja
porque é muito diferente do nosso ou cessário trabalhar para descobrir quais são no Ibas, que, segundo a diplomata, está
aqueles que dizem que é muito fácil en- os nichos onde o Brasil tem oportunidades descobrindo campos em que a coope-
trar no mercado indiano porque eles têm comerciais com a Índia. “O que não pode- ração é possível em função do inter-
uma classe média crescente e que está mos desperdiçar, em nenhuma hipótese, é câmbio e da troca de experiências. “Já
ávida por consumir produtos brasileiros. a vantagem que nós temos de poder nos temos 20 grupos de trabalho no âmbito
Não é uma coisa nem outra. Entrar no aproximar da Índia. É um país diferente do Ibas para identificar essas potenciali-
mercado indiano significa investir, saber e oferece muito mais do que a existência dades na área de serviços, turismo, co-
o que os indianos querem consumir. Da de um mercado consumidor dos nossos operação técnica e, sobretudo, na área
mesma forma que, de uns tempos para produtos. Nós temos que explorar muito educacional. Para o Brasil, é importan-
cá, os indianos fizeram com mais eficiên- mais as afinidades que nós temos, como tíssimo explorar as possibilidades de
cia no Brasil”, avaliou a diplomata. cooperação com a Índia que traria para
“Todas as oportunidades que temos o Brasil expertise e daria para o Bra-
Dar foco de sanar o problema de desconhe- sil a possibilidade de desenvolvimento
cimento e distanciamento, são, para técnico-científico que não temos com
Em razão dessa dificuldade, Carísio nós do MRE, muito importantes” outros países, e, por isso, todas as chan-
argumentou que a balança comercial ces que tivermos em seminários como
entre os dois países, apesar de dinâmi- Duclos Carísio este”, disse, concluindo o seminário.

Ministra Maria Clara Duclos Carísio: “Entrar no mercado indiano significa investir, saber o que os indianos querem consumir”

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 31


Encerr amento

Fonte: MRE

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


O COMÉRCIO EXTERIOR A UM CLICK
COMPLETO MENU DE
ASSUNTOS PARA ORIENTAR
O EXPORTADOR

DIVULGAÇÃO DE EVENTOS

ÚLTIMAS NOVIDADES
SOBRE COMÉRCIO EXTERIOR

FALA EXPORTADOR, CANAL


EXCLUSIVO PARA DIRIMIR
DÚVIDAS E ACATAR SUGESTÕES

DICAS PARA O USUÁRIO


EXPLORAR MELHOR OS SERVIÇOS
DO PORTAL DO EXPORTADOR

SITES EM DESTAQUE NO
BRASIL E NO MUNDO

CALENDÁRIO DAS
PRINCIPAIS FEIRAS E
EVENTOS DO SETOR

ENQUETES DIRECIONADAS
PARA SABER A OPINIÃO
DOS EXPORTADORES

FÁCIL ACESSO AOS DEMAIS


PRODUTOS E SERVIÇOS
DA SECEX/MDIC
Urbaniz ação

Parceria no campo social


Ministro das Cidades fala sobre possível parceria com a Índia em projetos
de habitação
Marcio Fortes, ministro das Cida-
des, está à frente de uma das pas-
tas mais importantes do governo
federal. Isso porque o Ministério
das Cidades é um dos responsáveis
pela implementação do Programa
de Aceleração do Crescimento
(PAC), uma das vedetes da admi-
nistração do presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva. Presente em vá-
rios seminários organizados pela
FCCE, Marcio Fortes participou
do Seminário Bilateral de Co-
mércio Exterior e Investimentos
Brasil-Índia, onde fez o pronun-
ciamento especial na Sessão So-
lene de Abertura. Marcio Fortes
concedeu entrevista à Revista da
FCCE e comentou, entre outras
coisas, sobre projetos de coopera-
ção entre Brasil e Índia no campo
social.

Como o senhor avalia a importân-


cia da Índia para o Ministério das
Cidades?
Marcio Fortes - O que me chamou
a este seminário foi o fato de eu poder
comentar as relações especiais que o go-
verno brasileiro tem com a Índia, e tam-
bém com a África do Sul, em matéria de
assuntos de interesse social. Nós temos
problemas de moradia muito parecidos,
com favelas e um déficit habitacional
muito quantitativo. E, já há algum tem-
po, temos estabelecido conversações
com a Índia para cooperação na área de
assentamentos humanos. Nesse plano

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


de conversações, estamos trocando ex- cupação em torno do chamado Bug do bém, social, e, assim, dar oportunida-
periências e informações de cooperação Milênio, diversos técnicos indianos vie- de de melhorias na qualidade de vida a
técnica para chegarmos a uma solução ram ao Brasil para ajudar no encaminha- milhões de pessoas que ainda vivem de
em relação aos assentamentos precários, mento para a solução desse problema. forma precária nesses países.
como favelas, palafitas e qualquer tipo Como estão se desenvolvendo os
Voltando a questão do comércio, projetos do PAC (Programa de
Brasil e Índia, apesar de terem Aceleração do Crescimento), pro-
“A Índia atacou o problema do acordos de cooperação mútua grama no qual o Ministério das
desenvolvimento focando em áreas e terem formado o Grupo IBAS, Cidades está à frente?
importantes como tecnologia da com o objetivo de fortalecer o Marcio Fortes - Estamos dando anda-
informação e farmacêutica. E, com bloco Sul-Sul, tiveram algumas mento aos projetos do PAC, que é tido
isso, a Índia evoluiu bastante nas divergências a Rodada de Doha pelo governo federal como um progra-
últimas décadas” no que diz respeito à abertura do ma prioritário pela sua importância so-
Marcio Fortes mercado agrícola. É possível, mes- cial, sobretudo em termos de projetos
mo assim, acreditar nesse eixo, a de habitação, saneamento e mobilidade
de habitação que não tenha dignidade de despeito das divergências? urbana. Estão previstas a realização de
vida. Marcio Fortes - Algumas vezes algu- mais rodadas para alocação de recur-
E como estão se dando essas con- mas questões não batem. Mas, o objetivo sos de R$ 1 bilhão oriundos do FGTS
versas? sempre é fortalecer o bloco Sul-Sul para (Fundo de Garantia por Tempo de Ser-
Marcio Fortes - Elas se dão em vários que se possa lutar, ainda que existam di- viço) para o Brasil inteiro. E vamos lan-
níveis. As conversações também estão ferenças de metodologias e princípios, çar também um novo programa qe será
sendo conduzias na área de tecnologia por um remapeamento do comércio. É chamado PAC da Mobilidade Urbana no
de insumos para habitação de interesse claro que quando vamos tratar de ques- qual vai investir em projetos de cons-
social e inclui pesquisas de novos mate- tões sensíveis, como o setor agrícola, a trução de corredores urbanos exclusi-
riais e treinamento de pessoal. A Índia situação fica um pouco diferente. Mui- vos, faixas seletivas, investimentos em
atacou o problema do desenvolvimen- tas vezes verificam-se alguns embates. E metrô e renovação de frotas de ônibus.
to focando em áreas importantes como isso acontece até mesmo aqui no Merco- Isso vai ser importante, inclusive, para
tecnologia da informação e farmacêuti- sul, onde encontramos problemas com a Copa do Mundo (2014 a ser realizada
ca. E, com isso, a Índia evoluiu bastante os nossos vizinhos. Mas o objetivo do no Brasil), pois o evento não só exige in-
nas últimas décadas. Até 1990, não havia presidente Lula é buscar estreitar cada vestimentos em estádios, mas, também,
cartão de crédito por lá. E, hoje, mais vez mais as diretrizes e afinar os concei- na questão da mobilidade. Precisamos
de 20 milhões de indianos fazem uso do tos nessas relações com os três países e garantir acessos ágeis aos torcedores e
cartão de crédito. Isso é fruto de políti- lutar para o desenvolvimento não só do profissionais que estarão trabalhando na
ponto de vista econômico, mas, tam- Copa.
“O objetivo sempre é fortalecer o
bloco Sul-Sul para que se possa lu-
tar, ainda que existam diferenças de BIOGRAFIA
Marcio Fortes de Almeida é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e tem douto-
metodologias e princípios, por um
rado em Direito Público pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do
remapeamento do comércio” Brasil. Desde o início do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, assumiu
Marcio Fortes a Secretaria Executiva do MDIC, comandado por Luiz Fernando Furlan.Na gestão
do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foi Secretário-Executivo
cas de inclusão social. do Ministério da Agricultura e também presidiu os conselhos de administração da
O senhor falou a respeito da im- Embrapa e da Conab. Durante a presidência de Itamar Franco (1992- 1994), foi
portância do setor de TI para o Ministro interino de Minas e Energia e presidiu o conselho de administração de
desenvolvimento. É possível o go- várias estatais. Foi ainda Secretário-Executivo do Ministério de Minas e Energia
verno federal estabelecer Parceria na gestão de Pratini de Morais no Governo Fernando Collor (1990-1992). Fora
Brasil e Índia neste setor para o do Governo, tem-se destacado na área de comércio exterior. Foi Secretário-Geral
desenvolvimento social? e Vice-Presidente Executivo de Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB
Marcio Fortes - Já existe um bom in- (1988 a 1992 e de 1993 a 1999), sendo responsável pela organização de vários
tercâmbio entre Brasil e Índia na área de encontros nacionais do setor. Além disto, atuou como pesquisador e chefe da As-
sessoria Técnica da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior – Funcex e
software. E isso não é tão recente. Em
Coordenador do Conselho de Comércio Exterior do Mercosul – Mercoex.
2000, quando houve uma grande preo-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 35


FPiani an ne lc iIII
amento

A nossa missão é beneficiar as


empresas lá fora
Representante do BNDES fala sobre a importância do país para as empre-
sas brasileiras
Gerente do Departamento de
Relações Internacionais do Ban-
co Nacional de Desenvolvimen-
to Econômico e Social (BNDES),
Leonardo Pereira afirma que o Ín-
dia vem ganhando interesse como
destino de financiamentos do ban-
co para as empresas brasileiras.
Segundo ele, tudo indica que essa
relação se estreitará para os pró-
ximos anos, sobretudo em razão
da demanda por investimentos em
infra-estrutura no país. Botelho
Ferreira conversou com a Revis-
ta da FCCE sobre as intenções do
banco no Índia.

Em que consistirá o plano de ações


do BNDES na Índia?
Leonardo Pereira - Existem algumas
iniciativas pontuais de empresas brasilei-
ras que já são exportadoras e que buscam
a Índia por conta da mão de obra qualifi-
cada e competitiva em termos de custos,
e acesso ao grande mercado indiano. En-
tão, num movimento recente, empresas
como a Gerdau, Vale, Marco Pólo estão
investido pesado nesse mercado que é
bastante interessante.

Há dificuldades das empresas já


receberam financiamentos do BN-
DES para atuarem na Índia?
Leonardo Pereira - Há diferenças cul-
turais e desconhecimento de grande par-

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


te do empresariado brasileiro, o que faz “Os detalhes sobre a destinação negócios existentes em outros países.
com que o mercado indiano seja muito de R$ 5 bilhões adicionais para Quero ressaltar que a escolha da Índia
pouco explorado. Então, o que o BNDES o financiamento de operações de para o encontro bilateral foi excelente,
pode fazer é financiar as exportações pré-embarque foram dados pelo pois era um país que, até poucos anos
brasileiras de valor agregado direciona- presidente do Banco, Luciano atrás, não era considerado como atra-
das à Índia, dentro do processo de capi- Coutinho,em entrevista realizada tivo para o comércio e, hoje, vemos
tal de giro e também na comercialização, na sede do BNDES, no início de diversas médias empresas querendo
caso o importador indiano necessite de novembro” exportar para lá e investir. Da mesma
crédito. E, no segundo momento, já para forma que vemos diversas empresas in-
Leonardo Pereira
empresas mais estruturadas, o BNDES dianas investindo no Brasil.
pode financiar projetos de investimentos
diretos, dentro do programa de financia- BNDES ampla linhas de financiamentos à exportação para combater crise de
mento à internacionalização de empre- crédito global
sas. E aí a gente enxerga muito a comple-
mentaridade entre empresas brasileiras e O BNDES ampliou suas linhas de financiamento à exportação, com o ob-
empresas indianas. E isso é bom para as jetivo de fazer frente à escassez de crédito no mercado. Os detalhes sobre a
empresas brasileiras atuarem não só na destinação de R$ 5 bilhões adicionais para o financiamento de operações de
Índia, como também em terceiros mer- pré-embarque foram dados pelo presidente do Banco, Luciano Coutinho,em
cados, como o dos EUA, onde as empre- entrevista realizada na sede do BNDES, no início de novembro.
sas indianas têm presença, sobretudo no “A ampliação das linhas de pré-embarque do BNDES se dá em um momento
setor de tecnologia da informação. em que se faz sentir uma evaporação nas linhas de comércio exterior, em fun-
O que fazer para divulgar mais a ção da crise do sistema de crédito global”, afirmou o presidente. Ele explicou
“Quero ressaltar que a escolha da que as medidas, anunciadas no dia anterior pelo ministro da Fazenda, Guido
Índia para o encontro bilateral foi Mantega, e pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, pretendem bloquear
excelente, pois era um país que, até um dos potenciais focos de transmissão da crise internacional para a economia
poucos anos atrás, não era conside- brasileira.
rado como atrativo para o comér- Os recursos para financiamento às operações de pré-embarque (financia-
cio e, hoje, vemos diversas médias mento à produção do bem a ser exportado) poderão ser utilizados para bens de
empresas querendo exportar para lá capital e bens de consumo. Para o financiamento a bens de consumo, o limite
e investir” por grupo econômico foi ampliado de US$ 50 milhões para US$ 150 milhões.
Leonardo Pereira
Para os bens de capital, há dois segmentos. No primeiro deles - máquinas
industriais – os financiamentos serão mantidos em TJLP. No caso dos demais
Índia para empresários do Brasil? bens de capital, os tomadores passam a ter duas alternativas de crédito: finan-
Leonardo Pereira - Para fazer uma ciamento em reais com taxa de juros fixa (15% ao ano, mais spread do agente
maior divulgação do mercado indiano financeiro) ou financiamento em moeda estrangeira. Os prazos de financia-
no Brasil, o melhor agente seria a Apex. mento permanecem em 18 meses, em ambos os casos. “São taxas competitivas,
Por isso mesmo, o BNDES fechou, re- de acordo com as condições atuais de mercado”, afirmou Coutinho.
centemente, uma parceria com a agência Até agosto deste ano, nas linhas de exportação o BNDES já realizou desem-
para alinhar mais as nossas ações, tanto bolsos de US$ 3,4 bilhões, com um crescimento de 31% em relação ao mesmo
na área de financiamentos como na de período do ano passado. Espera-se que com as medidas complementares anun-
fomento. ciadas nesta terça, as liberações possam fechar o ano em até US$ 8,5 bilhões,
contra estimativa anterior de US$ 6,5 bilhões. Coutinho disse, entretanto, que
Para o senhor, qual é a importân- os valores dependerão da demanda.
cia deste seminário? O superintendente da área de Comércio Exterior do BNDES, Luiz Antonio
Leonardo Pereira - Este evento apro- Dantas, estimou que o intervalo entre a análise e liberação dos financiamentos
ximou muito os empresários e demais do pré-embarque é de 15 a 20 dias para as operações acima de US$ 8 milhões,
pessoas que trabalham no setor de co- permitindo uma resposta rápida à necessidade de recursos por parte dos ex-
mércio exterior e fazem com que elas portadores. Para operações de valores menores que US$ 8 milhões, os recursos
fiquem antenadas às possibilidades de saem em até seis dias.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 37


Entre vista

“A Índia está aí. Vamos estudar mais


o país e aproveitar as oportunidades”
Vice-presidente da CCIAIB diz, em entrevista, que a Índia está pronta
para importar produtos brasileiros

Leonardo Ananda é vice-presi-


dente da Câmara de Comércio
Índia-Brasil (CCIAIB). Inaugurada
durante a primeira missão do pre-
sidente Lula à Índia, em janeiro
de 2004, Ananda está na Câmara
desde a sua fundação. Otimista
quanto aos novos rumos tomados
nas relações entre Brasil e Índia,
Ananda defende mais ousadia por
parte do empresariado brasilei-
ro para aproveitar as oportunida-
des do mercado indiano. Confira,
a seguir, os principais trechos da
entrevista concedida à Revista da
FCCE:

A Câmara foi fundada em 2004. Em


virtude da importância da Índia na
economia global, por que demorou
tanto?
Ananda - Eu faço a mesma pergunta.
Na verdade, existiram outras tentativas,
mas não vingaram. Isso porque as rela-
ções indo-brasileiras sempre foram muito
tímidas e a conjuntura não auxiliava. Mas
com a adoção dessa nova política externa
desenvolvida pelo governo federal, a con-
juntura ficou muito melhor.

Primeiro passo é sempre político?


Ananda - Sim, é muito importante.
Sempre gosto de falar que o pano de

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


fundo institucional tem grande relevân-
cia. Então, tais iniciativas como o envio
de delegações governamentais, missões
oficiais são importantes para estimular o
empresário brasileiro a conhecer mais o
potencial da Índia.

E esse interesse está crescendo de


fato?
Ananda - De certa maneira, sim. Mas
está muito incipiente ainda. Esse inte-
resse precisa ser muito trabalhado para
chegarmos ao verdadeiro potencial dessa
relação. No entanto, conseguimos dar o
primeiro ‘estalo’. Hoje vários empresá-
rios brasileiros já falam: a Índia está aí.
Vamos estudar mais o país e aproveitar as
oportunidades.

E do lado contrário?
Ananda - É muito mais agressivo. Já há
diversas empresas indianas aqui no Brasil.
Os empresários da Índia já entendem o
Brasil como um mercado altamente pro-
missor. É claro que os empresários india-
nos esbarram na barreira da falta de co-
nhecimento de como é fazer negócios no Leonardo Ananda: Temos que trabalhar muito para que possamos alcançar o verdadeiro
nosso País. Por isso, é importante o Brasil potencial dessa relação
promover mais suas oportunidades lá.
Mas é preciso que os nossos empresários Brasil, mas que tem grande resis-
Quais são as empresas indianas que tenham um pouco mais de ousadia e enten- tência por parte dos indianos.
o senhor pode destacar? dam que as suas mercadorias têm condições Ananda - É verdade, e essa divergência
Ananda - Temos a Ranbaxy e Cello- de se adequar ao mercado indiano. se deu na Rodada de Doha. Foi a primei-
pharm,, empresas farmacêuticas indianas ra vez que houve um descompasso de
líderes na produção de medicamentos ge- Que produto não explorado pelo propostas entre Brasil e Índia num foro
néricos. TCS (Tata Consult Service), Ap- Brasil no que diz respeito à exporta- multilateral. Acredito que faltou mais co-
tech, ZILS, Prologix e muitas outras estão ção para a Índia que o senhor pode- municação entre os países. Mas, depois,
presentes no Brasil através de parcerias e ria destacar? esse contencioso entre os dois países foi
outras iniciativas com empresas ligadas ao Ananda - O Brasil pode explorar, por revertido. O ministro Celso Amorim (das
setor de tecnologia da informação. A Tata exemplo, vender o biocombustível para a Relações Exteriores) fez um excelente
Motors, que é a divisão automobilística Índia. Esse país é o maior produtor de açú- trabalho, e Brasil e Índia voltaram a co-
do grupo, que também já se instalou no car do mundo, mas ele tem uma população operar nos foros multilaterais. Basta lem-
Brasil. tão grande que não é suficiente para atender brar que essa parceria sempre se deu com
à demanda local. E ai está a grande oportu- grande sucesso. Eles são líderes do G-20.
Em relação à concentração da nos- nidade brasileira para exportar açúcar e ál- Atuaram de forma conjunta para conse-
sa pauta, como podemos trabalhar cool combustível que poderia, muito bem, guir produzir medicamentos genéricos na
para reverter esse quadro? encontrar espaço nesse país. OMC (Organização Mundial de Comér-
Ananda - Esse é um dos nossos principais cio), sem esquecer da criação do IBAS e
focos, aliada à estratégia de incrementar Mas, recentemente, Brasil e Índia ti- do acordo de preferências tarifárias entre
as exportações. O empresário brasileiro veram desentendimentos em relação Índia e Mercosul.A base está praticamente
tem que estar ciente de que a Índia tem à abertura do mercado no setor agrí- montada. Cabe agora a iniciativa privada
mercado para importar os seus produtos. cola, proposta essa defendida pelo aproveitar as oportunidades existentes.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 39


Entre vista

“Fortalecendo o setor de serviços”


Coordenadora-geral de Serviços do MDIC fala sobre os projetos do gover-
no federal para o setor
O setor de serviços corresponde
aproximadamente a 15% do total
das exportações de bens e, nos úl-
timos quatro anos, os índices de
crescimento dessas exportações
têm superado os índices das ven-
das externas de produtos. A meta,
presente na Política de Desenvolvi-
mento Produtivo (PDP), é de que
as exportações de serviços alcan-
cem em 2010 a cifra de US$ 39,5
bilhões. Jane Pinho, coordenado-
ra geral de serviços da Secretaria
de Comércio e Serviços (SCS) do
MDIC participou do Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Índia e, em
sua exposição, apresentou núme-
ros e deus alguns relatos sobre o
setor de serviços indiano. Após a
sua apresentação, ela falou à Re-
vista da FCCE. Acompanhe, a se-
guir, a entrevista concedida pela
representante do MDIC.

Até que ponto a atual crise finan-


ceira pode atingir o setor de servi-
ços?
Jane Pinho - No momento de crise, a
primeira coisa que os empresários bus-
cam fazer é reduzir os custos e, neste
contexto, podem surgir oportunidades
para empresas brasileiras e a Índia é um
ótimo exemplo. É um dos países mais
competitivos do mundo no setor de TI,

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


pois eles investem muito para estarem na TI e a Índia responde por 12% do mercado E quanto à exportação de serviços,
fronteira tecnológica. e a América Latina participa com 1,8%, ou como o MDIC está acompanhando
seja, o Brasil tem muito a crescer. esse processo?
A Índia é um país que se destaca A baixa qualificação da mão de obra Jane Pinho - A área de serviços tam-
como provedora de serviços, so- brasileira é até que ponto um entra- bém abrange exportação de pessoas ou
bretudo no setor de TI. O MDIC ve para o setor de serviços de TI? o movimento temporário de pessoas fí-
tem algum projto semelhante que Jane Pinho - De fato, esse é um gran- sicas. Então, a Índia lançou na OMC um
possa desenvolver esse setor no de entrave, pois o nosso maior problema pedido plurilateral na área de movimento
Brasil? nosso é que faltam trabalhadores de nível temporário, o que é a principal reivin-
Jane Pinho - Os números de serviços médio qualificados, que tenham certo do- dicação dos países em desenvolvimento.
indianos são muito expressivos e o ca- mínio de informática e que falem inglês. O Brasil assinou esse documento com a
talisador é o setor de tecnologia da in- O problema da mão-de-obra brasileira não Índia, que se chama W-31, e ele harmoni-
formação. Mas, o MDIC está, também, está na formação de nível superior, pois za em quatro categorias de profissionais:
buscando viabilizar dentro da Política dispomos de um grande contingente de prestadores de serviços por contrato, que
de Desenvolvimento Produtivo (PDP) o mestres e doutores, apesar de não ter in- são aqueles empregados que têm contra-
setor de TI. Recentemente, o ministro ternacionalizado esses profissionais como to com pessoas jurídicas no território de
Miguel Jorge com o secretário de comér- a Índia fez. origem; os transferidos intra-corpora-
cio norte-americano, Carlos Gutiérrez, e ções, que são os empregados que acom-
dentre as questões que colocamos foi a de O problema é que não se sabe hoje o panham o investimento das empresas es-
explorarmos o mercado americano os se- que é serviço, então o governo precisa trangeiras. Os visitantes de negócios; e os
tores de outsourcing de TI. Os números harmonizar esses conceitos e é por profissionais independentes.
são impressionantes. O mercado norte- isso que a nomenclatura ganha im-
americano e do Reino Unido somam 80% portância muito grande Quais são as novidades que o MDIC
da demanda mundial de outsourcing e de está elaborando para o setor que a
Jane Pinho senhora poderia falar?
Jane Pinho - Até o final do ano estamos
PDP para o setor de serviços fechando a Nomenclatura Brasileira de
Serviços. Essa nomenclatura está sendo
construída em conjunto com o IBGE, o
Banco Central e Polícia Federal e ela vai
harmonizar o que se define por serviços
nos campos comercial, tributário e cam-
bial. Ela é importante porque para dar
melhor aparato para as políticas públicas.
Hoje nós preconizamos uma isonomia na
desoneração das exportações, da mesma
forma que acontece com as exportações
de bens.

Em que sentido criar a NBS pode


trazer benefícios ao setor?
Jane Pinho - O problema é que não se
sabe hoje o que é serviço, então o gover-
no precisa harmonizar esses conceitos e
é por isso que a nomenclatura ganha im-
portância muito grande. Por isso quando
perguntam sobre o comércio de serviços,
verificamos que há um sub-dimensiona-
mento da balança comercial. Apesar dis-
so, as exportações oriundas do setor de
serviços têm crescido mais do que as ex-
portações de bens, não obstante ter tido
uma queda nos primeiros meses de 2008,
em comparação com 2007, muito disso
em razão da flexibilização cambial.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 41


Cultur a e Religião

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


A
ssim como as novelas O púlbico indiano espera fazer o
influenciam o cotidiano dos seu dinheiro valer a quando de
brasileiros desde a forma de uma ida ao cinema. Músicas
se vestir, como gírias utilizadas até e danças, triângulos
cortes de cabelo, algo semelhante amorosos, comédia e acção
ocorre na Índia. Entretanto não são todos misturados num
se tratam de telenovelas e sim espectáculo de três horas de
de produções cinematográficas duração com intervalo. Esse
originadas em Bollywood. Bollywood tipo de filmes são chamados
é o nome dado à indústria de de masala, que é o nome
cinema de língua hindi, a maior dado a uma mistura de
indústria de cinema indiana, em especiarias da culinária
termos de lucros e popularidade indiana.
a nível nacional e internacional. O
nome Bollywood surge da fusão de
Bombaim (antigo nome de Mumbai,
cidade onde se concentra esta
indústria), e de Hollywood (nome
dado à indústria cinematográfica
americana). Contudo este nome é
usado por vezes para designar todo
cinema indiano o que se trata de
uma utilização incorreta.
Os filmes de Bollywood, assim como
a maior parte dos filmes indianos,
são na maior parte musicais. Espera-
se sempre que contenham algumas
melodias cativantes sob a forma
de números de canto e dança. O
sucesso de um filme depende muito
da qualidade dos seus números
musicais. Geralmente as músicas
costumam ser lançadas antes do
filme para aumentar o interesse
do público no filme. Os filmes de
Bollywood, como também acontece
em Hollywood, são muito usados
como meio de publicitar outros
produtos. Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 43
Shahrukh Khan
Cultur a e Religião

Bollywood em fatos e números Tal como os masalas da culinária,


• Bollywood produz 1000 filmes por ano
este tipo de filmes são uma mistura
(Double Hollywood’s output) de muitas coisas.
• 14 milhões de indianos vão ao cinema
diariamente.
Bollywood emprega pessoas de
todas as partes da Índia e atrai
• India vende 3,1 bilhões de bilhetes de
cinema por ano enquanto que Hollywood vende milhares de aspirantes a atores.
2,9 bilhões de bilhetes por ano. Modelos, atores televisivos, atores
• Bollywood emprega 6 milhões de pessoas de teatro e até pessoas comuns vêm
• A renda de Bollywood fica entre US$ 8 para Mumbai na esperança de se
bilhões e $10 bilhões por ano. tornarem estrelas.
• The indústria de cinema indiano pode
chegar a 12% do Mercado global de No entanto apenas poucos são bem
entretenimento em 2009. sucedidos .
• Em 1899, o primeiro filme indiano foi
exibido e nascia, assim, Bollywood.
Bollywood não é muito popular
• A estrela indiana Shahrukh Khan tem 1
na América do Sul, contudo tem
bilhão de fãs ao redor do mundo, o mesmo algum reconhecimento em países
númeo de fãs do ator americano Tom Cruise. como a Guiana e o Suriname e
• Em 2004, pela primeira vez, mais pessoas também no Caribe e na ilhas de
assitiram os fimes de Bollywood do que as Trinidad e Tobago, sendo que em
produções (3,8 bilhões contra 3,6 bilhões)s todos esses países mencionados, os
Fonte: Amit Khanna, President, Film & Television
Producers Guild of India.
descendentes de indianos compõem
a maioria da população. Em 2006 o

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


Sonam Kapoor
Cena de uma das produções de Bollywood

filme Dhoom 2, foi parcialmente receita, e expandiu seu mercado


rodado no Rio de Janeiro. E em 2007 exibidor para, principalmente, países
o filme Fool n Final, também teve em que NRI (“Non Resident Indian”)
parte de sua acção filmada no Brasil. formam populosas comunidades
Além disso têm sido realizadas consumidoras de filmes indianos,
várias mostras de filmes indianos daí obtendo lucro em dólar advindo
em algumas cidades brasileiras, de remessas de lucros de bilheteria
como São Paulo e Salvador, com e de direitos autorais que incidem
o objectivo de tornar conhecido o sobre filme e trilha sonora.
cinema indiano neste país.
A Índia faz mais de 800 filmes
A Índia compreende a maior produção por ano em 16 línguas diferentes,
de filmes do mundo – 1000 filmes alcançando um público médio
anuais - e por anos alimentava essa de 2,8 bilhões de espectadores.
máquina produtiva apenas com Hollywood ostenta a sua fama de
a venda doméstica de bilhetes. poderosa com pouco menos de 500
Hoje, incorporou o fenômeno dos filmes por ano e um público de 1,6
“Multiplexes”, onde pipoca gera bilhão de espectadores.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B
rasil ndia•I 45
Cultur a e Religião

Religião praticada por 85% da população indiana, o hinduísmo ainda


sofre de grande desconhecimento no Ocidente

O
que é hinduísmo? Trata-se apenas da noção hindus vêem a vida como ciclo auto-repetitivo no
ocidental simplista de venerar inúmeros qual o desenrolar da história humana exerce papel
deuses, banhar-se no Ganges e estruturar secundário. Os hindus costumam referir-se à sua fé
uma divisão social em castas? Ou há algo mais en- como sanatana darma, que significa ordem eterna.
volvido? A resposta: há muito mais envolvido. O Na verdade o próprio termo hinduísmo é vago, pois
hinduísmo é uma maneira diferente de entender a é um termo iventado pelos europeus para sintetizar
vida, para a qual os valores ocidentais são totalmente uma hoste de religiões e seitas (sampradaias) que se
estranhos. Os ocidentais tendem a ver vida dentro desenvolveram e floresceram no decorrer dos mi-
de uma linha cronológica de eventos na história. Os lênios
46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a
Definir o hinduísmo não é tarefa fácil, pois é uma muitos detalhes sobre seus profundos significados.
religião que não tem credo definido, hierarquia sa- Foram escritos a partir de 300 a.C.. Os Upanicha-
cerdotal nem órgão governante. No entanto, não des (assentos perto dum mestre), também conheci-
deixa de ter suamis (mestres) e gurus (guias espiri- dos como Vedanta e escritos por volta de 600-300
tuais). O senso comum ocidental faz logo referência a.C., são tratados que delineiam a razão de todo o
ao hinduísmo como uma religião politeísta (apesar pensamento e ação segundo o hinduísmo. As doutri-
da existência de 330 milhões de divindades),o que, nas da samsara (transmigração da alma) e do carma
para estudiosos de religião, é uma visão errônea. (a crença de que ações de uma existência anterior
Na verdade, o hinduísmo se baseia na crença de um são a causa do atual estado da pessoa na vida) foram
Deus uno cuja composição se divide numa trindade esboçados nesses escritos. A libertação do ciclo de
principal composta por Brahma, Vishnu, e Shiva. renascimentos ou fim da jornada da alma é chama-
do de mocsa ou nirvana, que concretiza a união do
Escritos Sagrados do Hinduísmo indivíduo com a Entidade Suprema, Brâmane.

Embora o hinduísmo não seja difundido como


outras religiões (cristianismo, islamismo, budismo),
ele tem quase 1 bilhão de seguidores, tendo em vista
que 85% da população indiana são hinduístas. Mas,
como e por que o hinduísmo ficou concentrado na
Índia?
Alguns historiadores dizem que as raízes do hin-
duísmo remontam há mais de 3.500 anos, quando
uma onda de migração trouxe do noroeste para o
vale do Indo por um povo denominado ariano de
pele clara e que se espalhou e dominou a população
local das planícies do rio Ganges e de todo o restan-
te da Índia, espalhando os seus conceitos religiosos
à toda população dessas regiões. Com o tempo, as
crenças e ritos da Índia foram assentados por escri-
to, e formam hoje os escritos sagrados do hinduís-
mo. Apesar de tais obras sacras serem bem abran-
gentes, elas não tentam propor uma doutrina hindu
unificada.
Os escritos mais antigos são os Vedas, uma co-
letânea de orações e hinos conhecidos como Rig-
Veda, Sama-Veda, Iajur-Veda e Atarva-Veda. Foram
escritos durantes vários séculos e completados por
volta de 900 a.C. Os Vedas foram, mais tarde, in-
cluindo os Brâmanas e os Upanichades.
Os Brâmanas especificam como realizar os ritos
e sacrifícios, tanto domésticos como públicos, e dão
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 47
Guia Básico de Termos Hindu

Ainsa - Não violência ou lugar em que um guru en-


sina
Atmã – Espírito, associado com que e imortal. Mui-
tas vezes traduzido erroneamente por alma.
Avatar – Manifestação ou encarnação de uma deida-
de hindu.
Bacti – Devoção a uma deidade que leva a salvação.
Bindi – Manchinha vermelha que as mulheres casa-
das usam na testa.
Brâmane – O nível sacerdotal mais elevado do sis-
Bindi, ornamento típico das mulheres hindus
tema de castas.
Carma – O principio de que toda ação tem suas con-
seqüências positivas ou negativas para a vida seguinte
da alma transmigrada.
O hinduísmo na vida cotidiana
Darma – A derradeira lei de todas as coisas, o que
determina a correção e o desacerto dos atos.
No hinduísmo, há certos conceitos básicos que
Guru – Mestreou guia espiritual
influenciam o pensamento e a conduta cotidiana.
Um notável exemplo é o ainsa (em sânscrito ahin- Ioga – Da raiz yuj , que significa juntar-se ou jungir,
envolve junção da pessoa ao ser divino universal. Po-
sa), ou não-violência. À base dessa filosofia, os hin- pularmente conhecida como disciplina de meditação
dus não devem matar outras criaturas, nem praticar envolvendo a postura e o controle da respiração. O
hinduismo reconhece pelo menos quatro Iogas prin-
violência contra elas Outro aspecto conhecido da cipais ou caminhos.
religião hindu é o varna, ou sistema de castas, que
Jiva - A alma ou o ser pessoal.
divide a sociedade em rígidas classes. Segundo a
mitologia hindu, o sistema de castas foi concebido, Maatma – Santo hindu, de maa, elevado, e atma, es-
pírito.
originalmente, a partir das quatro principais par-
te do corpo do Puruxa, figura do pai original da Mantra – Formula sagrada que se crê ter poder má-
humanidade. Os honos do Rig-Veda dizem que os gico, usada na iniciação a uma seita e repetida em ora-
ções e encantamentos.
brâmanes, a mais elevada casta, se originaram da
boa do Puruxa. A classe governante (xátria ou ra- Mocsa ou Nirvana – Libertação do ciclo de
renascimento,o fim da jornada da alma.
jânia), ou guerreira, veio de seus braços. A classe
mercadora e lavradora, chmada vaixá, originou-se Samsara - Transmigração de uma alma eterna, im-
perecível.
de suas coxas. Uma casta inferior, a sudra, ou xudra,
ou classe trabalhadora, resultou da parte mais infe- Suami – Mestre ou nível mais elevado de guia espi-
ritual.
rior do corpo, os pés.
Outra crença básica que afeta a ética e a conduta Trimurti – Tríade hindu composta de Brama,Vixenu
e Xiva.
hindu é o ensino do carma. Trata-se do princípio
de que toda ação tem suas conseqüências, positivas Upanichades - Primeiros escritos sagrados poéticos
do hinduismo. Também conhecido como Vedantas.
ou negativas, determinando cada existência da alma
transmigrada ou reencarnada. Vedas - Escritos poéticos sagrados do hinduismo.
Trimúrti Vixenu

Embora o hinduísmo afirme existir milhões de Vixenu, uma benevolente deidade solar e cósmica,
divindades, na prática real há certos deuses favori- pe o centro da adoração para os seguidores di vaix-
tos que se têm tornado o ponto focal de várias seitas navismo. Ele aparece sob dez avatares, ou encarna-
dentro do hinduísmo. Três dos deuses mais desta- ções, incluindo Rama e Krishna.
cados estão incluídos no que os hindus chamam de
Trimúrti, uma trindade de deuses. A tríade con- Xiva
siste em Brama, o Criador, Vixenu, o Preservador,
e Xiva, o Destruidor, e cada qual tem pelo menos Xiva, também conhecido por Mahexa (Supremo
uma esposa ou consorte. Senhor) e Maadeva (Grande Deus), é o segundo
maior deidade do hinduísmo, e a adoração que lhe
Brama, o Criador é prestada chama-se xivaísmo. Ele é descrito como
o grande asceta, o mestre iogue sentado, mergu-
Brama, embora seja central na mitologia hindu, lhado na meditação nas encostas do Himalaia, com
não ocupa um lugar de destaque na adoração do o corpo besuntado de cinzas e a cabeça coberta de
hindu mediano. De fato, bem poucos templos são cabelo emaranhado. É conhecido, também, por seu
dedicados a ele, embora seja chamado de Brama, o erotismo e como o responsável pela fertilidade.
Criador. Contudo, a mitologia hindu atribui a tare-
fa de criar o universo material a um ser, fonte ou
essência suprema – Brâmane ou Brâmine, identifi-
cado pelas sílabas sagradas OM ou AUM. Todos os
três membros da tríade são considerados parte des-
se “Ser”, e todos os outros desuses são tidos como
diferentes manifestações..

Maatma Ghandi: no hinduismo a expressão maatma significa Xiva: é o destruidor, que destrói
homem de espírito elevado para construir algo novo
R e l a ç õ es B i l a t e r a i s

A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias alcançou a relevante


cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este per-
centual se ampliou e registrou 17,6% em 2007.

Intercâmbio Comercial
Brasil – India
E laboração : D e partamento de Planejamento e
D esenvolvimento do C omércio E xterior – D E P L A da
S ecretaria de C omércio E xterior – S E C E X do M inistério do
D esenvolvimento, I nd ú stria e C omércio E xterior - M D I C.

Comércio Exterior da Índia 216,7 bilhões, expansão de 23,6% com relação ao resultado das
compras externas de 2006. Na balança comercial indiana, tanto
De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional exportações quanto importações têm-se expandido nos últimos
(FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia totalizou, em anos. Entretanto, o déficit no saldo comercial, que se reduzira
2007, US$ 1,099 trilhão, implicando crescimento real de 9,2% entre 1993 e 1994, acentuou-se recentemente, gerando saldo
em relação ao ano anterior. Com esse resultado, a Índia posicio- negativo de US$ 71,5 bilhões, em 2007.
nou-se como a 12ª economia mundial. Para 2008 e 2009, são A pauta de exportações da Índia foi composta, em 2007, pe-
previstos crescimentos de 7,9% e 8,0%, respectivamente. Cabe
destacar que a Índia apresenta, desde 2005, crescimento real su-
perior a 9,0% ao ano.
O PIB per capita, em 2007, foi de US$ 977,74 (132ª coloca-
ção global), diante de uma população de 1,124 bilhão de habi-
tantes. A Índia ocupa o posto de segundo país mais populoso do
mundo, abaixo apenas da China (1,321 bilhão). Sua população
equivale a 17,3% do montante global.
Em 2007, conforme dados da Organização Mundial do Co-
mércio (OMC), a Índia exportou US$ 145,2 bilhões em mer-
cadorias. Esse total representou crescimento de 20,2% com
relação ao montante das vendas externas assinaladas no ano an-
terior. No mesmo ano, as importações da Índia totalizaram US$

los seguintes principais itens: pedras e metais preciosos (prin-


cipal produto exportado com participação de 14,3% no total
e soma de US$ 17,7 bilhões), combustíveis minerais (part. de
11,4% e soma de US$ 14,1 bilhões), minérios (8,0%, US$ 9,9
bilhões), produtos químicos orgânicos (5,8%, US$ 7,1 bilhões),
máquinas e equipamentos elétricos (4,3%, US$ 5,3 bilhões),
vestuário (4,3%, US$ 5,3 bilhões), máquinas e equipamentos
mecânicos (4,2%, US$ 5,2 bilhões), ferro e aço (4,1%, US$ 5,0
bilhões), vestuário de malha (3,6%, US$ 4,5 bilhões) e veículos
automóveis (2,7%, US$ 3,4 bilhões).
As importações indianas, no mesmo ano, foram compostas
principalmente por: máquinas e equipamentos mecânicos (par-
50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a
ticipação de 17,3% e montante de US$ 26,2 bilhões), máquinas bilhões), Bélgica (3,78%, US$ 4,5 bilhões) e Japão (3,4%, US$
e equipamentos elétricos (13,0%, US$ 19,6 bilhões), pedras e 4,2 bilhões). O Brasil, em 2007, representou 1,5% no mercado
metais preciosos (11,7%, US$ 17,8 bilhões), combustíveis mi- das exportações indianas, posicionando-se na 17ª posição.
nerais (8,3%, US$ 12,5 bilhões), aeronaves (6,9%, US$ 10,5 bi- Como pode ser conferido no quadro, nos últimos anos, a
lhões), ferro e aço (5,2%, e US$ 7,9 bilhões) produtos químicos participação das exportações brasileiras na importação global
orgânicos (4,3%, US$ 6,4 bilhões), minérios (3,0%, US$ 4,5 da Índia tem diminuído ao passar de 0,8% em 2005, para 0,4%
bilhões), aparelhos de ótica e precisão (2,7%, US$ 4,1 bilhões) e em 2007. Já, a participação da importação brasileira de produ-
óleos vegetais (2,5%, US$ 3,8 bilhões). tos indianos na pauta total do país é mais signigicativa e atingiu
Dentre os países fornecedores de produtos para a Índia em 2007, 1,5% em 2007
destacam-se: China (15,9% da pauta, US$ 24,0 bilhões), Estados No ano de 2007, as exportações brasileiras para a Índia so-
Unidos (11,6%, US$ 17,6 bilhões), Cingapura (6,6%, US$ 10 maram US$ 958 milhões, o que representou aumento de 2,0%
bilhões), Alemanha (6,5%, US$ 9,9 bilhões), Austrália (5,1%, sobre o ano anterior, quando as vendas externas totalizaram
US$ 7,8 bilhões), Bélgica (4,8%, US$ 7,3 bilhões), Coréia do US$ 939 milhões. A participação das exportações ao mercado
Sul (4,4%, US$ 6,6 bilhões), Japão (4,1%, US$ 6,2 bilhões), indiano sobre o total das exportações brasileiras apresentou leve
Malásia (3,9%. US$ 5,9 bilhões) e Reino Unido (3,8%, US$ 5,8 retração, passando de 0,68% em 2006 para 0,60% em 2007.
bilhões). A participação brasileira nas aquisições externas da Ín- As importações no mesmo período apresentaram incremen-
dia totalizou 0,4% em 2007, garantindo a 27ª posição dentre os to de 46,9%, passando de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,2 bilhões.
países fornecedores. A participação de produtos indianos na pauta importadora bra-
Em 2007, constituíram os principais destinos dos produtos sileira cresceu de 1,61% em 2006 para 1,79% em 2007.
da Índia: Estados Unidos (19,5% do total, US$ 24,0 bilhões), Ao longo de 2007, o saldo comercial acumulou déficit de
China (11,9%, US$ 14,7 bilhões), Reino Unido (5,9%, US$ US$ 1,2 bilhão. No ano anterior, verificou-se déficit de US$
7,3 bilhões), Hong Kong (5,6%, US$ 7,0 bilhões), Alemanha 535 milhões.
(4,8%, US$ 5,9 bilhões), Cingapura (4,8%, US$ 5,9 bilhões), A corrente de comércio somou cifra recorde de US$ 3,1 bi-
Itália (3,8%, US$ 4,6 bilhões), Coréia do Sul (3,7%, US$ 4,6 lhões em 2007, aumento de 29,4% em relação a 2006, de US$

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 51


R e l a ç õ es B i l a t e r a i s

vendas, o que lhe rendeu a sétima colocação dentre os países que


compõem o bloco. Na importação, a Índia se colocou na quin-
ta posição entre os mercados fornecedores da Ásia. As compras
brasileiras de mercadorias indianas corresponderam a 7,0% das
compras totais brasileiras provenientes da região, que equivale-
ram a US$ 30,7 bilhões em 2007.
Quanto à composição da pauta brasileira de exportação para
a Índia, os produtos industrializados responderam por 63,3% e
os básicos, 36,7%. No acumulado do ano de 2007, as exporta-
ções de produtos semimanufaturados ampliaram-se 57,1% em
comparação ao ano anterior. Por outro lado, registraram-se de-
clínios de 17,0% nas vendas de bens manufaturados e de 6,0%
em básicos.
Destaque-se que não houve registro de vendas de petróleo
em bruto e de aeronaves para a Índia em 2007, contrariamente
2,4 bilhões. ao ocorrido em 2006 em que os dois produtos propiciaram re-
Em 2007, a Índia ocupou a 35ª posição entre os mercados de ceita superior a US$ 280 milhões. Se estes números se repetis-
destino de produtos brasileiros, três colocações abaixo de 2006 sem em 2007, o aumento das exportações à Índia seria de cerca
(32ª). Na importação, a Índia ocupou a 14ª posição entre os pa- de 32%.
íses fornecedores de produtos ao Brasil, idêntica à ocupada em Os principais produtos que compuseram a pauta de exporta-
2006. ção para a Índia foram: minério de cobre (part. de 27,6% e total
No tocante às exportações brasileiras à Ásia, que somaram de US$ 264,3 milhões), óleo de soja em bruto (18,9%, US$
US$ 25,1 bilhões em 2007, a Índia respondeu por 3,8% dessas 181,5 milhões), produtos semimanufaturados de ferro ou aço

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a


samento de dados (1,0%, US$ 21,1 milhões).
Ao se considerarem as unidades da federação que exportaram
para a Índia em 2007, destaca-se a participação do Estado de
Goiás, que foi responsável por US$ 247 milhões em vendas
para este mercado, representando 25,8% da pauta total. Os de-
mais principais estados brasileiros que exportaram para o país
foram: São Paulo (US$ 199 milhões, participação de 20,8%
no total), Paraná (US$ 133 milhões, 13,9%), Rio Grande do
Sul (US$ 95 milhões, 9,9%), Minas Gerais (US$ 62 milhões,
6,5%), Pará (US$ 59 milhões, 6,1%), Alagoas (US$ 26 milhões,
2,7%), Bahia (US$ 25 milhões, 2,7%), Santa Catarina (US$ 23
milhões, 2,4%) e Rio de Janeiro (US$ 23 milhões, 2,4%). As
demais unidades da federação exportaram US$ 65 milhões e
foram responsáveis por 6,8% das vendas totais à Rússia.
Do lado das importações, São Paulo foi o estado que realizou
o maior volume de compras de produtos russos, soma de US$
696 milhões e participação de 32,1% na pauta total. Em segui-
da, encontran-se entre os principais estados: Maranhão (US$
534 milhões, 24,6%), Ceará (US$ 249 milhões, 11,5%), Rio
de Janeiro (US$ 103 milhões, 4,8%), Espírito Santo (US$ 93
milhões, 4,3%), Paraná (US$ 92 milhões, 4,3%), Santa Cata-
rina (US$ 90 milhões, 4,2%), Minas Gerais (US$ 62 milhões,
2,9%), Rio Grande do Sul (US$ 50 milhões, 2,3%) e Distrito
Federal (US$ 46 milhões, 2,1%).

(4,2%, US$ 40,1 milhões), hidrocarbonetos e seus derivados


(3,8%, US4 36,9 milhões), bombas e compressores (3,6%, US$
34,7 milhões), amianto (3,5%, US$ 34,0 milhões), ferro-ligas
(3,2%, US$ 30,8 milhões), minério de ferro (2,6%, US$ 24,5
milhões), motores e geradores elétricos (2,1%, US$ 20,0 mi-
lhões) e produtos laminados planos de ferro ou aço (1,7%, US$
16,7 milhões).
Nas importações nacionais oriundas da Índia, a pauta ao longo
de 2007 compôs-se de 98,6% de produtos industrializados e
1,4% de básicos. Na comparação com 2006, a categoria de pro-
dutos básicos cresceu +136,8% e a de manufaturados registrou
crescimento de 47,5%; enquanto a importação de produtos se-
mimanufaturados caiu 46,0%.
Os principais produtos comprados pelo Brasil da Índia em 2007
foram: óleos combustíveis (50,1% do total e US$ 1,08 bilhão),
fios de fibras têsteis sintéticas ou artificiais (6,6%, US$ 142,9
milhões), compostos heterocíclicos e seus derivados (5,9%, US$
127,2 milhões), medicamentos (4,9%, US4 105,0 milhões),
compostos de funções nitrogenadas (2,2%, US$ 48,4 milhões),
antibióticos (2,0%, US$ 44,0 bilhões), motores e geradores elé-
tricos (1,6%, US$ 34,3 milhões), corantes orgânicos ou sintéti-
cos (1,5%, US$ 32,9 milhões), compostos organo-inorgânicos
(1,0%, US$ 21,7 bilhões) e máquinas automáticas para proces-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 53


Curtas

BNDES registra lucro A queda do resultado de in- cas cobradas nas operações de A Índia baixou inesperada-
de R$ 5,1 bilhões até termediação financeira antes crédito do Banco, que varia- mente a sua taxa de juro de
setembro da provisão para risco de cré- vam de 0% a 3%, caíram para referência pela primeira vez
dito, em função do esforço de 0% a 1,8%. desde 2004, uma vez que o
O Banco Nacional de De- redução dos spreads cobrados risco de um abrandamento
senvolvimento Econômico e pelo BNDES em seus finan- Brasil e Índia ainda es- económico causado pela crise
Social (BNDES) registrou lu- ciamentos, de R$ 3,89 bilhões peram concluir Doha financeira atenuou as pres-
cro líquido de R$ 5,1 bilhões em 2007 para R$ 3,2 bilhões neste ano sões inflacionistas.O Banco
nos primeiros nove meses em 2008. A diminuição das Central da Índia reduziu a sua
de 2008. O desempenho foi taxas cobradas na concessão O Brasil e a Índia ainda espe- taxa de juro de referência de
positivo, embora inferior em de crédito segue política de ram um resultado positivo das 9% para 8%. Quer o Fun-
29,7% ao obtido no mesmo governo de reduzir o custo negociações da Rodada Doha do Monetário Internacional
período de 2007 (R$ 7,2 bi- total dos financiamentos do da Organização Mundial do (FMI) quer a Goldman Sachs
lhões). Os principais fatores BNDES, estimulando, dessa Comércio (OMC) até o final reviram em baixo as suas es-
que influenciaram o lucro do forma, novos investimentos deste ano, segundo um co- timativas de crescimento eco-
Banco foram os seguintes: na economia. As taxas bási- municado conjunto divulga- nómico para a índia este mês,
do pelo ministro da Indústria perante a crise financeira que
e Comércio indiano, Kamal ameaça conduzir o mundo
Nath, e pelo ministro das a uma recessão.A queda dos
Relações Exteriores do Bra- preços das “commodities” po-
sil, Celso Amorim. Ambos se derá baixar a inflação na Índia
reuniram em Nova Délhi para mesmo que o enfraquecimen-
trocar impressões sobre o es- to da moeda eleve os custos
tágio atual das negociações. das importações.

Os dois países “acreditam que Superávit da balança co-


ainda é possível concluir [as mercial ultrapassa US$ 20
negociações] antes do final bilhões no ano
do ano e reafirmaram seu
compromisso para atingir tal O superávit da balança co-
resultado”, diz o comunicado. mercial brasileira (exporta-
A Rodada Doha, iniciada há ções menos importações) ul-
sete anos na capital do Qatar, trapassou a barreira dos US$
foi suspensa em julho, depois 20 bilhões no acumulado des-
que a China e a Índia exigiram te ano, até o dia 12 de outu-
o direito de elevar tarifas para bro, segundo informou nesta
proteger seus mercados do- segunda-feira (13) o Minis-
mésticos contra uma enxur- tério do Desenvolvimento,
rada de produtos importados. Indústria e Comércio Extre-
rior (MDIC).Segundo os nú-
Índia baixa juros pela primei- meros divulgados, o resultado
ra vez desde 2004 positivo da balança comercial
neste ano somou exatos US$
54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a
20,19 bilhões em 2008, até sua edição de sábado: “Alerta
12 de outubro, o que repre- Vermelho”. Já para o Hindus-
senta uma queda de 37,8% tan Times, a “história da Índia
frente ao mesmo período do está em jogo”. O agravamen-
ano passado, quando o supe- to da crise ganhou destaque
rávit da balança totalizou US$ também no noticiário de TV,
32,48 bilhões.No acumulado antes mais focado no críque-
de janeiro a 12 de outubro, te - como o futebol no Brasil,
o resultado da balança co- uma paixão nacional na Índia
mercial ainda se ressente da - e nas novidades sobre os as-
queda do dólar - que operou tros e estrelas de Bollywood,
baixo durante todo este ano, a bilionária indústria cinema-
apesar da subida das últimas tográfica indiana.Inevitavel-
semanas. Esse fator impul- mente, os jornais locais falam
sionou as importações, que de “rumores desenfreados,
tiveram forte crescimento de puro pânico e crise de con-
52%, bem acima da elevação fiança”. Existe um receio de Plataforma da Petrobras em Piranema: empresa bate recorde de
produção em 2008
de 28,3% registrado nas ven- que muito bancos deixarão
Agbami, na Nigéria, contri- lherme Estrella, entre outras
das ao exterior brasileiras no de renovar empréstimos às
buiu para o aumento dos vo- autoridades.A ministra Dilma
acumulado de 2008. empresas locais ao longo das
lumes produzidos em relação Rousseff destacou a trajetória
duas próximas semanas. “Se
ao mês anterior. vitoriosa da diretora e parabe-
Índia já mostra sinais de os bancos pedirem às empre-
nizou-a pela conquista: “tenho
contágio da crise sas para saldarem suas dívidas
certeza de que a contribuição
no dia do vencimento, muitas
Diretora da Petrobras da Graça para o Brasil tem
Se até pouco tempo atrás a Ín- sentirão o golpe?, disse um
é eleita “Executiva do sido extraordinária. Por isso,
dia podia se gabar de ter uma banqueiro ao The Economic
Ano de 2008” pelo Ibef eu considero muito feliz a es-
economia pouco chamuscada Times.
colha dela como executiva do
pela crise financeira mundial,
Em cerimônia realizada na ano pelo Instituto Brasileiro
essa realidade ganhou contor- Produção de petróleo
sede social do Jockey Club de Executivos de Finanças”.
nos bem mais dramáticos no da Petrobras aumenta
Brasileiro, no Rio de Janeiro, Em seu discurso, a diretora
fim de semana. O tremor fi- no exterior
a Diretora de Gás e Ener- da Petrobras agradeceu aos
nanceiro, com epicentro nos
gia da Petrobras, Maria das parceiros da companhia e dos
Estados Unidos e antes mais O volume de petróleo e gás
Graças Silva Foster, rece- setores de gás natural e de
restrito ao mercado acionário natural produzido pela Petro-
beu o troféu “O Equilibrista” energia elétrica, que foram
indiano e a um par de setores bras nos oito países onde ela
como a “Executiva do Ano de prestigiar a cerimônia. Fez
locais voltado à exportação, exerce suas atividades de E&P,
2008”, concedido pelo Insti- uma menção especial à minis-
parece estar se irradiando em barris de óleo equivalente,
tuto Brasileiro de Executivos tra Dilma Rousseff: “aprendi
para a economia real.Os jor- atingiu em outubro 229.528
de Finanças (Ibef). O even- com ela a reagir e suportar, a
nais deste fim de semana não barris/dia, 3% superior ao
to contou com a presença da não deixar de lutar por aqui-
poderiam ser mais explíci- produzido em setembro deste
Ministra da Casa Civil, Dilma lo que é melhor para o nosso
tos. O The Economic Times ano. A entrada em produção
Rousseff, do presidente em país”.
estampou na manchete de de novos poços no campo de
exercício da Petrobras, Gui-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • I n d i a 55


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
MembrosVitalícios

Antônio Delfim Netto

Benedicto Fonseca Moreira

Bernardo Cabral

Carlos Geraldo Langoni

Ernane Galvêas

Giulite Coutinho

Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)


José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho


Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho


Paulo Pires do Rio
Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

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