You are on page 1of 60

DPZ DPZ

DPZ DPZ
BNDES-exim.
BNDES-exim.
Tirar
Tirar
o seu
o seu
projeto
projeto
dodo
papel.
papel.
Esse
Esseé oé nosso
o nosso
projeto.
projeto.
Esse
Esseé oé nosso
o nosso
papel.
papel.

O BNDES-exim,
O BNDES-exim,
além
além
de ser
de ser
o mais
o mais
importante
importante
instrumento
instrumento
de financiamento
de financiamento
às exportações
às exportações
de produtos
de produtos
brasileiros,
brasileiros,

é também
é também
o caminho
o caminho
mais
mais
curto
curto
entre
entre
as empresas
as empresas
de serviços
de serviços
e o emercado
o mercado
global.
global.
Se você
Se você
trabalha
trabalha
comcom
projetos,
projetos,
obras,
obras,

desenvolvimento
desenvolvimento
de software
de software
e outras
e outras
atividades
atividades
na área
na área
de serviços,
de serviços,
consulte
consulte
as soluções
as soluções
BNDES-exim
BNDES-exim
e leve
e leve
seus
seus

conhecimentos
conhecimentos
parapara
o mundo.
o mundo.
Se oSeserviço
o serviço
da sua
da sua

empresa
empresa
é competitivo,
é competitivo,
comcom
o BNDES
o BNDES
apoiando
apoiando
ele ele

fica fiimbatível. Acesse


ca imbatível. www.bndes.gov.br/exportacao.
Acesse www.bndes.gov.br/exportacao.
FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 1


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Federación de las Cámaras de Comercio

La FCCE es la más antigua Asociación de Clase En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE


dedicada exclusivamente a las actividades de Comercio LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE
Exterior.Fundada en el ano 1950, por el empresario firmó Convenio con el CONSEJO DE CÁMARAS
João Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo
Confederación Nacional de Comercio – CNC, 5 años que representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio
antes), la FCCE opera, ininterrumpidamente, desde de los siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA,
hace más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo CANADÁ, CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO,
de las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados PARAGUAY, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y
Extranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones TOBAGO y VENEZUELA. Además de varias decenas
Mixtas a nivel federal. de Cámaras Bilaterales de Comercio afiliadas a la FCCE
La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene en todo Brasil, forman parte de la Directoria actual, los
ámbito nacional y posee Vicepresidentes Regionales en Presidentes de las Cámaras de Comercio: Brasil-Grecia,
diversos Estados de la Federación, operando también Brasil-Paraguay, Brasil- Rusia, Brasil-Eslovaquia, Brasil-
en el plano internacional, a través de “Convenios República Checa, Brasil- México, Brasil-Belarus, Brasil-
de Cooperación” firmados con diversos organismos Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India, Brasil-China,
de la más alta credibilidad y tradición, a ejemplo de Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indonesia, además
la International Chamber of Commerce (Cámara de del Presidente del Comité Brasileño de la Cámara de
Comercio Internacional – CCI), fundada en 1919, con Comercio Internacional, el Presidente de la Asociación
sede en París, y que posee más de 80 Comités Nacionales, Brasileña de las Empresas Comerciales Exportadoras
en los 5 continentes, además de operar la más importante – ABECE, el Presidente de Ia Asociación Brasileña de
“Corte Internacional de Arbitraje” del mundo, fundada la Industria Ferroviaria – ABIFER, el Presidente de la
en el año 1923. La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores,
DE COMERCIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecánicas y
General Justo nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia
Confederación Nacional de Comercio - CNC) y mantiene de diversos Cónsules y diplomáticos extranjeros, entre
con esta entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de los cuales, el Cónsul General de la República de Gabón,
Respaldo Administrativo y Protocolo de Cooperación el Cónsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro
Mutua”. Consejero Comercial de la Embajada de Portugal.
La Directoria

2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


FCCE
Directoria para el trienio 2006/2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st Vice-Presidente

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vice-Presidentes
Gilberto Ferreira Ramos
Joaquim Ferreira Mângia
José Augusto de Castro
Ricardo Vieira Ferreira Martins

Antonio Carlos M. Bonetti – São Paulo


Sohaku R. C. Bastos – Bahia
Claudio Chaves – Norte

Directores

Diana Vianna de Souza Daniel André Sauer


Alberto Vieira Ribeiro Jeferson Malachini Barroso
Alexander Zhebit José Paulo Garcia de Pinho
Alexandre Adriani Cardoso Juan Clinton Llerena
André Baudru Luis Cesario Amaro da Silveira
Antonio Augusto de Oliveira Helayel Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Arlindo Catoia Varela Mariano Marcondes Ferraz
Augusto Tasso Fragoso Pires Oswaldo Trigueiros Junior
Bruno Bastos Lima Rocha Raffaele Di Luca
Carlos Fernando Maya Ferreira Ricardo Stern
Cassio José Monteiro França Roberto A. Nóbrega
Cesar Moreira Ronaldo Augusto da Matta
Charles Andrew T‘ang Sergio Salomão
Claudio Fulchignoni Stefan Janczukowicz

Consejo Fiscal (Titulares)


Delio Urpia de Seixas
Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 3
Editorial

Brasil e Uruguai: trabalhando para APOIO

incentivar a aproximação
País com uma economia extremamente atrelada a do Brasil e da Ar-
gentina, o Uruguai vem conseguindo, aos poucos, se colocar como um
destino de investimentos para várias economias do mundo. Tal conjuntura
reverte o quadro de anemia econômica passada pelo país platino nos últi-
mos dez anos, quando viu o seu PIB encolher de forma dramática, muito
em razão das crises financeiras vividas pelos seus vizinhos e principais
parceiros comerciais. Depois das agruras sofridas, sobretudo entre os anos
de 1999 e 2002, quando o seu PIB recuou 20% e passou a conviver com
níveis de pobreza alarmantes, sobretudo para um país que era conhecido
como a Suíça da América Latina, os ventos agora parecem soprar de forma
positiva. De fato, os números recentes da economia comprovam a boa
fase do Uruguai. Em 2007, o PIB uruguaio cresceu 7,3%, alcançando,
segundo o Ministério de Economia e Finanças, a cifra de US$ 23 bilhões.
Com o objetivo de debater e apresentar propostas para que Brasil e Uru-
guai possam estreitar ainda mais as relações entre os dois países, a Federação
das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) realizou, no dia 08 de setembro
de 2008, o Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Uruguai.
A série de eventos promovidos pela instituição conta com o apoio e partici-
pação do governo federal, através dos Ministérios das Relações Exteriores e
do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das principais asso-
ciações de classe, tais como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), a
Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exte-
rior do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. CONSELHO DE
Com uma população de um pouco mais de 3 milhões de habitantes, CÂMARAS DE COMÉRCIO
representando, dessa forma, um mercado 60 vezes menor do que o DAS AMÉRICAS
brasileiro, as reclamações acerca das assimetrias encontradas nas re-
lações comerciais se dão de modo constante por parte do nosso vizi-
nho. Mesmo tendo aproveitado a vinda de investimentos estrangeiros Expediente
diretos ao país, em razão das melhorias estruturais, as reivindicações Produção
uruguaias por um fluxo comercial mais equilibrado com o Brasil. Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Av. General Justo, 307/6o andar
Atento às reclamações, o governo brasileiro vem buscando soluções que Tel.: 55 21 3804 9289
façam com que as demandas do país vizinho sejam atendidas. Como exemplo e-mail: fcce@cnc.com.br
de que o nosso governo está se esforçando nesse sentido, assinatura, em ju- Editor
nho deste ano, do novo acordo automotivo, marca um importante passo em Brunno Braga
direção a um comércio com mais simetria. De fato, o setor de automóveis é
Assessora da Presidência
tratado como sensível para os uruguaios, uma vez que 30% do déficit total Maria Conceição Coelho de Souza
desse país com o Brasil estão na importação de veículos e autopeças produ-
Textos e Reportagens
zidos aqui. Espera-se que com o acordo, que estabelece isenção de tarifas Brunno Braga
na comercialização de automóveis e que tem vigência até 2014, desperte
interesse por parte de montadoras no que tange a investir em linhas de Diagramação e Arte
Sandro Reiller
produção e montagem no Uruguai. Além do acordo automotivo, a abertura e-mail: srweb@globo.com
de um escritório do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econô- Tel.: 55 21 9496 9846
mico e Social) em Montevidéu é também um aceno aos uruguaios de que Secretaria
o governo brasileiro está disposto a intermediar parcerias entre empresas Sérgio Rodrigo Dias Julio
brasileiras com as entidades locais, como é o caso da construtora OAS e da
Fotografia
Petrobras, além de outras companhias, que aportam investimentos no país. Christina Bocayuva
Com esses e outros temas relevantes, a FCCE abre, novamente, um canal Jornalista Responsável
de diálogo entre o Brasil e um país amigo, no intuito de solidificar as relações Brunno Braga (MTB 050598/00)
bilaterais comerciais, convidando especialistas e profissionais do comércio e-mail: carbrag29@yahoo.com.br
Tel.: 55 21 8880 2565
exterior para que, assim, possamos dar maior substância aos debates dentro
do setor e obter mais conhecimentos a respeito dessa área tão importante Estagiário
para a economia como um todo. O objetivo de lograr sucesso é, mais uma Vinícius Henter
vez, alcançado, e o leitor poderá comprovar isso nas páginas a seguir. As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
Boa Leitura
O Editor

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Sumário

6 E ntrevista
Carlos Amorín

“O comércio está crescendo e verificamos que há mais


espaço para que ele cresça ainda mais”

9 E ntrevista
Carlos Amorín

“Fortalecer o Mercosul sempre foi a proposta do Itama-


raty”

16 A bertura
39 I nra - estrutura
Corrigindo assimetrias
Apostando no continente sul-americano

19 Painel I 41 E nergia
Em busca por um comércio mais equilibrado A Petrobras atua como um fator importante para o
processo de integração regional

26 Painel I I 43 S etor Automotivo


Energia em Pauta “Para a GM, o Uruguai nao é uma opção, mas sim um
destino”

31 PA I N E L I I I 44 F inanciamento
Debatendo serviços e ambiente de negócios no Uruguai Apostando no Uruguai

36 E N C E R R A M E N TO 46 HISTÓRIA
Uruguai: um país aberto para o comércio e investimen- Mauá: uma história de sucesso
tos brasileiros no Uruguai

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 5


Entrevista

“O comércio está cres-


cendo e verificamos que
há mais espaço para que
ele cresça ainda mais”
Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações
existentes para equilibrar o comércio bilateral
Carlos Amorín é embaixador do Uruguai no Brasil desde junho de 2008.
Estar tão pouco tempo no cargo não o faz, contudo, um estranho nas rela-
ções políticas e comerciais entre os dois países. Isso porque Amorín, antes
de assumir o cargo de embaixador, foi diretor de Integração e Mercosul
da chancelaria uruguaia, e participou de diversas reuniões bilaterais para
tratar de entraves comerciais existentes dentro do bloco. Em entrevista à
Revista da FCCE, o embaixador falou, entre outras coisas, sobre as rela-
ções assimétricas de comércio entre Brasil e Uruguai e apontou a recente
assinatura do acordo automotivo entre os dois países como um primeiro
passo rumo a um maior equilíbrio nas trocas comerciais. Acompanhe, a
seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o senhor pode definir as relações comerciais entre Brasil e Uruguai?


Amorín - O Brasil e o Uruguai são economias que em muitos aspectos se complemen-
tam. O comércio bilateral reflete essa situação. O Brasil vende ao Uruguai insumos
industriais, maquinaria, automóveis, equipamentos de transporte e produtos tropicais.
Uma parte significativa das compras brasileiras corresponde a produtos agro-industriais
de clima temperado (arroz, carne bovina, laticínios, cevada). Desde 2004, a relação
comercial entre o Brasil e Uruguai vem aumentando. De janeiro a junho deste ano, a
corrente de comércio entre Brasil e Uruguai já chegou a US$ 1,2 bilhão, número 32,3%
maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, verifica-se um
aumento de investimentos brasileiros no Uruguai, sobretudo em setores específicos,
como o financeiro, de frigoríficos, arrozeiro e de cevada.

O Uruguai sempre reclamou das assimetrias existentes no comércio com


os dois maiores sócios do Mercosul: Brasil e Argentina. Essa reivindicação
ainda persiste?
Amorín - Sim. Nós entendemos que para fortalecer o Mercosul é preciso que se for-
taleçam os mecanismos para a criação de uma União Aduaneira real, levando em conta
as diferenças entre os países. Entendo, assim, que para que haja mais coordenação. Ti-

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 7
Entrevista

vemos alguns problemas no passado, mas


o comércio está crescendo e verificamos
que há mais espaço para que ele cresça
ainda mais. Brasil e Uruguai já realizaram
nove reuniões de Monitoramento do Co-
mércio Bilateral (a última foi realizada
em julho de 2008), para que os entraves
burocráticos sejam superados da melhor
maneira possível. É uma luta permanen-
te.

“Tivemos alguns problemas no pas-


sado, mas o comércio está crescendo
e verificamos que há mais espaço
para que ele cresça ainda mais.”
Carlos Amorín

E há algumas ações que podem ser


citadas que podem exemplificar
avanços nesse processo?
Amorín – Sim. A abertura de um escri-
tório do BNDES em Montevidéu é uma
dessas ações. Ele será muito importante
para que nós possamos ter mais facilida-
des para a obtenção de recursos para fa-
zermos obras de infra-estrutura em nos-
so país. Isso já é uma luta antiga. Nós já
tínhamos o FOCEM, mas com o BNDES
no Uruguai, projetos de obras de infra-es-
trutura, que são prioritárias atualmente,
ganham mais força. Devemos, também,
apostar na complementaridade produti-
va. Outro ponto que temos que levar a
frente é a discussão sobre a extinção da Embaixador Carlos Amorín acredita que o acordo automotivo trará mais investimentos
dupla cobrança da Tarifa Externa Comum para o Uruguai
(TEC). Essa cobrança é muito prejudicial
que fabricantes de carros e auto-peças DADOS DO URUGUAI
ao Uruguai nas relações comerciais com
instaladas no Uruguai possam vender Nome oficial: Republica Oriental del Uruguay
o Brasil, mas acredito que esse problema População: 3.477.778 habitantes
os seus produtos sem cobrança de tarifa Grupos étnicos: brancos 88%, mestiços 8%, ne-
seja resolvido em breve.
por um prazo de seis anos. Isso será de gros 4%
grande valia para a indústria do Uruguai, Idioma: Espanhol
“Devemos, também, apostar na com- pois, atualmente, 35% do déficit que o
Tipo de governo: Republicano
Capital: Montevidéu
plementaridade produtiva.” Uruguai tem com o Brasil está na impor- Divisão Administrativa: 19 departmentos:
Artigas, Canelones, Cerro Largo, Colonia, Du-
Carlos Amorín
tação de automóveis e auto-peças. Com razno, Flores, Florida, Lavalleja, Maldonado,
este acordo, será possível diminuir esse Montevideo, Paysandu, Rio Negro, Rivera, Ro-
cha, Salto, San Jose, Soriano, Tacuarembo, Trein-
quadro e, por conseguinte, dar certa cor- ta y Tres
O senhor falou em complementa- reção nas assimetrias. A grande vantagem Presidente: Tabaré Vazquez Rosas
ridade produtiva. Como isso pode desse acordo é o prazo de seis anos, po- Vice-Presidente: Rodolfo Novoa
PIB em 2007:US$ 22, 95 bilhões
ser feito? dendo ser renovado o que permite com Crescimento do PIB em 2007 : 7,4%
Amorín – Em muitas frentes. O melhor que as empresas do setor atuem de forma Renda per capita : US$ 10.800
Composição do PIB por setor: Agricultura
exemplo de que isso pode ser possível mais previsível, pois estará atendendo o (10%), Indústria(32%), Serviços (58%)
foi a assinatura do acordo automotivo maior mercado da América do Sul, que Taxa de desemprego: 9.2%
Taxa de inflação (dados de 2007): 8.1%
entre os dois países, que permite com é o Brasil.

8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


“Fortalecer o Mercosul sempre foi a
proposta do Itamaraty”

Embaixador do Brasil no Uru- dificuldades de acesso aos grandes Comum dentro do bloco e, com
guai desde 2006, José Eduardo mercados do bloco estão avançan- isso, redistribuir melhor as recei-
Martins Felício aposta nas políti- do. Prova disso foi a conclusão do tas aduaneiras, sobretudo em favor
cas de integração regional desem- acordo automotivo assinado en- do Uruguai. José Felício falou com
penhada pelo Itamaraty. Segundo tre os dois países em junho des- a Revista da FCCE sobre esses e
ele, as conversações existentes en- te ano e que valerá até o ano de outros assuntos. Leia os principais
tre Brasil e Uruguai para resolver 2014. O próximo passo, segundo trechos da entrevista:
antigas pendências e reclamações o embaixador, é buscar eliminar a
feitas pelo país vizinho sobre as dupla cobrança da Tarifa Externa

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 9


Entrevista

De que forma o governo brasileiro


está atuando para corrigir as
grandes assimetrias existentes
nas relações comercias com o
Uruguai?
José Felício - No plano bilateral, o
governo brasileiro está fazendo o possível
para diminuir as assimetrias de comércio
entre Brasil e Uruguai. Há no Mercosul,
de fato, o reconhecimento dessas
diferenças, e a missão do nosso governo
é combatê-las. Por isso, foi criado o
Focem (Fundo para a Convergência
Estrutural e Fortalecimento Institucional
do Mercosul), que é um mecanismo
importante e que hoje tem recursos da
ordem de US$ 200 milhões.
“Estamos trabalhando
e negociando com toda
condescendência possível o
atendimento das demandas
uruguaias”
José Felício

A idéia do Focem é justamente a


de criar condições para que o fluxo
comercial reduza as diferenças. Além
disso, existe um grande esforço de
Embaixador José Felício em conversa com o presidente da FCCE, João Augusto de Souza
Lima integrar as indústrias uruguaias e
brasileiras. Houve, recentemente,
O senhor está como embaixador Como se pode verificar isso dentro a assinatura do acordo automotivo
do Brasil no Uruguai desde 2006. da relação bilateral de comércio na para atrair investimentos para o setor
Qual é o balanço que o senhor fronteira? de automóveis e de autopeças no
pode fazer do início da sua gestão José Felício - As comunidades locais Uruguai e, assim, criar mais empregos
até hoje? se ressentem de uma legislação mais e fomentar uma relação mais próxima
José Felício - É um balanço muito apropriada para a realização do comércio. entre a indústria automobilística do
positivo. Mas acredito que a gente possa Uma coisa é comercializar com países Uruguai e do Brasil. Em suma, estamos
fazer mais. Estamos aumentando o nosso distantes, como Japão e China. Outra coisa trabalhando e negociando com toda
trabalho de representação. Já tivemos é fazer comércio com um país que tem condescendência possível o atendimento
várias atividades na embaixada, sobretudo uma fronteira tão viva como o Uruguai. das demandas uruguaias.
no que diz respeito a resolver algumas Por isso, a legislação aduaneira tem que
questões existentes na fronteira, pois ela é se adaptar a essa realidade de fronteira. “Há no Mercosul, de fato, o
muito viva, com pessoas que a atravessam Então, esse é um trabalho que estamos reconhecimento dessas diferenças,
de forma muito intensa. Essa aproximação fazendo junto à Receita Federal, aos órgãos e a missão do nosso governo é
é importante porque permite com que de vigilância sanitária brasileiros, e, assim, combatê-las”
estudemos os problemas nessa região buscar dar mais dinamismo ao comércio José Felício
fronteiriça, como, por exemplo, a questão de fronteira e facilitar a vida das pessoas
do saneamento básico. Por isso, nós da que atuam por lá. Isso não significa que se E existem outras propostas para
embaixada estamos sempre em contato trabalhe pelo fim da fiscalização, o que, por equilibrar mais o comércio?
com as prefeituras locais e o governo do si só, facilitaria o tráfico e contrabando. José Felício – Sim. Dentro do
Rio Grande do Sul, com o objetivo de Mas, estamos atando para que os contatos Mercosul há outros mecanismos que nós
melhorar a vida das pessoas que moram comerciais se dêem de forma mais ágil e estamos estudando. A presidência pro
nessas comunidades. menos burocrática. tempore brasileira no Mercosul (que

10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


comercial. Essas negociações
foram entendidas por muitos
como um passo para que o Uruguai
deixasse o Mercosul, idéia esta
negada pelo governo uruguaio.
No seu entendimento, o que essa
aproximação Uruguai-EUA pode
significar para o Mercosul como
um todo?
José Felício - Existe uma decisão do
Mercosul que obriga a todos os países
a negociarem em conjunto. Mas o que
o Uruguai fez foi assinar um acordo
de promoção aos investimentos. E,
em anexo a este acordo, foi criada
uma comissão bilateral para identificar
as áreas onde poderão ser feitos
investimentos, promoções comerciais
entre outras coisas. É importante
assinalar, no entanto, que este acordo se
Embaixador José Felício defende negociações comerciais no esquema 4+1 dá apenas para os produtos tradicionais
do Uruguai.
tem vigência entre junho e dezembro borracha, metalúrgica etc. Em suma, há
de 2008) está trabalhando para que se um aumento das exportações uruguaias Mas isso não significa buscar de
elimine a dupla cobrança da TEC e, de bens de maior valor agregado para o forma independente um comércio
assim, redistribuir a renda aduaneira. Brasil. bilateral, renunciando os critérios
Mas ainda não conseguimos. Diante dessa do Mercosul que obrigam os
dificuldade, o Brasil se propôs a conceder “Houve, recentemente, a assinatura meios a negociarem em bloco?
esse benefício de forma unilateral para o do acordo automotivo para atrair José Felício - O fato de se buscar
Uruguai e o Paraguai. Mas, para se fazer investimentos para o setor de melhores preferências comerciais não
isso é preciso estabelecer um novo código automóveis e de autopeças no necessita, necessariamente, renunciar
aduaneiro, que seja válido para todos Uruguai e, assim, criar mais um acordo comercial que no caso é o
os países envolvidos e, além disso, criar empregos e fomentar uma relação Mercosul. Mas é importante dizer que
um mecanismo de distribuição da renda mais próxima entre a indústria caso um membro do bloco queira fazer
aduaneira. Isso significará que o Brasil automobilística do Uruguai e do negociações de forma independente,
perca algum tipo de renda em benefício Brasil ” é preciso que se revise a cláusula que
do Uruguai e do Paraguai. José Felício dispõe que as negociações com países
fora do bloco se faça sempre no modelo
É possível, então, acreditar que em O senhor falou em números. Poderia 4 + 1. Eu, pessoalmente, acredito que
breve os dois países consigam ter um citá-los? numa negociação, somos mais fortes
fluxo de comércio mais dinâmico a unidos. Mesmo para o Brasil, que tem
José Felício - Este ano, as vendas do
partir destas propostas? um peso maior dentro do Mercosul, é
Uruguai para o Brasil devem alcançar
José Felício – Acredito que sim. Estou a marca de US$ 1 bilhão, enquanto as mais vantajoso negociar com outros
muito confiante de que essa nova via compras uruguaias de produtos brasileiros países junto com Argentina, Uruguai e
bilateral gerará bons resultados. Quando devem ficar em US$ 1,3 bilhão. Esse Paraguai. Isso pode ser visto em termos
se olha os números do Uruguai, que é um resultado já demonstra uma tendência de de mercado, de aumento da capacidade
exportador importante de commodities, equilíbrio e, com todo esse esforço em negociadora. Hoje, o mundo está divido
no caso da pauta de vendas para o integrar as indústrias dos dois países, a em blocos, e não podemos esquecer
Brasil, isso não acontece. O Uruguai tendência de aproximação se tornará cada disso. Eu digo, ainda, que fortalecer
exporta mais manufatura do que bens vez mais forte. o Mercosul sempre foi a proposta do
primários. É claro que o país ainda é Itamaraty, que também trabalha para a
um grande exportador de carnes e lãs, Recentemente, Uruguai e Estados integração do continente sul-americano
mas o Uruguai tem também certa força Unidos iniciaram conversações a e, numa visão mais abrangente, pela
na indústria de química, farmacêutica, respeito de se fechar um acordo integração latino-americana.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 11


Novo visual, novos serviços
e muito mais informação
para o exportador!
Serviço
de busca Calendário de
avançada Feiras e Eventos

Reformulação Serviço
visual total Fala Exportador
em nova
plataforma
Novas Seções

Enquetes
Glossário
de Comércio Dicas do Portal
Exterior

Sites em
Notícias destaque
atualizadas
diariamente

Novos temas Links Especiais

Mais de 1.800.000 acessos em 5 anos


Mais de 19.000 consultas respondidas

12 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 13
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL URUGUAI
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Programa do Seminário - 9 de Setembro de 2008

14:00h- Abertura dos Trabalhos: uruguaias e brasileiras no âmbito do MERCOSUL .


João Augusto de Souza Lima - Presidente da FCCE
Investimentos brasileiros no URUGUAI
Sessão Solene de Abertura Assinatura do “Acordo Automotivo”
Presidente da Sessão: Ivan Ramalho – Secretá-
rio executivo do MDIC e Coordenador da Comissão Presidente: Gerardo Gadea
Bilateral BRASIL-URUGUAI Vice-Ministro da Industria e do Comércio do URU-
GUAI
Pronunciamento especial: Carlos Amorín
Embaixador Plenipotenciário da Republica do Pronunciamento Especial: Roberto Bennett –
URUGUAI Gerente-Geral do Instituto “URUGUAI- XXI” – Mon-
tevidéu
Componentes da mesa:
José Eduardo Martins Felício – Embaixador Pleni- Moderador: Armando Meziat – Secretário de
potenciário do BRASIL no URUGUAI Desenvolvimento da Produção - MDIC

Embaixador Nelson Fernandez – Secretário-Geral Expositores:


do Ministério das Relações Exteriores do URUGUAI Leonardo Botelho Ferreira – Chefe do escritório do
BNDES no URUGUAI
Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do
Comércio do URUGUAI Representante do Depto. Econômico da Embaixada do
URUGUAI e da Seção Comercial do Consulado-Geral
Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI no Rio de Janeiro
Elio de Almeida Cardoso – Assessor Especial de Po-
lítica Pedro Bentencourt – Gerente de Relações Institu-
cionais da GM
Externa da Presidência da República
Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da Antonio Sergio M. Mello – Diretor de Relações Ins-
CCI titucionais da FIAT
Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do
Conselho Superior da FCCE David Wong – representante do SINDIPEÇAS

Marco Pólo Moreira Leite – Presidente do Conselho (intervalo para café – 10 minutos)
Empresarial de Comércio Exterior da ACRJ
15:30h PAINEL II: As relações Brasil – URUGUAI
14:30h PAINEL I: O relacionamento das empresas
nos setores de: construção civil, petróleo, e fontes
alternativas de energia. Presidente da Sessão : José Eduardo Martins Felí-
cio – Embaixador Plenipotenciário do Brasil no URU-
Investimentos de empresas uruguaias no Brasil GUAI
Presidente do Painel: Embaixador Ernesto Rubar-
th– Secretário de Estado de Assuntos Internacionais Pronunciamento Especial: Embaixador Nelson Fer-
nandez –
Moderador: - José Augusto de Castro – Presiden- Secretário-Geral do Ministério das Relações Ex-
te, interino, da Associação de Comércio Exterior do teriores do URUGUAI
Brasil - AEB
Componentes da mesa:
Expositores: Carlos Amorín - Embaixador Plenipotenciário do
Clóvis Corrêa de Queirós – Gerente-Geral da PE- URUGUAI
TROBRÁS – URUGUAI Gerardo Gadea – Vice-Ministro da Industria e do Co-
German Riet – Presidente da “ANCAP” – URU- mércio do URUGUAI
GUAI
Evandro Daltro – Representante da Construtora Ivan Ramalho – Secretario-executivo do MDIC e Co-
OAS ordenador da “Comissão mista” BRASIL-URUGUAI
Alberto Guani – Cônsul-Geral do URUGUAI no Rio
17:00h PAINEL III: O relacionamento Brasil- de Janeiro
URUGUAI nos setores: Serviços, e Turismo. Facili-
dades da legislação trabalhista para emprego de mão João Augusto de Souza Lima – Presidente da FCCE
de obra brasileira Arnaldo Castro – Presidente da “Camara de Comercio
y Serviços Del URUGUAI”
Presidente: Mauricio do Val – Secretario-adjunto de Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro
Comercio e Serviços do MDIC do Conselho Superior da FCCE

Pronunciamento especial: Fernando Lorenzo – COQUETEL:


Chefe da Assessoria Macroeconômica do MEF e Ál- Homenagem à Delegação Uruguaia
varo Ons – Assessoria de Política Comercial do MEF
“Regime e clima dos investimentos no URUGUAI”

18:00h Sessão Solene de Encerramento:


Abertura

Corrigindo assimetrias
Embaixador do Uruguai no Brasil fala sobre as ações recentes no comércio
bilateral Brasil-Uruguai

Da esquerda para direita: Elio de Almeida, Theóphilo de Azeredo Santos, Embaixador José Felício, Armando Meziat, Embaixador Carlos
Amorín e Gerardo Gadea

Abertura dos trabalhos do Se- mos levando a efeito esse tipo de Santos, do presidente da Associa-
minário Bilateral de Comércio trabalho há quatro anos. A FCCE ção de Comércio Exterior do Bra-
Exterior e Investimento Brasil– tem o orgulho de registrar o su- sil (AEB), Benedicto Fonseca Mo-
Uruguai ficou a cargo do Pre- cesso mais do que absoluto e pro- reira, e o presidente do Conselho
sidente da FEDERAÇÃO DAS va a necessidade e a importância de Câmaras de Comércio Exterior
CÂMARAS DE COMÉRCIO desse tipo de reuniões, desse tipo das Américas, José Francisco Mar-
EXTERIOR, João Augusto Souza de desenvolvimento de atividades condes Neto.
Lima. “Quero lembrar que a série comerciais bilaterais”, disse Souza Em seguida, ele chamou para
de seminários bilaterais é um pro- Lima. Ele aproveitou para agrade- compor a mesa da Sessão Solene
jeto que é apoiado pelo governo cer o apoio e colaboração do pre- de Abertura: Gustavo Affonso Ca-
federal, através do Ministério das sidente da Confederação Nacional panema, vice-presidente do Con-
Relações Exteriores e do Ministé- do Comércio (CNC), Antônio selho Superior da FCCE; Fernan-
rio de Desenvolvimento, Indús- Oliveira Santos, do presidente da do Lorenzo, chefe da Assessoria
tria e Comércio Exterior. Este é Câmara de Comércio Internacio- Macroeconômica do Ministério
o 38º evento desta natureza. Esta- nal (CCI), Theóphilo de Azeredo de Economia e Finanças (MEF)

16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


do Uruguai ; Theóphilo de Azere- mou o diplomara. mação de maior equilíbrio é central para
do Santos, presidente das Câma- Após a introdução do discurso, Carlos nós porque implicará em mais oportuni-
Amorín fez um relato das relações bilate- dades para as empresas uruguaias”, ava-
ras do Comércio Internacional e rais Brasil-Uruguai. Ele considerou que, liou o embaixador.
Presidente do Conselho Superior; recentemente, os dois países tiveram al- A questão dos investimentos entre os
Elio de Almeida Cardoso, asses- guns problemas, mas ele ressaltou que países também foi tratada na palestra do
ambos os governos trabalham para resol- diplomata. Ele lembrou que há em cur-
sor Especial da Política Exter- ver as complicações existentes no campo so um processo de desenvolvimento dos
na da Presidência da República; do relacionamento comercial. “Estamos investimentos brasileiros e uruguaios.
embaixador Nelson Fernandez, aqui para vermos um dos capítulos da “Creio que isso é um fenômeno novo e
relação comercial e a possibilidade de in- que foi lançado nos últimos anos”, disse.
secretário-geral do Ministério das vestimentos que oferece o Uruguai para Ele informou que os setores onde ocor-
Relações Exteriores do Uruguai, as empresas brasileiras. Estamos vendo rem esses investimentos são o bancário,
Gerardo Gadea, vice-ministro um comércio em crescimento para to- frigorífico, construção civil, agricultura,
dos os lados, inclusive, neste último ano, aço e bebidas.
da Indústria e do Comércio do
podemos ver que, percentualmente, o O embaixador comemorou a decisão do
Uruguai; e José Eduardo Martins comércio do Uruguai cresceu mais que governo brasileiro em instalar um escri-
Felício, embaixador do Brasil no o comércio brasileiro”, analisou Amorín. tório do Banco Nacional de Desenvolvi-
Uruguai. Para presidir essa sessão, Ele mencionou que as exportações do mento Econômico e Social (BNDES) em
Uruguai ao Brasil cresceram 34%, e, no Montevidéu. De acordo com informações
Armando Meziat, secretário do sentido inverso, as exportações do Brasil passadas pelo próprio banco, o escritório
Desenvolvimento da Produção do para o Uruguai tiveram um aumento de será aberto até janeiro de 2009. “É im-
MDIC, e para fazer o pronuncia- 27%. No entanto, ele lembrou que, ape- portante a forma de estar presente uma
sar do crescimento percentual das vendas agência de banco de fomento do Brasil
mento especial da sessão, o presi- de produtos uruguaios para o Brasil te- no Uruguai”, frisou. Ainda no campo dos
dente da FCCE convidou Carlos rem sido constatadas em 2007, o país ain- investimentos, Carlos Amorín fez, tam-
Amorín, embaixador da Repúbli- da se mostra deficitário no comércio com bém, elogios ao acordo automobilístico,
o Brasil. “Temos um déficit comercial que recentemente firmado entre os dois paí-
ca do Uruguai. o Uruguai não pode superar. Mas, a idéia ses, e que já está em vigor. “Este acordo é
de que podemos encontrar uma aproxi- auspicioso para a região, e põe o Uruguai

Atrair investimentos
O embaixador iniciou o seu pronuncia-
mento agradecendo o convite feito pela
FCCE para a realização do seminário, e
destacou a importância reconhecida pelo
governo uruguaio, que enviou uma gran-
de delegação para o evento. “Eu queria
dar as boas-vindas a este do seminário
que permitirá melhorar o conhecimento
que se tem do Uruguai, as suas políti-
cas, situações econômicas e, também, as
possibilidades para permitir novos inves-
timentos oriundos do Brasil e do estado
do Rio de Janeiro. Quero destacar a im-
portância que demos a este seminário.
Trouxemos o vice-ministro da Indústria,
Gerardo Gadea, o chefe da Assessoria
Macroeconômica do MEF, Fernando Lo-
renzo, e o secretário-geral do Ministério
das Relações Exteriores, Nelson Fernan-
dez. Isso marca, de alguma maneira, toda
a delegação, e mostra a importância que
o Uruguai atribui a este encontro”, afir- Embaixador Carlos Amorín em pronunciamento especial

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 17


Abertura

está inserido no Mercosul. Por conse-


guinte, a comercialização de automóveis e
auto-peças é regida por acordos bilaterais
de transição ao livre comércio. O novo
acordo, firmado recentemente, estará
em vigência até junho de 2014. Seu prazo
de vigência é de seis anos, período maior
do que os acordos anteriores. De acordo
com o secretário, o objetivo de estender
o prazo foi proporcionar mais segurança
aos investidores como à constância das
regras de atuação. “Corroborando nesse
sentido, os resultados do comércio de
produtos automotivos entre os dois pa-
íses serão monitorados trimestralmente
por um comitê automotivo bilateral. No
caso de não se atingir os resultados espe-
rados, este comitê poderá propor ações
visando à correção de rumo em direção
às metas perseguidas”. O acordo, segun-
do o secretário, levou em conta as assi-
Embaixador Carlos Amorín acredita que em breve haverá maior equilíbrio nas relações metrias dos dois mercados bem como o
comerciais Brasil e Uruguai atual déficit comercial uruguaio.
no mapa da indústria automobilística. o seminário é relevante para as relações
Com acordos de maior prazo, como este, Brasil – Uruguai, pois serve para abor- “A idéia de que podemos encontrar uma
muda a tendência que era vista nos acor- dar o relacionamento das empresas dos aproximação de maior equilíbrio é central
dos anteriores entre Brasil e Uruguai”, dois países no contexto do Mercosul e os para nós porque implicará em mais opor-
disse o embaixador. Ele conclamou, ain- investimentos brasileiros no país vizinho. tunidades para as empresas uruguaias”
da, empresas brasileiras a procurar mais “O Uruguai apresenta grandes oportu- Embaixador Carlos Amorín
informações sobre o mercado uruguaio nidades de investimento para os grupos
para investimentos, sobretudo com ênfase empresarias do Brasil. O Presidente Lula Em relação ao tema sobre as assimetrias
na complementação produtiva. “As em- tem motivado nossos empresários a in- de comércio entre os dois países, Meziat
presas brasileiras vão ao Uruguai, lucram vestirem no Uruguai. Prova desse apoio considerou ser importante avançar mais
por lá, e vendem, também, para o Brasil. são as grandes linhas de créditos abertas na remoção das barreiras aos negócios
E, dentro disto, estamos pensando, ain- pelo BNDES. Nos últimos anos, empresas dentro do Mercosul. Ele comentou que a
da, na possibilidade de complementação. brasileiras estão aumentando sua presen- proposta de criação do fundo de apoio às
Creio que são instrumentos que devemos ça no Uruguai, grupos como: Petrobras, pequenas e médias empresas como forma
utilizar, tanto para o mercado uruguaio Gerdau, Ambev, Banco Itaú são exemplos de ampliar a competitividade das empre-
e brasileiro quanto para outros mercados de empresas que apostaram no potencial sas de menor porte, aprovada na ultima
do Mercosul”, concluiu o embaixador. do mercado Uruguaio”. Para Meziat, o reunião do conselho do Mercosul, é uma
movimento desses investimentos é uma boa iniciativa para a correção de assime-
boa forma de atingir a integração eco- trias intrabloco. “Durante a presidência
“A FCCE tem o orgulho de registrar o nômica esperada a partir da formação do pro-tempore brasileira, neste segundo
sucesso mais do que absoluto e prova a Mercosul. “Nossos governos têm busca- semestre de 2008, o tratamento das assi-
necessidade e a importância desse tipo de do ampliar a integração dos processos metrias será prioritário em nossa atuação
reuniões, desse tipo de desenvolvimento de produtivos. Destaco as ações em curso no e presente em todas as nossas iniciativas.
atividades comerciais bilaterais” contexto do programa de integração pro- Debateremos com esse espírito em to-
João Augusto de Souza Lima dutiva do Mercosul tendo como piloto o dos os fóruns do Mercosul, bem como
Fórum Mercosul de madeira e móveis” apoiando proposta de ações surgidas nas
Presença brasileira no Uruguai detalhou. reuniões da comissão de monitoramento
Ele destacou, ainda, o acordo auto- do Comércio Bilateral Brasil-Uruguai”,
O secretário do Desenvolvimento da
motivo recentemente assinado entre os concluiu o secretário que, após o térmi-
Produção do MDIC, Armando Meziat, foi
países. Meziat explicou que o setor de au- no da sua palestra, deu a sessão por en-
o palestrante seguinte. Ele afirmou que
tomóveis , assim como o açucareiro, não cerrada.

18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Pa ine l I

Em busca por um comércio mais equilibrado


Palestrantes debatem sobre propostas de investimentos e comércio entre
Brasil e Uruguai com vistas à diminuição das assimetrias

Da esquerda para direita: Antônio Sérgio Melo, Pedro Bentancourt, Roberto Bennet, Gerardo Gadea, Armando Meziat, Leonardo Bote-
lho e David Wong

O relacionamento das empresas da General Motors do Brasil; An- observado os números de crescimento da
sua economia, demonstra absoluta so-
uruguaias e brasileiras no âmbito tonio Sergio Melo, diretor de Rela- lidez. “Em 2007, o crescimento do PIB
do Mercosul; investimentos brasi- ções Institucionais da FIAT; David foi de 7% em relação ao ano anterior. As
leiros no Uruguai; e assinatura do Wong, representante do SINDIPE- exportações de bens têm crescido a uma
média de 13% ao ano, e as importações
acordo automotivo foram os temas ÇAS. O painel foi moderado pelo
de bens crescem 25%. Os investimentos
tratados pelos palestrantes do Pai- secretário de Desenvolvimento estão crescendo a 12%. O mesmo ocorre
nel I do Seminário Bilateral de Co- da Produção do MDIC, Armando com o crescimento industrial e no setor
mércio Exterior e Investimentos Meziat; e presidido pelo vice-mi- de alimentos. Quero dizer que o Uruguai
quer dar um impulso renovado para de-
Brasil-Uruguai. Para fazer as apre- nistro da Indústria e do Comércio senvolver processos de integração produ-
sentações do painel foram convi- do Uruguai, Gerardo Gardea. tiva do Mercosul”, afirmou Gardea. Ele
dados: Roberto Benett, gerente- afirmou que o Uruguai desenvolve uma
estratégia industrial.
geral do Instituto “Uruguai XXI”; Gerardo Gardea, vice-ministro da In- De acordo com o palestrante, essa es-
Leonardo Botelho Ferreira, chefe dústria e do Comércio do Uruguai, abriu tratégia produtiva significa que o Uruguai
do escritório BNDES no Uruguai; o painel fazendo referencias à estabilidade pode passar de um país agrícola, como
política e institucional do país. Segundo tradicionalmente tem sido, para ser um
Pedro Bentancourt, representante ele, o Uruguai é um Estado que, quando país industrial, e, assim, intercambiar,

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 19


Pa ine l I

Presença brasileira
Ele apresentou, em seguida, um gráfi-
co que mostra os principais setores com
presença de capital brasileiro no Uru-
guai. Os investimentos em ativos exis-
tentes no país vizinho estão dentro dos
setores de bebidas, energia, frigoríficos
de carne bovina, siderurgia, financeiro
e moinhos de arroz. Ele informou que
o Brasil entrou no setor de bebidas no
Uruguai por intermédio da aquisição da
cervejaria argentina Quilmes, por parte
da AmBev. Dessa forma, a empresa bra-
sileira passou a comandar as cervejarias
uruguaias presentes no país, que antes
pertenciam à empresa argentina de cer-
veja. Atualmente, de acordo com Ben-
nett, a AmBev responde por 98% do
mercado de bebidas do Uruguai. Já no
setor de energia, a Petrobras adquiriu
a companhia de gás Gaseba y Conecta,
responsável pela distribuição de gás no
país e comprou, também, 85 postos de
serviços da Shell. Quanto a investimen-
tos em frigoríficos, ele informou que
o grupo Marfrig comprou frigoríficos
uruguaios Tacuarembó, La Caballada,
Gerardo Gadea afirma que o Uruguai precisa vender produtos de maior valor agregado
Elbio Pérez Rodríguez, Establecimien-
com maior valor tecnológico, os pro- uruguaio. Em seguida, ele passou a pala- tos Colônia Noblemark. Com essas
dutos do país. “Queremos, naturalmen- vra Roberto Bennett., gerente -geral do aquisições, o grupo Marfrig passou a
te, aumentar o fluxo de comércio com Instituto “Uruguai XXI” – Montevidéu dominar 40% do mercado de processa-
o Brasil. Estamos vendendo muito bem mento de carne no Uruguai. Ele infor-
para os brasileiros, mas necessitamos Investimentos bilaterais mou, ainda, que grupo brasileiro Bertin
exportar produtos de maior valor agre- Bennett disse que faria a sua exposi- entrou no Uruguai através da compra
gado”, comentou. Ele pediu, ainda, que ção sobre a situação das relações bilaterais do frigorífico Canelones.
empresários brasileiros confiem no país, através de cifras. Nesse contexto, ele apre- No setor de moinhos de arroz, a com-
pois o Uruguai está apto a receber inves- sentou, de início, um estudo em relação às pra da empresa Saman por parte do
timentos. “O Brasil será, em breve, uma exportações uruguaias ao Brasil, do perí- Grupo Camil Alimentos, pelo valor de
das locomotivas econômicas mundial. odo que vai de 2000 até agosto de 2008. US$ 160 milhões, fez com que a em-
“Podemos ver que, efetivamente, há um presa brasileira se tornasse a principal
“O Brasil será, em breve, uma das locomoti- aumento, uma progressão”, disse. Pela companhia do setor arrozeiro uruguaio
vas econômicas mundial. Por isso, queremos classificação de conteúdo tecnológico dos e o segundo maior exportador do país
que a complementaridade produtiva em produtos existentes na pauta, verificou-se em 2007. “Essa aquisição implicou na
indústrias, para que, assim, o Mercosul se que a ênfase majoritária das exportações compra da empresa Samu S.A., subsi-
fortaleça” uruguaias está em produtos primários, diária da Saman, e a empresa Arrozur
Gerardo Gardea representando 38%. “Os produtos com S.A. (47%).
alto conteúdo tecnológico representam Em relação ao setor financeiro, a com-
porcentagens insignificantes. O que o pra do Banco de Boston pelo Banco Itaú
Por isso, queremos que a comple- Uruguai importa do Brasil, no mesmo pe- fez com que a instituição bancária brasi-
mentaridade produtiva em indústrias, ríodo (2000-2007) são produtos de médio leira assumisse 6,4% de participação de
para que, assim, o Mercosul se fortale- e baixo conteúdo tecnológico, que somam volume de ativos do sistema bancário do
ça. Ambos os países podem se desenvol- mais de 50% de tudo o que os brasileiros Uruguai. Gerdau (siderurgia) Neditec
ver economicamente de maneira mui- vendem para nós. Essa tendência continua (têxtil) e a Compañía de Aguas Cisplati-
to mais forte”, avaliou o vice-ministro aumentando nos últimos anos”, enfatizou. na (água mineral) são empresas de capi-

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


tal brasileiro que também atuam no mer- das empresas. A gente acredita que isso é ciamento dessas duas áreas – indústria
cado uruguaio “O nosso país tem buscado um papel que o banco pode desempenhar e serviços de infra-estrutura - ao lon-
incentivar a vinda de empresas para in- de uma maneira importante e transferir go dos anos”. Ele revelou que o BN-
vestimentos diretos. Foi criada uma agên- esse conhecimento para outros países”, DES tem para o setor de infra-estrutura
cia dentro do Ministério de Economia e disse Botelho Ferreira. Nesse contexto, uma carteira de US$ 13 bilhões em fi-
Finanças que dá apoio aos investimentos. ele comentou que o banco atua em inves- nanciamento no exterior, alavancando
Temos trabalhado para criar incentivos timentos de bens de capital para micros, projetos de mais de US$ 25 bilhões de
fiscais e tributários”, considerou. Bennett pequenas e médias empresas, assim como dólares em diversos países. Na divisão
explicou que para as empresas poderem na capacidade produtiva e inserção inter- por setor, Botelho Ferreira disse que se
usufruir desses benefícios, elas precisam: nacional das empresas brasileiras através verifica uma forte presença em trans-
gerar emprego com mão de obra local, do apoio às importações, e do investi- porte e energia elétrica, que, juntos,
aumentar as exportações, fortalecimento mento direto em outros países, desenvol- representam 25% dos desembolsos do
e incremento do valor agregado nacional, vimento urbano e social, inclusão social e BNDES. “Para os investimentos no ex-
utilização de tecnologias limpas para pro- meio ambiente. “De acordo com as polí- terior, a gente apresenta um resumo das
teger o meio ambiente. ticas operacionais do BNDES, apoiamos linhas disponíveis no banco. Hoje temos
projetos de implementação e expansão as linhas do BNDES-EXIM, que são as
“Queremos estimular mais investimentos de unidades industriais, incluindo obras linhas de financiamento à exportação
brasileiros que resultem em mais criação de civis, instalações, montagens, aquisição de na fase pré-embarque e pós-embarque.
emprego e diversificação industrial, geran- máquinas e equipamentos novos e impor- Esse financiamento é concedido, direta-
do, assim, mais riqueza” tados, e capital de giro associado. A gente mente, para a empresa brasileira fabri-
Roberto Benett apóia, também, a aquisição de máquinas cante ou para o importador situado nos
e equipamentos de fabricação nacional, demais países. O Banco também apóia,
“Eu queria lembrar os desafios que credenciados ao BNDES, e a produção e por meio das suas linhas de internacio-
existem em nosso país e que podemos comercialização de bens para a exporta- nalização, a formação de join venture no
enfrentar conjuntamente com o Brasil ção na modalidade de pré-embarque e na exterior, além da construção, aquisição,
para poder melhorar o nível das nossas modalidade pós-embarque”, explicou. ampliação e modernização de unidades
exportações e corrigir a tendência estru- O gerente do BNDES apresentou dados industriais ou de serviços”, analisou o
tural do déficit comercial com o Brasil e que demonstram que 40% dos desembol- representante do BNDES.
suas assimetrias”. Para o palestrante, uti- sos foram direcionados para a indústria, A forma de atuação do BNDES fora
lizar a posição de destaque das empresas e 40 %, para a infra-estrutura. “Essa é a do Brasil consiste em várias frentes. Ela
brasileiras no Uruguai para benefício do verdadeira vocação do BNDES: o finan- vai desde estudos de garantias usual-
resto da economia nacional é uma ação
bem-vinda. “Queremos estimular mais
investimentos brasileiros que resultem
em mais criação de emprego e diversi-
ficação industrial, gerando, assim, mais
riqueza”, disse, finalizando a sua apresen-
tação.

BNDES no Uruguai
Leonardo Botelho Ferreira, chefe do
escritório BNDES no Uruguai, tomou
a palavra. De início, ele fez referência à
presença do banco no Uruguai, expli-
cando como o BNDES apóia investimen-
tos no país vizinho, o primeiro a ter um
escritório da instituição fora do Brasil.
“Hoje o BNDES tem o apoio direcionado
à infra-estrutura, à estrutura produtiva, à
inovação, à inclusão social e à integração
regional. O banco atua, praticamente,
em todas as áreas da economia, e, mais
recentemente, tem mostrado prioridade
do seu apoio às iniciativas de inovação Benett, do Instituto “Uruguai XXI”, acredita que as exportações uruguaias crescerão em 2009

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 21


Pa ine l I

mente aceitas pelo Banco, como o seguro


de crédito às exportações, até o convênio
de pagamento da Aladi (Associação Lati-
no Americana de Integração), que hoje
corresponde a 90% dos financiamentos
fora do Brasil aos governos onde as em-
presas brasileiras atuam. “A gente traba-
lha com a garantia de bancos credencia-
dos no BNDES, e, também, em parceria
com organismos multilaterais, como a
CAF (Corporação Andina de Fomento),
o BIRD (Banco Mundial), o Fonplata
(Fundo Financeiro para o Desenvolvi-
mento da Bacia do Prata) e outros ban-
cos”, explicou gerente.

Financiamentos
Em relação à presença do BNDES no
Uruguai, Botelho Ferreira contou que,
em 2007, a diretoria do banco tomou a
decisão de montar um escritório nesse
país. Os objetivos desse escritório, se-
gundo o gerente do BNDES, é ter uma
atuação mais dinâmica no Uruguai, além
de servir também como base para atuação
regional do Banco. “A partir do escritório
em Montevidéu, o BNDES vai trabalhar e
facilitar operações de financiamento para
a infra-estrutura e para a indústria nos Leonardo Ferreira disse que o BNDES acredita na integração sul-americana
países do Mercosul e América do Sul”,
previu. Ele afirmou, ainda, que a escolha escritório”, disse. um aumento de 20% do número de
do banco por Montevidéu se deu, sobre- turistas brasileiros que visitam o Uru-
tudo, em razão da cidade ser a sede da “A partir do escritório em Montevidéu, o guai. Há uma indústria de turismo a ser
Aladi e do Mercosul, e por ter facilidade BNDES vai trabalhar e facilitar operações desenvolvida e que tem espaço no país,
de acesso a todos os outros países do blo- de financiamento para a infra-estrutura e ou seja, mais um exemplo de desenvol-
co regional. “O banco vai trabalhar com a para a indústria nos países do Mercosul e vimento de negócio, além dos negócios
estruturação de negócios e vai contribuir América do Sul” tradicionais”, avaliou o palestrante.
com as atividades institucionais. Atual- Leonardo Ferreira Já em relação a investimentos em infra-
mente, os técnicos do BNDES integram estrutura, Botelho Ferreira ressaltou
mais de 30 grupos montados no âmbito O representante do BNDES afirmou que o Uruguai está desenvolvendo um
das iniciativas de integração regional, que o momento atual está propício para estudo de desenvolvimento de fontes
como a Aladi e o Mercosul. São grupos investimentos estrangeiros no Uruguai. de energia alternativa, que pode ser
de infra-estrutura e de apoio à micro, Para ele, essa percepção se dá a partir das bastante interessante para empresas
pequena e médias empresas”, analisou o mudanças da legislação que ocorreram a brasileiras que atuam neste setor. “O
executivo. Ele acrescentou que o BN- partir de 2005 e 2006 nesse país. “Hoje, Uruguai é um país que busca fontes
DES firmou um acordo com o Banco da há uma legislação bastante interessan- alternativas e viáveis a custos interes-
República Oriental do Uruguai para de- te do ponto de vista contável e fiscal pra santes. As atividades que o Uruguai está
senvolver atividades de cooperação técni- instalação de empresas no Uruguai. Isso conduzindo, por exemplo, na expansão
ca, principalmente no desenvolvimento pode facilitar os negócios de companhias e modernização do Porto de Montevi-
do mercado de capitais e produtos que brasileiras por lá”, analisou Botelho Fer- déu, vão requerer vários investimentos.
o BNDES já desenvolve no Brasil. “Essa reira, acrescentando que o setor de tu- Estamos vendo também a expansão da
é uma solicitação do BROU. A gente vai rismo vem se destacando como uma das Zona América, que é uma grande zona
montar essa parceria de forma mais es- melhores oportunidades para os negócios franca situada a poucos quilômetros de
truturada a partir da instalação do nosso em solo uruguaio. “De 2007 pra cá, vemos Montevidéu, e que o governo anunciou,

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


recentemente, investimentos da ordem da GM no Brasil. “Muito me honra o con- tentar promover novos fornecedores
de US$ 40 milhões com financiamento vite para colocar a situação da GM, princi- oriundos do Uruguai. A GM coloca
local”, anunciou. Ele contou que o BN- palmente no que tange o relacionamento produtos oriundos basicamente do Bra-
DES tem buscado entender os investi- Brasil – Uruguai. Para nós o Mercosul é sil e da Argentina à exposição dos con-
mentos do Uruguai em infra-estrutura um destino. A GM no Brasil é a cabeça sumidores uruguaios. Entretanto, esta
e, assim, está tentado coordenar, junta- das nossas operações no Mercosul. Então, operação prevê, também, o intercâmbio
mente com o BROU e outras instituições para nós da GM, a integração não é um an- comercial, principalmente no que tange
do Uruguai, a possibilidade de financiar seio, mas sim um fato concreto que se re- à parte de peças”, explicou.
esses investimentos. “Os financiamentos aliza cotidianamente”, disse Bentancourt.
em infra-estrutura no Uruguai, que o Ele revelou que a GM tem escritórios em “Para a GM do Mercosul, o Uruguai é
BNDES já participa desde 1997, podem operações em todos os países do bloco e uma peça fundamental. Nós não imagi-
ser desenvolvidas no país com esforços que o conceito de Mercosul para empre- namos o Mercosul sem as nossas operações
conjuntos e que vão impulsionar essas sa inclui ainda Chile, Bolívia e Peru. No naquele país e nós não imaginamos o
iniciativas de inovação. Eu acredito que caso específico do Uruguai, ele disse que a Mercosul sem uma participação um pou-
esses investimentos vão trazer resultados GM está presente com operação própria, co mais ativa do Uruguai”
muito interessantes para o Uruguai, e e, atualmente, trabalham em torno de 500 Pedro Bentancourt
contribuir com seu crescimento susten- empregados nas filiais da empresa no país,
tado acima de 7% por mais de cinco ou numa rede de nove concessionárias e 25 Quanto ao processo de integração
seis anos”, calculou. De acordo com o pontos de assistência técnica dessas con- mais sólida entre Brasil e Uruguai, o
palestrante, o BNDES não busca somente cessionárias. “Para a GM do Mercosul, o executivo destacou que isso não é uma
levar exportações de empresas brasileiras Uruguai é uma peça fundamental. Nós tarefa difícil, uma vez que a concretiza-
ao Uruguai, mas, também, quer contri- não imaginamos o Mercosul sem as nossas ção de negócios passa pelas condições
buir com a coordenação e contribuição operações naquele país e nós não imagina- objetivas de mercado. “Temos participa-
do governo uruguaio e as instituições do mos o Mercosul sem uma participação um do ativamente nas negociações de diver-
país para desenvolvimento regional. pouco mais ativa do Uruguai. E, do ponto sos acordos automotivos. Ficamos mui-
de vista da GM, continuaremos a fazer o to felizes quando esse último acordo foi
Tecnologia da Informação que nos cabe, no sentido de estimular e planejado com longo termo de execu-
Fomentar investimentos na área da tec-
nologia da informação também pode estar
no rol de prioridades do banco, segundo QUADRO DE DESEMBOLSOS DO BNDES
o representante do BNDES. Ele disse que
o Uruguai tem uma formação de pessoal
qualificado que se destaca entre os países
da América do Sul, tornando o país num
interessante centro de desenvolvimento
de software de telecomunicações e bio- 2007 Infra-estrutura 2007
tecnologia. “Acreditamos que com a en- US$ 34 bilhões US$ 13,5 bilhões
trada das novas indústrias de celuloses no
Uruguai, serão desenvolvidos setores de
genoma florestal. Há um nicho de opor- 8%
12%
14%
40%
tunidades no Uruguai que não pode ser
desprezado pelas empresas brasileiras. 13%
48%
As indústrias intensivas em conhecimen-
to também são tratadas com prioridades 40%
nas ações do BNDES no Brasil, e a gente 25%
acredita que pode levar o nosso conhe- Indústria Transporte
cimento de financiamento para colaborar Infra-estrutura
Energia Elétrica
com o desenvolvimento dessas indústrias Agropecuária
Telecomunicações
no Uruguai”. Comércio de Serviços
Outros

GM nas relações bilaterais


Ao terminar a sua participação, o re-
presentante do BNDES passou a palavra
fonte: BNDES
para Pedro Bentancourt, representante

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 23


Pa ine l I

ção: seis anos. Talvez, dessa maneira, seja


possível alavancar novos participantes na
cadeia de fornecedores para a GM no
Uruguai”, considerou Bentancourt. Se-
gundo ele, o setor automotivo exige que
as decisões se façam com perspectivas
de longo prazo. “Temos a convicção que
uma base institucional sólida permitirá a
entrada de novos participantes. Tivemos,
inclusive, em 2007, algum esforço signifi-
cativo para alavancar negócios adicionais,
como empresas uruguaias que desenvol-
vem trabalhos na área de blindagem. Fi-
zemos alguns seminários, algumas visitas
técnicas concretas e é um negócio que
está em andamento”, concluiu.

FIAT apostando no Mercosul


Antônio Sergio Mello, diretor de Re-
lações Institucionais da FIAT, foi o pales- Pedro Bentancourt disse que o Mercosul é estratégico para a GM
trante seguinte. Ele começou a sua par-
ticipação dizendo que Brasil e Uruguai e quais são as barreiras na área da indús- um acordo Brasil – Uruguai, Brasil –
têm um histórico de relações amistosas, tria e, especialmente, dos bens de consu- Argentina como nós temos feito. Isto
mas que precisa trabalhar mais para uma mo duráveis. Aí se destaca a cadeia produ- me parece uma coisa que também não
aproximação mais harmônica na eco- tiva do automóvel, mas também a cadeia sustenta e não estimula uma lógica de
nomia. “É um desejo de todos nós que do complexo eletrônico (informática, os investimento de bloco”, criticou o exe-
possamos construir uma história próspe- bens eletrônicos, linha branca). Essa é cutivo.
ra entre os dois países. Esse debate está uma questão que nós precisamos tratar”.
Especialização
centrado na promoção do crescimento Mello elogiou os pontos do último
Mello abordou a importância de se
do Mercosul, mas um crescimento har- acordo automotivo firmado entre Brasil e
priorizar investimentos nas áreas de se-
mônico. Acho que esse é o centro do Uruguai. “Foi um bom acordo, tanto para
gurança ambiental dentro da cadeia de
debate para as economias menores do o governo brasileiro quanto para o go-
produção de automóveis. “Essa é a trilha
bloco”, disse Mello. Ele relatou que os verno uruguaio, pois ele define regras de
que nós devemos percorrer”, afirmou o
setores de serviços e da agroindústria do equilíbrio e promoção do intercâmbio”,
representante da FIAT. Ele disse, ainda,
Uruguai vão bem dentro do processo de afirmou, acrescentando que o acordo de-
que cresce nas indústrias montadoras a
integração bilateral. No entanto, ele res- veria ser estendido para todo o bloco. “Eu
especialização. Por isso, é muito impor-
salvou que essa situação não se repete no acho que nós temos que caminhar para um
tante dispor de engenheiros do setor
setor industrial. “Verificamos problemas acordo geral dentro do Mercosul, e não
automotivo. Dessa forma, investir em
centros tecnológicos do país é fator
Entenda o novo acordo automotivo Brasil-Uruguai
relevante para atração de investimentos
Os governos brasileiro e uruguaio anunciaram no dia 26 de junho de 2008 o novo Acordo Auto- para o Uruguai. “A FIAT está olhando
motivo Brasil-Uruguai, que passou a valer a partir de 1º de julho deste ano e terá validade de seis
anos. O acordo prevê uma cota anual de exportação de 6,5 mil veículos do Brasil para o Uruguai e
para o Uruguai. Já mandamos vários
de 20 mil unidades do Uruguai para o Brasil, sem o pagamento do Imposto de Importação. Mas essas engenheiros para lá estudar a base in-
cotas poderão ser ampliadas gradualmente, se as compras brasileiras do país vizinho aumentarem. dustrial. Nós estamos observando e
De acordo com os termos do acordo atual, a cada doze meses o Brasil pode exportar 6,5 mil auto- estamos desejosos de investir no país”,
móveis e veículos comerciais leves e 2,5 mil unidades de veículos utilitários para o Uruguai. Já ao frisou. Outra questão levantada pelo
país vizinho, no mesmo período, é permitido vender ao Brasil até 2,5 caminhões e 20 mil automó- executivo é a previsibilidade de regra.
veis e comerciais leves, excluindo veículos blindados.
Ele explicou que os investimentos são
Nesse caso, a cota definida na última renovação do acordo foi de 1.200 unidades, ou seja, até
muito sensíveis a mudanças nas cláu-
30 de junho deste ano, este é o número máximo de automóveis desta categoria que poderão ser
vendidos ao Brasil com alíquota zero do imposto de importação. Para as outras categorias de veí- sulas dos acordos. “Quando se muda a
culos, como ônibus e máquinas agrícolas, vale o livre comércio bilateral, não havendo limitação de questão dos tributos, ou regra bruscas
quantidades. sobre algum item do veículo, isso afasta
o investimento”, considerou Mello.

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Quanto à presença da FIAT no
Uruguai e no resto do Mercosul, Mello
disse que torce para que o bloco consi-
ga construir parcerias ricas que visem ao
desenvolvimento da região. Ele afirmou,
ainda, que está confiante na economia do
Mercosul. “O Mercosul teve resultados e
tem ajudado todos os países. Se olharmos
as trajetórias das economias da Argentina,
do Paraguai, Uruguai e do Brasil, de 2005
para cá, todos os países tiveram taxas de
crescimento relevantes, mostrando que
o Mercosul pode oferecer muito mais”,
defendeu.

“A FIAT está olhando para o Uruguai. Já


mandamos vários engenheiros para lá es- Antonio Sergio Mello comemorou a assinatura do novo acordo automotivo
tudar a base industrial. Nós estamos ob-
servando e estamos desejosos de investir no apresentação. investimentos e prover instabilidades de
país” regras que são questões fundamentais
Antonio Sergio Mello SINDIPEÇAS para o setor”, analisou Wong.
David Wong, representante do SINDI- Para o palestrante, a questão de de-
Em relação à presença da FIAT no Uru- PEÇAS, foi o último palestrante do Painel senvolvimento do setor de autopeças
guai, Mello revelou que a empresa está no I e, durante a sua apresentação, buscou dar depende de acordos de longo prazo,
país há mais de 20 anos, e conta com 15 foco ao intercâmbio Brasil – Uruguai den- tendo em vista que, somente agora,
distribuidores por todo território, sendo tro do setor de autopeças. Segundo ele, as uma montadora – a GM-está, de fato,
que sete em Montevidéu, além de ter 40 trocas comerciais de autopeças entre os operando dentro do Uruguai. Os blin-
pontos para a assistência técnica. “Conhe- dois países se dão numa proporção de 12 dados, uma das áreas apontadas por
cemos bem o Uruguai e estamos acompa- para 1. “Em 2007, o Brasil exportou US$ Wong como potenciais nas relações
nhando atentamente todos os movimen- 235 milhões de autopeças para o Uruguai, Brasil-Uruguai, permitem uma redução
tos e desejamos ter mais investimentos e o Uruguai exportou para o Brasil US$ de mais curto prazo desse desequilibro
na área produtiva. Neste momento, não 19 milhões o mesmo produto. O que o comercial entre os dois países. Ele men-
temos nenhuma definição nessa área, mas novo acordo permite e busca fomentar é cionou que o acordo estabelece cotas
todas as montadoras observam o Uruguai reduzir esse desequilíbrio comercial, dar anuais para veículos blindados que po-
para ver o momento certo de tomada de um horizonte de previsibilidade para o se- dem ser vendidos para o Brasil, e que
decisão”, disse, finalizando, assim, a sua tor de montadora e autopeças, incentivar elas – as cotas - estão distribuídas numa
média de 1.200 veículos anuais ao lon-
go dos seis anos, sendo que são 600
veículos para o primeiro ano, chegan-
do a 1.600 veículos no sexto ano. “Isso
representaria, em termos de potencial
de importação do Uruguai, US$ 12 mi-
lhões, podendo chegar a um potencial
de US$ 32 milhões no total, assumindo
um preço médio de blindagem de US$
20 mil”, calculou Wong. As cotas podem
ser renegociadas a partir do 3º ano, caso
o Brasil importe mais veículos do que é
especificado pelo regime de cotas. Após
a conclusão da exposição do represen-
tante do Sindipeças, o presidente do
Painel I, Gerardo Gardea encerrou os
David Wong disse que a Sindipeças busca aumentar sua participação no Mercosul
trabalhos da sessão.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 25


P a i n e l II

Energia em pauta
Expositores debatem o papel do setor energético nas relações Brasil-Uruguai

Da esquerda para direita: German Riet, José Augusto de Castro, embaixador Ernesto Rubarth, Evandro Daltro e Clóvis Corrêa de Queirós

O Painel II do Seminário teve como rós, gerente-Geral da Petrobras– ele afirmou que há um compromisso e
Uruguai; German Riet, vice-presi- entendimento no sentido de se tentar
tema: As relações Brasil – Uruguai
reverter essa tendência. “Com o objetivo
nos setores de: construção civil, dente da ANCAP (Administración de promover esse equilíbrio comercial,
petróleo, e fontes alternativas de Nacional de Combustibles, Alco- há mecanismos novos de incentivos, tan-
energia.Investimentos de empresas hol y Portland); e Evandro Daltro, to na parte comercial quanto na parte de
investimentos. Segundo dados do MRE
uruguaias no Brasil. O presidente gerente-geral da Construtora OAS (Ministério das Relações Exteriores),
do painel foi o embaixador Ernes- no Uruguai. cresce a presença de investimentos brasi-
to Rubarth, secretário de Estado leiros no Uruguai, sobretudo nas áreas de
energia (derivados de petróleo, distribui-
de Assuntos Internacionais do Rio ção de gás), bebidas, tecidos, frigoríficos
de Janeiro, e teve como modera- O presidente do painel, embaixador e metalurgia. E, com este objetivo de es-
do, José Augusto de Castro, vice- Ernesto Rubarth, iniciou os trabalhos do timular este equilíbrio comercial maior,
painel fazendo comentários gerais sobre foram assinados entre Brasil e Uruguai,
presidente da Associação de Co- o tema proposto para a sessão. Para ele, no ano passado, cinco acordos voltados
mércio Exterior do Brasil (AEB). há uma tendência, dentro do relaciona- para investimentos brasileiros nas áreas
Para fazer as exposições, estiveram mento econômico-social para o inter- de indústrias têxtil, auto-peças, biocom-
câmbio Brasil-Uruguai, ao desequilíbrio bustíveis, mineração e energia”, detalhou
presentes: Clóvis Corrêa de Quei- em favor do lado brasileiro. Contudo, Rubarth.

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Ele lembrou que um dos principais transportando, principalmente, etanol. disso, o gerente da Petrobras disse que
setores de investimentos brasileiros no “A Petrobras é uma empresa de energia o país vizinho tem uma malha rodoviá-
Uruguai está na área de gás natural. “A que busca atuar não só no Brasil, mas em ria bastante eficiente. “A qualidade das
BR Distribuidora (empresa de distribui- âmbito mundial e, como é uma empresa rodovias uruguaias é realmente muito
ção de combustíveis subsidiária da Pe- da América do Sul, busca a integração re- boa, principalmente se comparadas às
trobras) adquiriu duas outras empresas gional através da energia que eu creio que nossas”. A Petrobras tem três empresas
uruguaias ao longo dos últimos anos. Há, é fundamental para o desenvolvimento do no Uruguai: uma empresa de distribui-
também, grandes perspectivas de novas continente”. A Petrobras tem atuação em ção de combustíveis, que foi comprado
jazidas e reservas na área de gás natural 27 países, onde atua nas áreas comercial, da Ancap, empresa estatal de energia
no Uruguai. Na área de biocombustíveis, de exploração e pesquisa. uruguaia, e que trata da distribuição de
há algumas informações que indicam que combustíveis de avião e de navios, e,
a possibilidade de se plantar uma varie- “A Petrobras é uma empresa de energia que também, lubrificantes. A estatal brasi-
dade de cana-de-açúcar para climas tem- busca atuar não só no Brasil, mas em âmbito leira também marca presença, por in-
perados, e na área de energia elétrica, há mundial e, como é uma empresa da América termédio de duas empresas, no setor de
estudos e conversações de se estabelecer do Sul, busca a integração regional através distribuição de gás natural, que é prove-
uma nova linha de transmissão de energia da energia que eu creio que é fundamental niente da Argentina.
elétrica entre Brasil e Uruguai”, disse o para o desenvolvimento do continente” Queirós revelou que a Petrobras in-
diplomata, acrescentando que existe um Clóvis Corrêa de Queirós veste na modernização das estações de
bom clima de entendimento e um con- serviços e infra-estrutura de logística,
junto de medidas práticas que favorecem Petrobras no Uruguai com o objetivo de garantir o supri-
o relacionamento mais harmônico, so- A presença da Petrobras no Uruguai mento de fertilizantes. Ainda no setor
bretudo nos setores de energia. Após a se dá, conforme informou Queirós, pelas de infra-estrutura, ele informou que a
sua breve exposição, Rubarth passou a vantagens apresentadas pelo país vizinho empresa está fazendo a modernização
palavra para o gerente Geral da Petrobras no campo da estabilidade política e social, da rede de tubulação de gás são 260 km
no Uruguai, Clóvis Corrêa de Queirós. pela seguridade jurídica, pelo potencial dentro da cidade de Montevidéu. “Esta-
de crescimento com inflação controlada. mos investindo, também, na ampliação
Petrobras “São dados que favorecem a entrada de e na modernização da rede de gás natu-
De início, Queirós fez uma apresentação investimentos”, classificou. Outro fator ral em Montevidéu. Essa rede é bastante
do perfil da Petrobras, informando que a de destaque no Uruguai, apontado pelo antiga, com mais de 60 anos”, avaliou o
estatal é, hoje, uma empresa integrada de palestrante, é a parte de infra-estrutura gerente da Petrobras. Dentro desse pro-
energia e com uma atuação definida no de telecomunicações e transportes. Além jeto, a Petrobras buscou contatos com
setor de petróleo, tanto na área produção
e exploração em terra como em offshore.
“A Petrobras tem 14 refinarias, com a ca-
pacidade instalada de produção de refino
de 2 milhões de barris de petróleo por
dia. Transportamos petróleo e derivados
numa frota de 150 navios. Temos cerca de
sete mil postos de gasolina e também atu-
amos na área de petroquímica. No gás na-
tural, nós atuamos em toda a cadeia (ex-
ploração, produção e transporte), e mais
recentemente, entramos no setor de gás
liquefeito, com a instalação e inauguração
de um terminal de regaseificação no por-
to de Pecém, no Ceará, nordeste do Bra-
sil. E, na área de renováveis, a empresa
exerce com eficácia a política de energia
alternativa capitaneada pelo governo bra-
sileiro”, disse o gerente da Petrobras.
Para o setor de infra-estrutura,
principalmente na área de dutos, Quei-
rós afirmou que a companhia tem ins-
talados nove mil quilômetros de dutos, José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, presidiu o Painel II

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 27


P a i n e l II

a prefeitura de Montevidéu para que as


obras não transtornem o ambiente urba-
no da cidade. “As obras têm o financia-
mento do BNDES e está sendo executada
pela OAS, com inovação tecnológica e
com compromisso de trabalhar com pes-
soal não só do Brasil, mas também com
mão-de-obra da região”, afirmou Quei-
rós. De acordo com ele, o projeto está
gerando 500 empregos diretos.

“A Petrobras está investindo, também, na


ampliação e na modernização da rede de
gás natural em Montevidéu”
Clóvis Corrêa de Queirós

ANCAP
Representando a estatal de energia
uruguaia, Ancap, o vice-presidente da
empresa, German Riet, iniciou o seu dis-
curso dizendo que, em termos de matéria
energética, as relações Brasil e Uruguai Clóvis Corrêa de Queirós disse que a Petrobras aposta no Uruguai
têm antecedentes históricos. “Quando
falo da relação Brasil-Uruguai no campo o país não pode desenvolvê-los sozinho. leo em alto-mar no Uruguai. “A rodada
da energia, estou falando de Petrobras e “Por isso, queremos que as grandes opor- será realizada no dia 08 de julho de 2009
Ancap. Temos comércio de combustíveis tunidades de parcerias, de investimentos Esperamos poder contar com a presen-
líquidos e gasosos. Compramos e ven- e de participação da Petrobras e de outras ça da Petrobras, pela experiência que
demos mutuamente. Temos acordos de empresas do Brasil”. O primeiro projeto tem e por ser uma das empresas mais
cooperação técnica e tecnológica. Temos destacado pelo palestrante foi o que prevê avançadas no mundo no setor de explo-
também uma parceria com a Petrobras e a construção de uma linha de transmissão ração de petróleo em alto-mar”, disse.
Repsol-YPF (empresa de petróleo da Ar- elétrica entre Uruguai e Brasil. O objetivo Por último, o palestrante contou que há
gentina) para prospecção de petróleo na é construir uma linha de 500 megawatts e um projeto em estudo para transformar
plataforma marítima argentina”, afirmou os dois países já assinaram um acordo mar- a única refinaria de petróleo que a An-
o representante da Ancap. Ele revelou co para esse projeto. “Falta agora acertar cap dispõe no Uruguai num centro de
que a estatal uruguaia está desenvolven- alguns pontos”, disse. O segundo projeto processamento de óleo pesado e semi-
do uma lei que estabelece a produção de envolve a construção de uma indústria de pesado. “É também um projeto no qual
biocombustíveis. A lei determina que, a regaseificação de gás natural liquefeito não temos condições de conduzir sozi-
partir de 2009, a Ancap inice a mistura (GNL). Isso vai significar, segundo Riet, nhos e estamos conversando com a Pe-
de etanol, gasolina e biodiesel. “A Ancap a diversificação da matriz energética uru- trobras e outros interessados”.
está desenvolvendo este projeto, sobre- guaia. O terceiro projeto anunciado pelo
tudo no que diz respeito ao etanol, que representante da Ancap é o que estabelece “Quando falo da relação Brasil-Uruguai
está sendo feito com base na tecnologia a prospecção e produção de petróleo na no campo da energia, estou falando de
brasileira, assim como, no assessoramen- plataforma marítima uruguaia. “O Uru- Petrobras e Ancap.Temos comércio de
to técnico”, avaliou Riet. guai vem tratando este tema há dois anos combustíveis líquidos e gasosos. Com-
Ele ressaltou que o Uruguai vive um e o governo uruguaio conseguiu fazer um pramos e vendemos mutuamente.Temos
paradoxo no qual, mesmo sendo um país estudo sísmico em todo mar territorial do acordos de cooperação técnica e tecno-
de pequenas dimensões e de pouca popu- país. O resultado geral dos estudos ainda lógica”
lação, produz menos energia do que con- não está pronto, por isso não podemos German Riet
some, tanto em relação à energia fóssil afirmar se há reservas de gás natural”,
quanto à alternativa. Ele destacou, con- considerou. No entanto, o representante OAS
tudo, que o governo uruguaio está traba- da Ancap disse que esses estudos fizeram Evandro Daltro, gerente-geral da OAS
lhando, atualmente, em quatro grandes com que a estatal conclamasse empresas no Uruguai, iniciou a sua apresentação
projetos energéticos, mas que, por ra- de todo o mundo para a rodada de licita- explicando que a empresa tem um seg-
zões de natureza financeira e tecnológica, ção para exploração e produção de petró- mento que trabalha com a diversidade

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


dos tipos de contrato entre estruturas in-
dustriais, e cada um deles tem uma qua-
lidade e uma experiência específica. Na
parte de energia, o gerente da OAS in-
formou que a empresa dispõe de impor-
tantes hidrelétricas. “Dentro da história
de 30 anos da empresa, estamos deixan-
do a nossa marca em grandes empreendi-
mentos no Brasil. Há dois anos, entramos
na área internacional, e elegemos alguns
países, entre eles o Uruguai. O que nos
atraiu no Uruguai foram as oportuni-
dades e as demandas ligadas à área de
energia”, afirmou. No marco dessa busca
de oportunidades, Daltro disse que, em
2006, foi firmado um acordo entre Brasil
e Uruguai para implantação da planta de
regaseificação no país vizinho. Nessa épo-
ca, a OAS estava estudando uma proposta
que a Petrobras vinha apresentando para
a renovação dos 260 km de rede de gás, e, Evandro Daltro afirmou que a OAS pretende intensificar os investimentos no Uruguai
paralelo a esse projeto, a empresa come-
çou a estudar a possibilidade de também energéticas do gás no Uruguai, acrescen- existe no país. Com investimentos pri-
poder fazer parte da planta de produção tou o executivo. Além disso, a planta vai vados, a OAS está desenvolvendo estu-
de GNL. “A OAS acredita que a Petrobras resolver o problema de distribuição de gás dos para um projeto de fornecimento
possa vir a fazer parte do projeto de cons- da empresa Montevideogas, distribuidora de caldeiras e equipamentos para cons-
trução de uma planta de regaseificação. que, hoje, está limitada a uma determinada trução de uma planta de termelétrica,
Para esse projeto, deverá haver também a parcela da cidade de Montevidéu. “Hoje a com geração de 340 megawatts, na
participação da Argentina, grande forne- cidade tem 40 mil consumidores de gás, região de Ceival, Rio Grande do Sul,
cedora de gás ao Uruguai. Estamos falan- mas que poderia se expandir párea acima para exportar energia ao Uruguai. “Es-
do de 8 milhões de m3 de gás”. O consu- de 200 mil”, calculou Daltro. tamos com muitas expectativas de que
mo do país é pequeno, mas, seguramente O executivo revelou, ainda, que o ou- isso possa vir a se concretizar em bons
, com a questão do gás resolvida no país, tro atrativo que levou a empresa a apostar termos, e que tenha uma configuração
se poderia gerar uma condição de forne- no mercado uruguaio foi a possibilidade legal para que a interconexão possa ser
cimento de outras gerações de matrizes de tentar suprir o déficit energético que realizada no âmbito de se permitir essa
exportação de energia do Brasil para o
Uruguai. É claro que são necessários,
além dos marcos legais, investimentos
em infra-estrutura”, ressaltou.

“Há dois anos, a OAS entrou na área


internacional, e elegemos alguns países,
entre eles o Uruguai. O que nos atraiu
no Uruguai foram as oportunidades e as
demandas ligadas à área de energia”
Evandro Daltro

Parceria com o governo uruguaio
A OAS hoje está participando no
mercado do Uruguai fazendo a obra de
renovação da rede de gás para a Mon-
tevideogas. A companhia brasileira faz,
German Riet disse que as relações Brasil-Uruguai se dão através da Petrobras e Ancap

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 29


P a i n e l II

também, a renovação da rede de água em


alguns bairros da capital uruguaia. “Es-
tamos modernizando 39 km de rede de
água, juntamente com as obras da rede
de gás. Além dessas obras, em razão do
crescimento e da implantação das redes
de telefonia, a OAS propôs, junto com o
incentivo da própria prefeitura de Monte-
vidéu, que se instalasse também a renova-
ção de fibra ótica da Antel e da Telefônica.
Temos, então, 60 km de rede de fibra óti-
ca a ser instalada na cidade de Montevi-
déu”, comentou. Daltro acrescentou que
as obras da OAS são realizadas pela me-
todologia não destrutiva, através de furo
dirigido. “Além desses contratos, a OAS
assumiu o compromisso com a cidade de
Montevidéu de criar o menor impacto
possível junto à comunidade, por conta
dessa metodologia que estamos adotan-
do, de furo dirigido.

“A OAS assumiu o compromisso com a cida-


de de Montevidéu de criar o menor impac- Foto de um dos empreendimentos da OAS: Hidrelétrica Alto Fêmeas / BA
to possível junto à comunidade, por conta
dessa metodologia que estamos adotando, estamos treinando essa mão-de-obra para está participando de licitações públicas
de furo dirigido. Por ela, conseguimos abrir que elas possam ser habilitadas a traba- no Uruguai. O executivo revelou que
buracos em cada esquina sem ter que rom- lhar com essa metodologia”, afirmou. De a empresa está interessada em realizar
per as calçadas” acordo com o executivo, a OAS atua com obras de saneamento em Maldonado,
Evandro Daltro doze equipes distribuídas pela cidade, e localizado na região de Punta del Leste.
tem tido uma boa aceitação da comunida- Daltro contou que a OAS também par-
Por ela, conseguimos abrir buracos em de local. “As obras são feitas com muito ticipa da licitação para obras do Porto
cada esquina sem ter que romper as cal- menos incômodo do que seria se estivés- de Montevidéu e a empresa busca, tam-
çadas. Por força desse compromisso fir- semos fazendo esses serviços com o méto- bém, participar do projeto anunciado
mado com a Petrobras, estamos também do convencional. A questão de segurança pela Administração Nacional de Por-
formando mão-de-obra dentro dessa e sinalização são pontos que nós nos preo- tos do Uruguai para construção de um
metodologia. A OAS comprou equipa- cupamos bastante também”, disse. novo terminal de contêineres. “A OAS
mentos e os arrendou a empresas locais e Além dos contratos citados, a OAS tem mantido contatos com as empresas
locais que estão interessadas em partici-
par desse investimento em sociedade”.
Já para o Porto de Montevidéu, a OAS
desenvolveu uma solução de engenha-
ria que economiza em 30% as obras de
estrutura do cais. “Assim, a gente bus-
cou oferecer uma solução mais barata e
que nos possibilite uma economia para
os cofres públicos do Uruguai. Em re-
sumo, o objetivo da OAS é se implan-
tar como uma empresa local, tentando
transferir essa tecnologia e formar mão
de obra local e trabalhando sempre com
que o Brasil pode oferecer de melhor”,
concluiu o executivo.
Da esquerda para direita: Clóvis Corrêa de Queirós, José Augusto de Castro, German Riet ,
embaixador Ernesto Rubarth e Evandro Daltro

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


P a i n e l III

Debatendo serviços e ambiente de ne-


gócios no Uruguai
Representante do Ministério da Economia e Finanças do Uruguai comen-
ta sobre o clima de negócios para investimentos no país vizinho

Fernando Lorenzo e Maurício do Val

O Painel III do seminário teve sileira. De acordo com ele, esse setor apresentados pelo secretário do MDIC, o
como tema: O relacionamento Brasil- respone por 60% do PIB brasileiro e é Uruguai exporta três vezes mais serviços
também responsável por mais de 60% do para o Brasil do que vice-versa. “As ex-
Uruguai no setor de serviços. A sessão emprego formal do Brasil. Ao comparar portações brasileiras para o Uruguai de
foi presidida pelo secretário-ad- o quadro de importância do setor de ser- serviços, no ano passado, somaram US$
junto de Comércio e Serviços do viços brasileiro com o uruguaio, do Val 56 milhões, e as exportações uruguaias
mencionou que o país vizinho tem 58% para o Brasil, US$ 148 milhões”, disse.
MDIC, Maurício do Val. Pra fazer o do PIB em serviços e o setor emprega Dentre as áreas que mais se destacam no
pronunciamento especial do painel 76% da mão-de-obra formal no Uruguai. setor, do Val informou que o turismo é
foi convidado Fernando Lorenzo, “Por isso, é importante tratar de forma a que apresenta mais força. “Em 2007, o
prioritária o setor de serviços nas rela- Uruguai obteve um superávit no comér-
chefe da Assessoria Macroeconô- ções comerciais entre os dois países. Des- cio internacional de serviços de cerca de
mica do MEF, que expôs informa- de 2002, o Uruguai é superavitário no US$ 500 milhões, que foi contribuição
ções sobre o regime e clima dos comércio de serviços com o Brasil. Em direta do turismo receptivo que contri-
2001, o fluxo de comércio de serviços buiu com US$ 800 milhões em entradas
investimentos no Uruguai.
dos dois países era de apenas US$ 20 mi- de divisas para aquele país”, avaliou.
lhões. Em 2007, o fluxo de comércio de Em relação aos trabalhos desenvolvidos
Ao iniciar os trabalhos do painel, Mau- serviços entre os dois países alcançou US$ pelo MDIC para estimular o comércio de
rício do Val destacou a importância do 200 milhões, ou seja, um crescimento de serviços do Brasil com o Uruguai, Maurí-
setor de serviços para a economia bra- 1000% em cinco anos”. Segundo dados cio do Val disse que o ministério tem bus-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 31


P a i n e l III

cado nas comissões de monitoramento de


comércio bilateral relações com os par-
ceiros comerciais é agendar um trabalho
em serviços.

“As exportações brasileiras para o Uruguai


de serviços, no ano passado, somaram US$
56 milhões, e as exportações uruguaias
para o Brasil, US$ 148 milhões”
Mauricio do Val

Ele relatou que o primeiro foco que


desse trabalho é estabelecer uma equali-
zação de informações a partir do conhe-
cimento e compreensão de resultados e
de estatísticas do comércio exterior de
serviços. O outro ponto a ser desenvolvi-
do, segundo o secretário, se daria a partir
do desenvolvimento de uma unidade de
inteligência comercial num esforço con-
junto dos dois países para indicar os se-
tores que merecem maior atenção e me-
dida mais efetiva de direcionamento dos
governos para propiciar a intensificação
do fluxo de comércio e dos investimen- Maurício do Val disse que o Turismo é um setor importante para o Uruguai
tos, sobretudo no setor de distribuição. zo disse que o atual governo uruguaio depois da crise econômica enfrentada
“Nós achamos que a melhor forma de ala- está trabalhando no sentido de conceber pelo país em 2002, o Uruguai consegue
vancarmos as relações comerciais com os uma estratégia com o objetivo de gerar encontrar, atualmente, um período de
nossos parceiros é exatamente no setor um clima de negócios e de investimentos crescimento mais importante da sua his-
de distribuição de comércio de atacado, adequado. Para ele, o governo está levan- tória. “O Uruguai cresceu, por seis anos
supermercado e de franquias. Se buscar- do em conta estratégias de promoção de consecutivos, acima da média dos países
mos uma intensificação e um relaciona- investimentos no Uruguai e também está da América Latina”, frisou. Essa situa-
mento maior entre as nossas empresas levantando os principais componentes da ção está refletindo num maior volume
desse setor, nós estaremos ganhando em política que estamos levando adiante para de investimentos ao Uruguai. Lorenzo,
evolução de fluxo de comércio de bens e fortalecer o clima de negócios no nosso contudo, ressalvou que o fluxo de inves-
de serviços”. Ele acrescentou, ainda, que país. timentos não pode ser encarado como
esse trabalho pode também ser feito para Ao conseguir criar um clima mais propí- um bem em si mesmo, mas sim como
a área de engenharia e construção civil, cio para atração de investimentos ao Uru- um veículo que possibilita e consolida a
que, de acordo com ele, possui caracte- guai, Lorenzo avaliou que tal feito mudaria capacidade de crescimento do país.
rística natural de carregar novas opor- o atual cenário do país, uma vez que, por Para que os investimentos ocorram
tunidades, não só para área de serviços, décadas, apresentou índices muitos ruins é preciso que haja um ambiente vincu-
mas, também, associadas a essas obras. em termos de captação de investimentos lado a novos empreendimentos, com
Aos o término da sua apresentação, ele estrangeiros. “É preciso deixar claro que mais competência, com o compromis-
passou a palavra para Fernando Lorenzo falar do clima de investimentos no Uru- so de aumento da produtividade e com
Fernando Lorenzo, chefe da Assessoria guai implica referir-se a um país da Amé- estímulos à inovação, analisou o pales-
Macroeconômica do MEF, que discorreu rica Latina que conseguiu, historicamente, trante. Para ele, esse é o contexto da
sobre o tema: Ambiente de negócios no os piores registros em matéria de investi- interação de todos esses elementos que
Uruguai para as empresas brasileiras. mentos em todo continente. Em seis dé- se podem descrever qual é a estratégia
cadas o Uruguai conseguiu investir menos de estímulo e apoio aos investimentos.
do que o Haiti. Como resultado, o país “Os níveis de crescimento se apóiam
Ambiente macroeconômico uruguaio assistiu um pobre desempenho em maté- não somente em ambientes estáveis e
Ao iniciar a sua participação, Loren- ria de crescimento”, criticou. No entanto, previsíveis, mas também com a articu-

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


lação de novos empreendimentos, mais de crise que tivemos que trabalhar para da renda fiscal. Ele disse que foram in-
competência, compromisso de aumento construir um ambiente de estabilidade”. troduzidas, ainda, exonerações sobre
da produtividade e estímulos à inovação. Em sua avaliação, o governo constatou que a renda vinculada a investimentos em
Essa é a lógica que temos que ativar”. o ambiente de instabilidade apresentava desenvolvimento em biotecnologia e
várias facetas. Ela não era só monetária e informática. “A reforma tributária per-
Atraindo investimentos estrangeiros nem somente fiscal. Ela abarcava elemen- mitiu a redução de todos os gastos vin-
O representante do governo uruguaio tos institucionais, elementos vinculados culados ao desenvolvimento tecnológi-
lembrou que todos os investimentos im- aos níveis de emprego e, de forma mais co e ao aumento do emprego”.
plicam em riscos. “Há uma máxima na relevante, situação social. “É impensável
economia que diz que quantos maiores um clima de estabilidade macroeconômi- “Acreditamos que seja indispensável que
são os riscos, mais se esperam da renta- co sem um clima de estabilidade social. E a macroeconomia tenha um importante
bilidade dos investimentos. Portanto, os para vencer essas instabilidades, o governo papel para o estímulo e apoio para o setor
níveis de riscos estão associados aos de- uruguaio resolveu implementar tipos de privado”
safios que devem ser compensados com ações: medidas emergenciais nos setores Fernando Lorenzo
o lucro que pode advir”, afirmou. Em sua fiscal, financeiro e social”, disse.
análise, para que se concretizem projetos Outra modificação importante,
de investimentos, as políticas devem le- Reformas na visão do expositor, foi a adição de
var em conta dois elementos: reduzir os Uma das primeiras ações capitanea- um novo regime de aportes patronais.
riscos e melhorar as taxas de lucrativida- da pelo atual governo uruguaio foi a que Antes, o governo uruguaio utilizava os
de dos empreendimentos. “Isso implicará buscou realizar reformas dentro do setor recursos advindos do setor de serviços
estímulos específicos e focalizados nos tributário. De acordo com Lorenzo, o sis- para o caixa da seguridade social das
investimentos. E é dessa forma, reduzin- tema de tributação anterior apresentava empresas com o objetivo de fazer po-
do riscos e dando estímulos que cria um severas falhas no processo de arrecadação. lítica industrial. Lorenzo disse que essa
clima de investimentos mais propício”. “Fortalecer a arrecadação foi, então, a ló- prática foi extinta pela administração
Lorenzo explicou que o governo uru- gica inicial da reforma. Buscamos, então atual. “O nosso governo decidiu hori-
guaio atua em diversas frentes para que elaborar um novo sistema tributário”. zontalizar este tipo de contribuição e
haja um grande fluxo de investimentos Lorenzo revelou que o governo reduziu não discriminar o setor que gera mais
Ele disse que o primeiro objetivo traçado as alíquotas do imposto de renda para os empregos no nosso país.
pela administração uruguaia foi atacar as empresários, que passaram de 30% a 25% O Uruguai é o país da América Latina
vicissitudes financeiras do país, já que o e melhoraram os incentivos aos investi- que mais exporta serviços em relação ao
Uruguai havia saído da crise financeira, mentos, com isenções que alcançam 40% PIB. O Uruguai tem internacionalizado
em 2002, e emergia com alguns pontos
de vulnerabilidade. “Para se pensar no
futuro, era preciso mitigas essas vulne-
rabilidades. Além disso, o país requeria
reformar estruturais importantes, em
particular vinculadas ao ambiente de ne-
gócios. Devemos, então, trabalhar com
reformas estruturais coordenando e re-
ordenando todo o sistema de incentivos e
todo o sistema institucional vinculados a
investimentos”. Em 2002, o Uruguai vi-
via uma das piores crises fiscais da sua his-
tória, o que fez com que o país chegasse
em 2005 com altíssimos níveis de endivi-
damento público e com grandes dificul-
dades de conseguir crédito no mercado
externo. “Até mesmo dentro do aspecto
social vivemos uma crise. O Uruguai, que
sempre fora visto como um país que se
destacava na região pelos bons indicado-
res sociais, teve a sua situação deteriorada
nos anos de 2002 a 2005, verificando um
aumento na pobreza que na sua história
era inédita. Esse era o mapa da situação Casa Pueblo em Punta del Este: o turismo é a força do setor de serviços no Uruguai
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 33
P a i n e l III

mais de dez setores vinculados ao setor


de serviços. Discriminar este setor com
impostos mais pesados do que em outros
setores sempre pareceu algo muito pou-
co consistente em termos de estratégia
de geração de empregos e riqueza para o
país”, analisou.
Introduzir mudanças importantes na
organização do sistema financeiro tam-
bém entrou no rol do processo de refor-
mas. O palestrante comentou que o setor
financeiro uruguaio passou por uma cri-
se aguda que contaminou tanto o Banco
Central do país como o resto do sistema
bancário público e hipotecário do Uru-
guai. “Para sanar a crise, introduzimos
normativas sobre graus de eficiência do
sistema financeiro. Acreditamos que seja
indispensável que a macroeconomia te-
nha um importante papel para o estímulo
e apoio para o setor privado”.
Em matéria de renovação e fortale-
cimento institucionais, Lorenzo men-
cionou que o governo do Uruguai está
promovendo mudanças normativas im-
portantes e criou instituições especializa-
das para tratamento de temas específicos.
“Em temas que envolvem negócios, cria-
mos, por exemplo, a Agência Nacional
de Inovação, que concentra e rege toda
a execução das políticas definidas pelo
poder executivo em matéria de inovação.
“Podemos dizer que construir institui-
ções especializadas na execução de políti-
cas são elementos essenciais”, disse.
Fernando Lorenzo disse que o governo do Uruguai está promovendo mudanças na eco-
nomia do pais
“Hoje os benefícios e incentivos do gover-
no uruguaio chegam a qualquer setor da tos. “As reformas institucionais interagem blicas. Segundo ele, para que os investi-
economia, não importando o tamanho da com as reformas estruturais”, considerou mentos ocorram de forma consistente
empresa” Lorenzo. é preciso haver oportunidades de negó-
Fernando Lorenzo Em relação aos incentivos para os in- cios. “Pode-se ter a melhor legislação,
vestimentos, o Uruguai dispunha, ante- em matéria de promoção de investi-
riormente, de uma política de incentivos, mentos. Pode-se fazer as melhores mu-
O representante do governo uruguaio mas de forma bastante restritiva. A nova danças no regime tributário. Mas se não
explicou que a agência implementou mu- regulamentação da lei de incentivos per- há mercado onde se expressa as condi-
danças nas instituições em vários âmbitos mitiu maior acesso a projetos das peque- ções de boa rentabilidade, é impossível
do mercado financeiro. De acordo com nas empresas não chegavam a receber os ter êxito. Hoje, o Uruguai se destaca
ele, foram renovados os critérios de re- benefícios. “Hoje os benefícios e incenti- como país receptor de investimentos
gulação para pôr em marchas de execu- vos do governo uruguaio chegam a qual- estrangeiro direto, pois consegue atuar
ção. Além disso, ele contou que foram quer setor da economia, não importando de forma sistemática realizando esfor-
tomadas medidas substantivas em maté- o tamanho da empresa”. ços em conjunto, tratando, assim, de
ria de transparência de informação. “Fi- Lorenzo ressalvou que o estímulo aos orientar os incentivos e as instituições
zemos ações muito concretas em matéria investimentos depende de muitos outros em favor do fluxo de investimentos, ele
de facilitação e comércio e investimen- fatores, além da promoção de políticas pú- vem com força”, concluiu.
34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 35
Encerr amento

Uruguai: um país aberto para o comércio e


investimentos brasileiros
Palestrante da Sessão de Encerramento discursam sobre as relações de comér-
cio brasileiro-uruguaias

A Sessão Solene de Encerra- denador da “Comissão mista” no Rio de Janeiro, embaixador


mento teve como presidente o Brasil-Uruguai. Para compor a Nelson Fernandez Secretário-
embaixador do Brasil no Uru- mesa, foram convidados: Cás- Geral do Ministério das Rela-
guai, José Eduardo Martins Felí- sio Monteiro França, diretor da ções Exteriores do Uruguai;
cio e contou com os pronuncia- FCCE; Mauro Aviola, direto da Gerardo Gadea – Vice-Ministro
mentos especiais do embaixador AEB; Pinheiro Machado – MRE; da Industria e do Comércio do
Nelson Fernandez, secretário- Fernando Lorenzo, MEF; Hélio Uruguai, Carlos Amorín, Em-
geral do Ministério das Rela- de Almeida Cardoso- Assessor baixador do Uruguai; Arnaldo
ções Exteriores do Uruguai; e especial da Presidência da Re- Castro – Presidente da “Cama-
de Ivan Ramalho, secretário- pública do Brasil; Alberto Gua- ra de Comercio y Serviços Del
executivo do MDIC e Coor- ni, Cônsul-Geral do Uruguai Uruguai”, Embaixador Paulo Pi-

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


res do Rio – Diretor-Conselheiro guai vende laticínios a 50 países do transitem por elas. O Uruguai está
do Conselho Superior da FCCE. mundo. E em nenhum desses países aberto para quem quer fazer bons
temos problemas, como o de etique- negócios. Contamos também com
tagem e nem pela embalagem”, dis- serviços de tecnologia para o co-
Após fazer, de início, os agrade- se o embaixador, fazendo referência mércio, com centros tecnológicos
cimentos à FCCE pela organização do a problemas ocorridos no comércio que empregam milhares de pessoas
Seminário, o embaixador Nelson Fer- destes produtos com o Brasil recen- e que são usados por países de todo
nandez disse que ficou satisfeito com as temente. o mundo, e que desenvolve sof-
palestras proferidas durante o evento, twares vendidos a 60 países”, re-
proporcionando, assim, a possibilidade Um bom ambiente para negócios velou. Nesse contexto, Fernandez
para os presentes se informarem como O embaixador disse acreditar que afirmou que no Mercosul Brasil e
o Uruguai busca melhorar sua inserção o seminário fez com que fossem es- Uruguai têm destinos de comércio
internacional e seu comércio e con- clarecidas as propostas de que o e negócios em comum assegurado.
seguir investimentos, classificando-o Uruguai está aberto para os empre- “O Uruguai, que é um país peque-
como um país de grande credibilida- sários brasileiros que apostam na in- no, que quer se abrir mais para o
de. “Quando implementamos uma re- tegração regional e que estes vejam mundo e quer fazer isso junto com
gra, essa regra não muda. O Uruguai o país vizinho como uma plataforma o Brasil”, disse, concluindo, as-
respeita os acordos” frisou. De acordo de desenvolvimento. “O Uruguai é sim, o seu pronunciamento. Após
com ele, o Uruguai tem um governo um país que tem excelentes rodo- a conclusão da palestra do embai-
com funcionários que estão plenamen- vias, que movimentam cerca de três xador uruguaio, o presidente da
te comprometidos com o destino do mil caminhões por ano e que não sessão passou a palavra para o se-
país e trabalham em prol da integração tem problemas para que caminhões cretário- executivo do MDIC, Ivan
regional. “Para o Uruguai, a integração brasileiros, argentinos e paraguaios Ramalho.
e o Mercosul representam o seu des-
tino. E, na América do Sul, não é pos-
sível pensar em integração sem pensar
no Brasil”, afirmou Fernandez.

“Quando implementamos uma regra,


essa regra não muda. O Uruguai respei-
ta os acordos”
Nelson Fernandez

Ele contou, ainda, que quando o


Uruguai se integrou ao Mercosul, em
1991, o país estava disposto a abrir as
suas fronteiras, seu mercado, a inte-
grar-se à região, para que os produtos
brasileiros, argentinos e paraguaios
fossem tratados da mesma forma como
são tratados produtos uruguaios. “Se
os senhores tiverem a sorte de ir ao
Uruguai, não percam a oportunidade
de irem a um supermercado uruguaio.
Vocês verão que nas prateleiras há bis-
coitos brasileiros e azeites argentinos.
Isso porque para o Uruguai o Mercosul
é uma realidade. Da mesma forma, eu
gostaria, como uruguaio, de ir a um su-
permercado brasileiro e encontrar água
mineral e laticínios uruguaios. O Uru- Nelson Fernandez disse que o Uruguai está aberto para negócios
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 37
Encerr amento

“O Uruguai é um país que tem excelen-


tes rodovias, que movimentam cerca de
três mil caminhões por ano e que não
tem problemas para que caminhões bra-
sileiros, argentinos e paraguaios tran-
sitem por elas. O Uruguai está aberto
para quem quer fazer bons negócios”
Nelson Fernandez

Crescimento do comércio exterior


Ramalho afirmou que o encon-
tro entre Brasil e Uruguai, promovido
pela FCCE, tem para o governo bra-
sileiro “uma importância extraordiná-
ria”. Tal relevância se dá dentro de um
contexto no qual o comércio exterior
tem ganhado força muito grande para
o Brasil. “O comércio exterior do País
cresceu muito nos últimos anos. Saí-
mos de uma corrente de comércio da
ordem de US$ 100 bilhões, há cinco
anos, e vamos ter em 2008 um fluxo Ivan Ramalho disse que o MDIC trabalha para diminuir as assimetrias entre Brasil e Uruguai
próximo a US$ 350 bilhões. As expor-
tações brasileiras já estão na casa dos “O MDIC tem um programa de substi- Ramalho argumentou que o aumen-
US$ 200 bilhões e o Brasil não é hoje tuição competitiva das importações para to das importações brasileiras de
um país que tem o seu comércio ex- estimular o crescimento das importações produtos uruguaios representa um
terior vinculado a uma única área e a brasileiras de todos os países da América avanço para as relações brasileiro-
uma única região”, avaliou. Ramalho do Sul. Temos como meta que a corrente uruguaias, pois o Brasil tem hoje um
revelou que o Brasil, apesar de ain- de comércio com os países vizinhos con- grande superávit comercial com o
da ter os Estados Unidos como o seu
tinue crescendo” Uruguai. “O MDIC tem um progra-
Ivan Ramalho
principal parceiro comercial, destina ma de substituição competitiva das
para aquele país apenas 18% das suas Em relação ao comércio bilateral importações para estimular o cres-
exportações. “Ou seja, mais de 80% Brasil-Uruguai, Ramalho comentou cimento das importações brasileiras
das vendas brasileiras estão destinadas que 2008 é um ano a ser comemora- de todos os países da América do Sul.
a mais de uma centena de países”, de- do. De acordo com ele, a corrente de Temos como meta que a corrente de
clarou. Nesses últimos anos de grande comércio entre os dois países vai atin- comércio com os países vizinhos con-
crescimento, Ramalho enfatizou que gir a faixa de US$ 2,5 bilhões. “Este tinue crescendo, que as exportações
o governo brasileiro trabalha para o resultado representa um crescimento cresçam junto com as importações
crescimento do seu comércio com os bastante grande. É um crescimento e que não aumente o desequilíbrio
países da América do Sul e, sobretu- de 30% tanto nas exportações como que temos hoje”, defendeu. Ao con-
do, com os países do Mercosul. “Ti- também nas importações. Neste ano, cluir a sua participação, o secretário
vemos um crescimento muito gran- as importações brasileiras do Uruguai tornou a elogiar a série de seminário
de com a Argentina, com o Paraguai vão alcançar a faixa de US$ 1 bilhão. bilateral de comércio exterior e in-
e com o Uruguai. Temos procurado Além do comércio, os investimentos vestimentos, organizada pela FCCE,
evitar dificuldades que surgem no co- também estão crescendo bastante. acrescentando que os encontros são
mércio bilateral com esses países, e Temos várias áreas nas quais conside- referência para o setor. “Nós o MDIC
queremos, também, alcançar algumas ramos possível uma integração maior estamos sempre dispostos a apoiar
metas”, disse. nas cadeias produtivas dos dois países”. estes encontros”, concluiu.

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Infr a-E strutur a

Apostando no continente sul-america-


no
Representante da Construtora OAS no Uruguai fala sobre as ações da empre-
sa no Brasil e na América do Sul

Evandro Daltro, representante da OAS no Uruguai

Há mais de 30 anos no merca- sil-Uruguai, onde palestrou sobre Brasil e, a partir do ano de 2006, tomou
as ações da empresa naquele país. a decisão estratégica de participar do
do, a construtora OAS é uma das
mercado internacional. A OAS tem par-
maiores e mais respeitadas em- Daltro conversou com a Revista da ticipado das mais importantes obras de
presas de engenharia e construção FCCE sobre os projetos e atuação construção civil e pesada do Brasil, tendo
civil do Brasil. Ela possui, em seu da OAS no Brasil e nos demais pa- como clientes as principais empresas pri-
vadas e os governos de todos os estados
portfolio, importantes obras re- íses no exterior. Confira, a seguir, da federação e o governo Federal.
alizadas no país e, há dois anos, a os principais trechos da entrevista:
empresa buscou atuar no mercado Quais são as principais obras que
estão sendo realizadas pela empre-
internacional, com grande foco na sa no Brasil?
América Latina, em especial no Há quanto tempo a OAS atua no
mercado brasileiro e internacio- Daltro - Entre as principais obras execu-
continente sul-americano. Evandro nal? tadas pela empresa estão a Linha 4 do Me-
Daltro é o diretor da OAS no Uru- trô de São Paulo, a Ponte Estaiada Otávio
guai. Ele representou a empresa Daltro - A Construtora OAS completou, Frias sobre o rio Pinheiros em São Paulo,
em 2007, 30 anos de serviços prestados a fábrica da Ford na cidade de Camaça-
no Seminário Bilateral de Comér- a engenharia brasileira. A empresa está ri (Ba), o complexo Linha Amarela no
cio Exterior e Investimentos Bra- entre as cinco maiores construtoras do Rio de Janeiro, o Estádio Olímpico João

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 39


Infr a - E strutur a

Havelange no Rio de Janeiro, refinarias,


gasodutos, obras de saneamento, portos,
aeroportos, estradas entre outras

Como foi concebida a idéia para


empresa em atuar no mercado in-
ternacional?

Daltro - Contamos com uma estrutura


organizacional descentralizada e um ge-
renciamento personalizado para os clien-
tes. Por isso, a OAS, no marco de sua
expansão para o mercado internacional,
estabeleceu como objetivo alcançar uma
participação representativa no mercado
de construção civil e pesada dos paises da
América do Sul e Caribe e posteriormen-
te expandir suas operações para a África.

“A OAS vem implementando ações


para a adaptação de sua estrutura
organizacional”
Evandro Daltro

Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro: uma das obras realizadas pela OAS
De que modo a OAS está atuando
internacionalmente? estrutura administrativa independen- República Dominicana. Recentemente
te para apoiar as unidades de negócio; a a OAS abriu sua sucursal em Angola,
Daltro - Mesmo contando com equipes adaptação do seu sistema gerencial para antecipando a sua entrada no mercado
experientes e comprometidas com a su- uma plataforma web; e capacitação de africano.
peração de metas, e preparadas para os seus gestores aos aspectos legais, tributá-
desafios que impõe a constituição de uma rios e contábeis de cada país. “A OAS além de participar de licitações,
empresa internacional, a OAS vem im- está desenvolvendo parcerias com empre-
plementando ações para a adaptação de E o processo de inserção nos países sas do ramo de energia”
sua estrutura organizacional e a melhoria se dá de forma tranqüila? Evandro Daltro
da capacitação de seus gerentes, com o
objetivo de customizar sua gestão para o Daltro - Sim, pois para se inserir nos pai- E em relação à América do Sul,
mercado dos paises em que está presen- ses que se instala, a OAS tem utilizado a como a OAS vem desenvolvendo
te. estratégia de buscar parceiros e mão de os seus projetos no continente?
obra local, para criar uma relação sinér-
gica com o país e acelerar a sua curva de Daltro - Na América do Sul, além de
“A OAS tem utilizado a estratégia de bus- participar de licitações, a OAS está de-
aprendizagem. A OAS, como as demais
car parceiros e mão de obra local, para senvolvendo parcerias com empresas
empresas brasileiras que exportam servi-
criar uma relação sinérgica com o país e do ramo de energia, com o objetivo
ços, conta também com as condições de
acelerar a sua curva de aprendizagem” de oferecer soluções para projetos de
financiamento para exportação do BN-
Evandro Daltro
DES, que tem se demonstrado bastante geração de energia, visando atender a
competitivas. crescente demanda dos paises da região.
Em que consiste este trabalho de Atualmente a OAS esta desenvolvendo
adaptação e melhoria da capaci- Em que países a OAS está operando? junto com a Tractebel e uma empresa
tação dos funcionários da OAS no especializada em plantas termoelétri-
exterior? Daltro - A OAS hoje possui empre- cas a carvão, um projeto para gerar 340
sas constituídas no Uruguai, Argentina, MW de energia firme para o Uruguai e
Daltro - Como principais medidas que Peru, Bolívia, Chile, Equador e Colôm- em parceria com Furnas a hidroelétrica
estamos adotando podemos citar: a cria- bia, além de representação comercial na Inanbari no Peru, com capacidade de
ção de uma Diretoria Internacional com Venezuela, Paraguai, Haiti, Costa Rica e geração de 1.400 MW.

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Energia

“A Petrobras atua como um fator im-


portante para o processo de integra-
ção regional”

Clóvis Corrêa de Queirós é di- lhões de habitantes, tem posição fato, em 2004, com a aquisição de
retor da Petrobras no Uruguai. No estratégica para a integração. Isso uma companhia de distribuidora
cargo desde 2006, ele observa com se dá em razão de o país estar lo- de gás local.
otimismo a presença da empresa calizado entre Brasil e Argentina
no país vizinho. Em sua análise, e, além disso, apresentar grandes Como o senhor analisa a realização
o Uruguai, apesar de apresentar oportunidades de negócios para a do seminário?
pequenas dimensões territoriais empresa, que está país desde 2001, Corrêa de Queiró s - Eu vejo o
e possuir um mercado de 3,5 mi- mas que começou a investir, de encontro como uma oportunidade de

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 41


Energia

exclusividade no abastecimento de gás


natural e GLP para pequenos e médios
consumidores fora de Montevidéu.
E quais são os resultados da atua-
ção da empresa no Uruguai?

Corrêa de Queirós – Os resultados


são satisfatórios. Logicamente que nós
temos que pensar no Uruguai como um
mercado de 3,5 milhões de habitantes.
No entanto, é um país muito importante
e estratégico para a integração regional.
Num raio de 800 km, o Uruguai está
próximo a um mercado de 25 milhões
de pessoas, que seria Buenos Aires e o
Rio Grande do Sul.

Quando se fala em integração, fa-


la-se, também, de integração téc-
nica. Existe algo neste sentido no
relacionamento da empresa com
os técnicos uruguaios no setor de
energia?

Corrêa de Queirós - É preciso enten-


der que integração ela é uma via de mão
dupla. Então, levar técnicos brasileiros
para trabalharem no Uruguai e vice-
versa é, assim, mais do que natural para
a Petrobras. E há tempos que a Petrobras
tem, em seu quadro de funcionários,
uruguaios, argentinos, bolivianos etc. É
importante dizer, ainda, que buscamos
não somente a integração técnica, mas
discutir com mais profundidade o grau para o desenvolvimento. E, nesse sentido, também a integração cultural.
de integração. Em primeiro lugar, a di- a demanda por energia é determinante. E
vulgação das necessidades e dos poten- a Petrobras, que tem grandes recursos tec- Além dos projetos já existentes da
ciais tanto do Uruguai como do Brasil. nológicos, contribui muito para o desen- Petrobras no Uruguai, há outros
Como somos vizinhos, é mais uma razão volvimento de projetos na região, tanto na que a empresa pretende empre-
para estarmos integrados. Nós podemos área de petróleo e gás como no campo de ender naquele país?
fazer uma complementaridade de recur- biocombustíveis e energia renovável.
sos, fazendo que a região se desenvolva e Quando a Petrobras começou a ope- Corrêa de Queirós - No momento
permitindo que possamos competir com rar no Uruguai? estamos estudando projetos no Uruguai
mais força com os demais blocos comer- as fontes de bioenergia e de gás natural.
ciais do mundo. Corrêa de Queirós -A Petrobras che- É claro que nós não podemos, de forma
gou ao Uruguai em 2001 com a compra autônoma, chegar ao país e tocar es-
De que forma a Petrobras pode in- da rede de distribuição da Shell, e em ses estudos sozinhos. Precisamos estar,
fluenciar o caminho da integração 2004 começou a atuar na distribuição constantemente, em sintonia com o go-
regional ? de gás natural no interior do país, com a verno. O governo uruguaio já demons-
compra da empresa Conecta por US$ 3,2 trou interesse. Logicamente que se leva
Corrêa de Queirós -A Petrobras atua milhões, em sociedade com a estatal de um temo para estudar e encontrar as
como um fator importante para o pro- energia uruguaia Ancap. Na época, a pe- viabilidades de aplicação dos projetos,
cesso de integração regional porque é troleira brasileira comprou 55% do capi- mas há um bom entendimento entre a
uma empresa de energia e energia é vital tal da distribuidora. Hoje a Petrobras tem Petrobras e o governo uruguaio.
42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i
Se tor -automotivo

“Para a GM, o Uruguai não é uma op-


ção, mas sim um destino”
Pedro Bentancourt é gerente insti-
tucional da GM do Brasil. Em entre-
vista à Revista da FCCE, o executivo
falou sobre a atuação da empresa no
Uruguai, acrescentando que o acordo
automotivo assinado recentemente
pode significar o primeiro passo para
a ampliação de um acordo automobi-
lístico em âmbito do Mercosul

De que forma o senhor avalia o se-


minário?
Pedro Bentancourt - O seminário
foi excelente. Os participantes aponta-
ram elementos muito significativos para
aprimorar a relação bilateral. Além disso, Como a GM avalia a assinatura do entre Brasil e Argentina, contém cláusu-
estamos trazendo informação e conheci- novo acordo automotivo? las que prevê a convergência da política
mento para um segmento que potencial- Pedro Bentancourt - Para a GM, o automotiva no Mercosul. Por isso, esta-
mente propocionará novos negócios Uruguai não é uma opção, mas sim um mos esperançosos de que essa convergên-
Como está a relação Brasil-Uruguai destino. Entendemos que esse país é par- cia vai acontecer em breve.
para GM ? te integrante da nossa estrutura, por isso Como fazer para que os investi-
Pedro Bentancourt - A GM do Brasil não trabalhamos o mercado uruguaio mentos cresçam no Uruguai após
é a cabeça da operação GM Mercosul, de maneira diferenciada. Além disso, eu a assinatura deste acordo automo-
que engloba as operações no Uruguai. gostaria de ressaltar que há esforços que tivo?
A GM é a única das montadoras que m visam ampliar a base fornecedora no Pedro Bentancourt - Há duas ques-
um braço próprio no Uruguai. Todas as Uruguai. Nós já temos fornecedores que tões que são essenciais: competitividade
outras operam através de representantes. já vendem para a GM em todo o Merco- por parte do fornecedor e mercado de
Existe uma GM-Uruguai que também é sul. A GM tem visão ‘mercosulina’ e não escala. O que determina a opção de um
subsidiária da GM do Brasil. Na GM do bilateral. Por isso, vemos que seria inte- mercado por outro é o mercado de escala
Uruguai nós temos nove concessionárias ressante convergir para uma política au- e o nível dos mercados.
e geramos cerca de 400 empregos diretos tomotiva do Mercosul, no qual os fluxo A competitividade no Brasil, apesar de sa-
e indiretos. de comércio não seja contabilizado por tisfatória, ainda pode melhorar. No caso
Quais são os produtos da GM mais país, mas sim intrabloco. Isso porque essa do Uruguai, ela ainda é muito incipiente
negociados no Uruguai? é a verdadeira dimensão do setor auto- e, por isso, tem muito espaço para avan-
Pedro Bentancourt - O Uruguai tem motivo. çar. Da mesma forma, é compreensível
sido tradicionalmente provido de produ- O senhor acredita que esse acordo que o mercado uruguiaio, embora seja
tos brasileiros. Nós exportamos os mo- possa ser efetivado em breve? muito atrativo, é proporcional ao tama-
delos Celta, Classic, Corsa, S-10, Blazer Pedro Bentancourt - É um desafio. nho do país e que acaba agregando uma
e Vectra, ou seja, a linha completa da GM. Mas acho que o novo acordo automoti- entropia na consolidação de uma indus-
Os modelos que mais vendemos ao Uru- vo, assinado recentemente entre Brasil e tria nacional.
guai são o Classic e o Celta. Uruguai, assim como o que foi assinado
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 43
Financiamento

Apostando no Uruguai
BNDES abre escritório no Uruguai e representante do banco fala sobre a im-
portância do país para as empresas brasileiras

Chefe de Departamento do futu- Então essa iniciativa é estratégica?


ro escritório do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e So- O escrito do BNDES em Montevi- Botelho Ferreira - Sim, com certeza.
cial (BNDES) no Uruguai, Leonardo déu será o primeiro do banco fora A partir deste escritório, a gente vai de-
Botelho Ferreira afirma que o Uru- do Brasil. Por que a escolha do senvolver com todos os países da região.
guai é um dos principais destinos Uruguai?
de financiamentos do banco para as Em que consistirá o plano de ações
empresas brasileiras. Ao todo, foram
Botelho Ferreira - Isso se dá em ra- desse escritório do BNDES no
destinados, na última década, US$ 85
zão de ser a sede do Mercosul e da Aladi, país?
bilhões, mas, tudo indica que esse vo-
lume subirá para os próximos anos, além de vários outros organismos com
sobretudo em razão da demanda por sede por lá. Tudo isso facilitará o desen- Botelho Ferreira - Na realidade, a
investimentos em infra-estrutura no volvimento das relações institucionais do gente vai alavancar, a exemplo de outros
país. Botelho Ferreira conversou com banco com organismos públicos e priva- bancos de desenvolvimento do mundo, a
a Revista da FCCE sobre as atividades dos. O escritório será aberto no início de presença das empresas brasileiras no país
do banco no país. 2009. e na região do entorno. Lá estaremos

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


acompanhando e proporcionando facili-
dades para os contatos das empresas com
os clientes do Uruguai, seja por intermé-
dio de serviços, seja por intermédio do
comércio, dentro das linhas de exporta-
ção de bens e serviços brasileiros e tam-
bém de financiamento ao investimento
direto no exterior. Estes são os dois pro-
dutos do BNDES mais adequados para a
atuação das nossas empresas no exterior.

Quantas empresas já receberam fi-


nanciamentos do BNDES para atu-
arem no Uruguai?
Botelho Ferreira - Muitas. O BNDES
já apoiou, no Uruguai, as exportações de
produtos de empresas brasileiras de gran-
de porte, como a Marco Pólo, operações
de infra-estrutura de construtoras bra-
sileiras, como a OAS e a Odebrecht. O
setor de engenharia civil é muito compe-
titivo no Uruguai e as nossas construtoras
têm aproveitado as oportunidades de ex-
pansão dos investimentos em infra-estru-
tura que estão ocorrendo no Uruguai.
anos, o BNDES disponibilizou, em finan- em proporção ao tamanho do país. Dentro
ciamentos, cerca de US$ 85 milhões em in- da sua proporcionalidade, o Uruguai rece-
Como vão os investimentos brasi-
vestimentos no Uruguai. É um volume ex- be mais investimentos do que o Chile e a
leiros no setor de construção no
pressivo. O Uruguai se tornou, nos últimos Venezuela, por exemplo, o que demonstra
Uruguai?
anos, um dos principais destinos das ex- a importância que este país tem tido nos
portações do BNDES. Em termos absolu- últimos anos para as empresas brasileiras
Botelho Ferreira - Como eu falei, o
tos, esse valor é pequeno em comparação a de exportação de bens e serviços.
Uruguai demanda investimentos em infra-
outros países, mas os financiamentos se dão
estrutura, em setores como o elétrico, de
saneamento, de transporte e construção
de rodovias, além do abastecimento de Integração latino-americana
água e o banco está pronto para atender O presidente Luciano Coutinho defendeu que os países da América Latina inten-
as necessidades exportadoras brasileiras. sifiquem seus esforços de integração como forma de ajudar a mitigar os efeitos da
O BNDES já apoiou a construção de uma crise financeira internacional sobre suas economias. “A preservação do crescimento
nova linha termelétrica do Uruguai, e, na América Latina é importante para o equilíbrio da economia mundial”, afirmou
durante apresentação na reunião anual do Idea, entidade que reúne os principais re-
neste ano, o banco está apoiando a OAS
presentantes do empresariado e do sistema financeiro argentino. “É preciso mais so-
na renovação da infra-estrutura de dis- lidariedade e mais integração na América Latina”, disse Coutinho durante o encontro
tribuição de gás residencial em Montevi- realizado no mês de outubro na cidade de Mar del Plata, na Argentina.
déu, onde toda a tubulação existente na Ao longo de sua exposição, o presidente do BNDES apresentou dados sobre a si-
cidade está sendo trocada. tuação da economia brasileira e o Banco. Ele afirmou que, apesar da crise, os bancos
públicos brasileiros vem conseguindo atuar de maneira anticíclica para assegurar a
Em cifras, quanto o BNDES já de- disponibilidade de crédito e garantir a realização de investimentos.
sembolsou para investimentos de Para Coutinho, o êxito do leilão de rodovias realizado em outubro é exemplo do
empresas brasileiras no Uruguai? resultado dos trabalhos pela integração. Segundo ele, o sucesso da iniciativa é uma
“demonstração inequívoca de que o suporte das instituições públicas viabiliza a reali-
Botelho Ferreira - Nos últimos dez zação de investimentos”.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 45


História

Irineu Evangelista de Souza,


o Barão de Mauá

lo
n s t r uído pe
auá : c o opera-
Dique M m 1872, está em
oe
brasileir e
oj
ção até h

Jorge Caldeira, autor da biografia do Barão de Mauá,


disse que ele foi o maior empresário brasileiro de todos os tempos.

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Mauá: o pioneirismo do capitalismo
brasileiro no Uruguai
Maior empresário do século XIX, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de
Mauá, marcou presença com grandes empreendimentos no Uruguai
Ele tem seu nome em ruas, bairros, cidades, praças por todo o Brasil e manter um comércio regular com o Uruguai em que preponderava, sem dúvi-
até na ponte que liga o Brasil ao Uruguai. Empreendedor muito a frente da, a necessidade brasileira de importação do charque, uma vez que a produção
do seu tempo e, para alguns estudiosos, um dos precursores do Mer- oriunda do Rio Grande do Sul era insuficiente para alimentar a massa escrava
cosul, Irineu Evangelista de Souza ou, como melhor ficou conhecido, o que o movia o sistema produtivo brasileiro. Nesse sentido, se estende a vontade
Barão de Mauá, é, sem dúvida, um dos personagens mais contundentes de manter contatos mais profundos com o Uruguai, principal fonte de abasteci-
da história brasileira. De fato, quando se pensa em nomes importantes mento de charque para o Brasil.
para se pensar no processo de desenvolvimento da economia brasileira,
Os interesses brasileiros se estabeleceram igualmente no domínio das finanças,
a sua importância não pode ser relegada.
mediante empréstimos feitos ao governo do Uruguai. E é dentro dessa política
Nascido no Rio Grande do Sul em 1813, Evangelista de Souza saiu da de maior aproximação com o país platino que entra Mauá, concedendo emprés-
fronteira do Brasil com o Uruguai e foi para o Rio de Janeiro, então ca- timos e promovendo investimentos em diversos setores da economia uruguaia,
pital do Império. Com nove anos começou a trabalhar como balconista da agropecuária (ele possuía 100 mil cabeças de gado no Uruguai) ao controle
de loja, onde começou a desenvolver o seu faro para negócios. Dono de das finanças públicas. Na década de 1860, ele obteve do governo uruguaio a con-
enorme senso de pragmatismo, Mauá apostava na livre iniciativa como cessão da companhia de distribuição de gás Montevideogas e, em 1872, Mauá
catalisador de riqueza e desenvolvimento. Desse modo, Mauá controlou construiu o que seria o primeiro dique seco do Rio da Prata, o Dique Mauá.
oito das dez maiores empresas do país: as restantes eram o Banco do Bra- Atualmente, a Montevideogas é controlada pela Petrobras e o dique ainda está
sil e a Estrada de Ferro Dom Pe- em operação. “Apesar das condições polí-
dro II, ambas empreendimentos “Apesar das condições políticas favoráveis que per- ticas favoráveis que permitiram a entrada
estatais, tornando-se, ao 30 anos, mitiram a entrada de Mauá no Uruguai, Mauá de Mauá no Uruguai, Mauá buscou inves-
no homem mais rico do Brasil e tir no Uruguai por puro pragmatismo. Isso
dono de uma das maiores fortu- buscou investir no Uruguai por puro pragmatismo. porque ele via as condições do país vizinho
nas do mundo na época. Chegou
a controlar dezessete empresas,
Isso porque ele via as condições do país vizinho pro- propícias para investimentos capitalistas”,
explicou Caldeira. De acordo com ele,
com filiais operando em seis paí- pícias para investimentos capitalistas” entre as condições existentes estavam a
ses. Sua fortuna em, 1867, atingiu Jorge Caldeira, biógrafo do Barão de Mauá necessidade de o Uruguai se reestruturar
o valor de 115 mil contos de réis, financeiramente, após quase duas décadas
enquanto o orçamento do Império do Brasil para aquele ano contava de guerra civil (1834-1852) e a existência de mão-de-obra livre no país, fator cru-
apenas com 97 mil contos de réis. “Mauá Foi o maior empresário brasi- cial para o desenvolvimento do liberalismo econômico, lembrando que Mauá era
leiro de todos os tempos, com uma das maiores fortunas do mundo no um crítico ferrenho da economia de base escravagista do império. Para o escritor, as
séc. XIX”, disse o biógrafo do Barão de Mauá, Jorge Caldeira, autor do relações de comércio entre Brasil e Uruguai e, ainda, com a Argentina (onde Mauá
consagrado livro Mauá, Empresário do Império (Companhia das Le- também tinha negócios) pautada no liberalismo era a chave para o desenvolvimento
tras), em entrevista, por telefone, à Revista da FCCE. Para Caldeira, o da região do Cone Sul. “Não podemos dizer que Mauá idealizou a formação do
seu principal talento de Mauá era estar pronto para olhar o que havia de Mercosul, mas ele foi, com certeza, um grande defensor da criação de uma zona de
novo e fazer de forma diferente. livre comércio. Mauá era um internacionalista e acreditava na globalização muito
antes desse termo ter sido inventado”, disse Caldeira.
Mauá no Uruguai
Em meados de 2007, Caldeira viu a relevância da figura de Mauá se Já em relação ao lançamento do seu livro no Uruguai, Caldeira disse estar bas-
reforçar quando foi informado de que a biografia de sua autoria sobre tante satisfeito com a repercussão da biografia de Mauá naquele país. “Já participei
o empresário brasileiro seria traduzida para o espanhol e publicada no de seminários, concedi entrevistas a jornais e TVs locais. Isso demonstra que a me-
Uruguai.Ter o livro publicado no país vizinho representa um movimen- mória de Mauá ainda permanece viva no Uruguai”, disse. Mauá, Empresário do
to mais do que pertinente. Afinal, foi no Uruguai onde a expansão dos Império foi publicado no Brasil pela primeira vez e obra de 557 páginas já vendeu
seus negócios teve grande vulto, fazendo com que Mauá se tornasse o mais de 156 mil cópias, consagrando-se como uma das mais bem-sucedidas bio-
principal credor do país durante grande parte da segunda metade do grafias de personagens históricos brasileiros até hoje. No momento atual, em que
século XIX. várias empresas brasileiras aportam vultosos investimentos no país platino, lembrar
Nesse período, convinha ao governo do então Império do Brasil o pioneirismo de Mauá faz-se, sem dúvida, bastante salutar.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 47


R e l a ç õ es B i l a t e r a i s

A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias alcançou a relevante


cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este per-
centual se ampliou e registrou 17,6% em 2007.

Intercâmbio Comercial
Brasil – Uruguai
E laboração : D epartamento de P lanejamento e
D esenvolvimento do C omércio E xterior – D E P L A da
S ecretaria de C omércio E xterior – S E C E X do M inistério do
D esenvolvimento, I nd ú stria e C omércio E xterior - M D I C.

Comércio Exterior do Uruguai de comércio do país chegou à cifra inédita de US$ 10 bilhões
A economia uruguaia é bastante atrelada aos seus dois em 2007. As exportações foram de US$ 4,5 bilhões e as im-
grandes vizinhos e parceiros comerciais, Brasil e Argentina. portações de US$ 5,5 bilhões.
No começo dos anos 2000, o crescimento do produto interno O crescimento das exportações e importações do país fez
foi bastante afetado pela crise que atingiu estes países, espe- Evolução da Balança Comercial do Uruguai
cialmente o último. Em 2002, o PIB do Uruguai chegou a se 1998 a 2007 – US$ Milhões

retrair em 11,0%. Nos anos subseqüentes, o país se recuperou 6.000

5.000

e apresentou crescimento substantivo. Em 2007, o aumento 4.000

do PIB uruguaio foi da ordem de 7,4%, ao somar US$ 23,3 3.000

2.000
bilhões a preços correntes. 1.000

O desempenho do comércio externo uruguaio acompa- 0

-1.000
nhou a recuperação de sua economia. Com isso, a corrente
-2.000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Exportação Importação Saldo

Evolução da Corrente de Comércio do Uruguai Fonte: OMC

1998 a 2007 – US$ Milhões


Importações do Uruguai
10.000
Principais Produtos – 2007 – US$ Milhões
Valor % Part. %
9.000 Value 2007/06 % Share

8.000

Importação Total 5.589 17,0 100,0


7.000

6.000
Bens Intermediários 3.661 11,7 65,5
5.000

4.000
Bens de Consumo 1.202 24,5 21,5
3.000

2.000 Bens de Capital 726 36,5 13,0

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fonte: Banco Central do Uruguai
Fonte: OMC

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


com que o resultado da balança comercial, tradicionalmente Exportações do Uruguai
Principais Produtos – 2007 – US$ Milhões
deficitária, apresentasse um saldo negativo de US$ 1,0 bilhão
Carnes 885
em 2007. Outros Produtos Vegetais 404

Neste mesmo ano (dados acumulados até novembro), o Cereais 343

Têxteis e Confecções 308

principal parceiro comercial nas importações do Uruguai foi Couros e Peles 306

Plásticos e Borracha 247


o Brasil, origem de 23,2% das compras do país e soma de Madeira e Obras 247

US$ 1,2 bilhão. Em seguida está a Argentina, com participa- Produtos Químicos 237

Minérios 197
ção de 21,9% e total de US$ 1,1 bilhão. Os Estados Unidos Pescado 156

155
foram responsáveis por 7,0% das aquisições uruguaias, com Produtos Alimentícios, Bebidas e Tabaco

Material de Transporte 124


Fonte: Banco Central do Uruguai

um montante de US$ 359 milhões. Por bloco econômico, a


principal origem das importações foram os países da ALADI,
com participação de 61,2% e total de US$ 3,1 bilhões, seguido
por: Ásia (participação de 15,1% e soma de US$ 771 milhões), Participação do Brasil no Comércio Exterior do Uruguai
2000 a 2007
União Européia (10,2% e US$ 520 milhões) e África (0,8%
e US$ 40 milhões).
As compras uruguaias são compostas, principalmente, por 26,2% 24,4% 26,1%
24,4% 17,8% 14,5% 15,6%
17,6%

Importações do Uruguai
Principais Mercados Fornecedores – 2007/2006(*) – US$ Milhões 23,5%
19,3% 21,0% 21,0% 21,5% 22,0% 21,3%
18,5%
Blocos econômicos e
2007 Part.% 2006 Part.% Var. %
países selecionados

Total 5.101 100,0 4.424 100,0 15,3 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Aladi 3.123 61,2 2.716 61,4 15,0
Importação do Uruguai Exportação do Uruguai
- Mercosul 2.327 45,6 1.915 43,3 21,5
Fonte: MDIC/SECEX, OMC
-Brasil 1.183 23,2 912 20,6 29,7
-Argentina 1.115 21,9 979 22,1 13,9
- Paraguai 29 0,6 23 0,5 22,7
- Demais da Aladi 796 15,6 801 18,1 -0,7
Ásia 771 15,1 539 12,2 43,0
União Européia 520 10,2 444 10,0 17,2
Estados Unidos 359 7,0 304 6,9 18,1
África 40 0,8 170 3,8 -76,5
Demais Países 290 5,7 252 5,7 15,1 Evolução da Corrente de Comércio Brasil / Uruguai
(*) até novembro 1998 / 2007 - US$ Milhões FOB
Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai

Exportações do Uruguai
Principais Mercados Compradores – 2007/2006 – US$ Milhões 2.075
1.923
Blocos econômicos e
2007 Part.% 2006 Part.% Var. % 1.631
países selecionados

Total 4.496 100,0 3.986 100,0 12,8 1.316 1.271


1.347
1.146 1.193
Aladi 1.740 38,7 1.377 34,5 26,4
897 944
- Mercosul 1.304 29,0 978 24,5 33,3
-Brasil 786 17,5 618 15,5 27,2
-Argentina 441 9,8 302 7,6 46,1
- Paraguai 77 1,7 58 1,5 31,9
- Demais da Aladi 435 9,7 398 10,0 9,3
União Européia 832 18,5 675 16,9 23,3 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Estados Unidos 493 11,0 523 13,1 -5,7


Fonte: MDIC/SECEX
Ásia 385 8,6 360 9,0 6,9
África 149 3,3 182 4,6 -18,3
Demais Países 898 20,0 869 21,8 3,3
Fonte: Dados do Brasil – MDIC/SECEX; Dados do Uruguai – Banco Central do Uruguai

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 49


R e l a ç õ es B i l a t e r a i s

bens intermediários, 65,5% do total de 2007 e soma de US$


3,7 bilhões. A categoria de bens de consumo é a segunda com Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai
1998 / 2007 - US$ Milhões FOB
maior participação na pauta, com 21,5% e US$ 1,2 bilhão, se-
1.400
guida por bens de capital, com 13,0% e US$ 726 milhões. 1.200

Quanto às exportações, o Brasil também é o maior destino 1.000

800
das vendas uruguaias, com participação de 17,5% e soma 600

de US$ 786 milhões em 2007. Já, os Estados Unidos foram 400

200

destino de US$ 493 milhões, 11,0% do total. À frente da 0

Argentina, com US$ 441 milhões e participação de 9,8%. O -200

-400

maior bloco comprador de produtos uruguaios é a ALADI, 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Exportação Importação Saldo


com aquisições de US$ 1,7 bilhão e participação de 38,7% Fonte: MDIC/SECEX

no total, seguida por: União Européia (part. 18,5% e total de


US$ 832 milhões), Ásia (8,6% e US$ 385 milhões) e África
(3,3% e US$ 149 milhões).
Intercâmbio Comercial Brasil / Uruguai
As exportações uruguaias, no mesmo ano, foram compostas 2007/2006 - US$ Milhões FOB

principalmente por: carnes, total de US$ 885 milhões, 19,7% Variação % 2007/06:
Exportação: +27,2%
2.074
Importação: +27,2%
do total; outros produtos vegetais, US$ 404 milhões, 9,0% da Corrente de comércio: +27,2% 1.631

pauta; cereais, US$ 343 milhões, 7,6%; têxteis e confecções, 1.288


1.013
US$ 308 milhões, 6,9%; couros e peles, US$ 306 milhões, 786
618
6,8%; plásticos e borracha, US$ 247 milhões, 5,5%; madeira 502
395

o obras, US$ 247 milhões, 5,5%; produtos químicos US$ 237


milhões, 5,3%; minérios, US$ 197 milhões, 4,4%; pescado, Exportação Importação Saldo Corrente de
Comércio

US$ 156 milhões, 3,5%; produtos alimentícios, bebidas e 2007 2006


Fonte: MDIC/SECEX

tabaco, US$ 155 milhões, 3,4%; e material de transporte,


US$ 124 milhões, 2,8%.
A participação do Brasil como destino das vendas uruguaias
Ranking do Uruguai nas Exportações Brasileiras
alcançou a relevante cifra de 26,2% em 2000. Já, o menor 2007/2006 - US$ Milhões FOB

nível foi o registrado em 2005, 14,5%. Este percentual se am- Ordem


2006 2007
País Valor
%
2007/06 Part %

pliou e registrou 17,6% em 2007. Do lado da importação, o 1 1 Estados Unidos 25.065 2,2 15,6
2 2 Argentina 14.417 22,8 9,0
valor de 23,5% na participação das compras do país é o maior 3 3 China 10.749 27,9 6,7

registrado no comércio bilateral em anos recentes. 4 4 Países Baixos 8.841 53,8 5,5

5 5 Alemanha 7.211 26,7 4,5


10 6 Venezuela 4.724 32,5 2,9

Intercâmbio comercial entre Brasil e Uruguai – 2007 9 7 Itália 4.464 16,4 2,8
8 8 Japão 4.321 11,0 2,7
O intercâmbio bilateral entre Brasil e Uruguai acompanhou 7 9 Chile 4.264 9,0 2,7

31 29 Uruguai 1.288 27,2 0,8


a escalada do comércio exterior uruguaio nos últimos anos. A Fonte: MDIC/SECEX

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


partir de 2002, a corrente de comércio cresceu sussecivamen-
Ranking do Uruguai nas Importações Brasileiras
te e atingiu o maior valor histórico em 2007, quando totalizou 2007/2006 - US$ Milhões FOB

US$ 2,1 bilhões, total 27,2% superior ao de 2006. Ordem


2006 2007 País Valor
%
2007/06
Part %

As exportações brasileiras para o mercado uruguaio se 1 1 Estados Unidos 18.722 27,7 15,5
3 2 China 12.618 57,9 10,5
destacaram ao atingir o valor de US$ 1,3 bilhão no último 2 3 Argentina 10.410 29,3 8,6

ano, crescimento de 27,2% em relação a 2006. As compras 4 4 Alemanha 8.675 33,4 7,2
5 5 Nigéria 5.273 34,6 4,4
brasileiras de produtos peruanos também apresentaram bom 6 6 Japão 4.610 20,1 3,8
9 7 França 3.525 24,2 2,9
desempenho ao atingir a soma de US$ 786 milhões, com o
8 8 Chile 3.483 21,5 2,9

mesmo percentual de aumento das exportações. 7 9 Coréia do Sul 3.391 9,2 2,8

22 34 Uruguai 786 27,2 0,7


O superávit no comércio bilateral foi favorável ao brasil em
Fonte: MDIC/SECEX

US$ 502 milhões em 2007, montante superior ao alcançado


em 2006, de US$ 395 milhões.
O Uruguai foi o vigésimo nono maior destino das expor-
tações brasileiras, com participação de 0,8% na pauta total Exportações Brasileiras para o Uruguai por Fator Agregado
2007 - PARTICIPAÇÃO %
de 2007. Esta colocação é duas posições superior à ocupada
em 2006. Relativamente ao ranking de países de origem das Op. Especial
Básicos
2,1%
Manufaturados 6,4%
compras externas nacionais, o país perdeu 12 posições. Atu- 60,3% Básicos
Semimanufaturados
5,4%
29,6%
almente, o Uruguai ocupa a 34 posição entre os principais Manufaturados
Manufaturados
88,2%
54,9%
provedores de mercadorias ao Brasil, com uma participação Básicos
26,2%
de 0,7% no total da pauta.
A pauta brasileira de exportação para o Uruguai é majo-
ritáriamente composta por produtos manufaturados, 88,2%
Fonte: MDIC/SECEX

do total de 2007. A categoria de básicos respondeu por 6,4%


do montante e a de semimanufaturados, por 5,4%. O grupo
dos manufaturados apresentou crescimento de 30,4% no
Exportação Brasileira para o Uruguai por Fator Agregado
comparativo 2007/2006, de US$ 871 milhões em 2006, para 2007/2006 - US$ Milhões FOB

US$ 1,1 bilhão em 2007. Os básicos apresentaram aumento Variação % 2007/06: 1.136
Básicos: +21,9%
de 21,9% e totalizaram US$ 82 milhões em 2007, enquanto Semimanufaturados: -3,5%
871
Manufaturados: +30,4%
que os semimanufaturados se retraíram em 3,5%, para US$
69 milhões.
Os principais produtos exportados para o mercado uru-
guaio, em 2007, foram: óleos combustíveis (total de US$ 176 82 72
68 69
milhões e participação na pauta de 13,7%), autopeças (US$ 51
BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS
milhões, 4,0%), automóveis (US$ 50 milhões, 3,9%), políme-
2007 2006
ros plásticos (US$ 47 milhões, 3,7%), aparelhos transmissores Fonte: MDIC/SECEX

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 51


R e l a ç õ es B i l a t e r a i s

ou receptores (US$ 39 milhões, 3,0%), veículos de carga (US$


3,4 milhões, 2,6%), mate (US$ 31 milhões, 2,4%), tratores Principais Produtos Exportados pelo Brasil para o Uruguai
(US$ 29 milhões, 2,3%), pneumáticos (US$ 22 milhões, 2007 - US$ Milhões FOB

176
1,7%), produtos laminados planos de ferro ou aço (US$ 20 Óleos Combustíveis

Autopeças 51
milhões, 1,6%), máquinas e aparelhos para uso agrícola (US$ Automóveis 50

20 milhões, 1,6%) e móveis (US$ 19 milhões, 1,5%). Polímeros Plásticos 47

Apars. Trans./Receptores 39
Referente às importações brasileiras de produtos
Veículos de carga 34

uruguaios, 64,4% foram compostas por produtos manufatu- Mate 31

29
rados. Esta classe de produtos apresentou aumento de 18,1% Tratores

Pneumáticos 22
no comparativo 2007/2006 e totalizou US$ 507 milhões no Laminados Planos 20

último ano. Os produtos básicos responderam com 34,3% do Máqs. p/ Uso Agrícola 20

Móveis 19
total e somaram US$ 269 milhões ao crescerem em 47,0% Fonte: MDIC/SECEX

de 2006 para 2007. Os produtos semimanufaturados se ex-


pandiram em 68,5% no mesmo comparativo, para um total
Importações Brasileiras do Uruguai por Fator Agregado
de US$ 10 milhões, o que representou 1,3% da pauta total. 2007 - Participação %

Os principais produtos comprados pelo Brasil do


Uruguai, em 2007, foram: arroz em grãos (total de US$
123 milhões e participação de 15,6% na pauta), embalagens
Manufaturados
plásticas (US$ 86 milhões, 10,9%), malte (US$ 73 milhões e 64,4% Básicos
34,3%
9,3%), borracha em chapas e folhas (US$ 43 milhões, 5,5%),
carne bovina (US$ 34 milhões, 4,3%), misturas de substân-
Semimanufaturados
cias odoríficas para alimentos (US$ 31 milhões, 3,9%), trigo 1,3%

em grãos (US$ 29 milhões, 3,7%), sabões e produtos para Fonte: MDIC/SECEX

limpeza (US$ 28 milhões, 3,5%), tubos de ferro/aço (US$


17 milhões, 2,2%), carne de ovino (US$ 17 milhões, 2,2%),
cevada em grãos (US$ 16 milhões, 2,1%) e pescado (US$ 15
Importação Brasileira do Uruguai por Fator Agregado
milhões, 1,9%). 2007/2006 - US$ Milhões FOB

Ao se considerarem as unidades da federação que expor- Variação % 2007/06:


Básicos: +47,0%
507
taram para o Uruguai em 2007, destaca-se a participação do Semimanufaturados: +68,5%
Manufaturados: +18,1% 429

Estado de São Paulo, que foi responsável por US$ 443 milhões
269
em exportações para este mercado, representando 34,4%
183
da pauta total. Os demais principais estados brasileiros que
exportaram para o Uruguai foram: Rio Grande do Sul (US$ 10 6

353 milhões, participação de 27,4% no total), Paraná (US$ BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS

2007 2006
114 milhões, 11,2%), Santa Catarina (US$ 103 milhões, Fonte: MDIC/SECEX

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


8,0%), Rio de Janeiro (US$ 84 milhões, 6,5%), Minas Gerais
(US$ 50 milhões, 3,9%) e Bahia (US$ 40 milhões, 3,1%). As Principais Estados Brasileiros Importadores do Uruguai
2007 - Participação %
demais unidades da federação que realizaram vendas ao país
Demais; 7,9
respoderam por 5,5% do total e somaram US$ 71 milhões. Paraná; 3,6

Espírito Santo;
Já, do lado das importações, o Rio Grande do Sul foi 3,8 Rio Grande
Minas Gerais;
do Sul; 24,7
o estado que realizou o maior volume de compras de produtos 3,9

Mato Grosso do
uruguaios, soma de US$ 194 milhões e participação de 24,7% Sul; 5,1
São Paulo;
'
21,7
na pauta total. Em seguida, encontran-se entre os principais Amazonas; 5,1
Santa
Catarina;
19,1
estados: São Paulo (US$ 171 milhões, 21,7%), Santa Catarina
Rio de Janeiro;
5,2
(US$ 150 milhões, 19,1%), Rio de Janeiro (US$ 41 milhões,
5,2%), Amazonas (US$ 40 milhões, 5,1%), Mato Grosso do Fonte: MDIC/SECEX

Sul (US$ 40 milhões, 5,1%), Minas Gerais (US$ 31 milhões,


3,9%), Espírito Santo (US$ 30 milhões, 3,8%) e Paraná (US$
28 milhões, 3,6%). Principais Produtos Importados pelo Brasil do Uruguai
2007 - US$ Milhões FOB
No ano de 2007, 4.326 empresas brasileiras exportaram
Arroz 123
para o Uruguai. Este número significou um decréscimo de Embalagens Plásticas 86
Malte 73
0,3%, 11 empresas em termos absolutos, em relação ao Borracha em Chapas e Folhas 43

ano anterior, quando 4.337 empresas exportaram para este Carne Bovina 34
Misturas Odoríficas p/ Alimentos 31
mercado. O número de compradores nacionais de produtos Trigo 29
Sabões e Prods. de Limpeza 28
uruguaios aumentou, no comparativo 2007/2006, ao passar
Tubos de Ferro/Aço 17

de 1.230 para 1.321 empresas, aumento de 91 empresas ou Carne de Ovino 17


Cevada 16
7,4% a mais. Pescado 15
Fonte: MDIC/SECEX

Principais Estados Brasileiros Exportadores para o Uruguai


2007 - Participação %

Demais; 5,5
Bahia; 3,1
Minas Gerais; São
3,9
Paulo;
Rio de 34,4
Janeiro; 6,5
Santa
Catarina; 8,0
Rio Grande
Paraná; 11,2 do Sul;
27,4

Fonte: MDIC/SECEX

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 53


Curtas Curtas

Brasil e Uruguai derru- capacidade aeroportuária e chian, deve-se ao peso do


bam limite de vôos entre de tráfego aéreo. Atualmen- A economia do Uruguai turista estrangeiro no PIB
si te, são realizados 21 vôos expandiu-se em 13,1% no nacional e à necessidade de
semanais por empresas bra- primeiro semestre de 2008 driblar a crise económica
As ligações aéreas entre sileiras, Gol e TAM, e outros sobre igual período do ano mundial, que retirou muitos
Brasil e Uruguai, antes li- 21 vôos pela uruguaia Pluna. passado, impulsionada pela visitantes este ano, sobretu-
mitadas a 43 vôos semanais O aumento da capacidade produção de uma fábrica do brasileiros.
de ida e volta, agora são prevê a elevação da demanda de celulose, informou o Segundo o jornal La Na-
irrestritas, informou hoje a no futuro. Segundo a Anac, governo nesta sexta-feira. O ción, a decisão deve vingar
Agência Nacional de Aviação o Uruguai é o terceiro país Produto Interno Bruto (PIB) nos portos de Montevideu
Civil (Anac). Segundo o ór- da América do Sul que mais subiu 4,6% no segundo e Colónia e nos aeroportos
gão, esse foi o resultado da recebe passageiros vindos trimestre sobre o primeiro, de Punta del Este e Carras-
renegociação do acordo bi- do Brasil: foram 147 mil acrescentou o banco central co (Montevideu), onde por
lateral firmado com a auto- em 2007. do país. Para este ano, o go- exemplo se paga 31 dólares
ridade aeronáutica uruguaia. verno prevê um crescimento de taxas. As entradas ter-
Os vôos não regulares, como Economia uruguaia superior a 6,5%, apesar do restres estão excluídas do
os charter, também serão cresce 13,1% no 1º se- ministro da Economia ter plano. “A medida ajudará ao
ilimitados, bastando que haja mestre dito dias atrás que o país desenvolvimento e competi-
pode chegar a um cresci- tividade da região. Peço aos
mento maior que 8%. operadores turísticos muita
responsabilidade na fixação
Uruguai anuncia novo de preços”, frisou Kechi-
ministro da Economia chian ao jornal uruguaio.

O presidente do Uru- Petrobras está entre


guai, Tabaré Vázquez, anun- as dez empresas mais
ciou em agosto que o novo admiradas do país
ministro da Economia do
país será Alvaro Garcia, atual A revista Carta Capital
presidente da Corporação promoveu na noite do dia 20
Nacional de Desenvolvimen- de outubro, em São Paulo,
to. “Não haverá mudanças na a cerimônia de entrega do
gestão da política econômi- prêmio “As Empresas Mais
ca do país”, disse Vázquez Admiradas no Brasil”, que
durante entrevista coletiva. está em sua 11ª edição. O
Garcia vai substituir Danilo executivo Alexandre Quin-
Astori, que está no cargo tão, da área de Relaciona-
desde março de 2005. mento com Investidores
da Petrobras, recebeu os
Uruguai isenta turistas prêmios conquistados pela
de taxas Companhia em duas cate-
gorias: terceiro lugar no
O Governo do Uruguai ranking das “Dez Mais” e
quer isentar de taxas quem empresa reconhecida como
chegue ao país de barco ou a mais admirada em relação
avião no próximo Verão. ao compromisso com o país
A decisão anunciada pela e com a solidez financeira.
vice-ministra de Turismo A Petrobras Distribuidora
e Desporto, Liliam Kechi- também saiu vitoriosa na

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i


Curtas

categoria “Distribuidora de
Combustíveis” e foi repre-
sentada por seu presidente,
José Eduardo Dutra.
O evento contou com as
participações do presidente
da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, dos ministros
Fernando Haddad (Edu-
cação), Miguel João Jorge
Filho (Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exte-
rior), Patrus Ananias (De-
senvolvimento Social),Tarso
Genro (Justiça), Paulo Va-
nucchi (Secretaria Especial
de Direitos Humanos da
Presidência da República),
dos governadores Ana Júlia José Gabrielli, presidente da Petrobras: a empresa está entre as 10 mais admiradas do Brasil
Carepa (PA), Aécio Neves
(MG) e Jaques Wagner (BA), período de 2007 (US$ 620,2 tações no ano somaram US$ do Desenvolvimento, Indús-
além de representantes do milhões). 131,2 bilhões. tria e Comércio Exterior
empresariado brasileiro. De janeiro a se- Nos nove primeiros (MDIC) e a Receita Fede-
tembro, foram observadas meses de 2008, houve cres- ral, que divulgaram o novo
Cai superávit comer- exportações recordes, para cimento das importações sistema ontem, durante
cial nos nove primeiros período de nove meses, de de produtos em todas as entrevista coletiva realizada
meses de 2008 produtos das três catego- categorias em relação ao no MDIC.
rias: manufaturados (US$ mesmo período de 2007: O instrumento en-
De janeiro a setembro 70,233 bilhões), básicos combustíveis e lubrificantes tra em vigor a partir de 1º
de 2008 (189 dias úteis), o (US$ 55,940 bilhões) e (+78,2%), bens de capital de outubro, quando expor-
saldo comercial brasileiro semimanufaturados (US$ (+50,0%), bens de consu- tadores brasileiros poderão
somou US$ 19,656 bilhões 20,699 bilhões). Em relação mo (+47,0%) e matérias- pedir a suspensão de tributos
(média diária de US$ 104 aos primeiros nove meses de primas e intermediários federais – Imposto sobre
milhões). Pela média diária, 2007, as vendas internacio- (+46,5%). Produtos Industrializados
o superávit comercial ficou nais de básicos cresceram (IPI), Programa de Integra-
36,8% menor que o regis- 51,1%, as de semimanu- ção Social (PIS) e Contribui-
trado no mesmo período faturados 29,2%, e as de Drawback Verde-Ama- ção para o Financiamento da
do ano passado (US$ 164,6 manufaturados 13,6%. relo é regulamentado Seguridade Social (Cofins)
milhões). Na mesma compa- – para a compra de insumos
Nos nove primei- ração de períodos, obser- Foi publicada, no nacionais destinados a pro-
ros meses de 2008, foram vou-se um crescimento de dia 19 de setembro, a Porta- dução de bens exportáveis.
registradas exportações de 52,4% nas importações bra- ria Conjunta nº 1.460, de 18 Para usufruir do
US$ 150,868 bilhões, com sileiras que saíram de uma de setembro de 2008, que benefício, os exportadores
média diária de US$ 798,2 média diária de US$ 455,6 regulamenta o Drawback deverão fazer o pedido di-
milhões, um incremento de milhões nos primeiros nove Verde-Amarelo. A publica- retamente à Secretaria de
28,7% sobre o desempenho meses de 2007 para US$ ção saiu no Diário Oficial da Comércio Exterior (Secex)
médio diário dos embarques 694,2 milhões no mesmo União (DOU). O documen- do MDIC, conforme especi-
internacionais, no mesmo período de 2008. As impor- to é assinado pelo Ministério ficações que estarão contidas

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 55


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
MembrosVitalícios

Antônio Delfim Netto

Benedicto Fonseca Moreira

Bernardo Cabral

Carlos Geraldo Langoni

Ernane Galvêas

Giulite Coutinho

Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)


José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho


Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho


Paulo Pires do Rio
Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

56 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i

You might also like