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ANDERSON FRANZÃO
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Prof. Orientador Wagner Roberto Marquesi
Universidade Estadual de Londrina
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DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, e não podia ser diferente, agradeço a Deus, pois a Ele devo tudo e Nele me
fortaleço.
Como representantes de Deus, agradeço a meus pais, Leonidas e Helena. Meus guardiões e
sempre estimuladores do meu sucesso.
Ao meu ilustre orientador, Dr. Wagner Roberto Marquesi, que aceitou o encargo de me
orientar na confecção deste trabalho.
Ao Dr. Hideraldo José Real, que, por laços de amizade, continua a me ensinar a arte jurídica.
6
FRANZÂO, Anderson. Responsabilidade civil por fato alheio. Londrina: UEL, 2006. –
Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
ABSTRACT
The civil liability was born from life in society and from the human repudiation to the unjust
aggressions. Since the most primitive civilizations mechanisms had always existed to assuage
the damage of the offended or to comfort his spirit, even through revenge. And it was in this
context that the civil liability originated, evolving with the societies and creating diverse ways
so that the unjust aggression was repaired. The civil liability by alien fact happened when the
jurists. observed that not being able to indemnify the victim for the provoked, either due to
lack of patrimony or judgment, other strange person to this relation, but tied legally to the
direct agent of the damage would have to be responsible for this act. This responsibility in the
beginning was timid and of difficult application, once that the victim had to prove not only
the guilt of the direct agent, but also of and the third responsible one, demonstrating that it
concurred for the event. However, the Brazilian legislator of 2002, after listing the third
responsible ones in the article 932 of the Civil Code (whoever are the parents, by the minor
children who are under their authority and in their company; the guardian and the curator, by
the ward and the dependent ones, that are under the same conditions; the employer or
commissioner, by their employees, servants and agent in the performance of the work
conferred to them, or in the reason of it; the owners of hotels, inns, houses or establishments
where there is shelter for money, even for education ends, for their guests, inhabitants and
pupils and; the ones that gratuitously have participated in the products of the crime, until the
contributory amount), in regard to the yearnings of the society, it was instituted in article 933
the objective responsibility of these people, it is worth saying, occurred the damage and this
caused by the guilt of the direct agent, the responsible ones are obliged to indemnify
independently of guilt.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9
2 EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL...........................12
3 RESPONSANBILIDADE CIVIL POR FATO DE TERCEIRO..................................19
3.1 REGIME JURÍDICO DE 1916................................................................................................................................19
3.2 REGIME JURÍDICO ATUAL...................................................................................................................................24
4 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.......................................................................28
5 RESPONSABILIDADE DOS PAIS PELOS FILHOS..............................................31
8
1 INTRODUÇÃO
ciência do Direito, com mais acerto ainda se pode afirmar que o instituto da
trabalho tem por escopo abordar a origem do instituto, sua construção jurídica
por fato de outrem, cujo desenvolvimento está intimamente ligado à evolução social,
olho, dente por dente –, esta vingança tornou-se exclusivamente particular, ou seja,
1
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983. v. 1, p. 23.
10
apenas a vítima tinha direito de exigir do agente ofensor uma compensação pelo mal
que havia cometido, a qual, nos moldes dessa legislação, consistia numa outra
possível analisar o instituto por sua profundidade ou densidade e também por sua
2
MONTEIRO, Washington de Barros, p. 449
3
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: Responsabilidade civil. 18.ed. São Paulo: Saraiva,
2004. v. 7, p. 40.
11
prejuízos causados a terceiros. Ainda, esta reparação deve ser feita da forma mais
dos danos causados por terceiros as pessoas indicadas no artigo 932 do Código
Civil: I) os pais, pelos filhos menores que estiverem em sua companhia; II) o tutor e o
curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III) o
quantia .
porque estas pessoas são obrigadas a reparar os danos cometidos não por si, mas
bem como sua evolução em comparação com o Código Civil de 1916, cujo
repelir todo injusto contra semelhante seu, foi imperioso a criação de medidas que
mais e mais complexas as relações sociais, com interpretação cada vez mais
profunda dos círculos de atividade jurídica de cada um. Foi então inevitável o atrito
em cada tempo.
cujo marco não se tem preciso, mas sabendo tratar-se de período mais remoto, a
4
DIAS, op.cit., p. 19.
5
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense. 1993. p. 01
13
vingança privada, cujo fundamento buscou na Lei de Talião: olho por olho, dente por
dente/quem com ferro fere, com ferro será ferido. Atente-se que mesmo pensamento
mas sim provocava dupla lesão e, por conseguinte, não restabelecia a harmonia
legal, onde a reparação do dano era feito em pecúnia ou um outro bem, denominado
passou a se interessar não somente pelas infrações dirigidas contra si, mas também
reservada aos ataques dirigidos diretamente contra ela, para a justiça distributiva. A
mudança ocorreu por que o Estado compreendeu que certas lesões irrogadas ao
14
responsabilidade penal.
os pilares da reparação do dano, trata-se da Lex Aquilia, de data incerta, mas que se
prende aos tempos da República (final do século III, ou início do século IV a.C).
obrigacional preexistente.7
6
DIAS, op.cit., p. 20.
7
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade civil. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 22.
15
especificamente pelas mãos de dois civilistas de maior peso, Pothier e Domat, este
último, jurista francês, foi responsável pelo princípio geral da responsabilidade civil,
consagrado em sua obra “Los civiles, Liv. VIII, Seção II, art. 1º”. Assim, foi pelo
direito francês, e com ajuda da extraordinária tarefa de seus tribunais, que pouco a
artigos 1.382 e 1.383. Daí em diante, a responsabilidade civil fundada na culpa foi a
assinala Caio Mario Pereira9, pode ser estudado em três etapas distintas: no período
8
DIAS, op.cit., p. 34.
9
PEREIRA, op.cit, p. 6
16
tanto que o artigo 2º da chamada Lei da Boa Razão (lei de 18 de agosto de 1769),
liquidação do dano.
francês, não se esquivou o Código Civil de 1916, que dedicou poucos dispositivos à
responsabilidade civil, consignando nos artigos 159 e 160, a regra geral da culpa
por atos ilícitos e à liquidação das obrigações resultantes de atos ilícitos” (artigos
1.518 a 1.553).
necessário para a reparação do dano. Calha realçar que dentro desta concepção, a
século, mais exatamente por oitenta e seis anos, sendo substituído, por inteiro, pelo
Silva Pereira, o qual foi convertido em Projeto de Lei em 1975, quando o Presidente
da República criou a Comissão composta por Miguel Reale, José Carlos Moreira
10
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 17.
11
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2004. p. 106.
18
podendo dizer que tenha ganhado roupagem completamente nova, com abandono
da estrutura do Código revogado. A maior parte dos preceitos ali contidos foi
mantida, alguns apenas com alterações de redações, sem modificar sua substância
ou filosofia. 12
regra geral da responsabilidade civil extracontratual foi inserida no artigo 927, caput:
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo”.
a 21) e; adoção da teoria do abuso de direito, a qual caracteriza o abuso como ato
12
STOCO, op. cit., p. 114.
19
tanto culpa in vigilando, quanto culpa in eligendo dos responsáveis, como no caso
dos donos de hotéis e hospedarias, já que ao mesmo tempo em que devem vigiar os
negligência.
responsabilidade das pessoas elencadas nos incisos do referido artigo, exigiu para a
1916 fugiu das direções apontadas pelo mais que centenário Código Civil francês, e
13
DINIZ, op.cit.,p. 511.
14
GONÇALVES, op.cit., p. 98.
21
Beviláqua.
Esta prova deverá incumbir aos responsáveis, por isso que há contra eles
presunção legal de culpa; mas o Código, modificando a redação dos
projetos, impôs o ônus da prova ao prejudicado. Essa inversão é devida à
redação do Senado.15
lesado cobrar a indenização do agente direto do dano, cujo patrimônio nem sempre
a culpa dos agentes diretos também devia ser demonstrada, já que não se pode
aceitar que qualquer pessoa seja responsável por alguma indenização quando o
dano ocorreu sem culpa sua, como por exemplo, em caso de culpa exclusiva da
vítima. Assim, se o agente direto nada fez, seu respectivo responsável nada tem a
reparar.
15
BEVILAQUA, Clóvis apud GONÇALVES, op.cit., p. 98.
22
indireta.16
que o ônus da prova deixado ao que sofreu o dano constituía a doutrina desejada
de Barros chegou a sustentar que considerava não escrito o disposto no art. 1.523,
afirmando que nos casos entre patrão e empregador, não mais cabia ao ofendido
16
PEREIRA, op.cit.,p. 88.
17
DE MIRANDA, Pontes apud GONÇALVES, op.cit.,p. 98.
18
MONTEIRO, op.cit., p. 395.
23
encerra uma presunção relativa de culpa, que pode ser vencida pela prova
em contrário produzida por aquele cuja culpa é presumida. (...) a vítima não
precisa provar que houve culpa in vigilando. A lei presume. Basta, portanto,
que o ofendido prove a relação de subordinação entre o agente direto e a
pessoa incumbida legalmente de exercer sobre ele a vigilância, e que prove
ter ele agido de modo culposo, para que fique estabelecida a presunção
juris tantum de culpa in vigilando.19
(presunção juris tantum), a vítima não mais precisava provar que o este agiu com
direto e que este estava sob direção do seu responsável. O responsável legal, por
sua vez, podia elidir-se do dever de indenização se conseguisse provar que havia
tomado todas as diligências necessárias para que o evento danoso não tivesse
ocorrido.
que, principalmente nos casos entre patrão e empregado, aquele podia facilmente
prepostos.
de outrem era o seguinte: nas hipóteses dos incisos I, II e IV, existia presunção juris
tantum, ou seja, relativa; por sua vez, no caso do inciso III, a presunção da culpa era
responsáveis indiretos previsto no Código anterior, foi mantido, com apenas algumas
que o próprio causador do dano responda pela reparação do prejuízo. Tal dever de
responsabilidade direta.
Código Civil). Assim, por considerar o incapaz como inimputável, inexiste nexo de
causalidade entre sua conduta e o dano por si provocado, não podendo, destarte,
obstante ser imputável e possuir responsabilidade de seus atos, pode ocorrer de não
responsabilidade civil por fato de terceiro, ou, conforme denomina Caio Mário da
reparação do dano terceira pessoa que possui alguma relação jurídica com o autor
arbitrária. A vítima não pode escolher ao seu exclusivo alvedrio uma pessoa
20
VENOSA, op.cit., p. 26.
21
PEREIRA, op.cit.,p. 85
26
qualquer para ressarcir seu prejuízo, devendo invocar apenas as pessoas que
expressamente forem elencadas na lei, por ser um rol taxativo. Segundo o atual
Civil, a saber:
dano.
empregados em troca de lucro na sua atividade, que sejam ambos responsáveis por
22
GONÇALVES, op.cit.,p. 107.
28
4 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
obrigado a reparar o dano aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
sistema admitiu que pessoas não diretamente relacionadas ao evento danoso, mas
ligadas por uma relação jurídica com os agentes causadores da lesão, fossem
Civil. Ainda, a solidariedade passiva está expressa no parágrafo único do artigo 942
artigo 932, isto é, os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
a concorrente quantia.
lesado pode acionar tanto o agente direto do dano, quanto o agente indireto
único escopo, qual seja, possibilitar a reparação do dano de forma mais completa
possível.
concedendo à vítima o direito em escolher quem deve reparar o dano; bem como
24
STOCO, op.cit., p. 773.
30
seu responsável não o fizer, ou não puder, de forma eqüitativa e não o privando do
Silva, para a qual, após desenvolver excelente estudo sobre o assunto, aduziu existir
subsidiária do incapaz, com o artigo 942 também do Código Civil, que instituiu a
responsabilidade solidária.
O caput deste dispositivo está em conflito com o art. 942, que estabeleceu a
responsabilidade solidária dos incapazes e das pessoas designadas no art.
932, ou seja, dos pais e dos filhos incapazes, do tutor e do tutelado, do
curador e do curatelado. Deve-se ter em vista que o princípio da reparação
plena, antes de analisado, de modo que os incapazes devem ser
solidariamente responsáveis, como estabelece o art. 942, sem que a
responsabilidade patrimonial seja hierarquizada nestes casos.25
prática de um ilícito.
25
DA SILVA, Regina Beatriz Tavares. Novo Código Civil Comentado. Coord. Ricardo Fiúza. São
Paulo: Saraiva, 2002. p. 281.
31
culpa concorrente dos pais no ato ilícito cometido pelo filho menor. Essa culpa
12 de outubro de 1927 estabeleceu no artigo 68, § 4º, que era responsável o pai, ou
não houve culpa ou negligência. Diante disso, enquanto no regime do Código Civil
os pais só eram responsáveis pelos filhos menores que estivessem em seu poder e
em sua companhia (artigo 1.521, I), e somente provando-se que haviam eles
concorrido para o dano por culpa própria (artigo 1.523), o Código de Menores de
26
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Responsabilidade. São Paulo: Saraiva, 2002. v. 4, p. 68.
32
6.697, de 10 de outubro de 1979. Este novel, por força de seu último artigo, revogou
inteiramente o anterior, inclusive, a regra contida no artigo 68, § 4º, criando com isso,
se saber se a lei que revoga a lei revogadora de outra lei restaura automaticamente
Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 2º, § 3º: “salvo disposição em contrário, a lei
revogada não restaura por ter a lei revogadora perdido vigência”27. Destarte, a
revogação expressa do Código de Menores de 1927 pelo novo (Lei n° 6.647/79) não
legislação se apoiar, já que não houve repristinação da lei e o único texto a reger a
responsabilidade dos pais por atos dos filhos era a regra do artigo 1.521, inciso I, do
sempre responderiam pelos danos causados culposamente por seus filhos menores
Examinando-se o dispositivo, agora que vige sem a restrição que era sua
irmã gêmea (prova de culpa do pai a ser produzida pela vítima), nota-se que
a Revogação do Código de Menores de 1927 ampliou consideravelmente a
responsabilidade dos pais, pois lhes tirou a válvula de escape, representada
pela possibilidade de ilidir sua responsabilidade, provando que não houve
culpa ou negligência de sua parte. Sua responsabilidade, dada certas
circunstâncias, é objetiva, pois não mais existe a presunção de culpa,
consignada no Código de Menores de 1927.
27
PEREIRA, op.cit.,p. 27.
33
culpa dos pais (presunção juris tantum), agindo com rigorismo para aceitação da
obrigação de indenizar.
presumia-se a culpa dos pais: a) quando o filho menor de 18 (dezoito) anos, não
nobre jurista afirmou que neste caso em especial, tendo em vista que o próprio
Estado considerou o menor apto para conduzir veículos automotores, não subsiste
nenhuma responsabilidade dos pais. Pede-se vênia para transcrever trecho de suas
argumentações:
Se, por lei, o menor com a idade mínima de 18 anos já pode ser
considerado em condições técnicas de dirigir veículos, uma vez aprovado
ou habilitado pelo próprio Estado, por que haveria ele, nessa situação, de
ter sua responsabilidade civil automobilística regida por um princípio
superado, em solidariedade com a de seu representante legal, quando o
próprio Estado já o considerou apto e desimpedido para o exercício de uma
atividade técnica para a qual o pai ou tutor do dito impúbere nem sempre
teria condições de fato de vigilância e controle? Paralelamente a isso não
seria estranho que o impúbere de 18 anos, motorista habilitado, já em idade
de ser penalmente responsabilizável, com, aptidão para votar, casar,
emancipar-se e trabalhar desimpedidamente, ainda viesse a carrear a
responsabilidade solidária de seu representante legal pelos atos de seu
ofício técnico de motorista, para o qual foi reconhecido credenciado e
capacitado pelo próprio Estado?30
rigorismo dos tribunais em se aceitar prova de não-culpa dos pais, observando que
os juízes, ao analisarem esse tipo de caso, devem se atentar para os fatos da vida
moderna, onde cada vez menos os pais são os únicos responsáveis pela educação
dos filhos:
30
DA SILVA, Wilson de Melo. Responsabilidade civil automobilística. São Paulo: Saraiva, 1980.
p.155.
31
DE AZEVEDO, Antonio Junqueira. Responsabilidade civil dos pais, in Responsabilidade civil –
Doutrina e jurisprudência, coordenação de Yussef S. Cahali, Saraiva.
35
Por sua vez, Aguiar Dias32, após afirmar que a vigilância paterna, é
adolescentes.
dos pais pelos atos ilícitos de seus filhos menores continuou a ser presumida, na
ilícitos praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
32
DIAS, op.cit., p. 515.
36
intimamente com o exercício do poder familiar34. Soudart, citado por Rui Stoco,
também demonstra com precisão que o poder familiar inspira essa responsabilidade
dos pais:
O dever de reparar dos pais pelos atos ilícitos causados pelos seus
filhos menores está previsto no artigo 932, inciso I, do atual Código Civil. O antigo
novel utilizava-se da expressão “poder”, a qual foi substituída por “autoridade”. Com
efeito, não muda o sentido da dicção legal anterior, apenas lhe dá maior
próximos fisicamente, mas sob seu mando diretivo, ou melhor, sob seu poder
familiar.
evento.
risco, fundamentada na alegação de que se o pai arrisca ter filhos em troca de uma
33
RODRIGUES, op. cit., p. 64
34
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10.ed. Rio de janeiro: Forense, 1995. v. 2, p. 512.
35
SOUDART, August apud STOCO, op.cit., p. 909.
37
empregados em troca de lucro na sua atividade, que sejam ambos responsáveis por
Mas como assinala Maria Helena Diniz, para que exista este dever
36
DINIZ, op.cit., p. 513.
38
artigo 932, limitar a responsabilidade dos pais apenas quanto aos filhos menores, o
art. 5º, caput, do mesmo novel não deixa dúvidas: “A menoridade cessa aos 18
(dezoito) anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos
da vida civil”; principalmente a responder pelos seus atos ilícitos. A partir de então,
Insta advertir que quanto aos filhos maiores, mesmo os que moram
juntamente com os pais, por serem senhores de si mesmos, respondem pelos seus
atos ilícitos, ou seja, os pais não mais têm responsabilidade por eles. Sobre o
mas sim por culpa própria, consistente na omissão do dever de vigilância. Em outras
37
DIAS, op.cit., p. 515.
39
Por sua vez, a conduta culposa do relativamente incapaz gera uma responsabilidade
indireto e também contra o responsável direto do dano, ou seja, sendo o filho menor
púbere, a vítima poderá acionar tanto o pai, quanto o filho (litisconsórcio passivo);
autoridade e companhia dos pais – o que a piori parece ser claro e preciso, em
38
LIMA, Alvino. A responsabilidade civil por fato de outrem. Forense: Rio de Janeiro, 1973. p. 41.
39
GONÇALVES, op.cit., p. 107.
40
de educar e vigiar seus filhos menores, porém, se por decisão judicial tiver sido
cassado ou suspenso esse poder familiar, deixando o pai ou mãe de ter autoridade
sobre o filho; bem como ordenado que o filho viva na companhia de apenas um
reparar o dano que o filho causou. Está é, portanto, uma justificativa que
filho, mas algum ilícito este comete quando esteja em exclusiva companhia do pai no
dever de indenizar? A mãe que detém a guarda judicial, ou o pai que detém apenas
a companhia?
40
VENOSA, op.cit., p. 74
41
de que o pai não se pode furtar voluntariamente dos efeitos da lei, ou seja, não pode
educandário, por força do artigo 932, IV, do Código Civil; se o menor é empregado
Federal, não se pode mais fazer distinção em face dos filhos naturais, portanto,
41
VALLER, Wladimir apud STOCO, op.cit., p. 910.
42
DEMOGUE, René apud PEREIRA, op.cit., p. 90.
42
menor de 18 (dezoito) anos total capacidade para o exercício dos direitos civis,
sendo que a partir de então, o sistema reconhece aquela pessoa como senhor de
invalida-se um ato jurídico perfeito e acabado (a emancipação), sem que nele exista
assevera:
Mais estranhável ainda é a opinião de que o pai responde pelos atos ilícitos
do filho emancipado. Para todos os efeitos, a emancipação equivale à
maioridade. É apenas o processo de antecipá-la. Não é possível, assim
sustentar que persiste a responsabilidade do pai. Até porque, tal opinião
esbarra com um obstáculo intransponível que é a lei. Segundo o disposto no
art. 1.521, I, o pai responde pelo filho menor que estiver sob o seu poder e a
emancipação é, precisamente, a libertação antecipada desse poder.43
43
GOMES, op.cit., p. 347-8.
44
STOCO, op.cit., p. 910.
43
tácita, com a verificação das hipóteses dos incisos II a V do artigo 5º do Código Civil
subsiste, pois que a vontade particular não pode sobrepor a vontade legal, ainda
prejuízos causados culposamente pelos seus filhos menores quando: os filhos forem
responsável. Tal preceito foi preconizado no artigo 1.521, inciso II, e no artigo 1.523,
vigilando.
de Menores de 1927 tornou presumida a culpa do tutor pelo ato danoso do pupilo,
fazendo isso através do artigo 68, § 4º: “são responsáveis o pai, ou a pessoa a
quem incumbe legalmente a vigilância do filho, salvo se provar que não houve
culpa ou negligência” (grifo nosso). Ainda, tal regra abrangia não só os tutores, mas
irregular.45
45
RODRIGUES. op.cit., p. 72.
45
norma jurídica e que esta lhe causou um dano. Por sua vez, o tutor tinha a
não-culpa dos tutores deveria ser analisada com menos rigor que a dos pais, pois
que tutor e curador exercem função social, que muitas vezes não é remunerado,
assim, nada mais justo do que ser menos severo com eles.
aplicáveis.
artigo 1.523 do Código Civil, e não pelo Código de Menores, que apenas se refere a
incapaz menor. Assim, a vítima deveria provar a culpa do agente direto, bem como
de seu responsável.
acharem nas mesmas condições dos filhos menores em relação aos pais. Essa é a
decaem do poder familiar (artigo 1.728 do Código Civil). É uma condição temporária,
pois que perdura enquanto o incapaz menor não atinge a sua maioridade. Assim,
Por sua vez, estão sujeitos à curatela: aqueles que, por enfermidade
civil; aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
independente de suas culpas. Ainda, o caput do artigo 942 prevê que os bens dos
si, pesado encargo ou múnus público, pois aquele que aceita ser tutor ou curador de
veja com mais benignidade do que em relação à responsabilidade dos pais pelos
filhos menores.
maior incapaz.
tutores segue em tudo os princípios que regulam a responsabilidade dos pais, uma
vez que ocupam o lugar destes, entende ser justo analisar com mais benignidade
essa responsabilidade:
46
RODRIGUES, op,cit., p.71.
47
DIAS, op.cit., p. 519.
48
provar a culpa do incapaz. Acaso essa conduta seja incensurável, inexistirá o dever
48
GONÇALVES, op.cit., p. 106.
49
acentue a guinada de posição tomada pelo vigente Código, o qual aumentou ainda
responsabilização civil.
espécies.
quais deverão reparar o dano quando as pessoas que forem seus responsáveis não
contraiu matrimônio, não esteja sob o poder familiar, ou qualquer outro motivo
escorado em lei, ou; ainda, não disponha de meios suficientes para cumprir a
obrigação.
50
indenização a ser suportada pelo incapaz será eqüitativa e só terá lugar se não o
responsabilidade primária dos pais, tutores e curadores, por atos ilícitos dos filhos
fundamental que o incapaz disponha desses meios e que eles não lhe façam falta,
49
VENOSA, op.cit., p. 75.
51
se-ia dizer que o Código dava com uma das mãos e retirava com a outra.
não escrito o artigo 1.523 (Washington de Barros); outra corrente, ainda, adotava a
conseqüência de sua própria culpa (Aguiar Dias); por fim, Serpa Lopes imaginou
uma espécie de obrigação de segurança perante quem quer sofre prejuízo por fato
50
PEREIRA, op.cit., p. 94.
52
a da presunção de culpa do patrão. Por essa teoria, bastava a vítima provar que o
evitar o evento danoso. Tal presunção, portanto, era juris tantum. Como exemplos de
tarefas etc.
Porém, essa teoria ainda não era suficiente, na maioria das vezes a
provando o patrão que escolheu bem seu preposto, bem como realizava a devida
dano para terceiro. Assim, se tal dano advier, por ele devem responder
vale dizer, o patrão não mais se eximia da responsabilidade ao provar que tomou
certamente o patrão agiu com culpa in vigilando ou culpa in eligendo. Assim, o dano
culposo causado por empregado no exercício de seu trabalho, ou por ocasião deste,
empregado ou comitente”.
empregados, serviçais e prepostos, está prevista no artigo 932, inciso III do Código
Civil. Assim, toda vez que o empregado, serviçal ou preposto causar dano
51
WALD, Arnoldo. Obrigações e contratos. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 397.
52
PEREIRA, op.cit., 96.
54
em seu artigo 1.521, III adotava a expressão “patrão”, agora substituída por
labor ou alcançar um lucro. Desse modo, o patrão cria um risco de que o empregado
cause dano a outrem, sendo, portanto, extremamente justo que responda pelo dano
que seu empregado, culposamente, cometeu, mesmo que para tal prejuízo não haja
53
RODRIGUES, op.cit., p. 72.
55
outra de comprar, vender ou praticar qualquer ato, sob suas ordens e por sua conta,
perante terceiros com quem contrata, o mandante não lhe será responsável.
interesses daquele.56
54
E SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, v. 1, p. 467.
55
STOCO, op.cit., p. 921.
56
GONÇALVES, op.cit., p. 120.
56
dependente, isto é, daquele que recebe ordens, sob poder ou direção de outrem,
diversamente do que ocorre com os filhos, em relação aos pais, que se define como
subordinação legal.
duradouro.
intermediárias nas quais surge a idéia de poder diretivo. Adverte-se que não é
necessário que essa relação tenha caráter oneroso. A responsabilidade surge, como
57
DIAS, op.cit., p. 520.
58
STOCO, op.cit., p. 921
57
não foram dadas a ele as instruções devidas, culpa in instruendo, ou porque não
delegado.
subordinação, o qual, nas palavras de Arnoldo Wald, deve ser entendido como
59
CAVALHIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 2.ed. São Paulo: Malheiros,
2000. p. 118.
60
CHAVES, Antonio. Tratado de direito civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1985. v. 3, p.
97.
61
STOCO, op.cit., p. 923.
58
“relação funcional”, sendo preposto todo indivíduo que pratica atos materiais por
bem como indicar seu elemento essencial (vínculo de subordinação), exclui do rol de
fato de outrem baseada no inciso III do artigo 932, é por demais abrangente. Basta
empregado é essencial (deve-se entender culpa em seu sentido amplo). A lei civil
62
WALD, op. cit., p. 380.
63
DIAS, op.cit., p. 521.
64
RODRIGUES, op.cit., p. 73.
59
seu empregado não teve culpa alguma. Neste caso, nem o empregado, nem seu
impondo ao empregador responder por ato de seu empregado que a lei considera
legítimo ou justificado.
65
STOCO, op.cit., p. 907.
60
ou comitente.
dependente, isto é, daquele que recebe ordens, sob poder ou direção de outrem,
reparos.
66
DIAS, op.cit., p. n° 520.
67
GONÇALVES, op.cit., p. 125.
61
ato realmente verificou-se fora do serviço, isto é sem conexão nem de tempo, nem
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele” constante do artigo 932,
comitente.
Haja ou não abuso de função, o que importa é que o ato, culposo ou doloso,
seja cometido no exercício da função ou por ocasião dela, para que fique
determinada a responsabilidade indireta pela reparação civil. 71
Por sua vez, Wilson Melo da Silva, citado por Rui Stoco, assenta que
prestador para que nasça a obrigação do primeiro por ato ilícito praticado pelo
segundo.
72
DA SILVA, Wilson Melo apud STOCO, op.cit. p. 924.
63
Nos casos em que a atuação do suposto preposto, ainda que fora do horário
ou do local de trabalho, faz supor que agiu por força de ordem, comando ou
orientação do empregador ou tomador de serviços, deve-se orientar no
sentido de que incumbirá a este demonstrar a inexistência de preposição,
pois o próprio art. 932 estabeleceu presunção absoluta de responsabilidade
do empregador ou comitente por ato de seus empregados, serviçais e
prepostos, tornando-a objetiva.73
subordinação com o responsável, bem como que sua conduta tenha sido realizada
empregador ou comitente.
73
STOCO, op.cit., p. 923.
74
GONÇALVES, op.cit., p. 124.
64
estábulo responder pelos danos e furtos praticados por seus prepostos quanto aos
responsabilidade dos donos de hotéis e similares começou por ser subjetiva, a teor
do disposto no artigo 1.521, IV c/c artigo 1.523. Em seguida, por força do trabalho
contrário.
exemplo, regras de conduta dos hóspedes em face dos demais), bem como na falta
75
ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983. v. 2, p. 233.
65
depósito necessário.
podiam ser evitados ou que ocorreram por força maior (artigo 1.285, incisos I e II,
armada. Entretanto, é certo que em cada caso concreto, o juiz analisava se o hotel
pois que, em seu artigo 14, § 3º, não incluiu o caso fortuito e a força maior no rol das
voga, pois que o referido estatuto foi preciso ao classificar os hoteleiros e donos de
serviço, nos termos do artigo 22) como prestadores de serviço e, portanto, tais
prova da lesão, bem como o nexo causal, são, de maneira irrefragável, obrigados a
moderna, também não incluiu no artigo 650, a força maior ou caso fortuito como
se albergue por dinheiro são responsáveis pelos danos causados pelos seus
empreendimento.
deve ser comprovada, pois que objetiva é apenas a culpa do hospedeiro para com o
76
ALVES, op. cit., p. 233.
67
similar:
ressalta-se que o disposto tem pouca utilidade prática. Conforme explana Silvio
Rodrigues, seria difícil imaginar a empresa Hilton ser responsabilizada pelo dano
causado a terceiro, atropelado por um seu hóspede, ou por ferido em uma briga
ocorrida na vizinhança.78
que as bagagens que estes trazem consigo lhe serão devolvidas intactas.
são e salvo no lugar do seu destino, como também ela se estende às bagagens
77
DIAS, op.cit., p. 530.
78
RODRIGUES, op.cit., p.80.
68
se livremente negociadas.80
79
DIAS, op.cit., p. 530.
80
VENOSA, op.cit., p. 80.
69
pois que estas não conseguiam provar a falha na vigilância do educador, para com
os educandos.
educador.
remuneração, têm sob sua direção pessoas para serem educadas, são responsáveis
objetivamente pelos danos causados por estas a terceiros e a outros alunos. Esta é
Para Alvino Lima, existe com relação aos professores a mesma idéia
ensino e mestres), não está mais fundada na culpa in vigilando, e sim no risco que
estes assumiram com o exercício dessa atividade profissional, bem como por
81
PEREIRA, op.cit., p. 98.
82
LIMA, Alvino, Culpa e Risco. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 347.
71
instituição de ensino ao recolher ou internar pessoa para instruir.83 Assim, para que
ensino.
Gonçalves, que “não se compreende que se albergue alguém para lhe propiciar ou
permitir o dano, através de terceiro,”, acrescendo ser “indubitável que lhe incumbe
caso concreto, até que ponto interveio a colaboração do dono da casa no fato
nenhuma se poderia julgar o aluno goze desse favor a descoberto da garantia que o
83
PEREIRA, op.cit., p. 98.
84
DIAS, José de Aguiar apud GONÇALVES, op.cit., p. 130.
85
PEREIRA, op.cit., p. 98.
72
IV (atual artigo 932, IV) somente tem aplicação aos diretores de colégios de
“internato”, por atos praticados por estudantes ali internos que, escapando à
por sua iniciativa e responsabilidade, continuará responsável pelos atos dos alunos
86
RODRIGUES, op.cit., p. 79.
87
DIAS, op.cit., p. 529.
73
artigo 932, IV, entendendo ser aplicável a responsabilidade também aos clubes
Gonçalves, assevera:
superior, pois os educandos são maiores de idade e senhores de seus próprios atos.
Diniz:
Mas não alcançará o professor universitário, porque ele não tem o dever de
vigilância sobre os estudantes, que, por serem, maiores, não precisam ser
vigiados, sendo senhores de seus atos e de seus direitos, tendo plena
responsabilidade pelo que fizerem e pelos danos que causarem. Logo, não
se poderá impor a responsabilidade objetiva do professor de ensino superior
por ato lesivo de aluno, nem mesmo por acidente ocorrido durante trabalho
por ele presidido.90
88
VENOSA, op.cit., p. 82.
89
DEMOGUE, René apud GONÇALVES, op.cit., p. 133.
90
DINIZ, op.cit., p. 525.
74
dano cometido pelo seu subordinado por ter assumido todos os risco de sua
atividade (ser pai, ser tutor ou curador, ser patrão ou comitente, e ser dono de hotel
ou de instituição de ensino).
responsável pelo ato ilícito quando o aluno é maior, já que este não precisa ser
vigiado. A responsabilidade não diz respeito à culpa, mas sim ao risco criado ao
distinção entre aluno maior e aluno menor de idade. Portanto, onde o legislador não
91
VENOSA, op.cit.,. 84.
75
diretriz. Ainda que, por hipótese, se entendesse que o Código Civil não
permite alargamento, os princípios do Código de Defesa do Consumidor
não deixam a menor margem de dúvidas. Os que defendem a idéia de que
os educando maiores e capazes estão fora do sistema protetivo da
responsabilidade dos educadores se prendem à premissas hoje superadas
no campo da responsabilidade civil, mormente, mas não unicamente, após
o Código de Defesa do Consumidor. Não se trata mais de imputar dever de
vigilância ao professor universitário, como sustenta a maioria da doutrina
(GONÇALVES:2002, que lastreia sua opinião em inúmeros doutos autores),
mas sim de atribuir um dever de segurança aos estabelecimentos de
ensino, não importando o nível, da pré-escola ao ensino superior. Trata-se
da teoria do risco em última análise que foi adotada pelo Código Civil de
2002, em prol da amplitude de reparação mantida pela doutrina tradicional e
repetida, sem maiores meditações, por autores mais contemporâneos, no
arts. 932, IV, e 933. Desse modo, não há distinção ontológica entre um
menor de 17 anos ou um maior de 18 anos que agride e ocasiona danos a
alguém que visita, transita ou se aproxima do estabelecimento de ensino do
agressor, seja este de nível médio ou de nível superior.
Consumidor, aliado aos princípios introduzidos pelo Código Civil de 2002, alarga-se
quantia”.
Romano (conditio indebiti), que concedia ação aos que tivessem obtido vantagem
responsabilidade são: a) que o dano seja causado por um crime; b) que alguém se
tenha beneficiado com seu produto, embora não tenha tido conivência com o
mesmo. A vítima terá direito à restituição, até a concorrência da quantia de que foi
prejudicada.94
difere-se do que se cogita no artigo 942 do Código Civil, o qual cogita da co-autoria
92
DIAS, op.cit., p 530.
93
VENOSA, op.cit., p. 85.
94
PEREIRA, op.cit., p. 99.
77
A nós parece que a disposição está mal colocada no art. 932 do Código
Civil, pois aquele que se beneficia, direta ou indiretamente, do produto ou
resultado econômico de crime perpetrado por outrem, ou será conivente e
considerar-se-á co-autor ou partícipe, ou receptador, de acordo com a
questão fática. Em qualquer dessas hipóteses, não obteve os bens
licitamente, que se convertem em res furtiva e devem ser apreendidos e
devolvidos ao verdadeiro proprietário.95
Por fim, convém salientar que no caso dos bens serem obtidos por
indagando do beneficiário.
95
STOCO, op.cit., p. 930.
78
12 AÇÃO DE REGRESSO
Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou. Trata-se da regra contida no artigo 934 do
Código Civil. Em outras palavras, significa que o responsável indireto que reparou o
por outrem, caracterizado pela ação in rem verso, é de justiça manifesta e uma
fato de outrem.
família”.97
o filho, quando este for absolutamente incapaz, o fato do pai responder por culpa
excepcional.101
Por fim, insta salientar que, Pontes de Miranda, citado por Aguiar
Dias, aduz que não obstante a inexistência de ação de regresso do pai em face do
respectivamente), infere-se ser possível levar à colação o montante pago pelo pai
ressarcimento desse valor. Em segundo lugar, tal prática evita o sacrifício de direitos
99
LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de Direito Civil: Responsabilidade civil. 7.ed. Rio de Janeiro:
Fritas Bastos, 2000. v. 5, p. 285.
100
DE MIRANDA, Pontes. apud DIAS, op.cit., p. 515.
101
LOPES, op.cit., p. 287.
102
DE MIRANDA, Pontes apud DINIZ, op.cit., p. 527.
80
relativamente capaz e, por lei, estar equiparado ao adulto no tocante aos atos ilícitos
que praticar.
direito de regresso em face dos pupilos e curatelados, pelo valor que houverem
pesado ônus público. E por essa razão, além de se aconselhar aos juízes uma maior
lhes ser garantido o direito de regresso, sob pena de inviabilizar o instituto da tutela
e curatela.
Ademais, são tantos os encargos sobre a tutela e curatela que atribuir mais
este fardo poderia inviabilizá-las. Creio que é tempo de repensar sobre o
que afirma a esse respeito a doutrina tradicional, a exemplo de tantos outros
temas repensados e com nova roupagem.103
adotada pelo legislador, fundamentando que o tutor e o curador não podem reaver o
que houverem pago porque respondem por culpa própria, e não alheia.
103
VENOSA, op.cit., p. 89.
81
direito.
base no artigo 462, § 1º, da Consolidação das Leis de Trabalho, pois que, consoante
de Alçada Civil de São Paulo, publicado na RT, 613/128, que proclamou o preceito
104
PORTO, Mário Moacir. Temas de responsabilidade civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989.
p. 21.
82
asseveram que a actio in rem verso possui natureza distinta do desconto salarial.
anos, essa doutrina nega direito de regresso ao patrão, vez que este responde por
culpa própria. De mesma forma, o pai não poderá ser responsabilizado pelo ato
Mas sendo o empregado menor de 16 anos, não lhe será possível o direito
de regresso pela ausência de norma expressa. Presume-se serem os
menores de 16 anos inimputáveis. E, assim, não respondem eles pelas
obrigações decorrentes de atos ilícitos. Indaga-se, então, se o comitente
poderá exercer, no caso, ação regressiva contra o pai do empregado menor
absolutamente incapaz. Se o menor pratica o fato, na qualidade de
preposto, no exercício da função que lhe é cometida, torna-se difícil
responsabilizar o pai, precisamente porque cabia ao comitente – naquele
105
VENOSA, op.cit., p. 89.
83
do artigo 932: “aos donos de hotéis e hospedarias, por seus hóspedes e moradores,
face dos hóspedes e donos de hotéis, apesar de, como já dito, serem raras as
ação de regresso pode ser intentada contra o próprio educando, mas não contra
seus pais. Caio Mário da Silva Pereira aponta com precisão essa situação:
106
KARAN, Munir apud DINIZ, op.cit., p, 527.
84
direito regressivo dos responsáveis pelo que houverem pago por atos ilícitos de seus
protegidos.
regressivo dos responsáveis, apenas na hipótese de ser este dono de hotel é que o
instituto em questão restaria isento de oposição. Assim, o artigo 934 do Código Civil
estaria no ordenamento de forma quase inútil. Não foi essa certamente a intenção
do legislador nem essa posição atente aos princípios de boa-fé objetiva estampados
no novel ordenamento.109
107
PEREIRA, op.cit., p. 98-9.
108
GONÇALVES, op.cit., p. 132.
109
VENOSA, op.cit., p. 90.
85
13 CONCLUSÃO
já que a cada atentado sofrido pelo homem, relativamente à sua pessoa ou ao seu
imprescindível a criação de soluções que sanem tais lesões, pois que o direito não
direito alheio sempre ocorrem. E foi visando reparar os danos cometidos por alguém
harmonia social.
está condicionado a uma série de regras que possui a finalidade única de amenizar
elas.
86
elencou em seu artigo 1.521: os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hospedes,
de outrem começou por ser subjetiva, vale dizer, a vítima era obrigada a provar que
bem como que ele fora provocado pelo agente direto, subsistia a presunção de culpa
se eximir do dever de reparar quando provasse que não teve culpa no evento
danoso, bem como que tomou todas as medidas preventivas para que o dano não
ocorresse.
cuidadoso, bem como que fiscalizava seus serviços. Assim, a vítima experimentava
como relativa, para uma presunção absoluta (jures et de jure), cujo efeito significava
Código Civil, o qual, repetindo o mesmo rol de responsáveis, agora em seu artigo
pessoas. Com isso, na ocorrência de um dano cometido pelo agente direto, seu
responsável tem o dever de indenizar, independente de ter ou não agido com culpa
para o evento.
risco: se o pai arrisca ter filho em troca da felicidade que este pode lhe trazer; se o
patrão arrisca contratar empregados para que torne possível sua atividade
88
comercial; é mais do que justo que ambos respondam pelos atos culposos que este
cometerem.
atos dos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
poder familiar.
para o evento.
menores se estiverem presentes três elementos, quais sejam: menoridade dos filhos
são responsáveis pelo pupilo e curatelado, que se acharem nas mesmas condições
dos filhos menores em relação aos pais. Salienta-se que a tutela se refere à
deverá, ao analisar esse caso, julgar com mais benignidade do que nos casos de
89
responsabilidade dos pais pelos filhos, isso porque o tutor e o curador exercem um
serviço social, que além de ser um encargo por demais pesado, muitas vezes
sequer é remunerado.
fato alheio está prevista no inciso III, representado pela regra de que o empregador
tudo em razão das inúmeras variantes que podem decorrer da interação fática entre
aqueles que são responsabilizados pelo fato de outrem e aqueles cujos atos
inciso IV do artigo 932, o qual dispõe que os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, são
terceiros.
legal, ressalta-se que a regra não possui muita aplicabilidade, pois que dificilmente
quantia.
elementos: dano seja causado por um crime; benefício de alguém com o produto,
desse crime, embora não tenha tido conivência com o mesmo. Ainda, ressalta-se
que A vítima terá direito à restituição, até a concorrência da quantia de que foi
prejudicada.
responsabilidade por fato de outrem. Consoante artigo 934, aquele que ressarcir o
dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se este for seu descendente. E a razão jurídica dessa exceção reside em
Com relação aos demais casos, tendo em vista que não existe
qualquer vedação, bem como que essa foi a vontade do legislador de 2002, a ação
salientar que, se cada argumento for procedente, por efeito o dispositivo da ação
civil, partindo de sua gênese até os dias hodiernos, principalmente no que tange à
92
responsabilidade por fato de outrem, cujo estudo é tema desse trabalho, infere-se
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