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TRIBUNAL DE CONTAS DO O
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PROCESSOTC N.o 07100/07

Objeto: Inspeção Especial


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: Renato Lacerda Martins
Procurador: Sr. Heidimir Paes Barreto de Paiva

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - INSPEÇÃO ESPECIAL - ANÁLISE FINANCEIRA -
DILIGÊNCIA IN LOCO REALIZADA POR PERITOS DO TRIBUNAL -
ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 71, INCISO IV, DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL - Saldo financeiro não comprovado -
Realização de despesas sem prévio empenho - Emissão de cheques
sem provisão de fundos - Transgressão a disposições normativas de
natureza constitucional e infraconstitucional - Desvio de finalidade -
Conduta ilegítima e antieconômica - Responsabilidade do gestor -
Necessidade de ressarcimento aos cofres públicos. Imputação de
débito e imposição de multa. Fixações de prazos para
recolhimentos. Recomendações. Encaminhamento de cópia da
decisão à DIAFI. Remessa de reprodução de peças dos autos à
Procuradoria Geral de Justiça.

Vistos, relatados e discutidos os autos da INSPEÇÃO ESPECIAL realizada no Município de


Itatuba/PB, objetivando apurar a movimentação financeira nas contas do Poder Executivo,
durante o período de 01 a 23 de outubro de 2007, acordam os Conselheiros integrantes do
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, com a declaração de impedimento do
Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho, por unanimidade, em sessão plenária realizada
nesta data, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) IMPUTAR ao Chefe do Poder Executivo de Itatuba/PB, Sr. Renato Lacerda Martins, débito
no montante de R$ 89.245,99 (oitenta e nove mil, duzentos e quarenta e cinco reais e
noventa e nove centavos), referente ao saldo financeiro não comprovado.

2) FIXAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito imputado,


sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público Estadual, no caso de
inércia, tal como previsto no art. 71, § 40, da Constituição do Estado da Paraíba, e na
Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba - TJ/PB.

3) APLICAR MULTA ao Alcaide, Sr. Renato Lacerda Martins, no valor de R$ 2.805,10 (dois
mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que dispõe o art. 56, incisos II e
III, da Lei Complementar Estadual n.o 18/93 - LOTCE/PB.

4) CONCEDER-LHE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da pena lida


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art 3°,
alínea "a", da Lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Pro .
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Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.O 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

5) DETERMINAR a autoridade supracitada que promova a correção dos demonstrativos


contábeis apresentados na Prestação de Contas do Município de Itatuba/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2007, adequando, inclusive, os saldos das contas pertencentes à
Urbe.

6) ENCAMINHAR cópia desta decisão à Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI, com o


objetivo de subsidiar a análise das contas do Prefeito Municipal de Itatuba/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2007.

7) Com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETER cópias das
peças técnicas, fls. 02/03 e 180/181, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 183/187,
e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba para as
providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

de 2008

presente·/l.-
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RepreseJt~o Ministério Público Espec~
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Tratam os presentes autos de inspeção especial realizada no Município de Itatuba/Pê,


objetivando apurar a movimentação financeira nas contas do Poder Executivo, durante o
lapso temporal de 01 a 23 de outubro de 2007.

Os peritos do Departamento de Auditoria da Gestão Municipal I - DEAGM I realizaram


diligência in loco no supracitado município no período de 22 a 26 de outubro de 2007 e
emitiram o relatório inicial de fls. 02/03, destacando, sumariamente, que: a) o saldo
existente em caixa e bancos no dia 30 de setembro de 2007 era de R$ 239.616,99; b) as
receitas do intervalo analisado atingiram a importância de R$ 468.096,75; c) as despesas
também do período ascenderam ao montante de R$ 449.471,58; d) o saldo final disponível
em 23 de outubro de 2007 deveria ser de R$ 258.242,16; e) o saldo efetivamente
comprovado no final do intervalo alcançou o valor de R$ 168.996,17, sendo R$ 52.829,31
em caixa, conforme termo de conferência, e R$ 116.166,86 em bancos, consoante
conciliação bancária. Ademais, os técnicos do DEAGM I salientaram a existência de cheques
em branco com a assinatura de um dos responsáveis pela emissão.

Ao final, os inspetores do Tribunal apontaram as seguintes irregularidades: a) saldo


financeiro não comprovado na quantia de R$ 89.245,99; b) realização de despesas sem
prévio empenho; e c) emissão de 113 cheques sem provisão de fundos, ocasionando
prejuízo ao erário municipal no valor de R$ 2.130,64.

Processada a devida citação da autoridade responsável, fls. 164/167, o Chefe do Poder


Executivo, Sr. Renato Lacerda Martins, apresentou defesa, fls. 169/177, alegando, em
síntese, que: a) ocorreu um pequeno engano na apuração da Receita Orçamentária e das
Despesas Extra-Orçamentárias, fato que resultou na diferença apontada no saldo financeiro;
b) aproximadamente 98% dos municípios brasileiros não realizam o prévio empenho,
devendo, portanto, as falhas serem desconsideradas ou enquadradas nas exceções
admitidas na Lei Nacional n.o 4.320/64; e c) os transtornos provocados pelo seqüestro nas
contas bancários do município refletiram nas obrigações assumidas, mas os cheques foram
quitados e as despesas bancárias depositadas.

Os autos retornaram aos analistas da unidade de instrução, que, ao esquadrinharem a


referida peça processual de defesa, emitiram posicionamento, fls. 180/181, onde atestam a
devolução dos encargos financeiros decorrentes dos cheques sem provisão de fundos,
mantendo in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais irregularidades.

Requerida a intervenção do Ministério Público de Contas, este emitiu parecer, fls. 183/187,
pugnando pelo (a): a) julgamento irregular da aplicação de recursos públicos administrados
pelo Prefeito Municipal de Itatuba/PB, Sr. Renato Lacerda Martins, durante o período de 01
de janeiro a 23 de outubro de 2007; b) imputação de débito, no valor de R$ 89.245,9 ;
c) aplicação de multa; d) representação ao Ministério Público Comum; e e) anexação de

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cópia da decisão nos autos do processo de prestação de contas do exercício financeiro de


2007.

Solicitação de pauta, conforme fls. 188/189 dos autos.

É o relatório.

Inicialmente, é importante realçar que a referida análise tem como fundamento o


disciplinado no art. 71, inciso IV, da Constituição do Estado da Paraíba, que atribuiu ao
Sinédrio de Contas, dentre outras, a possibilidade de realizar, por iniciativa própria,
inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial nos órgãos e entidades municipais.

Da análise implementada pelos peritos da unidade técnica na movimentação financeira do


Poder Executivo do Município de Itatuba/PB, restou evidenciada a presença de inúmeras e
graves irregularidades. Ab initio, cabe destacar que os técnicos do Tribunal detectaram a
existência de saldo financeiro não comprovado, no montante de R$ 89.245,99, haja vista
que os numerários em caixa no dia 23 de outubro de 2007 totalizavam R$ 52.829,31,
segundo TERMO DE CONFERÊNCIA DE DISPONIBILIDADE EM CAIXA/TESOURARIA, fI. 06,
quando, na verdade, deveriam ser de R$ 142.075,30, conforme DEMONSTRATIVO
FINANCEIRO, fI. 11 dos autos.

Outra irregularidade detectada pelos especialistas da Corte diz respeito à existência de


despesas orçamentárias sem a emissão do prévio empenho, contrariando, por conseguinte,
preceito de ordem financeira e contábil preconizado no art. 60 da lei que estatuiu normas
gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal - Lei Nacional n.o 4.320, de 17 de março
de 1964 -, verbatim:

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

Neste diapasão, merecedores de citação são os ensinamentos dos festejados doutrinadores


J. Teixeira Machado Júnior e Heraldo da Costa Reis, in Lei 4.320 Comentada, 28 ed, Rio de
Janeiro: IBAM, 1997, p. 125, verbo ad verbum:

o empenho é o instrumento de que se serve a Administração a fim de


controlar a execução do orçamento. É através dele que o Legislativo se
certifica de que os créditos concedidos ao Executivo estão
obedecidos.

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Ademais, os inspetores deste Sinédrio de Contas detectaram a devolução de 113 cheques


por insuficiência de fundos, ocasionando o pagamento de encargos financeiros no valor de
R$ 2.130,64. Contudo, analisando-se a planilha de fI. 27, constata-se que o período
compreendido foi de janeiro a setembro de 2007 e não até o dia 23 de outubro daquele
mesmo ano, pois no transcurso do mês de outubro existiram ainda 07 cheques devolvidos,
acarretando juros e multas na quantia de R$ 107,45.

O recolhimento do montante apurado pelos peritos do Tribunal, conforme comprovante


acostado aos autos, não elide a citada irregularidade, apenas isenta a autoridade
responsável de uma possível imputação de débito. Especificamente, quanto aos cheques
emitidos, constata-se flagrante desrespeito aos princípios constitucionais da legalidade, da
moralidade e da eficiência, insculpidos no art. 37, caput, da Lex Legum.

Com efeito, a conduta implementada pelo Prefeito abala a credibilidade do Município perante
as instituições financeiras, os fornecedores e a sociedade em geral. In specie, resta
evidenciada a má gestão de recursos públicos, bem como a possibilidade de dano moral
causado à pessoa jurídica de direito público interno e de configuração do fato típico descrito
no art. 171, inciso VI, do Código Penal Brasileiro, verbatim:

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:

Pena- reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§ 10 (omissis)

§ 2° Nas mesmas penas incorre quem:

1-( ...)

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado,


ou lhe frustra o pagamento.

Por fim, diante das transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio, bem
como da realização de atos de gestão ilegítimo e antieconômico, decorrentes da conduta
implementada pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna de Itatuba/PB, Sr. Renato Lacerda
Martins, resta configurada a necessidade imperiosa de aplicação da multa de R$ 2.805,10 -
°
valor atualizado pela Portaria n. 039/06 do TCE/PB -, prevista no art. 56, incisos U e Ill, '
da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993,
verbum pro verbo:

Art. 56 - O Tribunal pode também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:
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I - (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado


dano ao Erário;

Ante o exposto, proponho que o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA:

1) IMPUTE ao Chefe do Poder Executivo de Itatuba/PB, Sr. Renato Lacerda Martins, débito
no montante de R$ 89.245,99 (oitenta e nove mil, duzentos e quarenta e cinco reais e
noventa e nove centavos), referente ao saldo financeiro não comprovado.

2) FIXE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito imputado, sob
pena de responsabilidade e intervenção do Ministério Público Estadual, no caso de inércia, tal
como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do
ego Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba - TJ/PB.

3) APLIQUE MULTA ao Alcaide, Sr. Renato Lacerda Martins, no valor de R$ 2.805,10 (dois
mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que dispõe o art. 56, incisos 11e
111,da Lei Complementar Estadual n. ° 18/93 - LOTCE/PB.

4) CONCEDA-LHE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da penalidade


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3°,
alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

5) DETERMINE a autoridade supracitada que promova a correção dos demonstrativos


contábeis apresentados na Prestação de Contas do Município de Itatuba/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2007, adequando, inclusive, os saldos das contas pertencentes à
Urbe.

6) ENCAMINHE cópia desta decisão à Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI, com o


objetivo de subsidiar a análise das contas do Prefeito Municipal de Itatuba/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2007.

7) Com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETA cópia das
peças técnicas, fls. 02/03 e 180/181, do parecer do Ministério Público Especial, fls. 18 7,
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