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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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P R O e E 550: Te - 01.950/07
PRec. ANEXO TC - 03.605/05, 09.910/05
Administração direta municipal. PRESTAÇÃO DE
CONTAS ANUAL do PREFEITO MUNICIPAL DE
CATURITÉ,Sr. JOSÉ GERVAZIODA CRUZ,exercício
de 2006. PARECER CONTRÁRIO À APROVAÇÃO
DAS CONTAS; aplicação de multa; assinação do
prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento
voluntário da multa; determinação ao Prefeito
para sanar os problemas detectados em escolas do
município.

1. RELATÓRIO
1.01. o PROCESSOTC-01.950/2007 corresponde à PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL (PCA),
relativa ao exercício de 2006, apresentada pelo PREFEITO do MUNICíPIO de
CATURITÉ, Senhor JOSÉ GERVAZIO DA CRUZ, sobre a qual o órgão de instrução
deste Tribunal, emitiu relatório de fls. 1.321 a 1.334, com as colocações e
observações principais a seguir resumidas:
1.1.01. A Prestação de Contas foi entregue no prazo legal e instruída em
conformidade com a RN-TC-99/97.
1.1.02. A Lei orçamentária anual (LOA) estimou a receita e fixou a despesa em
R$4.529,459,OO e autorizou abertura de créditos adicionais suplementares em
50% da despesa fixada.
1.1.03. Houve utilização de créditos adicionais suplementares sem cobertura de fonte
de recurso no valor de R$196.280,17.
1.1.04. RECEITA ORÇAMENTÁRIA TOTAL ARRECADADA - R$5.062.899,38 -- superior
em 11,78% à prevista no orçamento.
1.1.05. DESPESA ORÇAMENTÁRIA TOTAL REALIZADA - R$5.107,422,37 - superior
em 0,98% a fixada no orçamento.
1.1.06. Repasse ao Poder Legislativo representou 100% ao fixado no orçamento
(R$240.350,OO) e dentro do limite (8%) estabelecido no Art. 29-A, inciso I, da
Constituição Federal.
1.1.07. DESPESAS CONDICIONADAS:
1.1.07.1. Manuten ão e Desenvolvimento do Ensino
das Receitas de Impostos mais Tran erêncí

I~
limite constitucional (25%).

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1.1.07.2. Ações e Serviços PÚblicos de SaÚde (SAÚDE): 14,72%, não


atendendo ao percentual exigido para o exercício (15,0%), das
receitas de impostos e transferências.
1.1.07.3. Remuneração e Valorização do Magistério (RVM) - 80,24/%
dos recursos do FUNDEF, atendendo ao limite mínimo exigido
(60%).
1.1.07.4. Pessoal (Poder Executivo): 53,95% da Receita Corrente Líquida
(RCL), estando dentro do limite de 54%, adicionando-se as
despesas com pessoal do Poder Legislativo o total destes gastos
manteve-se dentro do limite de 60%; quanto à folha de pessoal
ocorreu incompatibilidade não justificada nas informações
apresentadas a este Tribunal por meios físico e magnético.
1.1.08. As despesas não licitadas somaram R$177.281,39 correspondentes a 6,45%
do valor exigido e 3,32% da despesa orçamentária realizada.
1.1.09. Despesas com obras e serviços de engenharia importaram em R$161.288,85 o
equivalente a 3,02% da despesa realizada.
1.1.10. Houve excesso de R$13.860,00 na remuneração do Prefeito e R$6.930,00 na
do Vice Prefeito.
1.1.11. O balanço orçamentário apresenta déficit equivalente a 0,88% da receita
arrecadada, todavia encontra-se deficientemente elaborado, dada a ausência
do registro de despesas, no valor de R$233.446,87 com obrigações patronais,
as quais adicionadas aumentam o déficit para R$277.969,86, o equivalente a
5,49%.
1.1.12. O balanço financeiro apresenta saldo para o exercício seguinte de
R$177.782,06 depositado 99,39% em bancos, estando este demonstrativo
também deficientemente elaborado pela ausência do registro da despesa
antes referida, o que eleva o total da despesa para R$5.340.869,24.
1.1.13. O balanço patrimonial apresenta superávit financeiro, no valor de
R$50.687,42, estando incorretamente elaborado, pelo mesmo motivo já
comentado antes. Incluindo a despesa não registrada passa a existir déficit,
no valor de R$182.759,45.
1.1.14. A dívida municipal escriturada também não incluiu a despesa de
R$233.446,87 (obrigações patronais) e R$216.860,67, referentes aos
encargos sociais. Acrescentadas estas despesas a dívida municipal importa em
R$845.555,81, correspondentes a 16,70% da receita arrecadada.
1.1.15. Os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REO foram

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encaminhados no prazo regulamentar a este TribuMI, exc to o relativo ao 6°.
bimestre, mas não foram publicados.

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1.1.16. Os Relatórios de Gestão Fiscal - RGF foram encaminhados no prazo legal,


exceto o do 2°. semestre, mas não foram publicados.
1.1.17. Quando da diligência "in loco" realizada no período de 17 a 21 de setembro
de 2007, verificou-se:
1.1.17.1. das 10 (dez) escolas em funcionamento, segundo informações do
Secretario de educação, foram feitas visitas em 5 (cinco)' delas,
tendo sido constatada razoável estrutura física, mas péssima
administração (carteiras insuficientes para a quantidade de
alunos de cada turma, salas desarrumadas, banheiros sujos,
e, pouco material didático disponível), além disso na
Unidade Mista Maria Duarte da Costa onde funciona uma
creche verificou-se um esgoto a céu aberto e lixo
acumulado.
1.1.17.2. Nas unidades de saúde da família visitadas verificou-se boa
estrutura física, equipamento, grande organização e
comprometimento dos profissionais que ali trabalham. A distribuição
de medicamentos a população é feita na Secretaria de Saúde e
existe controle dessa distribuição.
01.02. Notificado, o interessado veio aos autos e apresentou defesa (fls. 1.342 a 1.665),
analisada pelo órgão de instrução deste Tribunal, que entendeu:
01.02.1. sanadas as irregularidades quanto ao envio dos REO e RGF fora do prazo;
incompatibilidade não justificada entre as informações apresentadas a este
Tribunal por meios físico e magnético; excesso na remuneração do Prefeito
e Vice-Prefeito; aplicação em Serviços e Serviços Públicos de Saúde inferior
ao limite exigido, visto que desta feita o percentual passou para 15,02%
das receitas de impostos e transferências;
01.02.2. retificados para R$105.874,94, o total das despesas não licitadas;
01.02.3. inalteradas as demais irregularidades.
01.03. Solicitado o pronunciamento do Ministério Público junto ao Tribunal, este, por meio
do Parecer nO. 01950/2007 (fls. 1.677 a 1.680), da lavra do Procurador ANA TERÊSA
NÓBREGA, opinou pela emissão de parecer contrário à aprovação das contas
prestadas e recomendação à administração.
01.04. O Processo foi incluído na pauta desta seSSãO'/com~~otir()Me praxe.

.' / l/" ~o"';""' à "" 04/06"

1 Escolas visitadas:
1) Grupo Escolar João Francisco de Souza (Sítio Serraria de Baixo);
2) Grupo Escolar Joaquim Barbosa (Sítio Serraria de Cima);
3) Unidade Mista Maria Duarte da Costa (Comunidade Pedra D'água);
4) Grupo Escolar José Cabral de Sousa Filho (Sítio Curralinho);
5) Escola Antônio Trovão de Melo (Sede).
TRIBUNAL
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2. VOTO DO RELATOR

As publicações dos Relatórios de Execução orçamentária (REG) e de Gestão Fiscal


(RGF), referentes a todos os bimestres e semestres, estão devidamente comprovadas,
conforme documentos anexados aos autos (fls. 331 a 341/434 a 444/570 a 581/638 a
648 vol 2), observando-se que no relatório de acompanhamento de Gestão Municipal,
referente ao período de janeiro a junho de 2006 (fls. 446 a 448), a Auditoria já havia se
pronunciado pela comprovação da publicação dos REG do 10 ao 30 bimestres e do 10
semestre do RFG.
Quanto à abertura de créditos adicionais suplementares sem fonte de recurso, a
defesa argumenta que utilizou além de anulação de despesa o superávit financeiro
verificado no exercício anterior; ocorre que o balanço patrimonial do exercício anterior
revelou um superávit de R$92.339,92, entretanto este balanço foi considerado pela
Auditoria como incorretamente elaborado, pois deixou de registrar encargos sociais no
valor de R$216.860,67, o que resultou num déficit de R$124.520,75, portanto não
ocorreu o superávit mencionado pela defesa, passando desta feita para R$103.940,25, o
total dos créditos adicionais sem fonte de recurso.
Concernente às despesas não licitadas, observa-se o seguinte: as dispensas de
licitação para as despesas com serviço de transporte de água no total de R$22.905,00
estão justificadas, tendo vista a anexação aos autos (fls. 1.664/65) do Decreto 181/2006
que declara "situação anormal, caracterizada como situação de emergência na zona rural
do município de Caturité, por estiagens"; quanto às despesas não licitadas na aquisição
de passes para funcionários (R$17.868,00), a Auditoria reclama apenas da não
formalização do procedimento de inexigibilidade, uma vez que a Viação Rio Doce é a
única a possuir a concessão da linha Boqueirão - Queimadas; da mesma forma reclama
da ausência da formalização do procedimento de dispensa para a aquisição de
medicamentos (R$23.296,86), tendo em vista que os laboratórios FURF E LAFEPE são
entidades integrantes da administração pública; R$9.962,00 se refere à contratação de
banda musical, cuja despesa este Tribunal tem acatado como passível de procedimento
de inexigibilidade de licitação.
Do total remanescente como despesas não licitadas (R$10S.874,94) subtraindo-se
aquelas antes mencionadas (R$74.031,86), chega-se ao total de R$31.843,08, o que
corresponde ao ínfimo percentual de 0,62% da despesa orçamentária realizada,
merecendo portanto ser relevado.

Feitas estas considerações, ao final da


instruçãorra~rJJ::m as seguintes

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irregularidades:

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I. Quanto à Gestão Fiscal:


~ Não observância do equilíbrio entre receita e despesa, resultando déficit de
R$277.969,86, o equivalente a 5,49% da receita arrecadada, em desacordo com o
Art. 10. da Lei de Responsabilidade Fiscal- LRF.
11.Quanto à Gestão Geral:
~ Não formalização de procedimento de dispensa e inexigibilidade de licitação, o que
contraria o art. 26 e seu parágrafo único da Lei nO. 8.666/93.
~ Abertura de créditos adicionais suplementares, no valor de R$103.940,25, sem fonte
de recurso, em desacordo o caput do Art. 432 da Lei nO 4.320/64.
~ Elaboração incorreta dos balanços orçamentário, financeiro, patrimonial e
demonstrativo da dívida, contrariando normas da contabilidade pública.
~ Despesas não contabilizadas com contribuições patronais, no valor de R$233.446,87.
~ Quantidade insuficiente de carteiras e material didático em escolas municipais, além
da constatação de falta de higiene em salas e banheiros de escolas, com agravante
da existência de esgoto a céu aberto e lixo acumulado em escola onde funciona uma
creche.
Pelo exposto, o Relator vota pelo (a):
01. Emissão de parecer contrário à aprovação das contas de gestão do Prefeito,
JOSÉ GERVÃZIO DA CRUZ, exercício de 2006.
02. Aplicação de multa ao responsável no valor de R$2.805,10 (dois mil, oitocentos e
cinco reais e dez centavos) de acordo com o art. 56, inciso 11, da Lei
Complementar 18/93 - LOTCE.
03. Assinação do prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da multa
imputada, sob pena de execução, desde logo recomendada.
04. Determinar ao Prefeito providências no sentido de corrigir os problemas
detectados pela Auditoria em escolas do município.

3. PARECER DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO TC-Ol.950/07, os
MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA (TCE-Pb), na
sessão realizada nesta data decidem, à unanimidade:
01. Emitir e encaminhar ao julgamento da CÂMARA DE VEREADORESDO
MUNICÍPIO DE CATURITÉ, este PARECERcontrário à aprovação das
contas de gestão do Prefeito JOSÉ GE.'R.VAZIO~CRUZ, exercício de

/1
2006.

2 Art. 43 - A abertura dos créditos suplementares e e e ais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a
despesa e será precedida de exposição justificativa.
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02. Prolatar Acórdão para:


02.1. aplicar multa ao responsável no valor de R$2.805,10 (dois mil,
oitocentos e cinco reais e dez centavos) de acordo com o art.
56, inciso II, da Lei Complementar 18/93 - LOTCE, assinando-
lhe o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário,
sob pena de execução, desde logo recomendada.
02.2. Determinar ao Prefeito providências no sentido de corrigir os
problemas detectados pela Auditoria (item 1.1.17.1.) nos
grupos escolares João Francisco de Souza (Sítio Serraria de
Baixo); Joaquim Barbosa (Sítio Serraria de Cima); José Cabral
de Sousa Filho (Sítio Curralinho); na Escola Antônio Trovão de
Melo (Sede) e na Unidade Mista Maria Duarte da Costa
(Comunidade Pedra D'água).
Pu iq e- e, Intl. e-se e registre-se.
Sala das Sessõe do 'E-P. - enário Ministro João Agripino.
Jo o A oe, r;6 d. março de 2008.

Conselheiro Marcos

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