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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 02208/07

Prefeitura Municipal de São José de Caiana.


Prestação de Contas do Prefeito Municipal
referente ao exercício de 2006. Emissão de
Parecer Contrário à aprovação das contas.
Recomendações. Comunicação ao Ministério
Público Comum.

o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, no uso de suas atribuições que lhe confere
a Constituição Estadual, em apreciação aos presentes autos do Processo TC n° 02208/07, que trata
da prestação de contas do Sr. Gildivan Lopes da Silva, Prefeito Municipal de São José de
Caiana, exercício de 2006, e

CONSIDERANDO que a Auditoria, após análise do que contém os autos, constatou o


seguinte: a) a Prestação de Contas foi encaminhada a este Tribunal no prazo, instruída com todos
os documentos exigidos; b) o orçamento para o exercício, Lei Municipal n° 254, de 28 de
novembro de 2005, estimou a receita e fixou a despesa em R$ 4.980.000,00, autorizou, ainda, a
abertura de créditos adicionais suplementares até o limite de 50% da despesa fixada; c) os créditos
adicionais suplementares foram abertos e utilizados dentro do limite autorizado; d) as receitas
orçamentárias corrente e de capital arrecadadas representaram, respectivamente, 114,47% e
21,75% de sua previsão; e) as despesas empenhadas corrente e de capital corresponderam,
respectivamente, a 99,97% e 92,74% de sua fixação; 1) a dívida municipal importou em
R$ 2.002.432,81, correspondendo a 36,84% da receita orçamentária total arrecadada e apresentou
uma redução de 10,20% em relação ao exercício anterior; g) os gastos com obras e serviços de
engenharia totalizaram R$ 231.829,20, correspondendo a 4,19% da Despesa Orçamentária Total;
h) no exercício, o Prefeito optou por receber os vencimentos de cargo efetivo de Procurador e a
remuneração do Vice - Prefeito não apresentou excesso; i) a aplicação de recursos do FUNDEF na
remuneração dos profissionais do magistério correspondeu a 69,66% da cota-parte do exercício
mais os rendimentos de aplicação; j) o percentual aplicado em manutenção e desenvolvimento do
ensino e em ações e serviços públicos de saúde corresponderam, respectivamente, a 31,15% e
23,78% da receita de impostos, inclusive os transferidos; k) as despesas com pessoal do Poder
Executivo corresponderam a 50,27% da RCL; I) os recursos repassados ao Poder Legislativo
atingiram 7,14% da receita tributária, inclusive transferências, efetivamente realizada no exercício
anterior; m) os REOs e RGFs foram apresentados dentro do prazo, com todos os demonstrativos
legalmente exigidos e com sua publicação devidamente comprovada; n) não há registro de
denúncias sobre irregularidades ocorridas no exercício sob análise;

CONSIDERANDO que, após a análise de defesa pela Auditoria, remanesceram fS .


seguintes irregularidades: a) despesas não licitadas no valor de R$ 272.514,29; b) emissão de 4 .1'
cheques sem fundo da conta do FUNDEF; c) falta de manutenção e conservação de escolas d
zona rural, onde foram encontradas situações precárias d.e funcionamento, inclusive com riscos e . n
doenças para os alunos na utilização de b~em es~r abando~ons~~gua ~ U
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Processo Te n° 02208/07

tratamento; d) falta de controle no armazenamento e consumo da merenda escolar em escolas da


zona rural; e) não realização de reuniões do Conselho Municipal de Educação; f) inexistência de
controle patrimonial e tombamento dos bens do Município; g) contratação de 62 professores sem
realização de concurso público; h) não retenção de INSS sobre prestadores de serviço; i) despesas
não comprovadas no valor de R$ 57.441,70, em vista da ausência de notas fiscais; j) não
fornecimento de comprovação de cadastro e contabilização da dívida ativa; k) despesas
insuficientemente comprovadas no valor de R$ 17.338,40; I) prejuízo de R$ 75.658,88 com
parcelamento de débitos previdenciários; m) não informação em GFIP da retenção de
Contribuições Sociais de servidores e prestadores de serviço; n) não fornecimento de documentos
solicitados quando da inspeção in loco;

CONSIDERANDO que, quanto às despesas insuficientemente comprovadas no valor de


R$ 17.338,40, as notas fiscais e recibos tratam de serviços prestados no conserto de veículos,
entretanto, não descrevem os serviços e peças, impossibilitando conhecer e avaliar sua necessidade
e compatibilidade com os preços praticados no mercado, abrindo espaço para fraudes e
contrariando os princípios da transparência e da devida prestação de contas na aplicação dos
recursos públicos;

CONSIDERANDO que, em relação às despesas realizadas sem a emissão das respectivas


notas fiscais no valor de R$ 57.441,70, não é o caso de imputação de débito, pois não houve
contestação quanto à efetividade da aquisição dos bens ou prestação de serviços, todavia o fato
demonstra inobservância das formalidades necessárias à execução regular da despesa;

CONSIDERANDO que as despesas não licitadas no valor de R$ 272.514,29, representando


22,78% do valor licitável, a emissão de cheques sem fundos, a má conservação das escolas,
inclusive colocando em risco a saúde dos alunos, a inexistência de controle patrimonial dos bens
do município, a não retenção da contribuição previdenciária dos prestadores de serviços e a falta
de controle no armazenamento e consumo da merenda escolar, demonstram que o município, no
exercício de 2006, esteve submetido a uma situação desidiosa no que tange à gestão e à
administração de seu patrimônio;

CONSIDERANDO que o débito a ser imputado e a multa a ser aplicada ao gestor serão
formalizados em Acórdão de competência exclusiva deste Tribunal;

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o parecer da representante do Ministério


Público, a proposta de decisão do Auditor Relator e o mais que dos autos consta,

DECIDE, por deliberação unânime de seus membros, em sessão plenária hoje realizada:

1. Emitir PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito Municipal de São José
de Caiana, Sr. Gildivan Lopes da Silva, relativas ao exercício de 2006, encaminhando-o à
consideração da Egrégia Câmara de Vereadores do Município, com a ressalva do Parágrafo
N\
01 ~
Único do art. 124 do Regimento Interno deste Tribunal;
2. Recomendar a adoção de medidas administrativas e gerenciais com o fito de evitar a repe . J\
das irregularidades aqui relatadas;

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3. Encaminhar cópia da decisão à Procuradoria Geral de Justiça para as medidas que entender
pertinentes.

Presente ao julgamento a Exm". Sra. Procuradora Geral.


Publique-se umpra-se.
Te - Plenário in ão Agripino, em 26 de março de 2008.

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CONS. MARCOS UB~ PEREIRA

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