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TRIBUNAL DE CONTAS DO
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Processo TC nO03416/07

Prefeitura Municipal de Serra Grande.


Prestação de Contas do Prefeito Municipal
referente ao exercício de 2006. Emissão de
Parecer Contrário à aprovação das contas.
Recomendações.

o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, no uso de suas atribuições que lhe confere
a Constituição Estadual, em apreciação aos presentes autos do Processo TC n" 03416/07, que trata
da prestação de contas do Sr. João Bosco Cavalcante, Prefeito Municipal de Serra Grande,
exercício de 2006, e

CONSIDERANDO que compete ao Tribunal de Contas do Estado, nos termos das


Constituições Federal e Estadual, c/c a Lei Complementar n" 18/1993, apreciar as contas prestadas
anualmente pelos Prefeitos Municipais, emitindo sobre elas parecer prévio;

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o parecer da representante do Ministério


Público, o voto do Relator e o mais que dos autos consta,

DECIDE, por deliberação unânime de seus membros, em sessão plenária hoje realizada:
1. Emitir PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito Municipal de Serra
Grande, Sr. João Bosco Cavalcante, relativas ao exercício de 2006, encaminhando-o à
consideração da Egrégia Câmara de Vereadores do Município, com a ressalva do Parágrafo
Único do art. 124 do Regimento Interno deste Tribunal;
2. Recomende a adoção de medidas administrativas e gerenciais com vistas a não repetição das
falhas contábeis ora debatidas, e a realização de controle sobre os veículos e máquinas, para
cumprimento do que determina a RN-TC 05/05.
Presente a iulgamento a Exm". Sra. Procuradora Geral.
Publique- e cumpra-se.
Te - Plenâri Mi ão Agripino, em 26 de novembro de 2008>/~~â-<;)

CONS. CO~';;MARQUE: M

~fSA.NTIAGO MELO

~g~
( ~~~rTERESANÓBREGA
PROCURADORA GERAL
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te nO03416/07

o Processo TC n° 03416/07 trata da Prestação de Contas do Prefeito Municipal de Serra


Grande, Sr. João Bosco Cavalcante, relativa ao exercício de 2006.

o relatório elaborado pela Auditoria deste Tribunal, com base na documentação que
compõe os autos, destaca o seguinte:

a) A Prestação de Contas foi encaminhada a este Tribunal no prazo, instruída com todos os
documentos exigidos;
b) O orçamento para o exercício, Lei Municipal n" 112, de 30 de dezembro de 2005, estimou a
receita e fixou a despesa em R$ 3.919.896,00, autorizou, ainda, a abertura de créditos
adicionais suplementares até o limite de 50% da despesa fixada;
c) A receita orçamentária arrecadada representou 109,40% de sua previsão;
d) A despesa empenhada correspondeu 114,59% de sua fixação;
e) Os gastos com obras e serviços de engenharia totalizaram R$ 104.766,87, correspondendo a
2,33% da Despesa Orçamentária Total;
f) A remuneração do Prefeito obedeceu a Lei Municipal n° 095/2004, enquanto que o Vice-
Prefeito optou pelo recebimento de seu cargo de engenheiro civil da Prefeitura de Campina de
Grande;
g) Os percentuais aplicados em educação e em ações e serviços públicos de saúde
corresponderam, respectivamente, a 25,78% e 22,56% da receita de impostos, inclusive os
transferidos;
h) Os gastos com pessoal do Poder Executivo representaram 44,76% da RCL;
i) Os recursos repassados ao Poder Legislativo atingiram 6,97% da receita tributária, inclusive
transferências, efetivamente realizada no exercício anterior;
j) A inspeção in loco foi realizada no período de 20 a 25 de agosto de 2007;
k) A denúncia protocolizada sobre supostas irregularidades ocorridas nas escolas do Município,
foi considerada pela Auditoria como inconsistente.

Além disso, a Auditoria apontou as seguintes irregularidades:

a) Não atendimento às disposições da LRF quanto à comprovação da publicação dos REO e dos
RGF;
b) Abertura de créditos adicionais suplementares sem autorização legislativa no montante de
R$ 293.311,44, como também não foram todos enviados, juntamente com os balancetes
mensais;
c) Omissão de débitos relativos à dívida municipal, acarretando falhas nos demonstrativos da
dívida flutuante e fundada;
d) Despesas não Licitadas num montante de R$ 1.872.586,22, correspondendo a 100% da
despesa licitável e 41,69% da despesa total;
e) Aplicação de apenas de 53,85% dos recursos do FUNDEF, em remuneração e valorização do
magistério; .
f) Despesas não comprovadas num montante de R$ 45.203,61, com recursos do FUNDEF;~ (
g) Não escrituração de restos a pagar num total de R$ 118.345,82; ~
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Processo TC nO03416/07

h) Inexistência de controles patrimonial dos bens móveis e imóveis do município;


i) Não inscrição na Dívida Ativa do Município referente aos impostos lançados e não
arrecadados no exercício de 2006;
j) Despesas com doações sem comprovação dos seus beneficiários num montante de
R$ 66.545,87;
k) Inexistência de controles mensais individualizados de veículos e máquinas;
I) Pagamento em duplicidade pela elaboração do Balanço Geral Anual da Prefeitura Municipal
de Serra Grande, num montante de R$ 7.800,00;
m) Omissão de 37 servidores nas informações prestadas na GFIP;
n) Tratamento diferenciado nas retenções dos prestadores de serviço de transporte escolar;
o) Pagamento da folha de prestadores de serviços sem retenção previdenciária ou ISS, num total
de R$ 48.560,79;
p) Apropriação indébita de contribuições previdenciárias, num montante de R$ 60.487,29;
q) Não recolhimento ao INSS de contribuições previdenciárias (patronais e dos funcionários)
sobre as remunerações dos servidores e sobre as prestações de serviços, num montante de
R$ 347.876,24.

O responsável foi notificado e apresentou a defesa.

Em sua análise de defesa, a Auditoria concluiu que:

1. Foram elididas as seguintes falhas:

a) No que tange à publicação dos REO e RGF, ficou comprovando que os referidos relatórios
foram expostos na Câmara Municipal e demais Secretárias do Município;
b) Abertura de créditos adicionais suplementares sem autorização legislativa, como também
falhas no envio dos mesmos;
c) Pagamento em duplicidade pela elaboração do balanço geral anual;
d) Omissão de 37 servidores nas informações prestadas n GFIP;

2. Persistiram as seguintes irregularidades:

a) A defesa informou que a omissão dos débitos relativos à dívida municipal ocorreu por
desconhecimento do valor preciso da dívida, corroborando assim com o entendimento da
Auditoria;
b) Com relação às despesas não licitadas, o defendente acostou aos autos a documentação
referente às licitações realizadas no montante analisado. A Auditoria constatou, entretanto, que
a referida documentação não representa a totalidade das despesas não licitadas, considerando-a
incompleta, fato pelo qual manteve o seu entendimento inicial;
c) O defendente apresentou uma relação de despesas, chegando a uma aplicação do magistério de
60,55%. A Auditoria acatou apenas parte da documentação, alterando o percentual que antes
era de 53,85% para 55,63%;
e) No que tange às despesas não comprovadas pagas com recursos do FUNDEF, a defesa juntou
aos autos a documentação solicitada, as quais foram consideradas em parte pela Audit .
passando de R$ 45.203,61 para R$ 28.250,06;
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1) A defesa apresentou documentação demonstrando os beneficiários das doações, bem como os


itens que foram doados. A Auditoria comparou esses itens com os adquiridos nas notas fiscais e
verificou que havia mercadorias que foram compradas, mas não constam dos itens doados.
Assim, considerou apenas parte das doações como comprovadas, restando sem comprovação o
valor de R$ 46.491,86;
g) O interessado retificou o valor dos restos a pagar não inscritos para R$ 77.902,96, justificando
que houve uma falha de cunho formal e não efetivou sua inscrição por falta de dotação
orçamentária. A Auditoria concluiu pela permanência da irregularidade alterando o seu valor;
h) A falha referente a não inscrição na dívida ativa referente a impostos municipais, foi mantida
pela Auditoria por falta de alegações da defesa;
i) Com relação à falta de controle patrimonial de bens móveis e imóveis o defendente reconheceu
a falha e afirmou que iria repará-la em tempo oportuno. Entretanto, o Órgão Técnico não acatou
a justificativa mantendo a irregularidade;
j) A inexistência de controles mensais de veículos e máquinas foi contestada pelo defendente, o
qual anexou aos autos a documentação dos referidos controles. A Auditoria não considerou a
documentação, tendo em vista a sua intempestividade e por não trazer informações sobre o
consumo dos veículos;
k) As irregularidades concernentes à previdência social, no tocante as retenções e falta de
recolhimento, inclusive apropriação indébita, foram mantidas pela Auditoria por falta de
argumentos do defendente.

o Ministério Público, após análise das irregularidades remanescentes, pugnou, em


conclusão, para que este Tribunal:

a) Declare o atendimento integral aos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LRF;
b) Emita parecer, sugerindo à Câmara Municipal de Serra Grande, a desaprovação das contas de
gestão geral relativas ao exercício de 2006;
c) Impute ao gestor, o montante de R$ 28.950,06, (vinte e oito mil, novecentos e cinqüenta reais
e seis centavos) referente às despesas não comprovadas, realizadas com recursos do FUNDEF;
d) Aplique multa no valor de R$ 2.805,10, (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos),
conforme art. 56 da LOTCE;
e) Recomende à Administração Municipal de Serra Grande no sentido de evitar toda e qualquer
ação que venha macular as contas da gestão municipal.

É o relatório, informando que o interessado e seu advogado foram notificados da inclusão


do processo na pauta desta sessão.

Em, 26 de novembro de 2006.

CONS. SUBST. OSCAR ~ :ANTIAGO MELO


~
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Processo TC n° 03416/07

Sobre as irregularidades remanescentes, passo a comentar:

a) As falhas concernentes aos registros contábeis configuram falta de zelo com o patrimônio,
como também maculam os demonstrativos apresentados;
b) Quanto às despesas não licitadas, verificou-se que o gestor não remeteu a esta Corte de Contas
os processos relativos à totalidade das despesas licitáveis e também não disponibilizou no
aplicativo SAGRES as informações sobre os referidos processos. Quando da defesa
apresentada, foi juntada aos autos apenas cópia de parte da documentação exigida, não
comprovando o que havia sido apontado pela Auditoria em seu relatório inicial;
c) As despesas não comprovadas do FUNDEF ensejam imputação de débito ao Sr. João Bosco
Cavalcante, no valor de R$ 28.950,06, (vinte e oito mil, novecentos e cinqüenta reais e seis
centavos), por motivo de cheques sacados da conta corrente;
d) No caso dos gastos com remuneração e valorização do magistério com recursos do FUNDEF, o
percentual de 60% exigido pela legislação, não foi atingido porque a Auditoria considerou
apenas os pagamentos líquidos, ou seja, aqueles pagamentos oriundos dos extratos bancários.
Considerando as despesas efetivamente pagas, o valor aplicado chega a R$ 336.795,14, fi. 891
e 3694, alcançando um percentual de 60,89% dos recursos do FUNDEF, inexistindo, portanto a
irregularidade;
e) Acompanho o entendimento da Auditoria com relação às despesas irregulares com doações,
devido à aquisição de mercadorias, cuja destinação não foi comprovada; gerando uma
imputação de débito ao gestor, no valor de R$ 46.491,86 (quarenta e seis mil quatrocentos e
noventa e um reais e oitenta e seis centavos);
l) Com relação às contribuições previdenciárias, retidas e não repassadas, é necessário que esta
Corte de Contas represente à Receita Federal os fatos relacionados sobre tais irregularidades,
para as providências a seu cargo;

Em conclusão, considerando que as irregularidades remanescentes comprometem a lisura


das contas, voto no sentido que este Tribunal:

1. Emita PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito Municipal de Serra


Grande, Sr. João Bosco Cavalcante, relativas ao exercício de 2006, encaminhando-o à
consideração da Egrégia Câmara de Vereadores do Município, com a ressalva do Parágrafo
Único do art. 124 do Regimento Interno deste Tribunal;
2. Recomende a adoção de medidas administrativas e gerenciais com vistas a não repetição das
falhas contábeis ora debatidas, e a realização de controle sobre os veículos e máquinas, para
cumprimento do que determina a RN- TC 05/05;
3. Impute ao Sr. João Bosco Cavalcante, Prefeito de Serra Grande, débito no montante de
R$ 75.441,92, sendo R$ 28.950,06 (vinte e oito mil, novecentos e cinqüenta reais e seis
centavos) referente às despesas não comprovadas com recursos do FUNDEF e R$ 46.491,86
(quarenta e seis mil, quatrocentos e noventa e um reais e oitenta e seis centavos) referente às
despesas não comprovadas com doações; •
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 03416/07

4. Aplique multa ao gestor no valor de R$ 2.805,10, (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez
centavos) com fundamento no artigo 56 da Lei Orgânica deste Tribunal, em razão das
irregularidades remanescentes no relatório da Auditoria;

5. Assine prazo de 60 dias para recolhimento do débito aos cofres do município e da multa aos
cofres do Estado, sob pena de cobrança executiva a cargo do Ministério Público Comum.

É o voto, em 26 de novembro de 2008.

CONS. SUBST. OSCAR ~ANnAGO MELO


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