You are on page 1of 6

pubHcado no O. O. ~.

Em,)ç /•. A 1:2../ c ~'

Processo Te n° 02481/07
TRIBUNAL DE~S DO ESTADO J!secr.Mf:Jo Tri~~o.1Pieno

Prefeitura Municipal de Massaranduba.


Prestação de Contas do exercício de 2006, de
responsabilidade do Senhor Antônio Mendonça
Coutinho Filho. Emissão de parecer contrário à
aprovação das contas.

PARECER PPL - TC "'\ (112008

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC N° 02481/07 referente à


Prestação de Contas do Senhor Antônio Mendonça Coutinho Filho, Prefeito do Município de
Massaranduba, relativa ao exercício de 2006, DECIDEM os integrantes do Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba, por unanimidade, com o impedimento declarado dos Conselheiros Antônio
Nominando Diniz Filho e Fábio Túlio Filgueiras Nogueira, em sessão plenária realizada hoje, em
emitir parecer contrário à aprovação das contas do Prefeito do Município de Massaranduba,
Senhor Antônio Mendonça Coutinho Filho, referentes ao exercício de 2006.
Assim fazem, tendo em vista a ocorrência de irregularidades não sanadas pelo interessado
no decorrer da instrução do processo.
Excluindo-se as despesas com obrigações patronais, como é o entendimento desta Corte, os
gastos com pessoal situaram-se dentro dos limites constitucionais.
O não envio de demonstrativo na LDO não prejudicou a análise da Prestação de Contas,
podendo a falha ser relevada.
Deve retornar à conta do FUNDEF o valor referente à diferença verificada entre o saldo
apurado e o constante nos extratos conciliados no total de R$ 41.928,15.
Também deve retornar à conta do FUNDEF a diferença constatada pela Auditoria entre as
transferências da conta do FUNDEF para a conta do FPM e vice-versa no montante de R$
147.970,44, porém, este valor não deveria ter sido excluído do cálculo de gastos em MDE, como
fez a Auditoria, pois, há informações no SAGRES de que os gastos considerados pelo órgão técnico
com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, foram financiados com recursos de impostos mais
transferências (fontes 1, 2 e 3). Assim, adicionando-se o valor ao aceito pelo órgão técnico, os
gastos em MDE atingem o montante de R$ 1.100.264,95, correspondendo a 22,94% do total de
receitas de impostos, ainda abaixo do exigido constitucionalmente. Com relação aos gastos de
recursos do FUNDEF no magistério as demonstrações do órgão técnico comprovam que também
não foi aplicado o mínimo estabelecido em Lei.
O órgão técnico considerou como não licitadas despesas no valor de R$ 727.655,75, tendo
em vista que o número de licitações contidas no SAGRES diferem daquele constante de certidão
fornecida pela Prefeitura quando da inspeção in foco. Os dados constantes no SAGRES devem ser
considerados, pois, consta a numeração dos processos em ordem cronológica, enquanto os
constantes na certidão foram apresentados de forma salteada, demonstrando que alguns processos
existentes não foram ali informados. Vale salientar que as informações prestadas na certidão
referentes aos processos que também constam no SAGRES estão em absoluta conformidade com os
contidos no sistema.
Das despesas sobre as quais não existe efetivamente nenhuma informação sobre a realização
de processos licitatórios, R$ 15.229,97 tratam de pequenas aquisições de material de pronta
necessidade ocorridas durante todo o exercício, cujos valores individuais não superam o limite de
dispensa. As demais, no montante de R$ 125.500,&', se referem a aquiS"iç,õ,esde medicamentos par
as unidades municipais de saúde de possível previ ãOts!'\ r,ealização dOIc,~~an\ liCjtório. .

\'~ ;' [~ O(
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC n° 02481/07

Ainda no que tange às licitações, o órgão de instrução, examinando os processos existentes,


detectou indícios de fraude em algumas delas com relação às datas de certidões negativas das
empresas participantes posteriores a abertura das propostas e ainda envio de convocação de um só
licitante no que tange à aquisição de combustíveis adquiridos a uma empresa de Campina Grande.
O município realizou despesas com combustíveis com preços acima do que foi licitado sem
qualquer justificativa para o fato, devendo a quantia de R$ 5.643,64 ser imputada ao gestor.
A Auditoria considerou excessivo o valor de R$ 23.882,05 por gastos com locação e
combustíveis referentes ao veículo à disposição da Secretária da Assistência Social, por considerar
ser privilégio único da mesma. Não questiona o órgão auditor que o carro não estaria à disposição
do município ou eventual sobre-preço na locação ou aquisições de gasolina. A questão situa-se
entre àquelas de ordem administrativa interna do Município, não cabendo ao Tribunal se manifestar
sobre a matéria. No que tange a referida Secretária ser esposa do Prefeito, não há nenhum
impedimento no fato conforme recente decisão do STF.
Não há nenhum parâmetro para se considerar excessivos os gastos com postagens. A
Auditoria não fez nenhuma alusão a desvio de finalidade pública das postagens ou sobre-preço
eventualmente aplicado. A comparação feita entre os Gastos do Município de Massaranduba com
outros do mesmo porte não pode prevalecer por falta de embasamento fático. Pode um Município,
por exemplo, encaminhar documentos a este Tribunal e outros órgãos através dos correios e outros
preferir trazer em mãos tais documentos.
Foge à competência deste Tribunal a questão do não atendimento à requisição do legislativo
, tendo em vista que não cabe a esta Corte adentrar em assunto de natureza político-administrativa
como demonstra ser o presente caso.
A cobrança de taxas sobre devolução de cheques emitidos está devidamente demonstrada,
devendo a quantia de R$ 890,25 ser imputada ao gestor.
Todos os valores retidos dos funcionários a título de contribuições previdenciárias, durante o
exercício, foram repassados ao INSS. Também foram recolhidas as contribuições previdenciárias do
empregador e empregados, incidentes sobre a folha de pagamento dos servidores efetivos e
comissionados. Todavia, não foram retidas nem recolhidas as contribuições sobre a folha do pessoal
contratado por tempo determinado tanto dos servidores como da Prefeitura, com exceção de parte
das folhas relativas aos meses de outubro e novembro. No caso da parte patronal, o valor não
recolhido foi de R$ 125.793,00.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.


TC - Plenário Min. João Agripino, em 10

Conselheiro rcos Ubirat~es


..«: Pereira

1 ,
,1/':/1'
... / - '-, ( ~-
Conselheiro/José Marques Mariz
Processo Te n° 02481/07
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC n° 02481/07

RELATÓRIO

Os presentes autos tratam da Prestação de Contas Anual do Senhor Antônio Mendonça Coutinho
Filho, Prefeito do Município de Massaranduba, relativa ao exercício de 2006.
Do exame preliminar, procedido pelo órgão de instrução, destacaram-se os seguintes aspectos:
1. a Prestação de Contas foi enviada no prazo legal e os demonstrativos estão em conformidade
com as normas deste Tribunal.
2. A Lei n° 254/2005, de 20/12/2005, referente ao orçamento anual para o exercício de 2006,
estimou a receita em R$ 7.831.558,00 e fixou a despesa em igual valor, autorizando a abertura
de créditos adicionais suplementares, no montante de R$ 1.566.311,60, equivalentes a 20% da
despesa fixada na LOA.
3. a receita orçamentária arrecadada foi 0,32% superior à prevista no orçamento;
4. a despesa orçamentária foi 4,78% inferior à fixada;
5. os gastos com obras públicas totalizaram R$ 350.963,64, equivalente a 4,75% da despesa total;
6. as remunerações dos agentes políticos se situaram dentro dos limites impostos pela legislação;
7. aplicação de 20,04% dos recursos de impostos mais transferências em ações e serviços públicos
de saúde;
8. gastos com pessoal total, correspondendo a 59,49% e gastos com pessoal do Poder Executivo,
correspondendo a 55,74% da RCL, sem indicação de medidas em virtude da ultrapassagem de
que trata o art.55 da LRF;
9. não apresentação de demonstrativos na LDO;
10. saldo não comprovado do FUNDEF no valor de R$ 41.928,15
11. durante o exercício o Município aplicou em MDE, 19,86% das receitas de impostos, incluídas as
transferências;
12. percentual de aplicação da receita do FUNDEF em magistério igual a 50,78%, não atingindo o
mínimo de 60,00% legalmente exigido;
13. não realização de procedimentos licitatórios quando legalmente exigidos no montante de R$
140.730,76, correspondendo a 1,90% da despesa total;
14. despesas consideradas não licitadas, tendo em vista às incompatibilidades dos dados informados
no SAGRES e dos constantes em certidão fornecida pela Prefeitura, no valor de R$ 727.655,75.
15. diversas irregularidades em processos de licitação;
16. pagamento de preço de combustível acima do licitado no total de R$ 5.643,64;
17. gasto excessivo com combustível
18. gasto excessivo com postagem;
19. prática de nepotismo;
20. não atendimento à requisição do legislativo;
21. emissão de cheques sem fundos, causando prejuízo ao erário;
22. retenção e recolhimento previdenciário a men ,
O interessado foi notificado na forma regi e o ém, não apresentou defesa.
É o Relatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n" 02481/07

VOTO

Excluindo-se as despesas com obrigações patronais, como é o entendimento desta Corte, os


gastos com pessoal situaram-se dentro dos limites constitucionais.
O não envio de demonstrativo na LDO não prejudicou a análise da Prestação de Contas,
podendo a falha ser relevada.
Deve ir à conta do FUNDEB o valor referente à diferença verificada entre o saldo apurado e
o constante nos extratos conciliados no total de R$ 41.928,15.
Também deve ir à conta do FUNDEB a diferença constatada pela Auditoria entre as
transferências da conta do FUNDEF para a conta do FPM e vice-versa no montante de R$
147.970,44, porém, este valor não deveria ter sido excluído do cálculo de gastos em MDE, como
fez a Auditoria, pois, há informações no SAGRES que os gastos considerados pelo órgão técnico
com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, foram financiados com recursos de impostos mais
transferências (fontes 1, 2 e 3). Assim, adicionando-se o valor ao aceito pelo órgão técnico, os
gastos em MDE atingem o montante de R$ 1.100.264,95, correspondendo a 22,94% do total de
receitas de impostos, ainda abaixo do exigido constitucionalmente. Com relação aos gastos de
recursos do FUNDEF no magistério os cálculos do órgão técnico comprovam que também não foi
aplicado o mínimo estabelecido em Lei.
O órgão técnico considerou como não licitadas despesas no valor de R$ 727.655,75, tendo
em vista que o número de licitações contidas no SAGRES diferem daquele constante de certidão
fornecida pela Prefeitura quando da inspeção in loco. Os dados constantes no SAGRES devem ser
considerados, pois, consta a numeração dos processos em ordem cronológica, enquanto os
constantes na certidão foram apresentados de forma salteada, demonstrando que alguns processos
existentes não foram ali informados. Vale salientar que as informações prestadas na certidão
referentes aos processos que também constam no SAGRES estão em absoluta conformidade com os
contidos no sistema.
Das despesas sobre as quais não existe efetivamente nenhuma informação sobre a realização
de processos licitatórios, R$ 15.229,97 tratam de pequenas aquisições de material de pronta
necessidade ocorridas durante todo o exercício, cujos valores individuais não superam o limite de
dispensa. As demais, no montante de R$ 125.500,79, se referem a aquisições de medicamentos para
as unidades municipais de saúde de possível previsão para realização do certame licitatório.
Ainda no que tange às licitações, o órgão de instrução, examinando os processos existentes,
detectou indícios de fraude em algumas delas com relação às datas de certidões negativas das
empresas participantes posteriores a abertura das propostas e ainda envio de convocação de um só
licitante no que tange à aquisição de combustíveis adquiridos a uma empresa de Campina Grande.
O município realizou despesas com combustíveis com preços acima do que foi licitado sem
qualquer justificativa para o fato, devendo a quantia de R$ 5.643,64 ser imputada ao gestor.
A Auditoria considerou excessivo o valor de R$ 23.882,05 por gastos com locação e
combustíveis referentes ao veículo à disposição da Secretária da Assistência Social, por considerar
ser privilégio único da mesma. Não questiona o órgão auditor que o carro não estaria à disposição
do município ou eventual sobre-preço na locação ou aquisições de gasolina. A questão situa-se
entre aquelas de ordem administrativa interna do Município, não cabendo ao Tribunal se manifestar
sobre a matéria. No que tange à referida Secretária ser esposa do Prefeito, não há nenhum
impedimento no fato conforme recente decisão do ST .
TRIBUNAL DE eONT AS DO ESTADO
Processo Te n? 02481/07

Não há nenhum parâmetro para se considerar excessivo os gastos com postagens. A


Auditoria não fez nenhuma alusão a desvio de finalidade pública das postagens ou sobre-preço
eventualmente aplicado. A comparação feita entre os gastos do Município de Massaranduba com
outros do mesmo porte não pode prevalecer por falta de embasamento. Pode um município, por
exemplo, encaminhar documentos a este Tribunal e outros órgãos através dos correios e outros
preferirem trazer em mãos tais documentos.
Foge à competência deste Tribunal a questão do não atendimento à requisição do legislativo,
tendo em vista que não cabe a esta Corte adentrar em assunto de natureza político-administrativa
como demonstra ser o presente caso.
A cobrança de taxas sobre devolução de cheques emitidos está devidamente demonstrada,
devendo a quantia de R$ 890,25 ser imputada ao gestor.
Todos os valores retidos dos funcionários a título de contribuições previdenciárias, durante o
exercício, foram repassados ao INSS. Também foram recolhidas as contribuições previdenciárias do
empregador e empregados, incidentes sobre a folha de pagamento dos servidores efetivos e
comissionados. Todavia, não foram retidas nem recolhidas as contribuições sobre a folha do pessoal
contratado por tempo determinado tanto dos servidores como da Prefeitura, com exceção de parte
das folhas relativas aos meses de outubro e novembro. No caso da parte patronal, o valor não
recolhido foi de R$ 125.793,00.
Em face do exposto, VOTO no sentido de que este Tribunal: a) emita parecer contrário à
aprovação das contas do Prefeito de Massaranduba, Senhor Antônio Mendonça Coutinho Filho,
relativas ao exercício de 2006; b) impute débito ao gestor, no valor de R$ 6.533,89, sendo R$
5.643,64 em decorrência de pagamento de combustível acima do licitado e R$ 890,25 em virtude
das taxas sobre a emissão de cheques sem fundos; c) conceda o prazo de 60 dias para o
recolhimento aos cofres do Município, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na
hipótese de omissão, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; d) aplique ao mesmo a
muita de R$2.80S,10, nos termos do que dispõem os incisos I e II do art. 56 da LOTCE; d) aplique
ao mesmo a multa de R$2.805,10, nos termos do que dispõem os incisos I e II do art. 56 da
LOTCE; e) assine ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o recolhimento da multa, ao
Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo
ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do não recolhimento voluntário,
devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do
§ 4° do art. 71 da Constituição Estadual; f) determine a devolução à conta do FUNDEB da quantia
de R$ 189.898,59, com recursos do próprio Município, indevidamente aplicada com recursos do
FUNDEF; g) declare o atendimento às exigências da LRF, por parte do Poder Executivo do
Município de Massaranduba, com exceção ao recolhimento de obrigações patronais, aplicação em
MDE e licitação de despesas; h) recomende ao gestor a observância das normas legais, adotando
medidas com vistas a não repetir as falhas verificadas no presente processo, guardando a estrita
observância aos preceitos constitucionais, legais e nor ivos, em especial, a legislação referente à
Previdência Social, o parecer PN-TC-52/2004 e .320/64, com vistas à não repetição das
falhas cometidas

You might also like