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TRIBUNAL DE CONTAS es~Af) ~unal Plenu -

PROCESSO TC N° 02321107 FI. 1/2

Administração Direta MUnicipal - MUnicípiO de JOÃO PESSOA - Prestação de


Contas do Prefeito, Senhor Ricardo Vieira Coutinho, relativa ao exercício
financeiro de 2006 - SubSistência de falhas que não maculam as contas
prestadas, mas motívam recomendação para aprímoramento da gestão -
Devolução de recursos ao FUNDEF, posto que aplk;ados em despesas fora dos
seus objetivos - PARECER FAVORÁVEL, com as ressalvas do artigo 124, §
único do RI, neste considerando que o Gestor atendeu parcialmente às
exigências da LRF

___ PA_R_ECER PPL TC _0.2 12.009


Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC N. o 02321/07;e

CONSIDERANDO que as falhas e irregularidades que superaram a análise de defesa


não têm o condão de macular as contas ora prestadas para emissão de parecer;

CONSIDERANDO que as justificativas apresentadas não foram suficientes para


esclarecerem as falhas verificadas na gestão fiscal, especialmente quanto à falta de equilíbrio
orçamentário, mesmo que em reduzido percentual de 1,77% da Receita Orçamentária
Arrecadada e inexistência de disponibilidade financeira para honrar compromissos de curto
prazo, ainda que este exercício não seja o último da gestão, o que implicaria na violação do
artigo 42 da LRF, sendo, contudo, recomendável à administração adequar-se às exigências da
Lei de Responsabilidade Fiscal nos exerci cios subsequentes;

CONSIDERANDO que foram cumpridos os aspectos mais relevantes da gestão


geral, principalmente a aplicação de recursos legal e constitucionalmente vinculados;

CONSIDERANDO os fatos narrados no Relatório;

CONSIDERANDO o Relatório da Auditoria e o Parecer do Ministério Público especial


junto ao Tribunal, integrantes desta decisão;

CONSIDERANDO o mais que dos autos consta;

Os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA (TCE-Pb), à


unanimidade dos votos, na Sessão realizada nesta data, decidiram EMITIR E REMETER À
EGRÉGIA CÂMARA DE VEREDORES DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA
FA VORÁ VEL à aprovação das contas prestadas pelo Prefeito do ão Pessoa, \:'\\
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 2/2

Senhor RICARDO VIEIRA COUTINHO, relativas ao exercício de 2006, considerando na decisão


o ATENDIMENTO PARCIAL às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (Le nO 101/00),
com as ressalvas do artigo 124, § único do Regimento Interno deste Tribunal.

Publique-se Intime-se e registre-se


Sala das Sessões do TCE·Pb - Plenário Ministro João Agnplno
João Pessoa, 14 de ja ro de 2009.

Diniz Filho

ConselheiriJ6?é Marques Mariz


Conselheiro Fábio Túllo Filguelras Nogueira
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FUI presente ~ ,~,~ j\/~~ __


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Ana Terêsa Nóbrega -\- ~
Procuradora Geral do Mlnlsténo Púbhco Especial Junto ao Tnbunal
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TRIBUNAL DE C6NTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 1/12

Administração Direta MUniCipal - Município de JOÃO PESSOA - Prestação de


Contas do Prefeito, Senhor Ricardo Vieira Coutinho, relativa ao exerclcio
financeiro de 2006 - Subsistência de falhas que não maculam as contas
prestadas, mas motivam recomendação para aprimoramento da gestão -
Devolução de recursos ao FUNDEF, poslo que aplicados em despesas fora dos
seus objetivos - PARECER FAVORÁVEL, com as ressalvas do artigo 124, §
único do RI, neste considerando que o Gestor atendeu parcialmente às
exigências da LRF.

RELATÓRIO E VOTO

Tratam os presentes autos da prestação de contas do Prefeito do Município de João Pessoa,


Senhor Ricardo Vieira Coutinho, relativa ao exercício financeiro de 2006.
À vista da delegação de competência autorizada pelo Decreto Municipal na 2.354, de 01/10/93 e
pelo art. 15, da Lei Municipal n° 10.429/05, de 14/02/2005, determinou o Relator à época, fls. 7879, que
a Auditoria procedesse ao desentranhamento da documentação pertinente à responsabilidade atribuída
a cada um dos secretários do Município.
Os autos foram analisados pela DIAFIIDIAGM Especial deste Tribunal, que emitiu os relatórios,
fls. 7823/7878 e fls. 7886/7923, evidenciando, sumariamente, os seguintes aspectos:
1. A prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal no prazo legal, estando os
demonstrativos que compõem o presente processo em conformidade com a Resolução
RN Te 99/97;
2. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO:
2.1. A Lei de Diretrizes Orçamentárias/2006 constitui a Lei n° 10.513/05, sancionada em
28 de julho de 2005, publicada no semanário referente ao período de 23 a 19 de julho e
remetida ao TCE em 09 de agosto de 2005. Emitiu-se o Alerta nO022/05, tendo o gestor
encaminhado complementação de instrução, através do Doc. TC na 01147/06;
2.2. O orçamento anual para o exercício de 2006, aprovado através da Lei n° 10.704/05,
de 30 de dezembro de 2005, estimou a receita e fixou a despesa em R$
857.326.861,00, sendo: R$ 646.436.405, referentes a recursos do tesouro; R$
210.890.456,00, relativos a despesas de outras fontes, de entidades supervisionadas
(autarquias, fundações e órgãos de regime especial). Do total dos recursos do tesouro,
R$ 60.000,00 correspondem à reserva de contingência. Foi autorizada a abertura de
créditos adicionais suplementares, no valor de R$ 161.609.101,25, equivalentes a 25%
da despesa do tesouro fixada na LOA;
3. ALTERAÇÕES DO ORÇAMENTO: De acordo com certidão (fls. 609/612) emitida pela
Câmara Municipal de João Pessoa, apenas as Leis nOs 10.924 e 10.925/06 trataram de
assuntos relativos à abertura de créditos adicionais. A Lei na 10.924/06, de 20 de
dezembro de 2006, autoriza a abertura de créditos especiais, faz transferências e
transposições de dotações orçamentárias em diferentes órgãos da administração pública
municipal, no valor total de R$ 25.473.588,11, utilizando como e de recursos
anulações de dotações e recursos de convênio. A Lei nO10.925/0 , a o de dezembro
de 2006, autoriza o Poder Executivo Municipal a amp 'ar para 7'0 limite estabelecido
para a abertura de créditos suplementares, constantes o in . o , do artigo 6°, da Lei nO
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 2/12

10.704106 (lOA), retroagindo seus efeitos a 01 de novembro de 2006. Esta ampliação


corresponderia á autorização de abertura de créditos adicionais que chegaria ao
montante de R$ 32.321.820,25, elevando o valor autorizado total para R$
193.930.921,50. Entretanto, baseado no artigo 167 da Constituição Federal, a Auditoria
entendeu que lei posterior não poderia autorizar a abertura de créditos adicionais já
abertos, ou seja, a autorização legislativa teria que ser prévia à emissão dos decretos de
abertura dos referidos crédito, não considerando a Lei n° 10.925/06 como instrumento
normativo que autoriza a abertura de créditos adicionais.
4. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA:
4.1. A receita foi estimada em R$ 888.160.460,17, ai compreendida a dedução para
formação do FUNDEF. A arrecadação totalizou o montante de R$ 634.625.907,74, o que
representou 71,45% da prevista no orçamento aprovado para o exercício;
4.2. A despesa a ser realizada com recursos do tesouro foi fixada em R$
916.779.746,41, contudo, sofreu alterações, seja em virtude de anulações, seja por meio
de suplementações, sendo que as autorizações, no final do exercício, totalizaram R$
645.829.481,23, correspondendo a 70,45% da fixada no orçamento aprovado para o
exercício;
5. Os créditos adicionais abertos somaram R$ 308.861.253,73, sendo: suplementares, R$
283.387.665,62, e especiais, R$ 25.473.588,11;
5.1. Não houve excesso de arrecadação neste exercício, no entanto, foram considerados
como fontes de recursos (R$ 5.293.477,92) referentes a convênios; (R$ 27.063.732,53)
decorrentes de superávit financeiro apurado no exercício anterior; (R$ 247.909.868,32)
em virtude de anulação de dotações; (R$ 2.500.059,42) de Receita de Capital,
proveniente de Operações de Crédito Internas;
5.2. Dos créditos adicionais abertos, foram utilizados R$ 136.181.026, com fontes de
recursos suficientes para a cobertura créditos adicionais utilizados;
6. BALANÇOS
6.1.0 Balanço Orçamentário consolidado apresenta a realização da receita orçamentária
no montante de R$ 634.625.907,74 e de despesa orçamentária no valor total de R$
645.824.481,23, evidenciando um deficit orçamentário geral de R$ 11.203.573,49,
equivalente a 1,77% da receita orçamentária arrecadada;
6.2. O Balanço Financeiro apresentou um saldo para o exercício seguinte, no montante
de R$ 99.979.478,59, distribuído entre Caixa (R$ 19.582,46) e Bancos (R$
99.959.896,13), nas proporções de 0,02% e 99,98%, respectivamente;
6.3. O Balanço Patrimonial apresenta deficit financeiro (ativo financeiro - passivo
financeiro), no valor de R$ 7.284.315,75. As dis onibilidades verificadas no final do
exercício totalizaram R$ 99.979.478,59, insuüei e para cobertura das obrigações de
curto prazo evidenciadas no passivo financ . o, o total de R$ 110.529.637,73;
7. RESTOS A PAGAR: Foram scrítos re os pagar no montante de R$ 65.372.839,67.
Todavia o total apontado díve e a tor R$ 104.288,09, do constante no SAGRES,
cujo valor é de R$ 65.268, .
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PROCESSO Te No 02321/07 •••••• 1 •••• 11 ••••••••••••••••


FI. 3/12

8. DIVIDA PÚBLICA: A Dívida Municipal, no final do exercício analisado, imP°ArtouedmdR$


290.376.316,36 correspondendo a 45,76% da Receita Orçamentária Tota 1 rreca ,a. a,
dividindo-se nas proporções de 17,42% e 28,34% entre Dívida Flutuante e ~,vlda
Fundada, respectivamente. Quando confrontada com a dívida do exercício antenor, a
Dívida Flutuante, no montante de R$110.529.637,73, apresenta um acréscimo de 125%,
ocasionado, sobretudo, pelo aumento dos restos a pagar e pela inclusão de valores a
título de Outras Operações. No que tange a Dívida Fundada, no montante de R$
179.846.678,63, verifica-se um decréscimo de 14,2% em relação ao exercício anterior,
decorrente de amortizações totais e parciais de obrigações contraídas em outros
exercícios e da baixa aquisição de novas dívidas de longo prazo;
9. UCITAÇÃO: Foram realizados 634 procedimentos licitatórios, importando no montante
de R$ 211.464.268,38. Com base na documentação apresentada e análise dos
empenhos da Administração Direta, a Auditoria constatou que não houve despesas
realizadas sem prévia realização de procedimento licitatório imputável ao Prefeito
Municipal de João Pessoa, Sr. Ricardo Vieira Coutinho, ficando a cargo dos secretários
municipais a responsabilidade pelas despesas ordenadas nas respectivas pastas;
10. OBRAS PÚBLICAS: OS gastos com obras públicas somaram R$ 42.009.431,99,
correspondentes a 2,69% da despesa orçamentária total, sendo paga, no exercício, a
importância de R$ 17.397.090,05: R$ 4.584.863,14, com recursos provenientes do
Governo Federal, e R$12.812.226,91, com recursos próprios do município;
11. CONVÊNIOS: OS recursos oriundos de convênios, escriturados no exercício, totalizaram
R$ 5.293.477,92;
12. SUBsíDIOS: Os subsídios mensais do Prefeito (R$ 15.000,00) e Vice-Prefeito (R$
10.500,00) foram fixados pela Lei n° 1.590/05, contendo previsão para pagamento de
13° salário. A remuneração total do prefeito foi de R$ 195.000,00 e do vice-prefeito de
R$ 130.000,00, resultando na percepção de 100% e 95,23%, respectivamente, dando-se
pela regularidade no pagamento dos subsloios, uma vez que não se verificou percepção
de remuneração a maior em relação ao estabelecido legalmente;
13. DESPESAS CONDICIONADAS:
13.1.A aplicação em manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE), totalizando
R$ 110.899.511,77, correspondendo a 29,08% da receita proveniente de impostos,
inclusive os transferidos, atendendo ao mínimo exigido constitucionalmente Que
corresponde a 25%, não estando computados os valores de despesas de exercícios
anteriores;
13.2.As aplícações de recursos oriundos do FUNDEF na remuneração dos
profissionais do magistério efetivamente realizadas pelo Município foram da ordem
de R$ 31.310.056,08, correspond o a 63,60% da cota-parte do exercício mais os
rendimentos de aplicação ( .228.218,02). No cômputo dos gastos foram
considerados os restos a a cujos pagamentos foram efetuados no primeiro
trimestre do exercício Qui e, no montante de R$ 2.723.743,04, até o limite do
saldo das di onibili des $ 24.683.355,53) existentes na conta do FUNDEF em
31/12/200\ •
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 4/12

13.3.0 montante efetivamente aplicado em ações e serviços públicos de saúde (SAÚDE)


foi de R$ 78.829.484,43, correspondendo a 20,67% da receita de impostos,
inclusive os transferidos, atendendo ao mínimo exigido constitucionalmente que
corresponde a 15%;
13.4.A Despesa Total com Pessoal, calculada em conformidade com o Parecer PN TC
1212007, correspondeu a 47,82% da Receita Corrente Líquida (RCL), sendo
45,29% do Poder Executivo e 1,87% do Poder Legislativo, cumprindo o comando
dos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal;
14. O repasse à Câmara correspondeu a 4,78% da receita tributária mais as transferências
do exercício anterior (2005), cumprindo as disposições do art. 29-A, § 2°, inciso I da CF;
15. O repasse ao Poder Legislativo correspondeu a 98,65% do valor fixado na Lei
Orçamentária para o exercício, cujo percentual correspondia a 2,17% do total do
orçamento, atendendo ao limite constitucional estabelecido no art. 29-A, § 2°, inciso 111,
da CF;
16. Não há registro de ingresso de recursos provenientes da alienação de ativos;
17. Há registro de denúncias sobre irregularidades ocorridas no exercício de 2006,
constantes dos Processos TC nOs. 03298/06 e 03300/06, julgadas improcedentes por
esta Corte de Contas e que se referiam a ações do ex-Secretário Francisco Barreto;
18. Quanto às contribuições previdenciárias relativas ao Regime Próprio de Previdência, a
Prefeitura Municipal repassou, a titulo de contribuição patronal do pessoal ativo e de
contribuição do servidores, valores compatíveis com as bases de cálculo contidas nos
artigos 107 e 108, da lei n° 10.684/2005. Com relação ao repasse e a parte patronal
das contribuições previdenciárias para o INSS, a Auditoria constatou que as despesas
foram empenhadas no mês de competência, ocorrendo, no entanto, atraso no
pagamento dos meses de fevereiro a abril e dezembro, acarretando o pagamento de
juros, no valor de R$ 92.740,70. No exercício em análise houve parcelamento junto ao
INSS, sendo o mesmo empenhado e quitado regularmente;
19. Os Relatórios de Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, referentes a todo
exercício, foram publicados e encaminhados ao Tribunal dentro do prazo previsto pela
Resolução RN TC 07/03, constatando-se, contudo, divergências entre as informações
prestadas nesses instrumentos, o SAGRES e a PCA;
20. Apontou-se a ausência de encaminhamento das Metas Bimestrais de Arrecadação
(MBA) e do Cronograma Mensal de Desembolso (CMD), em desacordo com a
Resolução RN TC n° 07/2004;
21. Foram detectadas irregularidades em despesa com OSCIP, cujo valor pago no exercício
somou R$ 360.000,00, cabendo regístrar que tal matéria está sendo tratada nos autos do
Processo Te nO 04069/05, relativo a Inexigibilidade de licitação nO 04/05 para
celebração de Termo de Parceria com o Instituto Brasileiro ções Integradas
(IBRAI), para a instalação e manutenção de oxigênio em ho . da rede municipal.
Os autos correspondentes encontram-se, atualmente co análise da defesa
apresentada pela Secretária de Saúde do Mu icipio, n e taria da 2a Câmara para
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 5/12

redistribuição, em virtude da posse do Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho na


Presidência desta Corte de Contas;
22. Quanto à Gestão Fiscal, foi observado o não atendimento às disposições essenciais
da LRF, quanto à (ao):
22.1. manutenção do equilíbrio entre receitas e despesas;
22.2. montante da dívida consolidada, concessões de garantias, operações de
créditos;
22.3. compatibilidade de informações entre o REO e a PCA;
22.4. compatibilidade de informações entre o RGF e a PCA;
22.5. correta elaboração dos REO encaminhados para este Tribunal;
22.6. correta elaboração dos RGF encaminhados para este Tribunal;
24. Quanto aos demais aspectos examinados na PCA, foram constatadas as ocorrências
das seguintes irregularidades:
24.1. abertura de créditos adicionais sem fonte de recursos no valor de R$
26.094.115,54;
24.2. do exame dos aspectos formais da análise da Lei Orçamentária Anual do
exercício de 2006, concluiu-se que estes não guardam compatibilidade com a
Constituição Federal, a LRF e a RN - TC 07/04, pelos seguintes motivos:
24.2.1. os gastos com a valorização do Magistério não puderam ser analisados por
falta de detalhamento das despesas necessárias à verificação do cumprimento do
limite percentual estabelecido no artigo 60 da ADCT;
24.2.2. os gastos com a folha de pagamento do Poder Legislativo não puderam ser
analisados por falta de detalhamento das despesas necessárias à verificação do
cumprimento do limite percentual estabelecido no § 1°, do art. 29-A;
24.2.3 .. não foi atendido o que dispõe o § 1°, do Art. 7°, da RN-TC 07/2004
(mensagem de encaminhamento ao Poder Legislativo e a comprovação da
realização de audiência pública);
24.2.4. não foram apresentados diversos demonstrativos legalmente exigidos:
(Anexo 7 - Demonstrativo de Funções, Programas e Subprogramas por Projetos e
Atividades; Anexo 8 - Demonstrativo da Despesa por Funções Programas e
Subprogramas conforme o vínculo com os Recursos; Anexo 9 - Demonstrativo da
Despesa por Órgãos e Funções; Quadro Demonstrativo do programa anual de
trabalho do Governo, em termos de realização de obras e de prestação de
serviços);
24.3. da análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias restou a falha no que concerne à
comprovação de Audiências Públicas;
24.4. não encaminhamento do MBA e do CMD para o Tribunal de Contas, ensejando
multa no valor de R$ 3.200,00;
24.5. o montante de R$1.884.213,84, relativos a despesas indevidas e não perti n
aos objetivos do FUNDEF, que deve ser restituído a C/C 58.0 - X - FU F om
recursos do tesouro;
24.6. despesas não comprovadas no montante de R$ 25.000,0 .
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 .FI. 6/12

24.7. deficit na Execução Orçamentária de R$16.014.743,48;


24.8. o Balanço Patrimonial evidenciou déficit financeiro no valor de R$ 7.284.315,75;
24.9. o montante das disponibilidades verificadas no Balanço Patrimonial é insuficiente
para a cobertura das obrigações de curto prazo evidenciadas no Passivo Financeiro;
25. Observações acerca do cumprimento do Parecer PN Te n° 52/04:
25.1.Abertura de créditos adicionais sem autorização legislativa no montante de R$
121.778.564,37;
25.2. Não pagamento efetivo do salário mínimo nacionalmente unificado;
25.3. Incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive contábeis,
apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;
Diante das irregularidades sublinhadas, o interessado, regularmente notificado, encaminhou
os documentos de fls. 7943/8422.
A Unidade Técnica de Instrução, ao analisar as peças encartadas, elaborou Relatório
conclusivo, inserto às fls. 8439/8452 dos autos, com o seguinte entendimento, segundo se entende:
I . Irregularidades consideradas sanadas:
1. Relativamente ao não atendimento quanto às disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal,
quanto ao montante da divida consolidada, concessões de garantias, operações de créditos;
2. quanto aos demais aspectos examinados na PCA:
2.1. do exame dos aspectos formais da análise da Lei Orçamentária Anual - LOA: (a) não foi
r,
atendido o que dispõe o § 1°, do Art. da RN-TC 07/2004 (mensagem de encaminhamento
ao Poder Legislativo e a comprovação da realização de audiência pública); (b) não foram
apresentados diversos demonstrativos legalmente exigidos: Anexo 8 - Demonstrativo da
Despesa por Funções Programas e Subprogramas conforme o vínculo com os Recursos;
Anexo 9 - Demonstrativo da Despesa por Órgãos e Funções;
2.2. da análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a falha no que concerne à comprovação de
Audiências Públicas;
" • Irregularidades mantidas:
1. Pelo não atendimento quanto às disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal:
a) manutenção do equilíbrio entre receitas e despesas (item 4.1);
b) compatibilidade de informações entre o REO e a PCA (item 8.3);
c) compatibilidade de informações entre o RGF e a PCA (item 8.4.1);
d) correta elaboração dos REO encaminhados para este Tribunal (item 8.3);
e) correta elaboração dos RGF encaminhados para este Tribunal (item 8.4.1);
2. Quanto aos demais aspectos examinados:
2.1.abertura de créditos adicionais sem fonte de recursos no valor de R$ 26.094.115,54 (item
2.3.1 );
2.2.do exame dos aspectos formais da análise da Lei Orçamentária Anual - LOA e da defesa
apresentada, do exercício de 2006, concluiu -se que estes - guardam compatibilidade com a
Constituição Federal, a LRF e a RN - TC 07/04, pelos motivo el cados adiante (item 2.3.2.1):
'r os gastos com a valorização do Magistério o deram ser analisadas por falta de
detalhamento das despesas necesst rias à v iflc ao do cumprimento do limite percentual
estabelecido no artigo 60 da ADC
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 7/12

);> os gastos com a folha de pagamento do Poder Legislativo não puderam ser analisadas por
falta de detalhamento das despesas necessárias á verificação do cumprimento do limite
percentual estabelecido no § 1°, do art. 29-A;
r não foram apresentados diversos demonstrativos legalmente exigidos:
• Anexo 7 - Demonstrativo de Funções, Programas e Subprogramas por Projetos e
Atividades;
• Quadro Demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de
realização de obras e de prestação de serviços;
2.3. não encaminhamento do MBA e do CMD para o Tribunal de Contas, ensejando multa no
valor de R$ 3,200,00 (item 8.5);
2.4. o montante de R$1,884.213,84, relativo às despesas excluídas das aplicações do FUNDEF,
relativos a despesas indevidas e não pertinentes aos objetivos do FUNDEF, deve ser
restituído a C/C 58.021 - X - FUNDEF com recursos do tesouro (item 7.1.1.b);
2.5. despesas não comprovadas no montante de R$15.900,12 (item 12.1.2);
2.6. déficit na Execução Orçamentária de R$ 16.014.743,48 (ítem 4.1.1);
2.7. o Balanço Patrimonial evidenciou déficit financeiro no valor de R$ 7.284.315,75 (item 4.3.1);
2.8. o montante das disponibilidades verificadas no Balanço Patrimonial é insuficiente para a
cobertura das obrigações de curto prazo evidenciadas no Passivo Financeiro (item 4.3.9).
3. Observações acerca do cumprimento do Parecer Normativo PN Te n° 52104:
3.1.Abertura de créditos adicionais sem autorização legislativa no montante de R$
121.778.564,37. (item 2.3);
3.2. Não pagamento efetivo do salário mínimo nacionalmente unificado (item 12.2);
3.3. Incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive contábeis,
apresentados em meios fisico e magnético ao Tribunal (item 8.3,8.4).
O Ministério Público Especial junto ao TCE-PB emitiu o PARECER n° 1.300/2008, fls. 8453/8465, da
lavra do ilustre Procurador André Carlo Torres Pontes, manifestando-se, quanto aos fatos apurados
pela Auditoria, nos termos resumidamente destacados a seguir:
1. DEFICIT DE R$ 11.203.573,49 NA EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO. FALHAS NA LEI
ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA. DÉFICIT NA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE R$
16.014.743,48. O BALANÇO PATRIMONIAL EVIDENCIOU DÉFICIT FINANCEIRO NO
VALOR DE R$ 7.284.315,75. O MONTANTE DAS DISPONIBILIDADES VERIFICADAS NO
BALANÇO PATRIMONIAL É INSUFICIENTE PARA A COBERTURA DAS OBRIGAÇÕES DE
CURTO PRAZO EVIDENCIADAS NO PASSIVO FINANCEIRO. NÃO ENCAMINHAMENTO
DAS METAS BIMESTRAIS DE ARRECADAÇÃO (MBA) E DO CRONOGRAMA MENSAL DE
DESEMBOLSO (CMD) PARA O TRIBUNAL DE CONTAS, ENSEJANDO MULTA NO VALOR
DE R$ 3.200,00 - O orçamento público, no decorrer de sua evolução, ganhou status de
verdadeiro plano de trabalho - ou programa de governo - a ser perseguido em seus objetivos
e metas, amoldando-se à finalidade genérica da atividade financeira do Estado, qual seja, a
realização do bem comum, através da otimização dos recursos públicos umanos, financeiros
e patrimoniais) e aplicação buscando sempre resultados úteis' letividade (eficiência,
eficácia e efetividade). Com o advento da LC 01/2000 u inserção, no sistema
orçamentário, do instituto da participação popular, r iman . da mais o plano de governo
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO Te N° 02321/07 FI. 8/12

da vontade do povo ou da realização do bem comum, como influência direta na formação do


orçamento, como corolário à cidadania. No mesmo passo, equilíbrio das contas públicas
passou a ser um dogma na atualidade, definitivamente incorporado ao sistema orçamentário
pátrio pela Lei Complementar n° 101. A preocupação de manter o Estado com equilíbrio
financeiro, em regra gastando não mais do que arrecada, por meio de ações planejadas e
transparentes, é exigência da novel legislação, dirigida aos encarregados da gestão publica
nos três níveis de governo, sob pena de responsabilidade, segundo a LRF, art. 1°, § 1°. É
prudente, assim, recomendar ao gestor providências no sentido de aprimorar os instrumentos
de planejamento e execução dos gastos públicos, com o objetivo de manutenção do equilíbrio
das contas.

2. INCOMPATIBILIDADE DE INFORMAÇÕES ENTRE O RELATÓRIO RESUMIDO DA


EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA - REO E A PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL - PCA.
INCOMPATIBILIDADE DE INFORMAÇÕES ENTRE O RELATÓRIO DA GESTÃO FISCAL -
RGF E A PCA. INCORRETA ELABORAÇÃO DOS REO ENCAMINHADOS PARA ESTE
TRIBUNAL. INCORRETA ELABORAÇÃO DOS RGF ENCAMINHADOS PARA ESTE
TRIBUNAL. INCOMPATIBILIDADE NÃO JUSTIFICADA ENTRE OS DEMONSTRATIVOS,
INCLUSIVE CONTÁBEIS, APRESENTADOS EM MEIOS FíSICOS E MAGNÉTICO§ AO
TRIBUNAL - A constatação de informações e registros contábeis imprecisos e contraditórios
vai de encontro ao que dispõem as Normas Brasileiras de Contabilidade. A contabilidade deve
refletir, pela sua própria natureza, os fatos reais ocorridos no âmbito da entidade, cabendo
recomendações para o aperfeiçoamento de tal conduta;

3. ABERTURA DE CRÉDITOS ADIC/ONAIS SEM FONTE DE RECURSOS NO VALOR DE R$


26.094.115,54. ABERTURA DE CRÉDITOS ADICIONAIS SEM AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
NO MONTANTE DE R$ 121.778.564,37 - A abertura e utilização de créditos adicionais sem o
cumprimento da forma legal constituem atos ilícitos, porque realizados contrariamente ao
disposto na legislação financeira. A necessidade de prévia autorização legislativa se insere no
rol de instrumentos tendentes à concretude dos princípios republicanos da harmonia e
independência dos poderes públicos, bem como festeja o sistema de freios e contrapesos
inerentes ao controle das atividades estatais. Todavia, no caso das contas em análise, nem as
fontes de recursos indicadas em excesso nem os créditos adicionais abertos sem autorização
legislativa foram utilizados. A falha se limitou tão-só ao ato formal de abertura, sem qualquer
reflexo material no manuseio dos respectivos créditos;

4. O MONTANTE DE R$ 1.884.213, RELATIVO A DESPESAS EXCLUíDA DAS APLICAÇÕES


DO FUNDEF, DESPESAS INDEVIDAS E NÃO PERTINENTES AOS OBJETIVOS DO
FUNDEF, QUE DEVE SER RESTITUíDO 'A C/C 58.021-X FUNDEF, COM RECURSOS DO
TESOURO - Do valor total acima destacado R$ 1.869.812,89 refere-se a despesas efetuadas
com psicólogos escolar, assistentes sociais escolares e fonoaudiólogos anto a esse item
destacou o parquet que não é a simples nomenclat ra do cac elemento de sua
caracterização como inerente às funções do magistério m s as f õ desempenhadas, não
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PROCESSO TC N° 02321/07 FI. 9/12

sendo demais lembrar a importância desses citados profissionais para o desenvolvimento


educacional do aluno, não sendo incompatível a sua inserção, em quantidade razoável, no
quadro de pessoal do magistério. O que a lei proíbe, consoante apontado pela auditoria, é o
uso de recursos da educação para programas suplementares, não havendo, todavia, vedação
para o financiamento de atividades ordinárias e diretamente associadas às atividades
curriculares dos alunos do respectivo sistema de ensino. Dessa forma, restaria como aplicação
fora dos objetivos do FUNDEF o montante de R$ 14.400,95, relativos a gastos com aquisição
de troféus para serem distribuídos em jogos escolares e em mostra de danças (esporte e
cultura, respectivamente), cujo valor não se justificaria a obrigação de repor, sem prejuízo das
recomendações de estilo;

5. DESPESAS NÃO COMPROVADAS NO MONTANTE DE R$ 15.900,12 - Este valor


correspondeu a uma viagem aos Estados Unidos, com duração de nove dias, realizada pelo
Prefeito juntamente com dois assessores, cujo objetivo público está devidamente comprovado
nos autos, conforme atestado pelo Órgão Auditor, não representando qualquer exorbitância. A
falha se resumiu à forma de realização do gasto: adiantamento ou diária. Não há, pois,
despesas sem comprovação;

6. NÃO PAGAMENTO EFETIVO DO SALÁRIO MíNIMO NACIONALMENTE UNIFICADO - Os


pagamentos foram identificados como realizados, em sua maioria, em favor de professores
contratados por tempo determinado com jornada de trabalho reduzida, cujos contratos estão
subscritos pelo então secretário de educação Walter Galvão Peixoto de Vasconcelos. Não foi
identificada pela Auditoria lei municipal que regulasse a matéria, contudo, como se trata de
atos delegados ao titular daquela pasta, em suas respectivas contas à matéria dever ser
examinada, sem prejuízo das recomendações de estilo.

Diante de todo o exposto, concluiu o Paquet à luz da legislação e da jurisprudência assentada


nesta Corte de Contas, notadamente em face do Parecer Normativo PN Te nO 5212004, que os fatos
apurados, apesar de atraírem providências administrativas para o aperfeiçoamento da gestão pública,
não justificam a imoderada reprovação das contas. Por fim, pugnou para que esta Egrégia Corte, em
razão do exame das contas do exercício de 2006, sob a responsabilidade do senhor Ricardo Vieira
Coutinho, na Qualidade de Prefeito do Município de João Pessoa:

o DECLARE o atendimento parcial dos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos


na LC 101/2000, ante o fato mencionado no item 1;
o EMITA PARECER sugerindo à Câmara Municipal de João Pessoa a APROVAÇÃO das
contas de gestão geral relativas ao exercício de 2006;
o RECOMENDE diligências no sentido de prevenir a repetição das
exercício de 2006.

É o Relatório, informando que foram feitas as comunicações de es . o.


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2 - VOTO DO RELATOR

Acerca das restrições apontadas pela Auditoria, considera o Relator que carecem ser
ponderados os seguintes aspectos:
Comparando-se a receita arrecadada com a realizada, evidencia-se que o município de João
Pessoa gastou, no exercício de 2006, mais do que arrecadou, perfazendo um déficit orçamentário geral
de R$ 11.203.573,49, equivalente a 1,77% da receita orçamentária arrecadada. Mesmo considerando
que os reflexos produzidos nas contas prestadas não são suficientes para lhes impingir máculas, cabe
ressaltar que tal irregularidade atenta contra um dos mais importantes princípios da gestão fiscal
responsável: o do equilíbrio orçamentário. Esta desconfortável evidência assume aspecto de
indiscutível gravidade se colocada à frente das conseqüências resultantes da Lei Complementar n°
101/2000, cabendo recomendação no sentido de que o Gestor se esmere na busca pelo equilibrio
entre receitas e despesas, nos exercícios seguintes.
A constatação de deficit na execução do orçamento, bem como a apresentação a este TCE-PB
de informações e registros contábeis imprecisos, contraditórios e incorretos, devem fundamentar na
decisão que a Corte adotar de atendimento parcial das exigências da Leí de Responsabilidade Fiscal.
Quanto à insuficiência financeira apontada, embora remanesça a irregularidade, o fato de não
haver se evidenciado nos dois últimos quadrimestres do mandato, não há como ser imputada ao gestor
nos termos do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ressaltando-se, mais uma vez, no entanto,
que urge a adoção de medidas tendentes a adequar a realização de despesas dentro do estrito limite
da arrecadação proporcionada por suas receitas, de forma a evitar deficit nas suas demonstrações
econômico-financeiras, por imposição da Lei supramencionada e da necessária obediência ao princípio
orçamentário do equilíbrio, conforme a alínea "b" do art. 48 da Lei n° 4.320/64.
Em relação aos créditos adicionais abertos sem fonte de recursos (R$ 26.094.115,54), e sem
autorização legislativa (R$ 121.778.564,37), não obstante subsistam tais falhas, configurando-se
desobediência à norma legal, restam minimizadas, tendo em vista que foram apenas efetivamente
utilizados créditos em valor para os quais existiam autorização e fontes suficientes de recursos para
sua cobertura, no segundo caso e no primeiro, a Corte de Contas reiteradamente reconhece que se a
lei que alterou o orçamento foi editada no mesmo exercício da sua execução, mesmo retroagindo os
seus efeitos, supre a falha, de modo que ambos aspectos merecem ser desconsiderados para emissão
de parecer.
Da análise efetuada nas folhas de pessoal do FUNDEF a Auditoria, quando de inspeção in loco,
verificou que do total das despesas pagas, até 31/12/2006, bem como dos respectivos restos a pagar,
constam despesas com psicólogo escolar - R$ 1.001.867,84 e assistente social escolar - R$
834.424,92, fls.5258/5260. Figuram, também, como despesas empenhadas no elemento 04 -
contratação por tempo determinado - despesas com psicólogo - R$ 15.971,54, assistente social - R$
11.750,00 e fonoaudiólogo - R$ 5.798,59, conforme doc. fls. 5261. De acordo com o órgão de
instrução, tais gastos, no montante de R$ 1.869.812,89, não seriam pertinentes às aplic ões da MOE,
não devendo ser financiadas com recursos do FUNDEF, em virtude do que precei a inciso IV, do
artigo 71, da LDB. Diferentemente, posicionou-se o parquet que, em virtude d irn ortância que os
citados profissíonais para o desenvolvimento educacional do aluno ,com fun e o no art. 67 da Lei
9.394/1996, com as alterações da Lei 11.301/2006, entendeu ã ser in mp ível a inserção dos
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citados profissionais no quadro de pessoal do magistério, desde que em quantidade razoável. O


Relator, acerca da matéria, concorda com a exclusão dos valores relativos aos serviços prestados por
fonoaudiólogos, no valor de R$ 5.798,59, considerando, no entanto, aceitáveis o cômputo com relação
às despesas com psicólogo escolar e assistente social escolar.
Quanto ao montante de R$ 14.400,95 (aquisição de troféus para serem distribuídos nos jogos
escolares e na mostra de danças) destacados pela Auditoria como despesas indevidas e não
pertinentes aos objetivos do FUNDEF, doc. fls. 5251/5254 e, conseqüentemente, excluídas das
aplicações do FUNDEF (Outras despesas do FUNDEF), divergindo também da posição do Ministério
Publico Especial, data vênía, entende o Relator que acertou a Auditoria em não considerar tal despesa.
Deste modo, remanesce como aplicação fora dos objetivos do FUNDEF o montante de R$
20.199,54 (vinte mil e cento e noventa e nove reais e cinqüenta e quatro centavos), relativos a
despesas com pagamento de prestação de serviços de fonoaudiólogo(R$ 5.798,59), bem como a
despesas excluídas das outras despesas do FUNDEF (R$ 14.400,95), que devem retornar a C/C do
FUNDEF - C/C - 58.021-X, com recursos do próprio município.
Em relação às despesas não comprovadas, no valor de R$ 15.900,00, os gastos
corresponderam à viagem realizada pejo Prefeito aos Estados Unidos, com duração de nove dias
(09/12 a 17/12 de 2006), para participação em diversos eventos ocorridos naquele país. O
procedimento utilizado para custear as despesas de viagem foi formalizado, inicialmente, como
adiantamento, no montante de R$ 25.000,00 (NE nOs 28089/06 e 28090/06), com Ordem de
Pagamento datada de 05112/2006. Em 23/04/2007 foi restituída aos cofres municipais a quantia de R$
9.099,88, em decorrência de saldo do pretenso adiantamento para despesas de viagem, relativa à NE
n° 28089/06, remanescendo o saldo de R$ 15.900,12. Em 30/04/2007, a Procuradoria do Município,
através de Parecer subscrito pelo Assessor Especial Ricardo Figueiredo Moreira, concluiu pela
substituição do procedimento de adiantamento (R$ 15.900,12), para o de concessão de diárias
internacionais, em razão da natureza jurídica das despesas (alimentação, hospedagem, locomoção e
outros gastos relativos à viagem). De fato, o Parecer da Procuradoria foi elaborado quando a prestação
de contas do. Prefeito já deveria ter sido realizada (Lei n° 10.679/05 - art. Art. 32), não havendo a
apresentação de regulamentação que justificasse a concessão de diária internacional, calculada pela
Auditoria inicialmente pelo todo (R$ 25.000,00), o que resultaria numa diária de R$ 2.777,78. Contudo,
merece ser considerado que este valor se refere à diária relativa ao Prefeito e mais dois Assessores e
que ainda houve conversão do Real para o Dólar, além do mais, não foi computada a devolução no
valor antes informado. Dessa forma, a despeito da subsistência da falta de regulamentação específica
e de parâmetro quanto à fixação dos valores relativamente à diária, parece ao Relator razoável a
importância disponibilizada de modo a não merecer glosa, mas cabe recomendação para que edite
norma com vistas a corrigir tais aspectos.
Feitas tais observações e considerando que as falhas remanescentes não têm reflexos negativos
nas contas prestadas, bem assim, que foram cumpridos os aspectos mais relevantes da gestão geral,
principalmente a aplicação de recursos legal e constitucionalmente vinculados, o Relator vota no
sentido de que os integrantes deste egrégio Tribunal Pleno:
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Senhor Ricardo Vieira Coutinho, referente ao exercício de 2006, considerando na


decisão o atendimento parcial às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC
n" 101/00), com as ressalvas do artigo 124, parágrafo único do Regimento Interno do
Tribunal;
• DETERMINEM a restituição do valor total de R$ 20.199,54 a c/c nO58.021-X FUNDEF,
com recursos do Tesouro Municipal, em decorrência de despesas indevidas e não
pertinentes aos objetivos do FUNDEF;
• RECOMENDEM a Administração Municipal a guarda de estrita observância dos
comandos constitucionais e legais e das normas emanadas por esta Corte de Contas e
para que mantenha a Contabilidade do Município em consonância com os principios e
regras contábeis pertinentes, evitando repetir as falhas e irregularidades verificadas
nestes autos, buscando, nos exercicios subseqüentes, o equilíbrio orçamentário
necessário à pública administração, sob pena de serem consideradas em futuras
prestações de contas. Recomendando, afinal, a edição de norma que preveja os
necessários parâmetros para concessão de diárias, inclusive internacionais;
• ORDENEM a remessa aos autos da Prestação de Contas do Secretário de Educação
do exercício em epígrafe, Senhor Walter Galvão Peixoto de Vasconcelos, a matéria
referente à retribuição de pessoal em valor inferior ao salário mínimo.

É o Voto.

OS ANTONIO DA COSTA
OR

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