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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 1/7

Administração Indireta Municipal, Fundo Municipal de


Saúde de Alagoa Grande. Prestação de Contas Anuais,
exercício de 2006, de responsabilidade da S,.a Flávia Lira
da Paz Ferreira. Julga-se regular. Emitem-se
recomendações.

ACÓRDÃO APL TC 42712009

1. RELATÓRIO
Examina-se a prestação de contas anual do Fundo Municipal de Saúde de Alagoa Grande, relativa
ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade da Sr'l. Flávia Lira da Paz Ferreira.
A Auditoria, após a análise da documentação encaminhada e realização de inspeção in loco, emitiu
o relatório de fls. 857/864, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:
1. a prestação de contas foi encaminhada ao TCE em conformidade com a Resolução RN TC
07/97;
2. o Fundo Municipal de Saúde de Alagoa Grande, criado pela Lei Municipal nO579/1993, tem
como objetivo criar condições financeiras e de gerência dos recursos destinados ao
desenvolvimento das ações de saúde, executadas ou coordenadas pela Secretaria Municipal
de Saúde;
3. constituem receitas do Fundo:
3.1. as transferências oriundas do orçamento da Seguridade Social, como decorrência do
que dispõe o art. 30, VII, da Constituição da República;
3.2. os rendimentos e os juros provenientes de aplicações financeiras;
3.3. o produto de convênios firmados com outras financiadoras;
3.4. o produto da arrecadação da taxa de fiscalização sanitária e de higiene, multas e
juros de mora por infrações ao Código Sanitário Municipal, bem como parcelas de
arrecadação de outras taxas instituídas e daquelas que o Município vier a criar;
3.5. as parcelas do produto de arrecadação de outras receitas próprias oriundas das
atividades econômicas, de prestação de serviços e de outras transferências que o
Município tenha direito a receber por força de lei e de convênios no setor; e
3.6. doações em espécie feitas diretamente para o Fundo.
4. o orçamento para o exercício em análise estimou a receita e fixou a despesa em R$
7.021.961,50;
5. a receita orçamentária arrecadada, toda de natureza corrente, totalizou R$ 5.167.574,86,
sendo 9,23% desse valor registrados em "Receita de Serviços", 42,43% em "Transferências da
União", 48,16% em "Transferências do Município" e a diferença apropriada em "Outras
Receitas Correntes";
6. a despesa orçamentária realizada somou R$ 5.167.916,72, sendo 77,13% desse valor
registrados em "Despesas Correntes" e 22,87% em "Despesas de Capital";

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 217

7. dentre as despesas de natureza corrente, destacaram-se os gastos com "Pessoal e Encargos


Sociais", que corresponderam a 66,22% daqueles dispêndios. A diferença foi apropriada em
"Outras Despesas Correntes";
8. no que se refere às "Despesas de Capital", 82,44% do valor foram registrados em
"Equipamentos e Material Permanente" e a diferença em "Obras e Instalações";
9. durante o exercício, foram abertos créditos suplementares e especiais nos respectivos valores
de R$ 2.282.137,87 e R$ 80.000,00, indicando como fontes de recursos a anulação de
dotações orçamentárias e outras;
10. a receita extraorçamentária atingiu R$ 203.705,87, registrada em "Restos a Pagar", no valor de
R$ 22.689,36, e a diferença em "Consignações";
11. a despesa extraorçamentária somou R$ 99.478,06, totalmente registrados em "Consignações";
12. o saldo para o exercício seguinte somou R$ 211.677,71, registrados em "Bancos" e "Caixa"
nas respectivas proporções de 99,88% e 0,12%;
13. quanto aos aspectos operacionais, o relatório de gestão não apresentou maiores informações
sobre as atividades, limitando-se a discriminar procedimentos realizados nas unidades de
saúde do município;
14. não há registro de denúncia e nem de utilização de adiantamento durante o exercício de 2006;
15. por fim, apontou as seguintes irregularidades:
15.01. falha na elaboração do Balanço Orçamentário (dentre as transferências advindas do
município foi registrada a importância de R$ 1.150.139,42, referente a receita de
convênios);
15.02. execução orçamentária deficitária em R$ 243,86;
15.03. falha na elaboração do Balanço Patrimonial, no tocante à apuração da dívida (o
Demonstrativo da Dívida Flutuante, fl.40, apresenta o saldo de restos a pagar sem o
valor de R$ 308.700,96, referente ao exercício de 2003, conforme demonstrativo
corrigido apresentado em sede de defesa na PCA de 2004, fI. 228);
15.04. insuficiência financeira para cumprir as obrigações inscritas em restos a pagar
(incluindo-se os restos a pagar de 2003, conforme demonstrado no subitem anterior, a
disponibilidade financeira se torna insuficiente);
15.05. emissão indevida do Relatório de Execução Orçamentária - REO pelo Fundo Municipal
de Saúde;
15.06. excesso de consumo de combustíveis no valor de R$ 35.903,43 (cálculo efetuado a
partir de planilhas de consumo elaboradas pela Prefeitura em cotejo com os
documentos de despesa apresentados pelo FMS);
15.07. despesa não comprovada com aquisição de combustíveis no valor de R$ 10.987,92;
15.08. despesa não empenhada com obrigações patronais;
15.09. não contabilização de retenção de INSS (segurado) no valor de R$ 80.539,46;
15.10. despesa extra-orçamentária não comprovada com consignações de INSS, no valor de
R$ 5.179,01;
15.11. ausência de recolhimento aos cofres do Instituto Nacional da Seguridade Social de R$
79.760,57, referente à diferença entre as retenções previdenciárias e o repasse; e ~'

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 3/7

15.12. controle de estoque de medicamentos da farmácia municipal inadequado, bem como


guarda de material de expediente em mesmo espaço físico.
Em virtude das irregularidades acima descritas, a ex-gestora do instituto, sra Flávia Lira da Paz
Ferreira, regularmente notificada e após pleitear e obter dilatação de prazo, apresentou as justificativas e
documentos de fls. 876/1163.
A Auditoria, após a análise da defesa, emitiu o relatório de fls. 1165/1172, entendendo,
resumidamente, que:
a) foram devidamente justificadas as falhas relativas à execução orçamentária deficitária;
emissão indevida do REO pelo FMS; despesa não comprovada com aquisição de
combustíveis, no valor de R$ 10.987,92; despesa não empenhada com obrigações patronais,
no valor de R$ 514.170,95; despesa extraorçamentária não comprovada com consignações de
INSS, no valor de R$ 5.179,01; estocagem e controle inadequados de medicamentos da
farmácia municipal e ausência de recolhimento aos cofres do INSS de R$ 79.760,57, sendo
que, neste último caso, sugeriu a imputação de R$ 1.918,96, referente a juros pelo pagamento
em atraso;
b) apesar de sanadas, as falhas relacionadas à despesa não empenhada com obrigações
patronais, no valor de R$ 514.170,95, e ausência de recolhimento aos cofres do INSS de R$
79.760,57, sugeriu a reprodução dos correspondentes documentos para encaminhamento à
instituição competente a fim de que tomem conhecimento e adotem providências; e
c) permanecem irregulares os itens referentes à falha na elaboração dos Balanços Orçamentário
e Patrimonial, insuficiência financeira para cumprir as obrigações inscritas em restos a pagar,
excesso de consumo de combustíveis no valor de R$ 31.319,53 e não contabilização de
retenção de INSS (segurado) no valor de R$ 80.539,46, conforme comentários a seguir
resumidos:
I:::ALHA§NA ELABORAyÃO DQBALANÇOORÇAM~NT~RIO, QUANTO À RECEITA
Defesa - alegou que os recursos dos Convênios nO 5432/2004, 5430/2004 e 3009/2005 foram
creditados em conta corrente da Prefeitura e depois transferidos ao instituto, razão pela qual foram
contabilizados como transferência do próprio município.
Auditoria - informou tratar-se de receita de convênios para aplicação em despesa de capital
(construção de unidades de saúde, aquisição de equipamentos médico-hospitalares para o
Hospital Municipal, entre outros), portanto, deveria ter sido registrada em receita de capital.
FAt.~fI. NA~l..J\~ºRAÇ,Ã.º~º.·.8ALANÇQ~ATRlfV10NIAL, NO TOCANtlE.·À A~t.JRAYÃO··DA DivIDA
Defesa - alegou que, apesar de retificado na ocasião da oferta da defesa na prestação de contas
de 2004, o valor dos restos a pagar de 2003, após a anulação de alguns empenhos, passou para
R$ 77.164,26, reduzindo-se, também, a dívida do instituto para R$ 227.530,70, valor que se
aproxima do verificado no ativo financeiro constante no Balanço Patrimonial de 2006.
Auditoria - os documentos comprobatórios da alegada anulação não foram anexados aos autos.
INSUFICIÊNCIA FINAN~EIRAPARACuMRRIRASOBRIGAyÕ~$IN$êR]TA$EM R~Sm0S A PAf.iJ~R

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PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 4/7

Defesa - sustentou as alegações já descritas no item anterior, solicitando a desconsideração da


falha dada a ínfima importância de 4.172,00 entre o total da dívida flutuante (R$ 227.530,70) e o
registrado no ativo financeiro (R$ 223.358,70) do Balanço Patrimonial.
Auditoria - ao informar que os argumentos da defesa, referentes ao item anterior, não foram
acatados, e os mesmos serviram de base para a presente contestação, manteve o entendimento
inicialmente exarado.
ÊXCESSO·DE CONSWM.O·DÊ~ClMel..lsmívEIS •••
NO VAI20R[)E:R$3p,903,43
Defesa - alegou que a Auditoria deixou de considerar 3.014,8 litros de gasolina consumidos por 02
(dois) veículos locados, destinados ao desenvolvimento de atividades da saúde (Fiat 2005, MOJ
1336 e Palio/2005, MOU 5199), reduzindo-se o suposto excesso para 11.855,84 litros, que, na
verdade, dizem respeito a estoque no reservatório de combustíveis da Prefeitura. Por fim,
questionou a aplicação da média aritmética no preço do litro do material carburante, alegando que
o valor deveria ser aquele constante das notas fiscais.
Auditoria - ressaltou a informação do Executivo de que o veiculo Fiat 2005, MOJ 1336, estaria à
disposição da Administração Direta, não sendo possível, portanto, incluir o seu consumo no da
frota do FMS. Quanto ao Palio 2005, MOU 5199, reconheceu que o consumo de 1.993 litros de
gasolina realmente não foi considerado, e que, ao adicioná-lo, o excesso fica reduzido de 9.489,21
para 7.496,21 litros de gasolina, equivalentes a R$ 17.241,28. No tocante ao diesel, informou que a
situação permanece, ou seja, o excesso de 8.185,03 litros, correspondentes a R$ 14.078,25, que,
somados ao de gasolina, tem-se R$ 31.319,53 de excedente. Acrescentou que os valores unitários
de gasolina e diesel adotados (R$ 2,30 e R$ 1,72, respectivamente) se encontram dentre os
menores presentes na documentação de despesa de fls. 235/441, favorecendo o gestor. Por fim,
quanto ao alegado estoque, ressaltou que os tanques de armazenamento de combustíveis
instalados na garagem municipal comportam fração bem inferior ao volume apontado como
excessivo. Ademais, asseverou que o defendente não acostou aos autos qualquer comprovação
documental da capacidade de armazenamento dos tanques, bem como, do volume residual ali
presente ao final do exercício de 2006.
N~O·~ClN1ABILlLAY~ODE REm6NyÃO DEINSS(SEG~R.ADO), NO VAI20R,PER$80.539,46
Defesa - alegou que o empenhamento de grande parcela da folha de salários do pessoal do FMS
foi efetuado pelo valor liquido, conforme documentos de fls. 948/1139, não havendo a retenção
indicada, logo não há que se falar em apropriação indébita. Porém, afirmou existirem obrigações
previdenciárias sobre as remunerações recebidas pelos servidores, conforme se depreende do
documento "GFIP", as quais não foram recolhidas em virtude da insuficiência financeira verificada
em 2006. Acrescentou que, após a celebração do termo de parcelamento, a situação foi adimplida.
Auditoria - informou que o procedimento de se empenhar a despesa de pessoal pelo valor líquido
gera distorções no total dos gastos dessa natureza. Adiantou que, embora exibidas nos
contracheques dos servidores, as retenções não foram contabilizadas, configurando o caráter
negligente da Administração para com os servidores e a possível geração de passivos
contingentes. Acrescentou que a alegação de que as contribuições previdenciárias indiretamente
retidas foram adimplidas com a assinatura do Termo de Parcelamento não deve prosperar, visto
que o INSS permite o parcelamento das obrigações patronais, vedando a negociação daquelas
retidas na folha de pessoal.

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PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 5/7

Provocado a se manifestar, o Ministério Público junto ao TCEIPB, através do Parecer nO


590/2009, entendeu, em resumo:
1. QUANTO ÀS FALHAS NA ELABORAÇÃO DOS BALANÇOS ORÇAMENTÁRIO E PATRIMONIAL E
Á NÃO CONTABILIZAÇÃO DE RETENÇÃO DO INSS (EMPREGADO), NO VALOR DE R$ 80.539,46
Trata-se de descumprimento de regras contábeis consubstanciadas nas Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC1, cabendo recomendar ao gestor que, em articulação com o setor contábil da
entidade, adote as medidas necessárias ao aperfeiçoamento da conduta, observando, sobretudo, os
comandos da NBC-T-12 e da NBC-T-2-13, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, através
das Resoluções 530/81 e 563/83, respectivamente;
2. NO TOCANTE Á INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA PARA CUMPRIR AS OBRIGAÇÕES INSCRITAS EM
RESTOS A PAGAR
Apesar de configurar descumprimento dos temos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a ocorrência deve
ser analisada na consolidação das contas gerais, pois o gerenciamento dos recursos do instituto
depende, no mais das vezes, quando não em sua totalidade, das transferências do próprio município e
de outras esferas de governo;
3. NO ATINENTE AO EXCESSO DE CONSUMO DE COMBUSTíVEL, NO VALOR DE R$ 31.319,53
A falta de provas da regularidade da despesa, com os correspondentes documentos legalmente
exigidos, atrai para os gestores a "consequente responsabilidade de ressarcir os gastos irregulares que
executaram ou concorreram" , além de multa por prejuízos causados ao erário, conforme previsto no art.
55, da LCE n° 18/93;
4. POR FIM, PUGNOU PELA:
4.1. irregularidade das presentes contas;
4.2. aplicação de multa á gestora responsável, com base nos arts. 55 e 56, 111, da LOTCEIPB, em
razão da prática de ato antieconômico, que resultou em dano injustificado ao erário;
4.3. imputação de débito relativo ao excesso de gasto com combustível, conforme apontado pela
Auditoria dessa Corte de Contas;
4.4. recomendação à atual gestão de diligências no sentido de prevenir a repetição das falhas
acusadas no exercício de 2006.
É o relatório, informando que as notificações de praxe foram expedidas.
2. VOTO DO RELATOR
Depreende-se das peças instrutivas que a única irregularidade significativa é o excesso na
despesa com combustíveis.
A título de esclarecimento, o Relator informa que a Auditoria se baseou nas planilhas de controle
de abastecimento de veículos elaboradas pela Prefeitura, encartadas às fls. 442/457. Utilizou, também, os

1 Segundo a Resolução 529/81 do Conselho Federal de Contabilidade, as NBC constituem um corpo de doutrina contábil que serve de
orientação técnica ao exercício profissional, em qualquer de seus aspectos. A sua inobservância constitui infração profissional grave,
punida nos termos da legislação pertinente.
2 "1.6 - DA FORMALIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS - Os atos e fatos contábeis devem estar consubstanciados em registros
apropriados. Qualquer que seja o processo adotado para tais registros, devem ser sempre preservados os elementos de comprovação
necessários à verificação não só quanto à precisão como à perfeita compreensão das demonstrações contábeis."
3 "2.1.2- (...)
e) Com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a
prática de atos administrativos. '

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PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 6/7

documentos de despesas (notas de empenho, notas fiscais e recibos) fornecidos pelo FMS, inseridos às fls.
235/441.
A Auditoria cotejou a quantidade de combustível adquirida pelo FMS com a consumida pelos
veículos a sua disposição, constatando que foi comprado mais combustível do que o anotado nas planilhas de
controle de abastecimento. Procedeu da mesma forma com os veículos dos demais setores da Prefeitura, tendo
como resultado a aquisição em menor quantidade em relação ao consumo apontado, inferindo que despesas
não pertencentes à saúde foram nela apropriadas com o objetivo de elevar o índice de aplicação.
Feitas as devidas deduções do combustível apropriado em Saúde para complementar o consumo
dos veículos dos demais setores da Prefeitura, obedecendo-se os números anotados nas planilhas, a Auditoria
constatou, ainda, um excesso de 9.489,21 litros de gasolina e de 8.185,03 litros de diesel, ou seja, as planilhas
de controle de combustível exibiam um consumo menor do que a quantidade adquirida.
Em sua defesa, o gestor alegou que a Auditoria deixou de considerar dois veículos locados pelo
FMS, cujo consumo atingiu 3.014,8 litros de gasolina. Questionou, ainda, a utílização da média aritmética no
cálculo do excesso, demonstrando que ao multiplicá-Ia pela quantidade de cada material carburante adquirida
pelo FMS o valor total supera o registrado contabilmente. Afirmou que o excesso anotado em relação ao real
consumo de combustível do FMS não significa que houve qualquer irregularidade, pois as despesas estão
devidamente comprovadas e o produto foi adquirido para abastecimento da frota municipal, independentemente
do setor. Por fim, ressaltou que o combustível foi adquirido diretamente de distribuidor por preços aquém dos
praticados no mercado varejista e armazenado em reservatório cujo estoque final não foi considerado pela
Auditoria em seus levantamentos.
Ao analisar a defesa, a Auditoria ressaltou que um dos veículos não considerados inicialmente
estaria à disposição da Administração Direta, não sendo possível, portanto, incluir o seu consumo no da frota do
FMS. Quanto ao segundo, ao reconhecer que o consumo de 1.993 litros de gasolina realmente não foi
considerado, afirmou que, ao adicioná-lo, o excesso fica reduzido de 9.489,21 para 7.496,21 litros de gasolina,
equivalentes a R$ 17.241,28. No tocante ao diesel, informou que a situação permaneceu, ou seja, o excesso de
8.185,03 litros, correspondentes a R$ 14.078,25, que, somados ao de gasolina, tem-se R$ 31.319,53.
Acrescentou que os valores unitários de gasolina e diesel adotados (R$ 2,30 e R$ 1,72, respectivamente) se
encontram dentre os menores apresentados na documentação de despesa de fls. 235/441, favorecendo o
gestor. Por fim, quanto ao alegado estoque, ressaltou que os tanques de armazenamento de combustíveis
instalados na garagem municipal comportam fração bem inferior ao volume apontado como excessivo, mas
anotou, também, que o defendente não acostou aos autos qualquer comprovação documental da capacidade de
armazenamento dos tanques, bem como, do volume residual ali presente ao final do exercício de 2006.
A partir dessas observações, verifica-se que a Auditoria utilizou banco de dados elaborado pela
própria Prefeitura, onde consta toda a frota municipal, cotejando-o com os documentos de despesas
apresentados pelo FMS.
Quanto às alegações do gestor da falta de inclusão do estoque final, convém destacar que, se, por
um lado, não foi considerado, por outro, o estoque inicial também não o foi.
A defesa questionou também os valores atribuídos ao litro da gasolina e do diesel. Sobre esse
ponto, o Relator entende que pode ser calculado o valor médio ponderado, levando-se em conta a quantidade
adquirida em cada compra. Aplicando-se esse critério, o litro da gasolina se torna menor, altera-se de R$ 2,30
para R$ 2,22, favorecendo o gestor. Já quanto ao diesel, a situação se inverte, posto que o valor do litro
aumenta de R$ 1,72 para R$ 1,82. No entanto, o total atinge R$ 31.538,33, superando o apontado pela
Auditoria, que foi de R$ 31.319,53.

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PROCESSO TC N° 01954/07 FI. 7/7

De todo o exposto, o Relator vota pela irregularidade da prestação de contas em exame,


imputando-se à gestora a importância de R$ 31.319,53, referente ao constatado excedente de 7.496,21 litros de
gasolina, ao preço unitário de R$ 2,30, totalizando R$17.241,28, e de 8.185,03 litros de diesel, ao preço unitário
de R$ 1,72, totalizando R$ 14.078,25. Vota, também, pela aplicação da multa de R$ 2.805,10 (dois mil,
oitocentos e cinco reais e dez centavos), em virtude das irregularidades anotadas no presente processo e, por
fim, pela emissão de recomendações à atual administração do instituto no sentido de estrita observância das
normas constitucionais, dos princípios administrativos e da necessidade de manter sua contabilidade em
consonância com as normas legais pertinentes, sob pena de repercussão negativa em prestações de contas
futuras e aplicação de penalidades pecuniárias às autoridades responsáveis.
3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO
Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO01954/07; e
CONSIDERANDO que, após o voto do Relator, houve pedido de vista pelo Conselheiro Flávio
Sátiro Fernandes, e, posteriormente, pelo Conselheiro José Marques Mariz, sendo constatado por este que a
responsável pelo gerenciamento do Fundo, a Sr" Flávia Lira da Paz Ferreira, não ordenou e nem pagou
despesas com combustível, não sendo, portanto, de sua responsabilidade, mas do Prefeito do município, o
excesso de gasto apontado pela Auditoria;
CONSIDERANDO que prestação de contas do Prefeito do Município de Alagoa Grande, referente
ao exercício em tela, já foi apreciada, não havendo qualquer restrição, por parte da Auditoria, quanto aos gastos
com combustível;
CONSIDERANDO que, diante das constatações feitas, o Relator do Processo reviu seu
posicionamento acima, votando pela regularidade da prestação de contas, sem qualquer imputação de débito;
CONSIDERANDO o mais que consta nos autos;
ACORDAM os membros integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão de
julgamento, em:
I. JULGAR REGULAR a prestação de contas anual do Fundo Municipal de Saúde de Alagoa
Grande, relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade da Sr". Flávia Lira da
Paz Ferreira; e
11. RECOMENDAR à atual administração do Fundo a estrita observância das normas
constitucionais, dos princípios administrativos e da necessidade de manter sua contabilidade
em consonância com as normas legais pertinentes, sob pena de repercussão negativa em
prestações de contas futuras e aplicação de penalidades pecuniárias às autoridades
responsáveis.
Publique-se e intime-se.
Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro João Agripino.
João Pessoa, 20 de mai
, 009.

ntânio Cláudio Silva S),tos


1~- S-
Ana Terêsa Nóbrega
.\J- .
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Relator '7' Procuradora Geral do
Ministério Público junto ao TCE-PS

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