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Em, J2b...!4/....l22.
1. RELATÓRIO
Examina-se a prestação de contas anual do Fundo Municipal de Saúde de Alagoa Grande, relativa
ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade da Sr'l. Flávia Lira da Paz Ferreira.
A Auditoria, após a análise da documentação encaminhada e realização de inspeção in loco, emitiu
o relatório de fls. 857/864, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:
1. a prestação de contas foi encaminhada ao TCE em conformidade com a Resolução RN TC
07/97;
2. o Fundo Municipal de Saúde de Alagoa Grande, criado pela Lei Municipal nO579/1993, tem
como objetivo criar condições financeiras e de gerência dos recursos destinados ao
desenvolvimento das ações de saúde, executadas ou coordenadas pela Secretaria Municipal
de Saúde;
3. constituem receitas do Fundo:
3.1. as transferências oriundas do orçamento da Seguridade Social, como decorrência do
que dispõe o art. 30, VII, da Constituição da República;
3.2. os rendimentos e os juros provenientes de aplicações financeiras;
3.3. o produto de convênios firmados com outras financiadoras;
3.4. o produto da arrecadação da taxa de fiscalização sanitária e de higiene, multas e
juros de mora por infrações ao Código Sanitário Municipal, bem como parcelas de
arrecadação de outras taxas instituídas e daquelas que o Município vier a criar;
3.5. as parcelas do produto de arrecadação de outras receitas próprias oriundas das
atividades econômicas, de prestação de serviços e de outras transferências que o
Município tenha direito a receber por força de lei e de convênios no setor; e
3.6. doações em espécie feitas diretamente para o Fundo.
4. o orçamento para o exercício em análise estimou a receita e fixou a despesa em R$
7.021.961,50;
5. a receita orçamentária arrecadada, toda de natureza corrente, totalizou R$ 5.167.574,86,
sendo 9,23% desse valor registrados em "Receita de Serviços", 42,43% em "Transferências da
União", 48,16% em "Transferências do Município" e a diferença apropriada em "Outras
Receitas Correntes";
6. a despesa orçamentária realizada somou R$ 5.167.916,72, sendo 77,13% desse valor
registrados em "Despesas Correntes" e 22,87% em "Despesas de Capital";
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1 Segundo a Resolução 529/81 do Conselho Federal de Contabilidade, as NBC constituem um corpo de doutrina contábil que serve de
orientação técnica ao exercício profissional, em qualquer de seus aspectos. A sua inobservância constitui infração profissional grave,
punida nos termos da legislação pertinente.
2 "1.6 - DA FORMALIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS - Os atos e fatos contábeis devem estar consubstanciados em registros
apropriados. Qualquer que seja o processo adotado para tais registros, devem ser sempre preservados os elementos de comprovação
necessários à verificação não só quanto à precisão como à perfeita compreensão das demonstrações contábeis."
3 "2.1.2- (...)
e) Com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a
prática de atos administrativos. '
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documentos de despesas (notas de empenho, notas fiscais e recibos) fornecidos pelo FMS, inseridos às fls.
235/441.
A Auditoria cotejou a quantidade de combustível adquirida pelo FMS com a consumida pelos
veículos a sua disposição, constatando que foi comprado mais combustível do que o anotado nas planilhas de
controle de abastecimento. Procedeu da mesma forma com os veículos dos demais setores da Prefeitura, tendo
como resultado a aquisição em menor quantidade em relação ao consumo apontado, inferindo que despesas
não pertencentes à saúde foram nela apropriadas com o objetivo de elevar o índice de aplicação.
Feitas as devidas deduções do combustível apropriado em Saúde para complementar o consumo
dos veículos dos demais setores da Prefeitura, obedecendo-se os números anotados nas planilhas, a Auditoria
constatou, ainda, um excesso de 9.489,21 litros de gasolina e de 8.185,03 litros de diesel, ou seja, as planilhas
de controle de combustível exibiam um consumo menor do que a quantidade adquirida.
Em sua defesa, o gestor alegou que a Auditoria deixou de considerar dois veículos locados pelo
FMS, cujo consumo atingiu 3.014,8 litros de gasolina. Questionou, ainda, a utílização da média aritmética no
cálculo do excesso, demonstrando que ao multiplicá-Ia pela quantidade de cada material carburante adquirida
pelo FMS o valor total supera o registrado contabilmente. Afirmou que o excesso anotado em relação ao real
consumo de combustível do FMS não significa que houve qualquer irregularidade, pois as despesas estão
devidamente comprovadas e o produto foi adquirido para abastecimento da frota municipal, independentemente
do setor. Por fim, ressaltou que o combustível foi adquirido diretamente de distribuidor por preços aquém dos
praticados no mercado varejista e armazenado em reservatório cujo estoque final não foi considerado pela
Auditoria em seus levantamentos.
Ao analisar a defesa, a Auditoria ressaltou que um dos veículos não considerados inicialmente
estaria à disposição da Administração Direta, não sendo possível, portanto, incluir o seu consumo no da frota do
FMS. Quanto ao segundo, ao reconhecer que o consumo de 1.993 litros de gasolina realmente não foi
considerado, afirmou que, ao adicioná-lo, o excesso fica reduzido de 9.489,21 para 7.496,21 litros de gasolina,
equivalentes a R$ 17.241,28. No tocante ao diesel, informou que a situação permaneceu, ou seja, o excesso de
8.185,03 litros, correspondentes a R$ 14.078,25, que, somados ao de gasolina, tem-se R$ 31.319,53.
Acrescentou que os valores unitários de gasolina e diesel adotados (R$ 2,30 e R$ 1,72, respectivamente) se
encontram dentre os menores apresentados na documentação de despesa de fls. 235/441, favorecendo o
gestor. Por fim, quanto ao alegado estoque, ressaltou que os tanques de armazenamento de combustíveis
instalados na garagem municipal comportam fração bem inferior ao volume apontado como excessivo, mas
anotou, também, que o defendente não acostou aos autos qualquer comprovação documental da capacidade de
armazenamento dos tanques, bem como, do volume residual ali presente ao final do exercício de 2006.
A partir dessas observações, verifica-se que a Auditoria utilizou banco de dados elaborado pela
própria Prefeitura, onde consta toda a frota municipal, cotejando-o com os documentos de despesas
apresentados pelo FMS.
Quanto às alegações do gestor da falta de inclusão do estoque final, convém destacar que, se, por
um lado, não foi considerado, por outro, o estoque inicial também não o foi.
A defesa questionou também os valores atribuídos ao litro da gasolina e do diesel. Sobre esse
ponto, o Relator entende que pode ser calculado o valor médio ponderado, levando-se em conta a quantidade
adquirida em cada compra. Aplicando-se esse critério, o litro da gasolina se torna menor, altera-se de R$ 2,30
para R$ 2,22, favorecendo o gestor. Já quanto ao diesel, a situação se inverte, posto que o valor do litro
aumenta de R$ 1,72 para R$ 1,82. No entanto, o total atinge R$ 31.538,33, superando o apontado pela
Auditoria, que foi de R$ 31.319,53.
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