You are on page 1of 17

jJublicado no O.

O, E,
Em, 091 oS! .03

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.1/20

Administração Direta Municipal. Prefeitura Municipal de


Solânea. Prestação de Contas do Prefeito Sebastião Alberto
Cândido da Cruz, exercício de 2006. Emissão de parecer
contrário à aprovação. Emissão, em separado, de Acórdão
com imputação de débito, aplicação de multa, determinação
de devolução de recursos ao FUNDEB, declaração de
atendimento parcial aos preceitos da LRF e comunicação à
Receita Federal do Brasil.

PARECER PPL TC 12009

1. RELATÓRIO

Examina-se a prestação de contas da Prefeitura Municipal de Solânea, relativa ao exercício


financeiro de 2006, de responsabilidade do prefeito Sebastião Alberto Cândido da Cruz.

A equipe técnica de instrução desta Corte, após exame da documentação encaminhada e


realização de inspeção in loco, emitiu relatório inicial, fls. 2556-A/2574, com as seguintes observações:

1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal no prazo legal, contendo todos os


documentos exigidos pela Resolução RN TC 99/97;
2. o Orçamento, Lei nO20, de 03 de janeiro de 2005, estimou a receita e fixou a despesa
em R$ 14.952.335,00, bem como autorizou a abertura de créditos adicionais
suplementares no valor de R$ 7.476.167,50, equivalente a 50% da despesa fixada;
3. a receita orçamentária arrecadada, excluindo-se a parcela referente a formação do
FUNDEF, totalizou o montante de R$ 16.611.941,18, foi superior em 10% à prevista no
orçamento aprovado para o exercício;
4. a despesa orçamentária realizada, no montante de R$ 16.383.761,60, foi superior em
10,53% à fixada no orçamento aprovado para o exercício;
5. os créditos suplementares abertos com autorização somaram R$ 7.411.567,00 e os
especiais, o valor de R$ 95.000,00;
6. os gastos com obras públicas somaram R$ 2.973.248,12, equivalentes a 16,64% da
despesa orçamentária total, tendo sido pago a importância de 2.764.227,18, sendo R$
1.991.441,61 com recursos provenientes do Governo Federal, R$ 510.647,87 com
recursos advindos do Governo Estadual e R$ 262.137,70 com recursos próprios do
município.
7. regularidade no pagamento dos subsídios do Prefeito e do Vice-Prefeito;
8. a aplicação em manutenção e desenvolvimento do ensino, totalizando R$ 2.414.856,36,
correspondeu a 26,17% da receita proveniente de impostos, cumprindo o mandamento
do art. 212 da CF;

L1:
9. a aplicação dos recursos provenientes do FUNDEF na remuneração dos Profission;.ijfSdO.
magistério, atingiu 64,37% dos recursos disponíveis no exercício;

gmbc
~~ J' f
,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 2/20

10. o repasse à Câmara correspondeu a 8,0% da receita tributária mais as transferências do


exercício anterior (2005), cumprindo as disposições do art. 29-A, § 2°, inciso I da CF;
11. o repasse ao Poder Legislativo correspondeu a 116,26% do valor fixado na Lei
Orçamentária para o exercício, atendendo ao limite constitucional estabelecido no art.
29-A, § 2°, inciso 111, da CF;
12. não há registro de ingresso de recursos provenientes da alienação de ativos;
13. os Relatórios de Execução Orçamentária (REO) e de Gestão Fiscal (RGF), referente a
todo exercício foram publicados e encaminhados ao Tribunal dentro do prazo previsto
pela Resolução RN TC 07/03;
14. por fim, anotou as seguintes irregularidades:
1. gastos com pessoal correspondendo a 60,79% da RCL, em relação ao limite de
60% estabelecido no art. 19, da LRF;
2. gastos com pessoal, correspondendo a 57,06% da RCL, em relação ao limite de
54% estabelecido no art. 20 da LRF e ainda da ausência de indicação de
medidas em virtude da ultrapassagem de que trata o art. 55 da LRF;
3. Abertura de créditos adicionais suplementares sem autorização legislativa no
montante de R$ 371.776,00 (item - 2.3);
4. Balanço orçamentário (item - 4.1) e financeiro (item - 4.2) incorretamente
elaborados, vez que foram empenhadas e pagas despesas no montante de
R$ 975.821,22, relativas ao exercício de 2006, no exercício de 2007;
5. Balanço Patrimonial incorretamente elaborado, porquanto não foram
contabilizadas as dívidas com a SAELPA (item - 4.3);
6. Demonstrativo da dívida incorretamente elaborado, visto que não foram
contabilizados o parcelamento com a SAELPA nem as despesas relativas a
2006 que foram empenhadas e pagas em 2007 (item - 4.4);
7. Despesas no montante de R$ 975.821,22 relativas ao exercício de 2006
empenhadas e pagas em 2007, desrespeitando o regime de competência (item -
4.5);
8. Não contabilização de dívida consolidada com a SAELPA no montante de
R$ 2.328.805,21 (item - 4.6);
9. Despesas sem o devido processo Iicitatório no montante de R$ 1.217.214,70
(item - 5.1.1);
10. Realização de processos licitatórios na modalidade convite em detrimento da
realização de tomada de preços (item - 5.1.2);
11. Diferença apurada na movimentação financeira com recursos do FUNDEF no
montante de R$ 68.021,46 (item - 7.1.1 .a):
12. Aplicações em serviços públicos de saúde abaixo do mínimo
constitucionalmente estabelecido, representando 13,79% da receita de impostos~
mais transferências (item - 7.2);
13. Não recolhimento de obrigações patronais no montante de R$ 1.339.115,74
(item - 11.1);
14. Despesas não comprovadas com contribuições previdenciárias no montante de
R$ 210.125,62 (item -11.2);
/

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 3/20

15. Não retenção de contribuições previdenciárias sob os subsídios do Prefeito e


Vice-Prefeito (item - 11.3);
16. Despesas com passagens aéreas sem comprovação no montante de
R$ 24.844,90 (item -12.1);
17. Despesas indevidas com alugueis de imóvel destinado à moradia do promotor
de justiça no montante de R$ 2.850,00, devendo o valor ser devolvido aos cofres
públicos (item 12.2);
18. Concessão de subvenção à instituição religiosa no montante de R$ 2.000,00,
contrariando a vedação contida no art. da Constituição Federal, devendo o valor
ser ressarcido ao erário municipal (item - 12.3);
19. Excesso de gastos com combustíveis no montante de R$ 109.761,93 (item -
12.4);
20. Gastos excessivos com festejos juninos com recursos próprios, representando
35,10% das aplicações constitucionais em saúde (item - 12.5);
21. Gastos pessoais com aluguel de imóvel e demais despesas decorrentes no
montante de R$ 13.822,91, devendo o valor ser devolvido aos cofres municipais
(item - 12.6);
22. Inadimplemento com contas de água/esgoto, causando prejuízo ao erário no
montante de R$ 30.845,70 (item - 12.7);
23. Má conservação da frota municipal de veículos, causando depreciação
acelerada dos mesmos (item - 12.8);
24. Veículos pertencentes ao município com documentação irregular (item - 12.9);
25. Denúncia protocolada neste Tribunal pela SAELPA - Inadimplemento com
contas de energia elétrica e descumprimento de parcelamento de débitos
realizado com a SAELPA, sujeitando o erário municipal à perda de bônus de
adimplemento no montante de R$ 1.370.499,07 (item - 10.1 -);

Diante das irregularidades sublinhadas, o interessado, regularmente notificado, encaminhou


os documentos de fls. 2581/3018.
A Auditoria, ao analisar as peças encartadas, elaborou o relatório conclusivo, de fls.
3025/3034, com o seguinte entendimento:
• reputou sanadas as irregularidades relativas a: (item 3) Abertura de créditos adicionais
suplementares sem autorização legislativa; (item 25) Veículos pertencentes ao município com
documentação irregular;
• reputou parcialmente sanadas - (item 9) - despesas sem o devido processo licitatório que passou
de R$ 1.217.214,70 para R$ 804.052,58; (item 16) - Despesas não comprovadas com
contribuições previdenciárias que passou de R$ 210.125,62 para R$ 50.161,66.
Quanto aos demais itens, manteve o entendimento inicial, conforme comentários a seguir
resumidos:
2<
GASTOS COM PESSOAL CORRESPONDENDO A 57,06% E 60,79% DA RCl, EM RELAÇÃO AO LIMITE
ESTABELECIDO NO ART. 19 E 20, DA lRF, BEM ASSIM A NÃO INDICAÇÃO DE MEDIDAS EM VIRTUDE
DA ULTRAPASSAGEM DE QUE TRATA O ART. 55 DA lRF (itens 1 e 2)

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 4/20

DEFESA - O recorrente alega que foi constatado pelo órgão técnico que a despesa com pessoal do exercício em
análise teria ultrapassado o limite disposto nos art. 19 e 20 da LRF, não tendo o município informado que
medidas iria adotar a fim de resolver a questão. O recorrente prossegue alegando que para atingir o montante
retromencionado, a Auditoria incluiu no cômputo das despesas com pessoal todos os valores referentes aos
encargos patronais. Ocorre que, em processo diverso, o quantum recolhido a título de recolhimento
previdenciário não deve fazer parte das despesas com pessoal. Por fim, o defendente alega que os percentuais
apontados ultrapassam em pequena monta o permitido em lei, evidenciando a ausência de prejuízo aos cofres
da Edilidade e que, como se trata do segundo ano de legislatura, caso tivesse ocorrido desrespeito aos limites
dispostos nos art. 19 e 20, caberia apenas recomendação, uma vez que, o Gestor já adotou as medidas cabíveis
ao atendimento integral dos comandos retromencionados.
AUDITORIA Preliminarmente cabe ressaltar que esta Auditoria já se pronunciou sobre a consideração de
obrigações patronais como despesa com pessoal no relatório inicial às fi. 2565. Portanto, não há mais
considerações a fazer sobre o entendimento do corpo técnico quanto a este aspecto.
BALANÇOS ORÇAMENTÁRIO. FINANCEIRO, PATRIMONIAL, DEMONSTRATIVO DA DíVIDA
INCORRETAMENTE ELABORADOS E DESPESAS NO MONTANTE DE R$ 975.821,22, RELATIVAS AO
EXERCíCIO DE 2006, EMPENHADAS E PAGAS NO EXERCíCIO DE 2007 (Relativas a obrigações
patronais, outros Serviços de Terceiros-Pessoa Física, Contratação por tempo determinado,
vencimentos e vantagens fixas, material de consumo)
DEFESA -O recorrente alega que no tocante às incorreções apontadas nos balanços orçamentário, financeiro,
patrimonial e no demonstrativo da dívida pública, quanto às despesas relativas ao exercício de 2006,
empenhadas em 2007, não procedem. Segundo o recorrente, o art. 35, 11 da Lei 4.320/64 dispõe que pertencem
ao exercício financeiro as despesas nele legalmente empenhadas. O defendente alega que a simples leitura do
dispositivo citado evidencia que o valor informado pela auditoria não foi legalmente empenhado em 2006, logo
não pertenceriam a este exercício. O recorrente prossegue alegando que para a despesa ser previamente
empenhada é necessário um aporte de recursos financeiro, e que, do montante apontado pela auditoria,
R$ 109.647,00 referem-se ao pagamento de pessoal temporário financiados com recursos do FNS. Continua o
recorrente alegando que tais recursos só foram liberados em janeiro de 2007.
AUDITORIA - É incontestável a adoção do regime de competência aplicado às despesas públicas. O regime de
competência exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o exercício a que pertençam ou no exercício
em que foram empenhadas. Ora, se assim não fosse estariamos invertendo as etapas da despesa pública,
efetuando o empenho após sua liquidação. O princípio da competência é princípio fundamental da contabilidade,
conforme a Resolução nO750, de 29 de dezembro de 1993, do Conselho Federal de Contabilidade.
NÃO CONTABILIZAÇÃO DE DíVIDA CONSOLIDADA COM A SAElPA NO MONTANTE DE
R$ 2.328.805.21.
DEFESA - O recorrente alega que a falha apontada decorreu de falta de precisão por parte da contabilidade
municipal do montante real devido a Empresa de Energia e que durante o exercício de 2006 houve larga
discussão acerca do valor total da dívida imputada ao município de Solânea.
AUDITORIA - O argumento do recorrente não é plausível. O município em junho de 2006 celebrou termo de
parcelamento com a SAELPA, com o montante da dívida devidamente identificado (doc. fI. 1528). Portanto, a
contabilidade municipal dispunha de todos os elementos para a devida contabilização e não fez, permanecendo,
assim, a irregularidade.
DESPESAS SEM O DEVIDO PROCESSO L1CITATÓRIONO MONTANTE DE R$1.217.214,70.
DEFESA - O recorrente alega que no rol das despesas mencionadas pela auditoria sem procedimento licitatório,
encontram-se os gastos destinados à aquisição de combustíveis para o abastecimento da frota municipal, no
àç
montante de R$ 413.162,12, devidamente amparados pela Tomada de Preços de nO 003/2006. O recorrente
também alega que as despesas com show artístico do cantor Leonardo totalizaram R$ 102.500,00 e que tal

gmb< 1
contratação só poderia ser feita através da empresa TALISMÃ ADMINISTRADORA DE SHOWS MUSICAIS.

11\ / io
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 5/20

Prossegue o recorrente informando que o Processo TC 06677/06, que tratou da análise do convênio firmado
entre a PBTUR e a Prefeitura Municipal de Solânea, entendeu regular a prestação de contas do aludido
convênio, recomendando, apenas que falhas formais fossem evitadas futuramente.
Por fim o recorrente alega que, considerando os argumentos apresentados, o montante de despesas não
licitadas cai para R$ 701.552,58, representando apenas 4,28% da despesa orçamentária total e que grande
parte destas despesas não procedidas de licitação está amparada por contratos.
AUDITORIA - Quanto ao montante de R$ 413.162,12, gastos com aquisição de combustíveis, a Auditoria
verificou a existência da Tomada de Preços nO003/2006, como amparo para a realização de tais despesas. Em
relação à contratação de show artístico, no montante de R$ 102.500,00, o recorrente não apresentou nenhum
procedimento licitatório referente a tal dispêndio, para o qual caberia a inexigibilidade, por tratar-se de artista
renomado. Portanto, o montante de despesas sem o devido procedimento licitatório reduz-se para R$
804.052,58. Na verdade, a despesa sem licitação (R$ 804.052,58) representa 21,34% da despesa Iicitável.
Portanto, diante dos fatos, permanece a irregularidade, alterando-se o montante de despesas não licitadas de
R$1.217.214,70 para R$ 804.052,58.
REALIZAÇÃO DE PROCESSOS L1CITATÓRIOS NA MODALIDADE CONVITE EM DETRIMENTO DA
REALIZAÇÃO DE TOMADA DE PREÇOS.
DEFESA - O recorrente alega que o procedimento adotado pela Prefeitura não deve ser tido como irregular,
uma vez que, o primeiro convite destinado à aquisição de gêneros alimentícios se deu em janeiro de 2006, tendo
atendido a necessidade pública durante o interregno de sete meses. Ao perceber que seria gasto mais do que
inicialmente previsto foi realizado novo procedimento licitatório com contrato firmado em agosto de 2008. Por fim,
o recorrente alega que não houve irregularidade no caso em tela, tratando-se na verdade, de equívoco por parte
do Secretário de Educação, na previsão do montante anual a ser utilizado com merenda escolar.
AUDITORIA - Como o próprio recorrente reconhece, houve erro de estimativa para realização da correta
modalidade de licitação. Porém, como bem frisou o recorrente, a quantidade prevista atendeu as necessidades
por sete meses, deixando claro que a previsão foi pouco mais de 50% da necessária até o final do exercício. A
Auditoria entende que jamais poderia haver a realização de convite para as despesas com gêneros alimentícios,
pois, como foi mencionado no relatório inicial, as aquisições do referido objeto somam mais de R$ 200 mil.
DIFERENÇA APURADA NA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA COM RECURSOS DO FUNDEF NO MONTANTE
DE R$ 68.021,46.
DEFESA - O defendente elaborou demonstrativo às fI. 2586 com o intuito de esclarecer a falha inicialmente
apontada e alega que está anexando o Anexo IV-A, referente ao mês de dezembro de 2006.
AUDITORIA - A Auditoria elaborou demonstrativo detalhado sobre movimentações não identificadas às fI. 1212.
No entanto o recorrente não esclareceu, nem apresentou comprovações de tais saídas de recursos restringindo-
se a elaborar um demonstrativo geral. Quanto ao Anexo IV-A mencionado pelo recorrente, o mesmo não foi
anexado à defesa. Permanece a irregularidade.
APLICAÇÕES EM SERViÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE ABAIXO DO MíNIMO CONSTITUCIONALMENTE
ESTABELECIDO, REPRESENTANDO 13,79% DA RECEITA DE IMPOSTOS MAIS TRANSFERÊNCIAS.
DEFESA - O recorrente não apresentou defesa da irregularidade apontada.
AUDITORIA - Permanece a irregularidade.
INADIMPLEMENTO COM CONTAS DE ENERGIA ELÉTRICA E DESCUMPRIMENTO DE PARCELAMENTO
DE DÉBITOS REALIZADO COM A SAELPA, SUJEITANDO O ERÁRIO MUNICIPAL À PERDA DE BÔNUS DE
ADIMPLEMENTO NO MONTANTE DE R$1.370.499,07.
DEFESA - O recorrente afirma que é necessário que seja considerado o periodo em que foi originada a dívida
junto a SAELPA (1997-2006), o que demonstra que grande parte do quantum devido pela Edilidade advém não
eX-
só de sua legislatura, mas de periodo que antecedeu a sua Administração. Alega também que o conjunto de
dívidas herdadas pela municipalidade somando-se a elas os juros de mora e multas, não pode servir de base
para a responsabilização do atual Chefe do Poder Executivo que vem se empenhando no sentido de minimizar

gmbc
!1Y
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118107 FI. 6120

os efeitos oriundos de má gestões. Por fim, o recorrente alega que o municipio realizou termo aditivo no ano de
2007 e que atualmente vem cumprindo suas obrigações com a SAELPA.
AUDITORIA - Preliminarmente cabe ressaltar que o então Prefeito está à frente do Poder Executivo desde o
ano de 2001. O segundo ponto a ser considerado é que a Auditoria não está questionando a responsabilidade
pela dívida, esta gerada em boa parte também pela atual administração, mais o descumprimento de termo de
parcelamento firmado em 2006 (doc. fi. 1528) colocando em risco a perda de bônus de adimplemento no
montante de R$ 1.370.499,07. O termo aditivo (doc. fi. 1533/1534) citado pelo recorrente já foi objeto de análise
por esta Auditoria em seu relatório inicial. Tal termo foi realizado devido ao não cumprimento do contrato
inicialmente firmado, aumentando, conseqüentemente, a divida do ente. Quanto ao cumprimento das
obrigações, a Auditoria verificou que os pagamentos anexados pelo recorrente referem-se ao exercício de 2008,
não possuindo potencial de minimizar a irregularidade apontada, pois cumprir o termo acordado sempre foi
obrigação da administração municipal. Diante dos fatos, permanece a irregularidade.
NÃO RECOLHIMENTO DE OBRIGAÇÕES PATRONAIS NO MONTANTE DE R$ 1.339.115,74 E NÃO
RETENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOB OS SUBsíDIOS DO PREFEITO E VICE·
PREFEITO
DEFESA - O recorrente alega que o Municipio de Solânea não reconhece o montante apontado como devido,
uma vez que considera exorbitante o quantum identificado. Assegura o recorrente que os valores devidos pela
Edilidade estão sendo discutidos no Processo nO13446.000.323/2007-91, fls. 2932/2936, que tramita junto ao 2°
Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Por fim, o recorrente alega que não cabe a esta Corte
discutir o montante a ser pago a título de contribuições previdenciárias, tampouco emitir Parecer contrário à
aprovação das Contas.
AUDITORIA - Antes de argumentar sobre as alegações do defendente, cabe ressaltar que a Auditoria, quando
em fase de instrução inicial, não realizou nenhum cálculo referente às contribuições patronais e sim baseou-se
nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social- GFIP (doc. fi. 2588) para encontrar o
montante devido. Quanto ao mencionado pelo recorrente, a Auditoria não está questionando a certeza e Iiquidez
do montante devido e sim o não recolhimento quando este era conhecido pela administração municipal e esta
tinha o dever de fazê-lo. O não recolhimento de tais obrigações acaba por gerar passivos desnecessários para o
município como juros e multas, dificultando administrações futuras e prejudicando ações de governo voltadas à
sociedade, pois além de arcar com as obrigações correntes o ente será onerado com o pagamento de
obrigações passadas. A prova concreta de tal fato é a cobrança de débito (doc. fi. 2932), realizada pela Receita
Federal do Brasil, imputando débitos da ordem de R$ 1.675.519,92. Aliás, importante frisar que a prevenção de
riscos e a correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas é um dos pilares da Lei de
Responsabilidade Fiscal1,sendo, desta forma, dever desta Auditoria identificar o desrespeito a tais condutas.
DESPESAS NÃO COMPROVADAS COM CONTRIBUiÇÕES PREVIDENCIÁRIAS NO MONTANTE DE
R$ 210.125,62.
DEFESA - O recorrente apresenta demonstrativo às fI. 2589 com o intuito de sanar a irregularidade apontada.
Segundo o defendente alega, a Auditoria não atentou para as compensações do salário família, cujo pagamento
é feito pela Prefeitura.
AUDITORIA - No exercício em análise foi pago a título de obrigações patronais ao INSS, o valor de
R$ 139.005,89 e contabilizado como pago na despesa extra-orçamentária o valor de R$ 461.494,74, totalizando

1 Art. 10 Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capitulo 11 do
Titulo VI da Constituição.
§ 1 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
0

equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
(X-
tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dividas consolidada e mobiliária, operações de crédito,
ínclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

'~
gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 7/20

R$ 600.500,63 e deste valor foi comprovado o pagamento de R$ 550.338,97 sendo R$ 368.424,14 de INSS
empresa, valor retido do FPM e R$ 181.914,83, referente ao salário família, totalizando a despesa comprovada
paga ao INSS o valor de R$ 550.338,97 ficando uma despesa sem comprovação no valor de R$ 50.161,66
(R$ 600.500,63 - R$ 550.338,97), demonstrado no quadro abaixo e documentos folhas 3020/3024. Portanto,
permanece a irregularidade, alterando-se o montante de R$ 210.125,62 para R$ 50.161,66.
DESPESAS COM PASSAGENS AÉREAS SEM COMPROVAÇÃO NO MONTANTE DE R$ 24.844,90
DEFESA - O recorrente alega que anexa, em atendimento ao órgão de instrução, os tickets das passagens
aéreas adquiridas, além de identificar seus beneficiários, restando amplamente comprovada as despesas em
questão.
AUDITORIA - Ao analisar a documentação anexada pelo recorrente, a Auditoria verificou que tais documentos
não possuem caráter comprobatório. Além de divergências facilmente perceptíveis entre os possíveis bilhetes,
há erros grosseiros de português (doc. fl. 2965), além de algumas informações inadmissíveis, como o GRUPO
CANTOR LEONARDO constante como nome de passageiro (doc. f\. 2960). Diante da incoerência e fragilidade
da documentação comprobatória, permanece a irregularidade.
DESPESAS INDEVIDAS COM ALUGUEL DE IMÓVEL DESTINADO À MORADIA DO PROMOTOR DE
JUSTiÇA NO MONTANTE DE R$ 2.850,00 DEVENDO O VALOR SER DEVOLVIDO AOS COFRES
PÚBLICOS.
DEFESA - O recorrente alega que já foi formulada consulta a esta Corte sobre o assunto em destaque. Afirma o
recorrente que o TCE-PB pronunciou-se sobre o caso através do Parecer Normativo PN-TC 55/2000, no qual foi
decidida a possibilidade de tais despesas, desde que preenchidos os requisitos prescritos no art. 62 da LRF e da
Lei 8.666/93. O recorrente por fim alega que anexou o convênio firmado entre a Prefeitura e a Procuradoria
Geral de Justiça tendo como finalidade o custeio das despesas em questão.
AUDITORIA - A Auditoria analisou a documentação anexada pelo recorrente e não identificou o referido
convênio. A existência de tal convênio é necessária para acobertar as despesas questionadas, tendo em vista o
disposto na LRF.
CONCESSÃO DE SUBVENÇÃO À INSTITUiÇÃO RELIGIOSA NO MONTANTE DE R$ 2.000,00,
CONTRARIANDO A VEDAÇÃO CONTIDA NO ART. 19 DA CONSTITUiÇÃO FEDERAL DE 1988.
DEFESA - O recorrente discorda das conclusões técnicas apontadas no caso em análise, tendo em vista que a
entidade religiosa realizou evento de cunho sócio-cultural no ginásio ADAUTO SILVA, situado dentro dos limites
daquele município, evento este, que beneficiou toda população.
AUDITORIA - A Auditoria entende que apesar do caráter sócio-cultural do evento, não há como desvinculá-lo da
entidade religiosa, pois esta é a solicitante do recurso e organizadora do evento. Além deste fato, há que se
registrar a ausência de Lei municipal disciplinando a matéria.
EXCESSO DE GASTOS COM COMBUSTÍVEIS NO MONTANTE DE R$109.761,93.
DEFESA - O recorrente alega que a irregularidade é meramente formal, uma vez que reside unicamente no fato
de alguns dos gastos efetuados no interregno analisado pela Auditoria não terem sido informados no SAGRES,
ou seja, algumas das despesas realizadas com combustíveis, frise-se - devidamente comprovada através de
notas fiscais constantes nos autos - deixaram de constar no controle de combustíveis.
AUDITORIA - Diferentemente do que alegou o recorrente, a falha apontada não é meramente formal, pois a
Auditoria coletou os controles de combustíveis durante diligência in foco. Lembra esta Auditoria que o cálculo
realizado não foi estimativo e sim através do confronto entre as quantidades adquiridas através das notas fiscais \
e os respectivos controles de combustíveis, como já relatado no relatório inicial (doc. fI. 2569). Portanto, não há o~
que se falar em caráter formal, nem mesmo admitir correções após relato da irregularidade, pois é dever do
jurisdicionado prestar informações fidedignas a este Tribunal.

/41 ~
gmbc ~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 8/20

GASTOS EXCESSIVOS COM FESTEJOS JUNINOS COM RECURSOS PRÓPRIOS, REPRESENTANDO


35,10% DAS APLICAÇÕES CONSTITUCIONAIS EM SAÚDE.
DEFESA - O recorrente alega que o atual Gestor sempre cumpriu com as obrigações relativas à saúde,
educação, e infra-estrutura, não havendo descaso com nenhuma das áreas essenciais da Administração
Pública. Considera também que as contratações de serviços para shows artísticos da cidade, ao contrário de
caracterizar desperdício de recursos públicos, trata-se, na realidade, de investimentos, sendo responsável pelo
incentivo ao turismo e crescimento do comércio local da região. Assegura o recorrente que as contratações de
serviços para shows artísticos além de terem sido procedidas dos respectivos procedimentos Iicitatórios, também
atenderam a todas as formalidades legais necessárias.
Ressalta o recorrente que foram gastos com recursos próprios o montante de R$ 446.769,60, valor inexpressivo
diante da repercussão dos referidos festejos. Por fim, o recorrente alega que a realização de festejos juninos
gera empregos diretos e indiretos para os munícipes, além de incrementar a economia municipal e que o gestor
não pode relegar a realização de uma festa que já faz parte da história da cidade.
AUDITORIA - A irregularidade não possui como objeto a realização de festejos juninos e sim a oneração
excessiva dos cofres públicos com tais eventos. Os gastos com festejos juninos com recursos próprios durante o
exercício de 2006 representou 35,10% das aplicações em saúde no mesmo período. O valor é visivelmente
expressivo quando levamos em conta que os festejos juninos ocorrem não mais do que duas semanas enquanto
as ações na área de saúde estendem-se por todo o exercício. Portanto, depreende-se que os retornos dos
investimentos possuem repercussão limitada e de curto prazo, diferentemente dos investimentos contínuos em
saúde e educação.
GASTOS PESSOAIS COM ALUGUEL DE IMÓVEL E DEMAIS DESPESAS DECORRENTES NO MONTANTE
DE R$13.822,91, DEVENDO O VALOR SER DEVOLVIDO AOS COFRES MUNICIPAIS.
DEFESA - O recorrente alega que o pagamento dos referidos aluguéis é devido, uma vez que a dita prestação
encontra-se amparada por Lei Municipal, não apresentando nenhum vício formal, tampouco, material, uma vez
que seu objeto é idôneo e visa atender necessidade de cunho coletivo. O recorrente alega que a Prefeitura
Municipal é carente de estrutura básica indispensável para a execução das funções atribuídas a um Chefe do
Poder Executivo, haja vista que, para alcançar essa finalidade, faz-se necessário mais do que área física e por
tal motivo é que o defendente optou por alugar um imóvel fora dos limites da sede da prefeitura. O defendente
afirma que sempre revestiu seus atos administrativos da devida publicidade e que o imóvel serve como extensão
do gabinete desde os idos de 2001. Por fim, o recorrente alega que em dezembro/2005 foi sancionada a Lei
13/2005, a qual definiu a criação e custeio da unidade de apoio ao Chefe do Executivo.
AUDITORIA - A Constituição Federal de 1988 traz no caput de seu art. 37 a seguinte redação: liA administração
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ...". Ao fazer uma
breve análise sobre o dispositivo constitucional, concluímos que não é apenas de caráter legal que deve se
revestir a administração pública. A moralidade e impessoalidade são princípios de primordial importância no
desenvolvimento da atividade pública, pois estes são responsáveis pela separação entre o público e o privado. O
caráter privado já foi constatado pela Auditoria em 2005 durante inspeção in loco (doc. fi. 2447/2456), pois o
imóvel locado serve de residência para o Prefeito e seus pais. O argumento de que a Prefeitura Municipal não
dispõe de estrutura não é plausível, pois conforme imagens às fi. 2456, o gabinete dispõe de toda estrutura
necessária a execução das atividades do Sr. Prefeito. A Auditoria também constatou que além do aluguel, o
erário público custeia despesas de água, energia e limpeza do imóvel, estas já inclusas no montante apontado
(R$ 13.822,91). Salientamos que tais despesas devem ser custeadas com recursos próprios do Prefeito e não
com recursos públicos.
/

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI. 9/20

INADIMPLEMENTO COM CONTAS DE ÁGUA/ESGOTO, CAUSANDO PREJuízo AO ERÁRIO NO


MONTANTE DE R$ 30.845,70.
DEFESA - O recorrente alega que o Município de Solânea, como a maioria dos entes mirins, é administrado
com recursos escassos, tendo que obedecer a inúmeras imposições legais, aplicação em serviços públicos de
saúde e educação, além do pagamento de precatórios e outros tantos compromissos assumidos pelo Alcaide.
Por fim, o recorrente alega que a existência de dívidas não tem o condão de macular a gestão do defendente,
uma vez que as mesmas podem ser negociadas a qualquer tempo, afastando inclusive a incidência de valores
cobrados a título de encargos.
AUDITORIA - O pagamento de contas de água/esgoto é despesa de caráter continuado e, portanto, deve ser
honrado rigorosamente pela administração municipal. Afinal, como já foi mencionado pela Auditoria no corpo
deste relatório, a prevenção de riscos e a correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas
é um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal. A justificativa de recursos escassos e a imposição para
gastos com saúde e educação não são plausíveis, pois boa parte dos pagamentos das contas de água/esgoto é
computada para aplicações em saúde e educação. Aliás, a administração racional dos recursos públicos visando
o bem comum é dever do gestor público.
MÁ CONSERVAÇÃO DA FROTA MUNICIPAL DE VEíCULOS, CAUSANDO DEPRECIAÇÃO ACELERADA
DOS MESMOS.
DEFESA - O recorrente alega que, na maioria dos casos descritos, o conserto de tais bens traria prejuízos ao
erário público, tendo em vista que seu alto grau de deteriorização geraria uma despesa maior, caso se leve em
consideração à vida útil dos mesmos. O recorrente alega também que a falha apontada não tem o condão de
macular a Prestação de Contas do Edil.
AUDITORIA -Durante inspeção "in loco" constatou-se que vários veículos encontravam-se abandonados,
conforme imagens às fi. 2459/2556. Alguns encontram-se sem condições de uso exatamente pela falta de zelo
na guarda destes veículos, como também da omissão da administração municipal quanto à execução de reparos
ou mesmo providencias para realização de leilão. A Auditoria também constatou que um veículo Gol de placa
MNM-1200 encontra-se em uma oficina mecânica desde o ano de 2002, e até o presente ano (2008) a
administração municipal não tomou nenhuma providência para retirar o bem da guarda de terceiros. Portanto, a
administração municipal tem grande responsabilidade na conservação dos bens públicos, pois, caso estivessem
em utilização, os veículos seriam de grande valia na prestação de serviços à sociedade.

o processo
foi encaminhado ao MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL, que, através do
Parecer nO 1032/2008, da lavra do Procurador Geral em exercício, André Carla Silva Santos, entendeu,
em resumo:

1. GASTOS COM PESSOAL CORRESPONDENDO A 60,79% DA RCL, EM RELAÇÃO AO


LIMITE ESTABELECIDO NO ART. 19, DA LRF E GASTOS COM PESSOAL,
CORRESPONDENDO A 57,06% DA RCL, EM RELAÇÃO AO LIMITE DE 54%
ESTABELECIDO NO ART. 20 DA LRF E AINDA DA AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE
MEDIDAS EM VIRTUDE DA ULTRAPASSAGEM DE QUE TRATA O ART. 55 DA LRF - A
simples ultrapassagem dos limites gerais previstos na Lei Complementar nO 101/2000 enseja, ~
no máximo, recomendações para que sejam tomadas as medidas necessárias;
2. BALANÇOS ORÇAMENTÁRIO, FINANCEIRO, PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DA
DíVIDA INCORRETAMENTE ELABORADO; DESPESAS NO MONTANTE DE R$ 975.821,22
RELATIVAS AO EXERCíCIO DE 2006 EMPENHADAS E PAGAS EM 2007; NÃO
CONTABILIZAÇÃODE DIVIDA CONSOLIDADACOM A SAELP~f \b
gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.10/20

R$ 2.328.805,21 - A contabilidade deve refletir, pela sua própria natureza, os fatos reais
ocorridos no âmbito da entidade, cabendo recomendações para o aperfeiçoamento de tal
conduta;
3. DESPESAS SEM O DEVIDO PROCESSO L1CITATÓRIO NO MONTANTE DE
R$ 804.052,58 E REALIZAÇÃO DE PROCESSOS L1CITATÓRIOS NA MODALIDADE
CONVITE EM DETRIMENTO DA REALIZAÇÃO DE TOMADA DE PREÇOS - A licitação é
procedimento vinculado, formalmente ligado à Lei 8.666/93, não comportando
discricionariedades em sua realização ou dispensa. Pode-se, entretanto, falar em
discricionariedade quanto à adoção do procedimento a ser seguido, mas observando-se uma
ordem do procedimento mais complexo ao mais simples, isso é, fica facultado ao administrador
a realização de concorrência quando poderia ser utilizada a tomada de preços ou o convite. No
presente caso o administrador utilizou o convite quando deveria ter utilizado a Tomada de
Preço. Nesse passo, o descumprimento da lei, quanto à não realização de licitação, enquadra-
se a irregularidade nas hipóteses de emissão de parecer contrário à aprovação das contas, nos
termos do Parecer Normativo PN TC 52/2004;
4. DIFERENÇA APURADA NA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA COM RECURSOS DO FUNDEF
NO MONTANTE DE R$ 68.021,46 E DESPESAS NÃO COMPROVADAS COM
CONTRIBUiÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DE R$ 50.161,66 - Se recursos públicos são
manuseados e não se faz prova da regularidade das despesas realizadas com os
correspondentes documentos exigidos legalmente, os respectivos gestores atraem para si a
conseqüente responsabilidade de ressarcir os gastos irregulares que executaram ou
concorreram, inclusive por temerária gerência, além de sujeição à multa decorrente de
prejuízos causados ao erário, nos termos do art. 55, da LCE nO18/93;
5. APLICAÇÕES EM SERViÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE ABAIXO DO MíNIMO
CONSTITUCIONALMENTE ESTABELECIDO, REPRESENTANDO 13,79% DA RECEITA DE
IMPOSTOS MAIS TRANSFERÊNCIAS - A ausência de programação para o cumprimento dos
limites legais das receitas vinculadas e de providências saneadoras durante o exercício
financeiro representam, pois, profunda deficiência de planejamento, instituto levado a patamar
de princípio e pressuposto de uma gestão fiscal regular. Acrescente-se que, a inobservância
das normas de aplicação em saúde indica, ainda, descompasso entre a ação administrativa e o
bem-estar da população, princípio inarredável a ser observado no gerenciamento público;
6. INADIMPLEMENTO COM CONTAS DE ENERGIA ELÉTRICA E DESCUMPRIMENTO DE
PARCELAMENTO DE DÉBITOS REALIZADO COM A SAELPA, SUJEITANDO O ERÁRIO
MUNICIPAL À PERDA DE BÔNUS DE ADIMPLEMENTO NO MONTANTE DE
R$ 1.370.499,07 E INADIMPLEMENTO COM CONTAS DE ÁGUA/ESGOTO, CAUSANDO
PREjuízo AO ERÁRIO NO MONTANTE DE R$ 30.845,70 - A atuação da edilidade
demonstra a falta de organização para o cumprimento de suas obrigações perante as
contratadas, cabendo recomendação no sentido da breve quitação dos débitos;
7. NÃO RECOLHIMENTO DE OBRIGAÇÕES PATRONAIS NO MONTANTE DE R$1.339.115,74~
E NÃO RETENÇÃO DE CONTRIBUiÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOB OS SUBsíDIOS O ,
PREFEITO E VICE-PREFEITO - Não há mais, desde setembro de 2004, questionamentos
acerca da contribuição dos agentes políticos ao regime geral de previdência social. Quanto aos
demais descumprimentos de obrigações previdenciárias, no presente caso, verifica-se do

gmbc
;t~~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.11/20

autos a existência de recurso administrativo perante o Segundo Conselho de Contribuintes do


Ministério da Fazenda, fls. 2932/2936, que versa sobre o quantum do valor cobrado pela
Receita Federal e não sobre o fato de ser a cobrança indevida. De fato, houve o não
recolhimento de tais contribuições, restando ao órgão competente a apuração de seu valor.
8. DESPESAS INDEVIDAS COM ALUGUEL DE IMÓVEL DESTINADO À MORADIA DO
PROMOTOR DE JUSTiÇA, CONCESSÃO DE SUBVENÇÃO À INSTITUiÇÃO RELIGIOSA e
DESPESAS COM PASSAGENS AÉREAS - Quanto às despesas com a moradia do promotor,
de fato faltou o convênio. Quanto à concessão de subvenção não restou comprovado a
promoção com dinheiro público dessa ou daquela corrente religiosa. As despesas com
passagens aéreas estão comprovadas com notas fiscais, ante a documentação trazida pela
defesa a qual é corroborada pelos dados existentes no SAGRES;
9. EXCESSO DE GASTOS COM COMBUSTíVEIS NO MONTANTE DE R$ 109.761,93 - No
presente caso, as notas fiscais indicam quantidade de combustíveis consideravelmente
superior ao apontado no controle de combustíveis do município, de modo que tal
incompatibilidade não configura mera falha formal;
10. GASTOS EXCESSIVOS COM FESTEJOS JUNINOS COM RECURSOS PRÓPRIOS - O gasto
com festejos juninos, no montante de R$ 600.501,10, em um Município cujas falhas ora
analisadas refletem a inadimplência de dívidas consideráveis - tais como energia,
água/esgoto, contribuições previdenciárias e, mormente, a aplicação de percentual
constitucional em ações de saúde a menor - é a demonstração da falta de razoabilidade;
11. GASTOS PESSOAIS COM ALUGUEL DE IMÓVEL E DEMAIS DESPESAS DECORRENTES -
A Lei nO13/2005, dispondo sobre a criação e o custeio da unidade de apoio ao Chefe do Poder
Executivo, foi editada, prevendo, inclusive, a unidade orçamentária responsável pela despesa.
Resolvida a pendência legal e tratando-se de fato advindo de exercícios anteriores, até mesmo
atestada em inspeção a utilização para fins administrativos, não é o caso de impor restrições
no exercício em análise, quanto mais se o gestor restabeleceu a legalidade através da
promoção de lei sobre a matéria;
12. MÁ CONSERVAÇÃO DA FROTA MUNICIPAL DE VEíCULOS, CAUSANDO DEPRECIAÇÃO
ACELERADA DOS MESMOS - Os veículos, ainda que estejam sem uso em pátios ou oficinas,
compõem o patrimônio da edilidade fazendo-se necessária à busca pela forma mais vantajosa
de aproveitamento do bem, seja com o seu conserto, quando viável, ou até mesmo a
realização de leilão.

Por fim pugnou pela:

1. DECLARE o atendimento dos requisitos de gestão fiscal responsável, previstos na LC


101/2000;
2. EMITA parecer sugerindo à Câmara Municipal de Solânea a reprovação das contas de~
gestão geral relativas ao exercício de 2006, por motivo dos fatos indicados nos itens 9, •
10,12,14,16,21 e 24 e das despesas danosas ao erário (itens 11,15 e 20);
3. JULGUE irregulares a guarda, uso e/ou aplicação dos recursos relacionados aos itens
11, 15 e 20, com imputação de débito, contra o gestor em razão do dano causado ao
erário;

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.12/20

4. JULGUE regulares com ressalvas as despesas sem licitação, sem imputação de


débito, em face da falta de indicação de danos materiais ao erário;
5. JULGUE regulares as demais despesas ordenadas;
6. APLIQUE multas contra o gestor por ilegalidades e danos ao erário, com fundamento
na CF, art. 71, VIII, e LCE 18/93, arts. 55 e 56,11;
7. COMUNIQUE à Receita Federal dos fatos relacionados às contribuições
previdenciárias federais para as providências a seu cargo;
8. COMUNIQUE à Procuradoria Geral de Justiça os fatos apurados para as providências
a seu cargo;
9. RECOMENDE diligências no sentido de prevenir a repetição dos fatos acusados no
exercício de 2006.

O processo foi agendado para a sessão do dia 22 de outubro de 2008, momento em que o
Relator solicitou sua retirada de pauta para a Auditoria verificar erro de cálculo no item 11.2 do relatório
preliminar, no que concerne às despesas não comprovadas com contribuições previdenciárias.

Em atendimento ao Relator, a Auditoria confirmou a ocorrência, informando que procedeu a


correção no momento da análise da defesa, sem qualquer prejuízo para o interessado.

Novamente notificado, o ex-Prefeito veio aos autos, com os documentos de fls. 3060/3120,
sustentando em seu favor que não havia despesas sem comprovação e para confirmar o alegado
produziu planilha fazendo as exclusões dos valores contabilizados incorretamente.

Analisando a documentação acostada, a Auditoria concordou com o defendente nos seguintes


aspectos: a) das despesas lançadas a título de contribuições patronais (R$ 137.974,30), excluíram-se
os valores de R$ 500,00, relativo a despesas indevidamente classificadas, e R$ 12.828,77, referente as
despesas inscritas em restos a pagar. Deste modo, a despesa paga com contribuições previdenciárias
passou a ser de R$ 125.145,53. No que toca as despesas lançadas a título de Consignações INSS,
inscrita no SAGRES, no valor de R$ 461.494,74, havia uma despesa no valor de R$ 292,51, que foi
erroneamente incluída como consignações, e depois de detectado o erro, fez-se à exclusão da mesma,
resultando numa despesa agora de R$ 461.202,23. Somando-se as despesas relativas a contribuições
patronais mais às consignações INSS chega-se a um gasto no valor de R$ 586.347,76. Do lado das
comprovações, tem-se o valor do INSS descontado no FPM (R$ 367.392,55), mais o salário família (R$
181.914,83), totalizando o montante de R$ 549.307,38, permanecendo, ainda, uma despesa sem
comprovação da ordem de R$ 37.040,38.

O processo foi mais uma vez ao Ministério Público Especial, que pugnou pela ratificação do
parecer de fls. 3035/3049, com a cautela da redução do valor de despesas não comprovadas com
contribuições previdenciárias. Y'
É o relatório, informando que foram feitas as notificações de estilo.

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.13/20

2. VOTO DO RELATOR

Em relação aos gastos com pessoal, a própria Auditoria, em seu relatório de fls. 2564, calculou
o percentual em 59,16% (sendo 56,07% do Poder Executivo e 3,09% do Poder legislativo) da RCl,
considerando o teor do Parecer PN TC 12/2007, que determina que não sejam computados nas
despesas com pessoal os valores pagos a título de obrigações patronais. Apesar de o limite geral ter
sido alcançado (59,16%), os gastos com pessoal do Poder Executivo extrapolaram o limite (54,0%) em
2,07%, sem que fossem adotadas medidas para o retorno ao limite legal, conforme dispõe art. 55 da
lRF, portanto a irregularidade, sob este aspecto, permanece.

Atinente aos Balanços Orçamentário, Financeiro e Patrimonial, bem como o Demonstrativo da


Dívida incorretamente elaborados; despesas relativas ao exercício de 2006, empenhadas e pagas em
2007; não contabilização de dívida consolidada com a SAElPA; realização de processos licitatórios na
modalidade convite em detrimento da realização de tomada de preço; inadimplemento com contas de
energia elétrica e descumprimento de parcelamento de débitos realizado com a SAElPA;
inadimplemento com contas de água/esgoto; e má conservação da frota municipal de veículos, o
Relator entende que, apesar de não ensejar parecer contrário, deve ser aplicado multa ao ex-gestor,
em razão das irregularidades detectadas, com recomendação a atual administração no sentido de
evitar a repetição das mesmas.

Tocante às despesas realizadas sem a cobertura de procedimento Iicitatório, no valor total de


R$ 804.052,58, tratam-se de contratação do cantor Leonardo (R$ 102.500,00), aquisição de
medicamentos a três fornecedores (R$ 96.748,84), aquisição de móveis (R$ 33.800,00), material de
expediente (R$ 20.809,82), gêneros alimentícios (R$ 20.024,92), consultoria (R$ 18.279,00) e locação
de veículos para fins diversos (R$ 426.580,00). Em relação ao cantor Leonardo, a irregularidade diz
respeito à falta de processo de inexigibilidade, cabendo apenas multa. Quanto aos medicamentos,
material de expediente e gêneros alimentícios, as aquisições foram feitas ao longo do exercício, cujos
valores individuais estavam abaixo do exigível para a realização de licitação. No que concerne à
locação de veículos, cuja despesa é a de maior peso, o que se observa é que a prestação de serviços
foi pulverizada entre 23 prestadores, o que demonstra que não houve o direcionamento nas
contratações. Assim, permanece a juízo do Relator, sem cobertura de licitação as despesas com
consultoria (R$ 18.279,00) e aquisição de móveis (R$ 33.800,00). Considerando os valores envolvidos
e a não indicação de prejuízo ao erário, por parte da Auditoria, o Relator entende que deve ser aplicado
multa ao ex-gestor, por inobservância da lei de licitações, sem repercussão negativa nas contas
prestadas.

Pertinente aos gastos com ações e serviços públicos de saúde, o percentual alcançado,
segundo a Auditoria, foi de 13,79%, abaixo, portanto, do mínimo constitucional de 15%. Nestes
cálculos, o órgão de instrução não aceitou incluir o valor de R$ 23.386,31, a título de contrapartida do
Convênio nO1388, firmado com a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, por se tratar de gastos com
esgotamento sanitário, fls. 3112/3220. Também não incluiu as despesas com precatórios de dois,

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.14/20

servidores da Saúde, no total de R$ 91.102,35, fls. 3107/3111. O Relator entende que esses valores
devem ser computados, pois o Tribunal tem aceito tais despesas para o cômputo de saúde. Com a
inclusão desses gastos, o percentual atinge 15,04%, sanando a irregularidade.

No que toca a irregularidade pertinente ao não recolhimento de obrigações patronais no valor


de R$ 1.339.115,74, o Relator acompanha o entendimento da Auditoria, vez que a GFlp2 apresentada
pelo ex-Gestor, fls. 1579/1598, aponta como valor devido de obrigações patronais, no exercício de
2006, o montante de R$ 1.477.090,04, enquanto foi empenhada a importância de apenas
R$ 137.974,30. Portanto, a irregularidade permanece.

Quanto à não retenção de contribuições previdenciárias sob os subsídios do ex-Prefeito e ex-


Vice, também permanece a irregularidade apontada, já que não houve, no exercício em análise,
qualquer valor retido e recolhido dos agentes políticos.

Tangente às despesas não comprovadas com contribuições previdenciárias, após a análise de


defesa e complementação de instrução, restou ainda sem comprovação, segundo a Auditoria,
despesas no montante de R$ 37.040,38. O Relator verificou que o órgão de instrução não considerou
as guias de despesas extra-orçamentárias nO00416-4, no valor de R$ 5.955,79 (fI. 3076), e nO00170-2,
no valor de R$ 4.071,79 (fI. 3079), por não estarem as despesas devidamente comprovadas. O Relator
entende, no entanto, que deve ser excluída da relação das despesas não comprovadas a guia de
despesa nO 00416-4, no valor de R$ 5.955,79, por não se tratar de despesas com o INSS, mas de
empréstimos consignados na folha de pagamento de servidores da Secretaria da educação. Assim, a
juízo do Relator, permanece ainda sem comprovação despesas com contribuição previdenciária no
montante de R$ 31.084,59.

No que diz respeito à diferença apurada na movimentação financeira do FUNDEF, no valor de


R$ 68.021,46, entre o saldo apurado e o saldo conciliado, o Relator entende que tal valor deve ser
devolvido ao FUNDEF, com recursos próprios do município.

Respeitante às despesas com passagens aéreas sem comprovação (fls. 2937/2980); concessão
de subvenção à instituição religiosa, e despesas indevidas com aluguéis de imóvel, destinado à
moradia do promotor de justiça, o Relator acompanha o entendimento do Órgão Ministerial, que
pugnou pela regularidade das mesmas, visto que, no caso das passagens aéreas, as despesas
estavam acompanhadas das notas fiscais, e, em relação a subvenção à instituição religiosa, a despesa
foi destinada a organização de palestras direcionadas às famílias e jovens adolescentes, abordando
temas sobre o fumo, drogas e violência (fls. 2995/2999), não ficando comprovado, nos autos, a
preferência por nenhuma corrente religiosa. Já a moradia do promotor de justiça, faz necessárit _.-
recomendação apenas para a celebração de convênio no sentido de amparar a despesa. ~

2 Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social- GFIP

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.15/20

No que toca ao excesso de gastos com combustíveis, no montante de R$ 109.761,93, o Relator


discorda do entendimento do Órgão Auditor, que chegou ao excesso apontado fazendo-se apenas o
confronto das informações contidas em relatórios de controle de combustível, colhidos quando da
inspeção in loco, com as informações constantes das notas fiscais de consumo. O Relator entende
que, em havendo divergência de números, a Auditoria deveria ter aprofundado as investigações para
verificar, inclusive, se as informações contidas nos relatórios estavam compatíveis com um consumo
normal de um veículo, e aí sim, calcular o excesso com base nas informações das notas fiscais. É de
se registrar que, no exercício de 2005, a Auditoria não apontou excesso de consumo, apesar do
consumo ter sido mais elevado do que no exercício em análise. Assim, o Relator deixa de votar pela
imputação do valor sugerido pela Auditoria, porquanto o parâmetro utilizado é insuficiente para motivar
a imputação da despesa debatida.

No que pertine aos gastos excessivos com festejos juninos com recursos próprios, é tradição do
município de Solânea prestigiar tais eventos, no entanto, não deve o município comprometer recursos
públicos ao ponto de sacrificar áreas importantes como a da saúde, ficando a recomendação no
sentido de o governo municipal buscar parcerias com a iniciativa privada e o governo estadual na
promoção desses festejos.

Tocante aos gastos pessoais com aluguel de imóvel e demais despesas decorrentes, no
montante de R$ 13.822,91, tratam-se de dispêndios relativos a unidade de apoio ao Chefe do Poder
Executivo, criada por Lei Municipal, tendo, inclusive, unidade orçamentária própria para tal despesa.
Assim como o Parquet, o Relator entende que a despesa é regular, porquanto está amparada em lei.

Feitas essas observações, e considerando o que do mais consta nos autos, o Relator vota pela:

• Emissão de parecer contrário à aprovação das contas de gestão geral, sob a


responsabilidade do Sr. Sebastião Alberto Cândido da Cruz, ex-Prefeito do Município
de Solânea, em decorrência das seguintes irregularidades: gastos com pessoal do
Poder Executivo extrapolando o limite (54%) em 2,07%, sem que fossem adotadas
medidas para o retorno ao limite legal, conforme dispõe o art. 55 da LRF; não
recolhimento de obrigações patronais no valor de R$ 1.339.115,74; não retenção de
contribuições previdenciárias sob o subsídios do ex-Prefeito e ex-Vice; despesas com
contribuições previdenciárias pagas e não comprovadas com documentação hábil, no
valor de R$ 31.084,59;
• Declaração de atendimento parcial aos preceitos da LRF, em decorrência dos gastos
com pessoal do Poder Executivo terem extrapolado o limite (54%) em 2,07%, sem que


fossem adotadas medidas para o retorno ao limite legal, conforme dispõe o art. 55 da

LRF;
Imputação ao ex-gestor do débito relativo as despesas não comprovadas com
contribuições previdenciárias, no montante de R$ 31.084,59;
Ix
• aplique multa pessoal ao ex-Prefeito, Sr. Sebastião Alberto Cândido da Cruz, no valor
de R$ 2.805,10, em decorrência das irregularidades apontadas pelo Órgão Auditor;

gmbc -: -'/'~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.16/20

• determinação de devolução ao FUNDEB, com recursos próprios do município, da


importância de R$ 68.021,46 decorrente da diferença apontada na conta do FUNDEF;
• comunicação à Receita Federal do Brasil acerca das contribuições previdenciárias não
recolhidas no exercício de 2006;
• recomendação, ao atual gestor, no sentido de observar os comandos constitucionais,
legais e normativos, evitando repetir as falhas e irregularidades sublinhadas pela
Auditoria.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO02118/07; e

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o Parecer do Procurador do Ministério Público junto


ao TCE-PB, o voto do Relator e o mais que dos autos consta;

CONSIDERANDO que a declaração de atendimento parcial aos preceitos da LRF, a imputação


de débito, a aplicação de multa, a determinação de devolução de recursos ao FUNDEB e a
comunicação à Receita Federal do Brasil, acerca dos fatos apurados relacionados à contribuições
previdenciárias federais para as providências a seu cargo, constituem objetos de ato a ser emitido
separadamente;

Os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA (TCE-PB), por maioria


de votos, na sessão plenária realizada nesta data, decidem emitir parecer contrário à aprovação das
contas de gestão geral, sob a responsabilidade do ex-Prefeito Municipal, Sr. Sebastião Alberto Cândido
da Cruz; em decorrência das seguintes irregularidades: gastos com pessoal do Poder Executivo
extrapolando o limite (54%) em 2,07%, sem que fossem adotadas medidas para o retorno ao limite
legal, conforme dispõe o art. 55 da LRF; não recolhimento de obrigações patronais no valor de
R$ 1.339.115,74; não retenção de contribuições previdenciárias sob o subsídios do ex-Prefeito e ex-
Vice; despesas com contribuições previdenciárias pagas e não comprovadas com documentação hábil,
no valor de R$ 31.084,59; recomendando-se observância dos comandos legais norteadores da Pública
Administração, notadamente à Constituição Federal e as Leis nO4320/1964, 101/2000 e 8666/93.

Publique-se e intime-se. ~

Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro João Agripino.

João Pessoa, 08 de abril de 2009.

gmbc
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02118/07 FI.17/20

Conselheiro

.:~~Jf:f!~
Conselheiro Flávio Sátiro Fern conSelhe7J~Sé Marques Mariz

-'"
~ 'e---.1---.~ ''-.J
,

Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira


.~

-< ttr .
Isabella B~arin· alcão
Procuradora Geral do
Ministério Público junto ao TCE/PB

gmbc

You might also like