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Processos Te n° 02474/07

Instituto Cachoeirense de Previdência


Municipal - ICPM. Prestação de Contas do
exercício de 2006. Irregularidade das contas.
Aplicação de multa. Recomendação.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do processo TC N° 02474/07, referente à


Prestação de Contas do Instituto Cachoeirense de Previdência Municipal - ICPM, relativa ao
exercício financeiro de 2006, sob a responsabilidade da Sra. Maria Rejane da Silva, e

CONSIDERANDO que compete ao Tribunal de Contas do Estado, nos termos das


Constituições Federal e Estadual, c/c a Lei Complementar n" 18/1993, julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos;

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o parecer do Ministério Público junto ao Tribunal,


a proposta de decisão do Auditor Relator e o mais que dos autos consta,

ACORDAM os integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, à unanimidade, em


sessão plenária hoje realizada, em:
a) julgar irregular a Prestação de Contas do Instituto Cachoeirense de Previdência Municipal -
ICPM, relativa ao exercício de 2006, ressalvando de que essa decisão decorreu do exame dos fatos
e provas constantes dos autos, sendo suscetível de revisão se novos fatos ou provas, inclusive
mediante diligências especiais deste Tribunal, vierem a interferir de modo fundamental nas
conclusões alcançadas;
b) aplicar multa no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos) à Sra.
Maria Rejane da Silva, em vista das irregularidades constatadas;
c) conceder o prazo de 60 dias para recolhimento da multa aos cofres do Estado, sob pena de
cobrança executiva, nos termos da Constituição Estadual;
d) recomendar à administração do Instituto estrita observância às normas constitucionais e
legislação previdenciária, assim como a adoção de medidas administrativas e contábeis que visem
a não repetição das falhas constatadas.

Presente ao julgamento a Exm", Sra. Procuradora Geral.


Publique-se e cumpra-se.
TC - Plenário Min. João ripino, 01 de abril de 2009.

AUDITOR OSCAR MA
r REL

.,bT~~~~GA ~.~
PROCURADORA GERAL
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processos Te n° 02474/07

o processo TC n° 02474/07 trata da prestação de contas do Instituto Cachoeirense de


Previdência Municipal-ICPM, relativa ao exercício de 2006, sob a responsabilidade da Sra. Maria
Rejane da Silva.
A Auditoria, após analisar os atos e fatos de gestão a que se refere o presente processo, fez as
seguintes observações:
1. A prestação de contas foi apresentada dentro do prazo legal;
2. A receita arrecadada foi 25,79% superior à orçada;
3. As receitas correntes representaram 100,00% do total arrecadado;
4. As receitas de contribuições do empregador equivaleram a 49,31% da receita arrecadada,
enquanto que as receitas de contribuições dos segurados e receita da dívida ativa
corresponderam, respectivamente, a 31,23% e 18,88% do total arrecadado;
5. As despesas com pessoal e encargos sociais representaram 93,03% da despesa empenhada;
6. Não houve realização de despesa de capital;
7. As despesas realizadas foram 70,23% superior a sua projeção atuarial.

Foram apontadas ainda as seguintes irregularidades:

~ De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, Sr. Francisco Dantas Ricarte

1. Falta de adequação da legislação previdenciária municipal à Portaria MP AS n° 4.992/99, art.


17, § 3°, e à Lei n° 9.717/98, art. 1°, inciso III, no que diz respeito à taxa de administração;

2. Ausência de repasse de parte das contribuições devidas no exercício de 2006.

~ De responsabilidade da gestora do instituto, Sra. Maria Rejane da Silva.

1. Omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante à adequação da taxa de


administração às determinações da Portaria MPAS n° 4.992/99, art. 17, § 3°, e da Lei n?
9.717/98, art. 1°, inciso III;
2. Ausência de identificação da origem da receita da dívida ativa (contribuições patronais/
segurados);
3. Realização de despesa com serviços contábeis sem o devido processo licitatório;
4. Existência de déficit na execução orçamentária,
5. Contabilização da dívida da Prefeitura Municipal para com o instituto como ativo permanente,
descumprindo as determinações da Secretaria de Tesouro Nacional, em especial as Notas
Técnicas n" 49/2005 - GENOCICCONTI STN e 515/2005 - GEANCICCONTI STN;
6. Elaboração incorreta do Demonstrativo da dívida flutuante haja vista não apresentar valor
referente ao saldo que foi transferido do exercício de 2005;
7. Elaboração incorreta do Balanço patrimonial uma vez que não apresenta o saldo de
consignações INSS (R$ 45,90) e previdência municipal (R$ 1.095,00) que ficaram para o
exercício seguinte, bem como não foi elaborado levando-se em consideração o saldo da dívi
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flutuante que veio do exercício de 2005 (R$ 2.395,01) e o saldo dos empréstimos (CEF) -
R$ 134,25;
8. Realização de despesas administrativas acima do limite estabelecido na Portaria MPAS n°
4992/99, art. 17, § 3°, e pela Lei n" 9.717/98, art. 1°,inciso IH;
9. Realização de despesas fora do período de competência, descumprindo a Lei n" 4.320/64,
art.35, inciso II;
10. Ausência de empenho das obrigações patronais relativas a despesas com vencimentos e
vantagens fixas, serviços contábeis e assessoria jurídica;

11. Ausência de retenção e de repasse das contribuições previdenciárias (parte do servidor)


incidentes sobre serviços contábeis e de assessoria jurídica;
12. Ausência de encaminhamento dos extratos bancários da conta de aplicação n" 295-701 (Caixa
Econômica Federal), no mês de fevereiro e período de julho a dezembro, bem como da conta
poupança n° 78.632-2 (Caixa Econômica Federal);
13. Ausência de controle da dívida do Município junto ao instituto;
14. Ausência de cumprimento da Lei Municipal n° 366/2003, no que conceme ao pagamento das
contribuições parceladas.

Foram notificados o Chefe do Poder Executivo e a gestora do Instituto. O Prefeito, Sr Francisco


Dantas Ricarte não apresentou defesa. No entanto, a Sra Maria Rejane da Silva apresentou
esclarecimentos relativos às irregularidades de responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, sem
que estivesse legalmente habilitada para tal. Por esse motivo, o Órgão de Instrução não analisou os
argumentos apresentados referentes às citadas irregularidades.
A Auditoria analisou então a defesa apresentada pela Presidente do ICPM e considerou sanadas as
irregularidades relativas à omissão às imposições da legislação previdenciária federal no tocante à
adequação da taxa de administração; ausência de identificação da origem da receita da dívida ativa
(contribuições patronais/segurados); ausência de controle da dívida do Município junto ao instituto e
ausência de cumprimento da Lei Municipal n° 366/2003, no que conceme ao pagamento das
contribuições parceladas. No que diz respeito às demais falhas apontadas, foram mantidos os
entendimentos iniciais com as seguintes considerações:
A Auditoria manteve as falhas relativas a não realização de licitação para as despesas com serviços
contábeis, realização de despesas fora do período de competência e ausência de empenho das
obrigações patronais relativas a despesas com vencimentos e vantagens fixas, serviços contábeis e
assessoria jurídica, tendo em vista não ter havido defesa para estes itens.
Quanto às irregularidades referentes à contabilização da dívida da Prefeitura Municipal para com o
instituto como ativo permanente, elaboração incorreta do demonstrativo da dívida flutuante e do
Balanço Patrimonial, embora a defesa tenha anexado novos demonstrativos, o Órgão de Instrução
manteve as falhas tendo em vista a verificação de valores incorretos nos demonstrativos apresentados.
Quanto à presença de déficit na execução orçamentária, a defesa alega que o déficit deixa de existir
a partir do momento em que o município reconhece que deixou de repassar valores referentes à parte
patronal no exercício de 2006 e que faz a adequação da taxa de administração de 4% para 2%,
parcelando estas diferenças. Desta forma, o defendente entende que houve um superávit, sendo a
receita constituída de R$ 359.816,70 de receita arrecadada e R$ 24.619,73 de valores em
parcelamento. O Órgão Técnico não acatou os argumentos quanto à diferença da taxa administrati (
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uma vez que se trata de uma adequação do RPPS municipal às disposições legais. Quanto à dívida do
município junto ao instituto, esta não cobre o déficit encontrado, permanecendo assim a irregularidade.
Relativamente à realização de despesas administrativas acima do limite estabelecido, embora tenha
havido a adequação através da Lei Municipal n" 421/2007, a irregularidade foi mantida uma vez que a
Auditoria não localizou o recebimento do parcelamento então efetuado.
No tocante à ausência de retenção e de repasse das contribuições previdenciárias incidentes sobre
serviços contábeis e de assessoria jurídica, o defendente alegou que os servidores já contribuem com o
teto máximo. Não acostou, porém, qualquer documento que comprovasse a alegação, motivo pelo qual
a Auditoria manteve a irregularidade.
Com relação aos extratos bancários, a Auditoria manteve a irregularidade uma vez que o extrato da
conta de aplicação do mês de fevereiro não foi enviado, acarretando uma diferença de R$ 895,28 entre
o saldo bancário conforme extratos e o registrado na contabilidade.

o processo seguiu ao Ministério Público cujo representante emitiu Parecer opinando por:
1. irregularidade da vertente prestação de contas;
2. aplicação de multa à Sra. Maria Rejane da Silva e ao Chefe do Poder Executivo, Sr Francisco
Dantas Ricarte;
3. recomendação à administração do Instituto no sentido de estrita observância às normas
constitucionais, aos princípios administrativos e à necessidade de manter sua contabilidade em
consonância com as normas legais pertinentes;
4. remessa de cópia dos presentes autos à procuradoria Geral de Justiça para as providências que
entender cabíveis.

É o relatório, informando que os interessados foram notificados da inclusão do processo na


presente sessão.

No que diz respeito às irregularidades de responsabilidade do Chefe do Executivo, entendo que a


falta de adequação da taxa de administração às imposições da legislação previdenciária federal já foi
sanada através da Lei Municipal n" 42112007. Da mesma forma, a ausência de repasse de parte das
contribuições devidas no exercício já foi considerada elidida quando da apreciação das contas do
gestor, Processo TC n" 02483/07 - Prestação de Contas do Município de Cachoeira dos Índios relativa
ao exercício de 2006.
Quanto às demais irregularidades remanescentes, quais sejam: não realização de licitação, nem
procedimento de inexigibilidade licitatória, para as despesas com serviços contábeis; realização de
despesas fora do período de competência; ausência de empenho das obrigações patronais relativas a
despesas com vencimentos e vantagens fixas, serviços contábeis e assessoria jurídica; contabilização
da dívida da Prefeitura Municipal para com o instituto como ativo permanente; elaboração incorreta do
demonstrativo da dívida flutuante e do Balanço Patrimonial; déficit na execução orçamentária;
realização de despesas administrativas acima do limite estabelecido na legislação federal; ausência de
retenção e de repasse das contribuições previdenciárias incidentes sobre serviços contábeis e de
assessoria jurídica e não encaminhamento de extratos bancários; irregularidades que ~
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Processos Te n° 02474/07

responsabilidade da gestora do Instituto, acompanho o exposto pelo Órgão Técnico de Instrução e


proponho que este Tribunal:

a) julgue irregular a Prestação de Contas do Instituto Cachoeirense de Previdência Municipal -


ICPM, relativa ao exercício de 2006, ressalvando de que essa decisão decorreu do exame dos fatos
e provas constantes dos autos, sendo suscetível de revisão se novos fatos ou provas, inclusive
mediante diligências especiais deste Tribunal, vierem a interferir de modo fundamental nas
conclusões alcançadas;
b) aplique multa no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos) à Sra.
Maria Rejane da Silva, em vista das irregularidades constatadas;
c) conceda o prazo de 60 dias para recolhimento da multa aos cofres do Estado, sob pena de
cobrança executiva, nos termos da Constituição Estadual;
d) recomende à administração do Instituto estrita observância às normas constitucionais e legislação
previdenciária, assim como a adoção de medidas administrativas e contábeis que visem a não
repetição das falhas constatadas.

É a proposta, em 01 de abril de 2009.

AUDITOR OSCAR ~T~GO MELO


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