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UNIFESP/LP
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A população dos países mais ricos passa por uma crise exis-
tencial: a sensação de que no passado se vivia melhor. A história
e as estatísticas, no entanto, mostram que a média dos morado-
res dos Estados Unidos e da Europa Ocidental nunca teve uma
vida tão próspera. As pessoas vivem mais, têm mais acesso à
educação e, descontados os desejos mais extravagantes, reali-
zam como nunca os sonhos de consumo. Cinqüenta anos atrás,
os objetivos de uma família americana eram a casa própria, o
carro na garagem e pelo menos um dos filhos na universidade.
Hoje, seu estilo de vida excede essas expectativas, graças a um
aumento de 50% na renda da classe média nos últimos 25 anos.
O que hoje é comum — uma frota de carros na garagem, assis-
tência médica de primeira e férias no exterior — no início do
século XX era privilégio de uns poucos milionários. Há muito
mais: algumas doenças letais que nos anos 50 não poupavam
nem sequer os muito ricos, como a poliomielite, foram pratica-
mente erradicadas. Apesar de todos esses avanços, os psicólogos
identificam um fenômeno que tem sido chamado de “hipocondria
social” ou “paradoxo do progresso”: a sensação crescente de
que tudo o que se conquistou com as melhorias sociais é mera
ilusão.
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