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RELATÓRIO DE IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE

SEGURANÇA DA ÁGUA

PROJETO PILOTO BRASIL - PSA/UFV


MUNICÍPIO DE VIÇOSA – MINAS GERAIS, BRASIL

DEZEMBRO DE 2009
1

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
PROJETO PILOTO SOBRE PLANO DE SEGURAÇA DA ÁGUA

1. Identificação
1.1- Natureza do Projeto
Projeto de pesquisa e extensão a ser realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), por
meio da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe)
1.2 – Proponentes
1.2.1. Instituição: Universidade Federal de Viçosa (UFV)
1.2.2. Departamento: Departamento de Engenharia Civil/Divisão de Água e Esgotos - DAG
1.2.3. Professor Coordenador: Prof. Dr. Rafael Kopschitz Xavier Bastos Professor Adjunto –
Departamento de Engenharia Civil – UFV (DEC/UFV).

1.2.4. – Equipe Executora:


Por intermédio de vários de seus departamentos (Engenharia Civil, Solos, Biologia e Medicina
Veterinária), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) reúne elevada reputação em pesquisa em
Ciências do Ambiente e Engenharia Ambiental com vasta experiência de projetos de cooperação
com órgãos governamentais, não governamentais e com a incitativa privada. O projeto conta
ainda, com a participação da Universidade Federal de Ouro Preto representada pelo Departamento
de Química.
Tomando partido deste ambiente interdisciplinar, sob a coordenação do Departamento de
Engenharia Civil, reuniu-se um grupo de pesquisa em Planos de Segurança da Água (PSA UFV),
incluindo os seguintes docentes e pesquisadores:

1.2.5. Parcerias locais e envolvimento da comunidade local


Para o sucesso de um projeto desta natureza e desta envergadura, parcerias locais e o
comprometimento da comunidade local são aspectos fundamentais. De certa forma isto já se
encontra da antemão garantido pela longa história de cooperação técnica e projetos em parceria
entre a UFV e o Serviço Autônomo da Água e Esgotos de Viçosa (SAAE-Viçosa).

1.2.6. Órgãos envolvidos em âmbito nacional e internacional


Este projeto conta com o apoio nacional do Ministério da Saúde e colaboração dos Ministérios das
Cidades e do Meio Ambiente e Organização Pan-americana da Saúde (OPAS – Representação no
Brasil). No âmbito internacional o projeto conta com o apoio do U.S. Center for Disease Control
and Prevention (CDC), U.S. Environmental Protection Agency (EPA) e pela Water Resources
Manager - Global Quality - The Coca-Cola Company e Universidade do Minho – Portugal.
Com a finalidade de acompanhamento do projeto foi criado um Grupo de Trabalho, liderado pelo
Ministério da Saúde (CGVAM/SVS) e com representantes, dente outros, dos seguintes
setores/entidades: Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente, Associação Nacional de Serviços
Municipais de Saneamento (ASSEMAE), Associação das Companhias Estaduais de Saneamento
(AESBE), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Organização Pan-
americana da Saúde (OPAS – Representação no Brasil), dentre outros.

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Equipe Técnica do Projeto Piloto Plano de Segurança da Água
Corpo Docente
Rafael Kopschitz Xavier Bastos– Departamento de Engenharia Civil (UFV): Engenheiro
Civil, PhD em Engenharia Sanitária (University of Leeds, UK).
Paula Bevilacqua - Departamento de Veterinária (UFV): Médica Veterinária, DS em
Epidemiologia (Universidade Federal de Minas Gerais).
Ann Honor Mounteer – Departamento de Engenharia Civil (UFV): Bióloga (Mcgill
University, USA), DS em Microbiologia Agrícola (UFV).
Carlos Antônio Oliveira Vieira – Departamento de Engenharia Civil (UFV): Engenheiro
Agrimensor, PhD em Geografia Física (University of Nottingham, UK), Pós-Doutorado em
Geomática (University of Melbourne, Austrália).
Elpídio Fernandes Filho (UFV) – Departamento de Solos (UFV): Engenheiro Agrônomo, DS
em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) (UFV).
Júlio Cesar Oliveira - Departamento de Engenharia Civil (UFV): Engenheiro Agrimensor,
MS em Sensoriamento Remoto (IMPE).
Sérgio Francisco de Aquino - Departamento de Química (UFOP): Químico, PhD em
Engenharia Química (Imperial College London, UK).
Robson José de Cassia Franco Afonso - Departamento de Química (UFOP): Químico
(UFMG), DS em Química (University of London).
Eduardo Antônio Gomes Marques - Departamento de Engenharia Civil (UFV): Geólogo,
DS em Geologia (UFRJ).
Demétrius David da Silva - Departamento de Engenharia Agrícola (UFV): Agrônomo, DS
em Engenharia Agrícola (UFV)
Efraim Lázaro Reis - - Departamento de Química (UFV): Químico, DS em Química
(UNICAMP).
Vicente Paulo Soares - Departamento de Engenharia Florestal (UFV): Engenheiro
Florestal, PhD em Forest Sciences - Colorado State University-USA.

Equipe Técnica de Apóio - UFV


Luis Eduardo do Nascimento: Químico (UFV), Chefe do Serviço de Tratamento de Água da UFV
Jesana Fonseca Soares – Engenheira Ambiental (UFV). Técnica do Serviço de Tratamento
de Água da UFV

Equipe Técnica - SAAE


José Luis Pereira Corrêa- Direto Adjunto
Irineu Cassani Franco - Técnico- Divisão Técnica

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Sanzio José Borges- Técnico- Divisão Técnica
Fabio Lúcio Barbosa – Engenheiro Florestal
Venicius Costa dos Santos - Técnico em Química

Bolsistas de Pós-Graduação
Daniel Oliveira - Engenheiro Ambiental (UFV), Departamento de Engenharia Civil, mestrando
Gustavo Lopes - Engenheiro Civil (UFV), Departamento de Engenharia Civil, mestre,
Demétrius Brito Viana - Engenheiro Ambiental (UFV), Departamento de Engenharia Civil,
mestrando
Nolan Ribeiro Bezerra - Engenheira Ambiental (UFT), Departamento de Engenharia Civil,
doutoranda;
Carlos H. Crespo – Engenheiro Agrônomo (UFV), Departamento de Engenharia Civil, mestrando;
Rose Carmo - Médica Veterinária (UFV), Departamento de Medicina Veterinária, doutoranda;
Edneya Gomes - Geógrafa (UFGO), Departamento de Engenharia Civil, mestrando
Adelson de Azevedo Moreira – Engenheiro Florestal, Departamento de Engenharia Florestal,
doutorando;
Adriana Sales de Magalhães – Bióloga (UFBA), Departamento de Ciências Biológicas,
doutoranda
Anderson de Assis Morais – Biólogo (UNILESTE), Departamento de Engenharia Civil,
doutorando;
Rosane Cristina de Andrade - Engenheiro Ambiental (UFV), Departamento de Engenharia Civil,
mestrando
Júlio César - Químico (UFOP)

Bolsistas de Graduação
Patrícia F. Araújo – Engenharia Ambiental (UFV)
Filipe Emerick Caldeira - Engenharia Civil (UFV)
Jacqueline E. Fonseca – Bióloga (UFV)
Deisiane H. Teixeira – Médica Veterinária (UFV)
Ulisses Bifano Comini - Engenharia Ambiental (UFV)
Karibe F. da Silva - Engenharia Ambiental (UFV)
Carlos E. dos S. Soares – Químico (UFV)
Vinícius Carvalho Rocha - Engenharia Ambiental (UFV)
Juliana F. Oliveira – Bióloga (UFV)
Taís V. Gottardo – Engenheira Agrônoma (UFV)
Raquel de Castro Portes – Geógrafa (UFV)
Franck Lélis Barbosa – Químico (UFV)
Raíssa V. A. Dias – Bióloga (UFV)
Celso Nunes Caldeira - Engenharia Civil (UFV)
Ricardo G. Passos - Engenharia Ambiental (UFV)
Emanoela Guimarães de Castro - Bióloga (UFV)
Ricardo S. Ramos – Engenheiro Agrimensor (UFV)
Bruno Resck – Geógrafo (UFV)

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
SUMÁRIO

LISTAS DE FIGURAS.........................................................................................................5
LISTAS DE TABELAS.........................................................................................................7
LISTAS DE QUADROS........................................................................................................9

1. INTRODUÇAO ........................................................................................................... 12
2. ESTUDO DE CASO VIÇOSA – MG .............................................................................................. 18

2.1. Caracterização da área de estudo ......................................................................................... 19

2.1.2. Informações de Saneamento e Saúde no Município de Viçosa .......................................... 21

2.2. Procedimentos metodológicos utilizados ............................................................................. 24

2.3. Etapas preliminares: Planejamento das atividades .............................................................. 32

2.4. Descrição e avaliação dos sistemas de abastecimento de água ........................................... 34

2.4.1. Bacia Hidrográfica .............................................................................................................. 34

2.4.2. Sistema de Tratamento de Água ........................................................................................ 57

2.4.2.1. Descrição e avaliação da ETA I/SAAE ............................................................................. 57

2.4.2.2. Descrição e avaliação da ETA II/SAAE............................................................................ 67

2.4.3. Rede de distribuição do Município de Viçosa ..................................................................... 74

2.5. Construção do diagrama de fluxo ......................................................................................... 81

2.5. Identificação e análise de perigos ........................................................................................ 84

2.6. Caracterização e priorização de riscos .................................................................................. 84

2.7. Exemplos de aplicação de outros métodos para caracterização de riscos ......................... 112

2.7.1. Etapas geração de mapa de risco da bacia hidrográfica de contribuição ........................ 112

2.7.2. Etapas para geração de mapa de riscos da rede de distribuição ..................................... 128

2.9. Etapa 2: Monitoramento Operacional ................................................................................. 139

2.8. Etapa 3: Planos de gestão ................................................................................................... 147

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
3. ANEXOS ........................................................................................................................................

ANEXO 1 - Diagnóstico Situacional do Sistema de Abastecimento de Água – ETA 1 – Pintinho ....


ANEXO 1- Diagnóstico situacional do sistema de abastecimento de água – ETA II – Violeira .......
ANEXO 2 - Constituição da equipe de trabalho do PSA....................................................................
ANEXO 3 - Questionário para Diagnóstico na Bacia de Captação ....................................................

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
FIGURAS
Figura 1: Etapas para o desenvolvimento de Plano de Segurança da Água .............................................. 19
Figura 2: Localização do município de Viçosa, com indicação das bacias hidrográficas do Ribeirão São
Bartolomeu e do Rio Turvo Sujo. ............................................................................................................ 20
Figura 3: Informações de saneamento do município de Viçosa-MG .......................................................... 22
Figura 4: Medição da vazão na bacia hidrográfica do SB, Viçosa-MG, Brasil.............................................. 27
Figura 5: Pontos de amostragem na bacia do Rio Turvo Sujo e ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG, Brasil 28
Figura 6: Pontos de amostragem da água na bacia de captação do Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG .. 36
Figura 7: Localização dos pontos de coleta da Bacia do Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG, Brasil. (A)
Ribeirão São Bartolomeu, (B) Córrego “São Lucas”, (C) Córrego dos Machados, (D) Córrego Santa Catarina,
(E) Córrego Paraíso, (F) Córrego Palmital, (G) Córrego “Antuérpia”, (H) Córrego do Engenho ................... 37
Figura 8: Documentário fotográfico: acesso dos animais aos cursos d‟água na bacia de captação do RSB,
Viçosa-MG. ........................................................................................................................................... 38
Figura 9: Mapa das propriedades e fontes de poluição pontuais e difusas, bacia de captação do ribeirão São
Bartolomeu, Viçosa –MG ........................................................................................................................ 40
Figura 10: Fontes de Poluição difusas e pontuais na bacia do Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa –MG. 1-
Acesso dos animais aos cursos d‟água, 2 – Lançamento de efluente tratado, 3- Usos de água (irrigação), 4-
Lançamento de esgoto, 5 – Usos de defensivos agrícolas, 6 – Suinocultura. ............................................. 41
Figura 11: Iniciativas de manejo de solo e conservação da água na bacia de captação do ribeirão São
Bartolomeu, Viçosa -MG ........................................................................................................................ 43
Figura 12: Ponto de captação para abastecimento de água da ETAI e II do SAAE e ETA UFV, Viçosa-MG .. 44
Figura 13: Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta no ponto de captação, ribeirão SB,
Viçosa -MG, 2002 a 2008 ....................................................................................................................... 48
Figura 14: Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta afluente a ETAII/SAAE para o
período entre os anos de 2004 e 2008, Viçosa-MG, Brasil. ....................................................................... 56
Figura 15: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água decantada para o período
entre 2006 a 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ................................................................... 60
Figura 16: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água decantada para o período
entre 2006 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ................................................................... 61
Figura 17: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água filtrada para o
período entre 2004 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ....................................................... 62
Figura 18: Freqüência acumulada dos dados horários de turbidez residual na água filtrada para o período
entre 2004 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ................................................................... 62
Figura 19: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água bruta para os eventos nos
quais a água filtrada apresentou turbidez inferior e superior a 1,0; 0,5; e 0,3 UNT para o período entre 2004
e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. .................................................................................... 63
Figura 20: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água efluente a cada filtro,
para o período entre 2004 a 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ............................................. 64
Figura 21: Gráfico de freqüência acumulada de turbidez da água bruta, no ponto de captação do ribeirão
São Bartolomeu, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. .......................................................................................... 66
Figura 22: Distribuição de freqüência da concentração de cloro residual para o período entre 2004 e 2008,
ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ................................................................................................ 67
Figura 23: Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta afluente a ETAII/SSAE para o
período entre os anos de 2004 e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ......................................................... 68
Figura 24: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água filtrada para o
período entre 2004 e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. .......................................................................... 70
Figura 25: Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água bruta para os eventos nos
quais a água filtrada apresentou turbidez inferior e superior a 1,0; 0,5; e 0,3 UNT para o período entre 2004
e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ....................................................................................................... 72
7

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Figura 26: Gráfico de freqüência acumulada de turbidez da água bruta, Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ......... 73
Figura 27: Distribuição de freqüência da concentração de cloro residual para o período entre 2004 e 2008,
Viçosa-Minas Gerais, Brasil. ................................................................................................................... 74
Figura 28: Distribuição percentual da composição da rede quanto ao material. ........................................ 75
Figura 29: Distribuição percentual da composição da rede quanto ao diâmetro das tubulações. ................ 76
Figura 30: Representação espacial da rede e dos bairros e sistema de rede de água de Viçosa, Minas Gerais,
Brasil .................................................................................................................................................... 77
Figura 31: Espacialização das ligações de água em Viçosa – MG, 2008 .................................................... 78
Figura 32: Zonas de consumo de água em Viçosa - MG, 2008 ................................................................. 79
Figura 33: Dados de qualidade da água na rede de distribuição de Viçosa, Período: 2005 - 2008 .............. 81
Figura 34: Diagrama de fluxo do sistema de abastecimento de água do município de Viçosa, Minas Gerais,
Brasil .................................................................................................................................................... 82
Figura 35: Exemplo de matriz semiquatitativa de priorização de risco ...................................................... 85
Figura 36: Etapas da estrutura do modelo de avaliação de análise multicritério ...................................... 115
Figura 37: Mapa do Modelo Digital de Elevação da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa
Minas Gerais, Brasil (Fonte: Imagens IKONOS, 2007) ............................................................................ 117
Figura 38: Mapa de declividade da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais,
Brasil .................................................................................................................................................. 119
Figura 39: Mapa de fluxo acumulado da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais,
Brasil (Fonte: Imagens IKONOS, 2007)................................................................................................. 120
Figura 40: Mapa de solos da bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa – MG ...................... 121
Figura 41: Mapa de uso e ocupação do solo na bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa - MG
.......................................................................................................................................................... 122
Figura 42: Mapa de Índices médios de qualidade da água IQA classificados para as sub-bacias do Ribeirão
São Bartolomeu no ano de 2008, Viçosa - MG ....................................................................................... 124
Figura 43: Mapa de Índices médios de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público (IAP)
classificados para as sub-bacias do Ribeirão São Bartolomeu no ano de 2008, Viçosa - MG...................... 125
Figura 44: Mapa de risco da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais, Brasil ........
Figura 45: Mapa de pressão na rede na rede de distribuição do Município de Viçosa, 2009 MG, Brasil ..... 131
Figura 46: Mapa de Intermitência na rede na rede de distribuição do Município de Viçosa, 2009 MG, Brasil
.......................................................................................................................................................... 132
Figura 47: Mapa de registro de reclamações na rede na rede de distribuição do Município de Viçosa, 2009
MG, Brasil ........................................................................................................................................... 133
Figura 48: Mapa de qualidade de água distribuída no Município de Viçosa, 2009, Minas Gerais ............... 134
Figura 49: Mapa de risco, MCE – WLC na rede na rede de distribuição do Município de Viçosa, 2009 MG,
Brasil .................................................................................................................................................. 139

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
TABELAS

Tabela 1: Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária, Segundo Grupo de Causas - CID10 Viçosa, Minas
Gerais, Brasil, 2005 ............................................................................................................................... 23
Tabela 2: Coeficiente de mortalidade geral e infantil (por 1.000 habitantes e 1.000 nascidos vivos ) Viçosa,
Minas Gerais, Brasil, 2001 - 2005 ........................................................................................................... 23
Tabela 3: Distribuição dos exames positivos, proporção de indivíduos e prevalência de indivíduos positivos na
amostra estudada (atendimento ambulatorial) segundo o enteroparasita, Viçosa - Minas Gerais, 1999 - 2001
............................................................................................................................................................ 24
Tabela 4- Índice de qualidade de água bruta da bacia de captação do Ribeirão São Bartolomeu, Fevereiro a
Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ..................................................................................................... 41
Tabela 5: Concentração de (oo)cistos de protozoários nas sub-bacias do Ribeirão São Bartolomeu, Novembro
de 2007 a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ..................................................................................... 42
Tabela 6: Carga de aporte de contaminação nas sub-bacias e ponto de captação a bacia do Ribeirão São
Bartolomeu, Novembro de 2007 a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil .................................................. 45
Tabela 7: Caracterização da comunidade fitoplanctônica no manancial de abastecimento da ETAIII/UFV (cel
mL-1), Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG, Brasil .................................................................................. 46
Tabela 8: Caracterização microbiológica e física da água bruta do ponto de captação da bacia do ribeirão
São Bartolomeu, novembro de 2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ............................................ 49
Tabela 9: Remoção necessária de oocistos de Cryptosporidium de acordo com a concentração na água bruta
e a técnica de filtração, segundo a regulamentação da USEPA (2006) ...................................................... 50
Tabela 10: Caracterização da comunidade fitoplanctônica no manancial de abastecimento da ETA II-SAAE
(cel mL-1), RIO Turvo Sujo, Viçosa-MG, Brasil ......................................................................................... 53
Tabela 11: Índice de qualidade de água bruta da bacia de captação do Rio Turvo Sujo, Fevereiro a Outubro
de 2008, Viçosa – MG, Brasil .................................................................................................................. 54
Tabela 12: Carga de aporte de contaminação nas sub-bacias do Rio Turvo Sujo, Novembro de 2007 a
Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ..................................................................................................... 55
Tabela 13: Caracterização microbiológica e física da água bruta do ponto de captação da bacia do Rio Turvo
Sujo, novembro de 2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ............................................................. 56
Tabela 14: Características hidráulicas da unidade de floculação para as vazões de 86 e 150 L.s-1 ............... 58
Tabela 15: Gradientes de velocidade nas câmaras de floculação da ETA I para as vazões de 80 e 100 L.s-1.
............................................................................................................................................................ 58
Tabela 16: Características hidráulicas dos decantadores limpos para as vazões de 86 e 150 L.s-1 ............... 59
Tabela 17: Caracterização microbiológica e física da água dos filtros da ETA I/SAAE, novembro de 2007 a
outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ..................................................................................................... 65
Tabela 18: Parâmetros operacionais dos filtros da ETA I/SAAE ................................................................ 65
Tabela 19: Características hidráulicas da unidade de floculação para as vazões de 86 e 150 L.s -1 ............... 69
Tabela 20: Características hidráulicas dos decantadores limpos para as vazões de 86 e 150 L.s -1 ............... 69
Tabela 21: Caracterização microbiológica e física da água dos filtros da ETA II/SAAE, novembro de 2007 a
outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil ..................................................................................................... 71
Tabela 22: Parâmetros operacionais dos filtros da ETA II ........................................................................ 73
Tabela 23: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na Bacia Hidrográfica do
Ribeirão São Bartolomeu (Manancial Superficial), Viçosa, Brasil, 2008 ...................................................... 85
Tabela 24: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle no ponto de captação e
adução, ribeirão São Bartolomeu, Viçosa, Brasil, 2008 ............................................................................. 86
Tabela 25: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na Bacia Hidrográfica do
Rio Turvo Sujo (Manancial Superficial), Viçosa, Brasil, 2008 ..................................................................... 86
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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Tabela 26: Identificação dos eventos perigosos e perigos e suas medidas de controle no ponto de captação,
Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008 ....................................................................................................... 87
Tabela 27: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 .................................................................................................................................................... 88
Tabela 28: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 (Cont.) ......................................................................................................................................... 89
Tabela 29: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 (Cont.) ......................................................................................................................................... 90
Tabela 30: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 .................................................................................................................................................... 90
Tabela 31: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 (Cont.) ......................................................................................................................................... 91
Tabela 32: Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil,
2008 (Cont.) ......................................................................................................................................... 92
Tabela 33: Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB),
Viçosa, Brasil, 2008 ............................................................................................................................... 93
Tabela 34: Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de capação da Bacia do Ribeirão São
Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008 ..................................................................................................... 95
Tabela 35: Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo, Viçosa,
Brasil, 2008 .......................................................................................................................................... 99
Tabela 36: Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de captação da Bacia Hidrográfica do
Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008 ..................................................................................................... 101
Tabela 37: Caracterização dos riscos e medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 .............. 102
Tabela 38: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa,
Brasil, 2008 ........................................................................................................................................ 107
Tabela 39: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle no sistema de
distribuição de Viçosa, Brasil, 2008 ....................................................................................................... 110
Tabela 40: Classes de risco ambiental e área em percentual para cada grau de risco .............................. 123
Tabela 41: Monitoramento Operacional na Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB) e Rio Turvo Sujo, Viçosa,
Brasil, 2008 ........................................................................................................................................ 141
Tabela 42: Monitoramento Operacional na ETA I /SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 .......................................... 143
Tabela 43: Monitoramento Operacional na ETA II/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 .......................................... 145
Tabela 44: Monitoramento Operacional na rede de distribuição do Município de Viçosa, Brasil, 2008 ........ 146

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
QUADROS

Quadro 1: Programa de controle de qualidade da água - pontos de coleta de amostras, freqüência de


monitoramento e parâmetros a serem analisados.................................................................................... 29
Quadro 2: Banco de dados disponíveis ................................................................................................... 33
Quadro 3: Resumo dos critérios e valores que interferem na qualidade da água validados por especialistas
.......................................................................................................................................................... 113

11

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇAO

12

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Nos últimos anos tem-se assistido à preocupação crescente no sentido de que, além do
atendimento a padrões de qualidade da água estabelecidos legalmente, os sistemas de
abastecimento devam apresentar níveis de desempenho que garantam sua segurança, evitando
vulnerabilidades que possam impor risco à saúde.

Assim, o desenvolvimento de ferramentas metodológicas de gestão de riscos a saúde associados


aos sistemas de abastecimento de água, para a implementação de PSA no Brasil, ganha, portanto,
sentido de elemento facilitador para a plena implementação da Portaria MS no 518/2004, no que
diz respeito às atribuições dos responsáveis pelo controle (prestadores de serviços) e pela
vigilância (setor saúde) da qualidade da água para consumo humano.

Por essas razões, este projeto piloto tem por o objetivo testar e adaptar, por meio de estudo(s) de
caso em Viçosa-MG, a proposta metodológica para implantação de Planos de Segurança da Água
no Brasil. Os testes serão realizados nos sistemas de abastecimento de água sob a gestão do
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (SAAE Viçosa).

O município de Viçosa conta com três principais sistemas de abastecimento de água: um no


campus universitário, sob a responsabilidade da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e dois na
cidade, sob a gestão do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE - Viçosa). Neste documento
serão apresentados apenas os sistemas de abastecimento do SAAE.
A região urbana do município é servida por duas estações de tratamento de água, supridas por
dois mananciais superficiais: Ribeirão São Bartolomeu (ETA I SAAE) e Rio Turvo Sujo (ETA II
SAAE), sendo os respectivos sistemas de distribuição interconectados. O sistema da UFV (ETA III
UFV) também é abastecido pelo Ribeirão São Bartolomeu.
Neste projeto apresenta-se às atividades que estão sendo implantadas na bacia de captação do
Ribeirão São Bartolomeu e na bacia do Rio Turvo Sujo, na ETA I e II do SAAE.

Este projeto conta com o apoio nacional do Ministério da Saúde e colaboração dos Ministérios das
Cidades e do Meio Ambiente e Organização Pan-americana da Saúde (OPAS – Representação no
Brasil). No âmbito internacional o projeto conta com o apoio do U.S. Center for Disease Control
and Prevention (CDC), U.S. Environmental Protection Agency (EPA) e pela Water Resources
Manager - Global Quality - The Coca-Cola Company e Universidade do Minho – Portugal.

1.1. Princípios dos Planos de Segurança da Água

13

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Planos de Segurança da Água (PSA) são definidos como um instrumento que identifica e prioriza
perigos e riscos em um sistema de abastecimento de água, desde o manancial até o consumidor,
visando estabelecer medidas de controle para reduzi-los ou eliminá-los e estabelecer processos
para verificação da eficiência da gestão dos sistemas de controle operacional e da qualidade da
água produzida.

Com os PSA busca-se promover um sistema estruturado e organizado visando minimizar chances
de falhas em sistemas de abastecimento de água, do manancial ao consumidor e, ainda, gerar
planos de contingência para responder as falhas no sistema ou eventos de risco imprevistos.

O principal objetivo é garantir a segurança da água para consumo humano , por meio de
abordagem preventiva, em lugar de corretiva, em um processo contínuo com vistas à minimização
da contaminação das fontes de abastecimento de água, à redução ou remoção da contaminação
durante o processo de tratamento, e à prevenção de (re)contaminação nos sistemas de
distribuição e no manuseio da água nos pontos de consumo.

Trata-se, portanto, de enfoque interdisciplinar, com interação de diversas áreas do conhecimento,


tais como, Gestão de Recursos Hídricos, Sistemas de Informação, Engenharia Sanitária e
Ambiental, Epidemiologia e Gestão de Qualidade.

Os PSA estão baseados nos princípios e conceitos de múltiplas barreiras, boas práticas, análise de
perigos e pontos críticos de controle (APPCC), de gestão de qualidade e classificação de riscos
(DEWETTINCK et al., 2001; FEWTRELL e BARTRAM., 2001; AS/NZS, 2004; WHO, 2004; DAVISON
et al., 2005; VIEIRA e MORAES, 2005).

A metodologia APPCC, originalmente utilizada na indústria química e posteriormente incorporada à


indústria alimentícia, é uma ferramenta que possibilita a identificação de perigos associados às
diversas etapas de produção, a determinação de pontos críticos de controle e respectivos limites
críticos operacionais através de protocolos de monitoramento, a fim de apontar medidas
preventivas e, ou, corretivas que minimizem ou eliminem riscos à saúde pública. O sistema APPCC
enfatiza também a importância do gerenciamento, da implementação de boas práticas, de
avaliações regulares do sistema nas etapas de produção e do registro sistemático das atividades e
vistorias realizadas. Com as devidas adaptações, o sistema APPPC vem ganhado atenção e
aplicação na produção de água para consumo humano (HAVELAAR, 1994; DEWETTINCK et al.;
2001; HOWARD; 2003; JAGALS e JAGALS, 2004) e, conforme já especificado, constitui um dos

14

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
pilares dos PSA.

Os PSA são entendidos, ainda, como componente de uma estrutura mais ampla, com vistas à
garantia de segurança da água para consumo humano, a qual inclui o estabelecimento de metas
de saúde adaptadas a determinado contexto de saúde pública e a existência de auditoria
independente, usualmente exercida pelos Serviços de Vigilância. Tal estrutura ficou conhecida
como Bonn Charter for Safe Drinking Water (WHO, 2004).

1.2. Estrutura do Plano de Segurança da Água

Um PSA inclui três componentes centrais: (i) diagnóstico e a avaliação do sistema de


abastecimento de água, no tempo e no espaço e em todos os seus componentes, de forma a
facilitar seu melhor conhecimento possível, verificar sua estabilidade na produção e fornecimento
de água segura para consumo e, ou, identificar pontos vulneráveis (perigos e pontos críticos); (ii)
especificação de medidas de controle para os perigos identificados, acompanhada da prescrição de
medidas ou protocolos de monitoramento, de forma que qualquer desvio da performance desejada
possa ser prontamente corrigido; (iii) estabelecimento de planos de gerenciamento, incluindo: a
documentação do diagnóstico e da avaliação do sistema de abastecimento de água, a descrição
das rotinas de operação e monitoramento (para períodos de operação normal ou em condições
incidentais), planos de comunicação (interna e externa, por exemplo aos responsáveis pela
vigilância da qualidade da água e ao público consumidor) (WHO, 2004).

Uma etapa fundamental no desenvolvimento dos PSA é a de identificação e priorização de perigos,


para o que se pode recorrer à árvore decisória utilizada no sistema APPCC, a qual tem por objetivo
a identificação de pontos críticos de controle (PCC) e encontra-se assente no conceito de múltiplas
barreiras. Um ponto crítico seria considerado PCC quando naquela etapa do processo de produção
é absolutamente essencial prevenir ou eliminar um perigo, ou reduzi-lo a níveis correspondentes
de risco aceitáveis. Em outras palavras, um ponto, etapa ou procedimento do processo produtivo
não é caracterizado como PCC quando o perigo / rico ainda possa ser eliminado / controlado em
alguma fase (barreira) posterior (MORTMORE e WALLACE, 2001; VIEIRA e MORAIS, 2005). Como
já destacado, aos PCC devem ser associadas medidas de controle e limites críticos. O sistema
permite ainda a identificação de „pontos críticos de atenção‟ (PCA), os quais são definidos como
atividades, pontos / locais ou fatores que também precisam ser controlados, mas não da mesma
forma sistemática e imperativa que os PCCs. Na prática, a distinção entre PCCs e PCAs está
relacionada à possibilidade de operacionalização de seu monitoramento.
15

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Outra ferramenta utilizada é a de caracterização / classificação de risco, envolvendo considerações
sobre a probabilidade de um perigo / evento perigoso e a magnitude de suas conseqüências à
saúde. Freqüência e conseqüências quase sempre são expressas por um sistema de fatores de
pesos numéricos. A probabilidade e as conseqüências são combinadas resultando em determinado
nível de risco, por meio, quando possível de análise e cálculos estatísticos (por exemplo, com a
aplicação de Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico – AQRM) (AS/NZS, 2004; EHO, 2005).
Quando não existe essa possibilidade, podem ser realizadas estimativas subjetivas, que reflitam o
grau de expectativa de um indivíduo ou grupo quando à ocorrência de um determinado evento ou
resultado associado a um perigo ou a um evento perigoso. Um recurso muito utilizado é a matriz
freqüência x conseqüências, a qual pode ser construída em base quantitativa, semiquantitativa ou
qualitativa.

16

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
ESTUDO DE CASO VIÇOSA – MG - BRASIL

17

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
2. ESTUDO DE CASO VIÇOSA – MG

Este trabalho foi desenvolvido de acordo com as recomendações preconizadas pela OMS para a
implementação de Planos de Segurança da Água (WHO, 2004; WHO, 2005), conforme sintetizados
na Figura 1, além da utilização do método Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC) da indústria de alimentos (WHO, 1998).
Também apenas para efeito de contextualização e introdução cumpre reapresentar à descrição dos
componentes centrais de um PSA:
(i) Diagnóstico e a avaliação do sistema de abastecimento de água, no tempo e no espaço e
em todos os seus componentes, de forma a facilitar seu melhor conhecimento possível,
verificar sua estabilidade na produção e fornecimento de água segura para consumo e,
ou, identificar pontos vulneráveis (perigos e pontos críticos).
(ii) Especificação de medidas de controle para os perigos identificados, acompanhada da
prescrição de medidas ou protocolos de monitoramento, de forma que qualquer desvio
da performance desejada possa ser prontamente corrigido.
(iii) Estabelecimento de planos de gestão, incluindo: documentação do diagnóstico e da
avaliação do sistema de abastecimento de água, a descrição das rotinas de operação e
monitoramento (para períodos de operação normal ou em condições incidentais),
planos de comunicação interna e externa (por exemplo, aos responsáveis pela vigilância
da qualidade da água e ao público consumidor).

18

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
PLANO DE SEGURANAÇA DA ÁGUA

ETAPAS PRELIMINARES

Planejamento das Levantamento das


Constituição da equipe técnica
atividades informações

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3


Avaliação do Sistema Monitoramento Operacional Planos de Gestão

Descrição e Avaliação do Estabelecimento de limites


Sistema de Abastecimento críticos
(quais limites definem um Estabelecimento de
desempenho aceitável e como procedimentos de rotina e
Construção e validação do podem ser monitorados) emergenciais
diagrama de fluxo
(treinamento, práticas de
higiene, procedimentos
Identificação e análise de operacionais padrão e planos de
perigos potenciais e Estabelecimento de gestão em condições de
caracterização de riscos procedimento de emergências e comunicação)
(para identificar e entender como os monitoramento
perigos entrar no sistema) (para verificar que o plano de
segurança da água funciona
Identificação e avaliação de efetivamente e alcançará as
medidas de controle metas de saúde)
(toda ação ou atividade que pode ser
utilizada para prevenir ou eliminar
um perigo ou reduzí-lo a um nível
aceitável) Validação e Verificação do
PSA
Estabelecimento de ações
Identificação dos Pontos (avaliação do funcionamento do
corretivas
Críticos de Controle PSA)
(as formas como os riscos
(pontos a serem controlados e podem ser controlados)
monitorados )

Figura : Etapas para o desenvolvimento de Plano de Segurança da Água


Fonte: Adaptado de WHO (2004) e WHO (2005).

2.1. Caracterização da área de estudo

O município de Viçosa encontra-se localizado na Zona da Marta Norte do Estado de Minas Gerais,
entre as coordenadas 20o 44‟ de latitude Sul e 42o 53‟ de longitude Oeste, a 230 km da capital do
estado – Belo Horizonte e a 350 km do Rio de Janeiro (Figura 2).

19

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
O município apresenta crescimento populacional e processo de urbanização intensos, tendo como
principal fator indutor os ciclos de expansão da Universidade Federal da Viçosa: em 1960 a
população era de cerca de 21.000 habitantes, sendo a maioria do meio rural (cerca de 12.000). A
população atual é de aproximadamente 70.000 habitantes, sendo cerca de 90% residente na área
urbana.
A área de estudo compreende as bacias hidrográficas do Rio Turvo Sujo e do ribeirão São
Bartolomeu. A bacia do rio Turvo Sujo (TS) abrange, além de Viçosa, quatro outros municípios
(cerca de 40.000 ha). A bacia hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu (SB) que, assim como a do
TS, pertence à bacia do rio Doce, encontra-se em sua totalidade nos limites do município de
Viçosa, entre as coordenadas geográficas 42°52‟58” W e 42° 50‟56” W de longitude e 20°43‟42” S
e 20°5012”S de latitude, totalizando área de aproximadamente 5.400 ha.

Figura : Localização do município de Viçosa, com indicação das bacias hidrográficas do Ribeirão
São Bartolomeu e do Rio Turvo Sujo.

A bacia hidrográfica de captação do SB (objeto mais específico de estudo no projeto piloto) situa-
se a montante do campus da UFV, é orientada no sentido sul-norte, apresentando, na porção sul,
limites com os municípios de Paula Cândido e Coimbra e, ao norte, ainda na área urbana do
município de Viçosa, no bairro Barrinha, o ribeirão deságua no Rio Turvo Sujo. Com densidade de
20

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
drenagem de 4,5 km / km² é composta por oito sub-bacias de drenagem a córregos afluentes ao
curso do São Bartolomeu: Palmital, Antuérpia, Córrego do Engenho, Santa Catarina, Paraíso,
Machados, São Lucas e Araújo, sendo que a contribuição da última se dá à jusante do ponto de
captação de água.

2.1.2. Informações de Saneamento e Saúde no Município de Viçosa

De acordo com os dados do IBGE (2000), cerca de 90% da população do município é atendida
com rede geral de água tratada, 13,9% com água proveniente de poços e 0,5% com outras
formas de abastecimento (Figura 3a). 79,7% da população é suprida com rede geral de esgoto,
sendo que 20,3% da população lança seus efluentes domésticos em fossa sépticas, rudimentar,
vala e rio (Figura 3b). Quanto aos resíduos sólidos urbanos, 89,5% da população conta com
serviço de coleta (Figura 3c).
Segundo informações do SAAE, cerca de 98% da população urbana é atendida pelo sistema de
abastecimento de água (www.saaevicosa.com.br). Não obstante, persistem cerca de 200
residências no perímetro urbano (conectadas ou não ao sistema de abastecimento de água) que
fazem uso de poços rasos como fonte água para uso residencial. Existem outros doze sistemas de
pequeno porte em distritos urbanos ou comunidades rurais, abastecidos por poços profundos e
operados pelo SAAE e dois sistemas privados em condomínios de mais alta renda.
Também com base em informações do SAAE, cerca 88% da população urbana é atendida pelo
sistema de coleta de esgotos. Entretanto, o tratamento de esgotos é praticamente inexistente,
contando a cidade, atualmente, com apenas duas estações de pequeno porte em dois bairros da
cidade.

21

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - B
Proporção de Moradores por Tipo de Abastecimento de
Água (a)
0 20 40 60 80 100
Abastecimento Água 1991 2000
Rede geral 70.3 85.5
Poço ou nascente (na propriedade) 26.7 13.9
Outra forma 3.0 0.5
Fonte: IBGE/Censos Demográficos
(b)
Proporção de Moradores por tipo de Instalação
Sanitária
0 20 40 60 80 100
Instalação Sanitária 1991 2000
Rede geral de esgoto ou pluvial 63.8 79.7
Fossa séptica 7.4 1.4
Fossa rudimendar 6.4 3.7
Vala 1.2 0.6
Rio, lago ou mar - 13.0
Outro escoadouro 17.8 0.4
Não sabe o tipo de escoadouro 0.2 -
Não tem instalação sanitária 3.3 1.1
Fonte: IBGE/Censos Demográficos
(c)

Proporção de Moradores por Tipo de Destino de Lixo


0 20 40 60 80 100
Coleta de lixo 1991 2000
Coletado 65.9 89.5
Queimado (na propriedade) 18.0 7.3
Enterrado (na propriedade) 0.8 0.4
Jogado 10.0 2.3
Outro destino 5.3 0.4
Fonte: IBGE/Censos Demográficos
1991 2000

Figura : Informações de saneamento do município de Viçosa-MG


Fonte: IBGE (2000)

Em relação à disponibilidade de dados epidemiológicos, cumpre registrar que o município alimenta


sistematicamente os sistemas nacionais de informação em saúde púbica, cabendo citar: SISAGUA
(Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), SINAN
(Sistema de Informação de Notificação de Agravos), SIM (Sistema de Informação de Mortalidade),
SIAH (Sistema de Informação de Atendimento Hospitalar) e MDDA (Monitorização de Doenças
Diarréicas Agudas).
A Tabela 1 apresenta as taxas médias de mortalidade por faixa etária, segundo o grupo de causas
de doenças para o ano de 2005. Segundo os dados apresentados, as doenças infecciosas e
parasitárias apresentam taxa elevada para a faixa etária de 15 a 19 anos, seguido do grupo de
faixa etária das crianças com idade inferior a 1 ano. No geral, o coeficiente de mortalidade do
município por habitantes vem decrescendo no período de 2001 a 2005 (Tabela 2).

22

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária, Segundo Grupo de Causas - CID10
Viçosa, Minas Gerais, Brasil, 2005
15 a 20 a 50 a
Grupo de Causas <1 1a4 65 ≥ ≥60 Total
19 49 64
Algumas doenças infecciosas e
12,5 - 25,0 3,3 3,6 3,5 3,7 4,2
parasitárias
Neoplasias (tumores) - - - 11,7 27,3 20,5 21,6 18,4
Doenças do aparelho circulatório - - 25,0 21,7 38,2 42,1 43,2 34,5
Doenças do aparelho respiratório 6,3 - 25,0 6,7 5,5 18,7 17,4 13,2
Algumas afecções originadas no
81,3 - - - - - - 4,2
período perinatal
Causas externas de morbidade e
- 33,3 - 31,7 7,3 - - 7,7
mortalidade
Demais causas definidas - 66,7 25,0 25,0 18,2 15,2 14,2 17,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
NOTAS: Sem informação para as idades de 5 a 14 anos
FONTE: SIM

Tabela : Coeficiente de mortalidade geral e infantil (por 1.000 habitantes e 1.000 nascidos vivos
) Viçosa, Minas Gerais, Brasil, 2001 - 2005

200
Mortalidade 2002 2003 2004 2005
1
Coeficiente de mortalidade geral (por 1.000 habitantes) 5,12 5,5 5,18 5,4 4,1
Coeficiente de mortalidade infantil (por 1.000 nascidos
17,1 19,81 15,11 17,95 15,43
vivos)
FONTE: SIM

Quanto às doenças parasitárias, Giardia spp. é o terceiro parasita intestinal mais prevalente
município de Viçosa (DIAS, 2007) (Tabela 3). A pesquisa de Cryptosporidium spp. não é realizada
rotineiramente nos laboratórios clínicos que servem à região.

23

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Distribuição dos exames positivos, proporção de indivíduos e prevalência de indivíduos
positivos na amostra estudada (atendimento ambulatorial) segundo o enteroparasita, Viçosa -
Minas Gerais, 1999 - 2001
Exames Proporção de Exames Prevalência de Exames
Parasitas
Positivos Positivos (%) Positivos (%)
Entamoeba coli 297 32.7 8.6
Ascaris lumbricoides 283 31.2 8.2
Ancylostomidae 106 11.7 3.1
Giardia lamblia 96 10.6 2.8
Entamoeba
91 10.0 2.6
histolytica
Strongyloides
67 7.4 1.9
stercoralis
Enterobius
50 5.5 1.4
vermicularis
Trichuris trichiura 35 3.9 1.0
Schistossoma
27 3.0 0.8
mansoni
Endolimax nana 14 1.5 0.4
Taenia sp 6 0.7 0.2
Hymenolepis nana 2 0.2 0.1
Total 1,074 100 -
Fonte: SMS/Viçosa MG

2.2. Procedimentos metodológicos utilizados

Para cada etapa do trabalho foi necessário a utilização de métodos e ferramentas, conforme
descrito abaixo.
i) Bacia Hidrográfica
a) Diagnóstico das bacias de captação

Para o processamento de informações da bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu foi


adquirido imagem de satélite de alta resolução (Imagens Ikonos, 290 km2 – L17km C20km) e
utilizados recursos de geoprocessamento (softwares ArcGis e Idrisi).

O mapa de uso e ocupação do solo foi elaborado por meio de interpretação da imagem IKONOS
2007, sendo realizado o tratamento da imagem por meio da segmentação e classificação de
imagens digitais. Para aferir o desempenho da classificação foi utilizado o recurso da estatística
por meio do índice Kappa que estima a proporção da variabilidade total devida à variação entre os
classificadores. Para uma maior confiabilidade da classificação foi realizada visita in loco para
subsidiar a melhor classificação

As informações sobre uso e ocupação do solo foram complementadas por levantamento de

24

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
atividades de campo, a partir da aplicação de questionário orientado para a obtenção das
seguintes informações: levantamento cadastral das propriedades rurais, identificação de fontes
localizadas e difusas de poluição / contaminação (atividades agropecuárias, esgotos sanitários,
dejetos de animais, emprego de fertilizantes e agrotóxicos), identificação de usos da água. Todas
essas informações foram georreferenciadas com uso de GPS.

No rio Turvo Sujo, em função da dimensão e por limitações práticas o diagnóstico não foi realizado
de forma tão detalhada quanto no ribeirão São Bartolomeu. O levantamento das principais
características de uso e ocupação foi realizado pro meio do uso de imagem satélite, seguida da
confirmação em campo e georreferenciamento das principais fontes de poluição / contaminação.

Para o mapeamento dos tipos de solo das bacias de captação, foi gerada uma carta preliminar a
partir do modelo de distribuição de solos na paisagem. Com procedimentos similares, foi realizado
o levantamento geológico da bacia.

b) Monitoramento da qualidade de água e medição de vazões

Foram realizadas atividades de coleta de amostras de água e de medição de vazões, por sub-
bacia. Para as medições de vazão, foram utilizados dois métodos, de acordo com a seção e volume
dos cursos d‟água: métodos do vertedor e do molinete (Figura 4). Os pontos de amostragem nas
bacias de captação foram definidos de forma a representarem reunião de áreas de drenagem de
sub-bacias, previamente delimitadas de acordo com a topografia e a hidrografia da região. Ao todo
foram selecionados dez pontos de coleta no SB e 16 no TS, incluindo os pontos de captação de
água para abastecimento (Figura 5). O Quadro 1 apresenta o resumo da caracterização dos pontos
de coleta de amostras, freqüência de amostragem e parâmetros que foram investigados.

Por fim, todas as informações serão trabalhadas com recursos de Geoprocessamento (Software
ArcView versão 3.3), de forma a gerar mapas risco nas bacias de captação, com o emprego de
técnica de análise multicritério.

c) Análises laboratoriais das amostras de água


A pesquisa de coliformes totais e E.coli foi realizada com a técnica do substrato definido
(cromogênico-fluorogênico) com uso do meio Colilert® (Quanty-tray®, Idexx Laboratories Inc,
US) (APHA, 1998).
Para a pesquisa de protozoários foram utilizadas técnicas de concentração por floculação com
carbonato de cálcio (VESEY et al., 1993) (água bruta) e filtração em membranas (FRANCO et al.,

25

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2001) (água tratada) e enumeração com microscopia de imunofluorescência (kit MERIFLUOR®).
Para contagem de cianobactérias foi utilizado o método de contagem de Utermöhl. Para as
análises de cianotoxinas e agrotóxicos foram utilizadas as técnicas de cromatografia líquida
acoplada à espectrometria de massas essas amostras foram preparadas no laboratório da Divisão
de Água e Esgoto (DAG) instalado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e foram analisadas na
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), instituição parceira no projeto.
A determinação dos demais parâmetros físicos e químicos seguiu as recomendações previstas no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998).
Para avaliação dos dados de qualidade de água da bacia hidrográfica foi utilizado método do
Índice de Qualidade de Água Bruta – IAP (CETESB, 2002). Para investigar o nível de eutrofização
da água do ponto de captação do ribeirão São Bartolomeu foi utilizado o método de Carlson
modificado por Toledo et al. (1983) e Toledo (1990). Os autores relacionaram os parâmetros:
fósforo total, fosfato inorgânico e clorofila-a, com modificações para sistemas tropicais. Essa
relação gerou um índice chamado de Índice de Estado Trófico – IET.

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
(a) Medida da largura da seção horizontal. (b) Determinação da profundidade em diferentes
seções transversais.

(c) Medição da velocidade com Molinete (d) Medição de vazão com método do vertedor

Figura : Medição da vazão na bacia hidrográfica do SB, Viçosa-MG, Brasil

27

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Pontos de amostragem na bacia do Rio Turvo Sujo e ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-
MG, Brasil

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Quadro : Programa de controle de qualidade da água - pontos de coleta de amostras,
freqüência de monitoramento e parâmetros a serem analisados.
Componentes Local das
Parâmetros Freqüência
do sistema Coletas
Bacia do Microbiológicos: E. coli, coliformes totais, Giardia spp.,
Ribeirão São Cryptosporidium spp.
Oito sub-bacias
Bartolomeu Físicos e químicos: turbidez, cor, SST, agrotóxicos, Mensal
do SB e 15 sub-
(SB) e Rio metais, Fe, Mn, N, P OD, Clorofila-a, DQO.
bacias do TS
Turvo Sujo Hidrológico: vazão.
(TS) Químicos: metais Bimestral
SB – lagoa
Hidráulica (L1) Microbiológicos: E. coli, coliforme totais, Giardia spp.,
Cryptosporidium spp., cianobactérias
Pontos de SB – lagoa Mensal
Físicos e químicos: turbidez, cor, SST, Fe, Mn, N, P OD,
captação Funarbe (L2) clorofila-a, DQO..
TS
Químicos: metais Bimestral
Físicos e químicos: alcalinidade, pH, cor, turbidez, Horário
Água bruta cianotoxinas e agrotóxicos. Mensal
Parâmetros operacionais: vazão e dose de coagulante Diário
Físicos: Turbidez e cor Horário
Estações de
Água decantada Químicos e microbiológicos: Giardia spp.,
Tratamento
Cryptosporidium spp, coliformes totais, E. coli, cianotoxinas Mensal
de Água
e cianobactérias.
Físicos e operacionais : turbidez, cor, pH e perda de
ETA UFV, ETA I Horário
carga.
e ETA II SAAE
Água filtrada Químicos e microbiológicos: Giardia spp.,
Cryptosporidium spp, coliformes totais, E. coli e cianotoxinas Mensal
e cianobactérias
Água de lavagem Microbiológicos: Giardia spp., Cryptosporidium spp. Mensal
de filtro Físico: turbidez Diário
Físicos e químicos: cloro residual, cor,. pH e temperatura
Estações de Horário
no tanque de contato
Tratamento Água desinfetada Químicos e microbiológicos: :E. coli, coliformes totais,
de Água cianotoxinas e cianobactérias, contagem de bactérias Mensal
heterotróficas, trihalometanos.
ETA UFV, ETA I
Saída da ETA Químicos e físicos: turbidez e cloro Diário
e ETA II SAAE
Químicos: agrotóxicos, ferro e manganês Mensal
Saída do Microbiológicos: E. coli, coliforme totais, contagem de
reservatório de bactérias heterotróficas.
distribuição / Físicos e químicos: turbidez, cor, pH, cloro residual livre,
Sistema de entrada na rede trihalometanos, ferro e manganês, agrotóxicos
Mensal
distribuição Microbiológicos: E. coli, coliforme totais, contagem de
Rede de bactérias heterotróficas
distribuição Físicos e químicos: turbidez, cor, pH, cloro residual livre,
trihalometanos, ferro e manganês.

ii) Estação de Tratamento de Água

a) Diagnóstico / descrição das estações de tratamento de água

Para o diagnóstico / descrição das estações de tratamento de água (ETA) foram levantadas as
seguintes informações: (i) descrição da infraestrutura física por meio da verificação / atualização

29

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
de plantas de projeto e levantamentos de campo; (ii) levantamento de parâmetros de projeto e
reais de operação dos processos unitários de tratamento; (iii) realização de ensaios de
tratabilidade da água; (iv) sistematização de banco de dados (séries históricas) de controle de
qualidade da água; (v) complementação de dados de controle de qualidade da água por meio de
implementação de planos de monitoramento; (vi) levantamento de procedimentos operacionais
existentes.

b) Avaliação desempenho das estações de tratamento de água

Ensaios de tratabilidade e avaliação de desempenho foram conduzidos nas ETAs de acordo


com metodologias descritas em CEPIS (1992) e Di Bernardo et al (2002). A avaliação de
desempenho nas ETA‟s foi realizada, por meio de ensaios de bancada (Jar-test), com base nos
valores típicos de turbidez da água bruta em épocas de estiagem e chuvas, foram determinados os
seguintes parâmetros ótimos: concentração do coagulante, pH e dosagem de coagulante,
gradientes de velocidade e tempo de detenção hidráulico de floculação, velocidade de
sedimentação.
Levantamentos de campo permitiram a confirmação da configuração física e detalhamento de cada
unidade de tratamento das ETAs. Isso junto à realização de ensaios com traçador (sal de cozinha)
e a determinação do perfil de lâmina d‟água (medida com aparelho de precisão - estação total),
permitiu a determinação dos parâmetros reais de operação das ETAs: gradientes de velocidade de
mistura e de floculação, tempo de floculação, tempo de detenção hidráulica do decantador, taxa
de aplicação superficial (decantação), taxa de filtração, tempo de contato.
Tais resultados, analisados visam à sistematização de dados de monitoramento da qualidade da
água, proporcionando a avaliação detalhada da eficiência dos processos unitários de tratamento,
além do desempenho global dos sistemas.

iii) Sistemas de distribuição


Para o diagnóstico / descrição dos sistemas de distribuição de água foram levantadas as seguintes
informações: (i) caracterização da população atendida e do consumo de água: número e
localização das ligações, características sócio-econômicas, consumo per capita, etc. (ii) descrição
da infra-estrutura física por meio da verificação / atualização de plantas de projeto, cadastro e
levantamentos de campo - extensão e cobertura da rede, diâmetros, material e idade das
tubulações, condições de manutenção dos reservatórios de distribuição; (iii) levantamento das

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
características hidráulicas e de parâmetros de projeto e reais de operação do sistema -
distribuição de vazões, pressurização do sistema; (iv) pontos de coleta de amostras e informações
sobre a qualidade da água: sistematização de banco de dados (séries históricas) de controle de
qualidade da água e complementação de informações, por meio de implementação de planos de
monitoramento; (v) levantamento de procedimentos operacionais existentes e de registros de
ocorrências: procedimentos de operação e manutenção dos sistemas, intermitência de
abastecimento, registro de rupturas e vazamentos, registros de queixas de consumidores, etc.

Dados secundários de medição de consumo de água e de controle de qualidade da água foram


espacializados com uso de recursos de geoprocessamento (Software ArcView versão 3.3). Essas
informações, somadas a analise de dados primários (programas de monitoramento de qualidade
da água a serem implementados), serviram à produção de mapas de risco no sistema de
distribuição, com base na dinâmica de vazões, pressões e de qualidade da água na rede de
distribuição, gerados com o emprego do programa Software livre EPANET. Esse Software foi
desenvolvido pela U.S. Environmental Protection Agency (USEPA), dos Estados Unidos da América.

As informações referentes de vazões, de pressões e de qualidade da água foram utilizadas como


entrada de dados no programa EPANET para a simulação de mapas de pressurização do sistema,
sob diferentes condições de funcionamento, ao longo do dia.

O controle de qualidade da água na rede é realizado de forma rotineira, de acordo com as


exigências da Portaria MS n.º 518 / 2004. Além disso, foram selecionadas quatro ramificações e,
ao longo destas, até as pontas de rede, vários pontos de coleta de amostras, as quais foram
analisadas para os seguintes parâmetros: cloro residual, turbidez, pH, bactérias heterotróficas,
ferro e manganês. A modelagem da dinâmica do cloro residual na rede de distribuição foi
realizada com o programa EPANET, permitindo a simulação de mapas de perigos associados a
esses parâmetros.

No sistema de distribuição as ligações de água encontram-se georreferenciadas. O tratamento


dessas informações em ambiente de geoprocessamento permitiu a identificação de zonas de
consumo diferenciadas, permitirá a geração de mapas de distribuição de vazões e de
pressurização da rede com o emprego do Software EPANET.

O controle de qualidade da água na rede foi realizado de forma rotineira, de acordo com as
exigências da Portaria MS n.º 518 / 2004. A espacialização dessas informações, e sua

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
superposição com as anteriores, permitiu a geração de mapas de perigos no sistema da
distribuição.

As demais etapas que permeia o PSA foram desenvolvidas de acordo com os métodos e técnicas
especificados de gestão de riscos descritas no Manual de Orientação para Implantação de PSA e,
quando cabível, informações complementares serão a seguir apresentadas.

2.3. Etapas preliminares: Planejamento das atividades

Antes de iniciar a elaboração do Plano de Segurança da Água (PSA), foi necessário estabelecer
algumas atividades preliminares que constituem fases preparatórias para todo o processo de
implantação de um PSA. Para tanto foi realizado um levantamento de todas as informações
necessárias para o desenvolvimento do projeto, partido de um levantamento da atual situação de
implantação da Portaria MS n.º 518/2004, que estabelece procedimentos relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água pára consumo humano e seu padrão de potabilidade para os dois
sistemas de abastecimento (Anexo 1).

Antes de implantar o PSA foi definido o cronograma das atividades com prazo. O passo seguinte
foi definido quais as instituições locais envolvidas no projeto, metas e estratégias, recursos
humanos, financeiros, materiais e equipamentos, organização de todos os dados e as informações
relacionadas à bacia de captação, estação de tratamento de água, sistema de distribuição e dados
epidemiológicos referente à população abastecida (Quadro 2).

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Quadro : Banco de dados disponíveis
Bacias de captação
Program
Usos da Atividades Qualidade
Geologia Meteorologia Usos do solo Vazões as de
água agropecuárias da água
proteção
SB
RT
Estações de tratamento de água
Banco
Program
de
as de
dados Informações Controle de
Avaliação de Controle de Controle da treiname
– sobre práticas qualidade Automação
desempenho processos desinfecção nto
qualida operacionais laboratorial
continua
de da
do
água
UFV
Viçosa
Sistemas de distribuição
Monitor Banco de dados
Operação & Controle de Controle de Medição de Gerencia
- – qualidade da Diagnóstico
Manutenção perdas pressões consumo -mento
amento água
UFV
Viçosa
Dados epidemiológicos
Viçosa
Demais município

(-) (-) (-) (+) (+) (+)

Após o levantamento dessas informações preliminares a equipe do PSA foi definida, sendo
composta por profissionais das diversas áreas do conhecimento da Universidade Federal de Viçosa,
por meio dos departamentos de Engenharia Civil, Medicina Veterinária, Química, Solos e Florestal,
Universidade Federal de Ouro Preto e dos técnicos do Sistema Autônomo de Água e Esgoto –
SAAE, alem de alunos do curso de engenharia ambiental, biologia, veterinária, química, florestal e
pós-graduação (Anexo 2).

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.4. Descrição e avaliação dos sistemas de abastecimento de água

2.4.1. Bacia Hidrográfica

i) Ribeirão São Bartolomeu (SB)

A bacia hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu (SB) abrange uma área de, aproximadamente
5.534 hectares. A área de estudo compreendeu a bacia hidrográfica à montante do município, em
uma extensão de aproximadamente 2.000 hectares, caracterizada por intensa atividade
agropecuária desenvolvida por pequenos produtores rurais e, mais recentemente, expansão
urbana, com a implantação paulatina de condomínios e loteamentos. O ribeirão São Bartolomeu
recebe o aporte hídrico de sete córregos, a partir dos quais se delimitaram as sub-bacias
monitoradas, nomeadas a partir da denominação do curso d‟água principal: sub-bacia 1: Córrego
“São Lucas”, sub-bacia 2: Córrego dos Machados, sub-bacia 3: Córrego Santa Catarina, sub-bacia
4: Córrego Paraíso, sub-bacia 5: Córrego Palmital, sub-bacia 6: Córrego “Antuérpia”, sub-bacia 7:
Córrego do Engenho. Após definição das sub-bacias, procedeu-se, em cada uma delas, ao
levantamento de informação de todas as propriedades rurais, sobre a exploração animal, as
comunidades de moradores existentes na área e, adicionalmente, os pontos de descarga de
esgoto sanitários nos cursos d‟água. Essas informações foram levantadas a partir de um
questionário semiestruturado (Anexo 3).
Para fins de moniotamento neste estudo o Ribeirão São Bartolomeu foi considerado como uma
sub-bacia, sendo a sub-bacia 8 „Ribeirão São Bartolomeu‟. A localização espacial das sub-bacias
está apresentada na Figura 6 é os pontos monitorados podem ser observados no documentário
fotográfico da Figura 7.
A estrutura fundiária na bacia é hoje caracterizada por pequenas propriedades, em áreas
predominantemente não planas e dedicadas, em sua maioria, a atividades de subsistência. O
levantamento realizado retrata que essa predominância de pequenas propriedades rurais é
resultado, dentre outros fatores, do fracionamento de antigas fazendas em sistema de herança.
Boa parte de proprietários é constituída por funcionários da UFV. Outra parcela de proprietários
reside na cidade e trabalha no campo o dia todo ou parte do dia e, outra parte, pequena, utiliza as
propriedades apenas como lazer.
De acordo com os resultados do levantamento de campo (aplicação do questionário – Anexo 3),
na bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu existe aproximadamente 249 propriedades rurais
e residenciais. Em 34,9% (87/249) das propriedades é desenvolvido algum tipo de produção

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
agropecuária, sendo apenas 8,8% (22/249) fazem irrigação e 14,85% (37/249) usam defensivos
agrícolas. O uso de agrotóxicos se dá de forma aleatória (depende da cultura), mais
freqüentemente, de uma a duas vezes ao ano. O levantamento revelou a existência de 25,3%
(63/249) propriedades com exploração animal. Constata-se maior densidade de suínos, embora a
maior proporção de propriedades dedique-se à criação de bovinos. Registra-se ainda criação de
eqüinos, caprinos, aves e peixes. Cabe destaque para o fato de que na maioria dessas
propriedades os animais têm livre acesso aos cursos d‟água (Figura 8).

35

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil

Figura : Pontos de amostragem da água na bacia de captação do Ribeirão São Bartolomeu,
Viçosa-MG
Fonte: Dias (2007)

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Localização dos pontos de coleta da Bacia do Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG,
Brasil. (A) Ribeirão São Bartolomeu, (B) Córrego “São Lucas”, (C) Córrego dos Machados, (D)
Córrego Santa Catarina, (E) Córrego Paraíso, (F) Córrego Palmital, (G) Córrego “Antuérpia”,
(H) Córrego do Engenho

A área mais próxima ao campus da UFV apresenta um alto crescimento urbano, com a

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
implantação paulatina de condomínios e loteamentos. No que diz respeito aos usos da água,
47,6% das propriedades utilizam mina/nascente; 21,4% água de rio/ribeirão; 19,0% água
proveniente de poço artesiano; 7,1% água de poço/cisterna e 4,8% água de represa/açude.
Quanto ao destino do esgoto doméstico, 36,5% (91/249) das propriedades utiliza fossa seca;
16,8% (42/249) fossa com sumidouro; 2,0% (5/249) fossa séptica; 32,9% (82/249) rio/ribeirão;
1,6% (4/249) céu aberto e 10% (25/249) rede pública. No que diz respeito ao destino do lixo na
bacia, 91,8% (226/249) é coletado pela prefeitura municipal de Viçosa e 9,2% (23/249) é
queimado.

A B

C D

E F

Figura : Documentário fotográfico: acesso dos animais aos cursos d’água na bacia de captação
do RSB, Viçosa-MG.
Fonte: Dias (2007)

Em toda a extensão da bacia do ribeirão São Bartolomeu foram identificadas as seguintes fontes
de poluição pontual: uma caprinocultura, duas suinoculturas e uma estação de tratamento de

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
esgotos sanitários.
O principal uso da água na bacia do ribeirão São Bartolomeu é destinado ao consumo doméstico,
97,9% (244/249) e os demais usos variam entre os usos para recreação, consumo animal e
irrigação de cultivos (milho, hortaliças, etc).
O levantamento das propriedades existentes na bacia revelou que as propriedades com
explorações animais utilizam água para o consumo animal proveniente de mina/nascente; de
rio/ribeirão; de poço artesiano; de poço/cisterna e de represa/açude.
A localização das propriedades, fontes de usos de águas e focos de poluição na bacia estão
especializadas nas Figuras 9 e 10 apresentam a localização de alguns pontos de poluição pontual e
difusa.
Os dados do monitoramento da qualidade da água, realizados na bacia hidrográfica de captação
do SB de novembro de 2007 a outubro de 2008. Para a determinação do Índice de Qualidade de
Água Bruta - IAP foram utilizados apenas os dados de fevereiro a outubro de 2008, pelo fato do
monitoramento dos metais terem iniciado em fevereiro (Tabela 4). O IAP é composto pelo Índice
de Qualidade da Água - IQA e o Índice de substâncias tóxicas e organolépticas – ISTO. Foi
calculado a partir das variáveis que indicam a presença de substâncias tóxicas (número de células
de cianobactérias, Cádmio, Chumbo e Cromo Total); grupo de variáveis que afetam a qualidade
organoléptica (Ferro, Manganês, Alumínio, Cobre e Zinco), para o cálculo do IQA foi utilizando os
noves parâmetros que incorporam ao método (DBO, OD, coliformes termotolerantes, nitrogênio
total, fósforo total, resíduo total, pH, temperatura e turbidez).
De acordo com a classificação do IQA a qualidade da água foi classificada como boa, mas quando
acrescenta o índice de substâncias tóxicas e organolépticas para obter o IAP o resultado geral
mostra que a qualidade da água é péssima (IAP ≤ 19). De acordo com a análise do resultado, o
que altera esse índice é a presença de substâncias tóxicas, como por exemplo, o cádmio. Essa
avaliação serviu como indicadores de perigos, riscos na bacia do ribeirão São Bartolomeu.

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa das propriedades e fontes de poluição pontuais e difusas, bacia de captação do
ribeirão São Bartolomeu, Viçosa –MG

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Fontes de Poluição difusas e pontuais na bacia do Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa –
MG. 1-Acesso dos animais aos cursos d’água, 2 – Lançamento de efluente tratado, 3- Usos de
água (irrigação), 4-Lançamento de esgoto, 5 – Usos de defensivos agrícolas, 6 – Suinocultura.
Tabela - Índice de qualidade de água bruta da bacia de captação do Ribeirão São Bartolomeu,
Fevereiro a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Nº de Coletas realizadas
Pontos Monitorados
2008
Sub-bacias
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Média
Córrego São Lucas (SB 1) 7,746 7,082 0,162 0,073 0,668 51,441 0,101 10,381 0,137 8,523
Córrego dos Machados (SB 2) 6,556 6,669 0,331 0,175 0,136 52,273 0,076 3,654 0,172 7,896
Córrego Santa Catarina (SB 3) 5,501 4,974 0,056 0,117 0,384 38,742 0,107 3,011 0,054 5,314
Córrego Paraíso (SB 4) 11,121 5,705 0,030 0,182 0,438 35,295 0,057 8,315 0,124 7,654
Córrego Palmital (SB 5) 7,979 2,838 0,047 0,069 0,175 54,488 0,073 4,369 0,052 6,502
Córrego Antuérpia (SB 6) 5,045 2,252 0,023 0,158 0,206 37,027 0,027 2,948 0,120 4,584
Córrego do Engenho (SB 7) 6,752 2,218 0,017 0,138 0,171 32,647 0,018 6,383 0,025 4,697
R. São Bartolomeu (SB 8) 7,096 0,536 0,011 0,175 0,079 37,768 0,019 3,354 0,045 5,379
Lagoa 1 10,247 23,517 0,038 0,029 0,366 43,549 0,018 3,771 0,023 8,348
Lagoa 2 (Ponto de captação) 7,213 17,865 0,017 0,036 0,423 52,351 0,011 2,485 0,030 8,304
Legenda:
Classificação do IAP
Categoria Ponderação
ÓTIMA 79 < IAP ≤ 100
BOA 51 < IAP ≤ 79
REGULAR 36 < IAP ≤ 51
RUIM 19 < IAP ≤ 36
PÉSSIMA IAP ≤ 19

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Em discussão mais detalhadas incluindo os resultados de registros de trabalhos anteriores na
mesma bacia (DIAS, 2007), os parâmetros químicos não indicaram elevado grau de poluição das
águas, salvo exceções como a detecção de elevados teores de cádmio com concentrações acima
de 0,05 mg.L-1, mas em relação a contaminação microbiologia os resultados do monitoramento
mostram um elevado grau de contaminação, especificamente para (oo)cistos de protozoários
(Tabela 5).

Tabela : Concentração de (oo)cistos de protozoários nas sub-bacias do Ribeirão São


Bartolomeu, Novembro de 2007 a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Cryptosporidium ssp Giardia ssp
Sub-bacias (cistos/L) (oocistos/L)
Min(1) Max(2) Med(3) DP(4) Min Max Med DP
Córrego São Lucas (SB 1) 0,00 30,00 5,79 10,31 0,00 6,00 1,07 2,10
Córrego dos Machados (SB 2) 0,00 82,50 18,08 28,22 0,00 5,00 0,42 1,44
Córrego Santa Catarina (SB 3) 0,00 6,00 1,21 2,25 0,00 7,00 0,58 2,02
Córrego Paraíso (SB 4) 0,00 22,50 3,57 7,29 0,00 0,00 0,00 0,00
Córrego Palmital (SB 5) 0,00 135,00 12,00 38,82 0,00 0,00 0,00 0,00
Córrego Antuérpia (SB 6) 0,00 132,00 15,75 38,01 0,00 6,00 0,50 1,73
Córrego do Engenho (SB 7) 0,00 2,00 0,17 0,58 0,00 3,50 0,29 1,01
R. São Bartolomeu (SB 8) 0,00 20,00 2,83 6,41 0,00 6,00 0,67 1,78
NOTAS: (1) Mínimo, (2) Máximo, (3) Média Aritimetrica, (4) Desvio Padrão

Em geral, a concentração de (oo)cistos de protozoários variou bastante entre as sub-bacias, sendo


isso provavelmente explicável pela distribuição das atividades agropecuárias. As sub-bacias
Palmital, Antuérpia e Córrego dos Machados possuem maiores atividades de criação e, ou plantéis
de bovinos e suínos e, coincidentemente, as maiores concentrações de (oo)cistos em suas águas.
Cabe destacar que na bacia do São Bartolomeu existem iniciativas por parte do prestador de
serviço de abastecimento de água a conservação da qualidade e quantidade de água do
manancial, por meio de técnicas de manejo do sistema solo-água (Figura 11).

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
(a) Terraços de infiltração em curva de nível (b) Pequenas bacias de infiltração de enxurradas
em encosta de morro
Figura : Iniciativas de manejo de solo e conservação da água na bacia de captação do ribeirão
São Bartolomeu, Viçosa -MG
a) Ponto de captação da Bacia do ribeirão São Bartolomeu

No campus da UFV, o Ribeirão São Bartolomeu recebe cinco barramentos consecutivos. As duas
primeiras represas cumprem a função de reservatórios de acumulação, sendo que na segunda
encontram-se as estruturas de captação de água para abastecimento do campus universitário e de
parte da cidade (Figura 12).
A UFV capta cerca de 50 L / s para abastecimento do campus universitário, onde se verifica
padrão de consumo variado e complexo: cerca de 13.000 usuários, alojamentos, restaurantes,
hotel, posto de saúde, unidades administrativas, centro desportivo, piscinas, hospital veterinário,
supermercado, indústria de laticínios. O tratamento é realizado em estação em ciclo completo,
com período de operação médio de 8 horas; a rede de distribuição apresenta extensão de cerca de
8 km. Essencialmente no mesmo ponto, o SAAE capta, em média, 100 L /s e aduz água para a
ETA I, também em ciclo completo e operação de 24 horas. Esse sistema abastece cerca de 70%
da população urbana de Viçosa no período de chuvas, sendo os restantes 30% atendidos pela
ETA II, cujo manancial de abastecimento é o Rio Turvo Sujo. Esses dois sistemas são interligados
e em época de estiagem a situação se inverte, a ETA II passa a abastecer aproximadamente 70%
da população urbana.

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Ponto de captação para abastecimento de água da ETAI e II do SAAE e ETA UFV,
Viçosa-MG
Fonte: Imagem IKONOS, 2007

Portanto, configura-se situação crítica: o ribeirão São Bartolomeu oferta cerca de 100L/s e 200L/s,
respectivamente, em períodos de seca e chuvas e o SAAE e a UFV captam, em conjunto, 150 L/s.
Trata-se de um manancial de reduzida vazão ( 100L/s e 200L/s, respectivamente em períodos
de estiagem e chuvas), desprotegido, com pressões de ocupação urbana e de atividades
agropecuárias relativamente intensas na bacia de captação. Usos conflitantes da água e
desequilíbrio no balanço oferta x demanda de água configuram-se como um dos principais
problemas da bacia. As “lagoas da UFV” já apresentam sinais nítidos de deterioração da qualidade
da água (poluição e eutrofização). A Tabela 6 apresenta os dados de vazão e concentração de
poluentes em forma de carga (kg.d).

De acordo com os dados (Tabela 6) das sub-bacias, o „Córrego Paraíso‟ e „Santa Catarina‟
apresentaram uma baixa contaminação ao longo de todo período. Portanto, não ocorrendo o
mesmo para as sub-bacias do „Córrego São Lucas‟, „Córrego Antuérpia‟ e „Córrego do
Engenho‟ que apresentaram uma alta contaminação, devido, principalmente à existência de
suinoculturas e caprinoculturas nas sub-bacias.

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Carga de aporte de contaminação nas sub-bacias e ponto de captação a bacia do
Ribeirão São Bartolomeu, Novembro de 2007 a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Carga (kg.d)
Sub-bacias DQO SST Fósforo N-NTK
Córrego São Lucas (SB 1) 145,51 0,29 1,71 25,05
Córrego dos Machados (SB 2) 7,48 0,01 0,07 0,71
Córrego Santa Catarina (SB 3) 6,42 0,01 0,03 0,39
Córrego Paraíso (SB 4) 4,19 0,01 0,03 0,39
Córrego Palmital (SB 5) 10,76 0,02 0,05 0,50
Córrego Antuérpia (SB 6) 23,73 0,05 0,11 2,34
Córrego do Engenho (SB 7) 10,45 0,04 0,17 0,64
Ribeirão São Bartolomeu (SB 8) 13,69 0,04 0,26 1,78

A existência das lagoas proporciona condições favoráveis para florações de algas e cianobactérias
o que pode aumentar o grau de complexidade do tratamento. Portanto, para verificar o estado
trófico foi realizado o monitoramento dos parâmetros de clorofila, fósforo e transparência no
período de outubro de 2008 a março de 2009 na Lagoa 1 (Hidráulica) e Lagoa 2 (Funarbe – ponto
de capitação). De acordo com a classificação o Índice de estado Trófico – IET das duas lagoas
apresentaram ponderação abaixo de 54, tendo como categoria de estado trófico variado de
mesotrófico para oligotrófico, o que significa baixo enriquecimento com nutrientes para o período
analisado.
A análise taxonômica das amostras referentes ao período de novembro de 2007 a outubro de 2008
resultou na identificação de 23 gêneros distribuídos entre 11 classes: Cyanophyceae,
Chlamydophyceae, Bacillariophyceae, Chlorophyceae, Oedogoniophyceae, Chrysophyceae,
Coscinodiscophyceae, Fragilariophyceae, Cryptophyceae, Euglenophyceae e Zygnemaphyceae.
A Tabela 7 apresenta a caracterização da comunidade fitoplanctônica no manancial de
abastecimento do SB. Nessa caracterização observou-se predomínio da classe Cyanophyceae nos
meses de temperaturas mais elevadas, notadamente em dezembro, janeiro e fevereiro. Por outro
lado, estes organismos praticamente desapareceram nos meses mais frios. Ao todo, foram
encontrados quatro gêneros de cianobactérias filamentosas: Phormidium, Pseudanabaena,
Geitlerinema e Arthrospira, sendo que os dois primeiros apresentam registros de espécies tóxicas.
O segundo grupo dominante nos meses mais quentes foi o de organismos da classe
Chlorophyceae, os quais, entretanto, passaram a predominar nos meses mais frios, junho (apenas
em agosto) com organismos da Classe Bacillariophyceae (Tabela 7).

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Caracterização da comunidade fitoplanctônica no manancial de abastecimento da
ETAIII/UFV (cel mL-1), Ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-MG, Brasil
cel mL-1
Classe / Gênero 2007 2008
Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Cyanophyceae
Phormidium ND 152 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Geitlerinema ND 153 11 80 ND ND ND ND 78 ND 14 24
Pseudanabaena ND ND 248 62 ND ND ND ND ND ND ND ND
Arthrospira ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 27
Total classe ND 305 259 142 ND ND ND ND 78 ND 14 51
Chlamydophyceae
Chlamydomonas ND ND 5 15 6 ND ND ND ND 27 ND ND
Bacillariophyceae
Navicula 33 17 4 13 0 2 3 22 ND 118 3 ND
Pinularia 7 21 5 ND 13 2 3 3 ND 24 ND 2
Eunotia ND ND ND ND ND ND ND ND ND 11 ND ND
Total classe 40 38 9 13 13 4 6 25 ND 153 3 2
Chlorophyceae
Monoraphidium 34 32 36 6 8 5 6 21 9 38 22 2
Scenedesmus 2 5 0 ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Chlorella 23 30 17 ND ND ND 2 28 ND 218 56 ND
Eutetramorus 39 10 9 ND ND ND 25 ND 122 24 152 ND
Actinastrum ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Total classe 98 77 62 6 8 5 33 49 131 280 230 2
Crysophyceae
Dinobryon 4 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Coscinodiscophyceae
Cyclotella 12 ND 1 ND ND ND ND ND ND 13 5 ND
Cryptophyceae
Cryptomonas 0 26 70 40 4 0 0 16 0 0 41 4
Euglenophyceae
Trachelomonas 24 7 10 8 10 ND 1 19 ND 11 3 42
Euglena 11 ND 3 25 11 ND ND 9 6 3 ND 4
Phacus 15 ND ND ND 4 ND ND ND ND ND ND ND
Total classe 50 7 13 33 25 ND 1 28 6 14 3 46
Total fitoplâncton 204 453 419 249 56 9 40 118 215 487 296 105
ND: Não Detectado

Foram encontrados organismos reconhecidamente responsáveis por problemas de gosto e odor na


água, (a exemplo dos seguintes gêneros: Phormidium, Pseudanabaena, Chlamydomonas,
Dinobryon, Cyclotella, Fragilaria, Cryptomonas, Euglena e Cosmarium) e pela colmatação de filtros.
Nesse último caso, destaca-se a presença do gênero Geitlerinema, caracterizado por organismos
de filamentos finos que formam emaranhados e os da classe Bacillariophyceae, a qual possui como
principal característica a presença de organismos com uma carapaça denominada frústula,
constituída de sílica, a qual é resistente e não se degrada no ambiente.

46

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Em resumo, o manancial de captação do SB que abastece a ETAIII/UFV e ETAI/SAAE apresentou
baixa densidade de algas e cianobactérias, de acordo com a Portaria MS n.º 518/2004, não sendo
necessária análise para cianotoxinas. Masmo assim para efeito de comprovação foi realizado
analise de cianotoxinas.
Todos os resultados das análises de cianotoxina mostraram que os íons de „microcistina‟ e
„cilindrospermopsina‟, se estiverem presente, estão em concentrações menores que os limites de
detecção, ou seja, em concentração menor que 0,006 µgL-1 (6 ppt) e 0,3µgL-1 (300 ppt),
respectivamente.
O acompanhamento do nível de fósforo total é um aspecto importante, pois é um nutriente
relevante para o crescimento de cianobactérias e outros organismos fotossintéticos. Outras
variáveis ambientais e condições hidrológicas do manancial (tempo de detenção e condições de
estratificação térmica) disponibilidade de luz (relação profundidade e penetração da luz e a
profundidade de mistura), assim como nitrogênio dissolvido (nitrato e amônia), proporcionam a
base para o entendimento da ocorrência de certas espécies no ambiente.
No geral, a qualidade da água para fins de abastecimento público, conforme Tabela 4 é péssima,
sendo que os parâmetros que contribuíram para esse índice foram o Cádmio e Chumbo com
concentrações acima dos valores máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e 0,01 mg . PbL-1) pela
Portaria MS n.º 518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º 357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo completo); verifica-se, portanto, a necessidade de
identificação das fontes desses metais.
Na bacia de captação do SB, em apenas três amostras, em diferentes sub-bacias, foram
detectados teores de Fe acima do limite da Portaria MS n.º 518/2004 (≈ 0,33 - 0,65 mg L-1). As
concentrações médias de Fe nesses mananciais (considerando todos os eventos e pontos de
amostragem) foi de 0,087 ± 0,1 mg L-1.

Assim como para o Fe, os dados de Mn revelaram amplas variações, mas os valores médios gerais
mantiveram-se inferiores ou próximos ao limite Portaria MS n.º 518/2004 (0,11 ± 0,15 mg L-1). No
ponto de captação de água, os resultados mantiveram-se sempre abaixo dos limites de
potabilidade (médias gerais de 0,067 ± 0,06 mg Fe L-1 e 0,041 ± 0,07 mg Mn L-1) e, nos
reservatórios de distribuição de água tratada, revelaram-se ainda mais baixos (médias gerais de
0,023±0,04 mg Fe L-1 e 0,022± 0,04 mg Mn L-1), sugerindo mecanismos de redução dos teores de
Fe e Mn na dinâmica desses metais nos ambientes aquáticos, e de remoção nos processos de
tratamento da água (coagulação-floculação-decantação-filtração).
47

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Muito embora existam registros de queixas de consumidores por suspeitas da presença de Fe e ou
Mn nos sistemas de abastecimento em questão, os teores encontrados no período do presente
estudo foram, em geral, baixos, e insuficientes para provocar alterações notáveis nas propriedades
estéticas / organolépticas da água e provocar efeitos de rejeição ao consumo.
O monitoramento de agrotóxicos não revelaram presença, ou apenas em concentrações traço,
dessas substâncias. As concentrações de glifosato mantiveram-se abaixo de 15 ng/L (33.333 vezes
abaixo do padrão de potabilidade).
Os três barramentos (represas) a montante do ponto de captação o que contribui para uma
reduzida turbidez na água bruta ao longo de grande parte do ano, estando em 75% do tempo
abaixo de 17 UNT (Figura 13), no entanto o efeito da elevação acentuada de turbidez no
desempenho das ETAI/SAAE e ETAIII/UFV já foi demonstrado em trabalhos anteriores, bem como,
as dificuldades do processo de filtração em sistematicamente alcançar 0,3 UNT, a eventual
detecção de protozoários na água filtrada e as dificuldades de manutenção dos residuais de cloro
na rede de distribuição.

40

35
25%
30 Mínimo
Turbidez (UNT)

25 10%
50%
20

90%
15
Máximo
10
Média
5 75%
0

Bruta

Figura : Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta no ponto de captação,


ribeirão SB, Viçosa -MG, 2002 a 2008
Quanto a qualidade bacteriológica os resultados obtidos por Braga, 2006 são em geral similares
aos resultados obtidos pelo monitoramento realizado no período de novembro de 2007 a outubro
de 2008, sugerindo que não se verificam processos muito acentuados de deterioração
(contaminação) da água bruta o que mostra o resultado da classificação do Índice de Qualidade da
Água (IQA) que se apresenta na categoria de boa.

48

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Quanto a contaminação microbiológica, as amostras analisadas (12 amostras), a média de oocistos
Cryptosporidium ssp. e cistos Giardia ssp encontradas foram de 1,96 oocistos/L e 0,238 cistos/L e
o valor máximo encontrado (12 oocistos/L e 2,5 cistos/L) no mês de janeiro, período este de
chuvas intensas o que levaria a obtenção de maior concentração desses organismos (Tabela 8).
As concentrações encontradas no ponto de captação são, em geral, mais baixas que no aporte das
sub-bacias do SB, revelando a importante barreira de proteção das represas.
Outros estudos têm apresentado, nesse mesmo ponto, valores médios em torno de 4 cistos/L e 6-
11 oocistos/L (BASTOS et al., 2004; BRAGA, 2007).
Em toda a bacia os oocistos Cryptosporidium ssp. e cistos Giardia ssp vêm sendo detectados no
Ribeirão São Bartolomeu em densidades elevadas, (BASTOS et al., 2004; BEVILACQUA et al., 2006
e DIAS et al., 2007).

Tabela : Caracterização microbiológica e física da água bruta do ponto de captação da bacia do


ribeirão São Bartolomeu, novembro de 2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Parâmetros

Giardia Coliformes
Cryptosporidium ssp ssp Turbidez Totais Escherichia coli
Ano/Mês (cistos/L) (oocistos/L) (UNT) (NMP/100 mL) (NMP/100 mL)
3
nov 0,00 0,00 3,80 2,42 x10 3,1 x101
2007

dez 0,00 0,00 9,62 2,42 x103 1,4 x102


jan 0,00 0,00 6,80 2,42 x103 1,2 x102
fev 12,00 0,00 10,10 2,42 x103 2,5 x102
mar 0,00 0,00 26,70 2,42 x103 2,4 x103
abr 4,00 0,00 9,45 9,21 x103 5,2 x101
mai 0,00 0,00 2,94 2,40 x103 2,8 x101
2008

jun 0,00 0,00 4,05 2,00 x104 7,5 x102


jul 7,50 2,50 4,02 1,58 x102 0,1 x10-1
ago 0,00 0,00 3,39 5,2 x102 4,1 x101
set 0,00 0,00 1,58 3,40 x103 0,41 x10-1
ouT 0,00 1,00 9,01 1,00 x104 5,2 x101
2,0
Média (1)
0,3 7,6 4,8 x103 3,2 x102
0,0
Mínimo
0,0 1,6 1,58 x102 0,1 x10-1
12,0
Máximo
2,5 26,7 2,0 x104 2,42 x103
3,9
Desvio Padrão
0,8 6,7 5,6 x103 6,91 x103
NOTAS: (1) média aritmética

Segundo a regulamentação da USEPA (2006), são estabelecidos créditos de remoção, em função


do tipo de tratamento, tendo em vista informações de ocorrências de (oo)cistos em mananciais de
abastecimento para atender o risco anual admitido como tolerável de 10-4 . A Tabela 9 mostra os

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
créditos de remoção devem então ser confrontados com o tratamento requerido, conforme a
classificação dos mananciais de abastecimento. No manancial em estudo a concentração é de 2
oocistos/L para o monitoramento anual, entretanto, são concentrações que ainda exigem remoção
relativamente elevada nas ETAI/SAAE (≈ 2,5 log), de forma a assegurar nível de risco de 10-4.

Tabela : Remoção necessária de oocistos de Cryptosporidium de acordo com a concentração na


água bruta e a técnica de filtração, segundo a regulamentação da USEPA (2006)
Tratamento adicional aos créditos
Concentração (C) de assumidos
Categoria Cryptosporidium no Tratamento
(1)
manancial (oocistos/L) convencional e filtração Filtração direta
lenta
1 C ≤ 0,075 NR (2) NR
2 0,075 ≤ C < 1,0 1,0 log 1,5 log
3 1,0 ≤ C < 3,0 2,0 log 2,5 log
4 C ≥ 3,0 2,5 log 3,0 log
NOTAS: (1) média aritmética de 12 meses de monitoramento (USEPA, 2006); (2) NR: Não Requerido.

i) Rio Turvo Sujo (RT)

A bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo (TS) abrange, além de Viçosa, quatro outros municípios
(cerca de 40.644 ha), pertence à bacia hidrográfica do rio Doce e está compreendida entre as
coordenadas geográficas 42o40‟ e 43o00‟ de longitude Oeste e 20o39‟ e 20o55‟ de latitude Sul no
Estado de Minas Gerais. A área-base do estudo abrange parte dos municípios de Coimbra, Cajuri e
Viçosa.
Na área em questão, o rio Turvo Sujo recebe o aporte hídrico de vários afluentes, dentre eles:
Córrego do Grama, Ribeirão dos Quartéis, Córrego Latão, Córrego Sertão, Córrego São Joaquim,
Córrego Cristal e Ribeirão Santa Tereza. Para o presente monitoramento, foram usadas as
seguintes sub-bacias, a saber: Turvo Sujo, Palmital, São Bartolomeu, Quartéis e São Joaquim.
Foram escolhidos 15 pontos ao longo da bacia que melhor representam as características gerais do
corpo hídrico para o monitoramento mensal, tendo em vista as análises físico-químicas,
microbiológicas, presença de agrotóxicos/cianotoxinas e medições de vazão, sendo 7 pontos nos
afluentes acima citados, 8 pontos no próprio rio e no ponto de captação.
Foi realizado levantamento das principais fontes de poluição (difusa e pontual), identificação dos
usos da água, destino de efluentes, em cada uma das sub-bacias, por meio da aplicação de
questionário.

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Com relação à água para consumo humano, pôde-se observar diferentes fontes ao longo da bacia
como, por exemplo, poços (raso/profundo), nascentes, rio/ribeirão, abastecimento público e/ou
somatório dos mesmos.
Quanto ao destino do esgoto doméstico, as propriedades utilizam dentre outras formas, a fossa
seca, fossa séptica, rede pública, em alguns casos céu aberto e/ou rio/ribeirão; Merece destaque,
o lançamento no curso d‟água de efluentes líquidos não tratados de áreas como: Conjunto
Habitacional – Residencial Cajuri, onde habitam cerca de 400 pessoas; Clube Passa Tempo –
Esporte e Lazer em Coimbra, com a circulação de mais de 300 pessoas no verão; Escola Municipal
Padre Jaime Antunes de Souza em Coimbra, com a presença de mais ou menos 800 alunos
caracterizando assim, fontes pontuais de contaminação no corpo receptor.
No que diz respeito ao destino do lixo na bacia, em algumas localidades ele é coletado pelas
prefeituras municipais, em outras é queimado e/ou jogado a céu aberto.
Os dados obtidos após o trabalho de campo (aplicação do questionário) somado aos dados
levantados junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE /2006) revelaram que, dos
2082 estabelecimentos agropecuários, 43,6% (910) são de bovinos, 3,5% (72) são de
caprinos/ovinos, 17,2% (361) de suínos e 35,7% (745) são de aves.
Em toda a extensão da Bacia do rio Turvo Sujo foram identificadas as seguintes fontes de poluição
pontual: caprinocultura, suinoculturas, avicultura e piscicultura; e como fontes difusas, esgoto
doméstico, dejetos de animais, uso de agrotóxicos nas culturas, etc.
No levantamento foi identificado que a bacia é caracterizada em sua maioria por pequenos
produtores rurais, que desenvolvem algum tipo de produção agropecuária, sendo pouco
expressivos os usos de irrigação e defensivos agrícolas nas culturas.
A identificação e a contagem de cianobactérias nos ambientes aquáticos são fundamentais para
que se possam ser avaliados os riscos de uma possível produção de toxinas. No monitoramento
realizado no período de um ano foram encontradas densidades de cianobactérias abaixo do valor
-1
máximo permito pela legislação (428 celmL ) (Tabela 10). Os resultados das análises de
cianotoxinas comprovam que os íons de „microcistina‟ e „cilindrospermopsina‟, se mantiveram em
concentrações menores que os limites de detecção, ou seja, em concentração menor que 0,006
µgL-1 (6 ppt) e 0,3µgL-1 (300 ppt) respectivamente.
No geral, o índice da qualidade da água para fins de abastecimento público, também revelou um
índice de qualidade péssimo, com exceção do Rio Turvo Sujo (RT 5) e Ribeirão dos Quartéis, (RT
6) (Tabela 11). Os parâmetros que contribuíram para esse índice foram o Cádmio e Chumbo com

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
concentrações acima dos valores máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e 0,01 mg . PbL-1) pela
Portaria MS n.º 518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º 357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo completo); verifica-se, portanto, a necessidade de
identificação das fontes desses metais nesta bacia como também na bacia do Ribeirão São
Bartolomeu.
As sub-bacias apresentam carga elevada de DQO, Fósforo e N-NTK (Tabela 12) o que se justifica o
lançamento de efluentes sem tratamento proveniente das suinoculturas, acesse de animais aos
cursos d‟água e esgotos domésticos, identificados ao longo da bacia.
Essas fontes de poluição refletem nas elevadas concentração de carga na bacia, além do aumento
da concentração de protozoários em todas as sub-bacias analisadas.

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Tabela : Caracterização da comunidade fitoplanctônica no manancial de abastecimento da ETA
II-SAAE (cel mL-1), RIO Turvo Sujo, Viçosa-MG, Brasil
Cel mL-1
Classe / Gênero 2007 2008
Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Cyanophyceae
Phormidium ND ND ND ND ND 22 ND ND ND ND ND ND
Geitlerinema ND ND 80 ND 43 ND ND ND ND ND 45 52
Pseudanabaena ND ND ND ND ND 16 ND ND ND ND ND ND
Limnothrix ND ND ND ND ND ND 20 ND ND ND ND ND
Total classe ND ND 80 ND 43 38 20 ND ND ND 45 52
Chlamydophyceae
Chlamydomonas ND ND 5 1 ND ND ND ND ND ND 2 ND
Cryptomonas ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Bacillariophyceae
Navicula ND 5 12 4 ND 4 ND ND ND ND 19 35
Pinularia ND 3 6 7 ND 1 ND ND ND ND 9 29
Surirella ND ND ND ND ND ND ND ND 2 ND ND ND
Eunotia ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 29
Total classe ND 8 18 11 ND 5 ND ND 2 ND 28 99
Chlorophyceae
Monoraphidium ND 3 8 1 ND 1 ND ND ND ND ND 16
Chlorella ND 6 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Eutetramorus ND ND ND ND ND ND 8 ND ND ND ND 64
Actinastrum ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Golenkeniopsis ND ND ND 1 ND ND ND ND ND ND 2 ND
Crucigenia ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 13
Treubaria ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 3
Scenedesmus ND 3 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Total classe ND 12 8 2 ND 1 8 ND ND ND 2 96
Coscinodiscophyceae
Cyclotella ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Fragilariophyceae
Fragilaria ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Cryptophyceae
Cryptomonas ND ND 3 8 ND ND ND ND ND ND ND 13
Euglenophyceae
Trachelomonas ND ND 3 ND ND ND ND ND ND 25 ND ND
Euglena ND ND 3 ND 4 ND ND ND 11 5 6 74
Phacus ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Total classe ND ND 6 ND 4 ND ND ND 11 30 6 ND
Zygnemaphyceae
Euastrum ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 23
Closterium ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 142
Cosmarium ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 3
Total classe ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 168
Total fitoplâncton ND 20 120 22 47 44 28 ND 13 30 83 428
NOTA: ND: Não Detectado

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Tabela : Índice de qualidade de água bruta da bacia de captação do Rio Turvo Sujo, Fevereiro a
Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil

Pontos
Nº de Coletas realizadas
Monitorados
(Sub- 2008
bacias) Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Média
RT1 27,465 6,009 0,663 0,558 0,049 0,126 4,028 0,497 0,929 5,138
RT2 22,703 28,332 4,210 2,482 1,843 10,805 0,593 5,066 7,931 9,627
RT3 37,529 38,953 4,522 1,776 5,913 0,334 1,046 17,288 3,770 13,683
RT4 28,839 42,032 5,563 1,068 12,244 24,723 0,715 26,773 5,511 16,548
RT5 32,584 48,491 2,846 1,842 9,974 50,691 0,962 11,370 5,790 19,040
RT6 38,049 50,633 2,498 0,586 12,327 50,676 0,880 28,485 2,071 20,132
RT7 10,302 29,275 0,937 1,015 4,190 22,986 0,224 10,615 1,527 9,430
RT8 15,686 34,505 1,026 0,304 2,827 NR 0,347 55,724 NR 16,250
RT9 14,121 46,373 0,475 0,377 2,173 39,857 0,392 49,904 1,204 16,977
RT10 25,362 36,875 0,831 0,340 1,361 37,289 0,224 34,553 0,952 14,842
RT11 11,843 27,638 0,274 0,192 0,678 54,987 0,248 30,592 0,768 14,058
RT12 12,098 19,916 0,302 0,118 0,575 43,230 0,206 7,539 0,553 8,931
RT13 7,832 18,959 0,532 0,117 0,759 50,571 0,119 10,368 0,578 10,237
RT14 7,781 14,688 0,548 0,059 0,649 48,781 0,112 24,002 0,425 10,315
RT15 8,682 30,819 0,226 0,190 0,919 50,214 0,090 23,325 0,490 12,944
PCRT* 2,797 12,243 0,063 0,033 1,238 NR 0,056 3,871 0,030 2,371
Legenda:
Classificação do IAP
Categoria Ponderação
ÓTIMA 79 < IAP ≤ 100
BOA 51 < IAP ≤ 79
REGULAR 36 < IAP ≤ 51
RUIM 19 < IAP ≤ 36
PÉSSIMA IAP ≤ 19
PCRT: Ponto de Captação do Rio Turvo Sujo
NR: Não Realizado

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Carga de aporte de contaminação nas sub-bacias do Rio Turvo Sujo, Novembro de
2007 a Outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Carga (kg.d)
Sub-bacias DQO SST Fósforo N-NTK
RT1 22,54 0,03 0,19 0,29
RT2 341,82 0,21 1,24 33,82
RT3 97,84 0,10 1,13 1,42
RT4 255,18 0,25 4,77 15,31
RT5 171,90 0,29 0,85 4,51
RT6 222,25 0,18 1,99 14,86
RT7 162,33 0,09 1,64 87,40
RT8 382,26 0,86 4,78 13,86
RT9 101,34 0,09 1,48 8,46
RT10 NR NR NR NR
RT11 132,20 0,43 0,96 2,57
RT12 NR NR NR NR
RT13 61,24 0,04 0,08 0,54
RT14 NR NR NR NR
RT15 58,91 0,21 0,29 1,98
NOTA: NR: Não Realizado

a) Ponto de captação do Rio Turvo Sujo

A água é captada do rio Turvo Sujo, alternando entre duas vazões 86 L/s e 150L/s, de acordo com
o nível do reservatório de água tratada e em função de economia de consumo de energia elétrica
em horários de pico, e a um ciclo operacional em torno de 24 horas por dia. Os resíduos gerados
no decantador e na lavagem de filtros são descartado de volta para o Rio Turvo.
De acordo com a Figura 14, o manancial apresenta uma turbidez média de 52 UNT, no entanto em
50% do tempo o valor de turbidez apresentado varia entre 16 e 48 UNT embora picos elevados de
turbidez, chegando a atingir nível superior a 1000 UNT, sejam freqüentes, o quê, em tese,
dificultaria o alcance das metas para turbidez (0,3 UNT, 0,5 UNT e 1,0 UNT).
A média das concentrações de protozoários encontradas no Rio Turvo Sujo no período de um ano
foi de 3,96 e 0,875 para oocistos Cryptosporidium ssp. e cistos Giardia ssp oocistos/L
respectivamente, sendo que o maior valor encontrado foi 30 oocistos/L de Cryptosporidium e 5,5
cistos/L de Giardia (Tabela 13). Esse valor justifica-se pela ocorrência de chuva no dia da coleta.

O rio Turvo Sujo recebe um maior aporte de contaminação, em virtude da extensão da bacia.
Além de receber todo aporte de contaminação da sub-bacia do ribeirão São Bartolomeu e
municípios que estão inseridos no limite da bacia.

55

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
100
90
80 25%
70 Mínimo
Turbidez (UNT)

60 10%
50 50%
40 90%
30 Máximo
20 Média
10 75%
0
Bruta

Figura : Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta afluente a ETAII/SAAE


para o período entre os anos de 2004 e 2008, Viçosa-MG, Brasil.

Tabela : Caracterização microbiológica e física da água bruta do ponto de captação da bacia do


Rio Turvo Sujo, novembro de 2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil
Parâmetros
Cryptosporidium Giardia Coliformes Escherichia
ssp ssp Turbidez Totais coli
Ano/Mês (cistos/L) (oocistos/L) (UNT) (NMP/100 mL) (NMP/100 mL)
3
nov 0,00 5,50 8,69 2,42 x10 2,4 x103
2007

dez 0,00 0,00 19,50 2,42E x103 1,4 x103


jan 5,00 0,00 19,00 2,42 x103 1,6 x103
fev 3,00 3,00 11,70 2,42 x103 1,6 x103
mar 30,00 0,00 397,00 2,42 x103 2,4 x103
abr 0,00 0,00 17,90 2,42 x103 2,4 x103
mai 0,00 0,00 8,33 2,4 x103 9,3 x103
'2008

jun 4,50 0,00 9,15 2,49 x103 2,6 x101


jul 5,00 0,00 12,60 1,41 x104 1,5 x103
ago 0,00 0,00 9,02 6,90 x103 1,7 x103
set 0,00 0,00 10,40 1,10 x104 9,3 x102
out 0,00 2,00 5,00 2,40 x103 2,4 x103
Média (1) 3,96 0,88 44,02 2,40 x103 2,59 x10-1
Mínimo 0,00 0,00 5,00 4,49 x103 1,6048 x104
Máximo 30,00 5,50 397,00 1,413 x104 2,420 x104
Desvio Padrão 8,48 1,76 111,25 4,041 x104 7,4504 x103
NOTAS: (1) média aritmética

56

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
A concentração de oocistos de Cryptosporidium no ponto de captação do rio Turvo Sujo foi de
3,96 oocistos/L e 0,88 cistos/L de Giardia. Essas concentrações exigem remoção relativamente
elevada na ETAII/SAAE (≈ 3,0 log), de forma a assegurar nível de risco de 10-4.

2.4.2. Sistema de Tratamento de Água

O município de Viçosa conta com 3 sistemas de abastecimento de água, sendo dois (ETA I e II )
de responsabilidade do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) que abastecem o Município
de Viçosa e a ETA III que abastece apenas a população universitária, sendo de responsabilidade
da Universidade Federal de Viçosa. Neste documento será apenas avaliado os sistemas que
abastecem o município de Viçosa, correspondente as ETAs I e II.

2.4.2.1. Descrição e avaliação da ETA I/SAAE

A Estação de Tratamento de Água ETAI/SAAE opera em ciclo completo, incluindo-se as etapas de


mistura rápida (calha Parshall), floculação (hidráulica), decantação, filtração, desinfecção. A
unidade alterna entre as vazões de 80 e 100L.s-1 sob um ciclo operacional de cerca de 24 horas
por dia. A água de lavagem de filtros é reintroduzida no sistema, a uma razão de 5%. Os resíduos
gerados no decantador são descartados de volta para o Ribeirão São Bartolomeu em sua quarta
lagoa, dentro do campus universitário.
i) Coagulação e Mistura Rápida
A água bruta é inicialmente introduzida na calha Parshall, onde é aferida a vazão de trabalho. Na
saída da calha, onde, teoricamente, constitui uma região de intensa agitação, é adicionado o
coagulante (sulfato de alumínio líquido 50% – Al2(SO4)3). Em eventos nos quais ocorre elevação da
turbidez da água bruta, há de se ajustar a dose adicionada de coagulante, e conseqüente aumento
do consumo deste, o que pode ser necessário também devido a ocorrência de florações no
manancial, no entanto este ajuste é muitas vezes realizado de forma padronizada, sem a
realização de ensaios de jarros para definição dos parâmetros. Não foi possível determinar com
exatidão o grau de agitação na saída da calha parshall, mas uma análise qualitativa indentifica a
existência de ressalto hidráulico, com pouca agitação, o que sugere a ocorrência de gradientes de
velocidade de mistura insatisfatórios.
ii) Floculação
Após a adição do coagulante a água adentra ao floculador hidráulico, composto por treze câmaras
de igual tamanho, perfazendo um volume total de 179.4 m³. A unidade apresenta um tempo de

57

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
detenção teórico de 30 minutos quando operando a uma vazão de 100 L.s-1 e de 37 minutos para
uma vazão de 80 L.s-1.
A análises do ensaio com traçador para o levantamento das características hidráulicas da unidade,
que foi realizado após a limpeza da mesma e sob a vazão de 100 L.s-1, através do método de Wolf
e Resnick, demonstrou o predomínio do fluxo em pistão, no entanto com diferença considerável
entre o tempo de detenção hidráulica teórico e o real (Tabela 14).

Tabela : Características hidráulicas da unidade de floculação para as vazões de 86 e 150 L.s -1

Fluxo
-1
Q(L.s ) TDH teórico (min) TDH real (min)
Pistão M. C.

100 30 24,5 69% 31%

O levantamento do perfil hidráulico do floculador e, por conseguinte, o cômputo das perdas de


carga, permitiu a determinação dos gradientes de velocidade em cada câmara, a exceção da
primeira devido à impossibilidade de determinar com maior exatidão a perda de carga, para cada
uma das vazões de trabalho (Tabela 15).

Tabela : Gradientes de velocidade nas câmaras de floculação da ETA I para as vazões de 80 e


100 L.s-1.
Vazão de 80 L.s-1 Vazão de 100 L.s-1
Câmara
Gradiente na câmara (s-1) Gradiente na câmara (s-1)

2 38.51 46.89
3 38.51 49.68
4 35.30 46.06
5 26.12 40.25
6 28.30 37.26
7 27.85 36.48
8 24.91 34.19
9 25.52 35.92
10 17.74 31.97
11 25.70 36.74
12 14.84 36.74
13 31.23 37.29

58

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
A NBR 12216 preconiza que não deve ocorrer a elevação do gradiente de velocidade entre duas
câmaras consecutivas e que o gradiente deve ser decrescente limitado entre 70 e 10 s-1. A aferição
dos gradientes nas câmaras de floculação permite constatar que não há ocorrência de gradientes
excessivos, no entanto percebe-se a elevação do grau de agitação dentro da unidade de
floculação, presumindo-se a existência de falhas construtivas em algumas câmaras da unidade.

iii) Decantação
A água floculada é conduzida ao decantador, que possui formato circular com uma área de
sedimentação próxima a 231 m2 e volume de 796 m3. O decantador possui alimentação central e
fluxo radial a uma taxa de aplicação de 37,45 m3.m-2.dia-1 quando a unidade opera sob a vazão de
100 L.s-1 ou de 30 m3.m-2.dia-1 quando a vazão é de 80 L.s-1. Segundo a NBR 122116, estações
com vazão diária entre 1000 e 10000 m3.dia-1 não devem apresentar taxas de aplicação superficial
superiores a 35 m3.m-2.dia-1. Tal perspectiva limitaria a vazão de operação da unidade a 8075
m3.m-2.dia-1, correspondendo a uma vazão de 93,5 L.s-1.
O tempo de detenção hidráulica teórico da unidade varia entre 132,6 minutos quando a unidade
opera sob a vazão de 100 L.s-1 e 166 minutos quando a vazão é de 80 L.s-1. A análises do ensaio
com traçador realizado após a limpeza do decantador e sob a vazão de 100 L.s-1, através do
método de Wolf e Resnick, demonstrou grande proximidade entre as frações de fluxo em pistão e
em mistura completa, o que pode indicar deficiência na distribuição da água floculada ou na coleta
da água decantada. Percebeu-se ainda que o tempo de detenção real da unidade esteve muito
abaixo do tempo de detenção teórico e a ocorrência de zonas mortas em uma fração de 10%,
comprovado pelo prolongamento do tempo requerido durante o ensaio com traçador (Tabela 16).

Tabela : Características hidráulicas dos decantadores limpos para as vazões de 86 e 150 L.s-1

Fluxo
-1
Q(L.s ) TDH teórico (min) TDH real (min)
Pistão M. C.

100 30 24,5 57% 43%

A etapa de decantação apresenta remoção relativamente eficiente. A água efluente ao decantador


apresenta, geralmente, reduzida turbidez (Figura 15). Em 75 % dos dados horários coletados a
turbidez da água decantada esteve abaixo de 7,61 UNT, em muito devido à já baixa turbidez da
água bruta, mas também ao desempenho da unidade de decantação.

59

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
40

35

30
25
Turbidez (UNT)

25 50

20 Mín
Máximo
15
Média
10 75

0
Decantada

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água decantada para o
período entre 2006 a 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

Analisando-se o desempenho dos filtros relacionado à qualidade da água decantada, percebe-se


que este valor de 7,61 UNT corresponde a um limite para a água decantada. Uma vez que, em
pelo menos 75% dos dados para os quais a turbidez filtrada manteve-se abaixo de 1 UNT, a
turbidez da água decantada esteve abaixo de 7,6 UNT, o que pode inferir ser este um valor
limitante ao desempenho dos filtros (Figura 16). Pode-se, como limite prático, adotar o valor de
8,0 UNT.

60

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
20
18

16 25%
14
Mínimo
12
50%
UNT

10
Máximo
8
Média
6
75%
4

2
0
Decantada Decantada Decantada Decantada

FILTRADA ≤ 1,0 FILTRADA ≤ 1,0 FILTRADA ≤ 1,0 FILTRADA ≤ 1,0

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água decantada para o
período entre 2006 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

iv) Filtração
A estação dispõe de quatros filtros rápidos de fluxo ascendente com área de 14,6 m2 cada e taxa
de filtração média de 118 e 148 m3.m-2.dia-1 para as vazões de 80 e 100 L.s-1 respectivamente. A
Associação Brasileira de Normas Técnicas recomenda, para filtros ascendentes, uma taxa de 120
m3.m-2.dia-1 (NBR 12216, 1992) o que repercutiria em uma vazão máxima de 81 L.s-1.
A operação de limpeza do meio filtrante é realizada por lavagem no mesmo sentido da filtração,
diferenciando-se o canal de coleta. Faz-se uso de água tratada, desinfetada, da própria ETA neste
processo. A água resultante do processo de lavagem é armazenada, a fim de ser posteriormente
reintroduzida no processo, juntamente à água bruta. Quanto ao desempenho dos filtros, o
histórico dos dados de monitoramento de rotina da ETA de 2004 a 2008 apontam, em geral, boa
performance dos filtros, alcançando uma água filtrada de qualidade relativamente boa (Figura 17).
Em 90% dos dados analisados, a turbidez esteve abaixo de 0,5 UNT, em 75% abaixo de 0,3 UNT
e, em 99% tempo a turbidez filtrada não ultrapassa o valor de 1 UNT.

61

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
1.0
0.9

0.8 25%
0.7 Mínimo
Turbidez (UNT)

10%
0.6
50%
0.5
90%
0.4
Máximo
0.3 Média
0.2 75%
0.1

0.0
Filtrada

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água filtrada
para o período entre 2004 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

Filtrada

100
90
Frequência acumulada

80
70
60
50
40
30
20
10 Filtrada
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2.0
Turbidez (UNT)

Figura : Freqüência acumulada dos dados horários de turbidez residual na água filtrada para o
período entre 2004 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

Segundo os dados de freqüência acumulada para a turbidez da água filtrada (Figura 18), não se
percebe, com base nos dados disponíveis, uma nítida relação entre a qualidade da água bruta e a
qualidade da água filtrada, como pode ser percebido pela Figura 19, que apresenta a distribuição
de frequência dos dados horários de água bruta para quando a turbidez filtrada foi inferior e
superior a 0,3; 0,5; e 1,0 UNT. Apenas quando a se considera o limite de uma unidade de turbidez
consegue-se notar uma certa relação entre a turbidez filtrada, inferior a 1 UNT, e a turbidez da

62

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
água bruta. No geral em 75% dos dados em que se alcançou turbidez inferior a 1 UNT a água
bruta apresentava turbidez abaixo de 18,9 UNT enquanto que para os eventos em que a meta de
1 UNT não foi alcançada em 50 % deles a turbidez da água bruta esteve acima de 16,4 UNT.
Nota-se ainda que a turbidez da água bruta pouco influenciou na turbidez da água filtrada, uma
vez que valores de turbidez de 1,0; 0,5 e 0,3 UNT foram encontrados em frequências semelhantes
para mesmos valores de água bruta. No entanto aponta-se para um limite operacional próximo a
18 uT na água bruta para que a estação possa operar de maneira satisfatória.

40.0

25%
30.0
Mínimo
Turbidez (UNT)

10%
50%
20.0
90%
Máximo
Média
10.0
75%

0.0
FILTRADA ≤ 1,0 FILTRADA > 1,0 FILTRADA ≤ 0,5 FILTRADA > 0,5 FILTRADA ≤ 0,3 FILTRADA > 0,3
Água Bruta

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água bruta para os
eventos nos quais a água filtrada apresentou turbidez inferior e superior a 1,0; 0,5; e 0,3 UNT
para o período entre 2004 e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

No entanto, o reduzido número de eventos com a turbidez da água filtrada acima de 1 UNT, pode
ser devido à mistura das águas efluentes de cada filtro, o que pode ser responsável por encobrir o
desempenho deficitário de algum deles.
Uma análise em separado do desempenho de cada filtro indicou grande variação de eficiência
entre os filtros. A Figura 20 apresenta a distribuição de freqüência para os valores de turbidez do
efluente a cada filtro determinados em intervalos de duas horas para o período de 2006 a 2008.

63

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.0 25%
1.8 Turbidez (0,3 uT)
1.6 (USEPA, 2006) Mínimo
Turbidez (uT)

1.4 10%
1.2
1.0 50%
0.8
90%
0.6
0.4 Máximo
0.2
0.0 Média
Filtrada 1 Filtrada 2 Filtrada 3 Filtrada 4 75%

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água efluente a
cada filtro, para o período entre 2004 a 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

A linha tracejada vermelha (Figura 20) corresponde ao valor assumido pela USEPA, 2006 para
turbidez da água filtrada (desde que obedecido o padrão de turbidez de 0,3 UNT para tratamento
convencional com filtração rápida) como indicador de remoção de 3,0 log de oocistos de
Cryptosporidium, sendo este valor ultrapassado com freqüência em todo o período de estudo, mas
intensamente nos meses de chuvas mais intensas (dezembro a março).

A linha tracejada azul tem como referência o valor médio de turbidez do filtro 2, em torno de
0,5 UNT (menor valor médio dentre os meses com ocorrência de oocistos de Cryptosporidium na
água filtrada). Na Tabela 17 à semelhança do observado na decantação, em geral, nos meses
onde não se detectou oocistos na água filtrada, os valores médios de turbidez foram inferiores à
referência assumida.

Além disso, é preciso atenção para o fato de que na ETA I/SAAE procede-se à recirculação da
água de lavagem dos filtros, fato esse que será devidamente avaliado como potencial de
introdução de perigos.

64

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Caracterização microbiológica e física da água dos filtros da ETA I/SAAE, novembro de
2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil

Log
VALOR VALOR DESVIO REMOÇÃO
PARÂMETRO FILTRO N(1) MÉDIA(2) (3) REMOÇÃO
MÁXIMO MÍNIMO PADRÃO (%) (3)

1.1 12 0,16 0,22 0,39 0,2 97,9 1,67


1.2 12 0,47 0,47 1,31 1,0 93,8 1,21
Turbidez(4)
1.3 12 0,71 0,67 7,80 6,4 90,7 1,03
1.4 12 0,17 0,11 2,07 1,7 97,7 1,64
1.1 12 907,52 2420 3 1048,4 81,2 0,72
Coliformes 1.2 12 648,30 2420 2 880,2 86,5 0,87
Totais(5) 1.3 12 900,39 2420 3 988,8 81,3 0,73
1.4 12 795,07 2420 1,7 1000,2 83,5 0,78
1.1 12 9,31 34 0 12,5 97,1 1,54
1.2 12 2,42 17 1 4,6 99,3 2,13
Escherichia coli(5)
1.3 12 11,01 120 0 34,3 96,6 1,47
1.4 12 89,08 920 1 264,6 72,5 0,56
1.1 12 2,78 14 0 4,9 * *
Cryptosporidium 1.2 12 0,08 1 0 0,3 95,7 1,37
spp.(6) 1.3 12 2,15 12,3 0 4,1 * *
1.4 12 0,38 1,5 0 0,7 80,4 0,71
1.1 12 0,292 3,5 0 1,0 0,0 0,00
1.2 12 0,025 0,3 0 0,1 91,4 1,07
Giardia spp.(7) (8)
1.3 12 0,425 4,1 0 1,2 * *
1.4 12 0,00 0 0 0,0 ND(9) ND

NOTAS: (1) número de amostras; (2) valores médios; (3) em relação a água bruta (4) UNT; (5)
NMP/100 mL; (6) oocistos/L; (7) cistos/L; (8) Sem remoção (valor do filtro maior que água bruta) (9) Não
Detectado

De acordo com os dados da Tabela 18 o Filtro 1 apresentou pior desempenho quando comparado
aos demais, não tendo sido raros os eventos em que a turbidez efluente superasse o padrão de
uma unidade de turbidez, superior a 15% dos dados, para os demais esta freqüência foi inferior a
10%.

Tabela : Parâmetros operacionais dos filtros da ETA I/SAAE


Parâmetros Filtro 1 Filtro 2 Filtro 3 Filtro 4
Profundidade média, m 1.20 1.71 1.37 1.28
Expansão média, % 40 35 41 38
Duração média da carreira, h 26 56 68 77
Perda de carga crítica, m 0.52 1.22 0.92 1.21
Perda de carga máxima, m 2.00 2.00 2.00 2.00

A avaliação das condições dos filtros permitiu perceber a existência de uma distribuição
heterogênea do meio filtrante dentro de ambos os filtros, apresentando visível desnivelamento.
65

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
O monitoramento da turbidez na água bruta demonstra que a estação opera na maior parte do
tempo a uma turbidez relativamente mais reduzida (76% dos dados abaixo de 20 UNT, 90% dos
dados abaixo de 45 UNT), não sendo, no entanto, raros casos nos quais ocorre elevação brusca da
turbidez da água bruta (Figura 21).

100
90
Frequência acumulada

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Turbidez Bruta (uT)

Figura : Gráfico de freqüência acumulada de turbidez da água bruta, no ponto de captação do


ribeirão São Bartolomeu, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

O procedimento de lavagem dos filtros é realizado de forma padronizada, caracterizado por picos
de turbidez no início do processo e duração próxima a 10 minutos.
No entanto a duração da lavagem, volume de água ou a carga hidráulica parecem ser
insuficientes. A turbidez da água filtrada após a lavagem é bastante elevada, em geral entre 10 e
20 UNT, no reinicio da operação do filtro, e o tempo decorrido para que cada filtro volte a atingir o
padrão de turbidez (1 UNT) é também bastante longo, sendo superior a uma hora para os filtros 1
e 2, 45 para o filtro 3 e de 30 minutos para o filtro 4.
A lavagem é muitas vezes realizada fora do momento adequado, devido a questões de demanda
de água ou, até mesmo, por conveniência.

v) Desinfecção
A água filtrada é submetida à desinfecção, na qual é utilizado cloro-gás. O gás é adicionado na
entrada do tanque de contato. Para o período de 2004 a 2008 o cloro livre residual esteve, em
80% dos dados, entre 0,80 e 1,0 mg/L (Figura 22).

66

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.0

1.8

1.6 25%

1.4 Mínimo
Cloro (mg.L -1)

10%
1.2
50%
1.0
90%
0.8
Máximo
0.6 Média
0.4 75%

0.2
0.0
Água tratada

Figura : Distribuição de freqüência da concentração de cloro residual para o período entre 2004
e 2008, ETA I/SAAE, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

O tanque de contato da ETA 1 tem forma circular, sendo que a entrada de água e a saída se
encontram próximos um do outro, sem a presença de chicanas nem obstáculos para a água. Essa
conformação caracteriza uma situação de provável presença de curtos-circuitos e zonas mortas no
tanque de contato, o que não é desejável.
A água tratada é armazenada em um reservatório sendo distribuída conforme a demanda. Isso
pode levar o aumento da eficiência de remoção de microrganismo devido a ampliação do tempo
de contato ao se considerar o período que a água fica armazenada no reservatório.
Quanto a avaliação microbiológica na água tratada, pode-se observar apenas no mês de junho a
concentração de 2,5 oocistos/L de Cryptosporidium SSP na ETA I/SAAE. Nota-se que na maioria
dos eventos de amostragem positiva na água filtrada, oocistos ocorreram simultaneamente em
mais de um filtro operando em paralelo, o que pode ser indício de perigo em decorrência de
descuidos operacionais.

2.4.2.2. Descrição e avaliação da ETA II/SAAE

A ETAII/SAAE opera em ciclo completo, incluindo-se as etapas de mistura rápida (Calha Parshal),
floculação (hidráulica), decantação, filtração, desinfecção.
A água é captada do rio Turvo Sujo, alternando entre duas vazões 86 L/s e 150L/s, de acordo com
o nível do reservatório de água tratada e em função de economia de consumo de energia elétrica

67

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
em horários de pico, e a um ciclo operacional em torno de 24 horas por dia. Os resíduos gerados
no decantador e na lavagem de filtros são descartado de volta para o Rio Turvo Sujo.

O curso d‟água apresenta turbidez consideravelmente superior à apresentada pelo manancial que
abastece as ETAI/SAAE ETAIII/UFV, o que é justificado pelas características de escoamento já que
neste não há a ocorrência de barramento, se tratando de um rio mais tortuoso. O manancial
apresenta uma turbidez média de 52 UNT (Figura 23), no entanto em 50% do tempo o valor de
turbidez apresentado varia entre 16 e 48 UNT, embora picos elevados de turbidez, chegando a
atingir nível superior a 1000 UNT, sejam freqüentes, o quê, em tese, dificultaria o alcance das
metas para turbidez (0,3 UNT, 0,5 UNT e 1,0 UNT).

100
90
80 25%
70 Mínimo
Turbidez (UNT)

60 10%
50 50%
40 90%
30 Máximo
20 Média
10 75%
0
Bruta

Figura : Distribuição de freqüência de turbidez horária da água bruta afluente a ETAII/SSAE


para o período entre os anos de 2004 e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

i) Coagulação e Mistura Rápida


A água bruta é inicialmente introduzida na calha Parshall, onde é aferida a vazão de trabalho. Na
saída da calha, onde se tem uma região de intensa agitação, é adicionado o coagulante (sulfato de
alumínio líquido – Al2(SO4)3). Os ajustes das doses de coagulante em função da qualidade da
água bruta são realizados com base em padrões pré-estabelecidos para faixas de turbidez, sem
realização rotineira de ensaios de jarros (Jar test).
ii) Floculação
Após a adição do coagulante a água adentra ao floculador hidráulico, composto por 10 câmaras
com as passagens alternadas em superior e inferior sempre ao mesmo lado. A unidade possui um
volume de 140 m3 e apresenta tempo de detenção teórico de 15,6 minutos para a vazão de 150
68

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
L.s-1 e de 27,1 minutos para a vazão de 86 L.s-1. Ensaios de traçadores para o levantamento das
características hidráulicas da unidade, que foram realizados após a limpeza da mesma e sob as
duas vazões de trabalho, demonstraram o predomínio do fluxo em pistão, no entanto com grande
diferença entre o tempo de detenção hidráulica teórico e o real (Tabela 19).

Tabela : Características hidráulicas da unidade de floculação para as vazões de 86 e 150 L.s -1

Fluxo
-1
Q(L.s ) TDH teórico (min) TDH real (min)
Pistão M. C.

86 38.6 33 73.68% 26.32%


150 22.1 20 70.79% 29.21%

A aferição dos gradientes de velocidades nas câmaras de floculação da ETA II/SAAE para as
vazões de 80 e 100 L.s-1 apresenta ainda gradientes de velocidade irregulares entres as câmaras,
o que pode vir a causar o rompimento dos flocos.
iii) Decantação
A água floculada é distribuída aos dois decantadores de fluxo horizontal com cerca de 104,5 m2 de
área cada (volume de 362,93 m3), o que resulta em uma taxa de aplicação de 62 m3.m-2.d-1 caso a
vazão seja 150 L.s-1 e 35,5 m3.m-2.d-1 para a vazão de 86 L.s-1.
A NBR 12216 preconiza que estações tratando entre 1000 e 10000 m3.d-1, caso da ETAII/SAAE
quando a vazão é de 86 L.s-1, apresentem taxa de aplicação superficial máxima de 35 m3.m-2.d-1,
no entanto para vazões superiores a taxa de aplicação máxima recomendada chega a 40 m3.m-2.d-
1
em muito superada pela taxa em que opera a estação quando a vazão aplicada é de 150 L.s-1.
Assim a planta de tratamento estaria limitada a operar a uma vazão de 84,7 L.s-1.
O tempo de detenção hidráulica teórico de ambos os decantadores é o mesmo, no entanto existe
um considerável desnível entre os vertedores de coleta de água decantada de cada unidade
provocando uma distribuição desigual da água e afetando as características hidráulicas da unidade
(Tabela 20).

Tabela : Características hidráulicas dos decantadores limpos para as vazões de 86 e 150 L.s -1

TDH teórico TDH real Fluxo


Q(l/s) Decantador Zona Morta
(min) (min) Pistão M. C.
1 141,8 - - - -
86
2 141,8 116 62.47% 37.53% -
150 1 81,3 60 64.78% 35.22% -

69

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2 81,3 48 42.92% 57.08% 12,15%
*Não foi possível determinar o TDH real do decantador 1, ao fim de quase 5 horas de ensaio a condutividade ainda não
havia atingido o pico.

A maior vazão recebida pelo decantador 2 é visualmente notável e comprovada por meio da
medição do nível da calha em cada unidade. Esta pode ser uma das justificativas para
consideráveis diferenças no regime entre duas unidades semelhantes. O monitoramento da
qualidade da água decantada não é uma prática de rotina na estação, impossibilitando o
estabelecimento de uma relação entre a qualidade da água decantada e o desempenho dos filtros.
iv) Filtração
Esta etapa é constituída de dois filtros rápidos de fluxo descendente, leito filtrante simples de
areia, colocado sobre camada suporte de pedregulhos com área de 18 m2 cada unidade, operando
sob uma carreira de filtração média de 49 horas para o filtro 1 e de 42 horas para o filtro 2. Os
filtros operam a uma taxa de filtração média de 200 e de 360 m3.m-2.d-1 quando a vazão é 86 e
150 L.s-1 respectivamente. De acordo com a NBR 12216, a estação estaria limitada a operar sob
uma vazão de 75 L.s-1 a fim de que a taxa de aplicação não supere os 180 m3.m-2.d-1
recomendados.
Quanto ao desempenho dos filtros, não há dados de turbidez de cada unidade em separado,
porém o histórico dos dados de monitoramento de rotina da ETAII/SAAE apontam para uma boa
performance dos filtros, alcançando uma água filtrada de qualidade relativamente adequada
(Figura 23).

2.0

1.8

1.6 25%

1.4 Mínimo
Turbidez (UNT)

1.2 Turbidez (0,3 uT) 10%


(USEPA, 2006) 50%
1.0
90%
0.8
Máximo
0.6 Média
0.4 75%
0.2

0.0
Filtrada

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez residual na água filtrada
para o período entre 2004 e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

70

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
De acordo com os dados de monitoramento de rotina da estação, 99,4% dos dados horários de
turbidez da água filtrada estiveram abaixo de 1 UNT, em 89% a turbidez esteve abaixo de 0,5 UNT
e em 76% abaixo de 0,3 UNT (linha tracejada vermelha). No entanto é importante ressaltar que o
desempenho de uma unidade pode compensar o déficit da outra.
A análise do banco de dados de rotina, não evidencia a existência de uma relação irrefutável entre
a qualidade da água bruta afluente e a qualidade da água filtrada o que pode estar relacionado
com problemas de operação e ou monitoramento, o que ilustrado com o fato de que em 75% dos
dados em que obteve-se os limites de 1,0; 0,5 e 0,3 UNT a turbidez da água bruta era 38, 36 e 36
UNT, respectivamente. Entretanto percebe-se uma tendência de que a turbidez da água bruta
constitua um limite operacional para que seja possível alcançar aos limites mais inferiores de
turbidez, uma vez que partindo-se de uma água bruta de turbidez superior a 38 UNT a freqüência
de alcance do padrão de turbidez é reduzida assim como também reduz-se o alcance das metas de
0,5 e 0,3 UNT (Figura 25).
De acordo com os resultados microbiológicos (Tabela 21) a remoção de protozoários para os filtros
1 e 2 (0,13 e 0,50 oocistos/L, respectivamente) se manteve abaixo da recomendação da USEPA,
(2006) (3 log10), sendo que a turbidez efluente filtrado seja inferior a 0,3 UNT em 95% dos dados
mensais e máximo de 1,0 UNT. A legislação brasileira estabelece que a turbidez efluente filtrado
inferior a 0,5 UNT em 95% dos dados mensais e nunca superior a 5,0 UNT. Observa-se que
apesar de ter encontrado presença de cistos e oocistos nos filtros, o mesmo não ocorreu na água
desinfetada.

Tabela : Caracterização microbiológica e física da água dos filtros da ETA II/SAAE, novembro de
2007 a outubro de 2008, Viçosa – MG, Brasil

VALOR VALOR DESVIO REMOÇÃO Log.


PARÂMETRO FILTRO N(1) MÉDIA(2) MÁXIMO MÍNIMO PADRÃO (%)(3) REMOÇÃO(3)
2.1 12 1,67 12,40 0,20 3,77 78,1 0,66
Turbidez(5) 2.2 12 1,34 7,49 0,25 2,49 82,4 0,75
2.1 12 539,40 2420,00 1,00 1052,98 88,8 0,95
Coliformes Totais(8) 2.2 12 440,93 2420,00 1,00 830,82 90,8 1,04
2.1 12 21,26 100,80 1,00 33,90 93,4 1,18
Escherichia coli(8) 2.2 12 9,35 53,00 1,00 17,82 97,1 1,54
2.1 12 1,45 10,65 0,00 3,13 26,2 0,13
Cryptosporidium spp.(11) 2.2 12 0,63 5,00 0,00 1,77 68,1 0,50
2.1 12 0,25 3,00 0,00 0,87 14,3 0,07
Giardia spp.(12) 2.2 12 0,00 0,00 0,00 0,00 ND ND

NOTAS: (1) número de amostras; (2) valores médios; (3) em relação a água bruta (4) UNT; (5) NMP/100 mL; (6) oocistos/L; (7)

71

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cistos/L; (8) Sem remoção (valor do filtro maior que água bruta) (9) Não Detectado

100 25%
90 Mínimo
80
Turbidez (UNT)

10%
70
60 50%
50 90%
40 Máximo
30 Média
20
10 75%
0
Bruta Bruta Bruta Bruta Bruta Bruta

FILTRADA ≤ 1,0 FILTRADA > 1,0 FILTRADA ≤ 0,5 FILTRADA > 0,5 FILTRADA ≤ 0,3 FILTRADA > 0,3

Figura : Distribuição de freqüência dos dados horários de turbidez da água bruta para os
eventos nos quais a água filtrada apresentou turbidez inferior e superior a 1,0; 0,5; e 0,3 UNT
para o período entre 2004 e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.

O monitoramento da turbidez na água bruta demonstra que a estação opera na maior parte do
tempo (69%) a uma turbidez inferior a 40 UNT, estando, portanto, em grande parte do tempo,
dentro deste limite para operação satisfatória dos filtros (Figura 26). Ressaltando que não se
dispões dos dados de turbidez da água decantada, da qual também depende o bom
funcionamento dos filtros baseando-se no conceito de múltiplas barreiras.

100
90
80
Frequência acumulada

70
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Turbidez Bruta (uT)

72

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Gráfico de freqüência acumulada de turbidez da água bruta, Viçosa-Minas Gerais,
Brasil.

Os filtros apresentam desempenho bastante semelhante, apesar de a carreira de filtração do filtro


2 ser inferior, possivelmente devido, entre outros fatores, à distribuição desigual da água entre os
decantadores. Ambos apresentam meio filtrante de profundidade homogênea. A Tabela 22
apresenta alguns dados levantados acerca de cada filtro. Verifica-se que ambos os filtros operam a
elevadas taxas de aplicação por grande parte do tempo (NBR 12216).

Tabela : Parâmetros operacionais dos filtros da ETA II

Características dos filtros Filtro 1 Filtro 2


Profundidade média, m 0.85 0.73
Espansão média, % 71 84
Duração média da carreira, h 49 42
Taxa de filtração no final da carreira, m3.m-2.d-1 139 122
Taxa de filtração no final da carreira, m3.m-2.d-1 377 242
Perda de carga máxima, m 2.6 2.6

O procedimento de lavagem dos filtros é realizado de forma padronizada, caracterizado por picos
de turbidez no início do processo e duração próxima a 10 minutos. Os registros de operação da
unidade de filtração são antigos e exigem grande número de voltas para serem completamente
abertos.
A lavagem é caracterizada por uma elevada expansão do meio filtrante, porém a altura da calha
coletora impede que haja perda significativa do meio filtrante. Entretanto, a lavagem é muitas
vezes realizada fora do momento adequado, devido a questões de demanda de água ou, até
mesmo, por conveniência.
Ao final do procedimento a turbidez da água dentro dos filtros atinge turbidez próxima a 20 UNT
sendo reconduzida ao processo de filtração.
A turbidez da água filtrada no início da operação dos filtros apresenta decaimento relativamente
acentuado, atingindo uma unidade de turbidez após o 12º minuto para o filtro1 e em torno de 14
minutos para o filtro 2.

v) Desinfecção
A água filtrada é submetida à desinfecção, na qual é utilizado cloro-gás existindo a alternativa de
aplicação de hipoclorito de cálcio em caso de suspensão do fornecimento do gás. Sendo

73

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
adicionado na entrada do tanque de contato. Para o período de 2004 a 2008 o cloro livre residual
esteve, em 80% dos dados, entre 0,80 e 1,0 mg/L (Figura 27).

2.0
1.8
25%
Cloro residual (mg.L -1)

1.6
Mínimo
1.4
10%
1.2
50%
1.0
90%
0.8
Máximo
0.6
Média
0.4
75%
0.2
0.0
Água Tratada

Figura : Distribuição de freqüência da concentração de cloro residual para o período entre 2004
e 2008, Viçosa-Minas Gerais, Brasil.
A água tratada é armazenada em um reservatório monitorado por telemetria, sendo distribuída
conforme a demanda, constituindo assim em aumento da eficiência de remoção de microrganismo
devido à ampliação do tempo de contato ao se considerar o período que a água fica armazenada
no reservatório. No entanto não são realizadas análises de rotina na saída do reservatório.
O reservatório apresenta uma série de rachaduras e vazamentos que possibilitam a
recontaminação da água, além de não existir uma proteção contra o acesso de pessoas estranhas
e animais (pássaros).

2.4.3. Rede de distribuição do Município de Viçosa

A área urbana do município conta com uma rede de aproximadamente 315 km de extensão,
abastecida por duas estações, ETA I fornecida pelo São Bartolomeu (SB) e ETA II pelo rio Turvo
Sujo (TS), ambas com uma vazão de 100 L/s. Elas são interligadas o que permite o abastecimento
nos períodos mais críticos do ano, na época de estiagem a ETA II fica responsável pelo
abastecimento.
O município tem hoje 60 bairros, dos quais 47 são abastecidos através da rede de distribuição de
água (Figura 30), com aproximadamente 16000 ligações e 27000 economias. O sistema de
distribuição, assim como as ligações de água encontra-se georreferenciados, o que permitiu a

74

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
espacialização de informações de consumo de água e a delimitação de zonas de consumo (Figura
31 e 32). Os bairros mais afastados, localizados na zona rural, recebem água de poços artesianos.
A rede de abastecimento é ramificada, típica de cidades que apresentam desenvolvimento linear
pronunciado. A maior parte da canalização é composta por material PVC (93 %), diminuindo desta
forma a contaminação por corrosividade, muitas vezes causada em redes canalizadas por ferro
fundido.
A composição da rede, quanto aos materiais, é a seguinte:
Aproximadamente 212 Km de rede em PVC
Aproximadamente 7,5 Km de rede em Cimento Amianto
Aproximadamente 7,5 Km de rede em Ferro Fundido
Aproximadamente 1,5 Km de rede em Ferro Galvanizado
Em termos de percentual, a Figura 28 apresenta essa relação:

COMPOSIÇÃO DA REDE DE
DISTRIBUIÇÃO
3%3%1%

PVC
CIMENTO AMIANTO
FERRO FUNDIDO
93%
FERRO GALVANIZADO

Figura : Distribuição percentual da composição da rede quanto ao material.

A composição da rede, quanto ao diâmetro das tubulações, é a seguinte:


1,3 Km de rede com 20 mm de diâmetro
9 Km de rede com 25 mm de diâmetro
35,4 Km de rede com 32 mm de diâmetro
33 Km de rede com 40 mm de diâmetro
49 Km de rede com 50 mm de diâmetro
99,7 Km de rede com 60 mm de diâmetro

75

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
6,3 Km de rede com 75 mm de diâmetro
13,2 Km de rede com 85 mm de diâmetro
19,8 Km de rede com 100 mm de diâmetro
8 Km de rede com 125 mm de diâmetro
2,8 Km de rede com 150 mm de diâmetro
23,3 Km de rede com 200 mm de diâmetro
6,4 Km de rede com 250 mm de diâmetro
6,6 Km de rede com 300 mm de diâmetro
Em termos de percentual, a Figura 29 apresenta essa relação:

200 mm 75 mm 125 mm
250 mm
Composição da rede
7,4% 2,0% 2,6%
2,0% quanto aos diâmetros
300 mm 20 mm 25 mm
150 mm
2,1% 0,4% 2,9% 32 mm
0,9% 20 mm
11,3% 40 mm
100 mm 25 mm
10,5%
6,3%
32 mm
85 mm
4,2% 50 mm 40 mm
15,6% 50 mm
60 mm
31,8% 60 mm
85 mm
100 mm

Figura : Distribuição percentual da composição da rede quanto ao diâmetro das tubulações.

76

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Representação espacial da rede e dos bairros e sistema de rede de água de Viçosa,
Minas Gerais, Brasil

77

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Espacialização das ligações de água em Viçosa – MG, 2008

78

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Zonas de Consumo de Água de Viçosa - MG

Figura : Zonas de consumo de água em Viçosa - MG, 2008


Fonte: Pimenta e Canepa (2008)

A rede possui um total de 18 reservatórios, incluindo os reservatórios das ETA‟s, sendo que desses
18, um é enterrado, os demais são apoiados.
O monitoramento é executado de acordo com as exigências da Portaria MS n.º 518/2004, com
análises laboratoriais própria.
79

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
A avaliação da qualidade da água distribuída foi baseada nos dados dos parâmetros da qualidade
da água, fornecido pelo SAAE de Viçosa no período de 2006-2008, o que correspondeu um total de
192 amostras.
De acordo com a avaliação desse período de monitoramento, bem como a opinião dos operadores
da rede de distribuição, cabe inferir os seguintes comentários:
i) observou-se valores cloro residual abaixo de 0,2 mg.l-1;
ii) Em relação aos dados de coliformes totais constatou a presença em três amostras das 192
analisadas, estando localizadas nos bairros Arduino Bolívar, Betânia e Ramos. No entanto não
foram encontrados valores positivos para E. Coli;
iii) Foram observados valores de turbidez acima do permitido pela legislação, localizados na região
central e sudeste;
iv) Foi encontrado valores entre 15 e 53,0 uH para cor, acima do permitido pela Portaria MS n.º
518/2004, que considera o máximo de 15 uH.
iv) Para o parâmetro flúor, substância preventiva de controle a saúde, os valores encontrados
encontram-se dentro do permitido pela Portaria MS n.º 518/2004, de 0,6 a 0,8 mg/l em sua
maioria.
A Figura 33 apresenta a estatística descritiva, dos dados de qualidade da água medidos na rede.

80

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Dados da Rede de Distribuição de Viçosa – MG

Cloro Residual
Turbidez (UNT) Cor (uC) pH
Livre(mg/L)
25% 0.40 0.25 0.00 7.00
50% 0.60 0.40 2.00 7.10
90% 0.90 1.00 9.00 7.40
10% 0.30 0.16 0.00 6.90
Mín 0.00 0.00 0.00 6.10
Máx 2.00 9.80 53.00 8.50
75% 0.80 0.75 5.00 7.20
Figura : Dados de qualidade da água na rede de distribuição de Viçosa, Período: 2005 - 2008

2.5. Construção do diagrama de fluxo

Após a descrição e avaliação do sistema de abastecimento de água procedeu-se a construção do


diagrama de fluxo do sistema de abastecimento de água, já apontando alguns perigos em cada
fase do tratamento, como alguns pontos de intervenção que será realizado (Figura 34).

81

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Produtos químicos
Produtos químicos para controle de
pH e cloro

CAPTAÇÃO

FLOCULAÇÃO
Cidade
LAGOA DE
ABASTECIMENTO SEDIMENTAÇÃO REDE DE
FILTRAÇÃO
DESINFECÇÃO RESERVATÓRIO DISTRIBUIÇÃO
Lodo da ETA
MISTURA RÁPIDA/
COAGULAÇÃO

Resíduos gerados pela


ETA

Legenda:

Pontos de monitoramento
Descargas de nutrientes (Fósforo e
Nitrogênio) no reservatório elevam a
Pontos de perigos
ocorrência de eutrofização, Bloom de algas
e Cianobacterias. (perigos químicos) Pontos de intervenção

Filtro 1 Filtro 2 Filtro 3 Filtro 4


Lagoa 1 Lagoa 2 Adutora de água bruta

Ausência de manutenção preventiva das


adutoras Vazão Q: 100L/s
Presença de cistos e oocistos de Gradiente de
protozoários no manancial de mistura insuficiente
captação.

Coagulação/Floculação Sedimentação Filtração Desinfecção Reservatório Rede de distribuição


Gradientes nas passagens Controle inadequado da operação
Controle inadequado da floculação – falhas de processo e Controle inadequado da desinfecção
elevados e os gradientes nas gradientes de velocidade inadequados nas câmaras e nas dos filtros
câmaras irregulares. passagens entre câmaras.

CAPTAÇÃO DE ÁGUA BRUTA


TRATAMENTO
RESERVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA

Figura : Diagrama de fluxo do sistema de abastecimento de água do município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil

82

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
83

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.5. Identificação e análise de perigos

A identificação dos eventos perigosos /perigos foi realizada a partir da descrição do sistema de
abastecimento (levantamento das informações técnicas, dados históricos, pesquisas realizadas,
monitoramento da qualidade da água ao longo do sistema de abastecimento de água, desde o
manancial até a distribuição). Após essa avaliação, realizou-se inspeção nos dois sistemas em
estudos com o auxílio de check list para a identificação dos principais eventos perigosos
pertinentes a cada etapa dos sistemas de abastecimento de água em estudo.

Nas Tabelas de 23 a 32 listam-se os eventos perigosos identificados como pertinentes em cada


etapa dos sistemas de abastecimento.

2.6. Caracterização e priorização de riscos

Uma vez identificados os eventos perigosos e seus respectivos perigos, o passo seguinte foi a
caracterização, em função da sua significância, ou seja, do grau risco, por meio da matriz de
priorização de risco. Para cada perigo classificado como potencial por meio da classificação de
riscos (muito alto, alto, médio) pela matriz de Priorização de Riscos, foi identificado o perigo
potencial necessita de controle (monitoramento), que por sua vez pode ser identificado utilizando
a árvore de decisão adaptada para identificação dos PCC, PC, PCA e PA.

Para efeito de auxílio ao desenvolvido a seguir, os critérios assumidos para aplicação da matriz são
sintetizados da seguindo a Legenda de análise do perigo (Figura 35):

Conseqüências

Ocorrência Insignificante Baixa Moderada Grave Muito Grave


Peso 1 Peso 2 Peso 4 Peso 8 Peso 16

Quase certo
5 10 20 40 80
Peso 5
Muito Freqüente
4 8 16 32 64
Peso 4
Freqüente
3 6 12 24 48
Peso 3
Pouco Freqüente
2 4 8 16 32
Peso 2
Raro
1 2 4 8 16
Peso 1

84

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Legenda: Análise do Perigo
Muito Alto > 32: risco extremo é não tolerável, necessidade de adoção imediata de medidas de controle, e,
ou ações de gestão ou de intervenção física a médio e longo prazo, sendo necessário, quando couber o
estabelecimento de limites críticos e monitoramento dos perigos para cada ponto identificado.

Alto 16 a 24: risco alto é não tolerável, necessidade de adoção de medidas de controle, e, ou ações de
gestão ou de intervenção física a médio e longo prazo, sendo necessário, quando couber o estabelecimento
de limites críticos e monitoramento dos perigos para cada ponto identificado.

Médio 8 a 12: risco moderado, necessidade de adoção de medidas de controle, e, ou ações de gestão ou de
intervenção física a médio e longo prazo, sendo necessário, quando couber o estabelecimento de limites
críticos e monitoramento dos perigos para cada ponto identificado.

Baixo < 8: risco baixo, tolerável, sendo controlável por meio de procedimentos de rotina, não constituindo
prioridade.
Figura : Exemplo de matriz semiquatitativa de priorização de risco
Fonte: Adaptado de (AS/NZ, 2004) e BARTRAM et al (2009).

Todas essas informações (eventos perigosos/perigos, classificação dos riscos, medidas de controle,
fundamento/justificativa) foram documentadas, conforme Tabelas abaixo.

Tabela : Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na Bacia
Hidrográfica do Ribeirão São Bartolomeu (Manancial Superficial), Viçosa, Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Descarga de efluentes domésticos sem tratamento x
Descarga de efluentes industriais sem tratamento x
Descarga de efluentes domésticos tratados x
Descarga de efluentes industriais tratados x
Descarga de efluentes de criadouros de animais sem tratamento x
Descarga de efluentes de fossas sépticas x
Aporte de escoamento superficial de áreas de atividade agrícola x
Aporte de escoamento superficial de áreas de atividade pecuarista x
Contaminação fecal por animais silvestres x
Aporte de efluentes de mineração x
Ocorrências de acidentes ambientais x
Aporte de águas pluviais de origem urbana x
Aporte de substâncias químicas decorrentes da constituição geológica do
x
solo
Aporte de escoamento superficial de cemitérios x
Incapacidade do manancial em atender a demanda por água (em todo ou
x
em parte do ano)
Ausência de manejo de pastagens x
Compactação do solo da área da bacia x
Avançado processo de degradação da vegetação ciliar x
Manejo inadequado do solo nas culturas agrícolas x
Inexistência de medidas de proteção de nascentes e bacias de captação x
Conflitos relacionados com usos múltiplos da água e solo x
Existência de áreas contaminadas por resíduos industriais x
85

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Processo crescente de urbanização x
Ausência de monitoramento da qualidade da água no manancial x
Ausência de proteção das nascentes x
Reduções sazonais ou ocasionais de vazão x
Presença de criadouros de animais próximos aos cursos d' água x
Existência de atividade recreacional x
Tabela : Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle no ponto de
captação e adução, ribeirão São Bartolomeu, Viçosa, Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Assoreamento x
Acesso de animais x
Acesso de pessoas estranhas x
Problemas estruturais x
Estratificação da água x
Eutrofização e bloom de algas x
Insuficiente capacidade de armazenamento x
Ocorrências de florações de cianobactérias x
Contaminação por efluentes domésticos a montante da captação x
Contaminação por efluentes industriais a montante da captação x
Elevação acentuada da turbidez devido a chuvas intensas x
Contaminação por águas pluviais oriundas de áreas urbanas (drenagem
x
urbana)
Precário estado de conservação dos mecanismos de tomada x
Perda de água x
Inexistência de bomba reserva x
Ausência de proteção das estações de tomada x
Inadequado ponto de captação x
Elevação, crítica, do nível de água (inviabilização da captação) x
Profundidade inadequada do mecanismo de bombeamento x
Ausência de plano de emergência x
Ausência de manutenção preventiva das adutoras x
Inexistência de mecanismos de controle (válvulas de retenção e ventosas) x
Contaminação com água externa x
Inexistência de obstáculos a sólidos grosseiros x
Existência de ocupações humanas e de construções nas faixas de terreno
x
sob as quais estejam implantadas as adutoras
Existência de falhas mecânicas, elétricas e estruturais? x
Histórico de rompimentos de adutoras x

Tabela : Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na Bacia
Hidrográfica do Rio Turvo Sujo (Manancial Superficial), Viçosa, Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Descarga de efluentes domésticos sem tratamento x
Descarga de efluentes industriais sem tratamento x
Descarga de efluentes domésticos tratados x
Descarga de efluentes industriais tratados x
Descarga de efluentes de criadouros de animais sem tratamento x
86

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Descarga de efluentes de fossas sépticas x
Aporte de escoamento superficial de áreas de atividade agrícola x
Aporte de escoamento superficial de áreas de atividade pecuarista x
Contaminação fecal por animais silvestres x
Aporte de efluentes de mineração x
Ocorrências de acidentes ambientais x
Aporte de águas pluviais de origem urbana x
Aporte de substâncias químicas decorrentes da constituição geológica do
x
solo
Aporte de escoamento superficial de cemitérios x
Incapacidade do manancial em atender a demanda por água (em todo ou
x
em parte do ano)
Ausência de manejo de pastagens x
Compactação do solo da área da bacia x
Elevado grau de deterioração da vegetação ciliar x
Manejo inadequado do solo nas culturas agrícolas x
Inexistência de medidas de proteção de nascentes e bacias de captação x
Conflitos relacionados com usos múltiplos da água e solo x
Existência de áreas contaminadas por resíduos industriais x
Processo crescente de urbanização x
Ausência de monitoramento da qualidade da água no manancial x

Reduções sazonais ou ocasionais de vazão x


Presença de criadouros de animais próximos aos cursos d' água x
Existência de atividade recreacional x
Tabela : Identificação dos eventos perigosos e perigos e suas medidas de controle no ponto de
captação, Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Assoreamento x
Acesso de animais x
Acesso de pessoas estranhas x
Problemas estruturais x
Estratificação da água x
Eutrofização e bloom de algas x
Insuficiente capacidade de armazenamento x x
Ocorrências de cianobactérias x
Ocorrências de florações de cianobactérias x
Contaminação por efluentes domésticos a montante da captação x
Contaminação por efluentes industriais a montante da captação x
Elevação acentuada da turbidez devido a chuvas intensas x
Contaminação por águas pluviais oriundas de áreas urbanas (drenagem
x
urbana)
Precário estado de conservação dos mecanismos de tomada x
Perda de água x
Inexistência de bomba reserva x
Ausência de proteção das estações de tomada x
Inadequado ponto de captação x

87

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Elevação, crítica, do nível de água (inviabilização da captação) x
Profundidade inadequada do mecanismo de bombeamento x
Ausência de plano de emergência x
Ausência de manutenção preventiva das adutoras x
Inexistência de mecanismos de controle (válvulas de retenção e ventosas) x
Contaminação com água externa x
Inexistência de obstáculos a sólidos grosseiros x
Existência de ocupações humanas e de construções nas faixas de terreno
x
sob as quais estejam implantadas as adutoras
Existência de falhas mecânicas, elétricas e estruturais x
Histórico de rompimentos de adutoras x

Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa,
Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Coagulação/Mistura Rápida

Ausência de ensaios para estabelecimento de concentração, pH e dose


x
ótimos
Ausência de jartest x
Reduzida freqüência de realização do teste de jarros x
Dose incorreta do coagulante x
Dosagem incorreta do coagulante x
Armazenamento incorreto do coagulante x
Ponto de aplicação do coagulante inadequado x
Ausência de bomba reserva x
Tempo excessivo de mistura do coagulante, baixa agitação (gradiente de
x
velocidade insuficiente)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Inexistência de uma distribuição decrescente de gradientes entre as câmaras x
Gradientes excessivos x
Gradientes reduzidos x
Floculação

Gradiente nas passagens superior ao da câmara anterior x


Deposição excessiva de sedimentos no floculador x
Problemas estruturais nas instalações do floculador x
Existência excessiva de fluxos preferenciais, afetando o perfil hidráulico do
x
floculador
TDH inadequado x
Intervalo de tempo excessivo entre as operações de limpeza x
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Elevada taxa de aplicação x
Distribuição ineficiente da água floculada x
Decantação

Má distribuição da vazão x
Problemas estruturais x
Coleta inadequada da água decantada x
Existência de correntes ascensionais, ressuspenção de lodo x
Presença de cianobactérias e cianotoxinas x
Ocorrência de flotação x

88

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Intervalo de tempo excessivo entre as operações de limpeza x
Vazão operacional superior à vazão de projeto x
Ausência do monitoramento da qualidade da água x
Tempo de detenção inadequado, favorecimento de zonas mortas ou curtos-
x
circuitos
Ausência de tratamento do lodo x
Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa,
Brasil, 2008 (Cont.)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Taxa de filtração não recomendada (excessiva ou reduzida) x
Falha no controle da carreira de filtração x
Granulometria do leito filtrante inadequada x
Leito filtrante deteriorado x
Má distribuição dos grãos do leito (granulometria) x
Excesso de carga hidráulica x
Velocidade excessiva de retrolavagem x
Tempo de lavagem insuficiente x
Velocidade de retrolavagem x
Filtração rápida

Perda de leito filtrante x


Ausência de lavagem superficial do leito x
Ausência de monitoramento da qualidade da água efluente x
Ausência de controle da expansão do leito filtrante x
Exposição do leito filtrante x
Ausência de monitoramento da qualidade microbiológica da água de
x
lavagem.
Ausência de tratamento da água de lavagem x
Elevada razão de recirculação x
Má distribuição da água de lavagem x
Ausência de monitoramento da carreira de filtração x
Deficiência do filtro x
Insatisfatória conservação dos registros e estruturas de controle de vazão de
x
água de lavagem e de água filtrada
Exposição a céu aberto dos filtros ascendentes x
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Estado de conservação dos equipamentos de dosagem insatisfatório x
Uso de agente incompatível com a qualidade da água x
Dose incorreta do desinfetante x
Ausência de conhecimento e controle acerca do tempo de contato x
Desinfecção

CT incorreto x
Existência de vazamentos x
Suspensão do fornecimento de desinfetante x
Ausência de monitoramento dos subprodutos x
Ausência de controle do residual x
Residual insuficiente x
pH de desinfecção insatisfatório x
Inexistência de desinfetante alternativo x
Aplicação do desinfetante em ponto inadequado x

89

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Ausência e conservação e padronização dos equipamentos x
Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa,
Brasil, 2008 (Cont.)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Reservatório de água tratada

Estado de conservação dos reservatórios insatisfatório x


Perda de água x
Acúmulo de sedimentos x
Facilidade de acesso de pessoas e animais x
Corrosão da estrutura do reservatório x
Contaminação, entrada de água externa (chuva) x
Dificuldade em manter-se o residual de cloro x
Deterioração da qualidade da água reservada x
Insuficiência de reserva para atender as variações horárias de consumo x
Operações de limpeza e manutenção ineficientes. x
Ausência de monitoramento da qualidade da água na saída do reservatório x
Possibilidade de refluxo x

Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE,


Viçosa, Brasil, 2008
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Ausência de ensaios para estabelecimento de concentração, pH e dose
Coagulação/Mistura Rápida

x
ótimos
Ausência de jartest x
Reduzida freqüência de realização do teste de jarros x
Dose incorreta do coagulante x
Dosagem incorreta do coagulante x
Armazenamento incorreto do coagulante x
Ineficiência do dosador x
Ponto de aplicação do coagulante inadequado x
Ausência de bomba reserva x
Tempo excessivo de mistura do coagulante, baixa agitação (gradiente de
x
velocidade insuficiente)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Inexistência de uma distribuição decrescente de gradientes entre as
x
câmara
Gradientes excessivos x
Gradientes reduzidos x
Floculação

Gradiente nas passagens superior ao da câmara anterior x


Deposição excessiva de sedimentos no floculador x
Problemas estruturais nas instalações do floculador x
Existência excessiva de fluxos preferenciais, afetando o perfil hidráulico do
x
floculador
TDH inadequado x
Intervalo de tempo excessivo entre as operações de limpeza x
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Decant
ação

Elevada taxa de aplicação x


Distribuição ineficiente da água floculada x
90

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Má distribuição da vazão x
Problemas estruturais x
Coleta inadequada da água decantada x
Existência de correntes ascensionais, ressuspenção de lodo x
Presença de cianobactérias e cianotoxinas x
Ocorrência de flotação x
Intervalo de tempo excessivo entre as operações de limpeza x
Vazão operacional superior à vazão de projeto x
Ausência do monitoramento da qualidade da água x
Tempo de detenção inadequado, favorecimento de zonas mortas ou curtos-
x
circuitos
Ausência de tratamento do lodo x

Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE,


Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Taxa de filtração não recomendada (excessiva ou reduzida) x
Falha no controle da carreira de filtração x
Granulometria do leito filtrante inadequada x
Leito filtrante deteriorado x
Má distribuição dos grãos do leito (granulometria) x
Excesso de carga hidráulica x
Velocidade excessiva de retrolavagem x
Tempo de lavagem insuficiente x
Velocidade de retrolavagem x
Filtração rápida

Perda de leito filtrante x


Ausência de lavagem superficial do leito X
Ausência de monitoramento da qualidade da água efluente x
Ausência de controle da expansão do leito filtrante x
Exposição do leito filtrante x
Ausência de monitoramento da qualidade microbiológica da água de
x
lavagem.
Ausência de tratamento da água de lavagem x
Elevada razão de recirculação x
Má distribuição da água de lavagem x
Ausência de monitoramento da carreira de filtração x
Deficiência do filtro x
Insatisfatória conservação dos registros e estruturas de controle de vazão de
x
água de lavagem e de água filtrada
Exposição a ceu aberto dos filtros ascendentes x
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Estado de conservação dos equipamentos de dosagem insatisfatório x
Desinfecção

Uso de agente incompatível com a qualidade da água x


Dose incorreta do desinfetante x
Ausência de conhecimento e controle a cerca do tempo de contato x
CT incorreto x
Existência de vazamentos x

91

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Suspensão do fornecimento de desinfetante x
Ausência de monitoramento dos subprodutos x
Ausência de controle do residual x
Residual insuficiente x
pH de desinfecção insatisfatório x
Inesistência de desinfetante alternativo x
Problemas estruturais x
Aplicação do desinfetante em ponto inadequado x

Tabela : Identificação dos eventos perigosos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE,


Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Eventos Perigosos Sim Não N.A
Reservatório de água tratada

Estado de conservação dos reservatórios insatisfatório x


Perda de água x
Acúmulo de sedimentos x
Facilidade de acesso de pessoas e animais x
Corrosão da estrutura do reservatório x
Contaminação, entrada de água externa (chuva) x
Dificuldade em manter-se o residual de cloro x
Deterioração da qualidade da água reservada x
Insuficiência de reserva para atender as variações horárias de consumo x
Operações de limpeza e manutenção ineficientes. x
Ausência de monitoramento da qualidade da água na saída do reservatório x
Possibilidade de refluxo x

92

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos TC Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) (4) controle

Descarga de efluentes Microorganism 5 2 10 PA Melhorias sanitárias Quanto ao destino do esgoto doméstico,


domésticos sem tratamento os patogênicos Médio 36,5% (91/249) das propriedades utilizam
fossa seca; 16,8% (42/249) fossa com
sumidouro; 2,0% (5/249) fossa séptica;
32,9% (82/249) rio/ribeirão; 1,6% (4/249)
céu aberto e 10% (25/249) rede pública.
(todas as sub-bacias do RSB)
Descarga de efluentes Microorganism 5 2 10 PCC Ampliar o tratamento de esgoto para Estudos comprovam ineficiência no
domésticos sem tratamento os patogênicos Médio remoção de microorganismos, ou efluente da ETE-Romão dos Reis na
adequado provenientes de interceptar o efluente final e levá-la remoção do tratamento, sendo
para fora da zona de captação para identificadas elevadas concentrações de
estação de tratamento de esgoto
uma rede de esgotos das proximidades protozoários (104 cistos de Giardia spp./L
para fora da bacia hidrográfica e 102 oocistos de Cryptosporidium spp./L
para) (DIAS, 2007). O monitoramento no
manancial vem detectando concentrações
de cistos/L e oocistos/L de protozoários a
montante da ETE (0,89 e 3,78).
Descarga de efluentes não Microorganism 5 4 20 PA Controle da criação de animais da Elevada quantidade de propriedades com
pontuais oriundos de criadouros os patogênicos Alto bacia com medidas de gestão a longo criação de animais 74,6% (70/94), sendo
de animais (bovinos, caprinos, prazo. 615 bovinos, 171 suínos, 43 eqüinos, 186
caprinos, 36439 aves. Foi demonstrado
suínos) sem tratamento.
que os animais contribuem para a
contaminação das águas com alta
concentração de Giardia e
Cryptosporidium, quer com fontes
pontuais ou não (todas as sub-bacias,
exceto a sub-bacia Paraíso).
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

93

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 33: Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Crescente processo de Microorganism 5 4 20 PA Fortalecimento da legislação urbana O lançamento de esgoto na bacia tem
urbanização os patogênicos Alto do município, tais como: leis de demonstrado uma importante fonte de
proteção de mananciais; contaminação da água, sendo necessária a
zoneamento ambiental; leis de uso conscientização das comunidades. Como
Substâncias
e ocupação do solo e criação de também a presença de substâncias
químicas
áreas de Proteção Ambiental. químicas perigosas (cádmio e chumbo)
acima do permitido pela a Resolução
CONAMA n.º 357/2005 e Portaria
518/2004.
As variações sazonais de vazões Quantidade 2 4 8 PA Existência de medidas de proteção Intensificação das medidas de
e uso para irrigação ameaçam a insuficiente de Médio de mananciais e conservação de conservação ou recomposição da
escassez de água durante a água disponível recursos hídricos. Implementação vegetação das áreas de recarga do lençol
de alguns dos instrumentos da Lei subterrâneo, áreas essas geralmente
estação seca para captação
n.º 9.433/1997, tais como: outorga situadas nas chapadas ou nos topos dos
dos direitos dos usos dos recursos morros na sub-bacia do RSB realizado pelo
hídricos; constituição de comitês de SAAE em parceria com instituições locais.
bacias; elaboração dos Planos
Diretores de Recursos Hídricos e
participação comunitária e o
controle social.
Ocorrência natural de ferro e Substâncias 2 2 4 Não Não é possível monitorar esse De acordo com os dados monitorados no
manganês químicas Baixo é evento natural, devendo ser período de fevereiro a outubro de 2008 os
PCC controlado na estação de resultados mostram alteração apenas para
tratamento com implantação de alumínio (parâmetro de aceitação para
técnicas que remova os limites de consumo humano), de acordo com a
aceitação previsto na portaria d Resolução CONAMA n.º 357/2005 e
epotabilidade. Portaria 518/2004.
Ausência em toda a abacia de Físico, químico 5 4 20 PA Existência de medidas de proteção De acordo com o levantamento das
medidas de proteção de e biológico Moderado de mananciais e conservação de fontes pontuais foi observado que
nascentes Físico, químico recursos hídricos nem todas as nascentes são
94

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
e biológico protegidas.
Presença de cádmio e chumbo na Químicos 5 10 50 PCC Identificação e eliminação das Foram encontradas concentrações de
bacia em teores elevados. Alto fontes de lançamentos Cádmio e Chumbo cima dos valores
máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e
0,01 mg . PbL-1) pela Portaria MS n.º
518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º
357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo
completo); verifica-se, portanto, a
necessidade de identificação das fontes
desses metais.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

Tabela : Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de capação da Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Bruscas alterações na qualidade da Perigos físicos, 2 4 8 PC Evento natural devendo ser A série de três barramentos (represas) a
água bruta com elevação acentuada (Turbidez) Médio controlado no ponto de captação montante do ponto de captação contribui
da turbidez devida a chuvas intensas. microrganismos com barramentos o que já existe e para uma reduzida turbidez na água bruta
patogênicos um maior controle no processo de ao longo de grande parte do ano, estando
tratamento, principalmente na em 75% do tempo abaixo de 17UNT, no
carreira de filtração entanto o efeito da elevação acentuada de
turbidez no desempenho da ETAIII/UFV e
ETAI/SAAE, já foi demonstrado em
trabalhos anteriores, bem como, as
dificuldades do processo de filtração em
sistematicamente alcançar 0,3 UNT, a
eventual detecção de protozoários na água
filtrada e as dificuldades de manutenção
dos residuais de cloro na rede de
distribuição.

95

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Descargas de nutrientes (Fósforo e Físicos (odor, 5 2 10 PCC Intervenções nas fontes de Os resultados revelam a presença de
Nitrogênio) no reservatório elevam a gosto) Moderado lançamentos de nutrientes (fósforo diversas cianobactérias, porém em baixas
ocorrência de eutrofização, Bloom de Químicos e e nitrogênio) na bacia hidrográfica concentrações (da ordem de 400 cel /
algas e Cianobacterias. microbiológicos conforme mediadas de controle mL), sem indícios de presença de espécies
acima. Realização de tóxicas (GUIMARÃES, 2007).
monitoramento dos nutrientes.
Contaminação por efluentes 5 5 10 50 PCC Identificação e eliminação das Foram encontradas concentrações de
industriais a montante da Alto fontes de lançamentos Cádmio e Chumbo cima dos valores
captação, como por exemplo, máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e
0,01 mg . PbL-1) pela Portaria MS n.º
presença de cádmio e chumbo na
518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º
bacia em teores elevados.
357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo
completo); verifica-se, portanto, a
necessidade de identificação das fontes
desses metais.
Ocorrência natural de ferro e Substâncias 2 2 4 Não Não é possível monitorar esse De acordo com os dados monitorados no
manganês químicas Baixo é evento natural, devendo ser período de fevereiro a outubro de 2008 os
PCC controlado na estação de resultados mostram alteração apenas para
tratamento com implantação de alumínio (parâmetro de aceitação para
técnicas que remova os limites de consumo humano), de acordo com a
aceitação previsto na portaria d Resolução CONAMA n.º 357/2005 e
epotabilidade. Portaria 518/2004.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

96

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 33: Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de capação da Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008
(Cont.)
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Presença de cistos e oocistos de 5 4 20 PCC Intervenção na bacia hidrográfica, Apesar do processo de sedimentação
protozoários no manancial de Microrganismos Alto conforme relatado nas medidas de decorrente da existência das lagoas, são
captação. patogênicos controle da bacia hidrográfica encontradas concentrações, relativamente,
altas concentrações de ocistos de Giardia e
oocistos de Cryptosporidium (média
geométrica na ordem de 1,14 a 4,41
respectivamente) (BRAGA 2006). No
monitoramento realizado, desde novembro
de 2007 a outubro de 2008 foi detectado a
presença de ocistos de Giardia e oocistos de
Cryptosporidium (0,23 e 0,83)
respectivamente. Outras densidades de
concentrações foram encontradas variando
de (7,0 cistos/L de Giardia e 21,5 e 7,98
oocistos/L de Cryptosporidium) BASTOS et
al. (2004) e HELLER et al. (2006).
Falhas elétricas e mecânicas Falta de água 1 4 4 PCA Garantir a existência de bombas de Dessa forma, esses eventos perigosos foram
(Inexistência de bomba reserva, falta Baixo substituição de bomba reserva e classificados como ponto de controle de
de manutenção de bombas) implantação de programas de boas atenção, sendo necessária a correção para
práticas assegurar qualquer problema futuro na
qualidade do tratamento.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

97

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 33: Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de capação da Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB), Viçosa, Brasil, 2008
(Cont.)
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Inexistência de mecanismos de Falta de água 1 4 4 PA Implantação de programas de boas Nos últimos anos não foi detectado
controle (válvulas de retenção e Baixo práticas nenhum problema em relação às adutoras
ventosas) e toda a estrutura de bombas, peças da
captação, no entanto, observou-se a
ausência de manutenção preventiva do
sistema de válvulas e programas de
monitoramento.
Ausência de plano de emergência Não se aplica 1 4 4 PA Elaboração dos planos Nos últimos 10 anos não foram
Baixo identificadas nenhuma emergência e,
portanto a elaboração dos planos tem por
objetivo facilitar a implantação das
medidas corretivas.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Descarga de efluentes Microorganism 5 2 10 PA Melhorias sanitárias A bacia do rio Turvo recebe efluentes
domésticos sem tratamento os patogênicos Médio domésticos decorrentes das
propriedades rurais e urbanas, que
utilizam dentre outras formas, a fossa
seca, fossa séptica, rede pública, em
alguns casos céu aberto e/ou
rio/ribeirão.
Descarga de efluentes não Microorganism 5 4 20 PA Controle da criação de Os dados obtidos após o trabalho de
pontuais oriundos de criadouros os patogênicos Alto animais da bacia com campo (aplicação do questionário)
de animais (bovinos, caprinos, medidas de gestão a longo somado aos dados levantados junto ao
suínos) sem tratamento. prazo. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE /2006) revelaram que,
dos 2082 estabelecimentos
agropecuários, 43,6% (910) são de
bovinos, 3,5% (72) são de
caprinos/ovinos, 17,2% (361) de suínos
e 35,7% (745) são de aves.
Em toda a extensão da Bacia do rio
Turvo Sujo foram identificadas as
seguintes fontes de poluição pontual:
caprinocultura, suinoculturas, avicultura
e piscicultura; e como fontes difusas,
esgoto doméstico, dejetos de animais.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 34: Caracterização dos riscos e medidas de controle na Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Crescente processo de Microorganism 5 4 20 PA Fortalecimento da legislação O lançamento de esgoto na bacia tem


urbanização os patogênicos Alto urbana do município, tais como: demonstrado uma importante fonte de
leis de proteção de mananciais; contaminação da água, sendo
zoneamento ambiental; leis de necessária a conscientização das
uso e ocupação do solo e comunidades.
criação de áreas de Proteção
Ambiental.
Presença de cádmio e chumbo na 5 5 10 50 PCC Identificação e eliminação das Foram encontradas concentrações de
bacia em teores elevados. Alto fontes de lançamentos Cádmio e Chumbo cima dos valores
máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e
0,01 mg . PbL-1) pela Portaria MS n.º
518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º
357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo
completo); verifica-se, portanto, a
necessidade de identificação das fontes
desses metais.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

100

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de captação da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008

Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C (12)
RI (3)
TC (4) controle

Bruscas alterações na Perigos físicos, 2 4 8 PC Evento natural devendo ser O manancial apresenta uma turbidez
qualidade da água bruta com (Turbidez) Médio controlado no ponto de captação média de 52 UNT, no entanto em
elevação acentuada da microrganismos na estação de tratamento um 50% do tempo o valor de turbidez
patogênicos
turbidez devido a chuvas maior controle no processo de apresentado varia entre 16 e 48 UNT
intensas. tratamento, principalmente na embora picos elevados de turbidez,
carreira de filtração. chegando a atingir nível superior a
1000 UNT, sejam freqüentes, o quê,
em tese, dificultaria o alcance das
metas para turbidez (0,3 UNT, 0,5
UNT e 1,0 UNT).
Presença de cistos e oocistos Microrganismos 5 4 20 PCC Intervenção na bacia hidrográfica A concentração de oocistos de
de protozoários no manancial patogênicos Alto Cryptosporidium no ponto de captação
de captação. do rio Turvo Sujo foi de 3,96
oocistos/L e 0,88 cistos/L de Giardia.
Essas concentrações exigem remoção
relativamente elevada na ETAII/SAAE
(≈ 3,0 log), de forma a assegurar
nível de risco de 10-4.
Ausência de manutenção Falta de água 1 4 4 PA Implantação de programas de boas Nos últimos anos não foi detectado
preventiva das adutoras. Baixo práticas nenhum problema em relação às
adutoras e toda a estrutura de
bombas, peças da captação, portanto,
observou-se a ausência de
manutenção preventiva das adutoras
e programas de monitoramento.
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

101

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 35: Caracterização dos riscos e medidas de controle no ponto de captação da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008
(Cont.)
Caracterização do risco
Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1) C(12) R I(3) TC (4) controle

Ausência de plano de emergência Não se aplica- 1 4 4 PA Elaboração dos planos Nos últimos 10 anos não foram
Baixo identificadas nenhuma emergência e,
portanto a elaboração dos planos tem
por objetivo facilitar a implantação das
medidas corretivas.
Existência de ocupações Falta de água 1 4 4 PA Programa de manutenção Nas proximidades do ponto de
humanas e de construções nas Baixo preventiva do sistema de captação apresenta chácaras e
faixas de terreno sob as quais captação e adução residências.
estejam implantadas as adutoras
Contaminação por efluentes 5 5 10 50 PCC Identificação e eliminação das Foram encontradas concentrações de
industriais a montante da Alto fontes de lançamentos Cádmio e Chumbo cima dos valores
captação, como por exemplo, máximos permitidos (0,005 mg. Cd L-1 e
0,01 mg . PbL-1) pela Portaria MS n.º
presença de cádmio e chumbo na
518/2004 e pela Resolução CONAMA n.º
bacia em teores elevados.
357/2005. Essas concentrações não são
removidas no sistema de tratamento (ciclo
completo); verifica-se, portanto, a
necessidade de identificação das fontes
desses metais.

NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

Tabela : Caracterização dos riscos e medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12)
RI (3)
TC (4) controle

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Ausência de ensaios 5 4 20 PC Realização de diagrama de Comprometimento da coagulação e,
para estabelecimento Perigos físicos Alto coagulação para aferir o melhor por conseguinte, dos processos
de concentração, pH e (turbidez) par dose de coagulante - pH a unitários subseqüentes (floculação,
dose ótimos. ser adotado. Realização de decantação, flotação, filtração,
Negligência no ensaio ensaio sistemático de Jar Test. desinfecção) e do processo de
Coagulação/ Mistura Rápida

sistemático de Jar Adequação do ponto do tratamento como um todo. A falha


Test, dosagem e coagulante A aplicação dos mais freqüente: dispersão inadequada
aplicação incorretas de produtos químicos deve ser do coagulante e operação do processo
coagulante, realizada por meio de difusores. sem o controle adequado dos
Os locais e as seqüências de mecanismos de coagulação mais
aplicação devem ser apropriados à qualidade da água e à
determinados mediante ensaios tecnologia de tratamento. Os dados
feitos localmente. de monitoramento da ETA I/SAAE têm
Ausência de bomba Falta de água 5 1 5 PCA Aquisição de equipamento demonstrado alteração da turbidez e
reserva Baixo presença de protozoários na água
Tempo excessivo de Perigos físicos 5 2 10 PA Ajuste da instalação de mistura filtrada.
mistura do coagulante, (turbidez) Médio rápida
baixa agitação
(gradiente de
velocidade
insuficiente)
NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

103

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 36: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)

Caracterização do risco Medidas de


Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Ausência de 5 2 10 PA Tratamento adequado dos O lodo apresenta grande concentração de
Decantação

tratamento e Médio resíduos da ETA. sólidos e, conseqüentemente, presença de


disposição do lodo dos Microorganism protozoários o que pode estar relacionada
decantadores da ETA, os patogênicos com as características do manancial de
perigos microbiológico abastecimento, que possui elevada
quantidade de protozoários.
Controle inadequado Físico 5 8 40 PCC Garantir a existência de um O desempenho da filtração é satisfatório,
da operação dos filtros (Turbidez) Grave plano geral de manutenção obtendo, em mais de 70% do tempo,
Microorganism da operação dos filtros. valores de turbidez residual inferiores a
os patogênicos Controle rigoroso das 0,3 UNT, em cerca de 94% do tempo
carreiras de filtração por meio turbidez inferior a 0,5 UNT e em mais de
do controle da perda de carga 99% do tempo a turbidez filtrada não
durante a filtração e da ultrapassa o valor de 1 UNT. No entanto
qualidade da água filtrada em não se percebe uma relação clara entre a
Filtração

cada unidade de filtração. elevação da turbidez da água bruta e a


Manutenção da turbidez da eficiência do tratamento, levando a crer
água filtrada inferior a 1,0 que a estação é capaz de operar
uT; idealmente menor do que eficientemente sob elevados valores de
0,5 UNT. turbidez. Verifica-se que o desempenho
Deterioração do leito Físico 5 4 20 PCA Adequação da camada da filtração é satisfatório, entretanto
filtrante (Turbidez) Alto filtrante para evitar fluxo tem limitações para alcançar os valores
Microorganism preferencial de partículas e mais rigorosos de turbidez tidos como
os patogênicos patógenos para a água indicadores da remoção de
filtrada. protozoários, principalmente no que se

NOTAS: O – Ocorrência, C = Conseqüência, RI = Risco Inerente e TC = Tipos de Controles

104

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 36: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAI/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Ausência de Microorganis- 5 4 20 PA Implantação de Refere a Cryptosporidium (0,3 UNT). De
Filtração

monitoramento e mos Alto monitoramento sistemático e acordo com o monitoramento vem


tratamento da água de patogênicos de tratamento da água de sendo detectado presença de ocistos/L
lavagem. Recirculação lavagem de filtros. (0,33 a 0,57) e oocistos/L (0,11 a 22,3)
da água de lavagem. de protozoários.
Controle inadequado Substâncias 5 4 20 PCC Garantir a existência de um Para o período de 2004 a 2008 o cloro
da desinfecção químicas Alto programa de controle da livre residual esteve, em 80% dos dados,
(Controle do concentração do Cloro e do entre 0,70 e 1,0 mg/L, o que
cloro residual na
tempo de contato, a fim de se corresponderia a um CT entre 9,72 e
saída e tempo de
manter adequado o Produto 16,32mg.min/L, assim por grande parte
contato)
Concentração do desinfetante do tempo os valores de CT estão abaixo
x Tempo de Contato. Ensaio dos recomendados pela legislação de
com traçadores quando potabilidade (15mg.min/L). Foi verificada,
Desinfecção

possível para verificar tempo por meio de inspeção visual, a ausência


de contato real. de chicanas e disposição inadequada do
Presença de curtos- Substâncias 5 4 20 PCA Construção de chicanas no local de entrada/saída de água no tanque
circuitos e zonas químicas Alto tanque de contato , para de contato.
mortas. (Controle do evitar curtos circuitos, zonas
cloro residual na
mortas e garantir o controle
saída e tempo de
do tempo de contato
contato)
Conservação e 3 4 12 PCA Conservação e padronização
padronização dos Médio dos equipamentos de
equipamentos de dosagem
dosagem

105

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Ausência de Substâncias 5 4 20 PC Implementação de um
monitoramento dos químicas Alto programa de monitoramento
subprodutos dos subprodutos da
desinfecção.
Operações de limpeza Substâncias 3 4 12 PCA Garantir a manutenção dos Possibilidade de recontaminação da água.
Reservató

e manutenção dos químicas Médio reservatórios implantando


(Controle do
rios

reservatórios medidas de boas práticas


cloro residual),
ineficientes.
Turbidez,
Microbiológicos

106

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Ausência de ensaios 5 4 20 PC Realização de diagrama de Comprometimento da coagulação e, por
para estabelecimento Perigos físicos Alto coagulação para aferir o conseguinte, dos processos unitários
de concentração, pH e (turbidez) melhor par dose de subseqüentes (floculação, decantação,
dose ótimos. coagulante - pH a ser flotação, filtração, desinfecção) e do
Coagulação/ Mistura Rápida

Negligência no ensaio adotado. Realização de processo de tratamento como um todo. A


sistemático de Jar ensaio sistemático de Jar falha mais freqüente: dispersão
Test, dosagem e Test. Adequação do ponto do inadequada do coagulante e operação do
aplicação incorretas de coagulante A aplicação dos processo sem o controle adequado dos
coagulante, produtos químicos deve ser mecanismos de coagulação mais
realizada por meio de apropriados à qualidade da água e à
difusores. Os locais e as tecnologia de tratamento. Os dados de
seqüências de aplicação monitoramento da ETA II/SAAE têm
devem ser determinados demonstrado alteração da turbidez e
mediante ensaios feitos presença de protozoários na água filtrada.
localmente.
Ausência de bomba Falta de água 5 1 5 PCA Aquisição de equipamento
reserva Baixo

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 37: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Controle inadequado 5 4 20 PCC Determinação criteriosa dos A aferição dos gradiente na ETAII/SAAE
da floculação – falhas Físicos Alto parâmetros de projeto e permitiu presumir pequenas falhas
de processo e (turbidez) execução cuidadosa das construtivas em algumas câmaras da
gradientes de Microorganism unidades de floculação. instalação devido à elevação dos
velocidade os patogênicos Levantamento das dimensões gradientes em algumas destas ao se
Floculação

inadequados nas exatas das unidades comparar com a anterior. As falhas mais
câmaras e nas executadas e em operação; freqüentes: gradientes de velocidade
passagens entre levantamento dos perfis inadequados, não decrescentes, ou
câmaras. hidráulicos e dos parâmetros gradientes excessivos nas passagens,
reais de operação; resultando em sedimentação de flocos no
comparação com os floculador ou ruptura dos flocos.
parâmetros ótimos e Os gradientes reais são, portanto,
realização dos ajustes inadequados: reduzidos, distante dos
necessários. ótimos e oscilam aleatoriamente.

108

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 37: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Elevada taxa de Físicos 4 2 8 PCA Ampliação da unidade ou A taxa de aplicação de operação da
aplicação. (turbidez) e Médio adequação para atender à unidade supera as recomendações da NBR
microbiológicos vazão de operação (40 m³/m².dia) atingindo 61 m3/(m2.dia).
Distribuição ineficiente Físicos 5 2 10 PCA Otimizar a distribuição de A deficiência do fluxo favorece a zonas
da água floculada e (turbidez) e Médio fluxo de água floculada: mortas e curtos circuitos e o reduzido
distribuição desigual microbiológicos aumento do número de número de orifícios na cortina de
de água para os de orifícios. Nivelamento da distribuição eleva o gradiente de
cantadores. Tempo de calha coletora. velocidade provocando a quebra dos
detenção inadequado.. flocos. A distribuição desigual de água
Decantação

para os decantadores eleva a taxa de


aplicação de operação para uma das
unidades.
Ausência do Não se aplica 5 2 10 PCA Implementação de programa Através do monitoramento da água
monitoramento da Médio de monitoramento da decantada é possível inferir o limite de
qualidade da água qualidade da água decantada operação dos filtros a partir da qualidade
da água decantada.
Ausência de Substâncias 5 4 20 PCA Tratamento adequado dos O lodo apresenta grande concentração de
tratamento e químicas Alto resíduos da ETA. sólidos e, conseqüentemente, presença de
disposição do lodo dos protozoários o que pode estar relacionada
decantadores da ETA, com as características do manancial de
abastecimento, que possui uma elevada
quantidade de protozoários.

Tabela 37: Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle na ETAII/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008 (Cont.)

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Caracterização do risco Medidas de
Etapa Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4) controle
Controle inadequado Físico 5 8 80 PCC Garantir a existência de um Em geral verifica-se que o desempenho da
da operação dos filtros (Turbidez) Grave plano geral de manutenção filtração é satisfatório, obtendo, em mais
Microorganism da operação dos filtros. de 70% do tempo, valores de turbidez
os patogênicos Controle rigoroso das residual inferiores a 0,3 UNT, em cerca de
carreiras de filtração por meio 94% do tempo turbidez inferior a 0,5 UNT
do controle da perda de carga e em mais de 99% do tempo a turbidez
durante a filtração e da filtrada não ultrapassa o valor de 1 UNT.
qualidade da água filtrada em No entanto não se percebe uma relação
Filtração

cada unidade de filtração. clara entre a elevação da turbidez da água


Manutenção da turbidez da bruta e a eficiência do tratamento,
água filtrada inferior a 1,0 levando a crer que a estação é capaz de
UNT; idealmente menor do operar eficientemente sob elevados
que 0,5 UNT. valores de turbidez. Verifica-se que o
Ausência de controle Físico 5 4 20 PCA Monitoramento da expansão desempenho da filtração é satisfatório,
da expansão do leito (Turbidez) Alto do leito durante a lavagem e entretanto tem limitações para alcançar
filtrante Microorganism controle da velocidade de os valores mais rigorosos de turbidez
os patogênicos retrolavagem. tidos como indicadores da remoção de
protozoários, principalmente no que se
refere a Cryptosporidium (0,3 UNT).

Tabela : Identificação dos eventos perigos e perigos e suas medidas de controle no sistema de distribuição de Viçosa, Brasil, 2008
110

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Caracterização do risco Medidas de
Eventos perigosos Perigos Base/Fundamento
O (1)
C(12) R I(3) TC (4)
controle
Manutenção Pressão 2 8 16 PCC Garantir, no interior das O intervalo de pressão para a rede
inadequada do sistema Alto tubulações, pressões dentro modelada oscilou entre 30 e 130 mca,
de distribuição, dos limites recomendados algumas pressões mostraram-se menores
provocando redução pela ABNT, ou seja, que 10 mca, porém nenhum valor
de pressões ou preferencialmente entre 10 e negativo foi encontrado, diminuindo desta
consumo de cloro. 50 mca (pressões elevadas maneira o perigo da ocorrência de uma
favorecem perdas de água, sub-pressão.
enquanto que pressões
baixas dificultam o
abastecimento domiciliar e
ensejam a contaminação da
água no interior das
tubulações).
Algumas alterações da Químicos 2 8 16 PCC Garantir um residual de cloro Observou-se valores de cloro residual livre
qualidade água Microbiológica Alto adequado. Estabelecer abaixo de 0,2 mg.l-1 com presença de
distribuída Físico procedimentos de limpezas e coliformes totais, apenas em três
desinfecção das tubulações amostras das 192 analisadas, estando
localizadas nos bairros Arduino Bolívar,
Betânia e Ramos. Não foi detectado
presença de E. Coli. Foi encontrado
valores acima 15,0 uH para cor, portanto,
acima do permito pela Portaria MS n.º
518/2004.

111

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.7. Exemplos de aplicação de outros métodos para caracterização de riscos
2.7.1. Etapas geração de mapa de risco da bacia hidrográfica de contribuição
Etapas para o desenvolvimento do mapa de risco
Para título de exemplo será apresentado o mapa de risco apenas da sub-bacia do ribeirão
São Bartolomeu.
Para realização do estudo, foram utilizados como base de dados cartográficos: (i) Imagem
IKONOS, 290 km2 – L17km C20km, 2007 com resolução espacial de 1 metro; (ii) Mapa de
uso do solo da bacia; (iii) Curvas de nível de 5m obtidas a partir de estereoscopia da
imagem IKONOS; (iv) Mapa de solos; (iv) Carta planialtimétrica do IBGE, folha Viçosa (SF-
23-X-B-V-3) de 1979.
Para o processamento das informações foi utilizado o software GIS Idrisi 32, version
Kilimanjaro, maio de 2003, © The Clark Labs for Cartographic Tecnology and Geographic
Analysis e o software ArcGIS/ArcGRID, version 9.2, © Environmental Systens Research
Institute. A vetorização do mapa de solos ocorreu no software ArcInfo. O trabalho foi
desenvolvido, levando em consideração as seguintes etapas:
i) identificação dos critérios que interferem na qualidade da água
Foram utilizadas as seguintes camadas de informação: mapa de declividade; mapa de
solos, mapa de fluxo acumulado (retrata a área de contribuição para cada ponto da
bacia); mapa de uso e ocupação do solo.
ii) Definição dos critérios de riscos e restrições e avaliação da escala adotada
Em técnicas de análise multicritério utilizando o SIG, é necessário fazer a homogeneização
dos seus valores, que consiste em processo de reescalonamento dos valores dos critérios
para um intervalo comum a todos eles, de forma que possam ser ponderados.
Neste trabalho optou-se pela atribuição de valores de 0 a 100 para as várias „classes‟ de
cada critério, sendo que „zero‟ implicaria „impacto nulo‟ ou „desprezível‟ sobre a qualidade
da água e, no outro extremo, 100 implicaria „impacto máximo‟. Cumpre destacar que, para
efeito deste trabalho, „impactos sobre a qualidade da água‟ referem-se a „perigos‟ („grau
de risco potencial‟) introduzidos, tendo em vista o tratamento e abastecimento para
consumo humano. Nessa avaliação preliminar não foi utilizado o critério „distâncias das

112

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
fontes de poluição pontuais‟, bem como a variável „qualidade da água‟, sendo necessária s
sua inserção no trabalho final para validação do mapa de risco. O Quadro 3 apresenta o
resumo dos valores dos critérios (solos, uso e ocupação, declividade, fluxo acumulado)
utilizados para geração do mapa de risco.

Quadro : Resumo dos critérios e valores que interferem na qualidade da água validados
por especialistas
Critérios Descrição do grau de fragilidade perigos
Classes priorizadas Ponderação
Declividade: Fornece a noção do comportamento do 0–3 5
relevo que está diretamente relacionada a problemas de 3-8 20
assoreamento de corpos hídricos, manifestada em taxas 8 - 20 45
elevadas de material em suspensão, na redução da 20 - 45 75
profundidade da camada eufótica e na modificação da 45 - 75 100
qualidade da água, afetando a produtividade primária e
> 75 100
toda a rede trófica do sistema.
Tipos de Solos: O tipo de solo em uma bacia de Cambissolo Háplico 65
drenagem é de fundamental importância avaliar as suas
propriedades, que são diretamente relacionadas à Gleissolo Háplico 25
susceptibilidade desses solos à erosão, em uma análise
integrada a outros fatores, para subsidiar análises de riscos Latossolo Vermelho-
40
de contaminação da água. Amarelo
Argissolo Vermelho-
20
Amarelo
Uso e ocupação: Influência diretamente na qualidade d Olericultura 70
água, e, conseqüentemente na tratabilidade da água tais
como: Café 50
(ii) a agricultura faz uso de fertilizantes, os quais
contribuem para processos de eutrofização dos corpos Culturas anuais
60
d‟água. (milho/feijão)
(iii) solos expostos são mais susceptíveis a processos Solo Exposto 75
erosivos, elevando a turbidez da água e potencializando Áreas urbanas 100
processos de assoreamento de corpos d‟água represados.
(iv) Áreas urbanas são, em geral, fontes (pontuais) de Pastagem degradada 55
poluentes e contaminantes, tais como: matéria orgânica, Pastagem não
nutrientes (N, P), microrganismos patogênicos. 45
degradada
(v) Pastagens (degradadas ou não) estão associadas à
produção animal, constituindo fontes (difusas) de
poluentes e contaminantes, tais como: matéria orgânica,
nutrientes (N, P), microrganismos patogênicos. Formações florestais 1
(vi) Capoeiras (mata de baixo porte) e formações florestais
podem atuar no amortecimento do escoamento superficial.
Fluxo acumulado:. É a área de contribuição de água a Acima de 25000 m2 ** 100
montante do ponto analisado (célula ou pixel nas imagens 6250 a 25000 m2* 75
digitais). A partir da direção do fluxo, o fluxo acumulado é 2
1250 a 6250 m * 50

113

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
obtido somando a área das células (quantidade de células
ou pixels) na direção do fluxo (escoamento) até o curso
d‟água. Para efeito dessa consulta, a questão é formulada 0 a 1250 m2* 25
em termos de área (m2), uma vez que cada pixel possui 5
m2.
Importância
Ponderação das camadas
Ordem Ponderação Percentual (%)
Uso e Ocupação 1 95 30,16
Declividade 3 60 19,05
Tipo de Solo 5 40 12,70
Fluxo Acumulado 4 50 15,87
Dist. das Fontes Poluentes 2 70 22,22

iii) Normalização dos critérios, por meio da função fuzzy


A “Estrutura do Modelo de Avaliação” foi baseada nas etapas descritas na Figura 36.
Primeiramente, os fatores foram normalizados utilizando a lógica fuzzy. A seguir, os pesos
foram ordenados seguindo ordem de importância, fazendo-se a combinação dos fatores
par a par e, a partir desta, calculou-se os pesos ordenados por meio da matriz weight.
Diante dos resultados, os critérios foram combinados no módulo MCE (WLC e OWA) o
IDRISI, para a geração do mapa do risco. O cruzamento das camadas de informação foi
efetuado a partir da ferramenta Decision Suport, do programa Idrisi, atribuindo iguais
pesos aos critérios.

114

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Imagem
Critério Ambiental

Normalização
Função Fuzzy e Z-score

Imagem do Critério
Ambiental
(Normalizado)

Peso 1
Comparação para a par

Imagem do Critério
Ambiental
(Normalizado e Ponderado)

Combinação

WLC, OWA

Mapa de Riscos

Figura : Etapas da estrutura do modelo de avaliação de análise multicritério


Para a espacialização dos critérios, primeiramente foi necessário gerar o Modelo Digital de
Elevação (MDE), que não é usado diretamente na análise, mas dele são derivados os
critérios, o mapa de declividade e o mapa de fluxo acumulado de água. Assim, MDE
hidrologicamente consistente da área de estudo em formato raster, com células de 5
metros, foi obtido através da extensão spatial analyst com a ferramenta Topo to raster, a
partir dos arquivos em formato vetorial de hidrografia, curvas de nível e limite. (Figura 37)
(PONTES, 2008).
A hidrografia foi extraída da carta planialtimétrica folha Viçosa do IBGE (SF-23-X-B-V-3) do
ano 1979, na escala de 1: 50.000, em formato digital. As curvas de nível com
eqüidistância de 5 metros foram geradas a partir de restituição digital realizada com a
imagem IKONOS.
A declividade foi derivada do MDE pela extensão spatial analyst com a ferramenta Slope,
selecionando a opção para os dados serem apresentados em forma de porcentagem.

115

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Para o estabelecimento das classes de declividade foram utilizados intervalos de
porcentagem de inclinação consagrados na literatura (Figura 38).
O fluxo acumulado de água foi derivado do MDE por meio da extensão spatial analyst
utilizando a ferramenta Hidrology, foram preenchidas as depressões com a ferramenta Fill.
Deste arquivo, foi gerado um novo arquivo a partir da ferramenta Flow direction que
demonstra a direção do fluxo de água em cada célula que em seguida foi utilizado para
gerar o fluxo acumulado de água pela ferramenta Flow accumulation. O mapa de fluxo
acumulado de água foi divido em classes, e as mesmas foram quantificadas em área e
percentualmente em relação à área da bacia (Figura 39).
O mapa de solos em meio analógico foi vetorizado via mesa digitalizadora e editado com o
software Arcinfo. Em seguida o arquivo editado recebeu em seu banco de dados as
classes de solos (Figura 40). Foram quantificadas as classes em hectares e suas
respectivas proporções em relação à área de estudo. A chave de identificação das classes
de solos foi fundamentada no modelo solo/paisagem da região proposto por Côrrea
(1984) do departamento de solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV)
O mapa de uso e ocupação do solo foi elaborado através de interpretação da imagem
IKONOS, 2007, sendo realizado o tratamento da imagem por meio da segmentação e
classificação de imagens digitais. Para aferir o desempenho da classificação foi utilizado o
recurso da estatística por meio do índice Kappa que estima a proporção da variabilidade
total devida à variação entre os classificadores. Para uma maior confiabilidade da
classificação foi realizada visita in loco para subsidiar em uma melhor classificação (Figura
41).

116

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa do Modelo Digital de Elevação da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu,
Viçosa Minas Gerais, Brasil (Fonte: Imagens IKONOS, 2007)

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Figura : Mapa de declividade da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais, Brasil
(Fonte: Imagens IKONOS, 2007)
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Figura : Mapa de fluxo acumulado da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais, Brasil (Fonte:
Imagens IKONOS, 2007)

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Figura : Mapa de solos da bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa – MG

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Figura : Mapa de uso e ocupação do solo na bacia de captação do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa - MG

122

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iv) Elaboração do mapa de riscos
A confecção do mapa de risco foi realizada a partir das informações obtidas do cruzamento dos mapas
dos critérios de declividade, fluxo acumulado de água, solos e uso ocupação. O cruzamento foi
efetuado a partir da extensão spatial analyst com a ferramenta raster calculator.
O arquivo gerado a partir da divisão em classes, com intervalos referentes ao grau de risco ambiental
(Tabela 40).

Tabela : Classes de risco ambiental e área em percentual para cada grau de risco

Grau de risco Categoria de hierarquia Área em percentual para


cada Grau de Risco
0 - 25 Muito Baixo 7.30%
25 - 40 Baixo 22.67%
40 - 50 Médio 16.98%
50 -70 Alto 50.03%
70 - 100 Muito Alto 0.03%

v) Espacialização dos índices de qualidade da água da bacia


Para fins de validação do mapa de risco foram especializados os dados de qualidade de água obtidos
no período de Fevereiro a Outubro de 2008. Esses dados foram especializados em forma de Índice de
Qualidade de Água Bruta - IAP (Tabela 4). O IAP é composto pelo Índice de Qualidade da Água - IQA
e o Índice de substâncias tóxicas e organolépticas – ISTO.
Os índices foram especializados para cada área de contribuição de cada sub-bacia. Para realização
deste procedimento foi utilizada uma imagem com os limites das sub-bacias em formato shape, que
foram exportados em ASC II para que o Idrisi pudesse processá-las. No Idrisi foi utilizado o comando
Reclass, e atribuídos os respectivos valores de IQA médio e IPA médio aos pixels pertencentes às sub-
bacias, assim como as classificações desses índices (ótimo, bom, ruim, regular e péssimo), gerando
desta forma 4 mapas: mapa com os IQAs médios das sub-bacias; mapa com os IQAs classificados;
mapa com os IAPs médios das sub-bacias e mapa com os IAPs classificados.
Após esta espacialização dos índices de qualidade da água (Figuras 42 e 43) mostram os mapas com
os Índices médios de Qualidade da Água (IQA) e os Índices médio de Qualidade da Água Bruta para
fins de Abastecimento Público (IAP) numérico e classificado.

123

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de Índices médios de qualidade da água IQA classificados para as sub-bacias do
Ribeirão São Bartolomeu no ano de 2008, Viçosa - MG

124

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de Índices médios de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público
(IAP) classificados para as sub-bacias do Ribeirão São Bartolomeu no ano de 2008, Viçosa - MG

125

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
vi) Análise parcial dos resultados obtidos
De acordo com os resultados obtidos no mapa de risco ambiental (Figura 44) as classes entre 50 – 70
apresentaram maior abrangência da área 50,03% é sendo considerada categoricamente em nível
hierárquico como “Alto” e para a classe entre 70 – 100 com 0,03% da área apresentou risco alto. A
explicação observada para esta redistribuição tanto espacial quanto quantitativa e qualitativa, deve-se
pelo o uso do solo (pastagem degradada) que contribuiu para o aumento do grau de risco. A
pastagem degradada se distribui na paisagem da área de estudo geralmente nas encostas mais
declivosas onde o fluxo de água acumulado é maior.
Segundo o mapa de uso ocupação (Figura 41) a classe de usos “vegetação nativa” apresenta maior
área em relação às demais, com 28,8% seguida da classe pastagem degradada com 25,9%,
pastagem não degradada 15,4% e agricultura com 13,9%. Esses usos influenciam diretamente na
qualidade da água, e, conseqüentemente na tratabilidade da água.
Fazendo uma avaliação dos resultados espacializados no mapa de risco e o mapa de IAP (Figura 42 e
43) pode-se observar que o índice da qualidade da água para fins de abastecimento público, também
revelou um índice de qualidade péssimo. Como no levantamento das fontes de poluição difusas e
pontais não foram identificadas fontes que justificasse essas concentrações altas de cádmio e
chumbo, sugere-se reavaliar o método utilizado para realização das analises laboratoriais, bem como
diagnosticar na bacia outras possíveis fontes de poluição.

126

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de risco da Bacia Hidrográfica do ribeirão São Bartolomeu, Viçosa Minas Gerais, Brasil
(Fonte: Imagens IKONOS, 2007)

127

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
As áreas no mapa de risco que apresentaram classes de riscos (alto e muito alto)
correspondem, em ordem de riscos, às sub-bacias dos córregos (Engenho, Antuérpia,
Palmital e Paraíso). Já as sub-bacias Santa Catarina e São Lucas apresentaram riscos
na faixa (levemente baixo e baixo). Os dados de monitoramento da qualidade da água,
a princípio, sustentam esse resultado, pois nessas duas sub-bacias foram as que
apresentaram menores concentrações de protozoários e nutrientes (Tabela 5 e 6).
O resultado espacial foi coerente, pois as sub-bacias „Córrego Antuérpia‟ e „Córrego
Engenho‟ apresentam elevadas porcentagens de solo exposto/pastagens degradadas,
que estão associadas à produção animal, constituindo fontes (difusas) de poluentes e
contaminantes, tais como: matéria orgânica, nutrientes (N, P), microrganismos
patogênicos. O mesmo se pode inferir para as sub-bacias Santa Catarina e São Lucas,
que apresentam áreas com formações florestais que podem atuar no amortecimento
do escoamento superficial, e conseqüentemente na contaminação. Esse resultado é
semelhante ao encontrado por Dias (2007), que registrou na mesma bacia, que áreas
com maior cobertura vegetal (mata/capoeira) apresentam menor ocorrência de
protozoários no manancial superficial.
Apesar dos dados apresentados necessitarem de melhor refinamento, além da
validação dos critérios adotados, considera-se que algumas características das áreas
destacadas, juntamente com a distribuição espacial dos dados, podem auxiliar na
explicação da ocorrência de (oo)cistos de protozoários, contaminação por matéria
orgânica, nutrientes (N, P), substâncias químicas que representam risco á saúde
(chumbo, cádmio) e que interferem no padrão de aceitação para consumo (ferro,
alumínio e manganês) nas sub-bacias pesquisadas, além de contribuir para priorização
das áreas que necessitam de maior intervenção.

2.7.2. Etapas para geração de mapa de riscos da rede de distribuição


Para o processamento das informações os softwares de SIG utilizados no trabalho
foram o Idrisi Andes versão 15, © The Clark Labs for Cartographic Tecnology and
Geographic Analysis, o ArcView GIS versão 3.2, © Environmental Systens Research
Institute, ArcGis versão 9.2, © Environmental Systens Research Institute.
No ArcView foram espacializados os dados da qualidade de água, os registros de
reclamações e pressão, sendo realizado no IDRISI a interpolação dos dados

128

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
mencionados e a análise multicritério, proporcionando a elaboração do mapa de risco à
qualidade da água.
Para simulação da qualidade da água na rede foi utilizado o programa EPANET versão
2.0, obtido no site da U.S. Environmental Protection Agency (USEPA) (Rossman, 2000).
O EPANET possui interface com os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e com o
AutoCad, o que facilita na migração de informações.
As informações relacionadas à rede de abastecimento em ambiente SIG (arquivos
shapefile) foram exportadas para o EPANET por meio do conversor shp2epa, adquirido
gratuitamente na Internet.
Os dados utilizados no trabalho foram disponibilizados pelo setor de geoprocessamento
do SAAE, prefeitura da cidade de Viçosa e IBGE.
Para efeito de organização didática, o desenvolvimento da técnica será descrito em
etapas, a saber:
(i) Primeira Etapa: as informações necessárias para a simulação no EPANET do
comportamento hidráulico e da dinâmica da água na rede de distribuição foram
organizados e preparados com o emprego do software ArcView 3.2. Foram utilizados
os seguintes dados secundários: informações cadastrais da rede de distribuição
(traçado da rede, diâmetro das tubulações, cotas dos nós, localização de válvulas,
boosters e reservatórios de distribuição). Esta etapa tem como objetivo a geração dos
dados de pressão, através do modelo hidráulico de funcionamento da rede obtido com
o EPANET.
Foram definidas “zonas de consumo”, por meio da criação de polígonos, agrupando
consumidores (definidos por ligações de água georreferenciadas) em regiões
específicas da rede de distribuição. Com base em informaçoes de micromedição de
consumo de água, foram atribuídos valores de „demanda de água‟ em cada nó da rede
(para cada zona de consumo), de acordo com a repectiva região abastecida.
Como o consumo de água varia ao longo do dia, necessitou-se inserir no sistema um
padrão temporal, que discretizasse essa variação. Os padrões temporais são
compostos por um conjunto de fatores multiplicativos aplicados ao valor da demanda
em cada nó, com o objetivo de variá-las ao longo da simulação. A variação horária de
consumo nodal foi atribuída ao setor modelado de acordo com dados de medição de
vazões na rede, realizadas com o equipamento Datalog.

129

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
O processo de calibração de vazões nos trechos da rede foi realizado por meio de
ajustes nos dados de rugosidade das tubulações, demanda de água nos nós da rede,
válvulas e nível dos reservatórios.
A simulação hidráulica da rede de distribuição realizado no EPANET gerou resultados
horários de pressões, os quais foram comparados com valores de medição em campo
de vazões e pressões. Os valores numéricos foram exportados para o IDRISI, tomando
como referência a simulação relativa ao horário crítico (13:00h), de maior consumo e,
consequentemente, de menores pressões na rede.
Em razão da análise de perigos, uma vez que a ocorrência de sub-pressões pode
causar a introdução de água externa não-tratada no sistema e a consequente alteração
na qualidade, com possibilidade de recontaminação. Neste aspecto, quanto menores os
valores de pressão, maiores os riscos.
Em resumo, os resultados mostram que o intervalo de pressão para a rede modelada
oscilou entre 30 e 130 mca, algumas pressões mostraram-se menores que 10 mca. Na
rede simulada, os menores valores estão na faixa entre 0 e 8 mca aproximadamente, a
maior parte das áreas concentram-se entre 40 e 70 mca, porém nenhum valor
negativo foi encontrado, diminuindo desta maneira o perigo de uma recontaminação
por ocorrência de sub-pressão.
A fim de auxiliar na caracterização de risco a espacialização dos dados ajuda a
visualizar quais as áreas de maior risco, o que facilita sua intervenção. A pressão
quando negativa é considerada um risco de interferência na qualidade da água, sendo
que pressões abaixo de 10 mca constituem alerta de perigo (Figura 45).

130

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de pressão na rede na rede de distribuição do Município de Viçosa,
2009 MG, Brasil
(ii) Segunda Etapa: consiste na espacialização dos dados de reclamações dos
consumidores, referente a problemas do cotidiano na rede, intermitência, cloro
residual, turbidez e coliformes. Para tanto foi utilizada a ferramenta disponível no
ArcView Geocode Address que possibilita a localização automática dos endereços. É um
método que consegue determinar a posição de um ponto por interpolação,
considerando o nome do logradouro, o número da residência ou outro tipo de
informação de endereço que estiver contida na rede. O arquivo shapefile logradouros
utilizado deve conter o número das edificações para que seja possível a execução
desta tarefa. Cada um dos dados foi associado ao número de residência
correspondente, uma vez ter sido cadastrada junto ao SAAE.
Dos 47 motivos de reclamações, utilizou-se 13 (Água fechada, Água sem pressão,
Água suja, Cano quebrado, Esgoto aberto, Falta de água, Fechar água, Ramal de água
vazando, Rede de água vazando, Vazamento antes do hidrômetro, Vazamento de
esgoto na rede da rua, Vazamento de esgoto no ramal externo e Vazamento no
cavalete). Foram eliminados os que não se relacionam aos problemas de distribuição
de água e aqueles que não interferem na vizinhança (casos isolados), ou seja,
131

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
considerou-se “motivos” que afetam várias residências ao mesmo tempo e que
interferem na qualidade da água.
Para identificação e avaliação dos perigos, considerou “problema” de risco, trabalhou-
se com os registros de intermitência e outras reclamações vinculadas a rede.
Na Figura 46, o mapa de intermitência descreve a proporcionalidade de ocorrências da
falta de água na rede, comprovando baixo risco para toda região interpolada,
mesclados a pequenos trechos considerados alto risco.

Figura : Mapa de Intermitência na rede na rede de distribuição do Município de


Viçosa, 2009 MG, Brasil
O mapa de registro de reclamações, Figura 47, é semelhante ao de intermitência,
prevalecendo o baixo risco intercalado por intervalos de alto risco.

132

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de registro de reclamações na rede na rede de distribuição do
Município de Viçosa, 2009 MG, Brasil

(iii) Terceira Etapa: para converter os dados de qualidade de água para consumo,
tido como moniotramento pontual para campos contínuos foi adotado o método de
interpolação. O interpolador utilizado foi o IDW(Inverse Distance Weighted), onde o
peso atribuído a um ponto amostrado é inversamente proporcional à distância entre os
pontos amostrados e não amostrados. Este método é indicado para estimativas de
propósito geral e apresenta bons resultados. Outros interpoladores não foram
utilizados, pois, a finalidade era preservar os valores pontuais dos dados amostrados, o
que foi realizado com sucesso.
Dessa forma, considerou na avaliação os dados de qualidade que são monitorados na
rede de distribuição, realizado pelo SAAE, de acordo com as exigências da legislação
de potabilidade brasileira. Neste trabalho foi considerado os seguintes parâmetros
(Cloro residual, pH, Turbidez, Coliformes Totais, Cor, Flúor). A Figura 48 (a – e)
agrupam os mapas de qualidade.

133

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
a) Mapa de Cloro residual livre - VMP 0,2 a 2,0 mg.l-1

b) Mapa de Coliformes Totais – VMP Ausência em 95% das amostras mensais

Figura : Mapa de qualidade de água distribuída no Município de Viçosa, 2009, Minas


Gerais
134

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
c) Mapa de Turbidez – VPM 5 UNT

d) Mapa de Cor – VMP 5 uH


Figura 48: Mapa de qualidade de água distribuída no Município de Viçosa, 2009,
Minas Gerais (Cont.)

135

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
e) Mapa de pH – VMP 6,0 a 9,5 unidades de pH

Figura 48: Mapa de qualidade de água distribuída no Município de Viçosa, 2009,


Minas Gerais (Cont.)

De acordo com a Figura 48a para o parâmetro cloro residual livre observa-se que
valores abaixo de 0,2 mg.l-1 são considerados alto risco, ou seja, a medida que este
valor diminui o risco aumenta. Os riscos se concentram na faixa entre intermediário
localizado no bairro de Nova Viçosa, à levemente baixo e baixo nas demais áreas.
Em relação aos dados de coliformes totais constatou a presença em três amostras das
192 analisadas, estando localizadas nos bairros Arduino Bolívar, Betânia e Ramos
(Figura 48b).
Para a turbidez o risco aumenta conforme seus valores tendem a se elevar. Na rede de
distribuição, como padrão de aceitação para consumo, o limite é de 5 UNT, e para a

136

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
água tratada (pós-filtração ou pré-desinfecção) o limite é de 1 UNT, valor assumido
como componente do padrão microbiológico de potabilidade.
Assim, a faixa de 1,0 a 2,0 UNT foi considerada risco de alerta na rede de
abastecimento, estando classificada como intermediária, representada na Figura 48c.
Os bairros os quais se encontram no intervalo de 1,0 a 1,6 UNT localizam-se na região
central e sudeste.
Foi encontrado valores entre 15,0 e 53,0 uH para cor, acima do permitido pela Portaria
MS n.º 518/2004, que considera o máximo de 15 uH. Entretanto, este valor não
supera o baixo risco identificado em sua maioria nas demais áreas em análise, como
ilustrado na Figura 48d.
Para o parâmetro flúor (Figura 48e), substância preventiva de controle a saúde, os
valores espacializados encontram-se dentro do permitido pela Portaria MS n.º
518/2004, de 0,6 a 0,8 mg/l em sua maioria. Algumas áreas estão fora deste VMP,
porém não foi considerado um fator negativo, uma vez que os demais parâmetros não
apresentam estado conflitante.
(iv) Quarta Etapa: Nessa etapa utilizou-se a análise fuzzy para padronizar os mapas
obtidos por meio da interpolação, as imagens de saída foram geradas no formato de 0
a 1. Utilizando o módulo Weight do IDRISI, foram atribuídos pesos para cada critério
(as variáveis descritas anteriormente), de acordo com a importância relativa de cada
um em termos de risco potencial à saúde. Esse procedimento foi realizado passo-a-
passo tomando os critérios em pares, sendo os pesos arbitrados segundo
entendimento subjetivo dos autores do presente trabalho.
Assim, para efeito de ponderação de risco, aos teores de cloro abaixo desse limite
foram considerados alto risco para perdas da qualidade da água. Para isso, foi utlizada
a função fuzzy sigmoidal monotônica decrescente.
Em relação às pressões, valores muito baixos podem favorecer a infiltração na rede e,
consequentemente, recontaminação da água tratada. Assim como para o cloro, a
função é decrescente, ou seja, o aumento da pressão na rede implica diminuição dos
riscos associados. Naturalmente, a ocorrência de subpressões é considerada como a
situação de risco máximo. Nestes aspectos, valores menores a 10 mca foram tidos
como alto risco.
A legislação brasileira estabelece como padrão de turbidez para a água tratada (pós-

137

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
filtração ou pré-desinfecção) o limite de 1 UNT, no padrão microbiológico de
potabilidade. Na rede de distribuição, como padrão de aceitação para consumo, o
limite é de 5 UNT, sendo valores acima deste aqui assumidos como correspondentes
ao máximo risco. No trabalho, valores entre 1 a 5 UNT foram considerados riscos
médios e acima de 5 UNT alto risco.
A intermitência de abastecimento de água foi caracterizada por meio do registro de
queixas de consumidores sobre ocorrência de falta de água. A intermitência representa
evento perigoso na medida em que a descontinuidade de fluxo de água pode provocar
subpressões e, portanto, facilitar a infiltração na rede; além disso, a descontinuidade
no abastecimento pode levar o consumidor à busca de outras fontes de água não
tratada para suprimento das suas necessidades. O registro de intermitência foi
considerado alto risco a partir de “1” boletim de ocorrência. Nesse caso, foi utilizada a
função sigmoidal monotônica crescente. O registro de reclamações de outra natureza,
recebeu tratamento similar ao adotado para a intermitência.
Na ponderação dos pesos, a pressão na rede e os dados de qualidade de água (cloro e
turbidez) foram consideradas as variáveis mais importantes, já que informam de forma
mais direta sobre situações de perigo.
(v) Quinta Etapa: o mapa de risco da qualidade da água foi obtido por meio do
módulo MCE (Multi Criteria Enhancement) do IDRISI, utilizando a opção Weight Linear
Combination e tomando como dados de entrada os fatores fuzzy de cada critério e os
pesos calculados no módulo Weight.
Para elaboração do mapa de risco foi considerado os parâmetros da qualidade da água
(coliformes totais, cloro residual livre, turbidez, cor, pH, flúor), pressão, intermitência e
registro de reclamações (Figura 49)

138

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Figura : Mapa de risco, MCE – WLC na rede na rede de distribuição do Município de
Viçosa, 2009 MG, Brasil
Na Figura 60, mostra que os locais de maior risco na faixa de 0 a 0,62 (risco médio)
estão justamente de acordo com o fator coliformes totais, considerado de maior peso
no MCE. Segundo as Normas da Portaria 518/2004, quando são detectados resultados
positivos para coliformes totais, mesmo que estejam dentro do valor permitido, é
cabível realizar novas análises, o que caracteriza a relevância na identificação destes
lugares.
As demais áreas encontram-se espacialmente no intervalo de baixo risco, confirmando
os bons resultados dos dados envolvidos na análise.

2.9. Etapa 2: Monitoramento Operacional

Para cada PCC e PC deve-se estabelecer os respectivos Limites Críticos (LC) e medidas
corretivas, determinando-se, assim, os objetivos a serem cumpridos pelo sistema, de

139

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
modo a garantir a qualidade da água dentro dos limites desejados A definição do
monitoramento operacional deve dar respostas a questões do tipo “O Quê?”, “Onde?”,
“Como?”, “Quando?”, “Quem?”. Os PCA e PA não requerem o estabelecimento de
limites críticos, e, sim intervenções físicas.

As Tabelas a seguir apresentam um resumo das informações necessárias para a


realização do monitoramento.

140

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Monitoramento Operacional na Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB) e Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008

Eventos perigosos Perigos Limites Críticos Monitoramento Ações Corretivas


Local Freqüência Responsável
Descarga de efluentes Microorganismos Atendimento a Resolução ETE–Romão dos reis Mensal SAAE Controle operacional e
domésticos sem patogênicos CONAMA n.º 357 Monitoramento do monitoramento dos
tratamento adequado efluente da ETE e no efluentes
provenientes de (DBO, DQO, Sólidos ponto de mistura do rio
estação de tratamento Sedimentáveis, NTK,
de esgoto Fósforo, Coliformes
Totais e Fecais,
protozoários, etc
Descargas de Parâmetros de IAP > 51 Ponto de captação da Mensal Órgão Medidas de gestão e
nutrientes e qualidade (Coliformes, bacia do ribeirão São ambiental do intervenção na bacia
substâncias químicas pH e Bartolomeu na lagoa 1 e Município
na bacia hidrográfica ponto de captação do rio
proveniente de DBO, DQO, N-Total, P- IQA > 36 Turvo Sujo
atividades agrícolas, Total, Temperatura,
pecuárias etc. Turbidez, Residual
Total, OD).
Substâncias Tóxicas
(Cianobactérias,
Cádmio, Chumbo,
Cromo Total, Níquel,
Mercúrio) e
Organolépticas
(Alumínio Dissolvido,
Cobre Dissolvido, Ferro
Dissolvido, Manganês
e Zinco)

141

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela 48: Monitoramento Operacional no ponto de captação Bacia do Ribeirão São Bartolomeu (SB) e Rio Turvo Sujo, Viçosa, Brasil, 2008
(Cont.)

Eventos perigosos Perigos Limites Monitoramento Ações Corretivas


Críticos
Local Freqüência Responsável
Presença de cistos e Oocistos de 1,0 a 3,0 Ponto de captação Mensal SAAE/UFV Medidas de gestão e
oocistos de Cryptosporidium oocistos/L para da bacia do ribeirão intervenção na bacia
protozoários no atender risco anual São Bartolomeu na
manancial de de 10-4 e DALY 10- lagoa 1 e ponto de
6
captação. captação do rio
Turvo Sujo
Descargas de Parâmetros de IAP > 51 Ponto de captação Mensal SAAE/UFV Medidas de gestão e
nutrientes e qualidade da bacia do ribeirão intervenção na bacia
substâncias (Coliformes, pH e São Bartolomeu na
químicas no lagoa 1 e ponto de
reservatório DBO, DQO, N-Total, IQA > 36 captação do rio
proveniente de P-Total, Turvo Sujo
atividades agrícolas, Temperatura,
pecuárias etc. Turbidez, Res. Total,
OD). Substâncias
Tóxicas
(Cianobactérias,
Cádmio, Chumbo,
Cromo Total, Níquel,
Mercúrio) e
Organolépticas
(Alumínio Dissolvido,
Cobre Dissolvido,
Ferro Dissolvido,
Manganês e Zinco)
142

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Monitoramento Operacional na ETA I /SAAE, Viçosa, Brasil, 2008

Etapa Eventos Perigos Limites Monitoramento Ações Corretivas


perigosos Críticos
Local Freqüência Responsável
Floculação Controle Turbidez UNT menor que 8 Água Jar test e SAAE Redução da vazão da ETA
inadequado da decantada monitoramento
floculação Microbiológico „on line‟ da
turbidez da
água
decantada

Filtração Controle Tubidez e <0,5 UNT Saída de Horária para SAAE Coagulação. Descarte de
inadequado da protozoários cada filtro turbidez e produto não conforme (> 0,5
operação dos Monitoramento de mensal para UNT) Controle da coagulação
filtros (oo)cistos na protozoários e ajuste do processo de
medida do possível. desinfecção

Desinfecção Controle Cloro, pH e Seguir VMP da Tanque de Horária „on SAAE Ajuste do processo de
inadequado da Temperatura Portaria MS n.º contato line‟ desinfecção
desinfecção 518/2004

143

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Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Monitoramento Operacional na ETA II/SAAE, Viçosa, Brasil, 2008

Etapa Eventos Perigos Limites Monitoramento Ações Corretivas


perigosos Críticos
Local Freqüência Responsável
Filtração Controle Tubidez e <0,5 UNT Saída de cada Horária para SAAE Descarte de produto
inadequado da protozoários filtro turbidez e não conforme (> 0,5
operação dos Monitoramento mensal para UNT) Controle da
filtros de (oo)cistos na protozoários coagulação e ajuste
medida do do processo de
possível. desinfecção
Desinfecção Controle Cloro, pH e Seguir VMP da Tanque de Horária „on SAAE Ajuste do processo
inadequado da Temperatura Portaria MS n.º contato line‟ de desinfecção
desinfecção 518/2004

145

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
Tabela : Monitoramento Operacional na rede de distribuição do Município de Viçosa, Brasil, 2008

Etapa Eventos perigosos Perigos Limites Monitoramento Ações Corretivas


Críticos
Local Freqüência Responsável
Rede de Manutenção inadequada Pressão 10 e 50 mca Pontos com baixo Semanal SAAE (Rede Reparação de perdas
distribuição do sistema de distribuição, concentração de do Município)
provocando redução de cloro
pressões, baixas
velocidades ou consumo
de cloro
Cloro residual Mínimo de 0,2 a Pontos críticos Semanal SAAE (Rede Garantir a qualidade
2,0 mg.l-1 com baixos valores do Município) da água na rede
de pressão estabelecendo o
cloro residual
Alterações da qualidade Turbidez 5 UNT Pontos críticos com Semanal/Diária SAAE (Rede Restabelecer o cloro
água distribuída baixa concentração do Município) livre residual
Cor 15 uH de cloro detectado
no mapa de risco
Coliformes Totais Ausência em
95% das
amostras

146

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
2.8. Etapa 3: Planos de gestão

Os planos de gestão são documentos descritivos das ações a serem tomadas em casos de
operação de rotina, condições excepcionais e comunicação de risco à saúde. Os planos também
possibilitam a verificação constante do PSA. Esta etapa inclui a elaboração dos planos de
monitoramento, os planos de gerenciamento de rotina, emergencial e comunicação, bem como os
respectivos documentos de gestão de qualidade necessários.
Os planos de gestão de rotina e emergenciais foram elaborados, tendo como base no
levantamento das informações das etapas anteriores, as quais foram incluídas: i) Avaliação do
sistema de abastecimento, incluindo a identificação de perigos e pontos críticos de controle; ii) Os
resultados do programa de monitoramento, iii) A eficácia das medidas de controle, incluindo as
medidas preventivas e corretivas e melhorias implementadas.
Os planos de monitoramento de rotina contem as informações necessárias obtidas no
monitoramento operacional para cada ponto crítico de controle identificado em cada etapa do
sistema. Cabe destacar, que nessa fase os pontos críticos de controle estão sendo mantidos sob
monitoramento permanente, por meio de rotinas de inspeções, medições físicas e monitoramento
da qualidade da água, até os mesmos se tornarem pontos críticos aceitáveis. Para garantir uma
maior segurança da qualidade da água fornecida ao consumidor os seguintes protocolos
operacionais de rotina foram elaborados e encontra-se em fase de implantação:
Procedimentos operacionais para o monitoramento do manancial;
Procedimentos operacionais para operação da captação;
Procedimentos operacionais para operação do filtro;
Procedimentos operacionais para operação da desinfecção, fluoretação e adição de pH;
Procedimentos operacionais para operação da rede de distribuição;
Procedimentos para recepção de produtos químicos;
Procedimentos para manutenção e calibração de equipamentos;
Procedimentos operacionais para gestão de laboratórios.
Os planos de gestão em situações emergenciais foram identificados, em função do histórico de
eventos ocorridos na bacia hidrográfica e no desempenho do sistema de abastecimento de água.
Dessa forma, nos planos de gestão foram incluídos: i) os protocolos de ação apropriados para
responder à rotina de operação do sistema e à incidentes, ii) planos de emergência, por exemplo,
para os seguintes casos: acidentes com cargas perigosas no manancial, interrupção do
fornecimento de água, falhas no sistema de tratamento (rompimento de filtros, quebra de

147

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
equipamentos de dosagem, etc), iii) programas de suporte, tais como: programas de preservação
de mananciais, capacitação de recursos humanos, controle de qualidade laboratorial, calibração de
instrumentos, controle de estoque e de qualidade de produtos químicos, programas de
implementação de Boas Práticas.

Os protocolos de comunicação vão desde a elaboração de relatórios periódicos, mensal e anual e


e devem estar disponível para pronta consulta pelo setor saúde. O relatório mensal objetiva
acompanhar e monitorar os PCC e deve minimante conter os seguintes elementos: i) análise dos
dados de monitoramento; ii) verificação das medidas de controle; iii) análise das não-
conformidades ocorridas e as suas causas; iv) verificação da adequabilidade de ações corretivas,
e; v) implementação das alterações necessárias. Todas as informações detalhadas dos Planos de
gestão de emergência e rotina estão disponibilizadas no Anexo 4.

O relatório anual para avaliação geral da implantação e funcionamento do PSA, sendo necessário
conter os seguintes pontos: i) análise dos riscos mais relevantes ao longo do ano; ii) reavaliação
de riscos associados a cada PCC; iii) avaliação da inclusão de novas medidas de controle, e; iv)
avaliação crítica do funcionamento do PSA. Os protocolos de comunicação devem seguir as
recomendações da legislação vigente de informação ao consumidor.

A verificação dos Planos de Gestão conta com a verificação periódica de adesão ao PSA e de sua
eficácia, além de estratégias de comunicação, as quais foram incluídas os procedimentos para
alerta em situações de emergência e informação às autoridades de saúde pública.

a) Avaliação das medidas de controle


A avaliação das medidas de controles envolve a avaliação dos riscos antes da implantação das
medidas de controle (Risco Inerente) e depois da implantação dos controles (Risco Residual)
(AS/NZ, 2004).
Risco Inerente (RI): É o risco sem a implantação de medidas de controle (risco bruto, puro)
Risco Residual (RR): É o risco retido, ou seja, o risco real depois de implantar as medidas de
controle
A eficácia das medidas de controle é obtida por meio da diferença entre o risco inerente e
residual, que é denominada de pontuação de controle. Essa pontuação de controle é importante
na priorização dos riscos.
Eficácia das medidas de controles:
Pontuação de Controle (PC) = Risco Inerente (RI) - Risco Residual (RR)

148

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
A auto-avaliação dos controles leva a gerência a assumir a responsabilidade pelos controles
internos e pelos riscos do negócio, garantindo, assim, o envolvimento do pessoal no processo.
Assim, a auto-avaliação das medidas de controle é um processo em equipe no qual um facilitador
treinado auxilia membros da organização a avaliar os riscos e a eficácia dos controles.
A verificação constante do PSA, com o intuito de avaliar seu funcionando e se os objetivos
baseados em saúde estão sendo alcançados será realizada pela autoridade de saúde pública do
município de Viçosa.

149

Plano de Segurança da Água – Projeto Piloto PSA-UFV – Município de Viçosa - Minas Gerais - Brasil
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