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Lafaiete Santos Neves
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Luiz Augusto M. Kleinmayer
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Regis Tocach
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo identificar a transição do conceito de desenvolvimento para
o conceito de desenvolvimento sustentável atualmente aplicado à sociedade capitalista. Efetua-
se também a explicitação da crítica ao conceito de desenvolvimento, o qual se mostra como
verdadeira ilusão ou mito, na franca intenção de demonstrar a fragilidade da construção teórica
até então hegemônica. Por fim, é feita a análise do conceito de desenvolvimento sustentável,
tendo por escopo a identificação da evolução conceitual e a superação das deficiências
teóricas e práticas do conceito de desenvolvimento. A tentativa de se analisar a transição entre
um conceito e outro é a temática principal do presente estudo, de modo que se mostra
necessário avaliar as características do conceito até então hegemônico de desenvolvimento,
bem como as razões pelas quais se tornou necessário superar as suas limitações pela inclusão
de um novo enfoque, qual seja, o de desenvolvimento sustentável. Como resultado desse
processo de transformação, está se caminhando para a superação do entendimento de
desenvolvimento como crescimento econômico em favor do desenvolvimento sustentável, o
qual, além da dimensão econômica, atenta também para os aspectos social, espacial, cultural
e ambiental.
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Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná e Professor do Mestrado em
Organizações e Desenvolvimento da UNIFAE - Centro Universitário Franciscano do Paraná.
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Mestrando em Organizações e Desenvolvimento pela UNIFAE – Centro Universitário Franciscano do
Paraná, Bacharel em Administração pela UNIFAE – Centro Universitário Franciscano do Paraná, Graduando
do curso de Direito pela UNICURITIBA – Centro Universitário Curitiba. gutokleinmayer@uol.com.br
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Mestrando em Organizações e Desenvolvimento pela UNIFAE – Centro Universitário Franciscano do
Paraná, especialista em Direito Empresarial Societário pelo UnicenP – Centro Universitário Positivo,
Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná, Advogado. regis_2@yahoo.com
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1 INTRODUÇÃO
Porém, esse propagado progresso global é inviável para uma população que até os
anos 2050 atingirá 8 a 9 bilhões de pessoas. Isso significa que será impossível atender essa
massa humana num padrão de vida minimamente médio próximo sequer ao padrão de vida
dos europeus e norte-americanos, porque não haverá recursos naturais disponíveis para se
atingir esse padrão médio de vida (DUPAS, 2007, p.85).
Assim, em um primeiro momento pretende-se identificar a transição do conceito de
desenvolvimento para o conceito de desenvolvimento sustentável atualmente aplicado às
sociedades capitalistas contemporâneas. Após a análise do conceito de desenvolvimento
efetua-se a explicitação da crítica ao conceito de desenvolvimento que se mostra como
verdadeira ilusão ou mito, na franca intenção de demonstrar a fragilidade da construção teórica
até então hegemônica. Por fim, é feita a análise do conceito de desenvolvimento sustentável,
tendo por escopo a identificação da evolução conceitual e a superação das deficiências
teóricas e práticas do conceito de desenvolvimento.
2 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
Segundo José Eli da Veiga (2005, p.17-18), três são os entendimentos acerca do
desenvolvimento, sendo dois deles mais comumente divulgados, até mesmo por serem
bastante simplistas. Já o terceiro entendimento seria de maior complexidade, o que, em muitos
casos, acaba por ser um empecilho para a sua disseminação.
Uma primeira corrente seria a dos fundamentalistas. Nesse entendimento, o
desenvolvimento teria o mesmo significado de crescimento econômico. Essa noção ainda
apresenta grande força na atualidade, tendo como principal exemplo de sua aplicação a
comum medição do desenvolvimento com base no Produto Interno Bruto per capta de um país.
O desenvolvimento seria uma decorrência natural do crescimento econômico em razão do que
se chama de "efeito cascata" (SACHS, 2004, p. 26).
Esse entendimento foi enfraquecido com o Programa das Nações Unidas para o
desenvolvimento (PNUD) através do "Relatório do Desenvolvimento Humano" e do lançamento
do "Índice de Desenvolvimento Humano" (IDH). A criação desse programa e do índice teve
como causa a percepção de que o crescimento econômico apresentado por alguns países na
década de 1950 não trouxe consigo os mesmos resultados sociais ocorridos em outros países
considerados desenvolvidos (VEIGA, 2005, p.18-19).
A segunda corrente nega a existência do desenvolvimento, tratando-o como um mito.
Aos pensadores que partilham essa idéia deu-se o nome de pós-modernistas. Para o grupo, a
noção de desenvolvimento sustentável em nada altera a visão de desenvolvimento econômico,
sendo ambas o mesmo mito. Assim, o desenvolvimento poderia ser entendido como uma
"armadilha ideológica construída para perpetuar as relações assimétricas entre as minorias
dominadoras e as maiorias dominadas" (SACHS, 2004, p.26).
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Ressalte-se também que a noção de subdesenvolvimento sempre fora vista como estado
transicional ou temporário (enquanto residual), isto é, a construção do conceito de desenvolvimento
pressupõe que os periféricos e os semi-periféricos permaneçam nutrindo a expectativa de
integrarem, num futuro próximo, o núcleo orgânico. (ARRIGHI, 1997, p.138) Portanto, dentro dos
países periféricos e semi-periféricos há, também, uma pequena parcela da sociedade que possui
padrões de consumo equivalentes aos padrões dos países integrantes do chamado núcleo
orgânico que serve de mantenedor da relação de forças internas.
Wellerstein, citado por Giovani Arrighi, entende que esses chamados "setores médios"
são os elementos que dão estabilidade ao sistema de modo a evitar lutas profundas e
altamente destrutivas:
Ocorre que, conforme descrito supra, não é possível que todas as nações passem a
miraculosamente integrar o núcleo orgânico, seja pela finitude dos recursos naturais, seja pela
formatação do sistema capitalista hegemônico.
Assim, importante salientar a conclusão de Giovani Arrighi acerca da riqueza:
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Diante da constatação de que "é irrefutável que as economias da periferia nunca serão
desenvolvidas, no sentido de similares às economias que formam o atual centro do sistema
capitalista" (FURTADO, 1996, p. 89), uma nova forma de interpretar o desenvolvimento deve
ser avaliada. Devendo, porém, ser mais igualitária e privilegiar formas de consumo que
reduzam o desperdício presente na noção anterior (FURTADO, 1996, p.87).
Assim, embora não haja discordâncias quanto a existência de uma crise ambiental e
social, é notório que os entendimentos sobre as causas e soluções para esta são bastante
divergente (SCOTTO et al., 2007, p.10). Isso vem majorar a importância da utilização de meios
flexíveis, negociados e contratuais – que representam a economia política em superação a
economia tradicional – para atender, ao mesmo tempo, clamores econômicos, ambientais e
sociais (SACHS, 2002, p.60).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DUPAS, Gilberto. O mito do progresso. São Paulo: Novos Estudos Cebrap 77, 2007.
FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.