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ESTUDOS ORIGINAIS

Acessibilidade aos
cuidados primários de
saúde dos concelhos de
Guimarães e de
Cabeceiras de Basto*
PAULA CRISTINA REMOALDO**

RESUMO
O presente artigo aborda a temática da acessibilidade, relacionando-se com os resultados inerentes
à primeira parte de um projecto de investigação desenvolvido na Universidade do Minho e em parce-
ria com a Sub-Região de Saúde de Braga durante o período de Abril de 1999 a Outubro de 2001. bilidade aos cuidados de saúde rela-
O projecto desenvolvido teve como objectivos principais realizar um levantamento exaustivo das ciona-se, maioritariamente, com os as-
unidades de saúde privadas e públicas existentes em dois concelhos representativos do distrito de pectos económicos, a oferta de serviços
Braga (concelhos de Guimarães e de Cabeceiras de Basto) e aferir qual é o grau de acessibilidade de saúde e a capacidade física de ace-
da população residente nestes dois concelhos aos cuidados privados e públicos de saúde. Neste arti-
der às unidades de saúde.
go vamos considerar alguns aspectos relacionados com as vertentes física, estrutural e funcional
A Organização Mundial de Saúde
da acessibilidade, concluindo que a acessibilidade física aos cuidados de saúde é menos satisfatória
desde os anos oitenta do século XX que
em Cabeceiras de Basto do que em Guimarães.
se tem preocupado com a acessibili-
dade aos cuidados de saúde, tendo,
Palavras-chave: Cuidados de Saúde; Acessibilidade Físico-Geográfica; Acessibilidade Estrutural; Acessibilidade
Funcional. aliás, contemplado numa das 28 metas
equacionadas na Estratégia da Saúde
para Todos até ao ano 2000 e cingindo-
-se à Região Europeia, a necessidade da
melhoria da acessibilidade aos cuida-
IENTRODUÇÃO
DITORIAIS dos de saúde em cada Estado-membro.
Este organismo tem aconselhado os
acessibilidade aos cuidados seus Estados-membros a preocupa-

A de saúde tem-se assumido


como um conceito muito
complexo, encerrando vá-
rias vertentes, podendo ser definida
como sendo a possibilidade de obter
rem-se, em primeiro lugar, com a aces-
sibilidade física aos cuidados de saúde,
concedendo, no entanto, liberdade de
decisão a cada país para decidir o que
implica o conceito de «acessível».
*O presente artigo constitui uma
cuidados de saúde que em qualquer mo- Além de sobressair que a acessibili-
versão mais completa da mento sejam considerados necessários, dade física é prioritária, devendo ser
comunicação apresentada a nas condições mais convenientes e fa- medida em termos de distância e de
2 de Outubro de 2001 no
IV Congresso da Geografia
voráveis. Esta possibilidade deverá pau- tempo de percurso, aconselha que seja
Portuguesa, que decorreu entre tar-se pelo princípio da equidade, tendo também medida em termos económicos
2 e 4 de Outubro na em conta as características de cada co- (custo da viagem, preço dos serviços) ou
Faculdade de Letras de Lisboa.
munidade1. sócio-culturais (diferenças de casta,
**Professora Auxiliar
Directora da Secção de Geografia
Para grande parte dos autores que barreiras linguísticas).
da Universidade do Minho investigam esta problemática a acessi- O presente artigo tem como objecti-

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ESTUDOS ORIGINAIS

vo principal aferir qual é o grau de aces- baixa densidade populacional, uma


sibilidade da população aos cuidados população envelhecida e uma oferta de
primários de saúde dos concelhos de unidades de saúde pouco diversificada
Guimarães e de Cabeceiras de Basto. e concentrada espacialmente, conjuga-
A nossa vontade de investigar sobre da com uma fraca conectividade da rede
a problemática da acessibilidade aos viária. O concelho de Guimarães cara-
cuidados de saúde nasceu, essencial- cteriza-se por uma diversificada oferta
mente, da não existência até ao mo- de serviços de saúde, um bom acesso a
mento no âmbito da Geografia e da transportes públicos e razoáveis infra-
Saúde Pública, de um trabalho de in- -estruturas viárias. Esta caracterização
vestigação aprofundado sobre o grau não se aplica duma forma homogénea
de acessibilidade aos cuidados de saúde a todo o concelho, existindo áreas domi-
públicos e privados do distrito de Braga. nantes onde se concentram com maior
O presente artigo relaciona-se com os ênfase as infra-estruturas citadas.
resultados inerentes à primeira parte de
um projecto de investigação desen-
volvido na Universidade do Minho1 e em EMDITORIAIS
ÉTODOS
parceria com a Sub-Região de Saúde de
Braga (tendo contado com o apoio do O mencionado projecto pressupôs um
seu Director de Serviços, Dr. Pimenta vasto trabalho de campo alicerçado na
Marinho) durante o período de 1999- concretização de dois inquéritos por en-
-2001. O projecto desenvolvido teve trevista directiva ou standardizada, o
como objectivos principais realizar um primeiro realizado a todas as unidades
levantamento exaustivo das unidades de saúde públicas e privadas dos dois
de saúde privadas e públicas existentes concelhos, no período que mediou en-
em dois concelhos do distrito de Braga tre Fevereiro e Abril de 2000 e o segun-
(concelhos de Guimarães e de Cabe- do realizado à população utilizadora dos
ceiras de Basto) e aferir qual é o grau cuidados de saúde primários dos mes-
de acessibilidade da população resi- mos (período de Maio a Junho de 2000).
dente nestes dois concelhos aos cuida- Constituiu um trabalho de difícil con-
dos privados e públicos de saúde. Neste cretização, especialmente o relacionado
artigo vamos considerar alguns aspec- com o primeiro inquérito, devido a pro-
tos relacionados com as vertentes físi- blemas de localização e identificação
co-geográfica, estrutural e funcional da das unidades de saúde privadas, exem-
acessibilidade. pli gratia: falta de identificação dos con-
A escolha dos concelhos de Guima- sultórios e clínicas, repetição de placas
rães e de Cabeceiras de Basto prendeu- publicitárias de consultórios em mais
-se com o facto de representarem duas de um local relativamente ao mesmo
áreas geograficamente contrastantes e médico, dificuldade em localizar placas
representativas do distrito de Braga. O identificadoras (estas encontram-se,
concelho de Cabeceiras de Basto apre- muitas das vezes, em ombreiras de por-
senta-se como uma área de cariz rural, tas, demasiado desgastadas ou pouco
com um povoamento disperso, uma legíveis). Concomitantemente, alguns
dos consultórios médicos no momento
1
Projecto de Investigação Colectivo GEOG/99/PC.1 da visita encontravam-se fechados,
intitulado Acessibilidade aos cuidados de saúde do obrigando a uma nova visita em dias
distrito de Braga, desenvolvido entre Abril de 1999 e
posteriores.
Novembro de 2001, em colaboração com a Sub-Região
de Saúde de Braga e financiado pela Fundação para
Os inquéritos relacionados com a
a Ciência e a Tecnologia através do Centro de Ciên- primeira parte do projecto pretenderam
cias Históricas e Sociais da Universidade do Minho. avaliar a acessibilidade aos cuidados

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de saúde na vertente físico-geográfica der e melhorar as condições de acessi-


(e.g., a oferta de consultórios médicos e bilidade aos cuidados de saúde exis-
de médicos por especialidade, a con- tentes nos concelhos objecto de estudo.
centração ou dispersão das unidades de Entre 1981 e 2001 os concelhos de
saúde, o tempo de espera para mar- Guimarães e de Cabeceiras de Basto
cação de uma consulta, a distância das evidenciaram uma dinâmica popula-
paragens dos transportes públicos a cional diferenciada. Cabeceiras de
cada unidade de saúde), na vertente es- Basto com uma diminuição da popu-
trutural e funcional (e.g., a acessibili- lação de 13,8%, entre 1981 e 1991,
dade a pessoas com deficiências mo- acompanhou a tendência da diminui-
toras, a existência de lugares/parques ção da população dos concelhos do in-
de estacionamento para os profissio- terior do Noroeste Português, enquan-
nais de saúde e utentes nas imediações to que o concelho de Guimarães regis-
das unidades de saúde, os horários de tou um aumento de cerca de 7,2%, reve-
funcionamento dos consultórios e das lando um perfil intermédio em relação
clínicas) e na vertente económica (e.g., à Área Metropolitana do Porto que va-
o custo das consultas médicas). Outras riou entre 11% e 15,5%. Entre 1991 e
variáveis que permitem avaliar de uma 2001 o cenário alterou-se para Cabecei-
forma mais completa o grau de acessi- ras de Basto, tendo evidenciado uma
bilidade da população aos cuidados de variação positiva na ordem dos 10,2%,
saúde foram contempladas num se- enquanto Guimarães continuou a as-
gundo inquérito, apresentando no pre- sistir a uma variação positiva da sua
sente artigo apenas os resultados rela- população (10,4%), devido essencial-
cionados com a vertente física e estru- mente ao significativo crescimento
tural e funcional da acessibilidade (e.g., natural.
distância em quilómetros e distância- Em termos de evolução demográfica
-tempo da residência ao Centro/Exten- é comum aos dois concelhos em estu-
são de Saúde, acessos a pessoas com do a heterogeneidade à escala de fregue-
deficiências motoras). sia, sendo nítida a concentração da po-
pulação nas freguesias do «casco ur-
bano» e junto aos principais eixos
R
EESULTADOS
DITORIAIS viários de ligação.

1. ALGUNS ASPECTOS 1.2. O envelhecimento da população


SÓCIO-DEMOGRÁFICOS QUE DIFERENCIAM No que concerne à estrutura etária dos
OS DOIS CONCELHOS OBJECTO DE ESTUDO concelhos de Cabeceiras de Basto e de
Guimarães as tendências são seme-
1.1. Variação da população residente lhantes. A actual repartição etária, re-
Os concelhos de Guimarães e de Cabe- sultou essencialmente da acentuada
ceiras de Basto, inserem-se na Região queda da natalidade e do facto de se
Norte do país, respectivamente, no Vale terem observado ganhos no campo da
do Ave e Vale do Tâmega e pertencem mortalidade. Pela leitura do Quadro I é
ao distrito de Braga. visível uma subida importante do Índice
Torna-se premente a análise da evo- de Envelhecimento2, entre 1981 e 1998,
lução da população residente nas dé- em qualquer uma das entidades terri-
cadas mais recentes nestes dois con- toriais consideradas.
celhos, bem como as principais altera- O concelho de Guimarães aparece
ções em termos de estrutura etária, já
que o seu conhecimento se revela de 2
Índice de Envelhecimento = (População de 65 e
máxima importância para compreen- mais anos/população de 0 – 14 anos)*100.

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ESTUDOS ORIGINAIS

QUADRO I diminuir, o que é muito positivo, pois a


ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO NO CONTINENTE,
educação tem vindo a desempenhar um
NA REGIÃO NORTE, NO DISTRITO DE BRAGA
papel cada vez mais importante no pro-
E NOS CONCELHOS DE GUIMARÃES E DE
cesso de desenvolvimento social e
CABECEIRAS DE BASTO EM 1981, 1991 E 1998
económico.
No entanto, a população dos dois
Entidades municípios em estudo apresenta um
Territoriais 1981 1991 1998 baixo nível de instrução, principal-
Continente 45,5 69,5 90,3 mente, Cabeceiras de Basto, onde
Norte 33,9 51,7 69,5 24,7% da população residente não sabe
Distrito de Braga 26,6 39,2 53,0 ler nem escrever e os níveis de instrução
Guimarães 21,8 31,8 42,9 mais elevados têm pouca representa-
Cabeceiras de Basto 37,1 58,4 71,5 tividade (somente 2,3% da população
Fontes: XII e XIII Recenseamentos Gerais da População, Lisboa , INE, 1981
possuía em 1991 o Ensino Médio ou
e 1991. Superior).
Estimativas de População Residente, Lisboa, INE, 1998. No que diz respeito aos níveis de ins-
trução mais baixos e aos níveis de ins-
trução mais elevados, o concelho de
Guimarães é o que se aproxima mais
com o valor mais baixo de todo o dis- dos valores da Região Norte.
trito e mesmo de todo o Noroeste, regis- É importante não olvidar que a ele-
tando em 1981, 22 idosos por cada 100 vada percentagem de pessoas que não
jovens, valor esse que em 1998 quase sabe ler nem escrever condiciona a co-
duplicou. municação com os profissionais de
Em Cabeceiras de Basto, entre 1981 saúde, podendo reflectir-se na acessi-
e 1998, o índice subiu de 37,1 para bilidade e na utilização dos cuidados
71,5, ou seja, um acréscimo de 34 ido- de saúde.
sos por 100 jovens, demonstrando o rá-
pido envelhecimento da sua população. 2. LOCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Em 1998, Cabeceiras de Basto era o EXISTENTES NOS DOIS CONCELHOS
concelho do distrito de Braga com o
Índice de Envelhecimento mais elevado, 2.1. Localização dos serviços de saúde
depois de Terras do Bouro com 107,0 públicos
idosos por 100 jovens e de Vieira do Na Figura 1 está representada a locali-
Minho com 84,3 idosos por cada 100 zação dos serviços de saúde públicos
jovens. existentes nos dois concelhos estuda-
dos, revelando uma oferta de serviços
1.3. O nível de instrução da população de saúde muito mais diversificada em
Entre 1981 e 1991 verificou-se uma im- Guimarães, com dois Centros de Saúde
portante descida da população resi- (Amorosa e Taipas), onze Extensões de
dente que não sabe ler nem escrever em Saúde e um Hospital (Hospital da Nossa
todas as entidades territoriais, tal como Senhora da Oliveira), enquanto Cabe-
a percentagem de população residente ceiras de Basto possui apenas um
que sabe ler e escrever sem possuir grau Centro de Saúde e duas Extensões de
de ensino. Constatou-se também uma Saúde.
subida da escolarização a partir do 2o As diferenças significativas resultam
Ciclo do Ensino Básico, Ensino do facto de Cabeceiras de Basto se apre-
Secundário e Ensino Médio e Superior. sentar como um território de cariz ru-
Esta evolução positiva significa que ral, com um povoamento disperso, uma
os níveis de analfabetismo estão a baixa densidade populacional, um acen-

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Figura 1. Localização dos serviços de saúde públicos nos concelhos de Guimarães e de Cabeceiras de Basto em 2000.
Fonte: Levantamento efectuado por nós em 2000.

tuado envelhecimento populacional e dades médicas privadas, concretizada


uma população residente significativa- nos dois concelhos em estudo, consta-
mente inferior à de Guimarães, 18.033 tou-se um grande décalage no número
habitantes em 2001 versus 158.897 de consultórios médicos/clínicas médi-
habitantes em Guimarães. Mas, en- cas: 313 em Guimarães versus 11 em
quanto Guimarães possui razoáveis in- Cabeceiras de Basto.
fra-estruturas viárias e uma boa conecti- A distribuição de unidades de saúde
vidade da rede, em Cabeceiras de Basto privadas por freguesia no concelho de
o cenário é menos satisfatório. Guimarães é heterogénea, verificando-
Cabeceiras de Basto é servido apenas -se uma concentração de unidades mé-
por um Centro de Saúde, com unidade dicas nas freguesias do casco urbano,
de internamento, recentemente cons- nomeadamente, em S. Paio, em Creixo-
truído em Refojos de Basto e em funcio- mil, em Urgeses, em Oliveira do Castelo,
namento desde Outubro de 2000 e por em Azurém e em S. Sebastião, que de-
duas Extensões de Saúde localizadas têm 70% da totalidade das unidades de
nas freguesias de Cavês e de Arco de saúde do concelho (Quadro II).
Baúlhe. As freguesias de Caldelas, Ronfe e S.
João de Ponte embora não pertençam
2.2. Localização dos serviços de saúde ao «casco» urbano, dispõem de um
privados número significativo de unidades de
Numa inventariação exaustiva das uni- saúde.

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ESTUDOS ORIGINAIS

QUADRO II QUADRO III

UNIDADES PRIVADAS DE SAÚDE EXISTENTES NAS ESPECIALIDADES MÉDICAS EXISTENTES


FREGUESIAS DO CONCELHO DE GUIMARÃES EM 2000 NAS UNIDADES PRIVADAS DE SAÚDE DO
CONCELHO DE GUIMARÃES EM 2000
Freguesias No %
Azurém 30 9,6 No de
Creixomil 50 16,0 Especialidades Unidades No de
Fermentões 2 0,6 Médicas de Saúde Médicos
Oliveira do Castelo 27 8,6 Cardiologia 11 19
Ronfe 16 5,1 Cirurgia Geral 20 28
S. João de Ponte 12 3,8 Medicina Geral e Familiar 27 62
S. Jorge de Selho 5 1,6 Dermatologia 11 13
S. Paio de Guimarães 69 22,0 Gastrenterologia 7 7
S. Sebastião 9 2,9 Ginecologia/Obstetrícia 18 29
S. Torcato 1 0,3 Medicina Dentária 63 70
Caldelas 53 16,9 Neurologia 10 10
Urgeses 34 10,9 Oftalmologia 18 24
Outras 5 1,6 Ortopedia 20 25
TOTAL 313 99,9 Otorrinolaringologia 17 19
Fonte: Inquérito às unidades de saúde privadas do concelho de Guimarães Pediatria 13 15
em 2000. Psiquiatria 12 12
Urologia 10 11
Outras* 56 58
TOTAL 313 402
Em Cabeceiras de Basto existem ape-
Fonte: Inquérito às unidades de saúde privadas do concelho de Guimarães
nas oito unidades de saúde concen- em 2000.
tradas na freguesia sede do concelho, * O grupo residual «outras» inclui especialidades médicas em que o número
de unidades de saúde é inferior às sete unidades.
Refojos de Basto e três na freguesia de
Arco de Baúlhe. As especialidades
médicas existentes neste concelho são
em pequeno número, comparativa-
mente com Guimarães (Quadro III): tante, podemos avaliá-la de uma forma
Medicina Dentária (quatro médicos mais completa, tendo em consideração
repartidos em partes iguais por Refojos também o facto das paragens dos trans-
de Baixo e por Arco de Baúlhe), portes públicos deverem localizar-se o
Medicina Geral e Familiar (seis médicos, mais próximo possível das unidades de
sendo apenas um da freguesia de Arco saúde e que a travessia das vias deverá
de Baúlhe) e simplesmente um médico efectuar-se de uma forma segura,
de Ginecologia/Obstetrícia em Refojos havendo passadeiras ou sinais regula-
de Basto. dores do trânsito. Por último, podemos
também contemplar a existência de um
3. ACESSIBILIDADE FÍSICA AOS CUIDADOS parque de estacionamento de automó-
DE SAÚDE veis para os utentes e para os profis-
sionais de saúde que aí trabalham.
3.1. Metodologia adoptada Com base nas directrizes existentes
A acessibilidade física tem sido tradi- em Portugal desde os anos oitenta do
cionalmente definida tendo em conta século XX2, no que concerne ao planea-
as variáveis: distância a percorrer, tem- mento de equipamentos de saúde, optá-
po gasto no percurso, bem como a dis- mos por medir a acessibilidade física
ponibilidade de transportes. Não obs- aos cuidados de saúde dos concelhos de

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ESTUDOS ORIGINAIS

Guimarães e de Cabeceiras de Basto, 3.2. Principais resultados da aplicação


considerando as seguintes variáveis: o da metodologia adoptada
tempo despendido para aceder aos As Figuras 2 e 3 representam a apli-
serviços de saúde e a frequência diária cação da metodologia explicitada em
dos transportes colectivos públicos 3.1 para aferirmos a acessibilidade físi-
rodoviários e ferroviários. ca às 85 freguesias que constituem os
O Ministério da Saúde distingue os dois concelhos objecto de estudo.
cuidados de saúde primários dos cui- A primeira constatação prende-se
dados secundários e terciários no que com a má acessibilidade da maior parte
diz respeito ao tempo de percurso des- das freguesias que constituem o con-
pendido em transporte público para celho de Cabeceiras de Basto (88,2%),
aceder a eles, devendo a acessibilidade especialmente ao Hospital da Nossa
física ser garantida através de um tem- Senhora da Oliveira. As freguesias de
po de percurso em transporte público Gondiães e de Vilar de Cunhas, locali-
de aproximadamente trinta minutos zadas no sector nordeste do concelho,
para os primeiros e de aproximada- são as que revelam tempos de percur-
mente uma hora para os segundos. so mais prolongados, sendo superiores
Partindo destas directrizes conside- às duas horas.
rámos a seguinte tipologia para o aces- Contrariamente, sobressaem as fre-
so aos Centros de Saúde e Extensões: guesias de Refojos de Basto e de Arco
1) acessibilidade óptima: frequência de Baúlhe, que apresentam, res-
semanal de transportes públicos (FTP) pectivamente, uma acessibilidade boa
igual ou superior a 200 carreiras e tem- e média. Constituem, aliás, os princi-
po de percurso em transporte público pais territórios geradores de fluxos de
(T) até quinze minutos; transportes, sendo a partir destes cen-
2) acessibilidade boa: FTP entre 199 tros que se desenvolve a estrutura ra-
e 100 carreiras e T entre dezasseis e dial das estradas municipais com liga-
vinte e cinco minutos; ção às estradas nacionais. É também
3) acessibilidade média: FTP entre 99 nestas duas freguesias que se assiste a
e 50 carreiras e T entre vinte e seis e uma maior densidade populacional e
trinta minutos; onde se desenvolve grande parte das
4) acessibilidade má: FTP inferior a actividades económicas ligadas aos sec-
50 carreiras e tempo T superior a trin- tores secundários e terciário.
ta minutos. No concelho de Guimarães o cenário
Para o acesso ao Hospital da Nossa é mais favorável, já que a maior parte
Senhora da Oliveira definimos também das 68 freguesias que o compõem des-
quatro escalões, mas com limiares difer- de finais de 1998, revelam uma melhor
entes: acessibilidade aos dois tipos de serviços,
1) acessibilidade óptima: FTP igual cifrando-se em 40,6% o número de
ou superior a 200 carreiras e T até trin- freguesias em que a acessibilidade foi
ta minutos; considerada óptima. Existem freguesias
2) acessibilidade boa: FTP entre 199 onde o tempo de percurso é inferior aos
e 100 carreiras e T entre trinta e um e cinco minutos e a frequência dos trans-
quarenta e cinco minutos; portes é superior às 200 carreiras se-
3) acessibilidade média: FTP entre 99 manais – Azurém, Creixomil, Fermen-
e 50 carreiras e T entre quarenta e seis tões, Oliveira do Castelo, S. Paio de
e sessenta minutos; Guimarães, S. Sebastião e Urgeses.
4) acessibilidade má: FTP inferior a A acessibilidade aos Centros e Exten-
50 carreiras e T superior a sessenta sões de Saúde também é bastante dís-
minutos. par nos dois concelhos estudados,

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ESTUDOS ORIGINAIS

Figura 2. Acessibilidade física das freguesias dos concelhos de Guimarães e de Cabeceiras de Basto ao Hospital da Nossa Senhora
da Oliveira em 2001.
Fonte: Levantamento dos horários dos transportes públicos por nós efectuado em 2001.

havendo, 82,4% e 11,8% das fregue- Serviço de Urgência do Hospital da


sias, respectivamente do concelho de Nossa Senhora da Oliveira.
Cabeceiras de Basto e de Guimarães,
que apresentam uma má acessibili- 3.3. Outros aspectos da acessibilidade
dade. Esta situação resulta, na maior física
parte dos casos, da baixa frequência de No sentido de avaliar de uma forma
transportes públicos, havendo fregue- mais completa a acessibilidade física
sias em Cabeceiras de Basto em que se aos cuidados de saúde, utilizámos ou-
efectuam menos de vinte carreiras se- tras variáveis recolhidas através de um
manais. inquérito realizado às unidades de
Este défice não é complementado saúde públicas e privadas existentes
com uma rede ferroviária desenvolvida, nos dois concelhos objecto de estudo.
pois esta serve apenas o concelho de As variáveis seleccionadas rela-
Guimarães. Os domingos e os feriados, cionaram-se com a existência ou não de
seguidos do sábado, são, indiscutivel- paragens dos transportes públicos jun-
mente, os dias mais deficitários em ter- to das unidades de saúde, bem como a
mos de transportes colectivos. Esta existência ou não de parques ou locais
situação prejudica, exempli gratia, as de estacionamento para as viaturas dos
grávidas e as crianças das freguesias de utentes e dos profissionais de saúde
cariz mais rural quando necessitam de que trabalham na unidade de saúde.
se deslocar aos fins-de-semana ao Em termos de unidades de cuidados

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Figura 3. Acessibilidade física das freguesias dos concelhos de Guimarães e de Cabeceiras de Basto aos Centros e Extensões de
Saúde em 2001.
Fonte: Levantamento dos horários dos transportes públicos por nós efectuado em 2001.

de saúde públicos é importante res- crianças e às pessoas idosas.


saltar que todas possuem paragens até A existência de parques de esta-
200 metros de distância e a maioria dis- cionamento junto das unidades de saú-
põe de estacionamento privativo para os de revela-se crucial para os profissio-
profissionais de saúde que nelas tra- nais de saúde e para os utentes que se
balham. deslocam em transporte próprio às
Relativamente às unidades privadas unidades de saúde. Se não existir esta-
de saúde, 14% possuem paragens de cionamento junto às unidades de
transportes públicos situadas a menos saúde, os pacientes poderão ter que
de 100 metros de distância, enquanto efectuar uma deslocação mais prolon-
54% estão situadas entre 100 e 499 gada a pé do que aqueles que utilizam
metros e as restantes 32% a distâncias os transportes públicos.
de 500 e mais metros. Somos de opinião Para as unidades de saúde que se lo-
que as distâncias inferiores a 500 me- calizam em freguesias fora do casco ur-
tros garantem uma acessibilidade mé- bano vimaranense e para todas as que
dia, já que correspondem a um tempo pertencem ao concelho de Cabeceiras
médio de percurso pedonal inferior a de Basto, existem locais de estaciona-
oito minutos. As distâncias superiores mento até 50 metros de distância. O
a 500 metros já oferecem alguma difi- mesmo já não acontece para as fregue-
culdade aos doentes que possuem al- sias do casco urbano vimaranense (e.g.,
guma fragilidade ou deficiência física, às S. Paio de Guimarães, Oliveira do

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ESTUDOS ORIGINAIS

Castelo, Azurém, Creixomil), que além QUADRO IV


de possuírem o maior número de DISTÂNCIA EM QUILÓMETROS DA RESIDÊNCIA
unidades de saúde (n=176), revelam DA POPULAÇÃO INQUIRIDA AOS CENTROS E
maiores dificuldades de estacionamen- EXTENSÕES DE SAÚDE DOS CONCELHOS DE
to. Não obstante, para 81% das GUIMARÃES E DE CABECEIRAS DE BASTO EM 2000
unidades de saúde existem locais de
estacionamento até 300 metros de dis- Distância Cabeceiras
tância, enquanto em 19% dos casos não em Km Guimarães de Basto
existe local de estacionamento. Até 5 km 71,5% 71,4%
Complementámos ainda a acessibili- De 5 a 9 km 24,7% 18,4%
dade física com mais três questões que De 10 a 14 km 3,0% 10,2%
foram contempladas num segundo in- De 15 a 19 km 0,8% 0,0%
quérito dirigido à população utilizado- TOTAL 100,0% 100,0%
ra dos cuidados de saúde primários e
Fonte: Inquéritos realizados nas unidades de saúde em
que se traduziu em 426 inquéritos (377
2000.
elementos no concelho de Guimarães e
49 no concelho de Cabeceiras de Basto).
Relativamente à primeira questão: QUADRO V
Qual é a distância em quilómetros da
sua residência ao Centro/Extensão de TEMPO GASTO NA DESLOCAÇÃO AOS CENTROS
Saúde? – o Quadro IV revela a distân- E EXTENSÕES DE SAÚDE DOS CONCELHOS DE
cia em quilómetros que a população GUIMARÃES E DE CABECEIRAS DE BASTO EM 2000
tem que percorrer para aceder às
unidades públicas de cuidados de Tempo Cabeceiras
saúde primários. em minutos Guimarães de Basto
Simplesmente 3,8% da população in- Até 14 m 68,7% 57,1%
quirida de Guimarães e 10,2% da popu- De 15m a 29m 26,3% 32,7%
lação de Cabeceiras de Basto men- De 30m a 59m 4,7% 8,2%
cionou ter que percorrer mais de 9 km, De 60m a 119m 0,0% 2,0%
revelando que as unidades de saúde 120m e mais 0,3% 0,0%
públicas se encontram próximas da TOTAL 100,0% 100,0%
população. Fonte: Inquéritos realizados nas unidades de saúde em
No que concerne ao tempo gasto na 2000.
deslocação ao Centro/Extensão de
Saúde, importa ressaltar, que constitui
um indicador de acessibilidade geo-
gráfica que assume um papel decisivo portes colectivos públicos (24,2%).
na utilização dos serviços de saúde, Estes dados denotam uma mutação no
cifrando-se em 95,0% (Guimarães) e comportamento da população uti-
89,8% (Cabeceiras de Basto) da popu- lizadora deste tipo de serviços, já que de
lação inquirida que revelou tempos de acordo com estudos realizados em
percurso inferiores aos 30 minutos 1994/95 nestes dois concelhos e em
(Quadro V), estando em consonância Fafe e Celorico de Basto3, apenas 23,8%
com as normas do Ministério da Saúde. utilizava o automóvel para aceder aos
Os resultados satisfatórios coadu- cuidados de saúde, reflectindo uma ele-
nam-se com o facto do meio de trans- vação do nível de vida da população.
porte que normalmente utilizam os in-
quiridos ser o automóvel (43,9%), 4. ALGUNS ASPECTOS DA ACESSIBILIDADE
seguindo-se-lhe a realização do per- ESTRUTURAL E FUNCIONAL
curso a pé (27,5%) e o uso dos trans- Simplesmente em finais dos anos oiten-

116 Rev Port Clin Geral 2003;19:107-19


ESTUDOS ORIGINAIS

ta do século XX foi criada em Portugal ocorrido à escala internacional há pelo


uma Lei de Bases da Prevenção e da menos dezassete anos, a um aumento
Reabilitação e Integração das Pessoas do número de investigações rela-
com Deficiências (Lei no 9/89). Na se- cionadas essencialmente com a satis-
quência deste documento, em Maio de fação com os cuidados de saúde, sendo
1997, através do Decreto-Lei nº 123, esta reconhecida como uma importante
legislou-se sobre as normas técnicas medida dos outputs dos serviços de
destinadas a permitir a acessibilidade saúde e constituindo um importante
das pessoas com mobilidade condi- instrumento no planeamento em
cionada, nomeadamente, através da su- saúde. Não obstante, e apesar desta es-
pressão das barreiras urbanísticas e ar- tar relacionada directamente com a
quitectónicas nos edifícios públicos, acessibilidade aos cuidados de saúde,
equipamentos colectivos e via pública, poucos trabalhos têm surgido em
criando condições para o exercício efec- Portugal que avaliem de uma forma
tivo de uma cidadania plena. completa a acessibilidade.
No que diz respeito ao trabalho de No presente artigo ensaiámos uma
campo que realizámos, diagnosticámos primeira tentativa de avaliar a pro-
63% das unidades de saúde privadas blemática da acessibilidade, tendo
que se localizam nos primeiros andares equacionado algumas das suas ver-
ou em andares superiores, que não pre- tentes mais importantes, salientadas,
viram a cessibilidade a pessoas defi- aliás, pela maioria dos autores, deixan-
cientes, sendo o acesso efectuado do para futuros artigos outras variáveis
maioritariamente através de escadas. que ajudem a complementar o cenário
Cerca de 12% das unidades de saúde inerente aos concelhos de Guimarães e
possuem elevadores e as restantes 25% de Cabeceiras de Basto.
possuem rampas de acesso. Na nossa opinião, assim como a de
No que diz respeito às unidades de outros autores portugueses, a acessi-
saúde públicas estas encontram-se ins- bilidade pode ser medida de uma for-
taladas em edifícios, na sua maioria ma objectiva, pondo em evidência os
com dois pisos, em que o acesso ao an- factores físico-geográficos, estruturais e
dar superior é efectuado através de es- funcionais, económicos e culturais.
cadas. É, no entanto, frequente os mé- Os factores físico-geográficos podem
dicos deslocarem-se ao piso inferior e medir-se em termos de distância a per-
procederem aí à realização da consul- correr ou do tempo gasto no percurso e
ta, quando se trata de doentes inca- da disponibilidade de transportes. Se
pacitados de subirem aos andares su- optarmos por uma definição mais com-
periores. Nestes casos, o médico faz o pleta, então não podemos descurar o
atendimento num reservado no rés-do- facto das paragens dos transportes
chão de forma a viabilizar o atendi- públicos deverem localizar-se o mais
mento. próximo possível das unidades de
saúde e que a travessia das vias deverá
efectuar-se de uma forma segura,
EDDITORIAIS
ISCUSSÃO
havendo passadeiras ou sinais regu-
ladores do trânsito. Podemos ainda
A acessibilidade aos serviços de saúde acrescentar que uma boa acessibilidade
e ao médico de medicina geral e fami- física às unidades de saúde pressupõe
liar é imprescindível para a conti- a existência de um parque de esta-
nuidade dos cuidados de saúde. Nos cionamento de automóveis para os
últimos anos temos assistido em utentes e para os profissionais de saúde
Portugal, à semelhança do que tem que aí desenvolvem o seu trabalho.

Rev Port Clin Geral 2003;19:107-19 117


ESTUDOS ORIGINAIS

No que concerne aos factores estru- lhores outcomes e que tem sido negli-
turais e funcionais torna-se imperioso genciada pelos sucessivos governos e
incluir os aspectos urbanísticos e ar- Ministérios da Saúde e mesmo pelos
quitectónicos, devendo ser colocadas as próprios profissionais de saúde. Somos
seguintes questões: a unidade de saúde de opinião que estes últimos ainda não
é acessível a pessoas com limitações se aperceberam do papel que podem
físico-motoras? Os serviços encontram- desempenhar na mudança do status
se todos no mesmo piso e de preferên- quo vigente e na melhoria da acessibili-
cia ao nível térreo? E caso não seja pos- dade.
sível localizarem-se todos no mesmo No entanto, é provável que as re-
piso, existem elevadores ou rampas que centes reestruturações curriculares de
substituem as escadas? Os horários de alguns cursos de Medicina e a Licen-
atendimento estão estruturados em ciatura que se iniciou no ano lectivo de
função da vida profissional dos cida- 2001/2002 na Universidade do Minho,
dãos e dos transportes públicos? Qual com um modelo curricular inovador,
é o tempo para a obtenção de uma con- em que o futuro médico estará desde
sulta de rotina e de uma consulta de cedo, próximo da população, sejam um
urgência? E no próprio dia da consul- bom prenúncio de que esta vertente
ta, qual é o tempo que o paciente tem poderá ser melhorada a curto prazo.
que aguardar até ser atendido?
Por último, devem ser considerados
os factores económicos e sócio-cultu-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EDITORIAIS
rais. O acesso aos cuidados de saúde
implica custos com consultas, exames 1. Baleiras SJ, Ramos V. A gestão da prá-
tica clínica pelo médico de família. Rev Port
médicos, análises e medicamentos, po-
Clin Geral 1992; 9:116-24.
dendo ser dificultado ou impedido por 2. Ministério da Saúde, Departamento de
falta de recursos financeiros, que no Estudos e Planeamento da Saúde. Normas
caso dos serviços públicos de saúde, para o planeamento de equipamentos de
não deverão constituir um factor deter- saúde. Lisboa; Ministério da Saúde:1989.
minante, visto o nosso sistema de saúde 3. Remoaldo PCA. A morbilidade e a mor-
ser tendencialmente gratuito. talidade infantil em territórios amostra do
distrito de Braga – desigualdades territoriais
Por outro lado, os factores culturais
e sociais. Dissertação de Doutoramento.
podem assumir-se como importantes Braga; 1998.
barreiras dissuasoras da utilização dos
cuidados de saúde. Este facto está cor-
relacionado com a relação que o médi-
co empreende com o paciente. O uso de
termos técnicos desajustados ao conhe-
cimento do paciente, constitui uma bar-
reira à comunicação e ao entendimen-
to entre ele e o profissional de saúde.
Os valores, as crenças e as práticas so-
Endereço para correspondência:
ciais e de saúde da população devem Paula Cristina Remoaldo
também ser tidos em consideração por Universidade do Minho
parte dos profissionais de saúde para Departamento de Geografia
garantir uma relação empática com o Campus de Azurém
paciente. 4810 Guimarães
premoaldo@geografia.uminho.pt
Na nossa perspectiva a acessibilidade
cultural é uma das vertentes em que se Recebido para publicação em: 10/12/01
pode e deve investir mais e com me- Aceite revisto para publicação em: 13/04/03

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ESTUDOS ORIGINAIS

ACCESSIBILITY TO PRIMARY HEALTH CARE IN THE GUIMARAES AND CABECEIRAS


DE BASTO COUNTIES

ABSTRACT
Accessibility to primary health care is discussed in relation to the results from part one of a research
project developed by Minho University in a partnership with Braga Health Authority from April 1999
to October 2001. This project mainly aimed to thoroughly list all private and public health units in
two counties (Guimaraes and Cabeceiras de Basto) of the Braga district, and assess the corres-
ponding degree of accessibility of the local populations. Some aspects pertaining to the physical,
structural and functional dimensions of accessibility are discussed. It was concluded that physical
accessibility to health care is less satisfactory in Cabeceiras de Basto than in Guimaraes.

Key-words: Health Care; Physical and Geographical Accessibility; Structural Accessibility; Functional Accessibility.

Regime Geral 70% Regime Especial 85%


Apresentações PVP Estado Utente Estado Utente
Pantoc 20 mg 14 comp € 13,46 € 9,42 € 4,04 € 11,44 € 2,02
Pantoc 20 mg 56 comp € 47,60 € 33,32 € 14,28 € 40,46 € 7,14
Pantoc 40 mg 14 comp € 27,38 € 19,17 € 8,21 € 23,27 € 4,11
Pantoc 40 mg 28 comp € 49,05 € 34,34 € 14,71 € 41,69 € 7,36
Pantoc 40 mg 56 comp € 87,18 € 61,03 € 26,15 € 74,10 € 13,08

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