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DADOS DE CATALOGAÇÃO GRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Dedicatória
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Agradecimentos
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Sumário
Prefácio
Apresentação
Capítulos
1) O golpe militar de 1964
2) A Gênese do PMDB
3) Navegar é preciso
4) A campanha pela anistia
5) A criação do PMDB em Mato Grosso do Sul
6) A conquista do governo em 1982
7) Lúdio Coelho na Prefeitura de Campo Grande
8) Diretas Já
9) Juvêncio na Prefeitura de Campo Grande
10) Marcelo Miranda no Governo
11) Eleição para prefeito em 1988
12) Eleição para governo em 1990
13) Juvêncio volta à prefeitura de Campo Grande
14) Wilson Martins volta ao Governo
15) André Puccinelli na Prefeitura de Campo Grande
16) Eleição para o Governo em 1988
17) Reeleição de André Puccinelli
18) O pleito de 2002
19) Nelson Trad Filho na Prefeitura de Campo Grande
20) Fotos dos entrevistados
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Prefácio
”Política não se faz com ódio, pois não é função hepática. É filha da
consciência, irmã do caráter, hóspede do coração. Eventualmente, pode até
ser açoitada pela mesma cólera com que Jesus Cristo, o político da Paz e da
Justiça, expulsou os vendilhões do Templo. Nunca com a raiva dos
invejosos, maledicentes, frustrados ou ressentidos. Sejamos fiéis ao
evangelho de Santo Agostinho: ódio ao pecado, amor ao pecador. Quem não
se interessa pela política, não se interessa pela vida”.
“Eu fui cassado pelo ato institucional número 5. Não havia formação de
culpa, mérito, nada que pudesse me condenar. Tudo foi feito pela vontade
dos militares. Quem autorizou minha cassação foi o presidente Costa e Silva.
(...) O povo da velha UDN é que pediu. Fiquei sem poder dar aula na
universidade e fazer política que eram duas coisas que eu gostava muito. (...)
Ficava no meu escritório, advogando. Assim mesmo, de vez em quando, eles
me levavam preso. Eu acho que era para amedrontar os companheiros que
com dificuldade continuavam a luta do MDB.”
“O PMDB será o caminho das oposições que compreendam que a luta contra
o autoritarismo há de ter o seu desfecho não apenas na
reconstitucionalização do Estado, mas na democratização da sociedade,
através do engajamento cada vez mais combativo e organizado de todos os
brasileiros”.
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Apresentação
Da história contada neste livro, fui testemunha muito próxima de sua primeira
metade e participei ativamente da segunda - melhor dizendo - participo, pois
essa história continua.
Lembro-me bem do dia em que fui procurar o Dr. Wilson Barbosa Martins, na
sede da OAB de Mato Grosso do Sul, instituição presidida por ele, e na qual
eu ocupava o cargo de conselheiro. Estávamos já no período da chamada
“abertura lenta, gradual e segura”, comandada pelos Generais Geisel e
Golbery e, no âmbito civil, pelo senador e Ministro da Justiça Petrônio
Portela. Antevendo e preparando - para adequá-la a seus propósitos - a
próxima redemocratização do país, esses dirigentes haviam decidido que era
hora de encerrar a instituição do bipartidarismo.
Como disse, encontrei-me com o Dr. Wilson Barbosa Martins. Eu era então
deputado estadual pela Arena e, várias vezes, fora convidado pelo próprio
Dr. Wilson e por outras lideranças do antigo MDB a ingressar no partido. A
extinção do bipartidarismo pareceu-me o momento adequado para fazê-lo,
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atendendo àqueles honrosos convites e, principalmente, às minhas
convicções e sentimentos. Foi isso o que eu disse naquele dia ao Dr. Wilson,
e a partir daí, junto com ele e com outros valorosos companheiros - Plínio
Martins, Roberto Orro, Sultan Rasslan, Onevan de Matos, Valter Pereira -,
começamos a percorrer o Estado, criando e instalando, com as dificuldades
inerentes à época, o PMDB, partido no qual me encontro até hoje.
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1) O GOLPE MILITAR DE 1964
O golpe foi o ápice de uma luta política travada durante anos entre duas
concepções políticas de governo: os chamados progressistas que
advogavam um Brasil autônomo com ampla participação popular e os
conservadores que defendiam um Brasil integrado ao sistema Norte
Americano, isto é, uma espécie de alinhamento automático às ações dos
EUA. No centro desse debate, estavam três partidos: PTB - Partido
Trabalhista Brasileiro, PSD - Partido Social Democrata e UDN - União
Democrática Nacional.
Em 1960, realizou-se nova eleição para Presidente do Brasil. Foi eleito Jânio
da Silva Quadros. Em 1961, ele renunciou ao mandato. O vice, João Goulart,
ex-ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, eleito constitucionalmente, foi
impedido de assumir a Presidência por interferência de setores mais
conservadores (UDN à frente) e de alguns militares. A alegação deles era a
suposta ligação de João Goulart com os comunistas.
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A mudança do regime político se revelou inócua. Novas crises políticas e
econômicas continuaram a brotar no país, aumentado ainda mais a
desconfiança da população no regime parlamentarista. O efeito desta crise
culminou com a organização de um plebiscito nacional para aferir a opinião
da população sobre o novo regime. O resultado foi uma esmagadora vitória
do presidencialismo no dia 6 de janeiro de 1963. Poucos dias depois, João
Goulart tomou posse como presidente do Brasil. E com ele,
inadvertidamente, adentraram ao Palácio do Planalto algumas crises
fabricadas nos laboratórios das forças conservadoras, agravando ainda mais
a situação política do país.
João Goulart tinha muita dificuldade para antever as crises. Não percebia
como deveria, que algumas ações, aparentemente ousadas, acabavam
criando problemas com as forças sociais mais conservadoras que viam seu
governo com desconfiança. O Presidente, diferentemente de seu antecessor
Juscelino, tinha dificuldade de detectar as “armadilhas” colocadas por seus
inimigos políticos ao longo do seu caminho.
A crise atingiu seu ápice no início de 1964. A defesa das chamadas reformas
de bases, como a nacionalização de algumas refinarias de petróleo
particulares, a reforma agrária, a desapropriação de propriedades às
margens das ferrovias, rodovias, açudes, o aumento da inflação e a ameaça
de controle das ações dos capitais internacionais aguçaram ainda mais os
ânimos da UDN e de outras forças que achavam que o Brasil caminhava, a
passos largos, rumo à instalação de uma república socialista. O medo do
comunismo inflou, mais ainda, os setores descontentes com o governo.
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O discurso repercutiu negativamente junto aos oficiais das Forças Armadas,
porém novos fatos iriam criar novos problemas para o Governo. Os cabos e
sargentos anunciaram uma greve para os primeiros dias de Abril. A pretensa
greve significou para os comandantes militares, uma forte violação da
disciplina e da ordem nos quartéis. A quebra da hierarquia militar foi a senha
que os militares precisavam para participar e consolidar o golpe de estado.
Alberto Neder, médico, militante do PCB, também foi preso. Após a notícia
do golpe, ele procurou se refugiar em lugar seguro porque sabia que era uma
das principais lideranças procuradas pela repressão. Escondeu-se na
fazenda de um amigo, na região de Rio Brilhante, mas, delatado, foi
localizado e preso por uma patrulha do exército. Em Campo Grande, de
acordo com Jornal “Diário da Serra” de 31/04/1994, alguns militares
“desfilaram” com Alberto Neder pelas ruas do centro, com intuito de mostrar
para a população que o famoso comunista estava preso.
O cidadão entrava e saía da cadeia sem saber a causa da sua prisão. Numa
dessas “gincanas”, em Junho de 1965, foram presos os advogados
Cleómenes Nunes, Juvêncio da Fonseca, João Pereira da Silva e o
sindicalista Amaro da Costa Lima.
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Com a consolidação do golpe, os militares colocaram para responder
interinamente pela Presidência da República, o Presidente da Câmara dos
Deputados, Ranieri Mazilli. Porém, o poder de fato, era exercido por eles.
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Nacional. Até 1979, quando aconteceu a reformulação partidária, eram esses
os partidos legais que havia no Brasil.
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2) A GÊNESE DO PMDB
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“1º Não participar das eleições indiretas no âmbito nacional, recomendando o
mesmo comportamento político no plano regional, e denunciar tais pleitos
como desrespeito à vontade popular;
2º Participar das eleições diretas marcadas para novembro próximo, exigindo
garantias efetivas para sua realização;
3º Reafirmar sua linha de ação política em defesa das liberdades
democráticas e dos direitos fundamentais da pessoa humana;
4º Aprovar o manifesto à Nação, no qual se faz a análise da situação política
e se consubstanciam os pontos de vista do MDB sobre os diversos aspectos
da conjuntura brasileira”
“Fazíamos reuniões pequenas para sondar o terreno, para ver como estava
o ânimo do pessoal. Nessa época, tínhamos muito cuidado para não expor
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as pessoas à sanha dos nossos adversários, porque, freqüentemente, nossa
casa era vigiada por olheiros da ADEMAT.. Eles queriam saber quem
entrava e saía da minha casa”.
A perseguição aos quadros do MDB era algo muito habitual. Plínio Rocha
conta, com certa mágoa, que um dia, quando passava em frente à
Associação dos Criadores de Campo Grande, onde funcionava a ADEMAT,
um conhecido seu iniciou uma conversa muito esquisita. “Plínio Rocha,
gostamos muito de você. Queremos que você venha para cá, para nossa
organização, porque Wilson Martins está fazendo muita besteira na oposição
e não sabemos o que vai acontecer com ele”. “Eu respondi para ele que o
meu lugar era com Wilson Martins.”
“A dificuldade era muito grande. Era preciso ter coragem para enfrentar os
desafios de ser oposição à ditadura militar. Havia comício nosso que tinha
como platéia apenas a policia militar. Os políticos da ARENA mandavam a
polícia nos intimidar, ficava um batalhão de soldados com a mão no cabo do
revólver, para nos afrontar, mas, mesmo assim, fazíamos o comício,
colocávamos nossa mensagem. (...) Outra coisa ruim era a distância:
tínhamos que percorrer longos percursos no barro puro, comendo farinha
com sardinha, pois era a comida que encontrávamos nos bolichos. Foi assim
que nasceu e cresceu o nosso querido MDB”.
Sérgio Cruz, ex-deputado federal pelo MDB, conta um fato que aconteceu no
início dos anos 70 e que indica o grau de dificuldade para se fazer política na
oposição.
Nessas condições era muito difícil fazer política, mas, como destaca Ulysses
Guimarães, o “partido superou os obstáculos e se tornou a principal força de
oposição aos militares. Tornou-se o porto seguro daqueles que queriam o
retorno do estado de direito”.
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O teste das urnas
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Dos três candidatos, Plínio Martins era o mais forte eleitoralmente. Após
muitas consultas, recheadas de algumas tensões, como toda disputa, o
partido decidiu lançar uma chapa com dois candidatos a prefeito: Plínio
Martins e Artur D’Ávila Filho. A legislação da época permitia o voto de
sublegenda, ou seja, o partido podia lançar até três candidatos. Essa foi uma
fórmula que a ARENA encontrou para resolver o problema das suas disputas
internas.
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Em Mato Grosso havia pouca novidade no campo político. Uma falsa calma
estava no ar. A novidade era uma peleja entre a Assembléia Legislativa e o
Governador Pedro Pedrossian. Um grupo de Deputados, inclusive com
participação de três do MDB, liderado por Cleómenes Nunes, decidiu, em
agosto, abrir um processo de cassação contra o governador Pedro
Pedrossian. Alegavam os deputados que o Governador tinha cometido
improbidade administrativa ao doar alguns bens públicos a terceiros na
época em que ele era diretor da Ferrovia Noroeste do Brasil. Essa rusga, na
verdade, tratava-se de ressentimentos da velha UDN que, a todo custo,
queria sacar Pedro Pedrossian do Governo. Não tinham se esquecido da
derrota de 1965.
Anos de chumbo
A idéia era fazer algo voltado apenas para a causa estudantil, contudo, aos
poucos, a coisa foi encorpando e ganhou uma dimensão política muito acima
do esperado, com a participação de alguns quadros do MDB que se juntaram
à comissão organizadora.
Numa tarde do mês de julho de 1968, de acordo com Juarez Marques, mais
de 10 mil pessoas saíram às ruas de Campo Grande com cartazes e faixas
solicitando a instalação de uma universidade na cidade, porém,
inadvertidamente, alguns protestavam contra a ditadura militar.
O oficial de plantão, aos gritos, queria saber quem era o responsável por
duas faixas, com as frases: “viva Cuba” e “viva China” que apareceram na
passeata. Juarez explicou que não sabia e que tinha tido o cuidado de não
misturar o ato estudantil com uma ação política propriamente dita, porém,
seus sinceros argumentos não convenceram os militares e ele teve que
“dormir” na cadeia.
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em função disso, como pretexto, a ditadura fechou, no dia 13 de dezembro, o
Congresso Nacional.
“Eu fui cassado pelo ato institucional número 5. Não havia formação de
culpa, mérito, nada que pudesse me condenar. Tudo foi feito pela vontade
dos militares. Quem autorizou minha cassação foi o presidente Costa e Silva.
(...) O povo da velha UDN é que pediu. Fiquei sem poder dar aula na
universidade e fazer política que eram duas coisas que eu gostava muito. (...)
Ficava no meu escritório, advogando, assim mesmo de vez em quando, eles
me levavam preso. Eu acho que era para amedrontar os companheiros que
com dificuldade continuavam a luta do MDB.”
Novos desafios
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O novo Presidente, a exemplo dos seus colegas, deu continuidade à política
traçada pelos militares, ou seja, continuou e ampliou a política de repressão
às oposições e aprofundou a política econômica do regime que ganhou a
denominação de milagre brasileiro, o que lhe rendeu popularidade. O MDB
teve muita dificuldade na eleição de 1970.
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Com Ulysses na presidência, o partido ganhou novo ânimo num novo cenário
político. A crise do petróleo de 1973 mudou o percurso da história em todo o
mundo. No Brasil não poderia ser diferente. O período do “milagre” havia
passado, a popularidade dos militares governantes começa a ser abalada, as
guerrilhas urbana e rural haviam sido praticamente desmontadas pelos
organismos de repressão, de modo que estavam dadas as condições para
ampliação da luta democrática, a fim de romper os grilhões da ditadura. O
quadro que dessa realidade se abstraía era, ainda que persistissem abusos
(os casos Vladimir Herzog e Fiel Filho são bons exemplos), de
reestruturação política do país. O MDB passou a ser, naturalmente, o centro
da resistência democrática.
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outros, passaram a dirigir, com o apoio da velha guarda, a nova política do
MDB.
A nova formação do MDB em Mato Grosso era algo muito parecido com o
que estava acontecendo com o partido em todo o Brasil. Ulysses Guimarães
e outros militantes mais experimentados, como Pedro Simon, Tales
Ramalho, Barbosa Lima Sobrinho, Mário Covas, Franco Montoro e Osvaldo
Lima Filho, percorriam o Brasil de norte a sul, denunciando a ditadura e
organizando o partido. Esse trabalho se refletia no Estado.
“Foi uma eleição difícil. Nós não conseguimos preencher nem o número de
vagas disponíveis para vereador. Não tivemos nem candidato a prefeito,
porque Plínio Martins estava doente e Wilson Martins cassado. Mas, assim,
saímos de peito aberto para conquistar a democracia para o Brasil.
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Elegemos quatro vereadores: Valter Pereira, Walter de Castro, Henrique
Pires Freitas e eu.”
Fausto Mato Grosso, que fez parte da direção do partido em 1972, comenta
a nova linha adotada pelo MDB para conquistar o estado de direito.
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3) NAVEGAR É PRECISO
1973 foi um ano de muita “costura” política tanto para o Governo como para
a oposição. O general do Exército Garastazul Médici, embora não fosse do
grupo político liderado pelos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e
Silva, encetou um conjunto de articulações políticas objetivando indicar
Ernesto Geisel como seu sucessor na Presidência da República.
Essa decisão, a grosso modo, mostrou que a “linha dura” do exército estava
com dificuldades para prosseguir no comando do governo. Notam-se
sintomas de isolamento dessa facção no núcleo de poder das forças
armadas. Em outras condições, esses radicais não permitiriam que um militar
com o perfil de Ernesto Geisel, assumisse a Presidência do país.
A Eleição de Geisel tinha que ser aprovada por um Colégio Eleitoral formado
por senadores, deputados federais e delegados das Assembléias Estaduais.
Esse fato facultava a possibilidade de outros candidatos disputarem o cargo,
ainda que com chance muito reduzida, em face do controle que os militares
exerciam sobre os votos desse colegiado. Mesmo sabendo que as
possibilidades de êxito eram mínimas, o MDB indicou Ulysses Guimarães
para disputar a Presidência do Brasil. Na verdade, era o anticandidato.
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“(...) posto hoje no alto da gávea, espero em Deus que em breve possa
gritar ao povo brasileiro: alvíssaras, meu capitão. Terra à vista. Sem sombra,
medo e pesadelo, à vista a terra limpa e abençoada da liberdade. Navegar é
preciso. Viver não é preciso” (Guimarães, 1978, p.47).
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Da esquerda para a direita: Bezerra Neto, Juarez Marques Batista e
Plínio Martins. Arquivo do Jornal Diário da Serra.
Um fato importante nesse ano, foi a declaração de voto feita pelo Deputado
Estadual Cleómenes Nunes no dia 3 de outubro de 1974, por ocasião da
eleição indireta de Garcia Neto ao Governo do Estado. Cleómenes Nunes,
líder do MDB na Assembléia Legislativa, negou-se a homologar o nome do
governador e, corajosamente, fez um voto em separado lavrado nos
seguintes termos:
“Recuso-me a votar por entender que não pode ser chamada de eleição um
ato simplesmente homologatório como este que em nada favorece o
fortalecimento das instituições democráticas além de atentar, frontalmente,
contra a vocação política do nosso povo, em nome simples e unicamente de
um “consenso” que sequer soube ser definido por quem inventou’. Em outra
parte ele fala: “Devolvo esse voto em homenagem ao povo da minha terra
que, se já era obrigado a calar, agora também está obrigado a não ouvir e a
não saber, por força da censura imposta aos meios de comunicação.
Devolvo esse voto, finalmente, em homenagem àqueles que não hesitaram
em dar inclusive a própria vida em favor da democracia, da independência e
da liberdade de nossa pátria”.
A eleição de 1976
Entre 1974 e 1976, a ditadura militar continuou perdendo apoio tanto interno
como externo. Era cada vez maior o número de vozes que se levantavam
1
para denunciar os crimes políticos e pedir o retorno ao estado de direito. A
derrota política de 1974 e a crise econômica que se iniciou em 1973,
continuaram se ampliando como um rastilho de pólvora nos anos seguintes,
colocando a ditadura “em xeque”.
O livro, Brasil Nunca Mais, 1983, p. 68, informa que, ao final do governo
Geisel, aproximadamente 10 mil pessoas tinham sido exiladas, 4.682
cassadas e 245 estudantes foram expulsos das universidades por força do
decreto 477. O número de mortos e desaparecidos passou da casa das três
centenas. O referido livro relata ainda, com detalhes, como agiam os grupos
paramilitares e quais as técnicas usadas para torturar os prisioneiros.
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O Governo trabalhava como um pêndulo que oscilava entre a dureza interna
sobre as ações desmedidas de seus radicais de farda e a dureza externa ao
criar mecanismos institucionais, anteparando as possibilidades da oposição
chegar ao poder. Em julho de 1976, por exemplo, percebendo que poderia
sofrer nova derrota se as eleições marcadas para esse ano fossem
realizadas com as mesmas regras eleitorais de 1974, editou a Lei Falcão, um
“monstrengo eleitoral” que, entre outras coisas, proibiu que os candidatos
usassem livremente a televisão e o rádio para se comunicar com a
população. O candidato se limitava a ler o nome, número, sigla, além de
mostrar na televisão uma pequena foto.
O deputado Federal Walter de Castro era o nome mais forte para disputar a
prefeitura de Campo Grande. Desde 1975, vinha costurando sua candidatura
junto aos comandos nacional e estadual do partido. Porém, em junho de
1976, poucos dias antes da convenção, começou a ser divulgada uma crítica
dura contra ele. Era acusado de ter feito um entendimento com o ex-
Governador Pedro Pedrossian para ser, dentro do MDB, o candidato dele.
Esses falatórios se espalharam e em pouco tempo provocou a desconfiança
dentro do partido.
“Eu tinha uma votação muito boa na cidade. A ARENA estava apavorada. O
SNI – Serviço Nacional de Informação – fez uma pesquisa que me colocava
na frente de todos os candidatos. Por isso, comecei a perceber que alguma
coisa estava errada (...). Comecei a perder alguns apoios. Assim, divididos,
fomos para a convenção e eu perdi a indicação. Fiquei muito magoado com
essa história que Pedro Pedrossian ia me apoiar (...). Aí, fui embora para
Brasília e fiquei fora da eleição”.
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Arquivo do Jornal Diário da Serra
“Nós tínhamos a fórmula para ganhar aquela eleição. Podíamos lançar três
candidatos: Walter de Castro, Plínio Rocha e eu. As pesquisas indicavam
que eu era o candidato com maior potencial de voto, mas, em função da
minha condição social e da minha independência, minha candidatura foi
condenada pela cúpula do partido. O Walter de Castro também, foi rifado
(...). Ai foi aquela lambança toda na convenção em que o Walter deixou de
ser candidato por um voto. Sendo que os votos de Walter de Castro eram
importantes para ganharmos a eleição.”
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os arenistas e colocava nesse saco, de lona, relativamente grande, para
serem apresentadas à população. Esse era um quadro muito esperado pelo
público que ia aos comícios de Sérgio Cruz.
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Gedeão. Para o Legislativo Federal elegeu Antônio Carlos de Oliveira e
Walter de Castro.
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4) A CAMPANHA PELA ANISTIA
A luta pela anistia era uma bandeira com forte apelo popular. O próprio
candidato à Presidência da República do Brasil pelo Colégio Eleitoral, João
Batista de Figueiredo, filho de exilado político, gostava de dizer que “lugar de
brasileiro era no Brasil”.
No início de 1978 eram cada vez maiores e mais constantes os atos políticos
em defesa da Anistia. No Congresso Nacional, também crescia o número de
defensores da medida. O discurso proferido por Ulysses Guimarães por
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ocasião do lançamento da sua candidatura à Presidente da República, no
final de 1973 no Congresso Nacional, teve como centro a questão das
liberdades democráticas. Disse ele: “Existe hoje no Brasil a palavra oracular,
limpa como a verdade e translúcida como o cristal, para que através dela se
divise e surja a figura reparadora da justiça. Esta palavra, eu vou pronunciá-
la, agora: anistia, anistia, anistia” (Guimarães, 1987, p.52).
Em 1978, produto do trabalho que estava sendo feito pelos exilados fora do
Brasil, foi criada uma rede de apoio à luta pela anistia formada, entre outros,
por influentes políticos e Chefes de Estados da Europa e da América do
Norte, entre eles Jimmy Carter que, em 1979, assumiu a presidência dos
EUA com um discurso comprometido com os direitos humanos.
Inspirado nesse trabalho que tinha o apoio da Igreja Católica, foi criado em
Campo Grande o Comitê Pelos Direitos Humanos e pela Anistia. Um dos
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articuladores desse trabalho no Estado foi o economista Alfredo Sulzer,
militante do MDB que, com o apoio do padre Antônio de Barros, um dos
professores da Faculdade Dom Bosco, dirigiu-se a São Paulo para ter um
encontro com o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns com a intenção de obter
informações que ajudassem a criar a Comissão de Justiça e Paz no Mato
Grosso.
“Na época éramos magros, por isso foi possível caber, com certo conforto,
eu, Carmelino, Ricardo Bacha, Onofre e Ricardo Brandão. O automóvel
rodava em torno da universidade e nós íamos traçando nosso plano para
organizar a luta pela anistia no Estado”.
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Solenidade de posse dos diretores do Comitê pelos Direitos Humanos
e pela Anistia de Mato Grosso. Arquivo Alfredo Sulzer
Antes tarde do que nunca, né? Mas o atraso deve-se única e exclusivamente
a minha imprevidência, pois me esqueci de anotar o endereço de vocês
quando aqui estiveram. Tive que escrever ao Ricardo pedindo...
Tens visto a Suely? Como está ela? Continuo aguardando uma carta da
ingrata... Mas de qualquer forma eu a quero muito bem, como a uma irmã,
por isso mando um grande beijo a ela e a Leila...
Aqui a vidinha não se altera. Apenas o número tem diminuído, somos 14
atualmente (saíram Pacheco, Nei e Marco Antonio) e isso é sempre uma boa
coisa. Dizem que ano que vem devem acabar com os presos, vamos ver...
Espalhe a notícia para virem nos visitar antes que acabe...
Tenho recebido notícias através do Ricardo que como sempre anda bastante
animado. E não é pra menos com a vitória na OAB...
Escrevi hoje para Mariza também e faço a você o mesmo pedido de
transmitir a todos um grande abraço. Receba você também o abraço do
amigo de sempre.
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5) A CRIAÇÃO DO PMDB EM MATO GROSSO DO SUL
Por isso eles queriam que o MDB se dissolvesse, mudasse de nome. Nestes
termos tentaria apagar o papel vergonhoso cumprido pela ARENA e a
gloriosa trajetória do MDB. Assim, em 20 de dezembro 1979, o Governo
Federal decretou o fim do MDB e da ARENA.
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Na noite de 20 de dezembro de 1979, por iniciativa de Ulysses Guimarães,
um grupo de parlamentares se reuniu em Brasília para discutir o nome do
novo partido. Sem muito debate, porque não havia necessidade, de acordo
com o ex-deputado Sérgio Cruz, líder do MDB na Assembléia Legislativa de
Mato Grosso, que participou dessa reunião. O partido resolveu colocar
apenas um “P” antes do MDB e tornou-se PMDB. Os militares não contavam
com essa astuta manobra de lucidez e criatividade.
Por outro lado, produto da dança partidária que aconteceu no ano de 1980,
oportunidade em que as pessoas procuravam se vincular aos partidos que
melhor representassem seus interesses ideológicos, o presidente do PMDB
Estadual, Antônio Carlos de Oliveira, sem qualquer explicação, abandonou a
direção do partido e se filiou ao PT. O partido rapidamente convocou Wilson
Martins para assumir a direção formal da sigla. Aliás, Wilson Martins mesmo
cassado tinha grande influência sobre o partido. Agia com muita
desenvoltura nos bastidores.
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Com receio de perder as eleições municipais marcadas para novembro de
1980, o Governo Militar, por sua vez, cancelou as eleições de 1980 e
remarcou para o ano de 1982. A explicação oficial dizia que os partidos não
tinham tempo hábil para se organizar e participar das eleições marcadas
para aquele ano. Para diminuir as resistências parlamentares, o presidente
João Figueiredo prometeu ampliar por dois anos o mandato dos vereadores
e prefeitos (Kucinski, 1982, p.139).
A idéia de mudar o calendário eleitoral tinha como base o fato do PDS ter
maior capilaridade, estar presente em quase todos os municípios do Brasil,
diferentemente dos demais partidos, inclusive do PMDB. Como nas eleições
de 1982 haveria o voto vinculado de vereador a senador (“cabo a rabo” como
se dizia na época), havia possibilidade do PDS ter êxito na sua manobra.
A incorporação do PP ao PMDB
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Reunião do PMDB de Mato Grosso do Sul com Ulysses Guimarães.
Arquivo do Diário da Serra
Porém o PP, por força da legislação eleitoral que instituiu o voto vinculado,
precisava estar presente nos principais municípios do país. O partido de
Tancredo Neves teria que fazer um grande esforço para conquistar o interior
do país e se tornar uma agremiação nacional. Por isso Tancredo e Ulysses
Guimarães, que eram parceiros de longa data, iniciaram conversações para
unir os dois partidos.
Porém com a nova legislação eleitoral de maio de 1980, que instituía o voto
de legenda, o quadro mudou. Aí o PP e o MDB precisavam estar presentes
nos grandes e nos pequenos municípios. Precisavam ter capilaridade
eleitoral. Essa situação ensejou que o debate sobre fusão ou incorporação
entre os dois partidos voltasse ao centro do debate.
“No início éramos contra a proposta de fusão. Ela não ajudava a oxigenar o
partido, ao contrário, parecia mais uma composição conservadora, que inibia
a ascensão do PMDB, depois a proposta passou a ser a incorporação do PP
ao PMDB. Aí era outra coisa porque preservava o capital político do PMDB
que era o que havia de mais importante (...) O que queríamos era garantir
que o PMDB continuasse com a hegemonia política do processo. A
incorporação se revelou se suma importância para ganharmos a eleição de
1982”.
1
João Leite Schimidt, um dos responsáveis pelas negociações que
culminaram na fusão dos dois partidos, comenta a importância desse evento:
Em Defesa do Pantanal
Esse trabalho foi, sem dúvida, o maior movimento popular realizado no Mato
Grosso do Sul. Com pouquíssimos recursos financeiros foi possível reunir
pessoas que, no cotidiano, possuíam posição antagônica (sindicalistas,
estudantes, profissionais liberais, pecuaristas, industriais e políticos de várias
ideologias).
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6) A CONQUISTA DO GOVERNO EM 1982
“Não era o meu nome o mais forte para aquela eleição. O nome mais forte
era o do meu irmão, Plínio Martins. A população queria recompensá-lo pelos
serviços prestados como vereador e Prefeito de Campo Grande. Ele resistiu
muito a aceitar a candidatura, mas, certa ocasião, ele disse que ia ser
candidato. Isso ele falou em um dia, mas no dia seguinte voltou aqui a esse
escritório e disse: Wilson, não tenho condições de sair candidato, estou
5
numa dificuldade muito grande, solicito que você me ajude, explique para os
companheiros a minha situação. Aí que o meu nome veio à baila. Os
companheiros que insistiam com Plínio Martins, então, passaram a insistir
comigo. Então eu empunhei a bandeira e fui para a campanha”.
Aconteceu que os autênticos, liderados por Sérgio Cruz, Nelly Bacha, Juarez
Marques e Valter Pereira, não aceitaram o nome de Antônio Mendes Canale
que, naquele momento, enfrentava certa rejeição popular. Eles queriam um
nome do PMDB.
Ramez Tebet relata como aconteceu a sua indicação para vice de Wilson
Martins:
O advogado João José de Sousa Leite conta que no início dos anos oitenta o
PMDB era um partido com pequena representação política formal.
“Eu era advogado e fui convidado pelo também advogado José Augusto
Sobrinho, ativista político de muita competência e um dos organizadores do
movimento comunitário do PMDB, para trabalhar na agência dele, a Stúdio
Comunicação que, junto com a Arte Traço e a Nova Fronteira, faziam a mídia
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do PMDB. O lema da campanha era: A hora é agora. Lembro do entusiasmo
da equipe quando Wilson Martins saiu do patamar de 10% dos votos para
20% em menos de um mês de campanha. Esse pleito inaugurou uma nova
forma de comunicação política no Estado.”
“Era incrível a relação da população com o PMDB. Bastava você dizer que
era do PMDB para ser recebido pelo eleitor de uma forma alegre. A
população do Estado queria uma mudança na política que veio com a vitória
de Wilson Martins em 1982”.
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7) LÚDIO COELHO NA PREFEITURA DE CAMPO GRANDE
Antes de indicar Lúdio Coelho, Wilson tentou outra saída: convidou Marcelo
Miranda para ser prefeito de Campo Grande. Quem fala desse convite é o
próprio Marcelo Miranda:
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“Dr. Wilson, vendo a força que tínhamos em Campo Grande, me fez o
convite para eu ser o prefeito de Campo Grande. Eu achei que não deveria
aceitar porque eu tinha sido eleito para o Senado. (...) Como nós não
tínhamos o apoio da classe empresarial rural, eu lembrei que era importante
o Lúdio ser prefeito de Campo Grande, para atrair mais gente para o nosso
lado. Quando eu abri mão do convite, Dr. Wilson me pediu que eu fizesse o
convite ao Lúdio Coelho para ele ser o prefeito de Campo Grande”.
Eis o que nos conta Wilson Martins sobre a escolha de Lúdio Coelho:
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8) “DIRETAS JÁ”
Não era uma campanha fácil, aliás, a luta contra a ditadura foi marcada por
inúmeras dificuldades. O problema era que o PDS elegeu a maioria dos
convencionais na eleição de 1982, portanto, no Colégio Eleitoral, com o PDS
unido, era uma empreitada difícil.
A oposição tinha que conseguir 2/3 dos votos, ou seja, 320 de um total de
479. O PDS tinha 235 deputados e 69 senadores, o que tornava complicado,
sem uma rachadura na base do Governo, eleger um candidato da oposição.
Assim mesmo, o PMDB e os demais partidos foram para as ruas e para o
parlamento exigir “Diretas Já”.
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Campo Grande, René Siufi, com cartazes e entoando palavras de ordem
para exigir as Diretas Já. A caminhada começou às 16 horas e percorreu as
principais ruas do centro da cidade indo encerrar na estação rodoviária.”
Em Campo Grande, a exemplo das demais capitais, foi marcado para o dia
24 de março, um grande comício. Ao longo da semana que antecedeu esse
evento, houve várias atividades políticas pela cidade com o objetivo de
convocar a população para o ato.
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Comício pelas “Diretas Já” em Campo Grande. Arquivo: Jornal Diário
da Serra
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uma diferença de 24 votos. A Emenda precisava de 320 votos, mas só
conseguiu 298, sendo 55 votos de deputados do PDS que votaram com a
oposição. Logo após a votação, sem perda de tempo, o PMDB começou a
juntar forças para derrotar o PDS no seu campo, ou seja, no Colégio
Eleitoral.
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9) JUVÊNCIO NA PREFEITURA DE CAMPO GRANDE
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Para resolver o impasse, surgiu a idéia de se fazer uma pré-convenção. Pelo
voto secreto seria escolhido o novo diretório do partido que, por sua vez,
faria a convenção e indicaria o candidato do partido a prefeito. Com essa
alternativa, na verdade, veio outra disputa: quem ganhasse o diretório, em
tese, ganharia também o direito de ser indicado pelo partido para disputar a
prefeitura de Campo Grande. Aí, o trabalho político se intensificou para as
três chapas.
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A disputa continuou acesa. Uma nova rodada de negociação foi realizada
com o objetivo de escolher o candidato. Desse modo, as negociações foram
feitas pelos líderes partidários: Wilson Martins, Lúdio Coelho e Marcelo
Miranda. A alternativa encontrada foi apresentar outro nome com capacidade
para unir o partido. Eis que surgiu o nome do vereador Juvêncio César da
Fonseca.
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Além de Juvêncio da Fonseca, concorreram à prefeitura de Campo Grande
Levy Dias, pelo PTB; Sérgio Cruz, pelo PDT; Euclides de Oliveira pelo PCB e
Jandir de Oliveira pelo PT.
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10) MARCELO MIRANDA NO GOVERNO
Com base nessas mudanças, a população percebeu que, embora com erros,
como ficou claro mais tarde, o cruzado mudou completamente o perfil da
economia e apontou um caminho diferente para atacar as causas da
estagnação econômica e social do Brasil. Ao invés dos receituários do FMI
que se baseavam em corte dos investimentos públicos, o Brasil preferiu
crescer com uma política heterodoxa, diferente, que combinava crescimento
econômico com investimento social. Isso aumentou a massa salarial e o
poder de compra da população. Por isso mesmo, a população continuou
votando no PMDB para a escolha de governador de Estado, Senador,
Deputado Federal e Estadual.
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convenção, resolveu sair do partido para ser candidato ao mesmo cargo pelo
PTB.
A linha política adotada pelo candidato Lúdio Coelho cujo vice era Paulo
Coelho Machado, teve como centro o anticomunismo. Procurou por todas as
formas ligar Marcelo Miranda aos comunistas. O PMDB concentrou parte da
sua campanha na defesa do plano cruzado e no debate dos problemas do
Estado, estratégia que se mostrou correta e facilitou a vitória.
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11) ELEIÇÃO PARA PREFEITO EM 1988.
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Bender; Corumbá, com Fadah Scaff Gattas; Dourados, com Antônio Braz
Melo; Iguatemi, com Darci Thiele; Itaquiraí, com Renato Tonelli; Ivinhema,
com Manoel Felix Nelito Câmara; Jaraguari, com Áureo Franco Vilela;
Jardim, com Joelson Martines Peixoto; Maracaju, com Luiz Gonzaga Prata
Braga; Naviraí, com Onevan José de Matos; Nioaque, com Anastácio Martins
Corone; Pedro Gomes, com Moisés Jajah Nogueira; Ponta Porã, com Carlos
Furtado Fróes; Porto Murtinho, com Heitor Miranda dos Santos; Rio Negro,
com Eronias Cândido de Rezende; Rochedo, com Adão Pedro Arantes e
Sidrolândia, com Daltro Fiúza.
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12) A ELEIÇÃO PARA GOVERNO EM 1990
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As bases do partido queriam Juvêncio da Fonseca, porém, provavelmente
porque não tinha força política para impor o seu nome, o ex-prefeito abdicou
da sua candidatura e seguiu o caminho do Senado.
Por outro lado, o nome de Flávio Derzi não “decolou”. Não crescia nas
pesquisas. Por isso, ele desistiu e foi candidato a deputado federal pelo PP.
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13) JUVÊNCIO VOLTA À PREFEITURA DE CAMPO GRANDE
A eleição municipal de 1992, em Mato Grosso do Sul, foi mais tranqüila que
a de 1990. Nesse ano, em que pese às dificuldades, o partido apresentava
boas chances de vencer o pleito municipal e conquistar uma grande bancada
de vereadores.
A conjuntura era outra. Parte importante dos dirigentes do partido que foi
para o PSDB em fevereiro de 1990, retornou ao PMDB em abril de 1992, a
tempo de participar das eleições.
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com a comunidade. Em maio de 1992 Juvêncio recebeu apoio político do
Governador do Estado, Pedro Pedrossian. Com o apoio do Governo e com a
força do PMDB, a sua campanha tinha tudo para ser vitoriosa.
O apoio de Pedro Pedrossian ao PMDB não era bem visto pela militância do
partido e pelas principais lideranças. Havia uma velha “rusga” política entre
ele e o PMDB. Juvêncio da Fonseca, por sua vez, entendia que era
fundamental o apoio do então governador para sua eleição.
“Eu fiz questão de explicar para Wilson Martins e outros militantes do partido
que havia um entendimento entre eu e o Pedro Pedrossian. Era a forma que
eu tinha encontrado para enfrentar Marilú Guimarães que tinha o apoio do
Lúdio Coelho. Wilson Martins, não sem reclamar, terminou entendendo a
situação e apoiou a minha candidatura à Prefeitura de Campo Grande”,
explica Juvêncio da Fonseca.
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14) WILSON MARTINS VOLTA AO GOVERNO
“Eu falei para ele que não estava em condições de ouvir aquela proposta
porque estava fora da atividade política, mas iria procurar alguns
companheiros para saber suas opiniões sobre o convite. Não descartei a
iniciativa.”
“Eu perguntei ao Dr. Wilson se ele era candidato ao Governo do Estado. Ele
me disse que não, que preferia retornar ao Senado”. Também falou das
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dificuldades do segundo governo e de outras razões para não ser candidato,
mas, quando eu falei que estava indo a uma reunião da Fundação Ulysses
Guimarães em Brasília, em que seria tratada, entre outras coisas, a questão
da eleição em Mato Grosso do Sul, ele se interessou pela conversa (...)
Então, naquele momento, pedi autorização para conversar com outros
companheiros sobre seu nome para o governo, ele, discretamente, falou:
“você vai mexer o doce. Vamos ver o que vai dar”.
O PMDB E AS PRÉVIAS
“Se ele era candidato ao Governo. Disse que se ele fosse candidato ele
seria eleito e tinha meu voto. (...) A resposta de Wilson foi que não era
candidato, que estava bem em Brasília que, inclusive, gostaria de indicar
talvez o nome de Braz Melo, ex-prefeito de Dourados. Eu aproveitei a
oportunidade e falei da conversa que tive com o Pedro Pedrossian. Expliquei
em detalhes qual era o projeto, falei que ele voltaria para o Senado nesse
entendimento. Foi uma conversa longa. Ele ficou de acordo”.
Porém, alguns dias depois dessa conversa, Wilson Martins resolveu disputar
a vaga de candidato do PMDB ao Governo do Estado. Aí o clima esquentou
entre os dois candidatos. Ambos assumiram publicamente a candidatura que
ainda era discreta.
Arquivo:Valter Pereira
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Arquivo: Valter Pereira
Arquivo:Valter Pereira
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A campanha de 1994 foi relativamente tranqüila. Wilson Martins ganhou no
primeiro turno com 392.365 votos; Levy Dias obteve 243.366; Pedro Teruel
obteve 73.164 e Rita de Cássia, 21.773 votos.
Os eleitos para o Senado foram Lúdio Coelho com 383.853 votos e Ramez
Tebet com 300.777; Ari Rigo obteve 267.130 votos e Rachid Derzi 148.336;
Ricardo Brandão teve 9.184 votos e Alan Pitthan 62.200; Francisca Diva
ficou com 49.735 votos.
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15) ANDRÉ NA PREFEITURA DE CAMPO GRANDE
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Em junho de 1996, foi apresentada na convenção do Partido, a chapa para
Prefeito de Campo Grande, composta por André Puccinelli pelo PMDB e o
empresário Osvaldo Possari do PSDB como vice.
Zeca e André foram para o segundo turno. André Puccinelli venceu o pleito
por uma diferença de 411 votos, ou seja, teve 131.124 votos contra 130.713
de Zeca do PT.
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Na totalização geral do pleito, o partido conseguiu 232 vereadores no Estado
e 28 prefeitos: Anaurilândia, com Edson Stefano; Antônio João, com Dácio
Queiroz; Bandeirante, com Ivaldo Gonçalves Medeiros; Bodoquena, com Jun
Iti Hada; Campo Grande, com André Puccinelli; Caracol, com Dilmar da
Silva; Coxim, com Oswaldo Mochi; Deodápolis, com Leonardo da Silva;
Dourados, com Antônio Braz Melo; Eldorado, com Pedro Deodato Balam;
Fátima do Sul, com Dílson Deguti; Glória de Dourados, com José de
Azevedo; Guia Lopes da Laguna, com Elizeu dos Santos; Iguatemi, com
Darci Thiele; Itaporã, com Ariovaldo Maria; Itaquiraí, com Renato Tonneli;
Japorã, com Sebastião Aparecido de Souza; Jardim, com Márcio Campos
Monteiro; Jateí, com José Carlos Gomes; Miranda, com Ivan Paz Bossay;
Andradina, com Luiz Carlos Ortega; Novo Horizonte do Sul, com Adilson
José Scapin; Paranaíba, com Diogo Robalinho de Queiroz; Rio Negro, com
Eronias Cândido de Rezende; Rio Verde de Mato Grosso, com José de
Oliveira Santos; Tacuru, com Abel Augusto Rodrigues; Terenos, com Cláudio
Nascimento da Paixão e Três Lagoas, com Issam Fares.
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16)A ELEIÇÃO PARA GOVERNO EM 1998
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17) ELEIÇÃO PARA PREFEITO EM 2000
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18) O PLEITO DE 2002
“Em 2002 éramos para ter sido candidato. Já tínhamos seis anos de
mandato em Campo Grande e estávamos muito bem. Três fatores fizeram
não sermos candidato: primeiro, a população de Campo Grande não queria
que eu deixasse a prefeitura para disputar o Governo do estado; segundo, a
verticalização desestruturou aquela aliança partidária que tínhamos feito com
PFL, PSDB, PTB, PPB e outros; terceiro, pouca estrutura para enfrentar uma
batalha que, com a queda da verticalização, ia fazer sair vários partidos da
nossa coligação. Esses fatores acabaram fazendo com que eu
permanecesse na prefeitura. Reconheço meu equívoco. Demorei a informar
aos companheiros que não era mais candidato”.
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Moka. Uma das vagas para Senado foi conquistada pelo PMDB com Ramez
Tebet, tendo como suplente o ex-deputado federal Valter Pereira.
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19) NELSON TRAD FILHO NA PREFEITURA DE CAMPO GRANDE
Reunião do PMDB/MS
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Arthur; Sonora, com Zelir Antônio; Camapuã, com Moyses Nery; Campo
Grande, com Nelson Trad Filho; Costa Rica, com Waldeli dos Santos;
Ivinhema, com Renato Pierreti; Sidrolândia, com Daltro Fiúza; Três Lagoas,
com Simone Tebet e Terenos, com Humberto Pereira.
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Entrevistados
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Humberto Neder João José de João Leite
Souza Leite Schimidt
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Nelson Trad Nilson Araújo Plínio
Filho de Sousa Rocha
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Wilson
Fernandes
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BIBLIOGRAFIA
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