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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE APOIO AO COMÉRCIO INTERNACIONAL

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FALÁCIA DE DOHA
Por Diógenes Duarte sobral
Presidente da OMACI

É preciso desmistificar a importância da abertura dos mercados aos produtos agrícolas brasileiros (e de
todos os países em desenvolvimento) e tentarmos visualizar os verdadeiros interesses nesta abertura
que apenas acontecerá em detrimento da abertura de nossos mercados aos produtos industrializados e
as patentes dos desenvolvidos.
No Brasil, hoje, 80% da população vive em áreas urbanas e os 20% restantes não necessariamente em
áreas rurais, mas sim em pequenas cidades onde as principais atividades econômicas giram em torno da
atividade agropecuária. Somente 3% da população (dados do IBGE de 2000) vivem efetivamente em
zonas rurais e sobrevivem sistematicamente da atividade agropecuária.
A humanidade nestes seus últimos 10 mil anos de existência consome apenas 8 grandes grupos de
alimentos vegetais (cereais como trigo, milho, centeio e arroz que correspondem por mais de 65% do
consumo diário de 70% da população mundial) e as proteínas animais provem de apenas 5 fontes
principais (bovinos, aves, caprinos e ovinos, suínos e frutos do mar.
Do Neolítico, com desenvolvimento da agricultura e domesticação de animais, muito pouco mudou em
termos de opções de consumo alimentar humano, apenas desenvolvendo-se novas técnicas de como
produzir mais e melhor estes poucos alimentos.
O potencial de obtenção de alimentos não se limita a estes parcos representantes. Podemos obter o
fornecimento de outras fontes ainda não exploradas e maximizar a obtenção das existentes com
investimento em pesquisa agropecuária (o que a EMBRAPA tem feito tão eficientemente e sem alarde,
apesar do pouco investimento, e que pode ser muito mais eficaz com maior apoio governamental).
Daqui a alguns anos (ou décadas, séculos, milênios, que sejam) o mundo talvez não utilize carros
movidos a combustíveis fósseis. Também é possível que não utilize telefones celulares, mas implantes de
telecomunicação acoplados ao ouvido e a laringe; o computador será igualmente acoplado a nosso corpo
e a tela será uma lente de contato especial que nos possibilitará ver o conteúdo das informações que
desejamos enquanto conversamos ou jogamos tênis.
Tudo isso é possível mas tenho uma certeza: Meu corpo precisará de energia e esta energia precisará vir
de fontes orgânicas e minerais. Talvez o ato de comer passe a ser tão insignificante e insípido como
encher o tanque do meu carro, hoje. Abrimos aquela lata de concentrado alimentar e ingerimos. Pronto.
Fácil assim, apesar de que extremamente sem graça. Mas quem aqui quer achar graça de alguma coisa.
Queremos dinheiro, Queremos poder. Queremos aplausos e desperdiçar nosso precioso tempo comendo é
contra producente.
Tudo isso que falei até agora é para podermos ver que basearmos nosso desenvolvimento no sucesso de
nossa agricultura é como querer acompanhar a marcha do mundo em um carro de boi (entenderam a
deixa) enquanto os países desenvolvidos o fazem em suas Mercedes, BMWs, Jaguares, Ferraris, Air
Buses, etc.
Devemos nos fechar aos produtos industrializados o máximo possível, deixando abertas apenas as portas
aos bens de capitais necessários ao desenvolvimento de nossa base industrial (Máquinas e equipamentos
para indústria e agricultura, equipamentos para estudos e pesquisas, itens de informática, equipamentos
para infra estrutura, etc)
Investiremos pesadamente em desenvolvimento de nossa indústria como o Japão e outras, hoje
potências, fizeram acertadamente (copiando, em um primeiro momento, se preciso
for).\u003cbr\u003eVejamos o caso extraordinário da EMBRAER que não se rendeu a este choro
generalizado e partiu em busca da excelência que hoje reputa.
Começou com a produção de peças para sua frota, passou pelo desenvolvimento de Joint Ventures e
produção por licença de algumas aeronaves, desenvolveu um sucesso que é o Super Tucano, considerado
o melhor treinador de futuros pilotos de caça e considerado um excelente avião de patrulha de fronteiras;
partiu para uma parceria para produção de um jato militar (AMX) e Hoje desponta como uma das
grandes na produção de jatos comerciais (e o tamanho deles está crescendo, assim como o faturamento
da empresa).
Temos outros maravilhosos exemplos como os Lançadores de foguetes ASTRO da IMBEL, largamente
utilizados nos conflitos do Oriente Médio nas décadas de 70 e 80. O Tanque OSÓRIO, notoriamente
superior a todos os outros concorrentes em sua época (e moderno ainda hoje) e que só não foi o
escolhido pela Arábia Saudita em sua concorrência Internacional, também na década de 80, por questões
meramente políticas e não técnicas e operacionais.
O espaço é curto e o tema extenso. Como síntese poderemos dizer que: Vamos empreender um esforço
supra nacional para buscar o desenvolvimento industrial necessário. Temos energia abundante, recursos
naturais. E quanto ao humano poderemos em um par de décadas resolver, com investimento maciço e
sério em educação.
Façamos isto e esperemos os “ricos” nos implorar pelo alimento que os faltará em breve.
Temos de lutar incansavelmente pela maior transparência e dinamismo no comércio entre as nações,
mas sem os grilhões e armadilhas deste sistema que nos aprisiona neste estágio de subdesenvolvimento.

Junho de 2009

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