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CURITIBA
2006
“Mas, veja! Que luz é aquela, que passa pela janela?
Ela fala – e não diz nada.”
“A luz elétrica é informação pura. É algo assim como um meio sem mensagem (...).
Não percebemos a luz elétrica como meio de comunicação simplesmente porque ela
não possui conteúdo” (McLUHAN, 1964)
De acordo com McLuhan (1911), o que ocorreu foi a passagem de uma civilização
familiarizada com a comunicação através da palavra impressa para a sociedade
contemporânea, em que predomina a base eletrônica1.
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Seguindo as análises de McLuhan, Gabriel Cohn (1987) acrescenta: “De uma comunicação fragmentada, linear, de propagação lenta e de
caráter individualizante, (à qual corresponde, no plano sócio-político, o Estado nacional moderno e, no plano econômico, a Revolução
Industrial) passa-se para outra, integrada, não-linear e de propagação instantânea (mítica) e de caráter comunitário (todos participam da vida
de todos, e o envolvimento social é global: é a fase da sociedade mundial no plano sócio-político e da automação do plano econômico). O
mundo transforma-se num grande ‘vilarejo’; há uma ‘tribalização’ em escala ecumênica”.
Todas essas evoluções foram decisivas no sentido de acumulação tecnológica para o
que hoje tem-se como a talvez mais inovadora forma de comunicação: a internet.
Características da evolução
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A rede inconsútil é citada por Tom Wolfe em seu artigo “Os desdobramentos da aldeia global”, entre diversos
de outros autores, não é um conceito criado ou sequer abordado por McLuhan.
experiências estão presentes no espaço globalizado da mídia que transmite em tempo real,
intercomunicando realidades dos lugares mais distantes e díspares.
Aldeia global
E é então que o mais conhecido conceito criado por McLuhan – o conceito de aldeia
global – pode ser aplicado.
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“A cultura letrada terá uma ênfase visual baseada na continuidade, na uniformidade e no nexo seqüencial,
visualidade que, durante a modernidade, procurará ser reproduzida pelos meios de comunicação incentivando a
continuidade e a linearidade, mesmo que mediante a repetição” (McLUHAN, 1998 in: Revista FAMECOS,
12/2003). “As informações despencam sobre nós, instantaneamente e continuamente. Tão pronto se adquire um
novo conhecimento, este é rapidamente substituído por informação ainda mais recente. Nosso mundo,
eletricamente configurado, forçou-nos a abandonar o hábito de dados classificados para usar o sistema de
identificação de padrões” (McLUHAN, 1969, p. 91)
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“Os efeitos da tecnologia não ocorrem aos níveis das opiniões e dos conceitos: eles se manifestam nas relações
entre os sentidos e nas estruturas da percepção, num passo firme e sem qualquer resistência” (McLUHAN, 1964,
p.34)
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“Nossa cultura oficial se esforça para obrigar os novos meios a fazerem o trabalho dos antigos. Atravessamos
tempos difíceis, pois somos testemunhas de um choque de proporções cataclísmicas entre duas grandes
tecnologias. Abordamos o novo com o condicionamento psicológico e as reações sensoriais antigos. Esse choque
sempre se produz em períodos de transição” (McLUHAN, 1969, p. 120)
encontrados os mais completos carniceiros. A aldeia global poderia reunir toda a humanidade
para a violência tão facilmente como para qualquer outra coisa. Segundo o historiador Eric
Hobsbawm, o século XX foi de brilhantes avanços tecnológicos, mas também foi o mais
bárbaro da história humana.
Outro problema da comunicação na época de aldeia global – ou da aldeia global na
época da comunicação de massa – é que os avanços tecnológicos vieram suprir a carência de
informação, mas a inserção dessas máquinas tem condicionado os homens. Já não se trata
mais de sede, mas sim de dependência de informação. Segundo Rüdiger (1998), a mídia
eletrônica, fundada na instantaneidade, torna-se instrumental, sem margem a reflexão, ao
aprofundamento, outro tipo de condicionamento.
Referências bibliográficas
MCLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg. 2 ed. São Paulo: Nacional, 1977. p. 54-60 e
p. 340-342.
MATTELART, Armand e Michèle. História das teorias da comunicação. 7 ed. São Paulo:
Loyola, 1995.
MATTELART, Armand. História da sociedade da informação. ed. São Paulo: Loyola, 2001.