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Um método de elementos finitos para o sistema

axissimétrico de Stokes em três campos usando


elementos triangulares

Ricardo Jurczyk Pinheiro

3 de março de 2001
Um método de elementos finitos para o
sistema axissimétrico de Stokes em
três campos usando elementos
triangulares

Tese apresentada ao Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense co-

mo parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciência de Computação

Ricardo Jurczyk Pinheiro

Orientador: José Henrique Carneiro de Araújo

Universidade Federal Fluminense


Rua Passos da Pátria, 156 - São Domingos - Niterói - Rio de Janeiro

1
2

‘Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade. Além de ser


sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando,

e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios. Procurou o pregador


achar palavras agradáveis, e escreveu com acerto discursos plenos de ver-
dade. (...) Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus,
e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.

Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encober-
to, quer seja bom, quer seja mau.’

Eclesiastes 12:8-10;13-14 - BLH

‘Eu acredito no Cristianismo como eu acredito que o sol nasce todo

dia, não apenas porque o vejo, mas porque graças a ele eu vejo tudo ao
redor.’

C. S. Lewis, ‘Peso de Glória’


3

Agradecimentos:

Inicialmente, agradeço a Deus. Sem Ele, nada teria sido possível. Bendito seja
o Seu Santo nome;

Aos meus pais, Sergio e Madalena, e meu irmão, Fabio, por todo apoio que
deram, principalmente nos momentos difíceis;

Ao professor José Henrique Carneiro de Araujo, pelo apoio e orientação nesse

trabalho;

Aos professores Marco Antônio Monteiro Silva Ramos, Maria Laura Martins
Costa e Rogério Martins Saldanha da Gama, que aceitaram o convite para com-

por a banca examinadora;

Aos amigos do mestrado, em especial à Daniela dos Santos Rocha, pelo apoio,
pela força e pela ajuda;

Aos amigos da Aliança Bíblica Universitária do Brasil, em especial à Nataniel


dos Santos Gomes e Eliezer Batista de Oliveira, pela sua constante e forte amizade;

Aos laboratórios que cederam seus recursos computacionais para o desenvolvi-


mento dessa tese, o Laboratório de Pós-Graduação do Instituto de Computação,
o PROTEM-UFF e o Laboratório de Mecânica Teórica e Aplicada.

Por último, a Linus Torvalds, Mathias Ettrich, Richard Stallman e milhares de


programadores anônimos ao redor do mundo, que dedicaram um pouco de si à
confecção de softwares gratuitos e de qualidade, como o GNU/Linux (http:

//www.linux.org), o GIMP, o fplot e o LYX (http://www.lyx.org).


Sem a existência deles, muitos como eu teriam sérios problemas para compor
seus trabalhos acadêmicos.
4

Resumo:

Este trabalho propõe um método de elementos finitos, empregando um ele-


mento triangular misto de velocidade-pressão-tensor extra de tensões para
resolver o problema de Stokes axissimétrico em três campos. Os resulta-
dos foram obtidos usando como geometrias teste os problemas Stick-Slip,

Contração Brusca 4:1 e Contração Suave 4:1.

Abstract:

This work proposes a triangular based mixed velocity-pressure-extra stress


finite element method, for solving the three-field axisymmetric Stokes sys-
tem. The results were obtained using the Stick-Slip, 4:1 Abrupt Contrac-

tion and 4:1 Smooth Contraction problems as test geometries.


Sumário

1 Preliminares 16
1.1 Introdução e motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2 Revisão de mecânica dos fluidos 26


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Fluidos e características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.3 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4 Princípios de conservação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4.1 Princípio de Conservação de Massa . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.2 Princípio de Conservação de Momentum . . . . . . . . . . . 31
2.5 Modelos constitutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.5.2 Fluidos de Reiner-Rivlin e newtonianos . . . . . . . . . . . . 33
2.5.3 Fluidos viscoelásticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5.3.1 Modelos Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.5.3.2 Modelos de Oldroyd . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


2.5.3.3 Outros modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

5
SUMÁRIO 6

3 O Método Proposto 37
3.1 O Problema de Stokes em três campos . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.2 Formulação variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40


3.3 Aproximações propostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4 Resultados numéricos 48
4.1 Stick-Slip . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2 Contração Brusca 4:1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3 Contração Suave 4:1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.4 Informações sobre o código-fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5 Comentários finais 79
5.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.2 Perspectivas futuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Lista de Figuras

1.1 Modelo proposto por Carneiro de Araújo e Ruas. . . . . . . . . . . . 24


1.2 Modelo proposto nesse trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.1 Exemplo de geometria onde ocorre um escoamento. . . . . . . . . . . 38

3.2 Domínio do problema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39


3.3 Geometria e o vetor normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.1 O problema Stick-Slip . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49



4.2 Comportamento de  ao longo de  , usando a malha SS728, no

problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.3 Comportamento de 
ao longo de   , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.4 Comportamento de  ao longo de   , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.5 Comportamento de  ao longo de   , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.6 Comportamento de  ao longo de  , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.7 Comportamento de  ao longo de  , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

7
LISTA DE FIGURAS 8

4.8 Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes


malhas: 728, 760 e 950 elementos, para a componente 
 . . . . . . 55

4.9 Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes


malhas: 728, 760 e 950 elementos, para a componente  . . . . . . . 55
4.10 Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes
malhas: 728, 760 e 950 elementos, para a componente  . . . . . . . 56

4.11 Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes


malhas: 728, 760 e 950 elementos, para a componente  . . . . . . . 56
4.12 O problema Contração Brusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.13 Comportamento de 
 ao longo da linha    , usando a malha
CB1050, no problema Contração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.14 Comportamento de  ao longo da linha    , usando a malha
CB1050, no problema Contração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.15 Comportamento de   ao longo da linha    , usando a malha
CB1050, no problema Contração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.16 Comportamento de  ao longo da linha    , usando a malha


CB1050, no problema Contração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.17 Comportamento do campo de velocidade na direção longitudinal,  ,
ao longo da linha    , usando a malha CB1050, no problema Con-
tração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.18 Comportamento do campo de velocidade na direção radial,  , ao lon-
go da linha    , usando a malha CB1050, no problema Contração
Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.19 Comportamento da pressão  ao longo da linha     , usando a malha


CB1050, no problema Contração Brusca. . . . . . . . . . . . . . . . 63
LISTA DE FIGURAS 9

4.20 Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-


entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente  . . . 63

4.21 Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-


entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente 
. . . 64
4.22 Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-
entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente   . . . 64

4.23 Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-


entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente  . . . 65
4.24 O problema Contração Suave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.25 Comportamento de 
 ao longo da linha   ! , usando a malha
CS670, no problema Contração Suave. . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.26 Comportamento de 
ao longo da reta  !#" usando a malha CS670,
no problema Contração Suave. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.27 Comportamento de  ao longo da linha $ ! , usando a malha
CS670, no problema Contração Suave. . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.28 Comportamento de  ao longo da linha   ! , usando a malha


CS670, no problema Contração Suave. . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.29 Comportamento do campo de velocidade,  ao longo da linha %! ,
usando a malha CS670, no problema Contração Suave. . . . . . . . . 69

4.30 Comportamento do campo de pressão,  , ao longo da linha &'! ,


usando a malha CS670, no problema Contração Suave. . . . . . . . . 70
4.31 Comparação dos resultados do problema Contração Suave para as seguintes
malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente 
 . . . . . . . 70

4.32 Comparação dos resultados do problema Contração Suave para as seguintes


malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente  . . . . . . . 71
LISTA DE FIGURAS 10

4.33 Comparação dos resultados do problema Contração Suave para para


as seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente   . 71

4.34 Comparação dos resultados do problema Contração Suave para para


as seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente  . 72
4.35 Diagrama de fluxo do programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.36 Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Stick-Slip,

sendo executado em diferentes plataformas. . . . . . . . . . . . . . . 77


4.37 Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Contração
Brusca 4:1, sendo executado em diferentes plataformas. . . . . . . . . 77
4.38 Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Contração

Suave 4:1, sendo executado em diferentes plataformas. . . . . . . . . 78


Lista de Tabelas

4.1 Condições de contorno do problema Stick-Slip . . . . . . . . . . . . 50


4.3 Características das malhas utilizadas no problema Stick-Slip. . . . . . 50
4.4 Condições de contorno do problema Contração Brusca . . . . . . . . 57

4.6 Características das malhas utilizadas no problema Contração Brusca. . 58


4.7 Condições de contorno do problema Contração Suave . . . . . . . . . 66
4.9 Características das malhas utilizadas no problema Contração Suave. . 66

11
Notação

( Parâmetro adimensional característico do modelo viscoelástico.

)
Parâmetro adimensional característico do modelo viscoelástico.


Largura dos dutos nos problemas teste.

* Derivada corotacional.


+
,
- Derivada objetiva.
+
/1. 0
Campo de forças que agem sobre o escoamento.

243
57698;: Espaço de Hilbert contendo a função e sua derivada primeira.

2=<
5 698;: Espaço de Hilbert contendo a função, suas derivadas primeiras e segundas.

243
5?> 3 6@8;: Espaço de Hilbert contendo a função e sua derivada primeira e integral
nula.

243
5?> AB6@8;: Espaço de Hilbert contendo a função, suas derivadas primeiras e segundas,

e integral nula.

C
698;: Espaço das funções que se anulam sobre 8 .

D
Tensor identidade.

12
LISTA DE TABELAS 13
EF<
6@8;: Espaço das funções quadrado-integráveis sobre 8HG

E 3
Comprimento de um duto, usado para definir a geometria dos problemas
resolvidos.

E <
Comprimento de um duto, usado para definir a geometria dos problemas
resolvidos.

EFI
Comprimento de um duto, usado para definir a geometria dos problemas
resolvidos.

JLK
Família de partições de elementos finitos.
/. M
Vetor normal exterior a N 8HG

 Pressão.

O
Espaço funcional do campo de pressões.

OPK
Subespaço do espaço de funções para pressões.

Q Função teste para o campo de pressão.

R I
Espaço vetorial tridimensional.

S R I
Domínio axissimétrico contido em .

T
Espaço funcional do campo do tensor extra de tensões.

TK
Subespaço do espaço de funções para o tensor extra de tensões.

U
Tempo de retardo de deformações.
/.
 Velocidade.

V
 Gradiente de velocidade.
LISTA DE TABELAS 14
/X. W
Função teste para o campo de velocidade.

Y
Espaço funcional do campo de velocidades.

YZK
Subespaço do espaço de velocidades.
/.
! Zero vetorial.

[ Produto escalar tensorial.

G Produto escalar vetorial.

\ 6 : Tensor taxa de deformação.

] Viscosidade.

] 3 Viscosidade viscoelástica.

] < Viscosidade newtoniana.

^ Coeficiente de viscosidade do fluido.

_
Tempo de relaxação do fluido.

_7`
Coordenada baricêntrica do elemento.

a Massa específica.

b
Tensor de densidade de momento do fluxo.

 Tensor extra de tensão.

 3 Componente viscoelástica do tensor extra de tensão.

 < Componente newtoniana do tensor extra de tensão.

c Função teste para o campo do tensor extra de tensões.


LISTA DE TABELAS 15

d Função-bolha de e G

e Elemento real, triangular.

fhg
Espaço vetorial gerado pelo conjunto de tensores linearmente indepen-
S
dentes de segunda ordem sobre G
S
8 Meia seção meridiana de G

8 Fecho de 8 .

N 8 Fronteira de 8HG

Ci
N 8 3 Complemento com respeito a N 8 da porção do eixo contido em 8 .
Capítulo 1

Preliminares

1.1 Introdução e motivação

Um material pode ser caracterizado como um fluido se, sob a ação de forças finitas, a
deformação do mesmo cresce contínua e indefinidamente com o tempo. Um material
é, então, tido como sólido se o mesmo não sofre tal deformação.
Os materiais encontrados na natureza normalmente podem ser classificados nos
extremos clássicos, que são os fluidos viscosos newtonianos ou os sólidos elásticos

lineares.
Um fluido newtoniano pode ser descrito através de dois parâmetros, a saber: a
viscosidade dinâmica e a massa específica. A viscosidade é uma medida do atrito
intrínseco entre as moléculas do fluido e a massa específica é a razão entre a massa do

fluido e o volume ocupado pelo mesmo, também conhecida como densidade.


A modelagem computacional de escoamentos de fluidos é um tópico que desperta o
interesse de muitos especialistas numéricos, matemáticos, engenheiros e outros profis-
sionais da área de matemática aplicada. Diversos modelos numéricos para a simulação

de escoamentos planos e tridimensionais de fluidos newtonianos foram desenvolvidos,

16
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 17

de forma a descrever adequadamente o comportamento físico desses fluidos. Ape-


sar da grande aplicação do modelo newtoniano, ele não é capaz de descrever diversos

fenômenos físicos presentes em aplicações industriais. Este fato motiva o desenvolvi-


mento de modelos não-newtonianos que buscam modelar o comportamento de fluidos
tão diversos como óleos, tintas, sangue humano, entre outros. Estes modelos requerem
a confecção de métodos numéricos bem adaptados e confiáveis para a simulação com-

putacional dessa classe de escoamento.


Uma importante referência nesse tópico é o trabalho feito por Marchal e Crochet
[19], onde os autores introduzem um método de elementos finitos para escoamentos
planos, cujas propriedades matemáticas foram estudadas em [16]. Nestes trabalhos, os

autores mostram através de uma série de exemplos que a boa performance do método
apresentado pode ser estendido para casos axissimétricos, embora não justificaram tal
afirmativa.
Escoamentos axissimétricos ainda são objeto de muito estudo, sendo difícil encon-
trar na literatura especializada material a respeito. Apenas há poucos anos esse tipo de

escoamento tem sido mais investigado. Entretanto há interesse em pesquisá-lo, visto


que ocorrem com razoável frequência e são relativamente simples de serem trabalha-
dos.
Este trabalho, portanto, trata do estudo de aproximações, através do uso de métodos

de elementos finitos mistos, do sistema de Stokes para o escoamento axissimétrico


estacionário de um fluido incompressível. Será considerado unicamente o caso de
R I
escoamentos em regiões limitadas de , descritos pelo Sistema de Stokes em três
campos, a saber:

/.
o campo de velocidade "

o campo de pressão "


CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 18

o campo do tensor extra de tensões  G

Particularmente, estão sendo usados elementos triangulares para discretizar o domínio.

Para um problema geral do escoamento de um fluido, as equações são:

Equação de balanço de massa,


 a
V /.
 U j a G  ! (1.1)

/.
onde a é a massa específica de um fluido,  é o campo de velocidades e 
+
representa a derivada total, temporal e espacial.

Equação de balanço de momento linear,


 0
a  U  V G c j a (1.2)
0
onde c é o tensor de tensões de Cauchy e um campo de forças que age sobre o
escoamento.

Será adotado o seguinte conjunto de hipóteses para a resolução do problema:

1. Viscosidade constante;

2. Escoamento isotérmico;

3. Regime permanente;

4. Efeitos de inércia desprezíveis.

Teremos então que as equações resumem-se a:

V /.
Equação de balanço de massa: G  !
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 19

V V
Equação de balanço de momento linear: . G j kl !

Assim, sendo 8 uma meia seção meridiana, de fronteira m 8 , de um domínio axis-


S R I
simétrico de , dentro do qual ocorre um escoamento axissimétrico de um fluido
/1. 0
]
newtoniano com viscosidade , sujeito a um campo de forças de corpo , trataremos
do estudo (ver Capítulo 3 para maiores detalhes) de aproximações para os campos de
/.
velocidade  , de pressão  e do tensor extra de tensões  que satisfazem

/. 0
. V G  j V k
/. o
=%n ] \ 6  : em 8 (1.3)
V /.
G $!

com as condições de contorno

qr! sobre m 8 3 "


p
Z sr! sobre m 8 " (1.4)
mZ
! sobre m 8 . m 8 3
m
Ci
onde m 8 3 é o complemento com respeito a m 8 da porção do eixo contido em 8 , e
/
t 6 .  : é o tensor taxa de deformação, dado por
u /
t 6 /.  :  vV . V /.
 j 6  :wx .
n
u
Em geral, o uso da formulação 6 GXyz: com três campos em escoamentos de flui-
dos newtonianos não apresenta vantagens, dado que a variável  pode ser facilmente
eliminada do sistema. Desta simples operação resulta o clássico sistema de Stokes:

/ /|. 0
. n ] V G\ 6 . : j V {  o
V /. em 8 (1.5)
G $!
u u
com as condições de contorno encontradas em ( G|} ). A resolução do sistema 6 G~€: -
u
6 GX}: por métodos de elementos finitos mistos do tipo velocidade-pressão tem sido
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 20

exaustivamente estudada nas últimas décadas.


Quando consideramos escoamentos em regime permanente de fluidos não-newtonianos,

estes envolvem graus de elasticidade não desprezíveis. Logo, devemos inicialmente es-
colher uma lei constitutiva para o tensor extra de tensões que esteja baseado na Teoria
do Contínuo. Temos que, em geral, não é possível eliminar o grau de elasticidade do
u
sistema de equações que descreve o problema, em 6 GXyz: .

Por exemplo, se trabalharmos com escoamentos de polímeros, podemos dispensar


o termo de inércia, e teremos

/‚. 0
. V G j V k  o
V . / em 8 (1.6)
G $!

O tensor extra de tensões pode ser decomposto em duas partes, uma componente
viscoelástica e uma componente newtoniana, a saber:

ƒ 3 j  < em 8 (1.7)

onde  3 é a componente viscoelástica:

 5 3 /.
_  E 3
 U %n ] 3 \ 6  : j 6 : em 8 (1.8)

e  < é a componente newtoniana:

/.
 < %n ] < \ 6  : em 8 (1.9)

u u _ˆ‡
Nas expressões 6 GX„z: . 6 †G …z: , temos que
! é um parâmetro característico
do fluido viscoelástico conhecido como tempo de relaxação do fluido, e ] 3 e ] < são
frações da viscosidade ] do fluido, a saber, viscosidade cinemática e dinâmica respec-
tivamente. Temos também que
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 21

 5 3 u u (
 mZ 3 V 3 /. v . ( v V /. V /. v j v V /. V /.
 U  Uj 6  :  j x  3  j 6  :w  3x. x 6  : 3j  36  :w x
m n n
(1.10)
v. u u
a derivada corotacional de  3 definida para todo parâmetro adimensional (‰ " x.
E
Se tomarmos que o parâmetro adimensional do método, ( , e 6  3 : são nulos, o
problema recai no limite linear, que é o caso do fluido newtoniano.

Alguns exemplos de modelos viscoelásticos que podem ser descritos na forma ger-
u u u
al 6 G†Š€: . 6 †G „€: . 6 GX…z: são:

u E
o modelo de Maxwell convectado superior: (  " ] < !#" 6  3 :  .  3

o modelo de Maxwell convectado inferior: (  . u " ] < r!#" E 6  3 :  .  3

‡ E
o modelo de Oldroyd: ] < !#" 6  3 :  .  3

u ‡ E
o modelo de Oldroyd-B: (  " ] < !#" 6  3 :  .  3
u E
o modelo de Giesekius: (  " 6  3 :  .  3 . 6Œ‹7:  [ 

u E
o modelo de Phan Tien- Tanner: (  " 6  3 :  .Ž‘†’7 + Z“•”@–—–  3

u u u u
De modo geral, na resolução do sistema 6 GX˜z: - 6 G†Š€: - 6 G†„€: - 6 G†…€: por métodos de

elementos finitos, algumas dificuldades técnicas estão presentes:

A não linearidade da lei de comportamento do fluido não permite que elim-


u u
inemos o tensor extra de tensões, como foi feito em 6 G†yz: - 6 GX}z: ;

u
A característica hiperbólica da equação 6 G†„€: quando consideramos um sistema
/.
em  3 com  fixo;

E _
O caso limite quando 6  3 :  r! .
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 22

Exemplificaremos a seguir o caso-limite, usando escoamentos de fluidos de Maxwell


e Oldroyd-B.

Seja um escoamento em 8 de um fluido de Maxwell convectado superior, baseado


u
em 6 G†˜z: . Particularmente, vamos considerar o seguinte problema: dado um campo de
/1. 0 /.
forças de corpo , achar  ,  e  3 que satisfazem

/. 0
. V G 3 j V 
 3 j
_ v V 3 /. . V /.
6  : 
V /.
6  :  3 .  3 6  :wx n ] 3 \ 6 /.  : o em 8 (1.11)
V /.
G  r!

_=‡
para todo ! , e as condições de contorno

/. /.
$  A sobre m 8 " o
D /. M (1.12)
6  3 .  : r! sobre m 8 3 "
u u™u u u
Supondo que pretendemos resolver, via elementos finitos o sistema 6 G : -6 G n :
_š‡ _
para todo ! , é razoável supor que sejamos capazes de resolvê-lo para %! . Sob
u u
este ponto de vista, veremos que o sistema 6 G†y€: - 6 G|}: representa uma linearização do
u u™u u u
sistema 6 G : - 6 G n : . Observamos que em casos como esse o estudo do sistema de
Stokes em três campos é realmente básico para o tratamento do sistema não linear,
no sentido que métodos que não dão resultados no primeiro caso, falharão também no
estudo numérico deste último.
u u u
No caso de modelos descritos por 6 GŠ™: - 6 G†„€: - 6 GX…z: para os quais ] < r
 ! , embora
do ponto de vista qualitativo os resultados finais de convergência não são necessaria-
mente os mesmos, é inútil se esperar obter bons resultados numéricos para o caso de
fluidos viscoelásticos com métodos de elementos finitos que falham na aproximação
u
do sistema linear 6 G†yz: . Aliás, pelo menos no caso onde ] < ›! a recíproca é ver-
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 23

dadeira. Outro exemplo expressivo de modelo viscoelástico onde ocorre tal situação,
quando aproximamos por elementos finitos o sistema que descreve um escoamento
u
que verifica 6 GX˜z: , é o de Johnson-Segalman, onde
Ÿž /.
_œ 
 j  U n ] t 6  : "
, “
sendo - é uma derivada objetiva de  definida por
+
Ÿž /.
œ  mZ V ) v V /. V /. u ) v V /. V /.
 U  U j 6  :  j   j 6  :w  x . 6 . : 6  :  j  6  :wx
m
) ) v u
onde um parâmetro adimensional tal que ‰ !#" x . Nos casos extremos, onde
) ) u
r! e  , recaímos nos modelos de Maxwell convectado superior e inferior,
respectivamente.
u
Seja agora um escoamento em 8 de um fluido Oldroyd-B verificando 6 GX˜z: . Partic-
ularmente vamos considerar o seguinte problema: dado um campo de forças de corpo
/1. 0 . /
, encontrar  ,  e  3 que satisfazem

/ /1. 0
. V G 3 . n ] < V G\ 6 . : j V 
 3 j
_ v V 3 /. . V /.
6  : 
V /.
6  :  3 .  3 6  :w x   n ] 3 \ 6 /.  : o em 8 (1.13)
V /.
G  r!

_=‡
para todo ! , e as condições de contorno

/. /.
   A sobre m 8 " o
V /. D /. M (1.14)
6  3 j n ] < G \ 6  : .  : ! sobre m 8 3 "

Novamente, supondo que pretendemos resolver, via elementos finitos, o sistema


u u u u _ ‡
6 G €y : - 6 G } : para todo ! , é razoável supor que sejamos capazes de resolvê-lo
_
quando ! . Neste caso o sistema linearizado tem a forma
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 24

Velocidade Pressão Tensão

Figura 1.1: Modelo proposto por Carneiro de Araújo e Ruas.

/. /1. 0
. V G 3 . n ] < V G\
6  : j
V
 

/. o
 3 n ] 3 \ 6  : em 8 (1.15)
V /.
G  r!
u u
com as condições de contorno dadas em 6 G }: .
Um método de elementos finitos mistos em dois campos clássico, isto é, em veloci-
u u
dade e pressão usado na resolução do sistema 6 G†~€: - 6 GX}: discretizado, é teoricamente
u u u u
capaz de gerar aproximações convergentes para o sistema 6 G ~€: - 6 G }: , independen-
temente do tipo de interpolação escolhida para o tensor  3 . Entretanto, na prática
observa-se que a escolha correta deste último, para o caso puramente de três campos
u u
(baseando-se no estudo de aproximações para o sistema 6 GXyz: - 6 GX}z: ) produz resul-

tados numéricos de qualidade superior. Este comentário é expressivamente ilustrado


pelas experiências numéricas realizadas por Marchal e Crochet, em [19], para esse
fluido viscoelástico.
Portanto, o método apresentado nesse trabalho é prontamente adaptável para descr-
ever o escoamento de fluidos não-newtonianos através de uma geometria axissimétri-

ca, pois não elimina o tensor extra de tensões. Restringimos o nosso trabalho ao limite
linear do problema, o fluido newtoniano.
Carneiro de Araujo e Ruas propuseram um método de elementos finitos denotado
por T15 em [11], que mostrou-se estável para a simulação de escoamentos viscoelás-
CAPÍTULO 1. PRELIMINARES 25

Velocidade Pressão Tensão

Figura 1.2: Modelo proposto nesse trabalho.

ticos planos. O elemento adotado pode ser visto na figura 1.1.


Nesse trabalho, apresentaremos outro método para o escoamento axissimétrico de

fluidos newtonianos, que denotaremos como T11. O elemento misto adotado con-
tém elementos triangulares e subparamétricos biquadráticos (P2) para a velocidade e
isoparamétricos lineares (P1) para a pressão e tensão. A diferença está nas funções-
bolha, colocadas nos elementos de tensão de modo a estabilizar o resultado final (figu-
ra 1.2). As funções-bolha são utilizadas para estabilizar o resultado, e recebem esse

nome porque se anulam sobre as arestas do elemento, tendo valor não nulo no interior
do mesmo.

1.2 Organização do trabalho

No capítulo 2 teremos uma revisão de mecânica dos fluidos e do contínuo, enunciando

os princípios que regem um escoamento. No capítulo 3, veremos as equações que serão


estudadas, o problema de Stokes e a sua solução por elementos finitos. Mostraremos
também os espaços de elementos finitos adotados, sua aproximação e solução. No
capítulo 4, veremos os resultados numéricos obtidos para algumas geometrias-teste,

como os problemas ‘Stick-Slip’, Contração Brusca 4:1 e Contração Suave 4:1. Final-
mente, no capítulo 5, faremos alguns comentários sobre a solução e o método proposto.
Capítulo 2

Revisão de mecânica dos fluidos

2.1 Introdução

Nesse capítulo descreveremos algumas das características fundamentais de um flui-


do, como viscosidade, massa específica e memória do fluido. Também faremos uma
breve revisão de Mecânica do Contínuo, apresentando os princípios que norteiam um
escoamento, como o da Conservação de Massa e de Conservação de Momentum, e
citaremos alguns modelos constitutivos. Como referências mais abrangentes dos re-

sultados descritos nesse capítulo, podem ser recomendados os textos de Billington e


Tate [6], Coimbra [15] e Oden [8].

2.2 Fluidos e características

Um fluido pode ser definido como um contínuo, onde não encontramos ‘buracos’ ou

‘vazios’. A sua propriedade fundamental é a sua incapacidade de permanecer em


repouso quando sujeito a tensões de cisalhamento, ele muda a sua forma e flui. A
equação de movimento de um fluido genérico, segundo Euler, é dada por:

26
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 27

m W V b
U 6a :  . G (2.1)
m

b D W ¢&W
¡ j a (2.2)

b
onde  é a pressão e é o tensor de densidade de momento do fluxo, que é uma
transferência reversível de momento. Podemos então obter a equação de movimento
de um fluido viscoso subtraindo um termo  da tensão de cisalhamento na equação
6 n Gn : :

b D W¢&W W ¢&W
¡ j a . £ . T j a (2.3)

O tensor

T D
 .  j  (2.4)

D
onde  é a pressão, é o tensor identidade e  a tensão extra, que nos garante que a
transferência de momento é irreversível.
Um fluido em repouso tem a tensão extra nula, pois não há tensões de cisalhamento.
Um fluido ideal é uma classe específica de fluido, que não está sujeito a tensões de
cisalhamento, mesmo quando está em movimento. Logo, nesse caso, a tensão extra
T .  D . Os
é nula (¤! ), e a equação constitutiva do fluido ideal resume-se a 
fluidos ideais são apropriados para o início dos estudos em Mecânica dos Fluidos, por
sua simplicidade. Em muitos casos, assumir que um fluido é ideal pode ser útil para
descrever certos tipos de fluidos reais, mas não para todos, pois em alguns casos os

efeitos viscosos são muito significativos para serem desprezados.


A viscosidade é a medida do atrito intrínseco entre as moléculas do fluido. Con-
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 28

sideremos, por exemplo, o efeito da dissipação de energia, ocorrendo durante o movi-


mento de um fluido. O processo é resultado da irreversibilidade termodinâmica do

movimento, e a essa fricção interna ocorrendo entre as moléculas do fluido chamamos


de viscosidade. Logo, todos os fluidos reais são fluidos viscosos. Em contrapartida,
um fluido é ideal quando o mesmo tem viscosidade nula. A massa específica do flui-
do, também conhecida como densidade, é a razão entre a massa do fluido e o volume

ocupado pelo mesmo.


Podemos dividir os fluidos em dois tipos: os newtonianos e os não-newtonianos.
Os fluidos newtonianos recebem esse nome devido a uma equação proposta por New-
ton à seguinte equação para um escoamento unidimensional:

W
c  ^¦¥ (2.5)
¥z§
W
onde ^ é o coeficiente de viscosidade, c é a tensão de cisalhamento do fluido, e ¥ é
¥z§
o gradiente de velocidade do fluido.
Como podemos ver, a constante ^ é um coeficiente de proporcionalidade entre a
tensão e o gradiente de velocidade. Todos os fluidos que obedecem a essa equação

são conhecidos como fluidos newtonianos. A maior parte dos fluidos encontrados na
natureza, como o ar, a água, óleos minerais e vegetais são fluidos dessa classe.
Mas algumas soluções industriais, como tintas, solventes e polímeros fundidos são
fluidos não-newtonianos, visto que, no caso deles, a viscosidade não é um coeficiente

de proporcionalidade constante, como na equação 6 n G†~€: . Como exemplo, podemos


citar a lei de potência que rege a viscosidade da tinta a óleo:
W
c . c 3  ^ ¥ ,
¥z§
‡ c 3
onde c .
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 29

Entende-se por memória de um corpo, seja ele um fluido ou um sólido, a capaci-


dade do mesmo de ‘lembrar’ do seu estado anterior, podendo retornar ao seu estado

original depois de um certo período de tempo. Essa mesma memória pode ser des-
de nula até total, de acordo com quanto o mesmo ‘lembra-se’ da sua configuração de
referência. Exemplos de corpos com memória total, perfeita, são os sólidos elásticos
lineares, que obedecem à Lei de Hooke: ¨© .ª  . Os fluidos puramente viscosos são

o outro extremo, que não tem nenhuma memória. Os fluidos que tem memória parcial
são os fluidos viscoelásticos.
Um fluido puramente viscoso é um fluido onde as forças viscosas são as mais inten-
sas, e neles uma tensão é gerada se o total da deformação está em constante mudança.

Assim, um fluido puramente viscoso pode ser reconhecido notando que no seu estado
atual, embora a massa específica tenha se mantido constante, não há memória dos seus
estados passados.
A compressibilidade de um fluido é a possibilidade da ocorrência da variação de
volume do fluido. Logo, um fluido incompressível é aquele onde não há variação de

volume do mesmo, ou seja, o escoamento é isocórico. Já o fluido compressível é aquele


onde pode ocorrer variação de volume, e portanto, a massa específica não é constante.

2.3 Histórico

O primeiro a propor uma definição para fluidos puramente viscosos foi Lord Stokes

em 1845, que baseou o desenvolvimento do fluido genérico assumindo que a tensão


extra  depende apenas do movimento relativo do fluido. Essa diferença em  também
não será afetada pela eliminação do movimento relativo surgido de alguma rotação.
Logo, a hipótese de Stokes pode ser expressa da forma:
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 30

0
= 6\: (2.6)

logo,

T D 0 0 C
 .  j 6\: 6\:  (2.7)

onde  é a pressão.
Stokes obteve uma descrição para fluidos isocóricos, aqueles que tem o seu volume
invariante. Em 1868, Boussinesq propôs que a tensão dependia do tensor de rotação
«
, assim como da taxa de deformação \ , criando uma generalização do trabalho de
Stokes, e provando que a definição intuitiva do seu antecessor estava certa.
Generalizando ainda mais, podemos afirmar que a tensão também depende da ve-
° «
locidade ­ ¬ e do gradiente da velocidade ®° ¯ , através dos tensores \ Ž . Desse modo,
®
a equação constitutiva ( n †G Š ) é generalizada na forma abaixo:

T O D 0 «
 . 6 a : j 6 a \ " " ­¬ : (2.8)

com a condição
0 C C
6a " " "²± : r!

2.4 Princípios de conservação

Os princípios de conservação são aqui enunciados, em forma simplificada, nas suas

formas diferenciais.
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 31

2.4.1 Princípio de Conservação de Massa

O princípio de conservação de massa afirma que, dada uma região fixa através da
geometria por onde escoa um fluido, o aumento da massa nesta região é igual a quanti-
dade de massa que atravessa a fronteira dessa região. Esse balanço de massa é expresso
na sua forma diferencial pela equação:

 a
V /.
 U j a G  ! (2.9)

onde a é a densidade do fluido,  é o campo de velocidades e  é a taxa de variação


+
ao longo do tempo.
M´ U ( M U
Para fluidos incompressíveis 6 a r
 ³Œ± Ž : , a equação acima pode ser reduzida

a:
V /.
G  r!

2.4.2 Princípio de Conservação de Momentum

O princípio de conservação de momentum declara que a quantidade de momento lin-


ear, ou momentum, é conservada quando observamos durante um dado instante de
tempo, quando o fluido atravessa a fronteira de uma região fixa. Essa conservação de

momentum é dada pela equação:

0
a G µN  U  . V  j V G  j a (2.10)
N
/1. 0
onde é um campo de forças de corpo que age sobre o fluido.
M´ U ( M U
Para fluidos incompressíveis 6 a ¶
 ³Œ± Ž : , em escoamentos com regime per-

manente e sem forças de corpo, a equação pode ser reduzida a:


CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 32

/. V V
! .  j G (2.11)

2.5 Modelos constitutivos

2.5.1 Introdução

O tensor extra de tensões  depende do movimento do fluido através das diferenças


de velocidade entre suas várias partes. Um fluido não tem uma velocidade uniforme,
as partículas podem estar em velocidades diferentes, tanto em sentido e em direção
como em módulo. Logo, essa tensão extra pode ser afirmada como dependente do

movimento relativo dessas partes, o que é representado pelos gradientes de velocidade


de cada parte do fluido. Se os gradientes não são muito intensos, podemos trabalhar
E
apenas com a derivada primeira de cada velocidade, o que é medido pelo tensor .
E V /. i
Logo,  6 ·"  : . Esse tensor, por sua vez, pode ser desdobrado em duas parcelas,
« E V /. «
uma simétrica 6 \ : e uma anti-simétrica 6 : . Logo, temos que    \ j .
«
Temos que a segunda parcela, , representa uma rotação uniforme. Logo, esse
movimento tem um gradiente de velocidade nulo, e não afeta a tensão extra  . Em
decorrência, vemos que  depende de \ , que pode ser declarado como a taxa de defor-
mação do fluido. Podemos então descrever a equação constitutiva como:

T D
 .  6a : j  6a "\: (2.12)

D
onde a é a densidade do fluido,  é a pressão, é o vetor identidade e  a tensão extra.

A função pressão  6 a : está em função da densidade a do fluido, e a tensão extra


 6 a " \ : está em função da densidade a e da taxa de deformação \ do fluido.
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 33

2.5.2 Fluidos de Reiner-Rivlin e newtonianos

Os fluidos de Reiner-Rivlin são modelos constitutivos para fluidos puramente viscosos.


Nesses fluidos a relação entre o tensor extra  e o tensor taxa de deformação \ é da
forma

ƒ¹¸ 6 \ :
que é bem restritiva: assume que a tensão em um ponto do espaço e em um certo
instante de tempo é função do tensor \ no mesmo ponto e mesmo instante de tempo,
ou seja: todas as outras deformações no mesmo instante de tempo são desprezíveis.
O princípio de Mecânica do Contínuo conhecido como princípio da objetividade

material impõe que a função ¸ seja isotrópica. Um teorema da Análise Tensorial,


que pode ser encontrado em [6], estabelece que qualquer função simétrica isotrópica
tensorial ¸ 6 \ : tem a forma

T D <
 6.  j NA: j N 3\ j N<\ (2.13)

" N 3 e N < são funções de a . Logo, os fluidos descritos


onde  e os coeficientes N A º
u
pela equação acima, 6 n G yz: são fluidos de Reiner-Rivlin.

Se adotarmos que o fluido é incompressível, temos que N A r! .


Um fluido newtoniano é aquele cuja relação entre  Ž \ é linear e homogênea, onde
N 3 %n ] e N < r! . Logo, a relação dada anteriormente pode ser escrita como: ƒn ] \ .
u
A equação 6 n G n : então reduz-se a:

T _ U \ D
 6.  j  : j n ] \ (2.14)

_
onde " e ] são funções de a , sendo ] a viscosidade. Tratando-se de um fluido
U u
newtoniano incompressível, temos que  \ 
 ! , e 6 n G zy : passa a ser expressa por
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 34

T D 
 .  j n ] " (2.15)

onde a viscosidade, expressa por ] , é um coeficiente constante.


O inconveniente dos fluidos descritos pelas equações acima é que o tensor extra
de tensão é unicamente determinado pelo tensor taxa de deformação, o que torna o

resultado pobre em alguns casos. Por exemplo, em alguns experimentos descrevendo o


comportamento de fluidos reais, a primeira diferença normal de tensão é nula segundo
as equações, enquanto no comportamento real, nota-se que essa diferença é diferente
de zero.

2.5.3 Fluidos viscoelásticos

Temos que os fluidos puramente viscosos (Reiner-Rivlin) não tem memória alguma, e
podemos observar, em termos não rigorosos, os sólidos elásticos como materiais que
possuem uma memória perfeita. Podemos então teorizar que existem materiais que se

comportam parcialmente como um fluido e parcialmente como um sólido. Estes são


os fluidos viscoelásticos.
Os fluidos viscoelásticos tem algumas características, como:

o tensor extra de tensões não é mais uma função linear, mas descrevem efeitos
viscosos e elásticos do escoamento do fluido em questão;

a viscosidade normalmente é muito maior do que a dos fluidos newtonianos;

a viscosidade é dependente da temperatura.

Devido a essas características, é necessário o desenvolvimento de um modelo especí-


fico que descreva o comportamento desse fluido.
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 35

2.5.3.1 Modelos Lineares

Um dos problemas centrais dos fluidos viscoelásticos é como descrever o aparecimento


dos efeitos elásticos e viscosos do fluido ao mesmo tempo. Um meio de lidar com esse
problema é assumir superposição linear dos dois efeitos.
O modelo de Maxwell é um exemplo de modelo obtido por superposição linear, e

descrito por

_ mZ
 j U rn ] \ (2.16)
m
_
onde é um tempo de relaxação de tensões e ] é a viscosidade do fluido.
Outro modelo obtido do mesmo modo é o de Jeffreys, expresso pela relação

_ mZ U m \
 j U %n ] 6 \ j U : (2.17)
m m
U
onde um tempo de retardo de deformações e ] a viscosidade.
Outros modelos lineares foram propostos na literatura.

2.5.3.2 Modelos de Oldroyd

Os modelos de Oldroyd são extensivamente usados no desenvolvimento de métodos


numéricos para solução do escoamento de fluidos viscoelásticos. Temos em todos os
v. u u _
modelos que (»‰ " x é um parâmetro adimensional do modelo, é o tempo de
relaxação do fluido, ] 3 é a viscosidade cinemática e ] < é a viscosidade dinâmica.
Podemos citar, entre eles:

Maxwell convectado superior:

_ mZ 3 V /. v V /. V /. /.
= U j 6  3:  . 6  : 3 j  36  :w x . n ] 3\ 6  : j  3 (2.18)
m
CAPÍTULO 2. REVISÃO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS 36

Maxwell convectado inferior:

_ mZ 3 V /. v V /. V /. /.
= U j 6  3 :  j  3  j 6  :w  3 x . n ] 3 \ 6  : j  3 (2.19)
m

Oldroyd:
/. u . (
_ mZ 3 V v V /. V /.
 
£ U¼j 6  3:  j 6 :  3  j 6  : w  3 x
u m( /. /. n /. (2.20)
. 6 j : v6V 
V
: 3 j  3 6  :w x . n 6] < . ] 3 :\ 6  : j  3
n
Oldroyd-B:

_ mZ 3 V /. v V /. V /. /.
= U j 6  3:  . 6  : 3 j  3 6  :w x . n 6] < . ] 3:\ 6  : j  3 (2.21)
m

2.5.3.3 Outros modelos

Vários outros modelos tem sido propostos na literatura, citaremos alguns mais utiliza-

dos em simulações numéricas.

Modelo de Phan Thien-Tanner:

_ mZ 3 V /. v V /. V /. /. “•”¾– 3
= U j 6  3 :  . 6  :  3 j  3 6  : w x . n ] 3 \ 6  : .½Ž ’  +  (2.22)
m

Modelo de Giesekus:

_ m 3 V /. v V /. V /. /.
= U j 6  3 :  . 6  :  3 j  3 6  :wx . n ] 3 \ 6  : .  3 . À6 ¿ ] :  [  (2.23)
m
Capítulo 3

O Método Proposto

3.1 O Problema de Stokes em três campos

Nesse capítulo, discorreremos sobre a resolução do sistema de equações diferenciais


parciais que regem o escoamento axissimétrico de um fluido newtoniano usando uma
aproximação de elementos finitos baseada em triângulos.
R I
Consideremos inicialmente o espaço euclidiano definido por um sistema de
C i
coordenadas ortogonal dado por 6 " ·" µ"²Á : , onde:
ÂÃÃÃ
ÃÃà .Æ Ç i Ç j Æ
Ä
ÃÃà ºÈ¼!
ÃÃÃÅ
!ŸÉ¼ÁŸÉnËÊ
/. /. /. R I
Adota-se a base ortonormal 6 Ž #" Ž Ì" Ž  : para o espaço vetorial real . Definire-
SÎÍ R I I
mos como sendo um domínio axissimétrico com fronteira ÏÐ%Ï 3Ñ Ï <ÒÑ Ï "
I Ci
onde Ï é uma superfície gerada pela revolução de uma curva em torno do eixo ,

tendo uma intersecção vazia com o mesmo. Assumimos que Ï 3 e Ï < são superfícies
i M´ U ( M U
completamente contidas em dois planos distintos, definidos por ³Œ± Ž (figura

3.1).

37
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 38

(1) Z

Ó Ô¶
Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ Ω
ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ
ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ
ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ
ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ
R ÔÓ¶Ô¶
ÔÓ¶Ô¶
ÔÓ¶Ô¶
Ó Ô¶
Ó Ô¶
Ó Ô¶
Ó ÔÓ
Ó ÔÓ
Ó ÔÓ
(3)

ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ
ÔÓ¶Ô¶ Ó Ô¶ Ó ÔÓ

(2)

r
Figura 3.1: Exemplo deÜ
Õ
Öµ×ÙØ Ú geometria
Û?ÝÕ Þ€×FØrÚonde ocorre
ßàÝáÕ9âz×Ù ØÚã um escoamento.

Consideremos então um escoamento em regime permanente em ä de um fluido


newtoniano incompressível, com as seguintes propriedades:

å Qualquer plano æ ØrçŒèËéê•ëìéëí contém todas as linhas de corrente do escoamen-

to.

å O perfil das linhas de corrente é o mesmo em qualquer plano æ ØçÀèµéê•ëìzéëí .

å As linhas de corrente são simétricas em relação ao eixo de simetria îï , ou seja

o escoamento é axissimétrico.

Segue então que os campos de velocidade, pressão e do tensor extra de tensões são
ö
independentes de æÌð Se ñò , ñZó e ñô são as componentes do campo de velocidade õ ñ do
Õ × Ø$ú
escoamento em um ponto ïø÷áùµ÷áæ de ä , ñô em ä , e ñó e ?û üŒó ý são nulas sobre o
û
eixo de simetria îï . Conseqüentemente, o domínio desse problema pode ser restrito a
apenas uma meia seção meridiana de äºð
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 39

r δΩ 1


z
δΩ− δΩ 1

Figura 3.2: Domínio do problema.

Primeiro definiremos o domínio do problema, que denotaremos por þ como uma


ß Û
meia seção meridiana de ä , com þÿ ä , onde þ é a fronteira de þ e þ o comple-
mento com respeito a þ da porção do eixo îï contido em þ . Podemos ver na figura
3.2 o domínio do problema.

Definiremos os campos,  é o campo do tensor extra de tensões, o campo de ve-


ö ØÎÕ úz×
locidade é denotado por õ ñ ñòà÷ ñZó•÷ e o campo de pressão, por  . Temos também
ö

Õö ×
que õ é um campo conhecido de forças de corpo,  é a viscosidade do fluido e  õñ
é o tensor taxa de deformação, dado por:
Ö
Õö F × Ø ö Õ ö × 
 õñ Þ

õñ õñ .
Logo, podemos definir que o escoamento de um fluido com viscosidade  , sujeito a
ö


um campo de forças de corpo õ pode ser descrito pelo sistema de equações de Stokes
Õ
Ö €â × Õ Ö ×
encontrado em ð , com as condições de contorno dadas por ð .

CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 40

3.2 Formulação variacional


u u
Para obtermos uma formulação variacional do problema 6 G†yz: . 6 XG }z: empregando a
técnica de Galerkin, faremos as seguintes hipóteses de regularidade:

/. u 2 < uI 
2 3 I ™I
 

.
1. a solução 6 "Ù"  : de 6 GXyz: 6 XG }: pertence ao espaço 6 5#@6 8;: : 6 5Z698;: :
243
5#6@8;: ,
/. 0 EÙ< I
2. pertence ao espaço 6 5™6@8;: : ,

no qual

E < p W W < i o
6 :  ¥  ¥ ǼÆ

5™6@8;:  (3.1)

W W
2 3 p W µW m m ‰ E <  o
57698;:  " i " €5 698;: (3.2)
m Zm 

W W <W <W <W


2 < p W µW m m m m m ‰ E <5 6@8;: o

5 6@8;:  " i " " i < " < " i (3.3)
m Zm  m m  m mZ
/. u u
Sejam  ,  e  a solução do problema 6 G†y€: . 6 G|}: . Efetuando-se o produto inter-
u /. W
no de cada uma das equações do sistema 6 GXyz: por funções-teste, " c " Q e integrando-se

estes produtos sobre 8 , obtém-se

V /. W i V /. W i /‚. 0 /. W i /. W ‰ Y
.
  
6 G  :?G  ¥  ¥ j  G  ¥  ¥  G  ¥  ¥ "! " (3.4)

v . ] \ /. i c ‰ T "
n 6  :x [€c  ¥  ¥ r!ø"
 

 ! (3.5)
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 41

  V /. Q i QŸ‰ O "
6 G :  ¥  ¥ r !#" ! (3.6)

Y R I
onde é o espaço de campos vetoriais sobre o espaço definido por
Y 2š3 2š3 
C 

 5²> 3 6@8;: 5²> Aµ6@8;: 6@8;:


2 3 p W ‰ 2 3 ËW

Ž m 8 3o
5?> 3 698;:  5ø6@8;: W r!
"

2 3 p W ‰ 2 3 
‰ E <5 @6 8;: Ž W ! ´ ± )  Ž m 8 o
5?> A 698;:  5 6@8;:

C p W ËW 
Ž o
698;:   !
 "
8
S
T é o espaço de campos tensoriais simétricos de segunda ordem sobre definido
por

ÂÃÃÃ #$ &(' * ÃÃÃ


ÃÃÃ $ '
ÃÃÃ
$
$ Z
 Z ! '
'
+

T Ä $ '
E <
ÃÃÃ = ZB" Z
•"·7 B"·Z ‰ 5 6@8;: ÃÃÃà "
$% ' 

 Ã Z 7  ! (3.7)
ÃÃÅ )
ÃÃ
! ! Z ,

com respeito à base

#$
/. ¢ /. /. ¢ /. /. ¢ /. &('

Ž Ž Ì " Ž Ž Ì " Ž Ž ø "


$ '
$ '
$ '
$
/. ¢ /. /. ¢ /. /. ¢ /. '

Ž Ž Ì" Ž Ž Ì" Ž Ž ø"


$% '
(3.8)
/. ¢ /. /. ¢ /. /. ¢ /.
Ž Ž Ì" Ž Ž Ì" Ž Ž
)

S I
do espaço de tensores de segunda ordem sobre , munido do produto interno
U i
 [€c   6 c +:  ¥  ¥


e P é o espaço de funções definidas por


O p Qº‰ E <  
Q   i ! o
 ™5 6@8;: ¥ ¥
Supondo que a fronteira m 8 é suficientemente regular, verifica-se que

V /. W i /. W i /. W /. M ´ /. W ‰ Y
 .  [ \ 6 :  ¥  ¥ j
   
6 G  :?G  ¥  ¥  G ¥ (3.9)
®
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 42
/X. W /. M
onde \ 6 : é o tensor taxa de deformação e é o vetor normal exterior a m 8 .
u
Entretanto, levando em consideração as condições de contorno 6 GX}: , verifica-se

que:

  /. W /. M   v W W M ´   v W W M ´
 G  Z
  j Z
x  ¥ j Z  j 7  x ¥ ! (3.10)
® ® ®
W W
W ] 6 m  j m i : r! sobre o eixo de simetria, pois W h!
pois ¦! sobre m 8 3 , Z
s
m m
sobre m 8 e ® r! sobre m 8 . m 8 . 3 .-0/
®
Por outro lado, a regularidade de m 8 implica em

V /X. W i V |/. W i /†. W /. M ´ W ‰ Y


6  :ŒG  ¥  ¥  .
     

 G  ¥  ¥ j  G ¥ (3.11)

Nota-se que
/. W /. M ´ W M W M ´    
G ¥   6   j : ¥ r! 
W W ® M
pois q%! sobre m 8 , ¦r! sobre m 8 3 e sobre o eixo de simetria, ; r! (figura
3.3).
u u€u u€u
Substituindo 69y#GX…z: e 6@y#G
: em 69y#GX}z: , levando-se em consideração 69y#G ! : e 6@y#G : ,
u u
obtém-se a formulação variacional do problema 6 G†yz: - 6 GX}z: :

v. †/. W V X/. W i /1. 0 †/. W i /†. W ‰ Y


 [€\ 6 : j
   

 G x  ¥  ¥  G  ¥  ¥ " "
u
  v [€c . \ /. [™c i c ‰ T " o
]n 6  : 6  : x  ¥  ¥ #! " (3.12)
Q 6 V G /. 
  i
:  ¥  ¥ #! " QŸ‰ O "
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 43

n=(0,-1) z
n ,n
z r
Figura 3.3: Geometria e o vetor normal

Dada uma família 132547684 de partições de elementos finitos de 9 , constituída por


triângulos, satisfazendo a condição usual de quasi-uniformidade, onde : denota o

diâmetro máximo dos elementos de 2;4 , associamos a cada 254 três subespaços, <=4>@?A4CBEDF4 ,
de <G>H?IBJDK> respectivamente. Logo, a sequência de aproximações correspondentes
ao problema LNMPORQ8S7T é definido por:
V

Encontrar W
L(U 4>FXY4>YZY4[T]\^<Y4`_?A4`_aDb4Hc

deFf de Vut


Vkj VmjonYp3qp3qrgs Vmjop3qp3qr Vkj
U
XY4gchLiU T ZY4[lORU ORU >!vbU \a<47>
U
de f
Q V np3qp3qrHs{z

XY4gcx
U
W
hL U 4[Tyc7x > v=x\?A4> 6 (3.13)
S[w
de}| |
V p3qp3qrHs{z
W
lORU 4 > v \aDb47>

O problema LNMPORQMT estará bem-posto se e somente se:

~
Os espaços <4 e DF4 satisfizerem a clássica condição inf-sup ([4], [9]), ou seja,
a condição de compatibilidade existente entre o espaço de pressão D e o de
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 44
Y ‡
velocidade, G Logo, existe ! tal que
¿
ƒ 
Q V G /|. W   i ƒ

M 0 ´ ¥ ¥
Q A > /. W 3 >
 
 È


/|. W ‰ ZY K (3.14)
Qº‰ OPK
ƒ ƒ  J
¿
/.
€ €

Q  /. W
 ! ‚
 ! 

Y K TK
Os espaços e satisfizerem a condição de compatibilidade,

‡
existe „ ! tal que

† 
c [ t 6 /. W :   i 

M 0 ´ ¥ ¥


/. W ‰ z /. W  
È (3.15)
K c ‰ TK 3> c A>
 J ƒ ƒ ‡„

/.
€ €

/X. W c !
 !  

nas quais

i ”

ƒ
Q A>  v
ƒ   <
6Q :  ¥  ¥ x ˆ
(3.16)

/X. W V /X. W < i ”



 J v  
3>   ¥  ¥ x ˆ
(3.17)

i ”

ƒ
c A>  v ƒ  
U
 6 øc c 
w :  ¥  ¥ x ˆ
(3.18)

K K YZK
onde … é qualquer espaço que contenha o subespaço … œ , de , tal que:

K p /. W ‰ YK   
Q V G /. W   i !#" Qº‰ O K o
…
œ  ¥ ¥ (3.19)

u u
Vale notar que as condições 69y#G }: e 6@yøG ~™: são verificadas no caso contínuo. No
u
caso discreto, apenas a condição 6@y#G }: é verificada, sendo necessária a verificação
u
da condição 6@yøG ~™: para cada caso. Recentemente, Tabata [25] desenvolveu a prova
u
formal da condição 69y#G ~€: para o caso axissimétrico.
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 45

3.3 Aproximações propostas

Definiremos a seguir os espaços de elementos finitos que serão empregados nesse tra-
J K
balho. Dada uma família de partições de elementos finitos de 8 , constituída por
triângulos não-degenerados e , usaremos, além do sistema de coordenadas definidas
_ _ _ I
na seção 3.1 as coordenadas baricêntricas 6 3 " < " : para pontos de 8 . Recordamos

_` _7` i i
que as coordenadas baricêntricas  6 "  : de um ponto 6 " µ" Á : ‰ 8 , com

g ` i` ` JK u
respeito aos vértices (  6 "  "Á : de um triângulo e ‰ " É É y , são


definidas por:
_7` ‰ O 3 7_ ` g ` u
6@8;: " 6 ( : rN para É " É y
Š‰ ‰ 

O i u
onde 3 6@8;: é o espaço dos polinômios nas variáveis "  de grau É com

I 8 . Além disso:
coeficientes reais sobre I
_Z` u O
‰ 3 6@8;: = g ` _7`
" k `  6 ( :
Œ Œ

` 3  " Ì
Ž 
 3
e 

p i 7_ ` i u u o
 6 " µ"qÁ : ‰ 8 ! É


e 6 "· : É " É É y


Especificaremos os espaços de elementos finitos usados nesse problema:

YZK YK YK =Y


œ

é o espaço definido por:  , com

YZK p /. W W W A I /W g O < I J4K o


‰ . ‰ 6 6 e : : " e ‰
 J

œ   6 B" À"²! : 6 68 :: “’ •” (

O i
onde < 6 e : é o espaço de polinômios contínuos de grau É n nas variáveis e  ,
com coeficientes reais sobre e ;

O K OÜK O K ]‘ O
é o espaço definido por:  œ , com

OPK p A g ‰ O 3 ‰ JLK o
œ   ‰
 
’ 68 :  6 e : " e –

TK
é o espaço definido pela soma direta:

TK T KA ΠT g3
 œ œ

g
™˜š (3.20)
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 46
T KA
onde œ é um subespaço de T definido por:

p I ™I I ™I
T KA A ‰ 6O 3 6e :: ‰ JLK o
 

œ   ‰ 6 6 8;: :
  ›

 N’ " e
( (3.21)

onde  está definido em 6@yøGŠ€: .


Agora, para cada e ‰ T , introduziremos o subespaço vetorial 
T 3
œ , dos campos
›

S
tensoriais simétricos de segunda ordem sobre :

T 3 p g fhg S o
œ    ‰ e £r! em . e
› 

(3.22)

f¦g
onde é o espaço vetorial gerado pelo conjunto de onze tensores linearmente
S p o
3 " G G—G " 33 , cujos componentes com re-
œ œ
independentes de segunda ordem sobre ,
speito à base 6@yøG†„z: são:
#$ & ' #$ & ' #$ & '
$ ' $ ' $ '
ˆ
$
$ ! ! '
'
$
$ ! ! '
'
$
$ ! ! '
'

œ
3 
$
$%ž
'
' œ
< 
$
$%{Ÿ 
'
' œ I $
$%{Ÿ. i
'
'

! ! ! ! ! !  ! ! !
) ) )

! ! ! ! ! ! ! ! !
#$ &(' #$ &(' #$ &('
$ ' $ ' $ '
ˆ
$
$ ! ! '
'
$
$ ! ! '
'
$
$ ! ! '
'
$ ' $ ' $ '
œ
  $%

!


!
' œ¡

$% ˆ

!


!
' œ•¢

$%


Ÿ   

! !
'

 ) Ÿ  ) Ÿ. i )

! ! ! ! ! ! ! ! !
#$ & ' #$ & ' #$ & '
$ ' $ ' $ '
$
$ ! ! ! '
'
$
$ ! ! ! '
'
$
$ ! ! ! '
'
$ ' $ ' $ '
œ£ $% ' œ•¤ $% ' œ¥ $% '
 ! !  !
ˆ

!  ! !
 ) Ÿ  ) Ÿ.  )

! ! ! ! ! ! ! ! !
#$ &(' #$ &('
$ ' $ '
$
$ ! ! ! '
'
$
$ ! ! ! '
'
$ ' $ '

3A  33 
œ $% ' œ $% '

! ! ! ! ! !
 d
) )
ˆ
! ! ! !
Ÿ 

_ 3_ <_ I
onde d é a função-bolha de e definida por: d  . As funções-bolha são
CAPÍTULO 3. O MÉTODO PROPOSTO 47

sempre nulas no contorno do elemento, e servem para estabilizar o resultado.


Capítulo 4

Resultados numéricos

Nesse capítulo apresentaremos os resultados numéricos obtidos nas simulações com-


putacionais do escoamento de um fluido newtoniano, empregando o elemento triangu-

lar adotado e as técnicas introduzidas no capítulo anterior.


Utilizamos três problemas teste, os dois primeiros contém dificuldades em certos
pontos da geometria, e são conhecidos na literatura especializada como bons testes de
robustez para novos modelos numéricos. O terceiro tem por objetivo validar o método

usando elementos distorcidos.


O primeiro deles, Stick-Slip, consiste em um escoamento em um canal seguido de
uma região onde o fluido entra numa região aberta, que denominaremos, com abuso
de notação, ‘fronteira livre’, onde não há mais a parede do canal e ocorre uma mu-
dança na condição de contorno. Embora a geometria seja bem simples, a transição

na saída do canal dificulta fortemente a solução numérica, visto que a mesma intro-
duz uma singularidade. O segundo, Contração Brusca, consiste um canal com raio

seguido de um estrangulamento onde o raio diminui para  ¦ . No caso do problema
M
que estamos simulando, consideramos  } , ou seja, uma Contração Brusca 4:1. Na
zona de transição, onde se dá o estrangulamento abrupto da geometria, ocorrem altos

48
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 49

(0,D) (L 1 ,D) (L 1 +L2 ,D)


[Parede] ["Fronteira Livre"]
[Entrada [Saída
do canal] do canal]
r

(0,0) [Eixo de simetria]

z
Figura 4.1: O problema Stick-Slip

gradientes de tensões e singularidades. Essa geometria é usada, particularmente, para


validar simulações numéricas, sendo considerada um problema clássico pela comu-
nidade científica.
O terceiro, uma Contração Suave 4:1, consiste também em um escoamento em

um duto de diâmetro variável, só que o estrangulamento não é abrupto, mas gradual.


Logo, na zona de transição ocorre um afunilamento e não um estrangulamento. Esse
afunilamento acarreta numa distorção dos elementos, produzindo triângulos distorci-
dos.
u
Por conveniência, fixamos a viscosidade do fluido em ]  "²!€! . Trabalhamos
com perfil totalmente desenvolvido para o campo de velocidade como condições de
contorno nas seções de entrada e saída do domínio. A seguir, apresentamos os resulta-
dos para os três problemas.

4.1 Stick-Slip
i
Na tabela 4.1, temos as condições de contorno do problema Stick-Slip. Em  !
< . <
impusemos um perfil parabólico 6   : para o campo de velocidades. Nas
i
paredes do canal temos que a velocidade é nula " tanto na direção longitudinal 6 :
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 50

Tipo z r condição
i v   < . <
 ‰ !#" x

Entrada r! q  Z h!
Paredes do canal
i ‰ v !#" E 3x 
§
q! Z sr!
i ‰ E E <
Eixo de simetria 6 !ø" 3 j :  r !  s!
i ‰ 6 3"E
E <:
Fronteira livre
i E 3 E <  v   s!
Saída  j  ‰ !#" x  s!
Tabela 4.1: Condições de contorno do problema Stick-Slip

Stick-Slip I
3 <  ¡ ¢

Malha NELEM NMNV NMNVCC NMNT NMNP NTGL


SS728 728 1647 380 2644 273 12667
SS760 760 1719 396 2760 480 14198
SS950 950 2101 400 3426 576 16288
Tabela 4.3: Características das malhas utilizadas no problema Stick-Slip.

1. Número de elementos.
2. Número máximo de nós em velocidade.
3. Número máximo de nós em velocidade com condição de contorno.
4. Número máximo de nós em tensão, mais as funções-bolha.
5. Número máximo de nós em pressão.
6. Número total de graus de liberdade.

quanto na direção radial 6  :ŒG Na entrada, na saída e no eixo de simetria, fixamos que a
velocidade  é igual a zero.

Nesse problema, adotamos que o diâmetro do canal é igual a 2, sendo que é
E  u
metade desse diâmetro, ou seja, o raio do canal 6 : . Denotamos por 3 o com- 
E u E
primento do trecho onde há uma parede e consideramos 3  ˜ . Denotamos por <
E
o comprimento do trecho onde não há uma parede, e consideramos <  n™! . Nota-se
E 
que o comprimento < é muito maior do que o raio do canal, G
Usamos algumas malhas nos nossos testes, e na tabela 4.3, temos as características

dessas malhas. As malhas do caso Stick-Slip são referenciadas como SS, e todas
são aproximadamente uniformes. Devido às características dos geradores de malha
desenvolvidos nesse trabalho, podemos refinar mais a malha na região onde está a
zona de transição do problema, no caso, quando o fluido passa para uma região de
‘fronteira livre’.

Nas figuras 4.2-4.5 ilustramos o comportamento dos componentes do campo de



CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 51

mos  justamente para observarmos melhor os resultados na região de transição,
e nas regiões com condições de contorno distintas. Nas figuras 4.6-4.7, temos o com-

portamento dos campos de velocidade na direção longitudinal 6  : e pressão 6  : ao



longo de   " usando a malha SS728. A velocidade na direção radial 6  : é nulo ao

longo de toda a linha   " logo não traçamos esse gráfico.
E u
Como pode ser visto nas figuras 4.2-4.5, a zona de transição em 3  ˜ está
mais refinada, os pontos estão mais próximos. Nessa região, podemos ver uma forte
i u
oscilação contida, e na singularidade, que ocorre quando  ˜ , temos um salto no
gráfico. As funções-bolha, que tem a função de estabilizar o resultado, fazem o seu
trabalho e contém a oscilação nessa zona de transição. Apenas a título de comentário,

foi tentada a plotagem do mesmo problema, nas mesmas condições, sem as funções-
bolha, mas não foi possível, tamanha foi a oscilação no resultado.
Nas figuras 4.8-4.11, comparamos os comportamentos das componentes do tensor
extra de tensões  e da velocidade  obtidos com diferentes malhas: SS728, SS750,
SS950. Nota-se que os valores de pico dos componentes do tensor  são acentuados

com o refino da malha.


CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 52

p^sª©

Figura 4.2: Comportamento de X=¨i¨ ao longo de , usando a malha SS728, no


problema Stick-Slip.

Figura 4.3: Comportamento de «=¬­ ao longo de ®¯ª° , usando a malha SS728, no


problema Stick-Slip.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 53

ps²©

Figura 4.4: Comportamento de XY±0± ao longo de , usando a malha SS728, no


problema Stick-Slip.

Figura 4.5: Comportamento de «=³³ ao longo de ®¯ª° , usando a malha SS728, no


problema Stick-Slip.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 54

p´sµ©

Figura 4.6: Comportamento de W


¨ ao longo de , usando a malha SS728, no
problema Stick-Slip.

Figura 4.7: Comportamento de ¶ ao longo de ®·¯ ° , usando a malha SS728, no


problema Stick-Slip.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 55

Figura 4.8: Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes malhas:
728, 760 e 950 elementos, para a componente XA¨i¨ .

Figura 4.9: Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes malhas:
728, 760 e 950 elementos, para a componente «A¬­ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 56

Figura 4.10: Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes mal-
has: 728, 760 e 950 elementos, para a componente X=±0± .

Figura 4.11: Comparação dos resultados do problema Stick-Slip para diferentes mal-
has: 728, 760 e 950 elementos, para a componente ¸A¬ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 57

[Parede do canal]

(0,D) (L1,D)

[Entrada
do canal] (L1+L2 ,D/4)
[Saída do canal]
r (0,0) [Eixo de simetria]

z
Figura 4.12: O problema Contração Brusca

Tipo z r condição
i v  < . <
 ‰ #! " x
§
Entrada
i ‰  v !E
3x
q §
 Z h!
Paredes do canal
i ‰ E !#" E <   q! Z sr!
6 !#" 3 j :  
v !   s<  !
Eixo de simetria
i E 3 E < .  < :  q!
 ‰ !ø" x h%n ~™˜Z6
§
Saída  j
Tabela 4.4: Condições de contorno do problema Contração Brusca

4.2 Contração Brusca 4:1

As condições de contorno desse problema são semelhantes às do problema anterior, o


Stick-Slip, a saber:

Escoamento totalmente desenvolvido na entrada do canal, com perfil parabólico


< . <
6 q  :
§

Na saída do canal, impusemos um perfil desenvolvido de velocidades, conforme


pode ser visto na tabela 4.4;

Nas paredes do canal a velocidade é nula " tanto na direção longitudinal 6 q! :
quanto na direção radial 6  s! :
§
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 58

Contração Brusca I
3 <  ¡ ¢

Malha NELEM NMNV NMNVCC NMNT NMNP NTGL


CB750 750 1591 180 2671 421 13537
CB944 944 2055 332 3388 583 17409
CB1050 1050 2261 320 3756 606 19102
Tabela 4.6: Características das malhas utilizadas no problema Contração Brusca.

1. Número de elementos
2. Número máximo de nós em velocidade
3. Número máximo de nós em velocidade com condição de contorno.
4. Número máximo de nós em tensão, mais as funções-bolha.
5. Número máximo de nós em pressão.
6. Número total de graus de liberdade.

Na entrada, na saída e no eixo de simetria, a velocidade  é nula, pois não há


fluido passando na direção radial.

Na tabela 4.4, apresentamos as condições de contorno desse problema. Como


podemos notar na figura 4.12, a geometria sofre um estrangulamento abrupto, onde

temos altos gradientes de pressão e conseqüentemente dificuldades numéricas. A


quantidade de massa que passa pela geometria se conserva, logo temos que a vazão
de entrada iguala-se à vazão de saída.
 E 3
u u E E
Nesse problema, adotamos   ˜ " < $n™! , sendo 3 o comprimento
"
 u E  3
do trecho onde  , e < o comprimento do trecho onde   . Nota-se que
E < ‡ ‡
 .
Usamos diversas malhas nos nossos testes que estão ilustradas na tabela 4.6. As
malhas adotadas para o problema de Contração Brusca são referenciadas como CB,

e todas são aproximadamente uniformes. Aproveitamos algumas características do


gerador de malha criado e refinamos a malha na região onde ocorre a zona de transição
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 59

do problema, no estrangulamento abrupto do canal.


Esse problema, como já foi citado, já foi bastante explorado na literatura, por per-

mitir a validação de esquemas numéricos. Nas figuras 4.13-4.16 ilustramos o compor-


tamento dos componentes do campo de tensões,  (
B" Z à"7  •"Z : " ao longo da
linha 4   para a malha CB1050. Tomamos para todos os gráficos onde 4  ,
logo observaremos o comportamento do fluido na região de transição, onde ocorre o

estrangulamento abrupto. Na figuras 4.17 e 4.18, temos o comportamento dos campos


de velocidade nas direções longitudinal 6  : e radial 6  : e na figura 4.19, a pressão
6  : ao longo de     foi obtida usando a malha CB1050. Mais uma vez, as funções-
bolha mantém o resultado estável, evitando que a oscilação se propague e interfira no

resultado final.
Nas figuras 4.20-4.23, comparamos os comportamentos de  e  obtidos com
diferentes malhas: CB750, CB944, CB1050. Nota-se que os valores de pico das com-
ponentes do tensor  são maiores, à medida que a malha torna-se mais refinada.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 60

p¹s»º ¼

Figura 4.13: Comportamento de X=¨i¨ ao longo da linha , usando a malha CB1050,


no problema Contração Brusca.

Figura 4.14: Comportamento de «=¬­ ao longo da linha ®H¯¾½ ¿ , usando a malha CB1050,
no problema Contração Brusca.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 61

p¹s»º ¼

Figura 4.15: Comportamento de X±0± ao longo da linha , usando a malha CB1050,


no problema Contração Brusca.

Figura 4.16: Comportamento de «=³³ ao longo da linha ®H¯¾½ ¿ , usando a malha CB1050,
no problema Contração Brusca.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 62

Figura 4.17: Comportamento


p¹s»º ¼
do campo de velocidade na direção longitudinal, W ¨ , ao
longo da linha , usando a malha CB1050, no problema Contração Brusca.

Figura 4.18: Comportamento do campo de velocidade na direção radial, ¸A­ , ao longo


da linha ®¹¯¾½ ¿ , usando a malha CB1050, no problema Contração Brusca.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 63

pJsÀº ¼

Figura 4.19: Comportamento da pressão Z ao longo da linha , usando a malha


CB1050, no problema Contração Brusca.

Figura 4.20: Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-
entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente «A¬i¬ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 64

Figura 4.21: Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-
entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente XA¨± .

Figura 4.22: Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-
entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente «Á­0­ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 65

Figura 4.23: Comparação dos resultados do problema Contração Brusca para difer-
entes malhas: 520, 750 e 1050 elementos, para a componente W ¨ .

[Parede do canal]

(0,D) (L1,D)

[Entrada
do canal] (L1+L2 ,D/4) (L1+L2 +L3 ,D/4)
[Saída do canal]
r (0,0) [Eixo de simetria]

z
Figura 4.24: O problema Contração Suave

4.3 Contração Suave 4:1

Neste problema, mostraremos resultados que comprovam a possível utilização do el-


emento proposto em malhas com triângulos deformados. Como o estrangulamento é
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 66

Tipo z r condição
i v   < . <
 ‰ !#" x

Entrada
i ‰ 
v !E
3x
q §
 Z h!
Paredes do canal
i ‰ !#"   q! Z sr!
E 3 E <
6 :
Eixo de simetria
i !#E" 3 j E <
 
v !   s<  !
.  < :  q!
 ‰ !ø" x h%n ~™˜Z6
§
Saída  j
Tabela 4.7: Condições de contorno do problema Contração Suave

Contração Suave I
3 <  ¡ ¢

Malha NELEM NMNV NMNVCC NMNT NMNP NTGL


CS430 430 957 192 1554 264 7964
CS550 550 1221 240 1986 336 10172
CS670 670 1485 288 2418 408 12380
Tabela 4.9: Características das malhas utilizadas no problema Contração Suave.

1. Número de elementos
2. Número máximo de nós em velocidade
3. Número máximo de nós em velocidade com condição de contorno.
4. Número máximo de nós em tensão, mais as funções-bolha.
5. Número máximo de nós em pressão.
6. Número total de graus de liberdade.

gradual e suave, não podemos esperar efeitos como os encontrados nos dois problemas
anteriores.
A tabela 4.7 mostra as condições de contorno empregadas neste problema, semel-

hantes àquelas utilizadas no problema anterior, isto é: perfil totalmente desenvolvido


para o campo de velocidades na entrada e saída do domínio; velocidade nula nas pare-
des e  s! no plano de simetria. Adotamos os seguintes parâmetros foram adotados
 u E 3 E EFI
para definir a geometria do problema:  " 6  £r!#"?n ™~ : "  ˜ " < rnø"  „ .
As malhas adotadas para esse problema são referenciadas como CS, e todas são
aproximadamente uniformes. Aproveitando as características dos geradores de malha
desenvolvidos nesse trabalho, refinamos a malha na região próxima à zona de transição
E 3 E E
do problema (entre  ˜ e 3 j <  „ ), na seção onde ocorre o estrangulamento
gradual do canal. Desse modo, obteremos triângulos deformados.
Nas figuras 4.25-4.28, ilustramos o comportamento das componentes de  ao longo
do eixo de simetria 6  ! : , para a malha CS670. Nota-se que na figura 4.26, há uma
oscilação forte após a saída da região de transição, e uma pequena oscilação na saída
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 67

Figura 4.25: Comportamento de Â=Ãià ao longo da linha ÄÆÅžÇ , usando a malha CS670,
no problema Contração Suave.

do canal, que também pode ser notado nas figuras 4.27 e 4.28.
Nas figuras 4.29-4.30, temos o comportamento dos campos de velocidade ÈÊɊÃ.Ë

e de pressão ȐÌ=Ë . Nas figuras 4.31, 4.32, 4.33 e 4.34 fazemos uma comparação do
comportamento do problema considerando três diferentes malhas, a saber: CS430,

CS550 e CS670, para o mesmo problema, e observamos pouca variação nos gráficos.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 68

Figura 4.26: Comportamento de Â=ÃÍ ao longo da reta ÄJÅIÇPÎ usando a malha CS670,
no problema Contração Suave.

Figura 4.27: Comportamento de ÏÐ0Ð ao longo da linha ÑÆÒžÓ , usando a malha CS670,
no problema Contração Suave.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 69

Figura 4.28: Comportamento de Â=ÔÔ ao longo da linha ÄÕÅÖÇ , usando a malha CS670,
no problema Contração Suave.

Figura 4.29: Comportamento do campo de velocidade, ×–Ø ao longo da linha ُÚÜÛ ,


usando a malha CS670, no problema Contração Suave.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 70

p¹s{z

Figura 4.30: Comportamento do campo de pressão, Z , ao longo da linha , usando


a malha CS670, no problema Contração Suave.

Figura 4.31: Comparação dos resultados do problema Contração Suave para as


seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente ݖØiØ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 71

Figura 4.32: Comparação dos resultados do problema Contração Suave para as


seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente X–¨± .

Figura 4.33: Comparação dos resultados do problema Contração Suave para para as
seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente «A­Þ­ .
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 72

Figura 4.34: Comparação dos resultados do problema Contração Suave para para as
seguintes malhas: 430, 550 e 670 elementos, para a componente W ¨ .

4.4 Informações sobre o código-fonte

Para a solução do problema foi adaptado um programa desenvolvido por Silva Ramos
[22] para a sua tese de doutorado, visando a resolução de escoamentos de fluidos vis-
coelásticos. Vale lembrar que esse código trabalha com elementos triangulares, ao
passo que a versão original trabalhava com elementos quadrangulares. Este código
é aplicado à resolução do sistema de Stokes em três campos; é modular, o que torna

fácil alterar o esquema numérico; foi escrito em Fortran 77, o que torna fácil obter
esses resultados em diversos ambientes, visto que há compiladores desta linguagem
para diversas plataformas, desde o microcomputadores de 8 bits e CP/M até os super-
computadores de vários milhões de dólares.

Usamos o método frontal para a resolução do problema, particularmente a im-


plementação que pode ser encontrada em [10], conhecida como MEFROM (MÉtodo
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 73

FROntal Modular). Algumas vantagens do uso desse método são:

O método é direto, trabalhando com eliminações de Gauss. Logo, não trabalha


com aproximações de resultados e estimativa de erros.

O método trabalha com apenas uma parte da matriz de coeficientes e do vetor


independente, empregando pouca memória principal e usando grandes espaços
em memória secundária. Esse recurso permite que o MEFROM seja usado em

computadores com menos memória primária.

O método é modular, o que facilita a inclusão do mesmo em diversos programas


empregados para a resolução de problemas com o uso de elementos finitos.

No pós-processamento, empregamos um programa de nossa autoria para retirar os


dados dos arquivos de resultados, que são passados para uma planilha eletrônica (Star-

Calc, do pacote StarOffice, da Sun Microsystems - http://www.sun.com/staroffice),


e montados; depois passados para um gerador de gráficos (fplot - ftp://metalab.
unc.edu/pub/Linux/science/visualization/plotting), onde são plota-
dos; finalmente é feito um tratamento na imagem que contém o gráfico com o software

GIMP (GNU Image Manipulation Program - http://www.gimp.org).


O ambiente usado para a confecção desse trabalho foi o ambiente proporcionado
por sistemas Unix, particularmente o AIX, da IBM, o Solaris, da Sun, e o Linux, prefer-
encialmente uma distribuição da empresa americana Red Hat. Demos essa preferência
devido a vários fatores:

robustez e estabilidade: o ambiente Unix, com a sua tradição de muitos anos,


fornece-nos um ambiente estável para desenvolvimento.

compiladores: os compiladores que estão instalados (xlf e g77) são os que estão
mais de acordo com o padrão Fortran 77.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 74

Início

Leitura de
parâmetros Parâmetros

Leitura da
malha Malha

Stokes vetorial
Pré-processador em escalar

Criação ambiente
método frontal

Quadratura
Gaussiana 1, NELEM
Matriz e segundo
Matriz e segundo membro elem.
membro globais Monta matriz
Resolutor método método frontal
Processador frontal

Salva resultados

Fim

Figura 4.35: Diagrama de fluxo do programa


CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 75

facilidade: basta recompilar o trabalho em ambientes diferentes, mas com os


mesmos comandos e diretivas de compilação. Nenhum problema para portar o

trabalho para outros ambientes.

velocidade: o módulo objeto, e posteriormente, o programa executável gerado é


mais rápido e menor do que o gerado por outros compiladores.

O funcionamento básico do programa desenvolvido nesse trabalho está na figura 4.35.


A malha do problema é gerada usando um programa externo, um gerador de malha.
O programa em si subdivide-se em dois módulos: o pré-processador e o processador:

O pré-processador lê os dados da malha previamente criados pelo gerador de


malha e os parâmetros do problema, transforma o problema vetorial de Stokes
em um problema escalar e cria o ambiente necessário para a resolução do prob-

lema;

O processador monta a matriz e o segundo membro globais no ambiente do


método frontal, a partir da criação de uma matriz e um segundo membro para
cada elemento. Depois, emprega o resolutor, resolve a matriz e salva os resulta-

dos em arquivos-texto distintos.

A título de curiosidade, abaixo temos alguns gráficos que nos dão a performance do
mesmo código-fonte sendo executado em diferentes ambientes, a saber:

1. Microcomputador padrão IBM-PC, processador AMD K-6 300 Mhz, 64 Mb de


memória RAM, sistema operacional Red Hat Linux 5.2, kernel 2.2.5-15, com-
pilador g77 2.90.29.

2. Microcomputador padrão IBM-PC, processador Pentium 133 Mhz, 32 Mb de


memória RAM, sistema operacional Conectiva Red Hat Linux 3.0 (Guarani),
kernel 2.0.36, compilador g77 2.7.2.1.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 76

3. Estação de trabalho IBM Powerstation 220, 64 Mb de memória RAM, sistema


operacional AIX, compilador xlf/6000.

O problema, em si, é econômico computacionalmente, sendo que a maior parte da


execução é gasta com a acesso à memória secundária. Mesmo assim, com os com-
putadores de hoje em dia, é possível rodar esses problemas sem que seja necessário
um grande esforço computacional.

Os gráficos referem-se, na ordem, do menor para o maior tempo obtido. Inicial-


mente temos a plataforma (1), seguido pela (2) e (3). Vale ressaltar as legendas:

Real: Tempo real gasto pela máquina.

User: Tempo cedido ao usuário pelo sistema para a execução.

Sys: Tempo gasto pelo sistema no processo referente ao código-fonte sendo

executado.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 77

Figura 4.36: Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Stick-Slip, sendo


executado em diferentes plataformas.

Figura 4.37: Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Contração Brus-


ca 4:1, sendo executado em diferentes plataformas.
CAPÍTULO 4. RESULTADOS NUMÉRICOS 78

Figura 4.38: Comparativo de tempo do código-fonte para o problema Contração Suave


4:1, sendo executado em diferentes plataformas.
Capítulo 5

Comentários finais

5.1 Conclusão

Foi proposto um modelo numérico para solução do escoamento axissimétrico de flui-


dos newtonianos em três campos, usando o método dos elementos finitos baseado em
triângulos.
A construção do esquema numérico foi baseada na utilização de um elemento misto
u
de tensão, velocidade e pressão, o qual satisfaz a condição de compatibilidade 6@y#G ~€:

entre os espaços de elementos finitos.


A aproximação de elementos finitos usada trabalha com 38 graus de liberdade
por elemento, gerando um esquema numérico econômico computacionalmente, co-
mo pode ser visto nas figuras 4.36-4.38. Por exemplo, os trabalhos desenvolvidos por

Carneiro de Araujo e Silva Ramos em suas respectivas teses de doutorado ([9], [22])
emprega 45 graus de liberdade por elemento. Crochet, por sua vez, emprega 75 graus
de liberdade por elemento no seu conhecido trabalho ([19]).
Três problemas teste foram resolvidos, os dois primeiros possuem dificuldades

acentuadas, como uma troca de condição de contorno e um estrangulamento abrup-

79
CAPÍTULO 5. COMENTÁRIOS FINAIS 80

to. O terceiro problema é mais simples de ser resolvido. Devido à falta de material na
literatura, fizemos comparações com resultados obtidos para escoamentos planos, co-

mo os encontrados em [9] e [22], e escoamentos axissimétricos, como os encontrados


em [13] e [14].
O primeiro, Stick-Slip, embora tenha uma geometria bem simples, é bem difícil
de ser resolvido, devido à transição no escoamento do duto para o jato, onde ocorre a

mudança da condição de contorno, o que dificulta a resolução. Entretanto a solução


numérica obtida em 4.2-4.7 é muito boa, bem próxima da obtida pelos respectivos
autores acima citados.
O segundo, Contração Brusca 4:1, é um problema modelo para teste de modelos

numéricos em escoamentos. O estrangulamento abrupto provoca muitas dificuldades


numéricas na solução do problema. Os resultados, como podem ser vistos em 4.13-
4.19, são muito bons, novamente equiparando-se aos trabalhos usados para compara-
ção.
O terceiro, Contração Suave, mostrou ser possível utilizar o elemento proposto

nesse trabalho com triângulos distorcidos, aumentando o campo de aplicações do es-


quema numérico. Os resultados obtidos em 4.25-4.30 levam-nos a notar uma boa per-
formance do método, quando comparado com os resultados obtidos para escoamentos
planos em [22].

Em todos os testes o esquema mostrou uma boa performance. As soluções apresentaram-


se estáveis e o ganho computacional foi bom. Logo, podemos concluir que esse é um
bom caminho a seguir para a simulação de escoamentos axissimétricos.
CAPÍTULO 5. COMENTÁRIOS FINAIS 81

5.2 Perspectivas futuras

A seguir citaremos alguns aspectos visando a continuação, aperfeiçoamento ou a mel-


horia do esquema numérico proposto.

1. Escoamentos viscoelásticos: Sugere-se fortemente que seja feita a imediata ex-


tensão do esquema estudado anteriormente para o caso de escoamento de fluidos
viscoelásticos. Sabe-se que muitos fluidos tem um comportamento significati-

vamente diferente dos fluidos newtonianos. Logo, a extensão para um caso mais
genérico é uma sugestão imediata.

2. Mudança do resolutor: O pacote MEFROM usa muito a memória secundária


do computador para armazenamento temporário. Um novo resolutor, que em-

pregue mais memória primária, poderia acarretar em um ganho em performance.


Hoje em dia é relativamente comum encontrar computadores com 32 ou 64
Megabytes de memória RAM, e algumas das matrizes geradas chegam a ocu-
par 20 Megabytes. Utilizando um compilador que permita trabalhar com toda a

memória primária linearmente, pode-se tirar vantagem e ter ganho em tempo de


execução.

3. Uso de outros resolutores: Sugere-se o desenvolvimento de um pacote modular,


como o MEFROM, que use o método GMRES (Generalized Minimal Residu-

al Method) para a resolução do sistema de equações. O método, proposto em


[21], pode ser estendido para a solução de grandes sistemas de equações não-
lineares empregando-o dentro de um laço feito com o método de Newton, com
isso torna-se apropriado para a resolução de escoamentos viscoelásticos, inicial-
mente estudados por Fortin e Fortin em [17].

4. Paralelismo: Devido à relativa facilidade que há hoje em dia para o uso com
CAPÍTULO 5. COMENTÁRIOS FINAIS 82

computação distribuída (veja em http://www.beowulf.org, por exemp-


lo), é interessante sugerir a criação de um novo resolutor onde o problema possa
M
ser repartido entre processadores. O método direto empregado no MEFROM,
Eliminação de Gauss, não pode ser paralelizado. Entretanto, métodos iterativos
como Jacobi, Gauss-Seidel e Gradientes Conjugados podem ser paralelizados
com relativa facilidade, além do método GMRES, citado no item anterior. Partic-

ularmente recomenda-se o uso do padrão MPI como interface para passagem de


mensagens entre os processadores: http://www-unix.mcs.anl.gov/
mpi/. Desse modo, poderia haver um razoável ganho em tempo de execução
com problemas muito grandes. Como referência, veja [5].
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