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C8 | Sexta-feira, 17, e fim de semana, 18 e 19 de abril de 2009 | GAZETA MERCANTIL SHOPPING CENTERS

GGP, sócia da Aliansce, pede concordata C3


DIESEL
Queda no preço pode demorar até 4 meses C7
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ROMUALDO RIBEIRO/GAZETA MERCANTIL

INTERNET

Mercado digital vê problemas


na formação de profissionais
Agências sentem falta ou criar cursos em sintonia com
de mão de obra e AS HABILIDADES NECESSÁRIAS as transformações da sociedade.
“Há uma lacuna: ou existem
escolas não atendem • Domínio técnico, mas
profissionais mais experientes,
necessidades conhecimento do processo
mas sem conhecimento sobre
• Boa formação meio digital, ou jovens sem visão
CLAYTON MELO E NEILA BALDI
SÃO PAULO geral de negócio”, afirma Amyris Fer-
nandez, diretora da Universidade
Quando tinha 17 anos, Yentl • Caráter Corporativa da AgênciaClick. Isso
Delanhesi — hoje com 21 — era inovador porque, segundo ela, a formação
uma jovem indecisa sobre seu fu- acadêmica ainda está calcada em
turo profissional: não sabia se um modelo acadêmico antigo.
cursaria administração, jornalis- “Assim, aparecem vários cursi-
mo ou designer. Como já era uma nhos, pejorativamente falando”.
internauta contumaz, decidiu
partir para uma área que abran- Projeto
• Criatividade
gesse seu gosto pela web. Resumo Pedro Cabral, presidente para
da ópera: ingressou no curso de • Disposição para aprender a América Latina da rede interna-
graduação em Comunicação Di- sempre cional de agências Isobar — con-
gital ministrado na Unisinos, em troladora da AgênciaClick —, res-
São Leopoldo (RS). Hoje ela traba- Fonte: Mercado salta que a companhia investe na
lha no setor de planejamento e qualificação de suas equipes.
criação da agência de marketing ção na área, são raros, pois quase com a escassez de mão de obra es- “Não montamos uma universida-
digital Cubo cc, em São Paulo. não há cursos desse tipo voltados pecializada. de acadêmica, mas corporativa.
“Quando entrei para a faculda- ao digital no Brasil. Assim, a al- A crítica das agências é que Temos cursos que levam a uma
de, não sabia no que desejava tra- ternativa encontrada pelas em- as instituições de ensino supe- formação objetiva, que formam
balhar, mas estava segura de que presas interativas é formar suas rior se mostram incapazes de su- as pessoas para as questões do
estava indo para um setor ade- equipes internamente ou bancar prir a demanda não apenas no nosso trabalho, como designers,
quado ao meu perfil”, diz Yentl. total ou parcialmente os poucos quesito quantidade, mas tam- gestores de projetos, mídia, desen-
A história de Yentl serve como cursos rápidos direcionados à bém no da qualidade — nem to- volvimento de negócios”, afirma
ponto de partida para uma aná- área, geralmente oficinas de curta do os cursos disponíveis forma- Cabral. Ele avalia, no entanto, que Pedro Cabral, da AgênciaClick, destaca investimento em equipe
lise sobre a formação profissional duração ou cursos de especializa- riam profissionais de maneira só o domínio técnico não é sufi-
no mercado de internet. Casos co- ção, feitos em um e dois anos. ideal. As escolas, por sua vez, ciente. “As pessoas precisam in- fissionais. Como os cursos con- profissionais, e as empresas pre-
mo o dela, que fez uma gradua- Ainda assim, o País se defronta alegam que tentam modernizar vestir na formação de longo pra- vencionais de comunicação não ferem investir nos seus quadros”,
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL zo”, reforça. Ele se refere a cursos davam conta dessa necessidade, explica Gil Giardelli, coordena-
que ofereçam uma formação ge- as empresas buscavam as pes- dor dos cursos de marketing do
ral mais ampla, como mestrados, soas em outras áreas”, diz o co- Centro de Criatividade. Por isso,
ou que propiciem experiências ordenador do curso, Daniel Bit- 70% dos alunos são de corpora-
internacionais, por exemplo. tencourt. Segundo ele, a gradua- ções e apenas 20% vêm de agên-
Os projetos de formação da ção da Unisinos reúne compe- cias. Segundo ele, as aulas dão
companhia não param por aí. tências de áreas como adminis- um panorama sobre o que há de
Uma parceria entre e AgênciaCli- tração, tecnologia da informa- novo no mundo digital.
ck e a Fundação Getúlio Vargas ção, comunicação e designer.
(FGV) resultou, no meio do ano “Não estamos preocupados em Não ao tecnicismo
passado, no curso de Comunica- repetir as práticas do mercado, Sérgio Amadeu, professor da
ção com o Mercado através de mas em construir um profissio- Faculdade Cásper Líbero e pes-
Mídias Digitais. “O mundo digital nal com visão holística da área”, quisador de comunicação e tec-
é profundamente diferente do argumenta Bittencourt. nologia, avalia que as escolas
que estávamos acostumados. A Universidade Metodista, não vão ao cerne da questão.
Agora, há a possibilidade de inte- em São Bernardo do Campo “Elas estão numa encruzilhada
ração. Por outro lado, está em me- (SP), montou em 2005 a gradua- porque continuam formando
tamorfose constante e em altíssi- ção em Mídias Digitais. “Houve profissionais voltados ao mun-
ma velocidade”, lembra Jaci Cor- uma mudança nos processos do industrial. A concepção de
rêa Leite, coordenador do curso. tecnológicos que as formações ensino que prevalece não leva
tradicionais não atendiam”, afir- em conta as sociedades em rede.
O outro lado ma José Eduardo Sales da Costa, Elas costumam cair no tecnicis-
Entre instituições de ensino coordenador do curso. mo”, afirma Amadeu. “É preciso
superior, uma das poucas a dar Na Escola Superior de Propa- formar pessoas com autonomia
um passo mais ousado foi a Uni- ganda e Marketing (ESPM),o para o aprendizado, e isso se faz
sinos, com a criação do curso de Centro de Criatividade promove com uma sólida formação geral.
graduação em Comunicação Di- há dois anos cursos de extensão Só assim os futuros profissio-
gital, em 2003. “Identificamos na área, com módulos que va- nais não se perderão no dilúvio
Gil Giardelli afirma que os cursos da ESPM dão panorama das inovações do universo on-line que o mercado precisava de pro- riam de um a seis meses. “Faltam informacional”.

ANÁLISE MÍDIA DOS EUA

Maristela Alves *
Jornais se unem de olho na web STEPHEN CHERNIN/GETTY IMAGES/AFP
AFP
WASHINGTON

Universidades não suprem demanda Três grandes nomes da impren-


sa americana vão lançar uma em-
presa chamada “Journalism On-li-
presa através das redes sociais, procuradas do mercado digital. E ne”. O objetivo é ajudar os jornais,
Apesar da turbulência atual por exemplo? com salários competitivos. atualmente em crise, a obter dinhei-
ter gerado cortes de empregos e Alguém poderia argumentar ro com suas operações de internet,
a ressaca habitual, existe um que processos como esse são emi- Arquitetos da Informação valendo-se para isso de um serviço
campo específico de trabalho que, nentemente operacionais, mas o fa- Especialistas em projetar e pla- pago de distribuição de matérias.
se não está completamente imu- to é que qualquer profissional que nejar o fluxo de informações apre- Steven Brill, fundador do canal
ne aos perversos efeitos da reces- queira se estabelecer dentro do sentadas nos websites, a fim de fa- de televisão especializado em pro-
são mundial, também está longe meio digital precisa ter essa visão cilitar a vida dos usuários; cessos, o “Court TV”, Gordon Cro-
de ter suas vagas preenchidas. mais “mão na massa”. É preciso vitz, ex-diretor de publicação do
Muitos acreditam que as que ele entenda como os meios di- Mídia On-line The Wall Street Journal, e Leo Hin-
oportunidades geradas pela gitais podem ajudar a ampliação Profissionais que planejam, com- dery, ex-dirigente do departamento
atual crise estão nas profissões de seus negócios. pram e gerenciam os espaços de mí- internet de alta resolução da AT&T,
ligadas ao meio digital. As em- Esse entendimento vem de dois dia dentro do meio digital; são os idealizadores da companhia.
presas apostam no ambiente on- fatores: primeiro, a identificação “Precisamos de um modelo
line para anunciar, vender e de- do profissional com a rede — Profissionais de Métricas de negócios que permita ao jor-
senvolver seus produtos. Assim, basta ver como ainda existe uma Um dos atrativos dos meios digi- nalismo de qualidade se benefi-
geram demandas por profissio- dicotomia entre os que atuam tais é a possibilidade de analisar, ciar das vantagens da distribui-
nais especializados. dentro e fora do segmento on-line em tempo real, os resultados de ção pela web, em vez de serem
A má notícia (ou boa, depen- — e a prática. uma campanha ou a performance vítimas dela”, disse Brill.
dendo do ponto de vista) é que Esta vivência prática é funda- de um site de comércio eletrônico; Entre os grandes jornais ameri-
existem poucos profissionais real- mental para esse tipo de profissio- canos, somente o The Wall Street
mente qualificados no mercado. nal, já que se trata de um ambiente Profissional de Mídia Social Journal tem hoje um site pago. Vá-
Os motivos são vários, mas o muito novo, no qual qualquer novi- As empresas não podem mais rios outros, e inclusive o The New
principal é que não há uma for- dade tem um impacto considerável. escapar do fenômeno das redes so- York Times, indicaram que preten-
mação específica. E isso independe da formação aca- ciais. Ter perfis no YouTube, Twit- dem cobrar pelas consultas de seus
A escassez acontece porque as dêmica do profissional: em quase ter, Facebook são requisitos indis- artigos na internet.
estratégias e processos ligados ao seis anos de atuação na área, já de- pensáveis para as companhias que Muitos analistas são céticos, Crovitz é sócio de empresa que buscará receitas para veículos
marketing digital têm nuanças parei com pessoas competentes e de queiram se manter vivas nesse ver- mas os fundadores da Journalism
que não são cobertas totalmente origens diversas: dentistas, físicos, dadeiro caldeirão que é o mercado. On-line afirmam terem encontra- tes, e estes serão habilitados a deci- das publicitárias associadas. “A
pelo que se aprende na faculda- oceanógrafos. Identificou-se com alguns destes do uma fórmula: um site com dir o que cobrar, quanto e como”, Journalism Online permitirá aos
de. O dinamismo da área intera- De todo modo, existem muitas perfis? Então, não perca tempo: pes- uma senha no qual os leitores po- disse Brill. A Journalism Online ne- editores negociar em posição de
tiva é atendido pelas informa- vagas a serem preenchidas. Uma quise, inscreva-se em um curso, derão ter acesso por meio de assi- gociaria também acordos de licença força", disse Brill. “Os consumi-
ções recebidas num curso acadê- solução interessante para quem qualifique-se, acrescente o seu talen- naturas diárias, mensais ou anuais com portais de busca. dores sairão ganhando porque
mico “tradicional”. quer ingressar na carreira ou preci- to neste mercado promissor. ou comprar artigos específicos di- Esta iniciativa coincide com a terão mais escolhas, e os motores
Que curso acadêmico prepa- sa entender melhor o marketing di- retamente dos veículos. crítica feita recentemente ao Go- de busca e outros intermediários
ra, pelo menos atualmente, pro- gital é se inscrever em cursos de ca- * Diretora de conteúdo da Jump “O sistema de pagamento prote- ogle News por mídias que conde- sairão ganhando porque terão
fissionais que possam entender pacitação e certificação. Abaixo, se- Education, escola especializada no gido por senha será integrado aos nam a publicação de links para acesso a mais conteúdo jornalís-
como gerar valor para a em- guem algumas das funções mais meio digital sites de todos os editores participan- seus artigos sem dividir suas ren- tico”, concluiu Brill.

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