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XI Encontro de Pesquisa em Ensino de Física – Curitiba – 2008 1

AVALIANDO A PRESENÇA DAS TIC NOS CURSOS DE FÍSICA DO


IF-UFBA

EVALUATING THE PRESENCE OF TIC IN THE COURSES OF


PHYSICS OF IF-UFBA
Dielson P. Hohenfeld 1 Jancarlos M. Lapa2 Maria Cristina Martins Penido 3.
1
CEFET - BA/Departamento de Ciências Aplicadas, dph@cefetba.br
2
UFBA/ Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências , janlapa@ufba.br
3
UFBA/Departamento de Física Geral/Instituto de Física , mcristi@ufba.br

Resumo

Este trabalho integra nossa pesquisa de mestrado, que tem como objetivo
central investigar a formação dos futuros professores de Física da Bahia. Visando
analisar como estão sendo preparados para inserir as tecnologias de informação e
comunicação (TIC) na sua prática pedagógica cotidiana. Essa inserção deve
possibilitar alternativa s de estruturação de uma outra relação de ensino nas atuais
aulas de Física. Aqui mostramos a análise documental dos projetos pedagógicos
dos cursos de Física da UFBA onde discutimos, desde a sua estrutura curricular
passando pelo perfil esperado do licenciado, até suas ementas e conteúdos das
disciplinas do curso de licenciatura em Física. Utilizamos nossa revisão bibliográfica
para mostrar o diálogo existente entre os estudiosos, tanto no que se refere aos
aspectos teóricos voltados para as necessidades curriculares de uma forma geral,
quanto na possibilidade da utilização das mídias no ensino de Física. Para tal
dialogamos com pesquisadores como Belloni (2001), Carvalho (2002), Pretto (1996),
Bonilla (2005) que discutem as questões sobre o papel do professor neste contexto
da sociedade digital e Linhares (2002), Araújo & Vianna (2003), Viet (2002), dentre
outros , que estão preocupados com a formaç ão do futuro professor de Física com
relação à utilização dessas tecnologias. Integra essa análise questionários onde
colhemos dados sobre o “currículo vivo”. Buscamos nessa reflexão contribuir com a
formação dos professores de Física na Bahia, os dados apontam para a
necessidade de intensificar a prática com as TIC em sala de aula.
Palavras-chave : TIC, Formação de Professores, Ensino de Física.

Abstract

This work integrates our master's degree research, that has as central
objective to investigate the futures teachers' of Physics of Bahia formation. Seeking
to analyze how they are being prepared to insert the technologies of information and
communication (TIC) in his/her daily pedagogic practice. That insert should make
possible alternatives of structuring of another teaching relationship in the current
classes of Physics. Here we showed the documental analysis of the pedagogic
projects of the courses of Physics of UFBA where we discussed, from his/her
structure curricular going by the licentiate's expected profile, until their menus and
contents of the disciplines of the degree course in Physics. We used our
bibliographical revision to show the existent dialogue so much among the specialists
in what refers to the theoretical aspects returned for the needs curriculares in a
general way as in the possibility of the use of the medias in physics teaching. For
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such we dialogued with researchers like Belloni (2001), Carvalho (2002), Pretto
(1996), Bonilla 2005 that discuss the subjects on the teacher's paper in this context
of the digital society and Linhares (2002), Araújo & Vianna (2003), Viet (2002),
among others that are concerned with the formation of the future teacher of Physics
regarding the use of those technologies. He/she integrates that analysis
questionnaires where we picked data on the " alive " curriculum. We looked for in that
reflection to contribute with physics teachers' formation in Bahia, the data appear for
the need of intensifying the practice with T IC in classroom.
Keywords: T IC , Analysis, Formation of Teachers, Teaching of Physics words.

Introdução
Nos últimos anos percebe-se um relativo crescimento de investigações no
ensino de Física, acerca da inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) nas aulas. Destas destacamos, Rezende (1999), Makiuchi (1999), Barros
(2002), Gobara (2002), Linhares (2002), Medeiros (2002), Moreira (2002) e Angotti
(2002), onde são discutidos desde a presença das tecnologias contemporâneas de
comunicação nas práticas pedagógicas até o papel do professor neste contexto. Em
particular, nas questões sobre planejamento de aulas, estruturadas em pressupostos
pedagógicos e conhecimento Físico, apropriados para desenvolver atividades
utilizando as TIC no ensino. Com respeito aos pressupostos, Lapa (2007) ao
pesquisar o uso de simulações nas aulas de Física em escolas do nível médio em
Salvador-BA mostra a necessidade de uma formação mais consistente do
professores nos aspectos teóricos acerca dos fundamentos pedagógicos. Por outro
lado do ponto de vista da formação os cursos de licenciatura devem preparar os
seus estudante s de forma mais completa e atual possível. Mas, estas licenciaturas,
estão atentas à problemática do uso das TIC no ensino de Física? Elas abordam
essa questão na formação desses professores? Como? O domínio técnico das
tecnologias de informação na graduação é suficiente para atender as necessidades
de desenvolvimentos posteriores? Linhares (2002), investigando a região do norte
fluminense, aponta para três questões básicas na introdução das TIC no ensino de
Física; 1) a necessidade de formação tecnológica do professor de Física do nível
médio; 2) a disponibilidade de material didático adequado ao emprego de inovações
tecnológicas; 3) e o desenvolvimento de novas abordagens pedagógicas para
sustenta r novas práticas p edagógicas.
Dentro dessas questões apontadas estamos situados na formação do
professor de Física. Nossa pesquisa tem como objetivo principal analisar a formação
nos cursos de licenciatura da Bahia para discutir como estão sendo preparados
esses professores. Buscando construir um referencial teórico que contribua nesta
formação para que os estudantes ao se tornarem professores do ensino médio,
superem a simples incorporação das tecnologias nos processos tradicionais e que
estejam realmente preparados para aproveitarem as potencialidades das tecnologias
de informação e comunicação – TIC. Dentro dessa perspectiva surgiram questões
que orientaram nossos caminhar metodológico em busca de argumentos e
considerações para uma maior compreensão e aprofundamento a cerca do
problema. Dentre elas estão as seguintes:
- Qual o perfil dos projetos pedagógicos dos cursos de licenciatura em Física
da Bahia?
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- Nesses projetos existe uma preocupação com a inserção das tecnologias


no contexto da formação dos p rofessores?
- Existem disciplinas, que visam preparar o licenciando para o uso das
tecnologias? Como “aparecem” no currículo? (optativas, obrigatória, eletivas, outras)
E quais os seus objetivos?

Descrição metodológica
Neste artigo investigamos os doc umentos institucionais dos cursos de
licenciatura em Física da UFBA, para mostra r a análise realizada nos projetos
pedagógicos, nas matrizes curriculares, planos de curso, ementa e súmula de
disciplinas. Além disso, consideramos importante investigar os docentes que
trabalham nessa instituição de formação de professores em Física. Para tal foi
aplicado um questionário. No Instituto de Física da UFBA no período de investigação
a composição do quadro era por 55 docentes do quadro efetivo, organizados em três
departamentos; Departamento de Física do Estado Sólido com 23 docentes efetivos,
Departamento de Física da Terra e do Meio Ambiente com 15 docentes,
Departamento de Física Geral com 15 docentes efetivos e 2 visitantes.
Ao investigarmos os projetos dos curs os de licenciatura pudemos avaliar as
propostas do ponto de vista da matriz curricular. Mas , partindo da premissa que em
educação, como em outros fenômenos sociais, os projetos te óricos normalmente
sofrem influências de diversos fatores no momento de sua execução. Então, além do
estudo dos projetos pedagógicos dos cursos, buscamos formas de adquirir outros
dados para a nossa pesquisa que fornecessem mais subsídios para a compreensão
do problema. Dessa forma fazemos uma distinção entre o currículo do projeto e o
currículo praticado nas aulas, ou seja, o “Currículo Vivo”. Para realizarmos essa
análise resolvemos distinguir as disciplinas das matrizes curriculares classificando-
as por quatro categorias descritas conforme Hohenfeld (2007) apresentado no VI
ENPEC.
Por outro lado o questionário da pes quisa foi elaborado após análise de
alguns instrumentos similares aplicados em pesquisas de mesmo teor. Dentre os
questionários estudados tomamos como referência principal o aplicado pelo
Ministério da Educação de Portugal através do Departamento de Avaliação
Prospectiva e Planejamento, pois nele Paiva (2002) descreve os objetivos dessa
pesquisa, que ao analisamos percebemos uma boa concordância com o nosso
problema. Tais objetivos são destacados a seguir:
Conhecer de forma quantitativa o uso do computador pessoal feito pelo
professor para realizar variadas tarefas, especialmente as que se relacionam com a
sua atividade docente;
Inferir o modo como é feita a formação de professores para o uso das
tecnologias de comunic ação e informação;
Quantificar e tipificar tanto os professores que as usam na sua prática letiva
quanto o uso e os formatos das tecnologias em contexto educativo quer seja
disciplinar ou transdisciplinar;
Inferir as razões que levam a não utilização des sas tecnologias em contexto
educativo;
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Reconhecer os aspectos nos quais os professores sentem maiores


necessidades intervenção na formação dos estudantes;
E inferir as possibilidades de incrementar o uso dessas tecnologias em
contexto educativo.
Com esses pressupostos o questionário ficou estruturado em 3 blocos:
no primeiro buscamos informações básicas sobre o docente, sua formação e sua
relação com o uso da tecnologia; no segundo o objetivo é saber a opinião dos
docentes em relação à inserção das TIC na formação de professores de Física; o
terceiro bloco visa perceber a atitude dos docentes face ao uso das TIC na formação
dos futuros professores.
A validação do questionário foi feita através de uma amostra de população
semelhante a nossa população inves tigada. Foram enviados por e-mail a 10
professores de cursos de licenciatura em Matemática e Biologia tanto de instituições
públicas como privadas , alguns estudantes do nosso Programa de Pesquisa dos
quais tivemos resposta de todos os questionários e após análise dos resultados
concluímos que o instrumento atendia nossas necessidades. E nesse momento não
se verificou a necessidade de modificar nenhum item do questionário, embora em
alguns itens por vezes, eram assinalados mais de uma resposta. Consideramos
então que esse problema é resolvido na análise dos dados.
A aplicação do questionário foi feita por meio eletrônico. Os endereços dos
docentes da UFBA foram obtidos através da página do Instituto na internet.

As TIC no Currículo da UFBA

1. Análise documental

Na Universidade Federal da Bahia o principal responsável pela formação


dos licenciados em Física é do Instituto de Física da UFBA (IFUFBA) que foi criado
em 1968. Ele está localizado no Campus Universitário de Ondina, na Rua Barão de
Geremoabo s/n, constando de um prédio de 5 pavimentos e do Laboratório de Física
Nuclear Aplicada. Nas suas instalações físicas, encontramos biblioteca, laboratórios
didáticos, de informática e de pesquisa, salas de aula, oficinas de apoio, sala de
docentes e de alunos de pós-graduação e outras instalações destinadas a atender
as necessidades de ensino pesquisa e extensão.
Tanto o curso diurno quanto o noturno de Física são estruturados em forma
de créditos/carga horária, conforme os demais cursos da instituição. Para seu
ingresso os estudantes passam por um processo de seleção onde para o curso
diurno temos um acesso ao curso para as habilitações de Licenciatura e
Bacharelado num total de 50 vagas anuais. No curso noturno temos o acesso já
definido no ingresso para o curso de licenciatura e não há o bacharelado, sendo
oferecidas 40 vagas anuais . No curso diurno a opção por uma das habilitações
(licenciatura ou bacharelado) é realizada ao longo do curso. Até o 4º semestre temos
o núcleo comum, mas no 5º semestre iniciam-se as disciplinas diferenciadas
voltadas para cada habilitação. Embora possam acontecer inserções entre as
disciplinas de habilitações distintas o projeto deixa claro que não é possível a
integralização das duas habilitações ao mesmo tempo. A partir do 5o semestre inicia-
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se a parte diferenciada das duas habilitações que pode, ainda, ter interseções.
Ressaltando-se que a integralização das duas habilitações ao mesmo tempo, não é
permitida. O projeto estima que em 4 anos seja possível completar a integralização
curricular. Já no curso noturno o tempo estimado é de 5 anos. Devido à carga
horária semanal noturna ser menor que no diurno, diante desse problema o projeto
apresenta uma solução singular, pois a escolha dos conteúdos é mais criteriosa
colocando os assuntos mais importantes nas disciplinas obrigatórias e os demais
assuntos em disciplinas optativas. Deve-se também buscar um acompanhamento
mais efetivo de cada estudante para reconhecer suas necessidades e características
para apontar as disciplinas optativas mais indicadas para o mesmo.
Destacamos no projeto pedagógico a descrição do perfil esperado para o
graduado em licenciatura na UFBA tanto diurno quanto noturno:

O curso de licenciatura visa formar profissionais que, tendo o


domínio sobre os princípios fundamentais e gerais da Física, detenham
habilidades na transmissão do conhecimento da ciência para jovens
cursando o Ensino Médio, no desenvolvimento de materiais experimentais
ou metodológicos/didáticos e na divulgação do saber científico para a
sociedade, bem como possam desenvolver pesquisas no campo do Ensino
de Física . (IF-UFBA, 1999 pg.5)

Para alcançar esse perfil desejado são previstas habilidades essenciais e


habilidades específicas a serem desenvolvidas ao longo do curso de graduação.

Os docentes do Instituto de Física através do projeto pedagógico dos cursos


de licenciatura se mostram atentos e bastante favoráveis à discussão sobre a
inserção das TIC no ensino, como destacamos no trecho abaixo:

Os docentes do IF-UFBa têm discutido a necessidade de incluir


inovações pedagógicas e/ou melhorias das condições de oferecimento de
disciplinas. De um lado, o desenvolvimento da informática tem permitido a
realização de simulações de problemas físicos. Algumas investidas neste
sentido já foram realizadas e existem atualmente cursos virtuais, de autoria
de alguns docentes, implantados em páginas da WEB. Uma versão
preliminar de um software educativo, sobre oscilações, resultado de um
projeto de iniciação científica, foi também desenvolvido e está a disposição
dos alunos. (IF-UFBA, 1999 , pg.10)

Sobre esses cursos virtuais não encontramos nenhuma referência no site do


IF -UFBA 1 local esperado para hospedar o curso, supomos então que esse curso
atualmente não esteja disponível ou então está em processo de atualização. Quanto
ao software, segundo um docente “é utilizado muito raramente em disciplinas de
Física Geral”.
Comparando as cargas horárias do curso diurno e noturno percebemos uma
diferença de 330h (a menos no curso noturno) essa diferença é evidenciada no
núcleo bás ico na carga horária das disciplinas; Física Geral, Matemática e pela
ausência d a Introdução à Computação c onforme tabela a seguir:

1
Site <www.fis.ufba.br> acesso em 15 setembro de 2007.
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Tabela 01 - Carga Horária Obrigatória

Lic. Diurna Lic. Noturna Diferença


de C.H.

Física Geral 600 480 120

Física Básica --- 120 - 120

Fis. Clássica 180 90 90

Fis. Moderna 180 90 90

Matemática 420 360 60

Computação 150 60 90

Total 1.170 840 330

Então ao utilizarmos referenc iais teóricos como Gil-Pérez e Carvalho (2000)


que apontam a necessidade do professor conhecer a matéria a ser ensinada e
Valente (1996) que mais especificamente relata que um dos obstáculos na utilização
da informática na educação por parte de professores é “a necessidade de um maior
domínio da disciplina a ser ensinada” podemos ver que há uma diferença entre a
carga horária do diurno e noturno. Entretanto as Físicas gerais do noturno são
complementadas com Físicas Básicas ficando no final a mesma carga. Nas Físicas
Clássica e Moderna há uma defasagem de 180 horas, bem como, na Matemática
onde faltam 60 horas.
A ausência de uma disciplina que proponha a introdução de conhecimentos
técnicos em informática no quadro acima, indica que na preparação dos estudantes
de licenciatura noturna, o currículo mostra-se aparentemente desfavorável para a
inserção das tecnologias de informação e comunicação na sua prática pedagógica.
No entanto existe a disciplina FIS 146 – Informática Aplicada à Física com carga
horária de 60 h compondo o elenco de disciplinas complementares obrigatórias.
Além disso, temos as disciplinas complementares optativas conforme tabela 2:

Tabela 02 - Carga Horária Optativas

Código
EDC266 Disciplinas
Introdução Optativas
à informática na educação CH
90

EDC 142 Técnica e Recursos Audiovisuais 105

EDC 001 Ed. Aberta continuada e à distância 60

MAT045 Processamento de dados 60


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Notamos então a presença de disciplinas específicas pedagógica em


informática educativa e/ou comunicação e também em técnica de recursos
audiovisuais. Essas disciplinas como já foi discutido anteriormente buscam a
integração das TIC no processo de ensino. E ainda a presença da disciplina de
Processamento de Dados na categoria formação técnica em informática e/ou
comunicação que trabalham linguagens, programação, aquisição e análise de
dados, sem preocupar-se com as questões da prática pedagógica.

2. Análise dos questionários

Dos 55 questionários enviados aos professores da UFBA recebemos 17


questionários que corresponde a uma amostra de 30,9%.
A amostragem revelou um perfil de docente com as seguintes
características:
a) Predominânc ia masculina, 94% e 6% feminino;
b) Faixa etária mais representada está acima de 55 anos (47%), seguida
pela faixa de 46 - 55 anos (41%) ficando (12%) para as demais faixas;
c) Maioria tem vinculação efetiva com a instituição 94% e os demais são
visitantes;
d) Com formação inicial no bacharelado em Física 76%, em Licenciatura em
Física 14% e os demais 10% em áreas afins. Sendo que destes 16% pós-doutores,
41% são doutores, 40 % mestres e 16% especialistas;
e) 94% dos docentes usam bastante o computador para múltiplas tarefas, e
os 6% restantes usam pouco;
f) Com relação ao acesso à internet 88% dos docentes que usam em casa e
no trabalho. A outra resposta mais escolhida foi 12% que usam apenas no trabalho;
Para efeito desse artigo estamos analisando apenas os dados inerentes á
utilização das TIC, visto que nossos referenciais mostram a necessidade de que os
futuros professores , enquanto estudantes percebam as potencialidades dessas
tecnologias na construção do seu próprio conhecimento, ou seja, a inserção das TIC
no cotidiano acadêmico dos cursos de licenciatura e ainda precisamos que tais
estudantes percebam essa utilização como um importante aliado no processo de
ensino. Para que os estudantes de graduação tenham a dimensão das TIC na sua
prática pedagógica é preciso saber se os docentes estão inseridos nesse mundo da
informação e comunicação.
De forma geral os professores da UFBA estão inseridos no contexto digital
independentemente da Idade, sexo ou formação. Podemos perceber então que a
não utilização das TIC em interação direta com os estudantes no momento da aula
não se deve a falta de conhecimento dos recursos tecnológicos essas afirmações
são feitas pela análise das questões E, F, G, H, I, e J. Onde sintetizamos os dados
na tabela abaixo:
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Tabela 03 – Questões E a J

Resultados das Questões


Usam bastante o computador para 94%
múltiplas tarefas.
Acesso a Internet 100%
+ 20 h no computador 70%
Usa e-mail com a instituição 59%
Pesquisa para as aulas 50%
Usa o computador em aula 18%

Poderíamos pensar que pelo fato dos docentes estarem na faixa etária maior
(88% na faixa de 45 a +55) deveriam ficar menos horas ao computador, porém
nossos dados revelam que não tem relevância a faixa etária para essa questão.
Além disso, apresenta-se nesta tabela uma pequena contradição, pois embora os
docentes tenham uma boa inclusão digital percebemos que ela não se estende para
sua prática pedagógica de forma direta em sua sala de aula. E a interação fora da
sala de aula tem percentual mais favorável de 50% esse dado nos permite inferir a
respeito da dificuldade de utilização direta das TIC em sala de aula cruzando esses
dados com o dado onde os docentes informam qual o principal obstáculo na
formação dos licenciandos com relação à preparação para as TIC. Percebemos que
a falta de recurso aparece como terceiro obstáculo, concluímos então que a falta de
recurso embora não seja determinante, apresenta-se como dificuldade na utilização
das TIC na interação direta com os estudantes. Embora existam disciplinas
obrigatórias e complementares de cunho específico para preparar os es tudantes
sobre as TIC no ensino, segundo os docentes o principal obstáculo é a falta de
professores preparados para ensinar a disciplina específica. Ou seja, na visão
desses professores embora tenha disciplina específica ela parece não ser
trabalhada de forma significativa para a formação dos futuros professores.

Considerações Finais

Os resultados indicam inicialmente que os docentes, ao serem


questionados, passaram a fazer uma reflexão sobre o tema pesquisado, revertendo-
se assim numa primeira contribuição desse trabalho de pesquisa.
De forma alguma, as estratégias de ensino utilizadas através das TIC irão
mascarar uma formação específica deficiente ou a falta de condições de trabalho
dos professores, muito pelo contrário, elas exigem uma sólida base específica aliada
às tecnologias digitais. Em compensação os conflitos no trabalho docente tornam-se
mais aparentes, pois os desconhecimentos de conteúdo ficam marcados . Para a
superação desses conflitos, podemos perceber a iminência de uma lógica
educacional, resgatando o ambiente escolar modificando principalmente a atuação
do professor. Que necessita de uma ação formativa multifacetada tanto nos
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aspectos do seu conhecimento da disciplina específica, quanto nas questões


didáticas, metodológicas e tecnológicas de ensino.
Consideramos importante que o estudante durante a sua formação tenha
potencialmente percebido a importância da presença das tecnologias digitais no
processo de construção do seu conhecimento, pois dessa forma ira favorecer a
inserção desses elementos na sua prática pedagógica enquanto professor de Física
no ensino médio. Nossos dados permitem percebermos que os professores do
IFUFBA estão inseridos no contexto das TIC no que diz respeito à inclusão dessas
tecnologias no seu ambiente de trabalho tanto nos aspectos de pesquisa quanto de
ensino. Porém, as interações diretas de caráter mais formativo com seus estudantes
para a inclusão das TIC no processo de ensino parecem muito tímidas. Isso se
evidencia no questionário aplicado, onde percebemos a concepção de que a
formação deva acontecer em disciplina específica eximindo então as demais da
responsabilidade de preparar os futuros professores no intuito de possibilitar que o
mesmo estruture atividades de ensino com as TIC.
Percebemos também a dificuldade de recursos digitais, na ação dire ta com
os estudantes, quando ao compararmos as atividades estruturadas com as TIC no
momento de aula com a extra-sala da aula onde temos um percentual mais
significativo. E ainda ao citar a falta de recurso com o terceiro motivo que dificulta a
inserção das TIC no processo de formação dos estudantes.
Daí nossa principal indicação para contribuir para a o
f rmação dos futuros
professores na expectativa que estes possam desenvolver práticas pedagógicas
utilizando as tecnologias contemporâneas é que devem ser intensificadas as
vivências de construção do conhecimento dos estudantes de licenciatura através
das TIC. E a busca da efetiva triangulação entre conhecimento científico, formação
técnica em informática e comunicação e reflexões sobre a prática pedagógica
utilizando as TIC. Assim teremos aspectos mais favoráveis para que os futuros
professores interajam com seus alunos no ensino médio com metodologias e
estratégias de ensino coerentes com as tecnologias contemporâneas.

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Anexo

Questões de E a J

E - Como definiria a sua relação H - Com quem mais se comunica


com o computador? por e-mail?

1 : Não trabalho com o computador 1 : Não uso e-mail

2 : Raramente uso o computador 2 : Com professores, funcionários e


estudantes
3 : Uso o computador apenas para
processar texto 3 : Com amigos

4 : Uso bastante o computador para 4 : Outros___________


realizar múltiplas tarefas
I - Na preparação das suas aulas
5 : Outra situação com que fins usa o computador?

F - Quantas horas por semana 1 : Não uso o computador para


utiliza o computador? preparar as minhas aulas

1 : De 0h a 10h 2 : De 10h a 20h 2 : Elaboração de fichas e/ou testes

3 : De 20h a 30h 4 : Mais de 30h 3 : Pesquisas na Internet de assuntos


da minha disciplina
G - Usa a Internet?
4 : Apresentações audiovisuais (Power
1 : Não Point, etc.)

2 : Sim, em casa 5 : Outra situação

3 : Sim, no trabalho J - Utiliza o computador em


interação direta com os estudantes,
4 : Sim, em casa e no trabalho no decorrer das suas aulas e no
âmbito da(s) disciplina(s) que
5: Sim, em outros locais. leciona?

1 : Sim 2 : Não

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