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c a Coronel S a r r n o n t o (Alberto Artur)

Ressaltos históricos

Regências da Infanta

D. ISABEL MARIA
e do Infante

D. MIGUEL
(Acontecimentos na Madeira]

FUNCHAL
Tlp. d o aCom&rcio d o Funchai*
1947
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T,tm Coronel Sarmento (Alberto Artur)

Ressaltas históricos

Regências da Infanta

SABEL MARIA

(Acontecimentos m a Madeira)

FUNCHAL
P1I3;3; dp aCom6brcio do Funcherl~
lQ47
Regência da Infanta D. Isabel Maria

(Acontecimentos na Ilha da Madeira)

Sentindo-sc h:istcinte enferiito, D. João VI nomeou a 6 de


Março d e l . . ? ~ , a liilanta D. Isabel Maria, sua filha, Regente
do Reino, até c't:eg;ir o Zrg-iifirnosucessor, sem querer indicar
quem o era. N c 12s ~ rirciinstânci2s indecisas, morreu quatro
dias depois, no ;%aço ci;! Bci?~posta.
A notícia oficial da Regência e falecirncnto do Soberano
foi recebida coin tristeza t i 3 Madeira, ordenando o Governa-
dor e Capitáo Gei~erai, D. ;14:inl1el de Portugal e Castro, as
manifestações inhei-eritec a ttin e outro facto, comunicando ao
Ministro do Illtramar, q u e tado se havia realizado na melhor
ordem e coinpleto sossêgo.
A câmara L21ui~icipaldo Funchâl dirígiu à Serenissirna
Infanta Regente o seguinte oficio:

SENHOR- Em dez~mpenhodos sagrados deveres qge


nos Li@o com o Supreno Governo qtte a Providencba se
dignou de colhcar á testfa da Nação Portugueza, vimos
tributar a V." Mugestade as devidas homenilgens do nosso
respeito e obt?diencin: Na escolha clclle reconhecemos e
hirxildcmsnte respeifnnzos n rnesrna Providencia grze frtn-
doa a Morzarclzin de Affotzço Hznriques c que dz continya
vella sobre a sua conserva~ãa,como feitrtrn de suas prd-
prias Mãos.
Elln t ~ mconduzido sempre incolunze esta A4 onarchia
por meio de immensos e l ~ e r i p z o sescolhos e tella corzfia-
mos qzzc a trarú a porto CIE bona~zca e de salvação. A'
Sereníssima Princeza que preside a este Supremo Govef-no
fazemos os mrzis positivos protestos da nossa devogíTo, e
rogamos no Arbitro dos Reinos e dos Imperios qrre t a ~ z t o
a Sua Alteza Ser,?nissirna, co7no as Altas Peusoiza.,~~ns
que compõem este Szrpierno Goverao, assista, c o : ~as Zit~es
de Sua Divina Sabedoria, pnrn b f m da .Va,pão czzjo regi-
men Zlzes foi confiado. Dtqtze-se V.'' .Magestade escutar e
acolhelu n ex,7ressãq de nossos sv/ztime/ttos e votos, que são
os de t ~ d oo Ter:no que repmsentamos com aquella beni-
gnidade pr@ria de quem merece2 a confianpg do mais
berzigno dos Soberanos, e que tam5er7t merece a sincerida-
dos nossos coragões.
D.' guarde a Vassa Ma,qestade rn.' an.'.
Cidade do Funcjzal, em Cn-snara, 9 de Maio & 1826.
Greporio Francisco I'ct estvcllo, primeiro '/ ercndor Jodo
José Bzttencoitrt de Fmiitzç e M z n ozos A.:cloly, se.i.pndo
Vereador, JoL?o Agostin!zo Jerves de Atlzo~z,prti:z,tcr1:ei.m
vereadny Luis Teixeirn D o ~ z Procirr~aor
, do Concelho,
A,qosi-inlto A /zlonio de Gort vza, primeiro pt=ocrtradur dos
Mesferes, A rzCo:zio ]o;,+ Lopts de Ctzwalho, segitndo prn-
ctcrndor dos Meatercs, A Z~xanh-eJosi Moniz, Antonio
Gotz~nlvosi3ercivn. H é quanto se contrrn.

0 s Snitrios, porbin, nllí, tinharn a tranquilidade deqejaiia.


O regimento de irifant~rian." 7. qiie se achava deitnc:~do
naMadeira, vindo com a alçada d e 1823, era tníinifeí;t3ineilie
partidário do regi:-~it.absoluto e. a:-icini.~dnpor uma d=iiniç.io
categórica a quem devia competir a corc^>a,mostrava-se, por-
tanto, inquieto.
O principe D. Pcdro governava o Brasil, como imperador
de um Estado Independente. O infnrite B. hligtiel, scu ir!nã:r~,
fora mandado por D. Jo3o VI, seu pai, para fóra d o i2eirlo e
acliava-se em Viena d e Austria.
Antecipou-se I?. i'ecil-o n re;-ii~iticaros direitos de pi-iino-
g6iíit0, e por decreto dc 29 d e Abril mandou quc fosse j~il-a~!:i
em Portugal a <Carta C:jiistitucional da Monar-quia Portu-
guesa».
Nesta rnelindrosn. situação de querer retinir dois Estados
que separára, abdica, dias depois, em siia filha D. Meria da
016ria, t6iici«rim rl:~ zrranjar-liie casii:ncnto co ;i D. h1!::ud,
ficando este, Regente do Reino, ate que a noiva atingisse
a maioridade, e deste modo julgava poder acabar com as
desinteligencias na sucessão.
Nada constava oficialmente, destas combinações, na Ma-
deira, mlis por notícias particulares recebidas do Brasil, reju-
bilavarn os liberais, antevendo o triunfo da sua causa, e arre-
liavam-se os absolutistas.
Aconteceu, no entretanto, que o Sovernador tendo sido
convidado para ulna festa particular, em casa de um seu
amigo manifestamente constitucional, náo teve dúvida em
comparece:-.
Nessa n;zite, várias praças do regimento de infantaria 7,
tendo conhecr:i?rin:r, do facto, notado coi~iotendencioso, avi-
sinharam-sr iio r iificia onde se dava a festança, ein algazarra
provocante, e t x l Foi o reboliço causado nos salões, que os
: l , assalto,
convidados, r ~ , ~ l ~ : iutn ~ no impulso duma defensiva
activa, atir'lram 3 r u a coin as cadeiras, rnesas e tnais trastes,
dispersando os ~ r ~ a i i i f ~ s l a i z t c s ~
Foi um e;cii~ld;-tlo eilornie. A Câmara Municipal do Fun-
chal oficiou a Senhora 1af;xilta Rdgenie, peditldo a imediata
transferência do Regiinento, r i que o Governador se associou,
expondo os incoiiveniziitcs da permanência dzqueta unidade
nesta ilha.
A Câinara ainda fez mais: exaltando os bons serviços --. *-,' '
do Capitão GeneraI, interessou-se para que If-ie-fosse prorro- . c
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gado o tríinio d o seu Gavêrno qur estava a findar. . >):i
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E de bom critério, porém, não desejarem as achori d a d e $ - < ! & - W /
continuar no mesmo cargo, após uina mudança de instituição,
pretendeiido adaptar-se ao novo meio e servir betn a dois sec
nhores opostos. Os intransigentes não podem compreender
essa situação, e se compreendem, não se conformam, nem
a toleram.
Em politica, não se transita num salto, scm ser bem cal-
culada a distância a ti-ailsgor, para vencer os obstáculos e
poder eaír d e pé. EJ sempre umz acrobacia perigosa, em que
a inércia produz urn balanceio para equilíbrio, e muitas vezes
se dá a queda, porque os anteparos preparados fraquejararn
ao choque, sem a consistência esperada que a oposiçilo des-
viou, retardando acções passadas e deduzindo a pouca sin-
ceridade das convicções nascentes.
Apareceram ent3o proclamações, manifestos e pasquins
clandestinos, e se alguns eram injuriosos para as autoridades,
tinham outros a exposição clara e calma, dedutiva da situação,
parecendo redigidos por algum letrado, mas sem a coragem
precisa qara tomar o autor a responsabilidade com a sua assi-
natura. E muito interessante a leitura dessas apaixonadas ma-
nifestações políticas.
A 6 de Agosto de 1826,reuniu a Câmara da cidade, em
vereaqão extraordinária; para ser lido o .ofício do Ministro do
Ultramar, remetendo os exemplares da Carta ílonstitucional e
a fórmula do juramento q u e devia ser prestado.
Imediatamente, foram mandados afixar editais nos lugares
do estilo, indo o porteiro da Câmara para esse efeito, acotn.
panhado de três escrivães do judicial, vestidos de gala. Ficava
determinado haver festejos por tr4s dias, e para o dia 8 de mar-
ço, um Te Dettm na Sé e o juramento nos Paços do Con-
celho. Parece, porém, que o entusiasmo não foi grande. Em
nova reunião extraordinária do Seriado, ficou assente lançar
uma proclamação, anunciando ao ,povo que a Câmara está
convencida da tranquilidade e soss8go que reina entre os ha-
bitantes, para o que aplicarli todos os meios que tiver ao seu
alcancq o que produziu u m efeito dubio e vacilante.
As eleições para deputados foram anunciadas, regendo-se
o acto pelas disposições da Carta de Lei de 1822.
E c ~ ç i o s o o art." 3k0, determinando que se celebre uma
missa dõ" Espirito Santo em todas as freguesias, antes d o acto
eleitoral.
Deram-se, apesar disso, váríos disturbios nas assembfeias.
Quando se procedia ao apuramento dos vótos no Paç:, do
Concelho do Funchal, no dia 5 de Outubro, algumas pra-
ças do regi'rnento de infantaria 7 provocaram motins, a ponto
do Presidente da Mesa oficiar ao Governador, requisitando
uma força para manter a ordem.
O Capitão General entendeu, por melhor, comparcer ele
próprio na assembleia, acompanhado de seus ajudantes, o que
infundiu um certo respeito.
Findo o apuramento dos votos, realizou-se um solene
Te Deum na Sé Catedral com numerosa assistência. n r ~ d o m i -
nando o elemento oficial.
Foram proclamados representantes da Madeira às Cortes:
-P." Qetano Alberto Soares, bacharel formado em Di-
reito pela universidade de Coimbra;
--Doutor Lourenço José Moniz, formado em medicina
peIa Universidade de Edimburgo;
-Manuel Caetano Pimenta de Aguiar, insigne vate ma-
deirense;
-Luiz Monteiro, que fizera parte do efémero Govêrno
Provisório da Na@o, estabelecido em Lisboa, ern Setembro
de 1821.
Como medida de prevenção, oGovernador ordenou, nesse
dia, ao Comandante do Regimento, para que não deixasse
saír ninguern dos quarteis depois das 7 horas da tarde e que
ficava sustada ri ronda a cidade por patrulhas militares, pas-
sando o Corrcgecior a rnandar detalhar, para esse fim, apenas
rondas civis.
Na vereaqão extraordinária de 20 de Novembro, foi pre-
sente em Câmara, u m oficio do Ministro e Secretário de Es-
tado dos Negócios de Alarinha e Ultramar, Inácio da Costa
Quintela, remetendo a fala da abertura ás Reais CIrtes, bem
como o Supleiiiento. à *Gazeta de Lisboau, n." 253. em que
vem inserto o jurzmento a Carta Constitucional &e 29 de
Abril, prestado em Viena pelo Infante D. Miguel,
Nos elementos mais moderados dos partidos adversos,
deu-se uma certa aproxima@o. O Governador continuava no
seu posto, não porém o corregedor e o juiz ág fóm, que fo-
ram substi tu idos.
A 8 de Janeiro de 1827, fundeava no porto do Funchal a
fragata inglesa aFort» de passagem para o Rio de Janeiro, con-
duzindo o cav. gNewman, encarregado de apresentar a El-Rei
o Auto dos Esponsais da Rainha D. Maria I1 com o Infante
D. Miguel, que fora assinado em Viena» e meses depois, a nau
43. João VI,, vinda do Brasil com escala pela Madeira, leva-
va a Europa, o veador João da Rocha Pinto, afim de acom-
panhar à Côrte d o Rio, o ~nfanteD. Miguel, com quem seu
irmão desejava, pcssoalmento, tratar de importantes negócios,
mas não acedeu ao convite.
N a vereacão da Câmara hlunicip,il do F u ~ i c i ~ ade
l 7 de
Março, foi lida a comunicação da mprte de _jus Magesiade
Imperial, Augusta Esposa de D. Pzdro IV*, faze:~doo prcsi-
dente o elogio funebre da imxratriz-rain ha, ta:, festzjada na
sua passagem na iMadeira, (-7 quando noiva, e determinou o
luto de seis meses, rigoroso no.; primriroç trss, e no restantz
tempo, aliviado, mandaiido-;e afixar editais nesse setitido.
Na sessiío de 30 de M z r ç ~ ,ficoti re.;olvido rn;zndar o
pintor João José do Nliscimerito tiinr a Óleo o retrato d e D,
Pedro IV, por 40.5000 rs. e d.r Infante Rsgcnt2 por 36$000 rs.
para ornamento da sala da Vcreação.
O Governador da MxIcii-a, LI. M,~:luelpe Pi,rtu-al e
Castro, pede novamente para que o regimento de iilfantaiia 7
regressasse ao Continente, para ser coapletz 8 szrcnidade
dos espiritos. A Infante R ~ g e i ~ td.rtt
e orcic!tt qu: aassirn se
executasse, vindo a fragata aAm:~zonra,>,a mesrnz q u e o h i v i z
trazido ao Funchal ein 1823, e a charrui «Orestzsb e nelas se
embarcou a tropa destacada na Madeira.
Não tendo v i n d o novo contiiig xite p2rrl a qi1m1içXo
militar, deu azo a u:na prttctis20 da ArtiIharia Auxililir cia
Madeira,-invocando o; serviço5 :1reit3dos desde o fern;m da
Restauraçgo, em q u c se forinás;t,-;rira qiie lhe fossc d3da s
categoria de tropa de 1.'' l i n h a arrcgimentacta. Era, poré:ir,
um corpo de triilicianos, con%;tituidopor volrintcíriox fttr.lados
i custa das rendas dr Alf,iildeyi e as patentes d ~ oficiais s
passadas pelos Governadores c: Capi tks-generais.
Ernbora D. Manuel de I'ortug,.il e C a ~ t r oi i ~ f o r t n l s ~f:i-c
vorávelmente, o Mizlijtro drt Guerra f!>i d ~ opinião
, conir;ii-ia,
fazendo notar' a faitlz d e preparacão t2ctlicx e O i:~,?ressonos
diferentes portos 1120 ter a conflrrnaçiio régia.
Em Fcvereira de 1827, aparecv na irnpre:isá o q F u n c t ~ ~ -
lense Liberal*, dirigido pt.10 bacharel J3s2 Mirtíninrio dri
Fotiseca, q u ~veiu pugaar pela criua:i liberal e registar OS
acontecimentos locais.
A Infanta D. 1sabi.i Maria, 11otlve por bzin iinmerir D.
Manuel d e Portugal e C i s t r - ~governa3oi.
, do Esta:io d~ 1i.i-
dia e fazê-lo substituir tlrt hlzdeira por 5 0 3 2 Lucio Triv~ssoc;
. -- -

(*) Este accç~titoi


i ~ ~ dr;rnv3ivíio
i l no fol!into-.A ~ : i i i ~ , ? ~íl9
it Kui-
110-Unicio Portugal-Brasiii,.
Valdez, com instruções para apaziguamento dos ânimos e oro-
ceder o niais conciliat6riamente possivel.
Chegou na charrua *Principe Real» a 28 d é Abril de 1827,
no dia do I." aniversário da Carta Constitucional e tomou posse
em Câmara nesse mesmo dia, apresentando a Carta da Regente
do Reino.
A cidade do Fuiichal estava em festa. A Praça da Consti-
tuição, vistosani-ate engl!anada, tinha ao centro um tablado
forrado de f:olgndfiras azuis e brancas, vendo-se erguido o
retrato do Funciatif~rdo 1:npCrio do Brasil e Reçtaur.idor do
Reino de Portug.il, S2nh:)r D.Pedro. Junto a ele, as figuras d e
Lysin e da M.i:ieird, ret:obendo a Carta que ele I h s oft:rtara,*
No dia s1::::iintr (33 de Abril), houve rksitri de gala n o
Teatro Gr.in31: d F.I 1211-i!, coinpsreçentlo os G~vernadares,o
cessante e o í i : ~ ~ h . , - i í l > , snnílo ambos alva dc manifestação de
simpatia. (*)
Travass~:;Vd.-!b:z P; .i iI,:rr~da:nenteconstitu-,ional. Demi-
tiu o secretari11 gc>riil 0:) g r ) hno
~ e algwnss a$ztwid."idesmani-
festamente desdiectls, f . 4 ~ 1 2i , ;)ress:ia para que o bispo tam-
bém, do m m n o mndo, p r ~ ~ ~ ~irisinlisndo ~ ~ ~ s s aenecessidade
,
dos párocos explica;a:n ao p ~ v . 3os l~eneficiosda Carta
D. Francisco de Andlj. ie f d ~ ~e i tardsndo sempre a execilr;ao
do pedido, e entre ele r o gcivern~dorexlre:naram-se os cm-ipos.
José Lúcio Travasso~Valdez, tendo encontrado «diversos
ram3s dz administrat;áo em precárias circunstâncias, desde logo
deu impulso a agricultnra, urna d3s nais proniete 1x3.; fontes
de riqueza. Referindo-se a o coinircio do vinho, diz ser o prin-
cipal, redundamio, posérn, isso, num desequilibrio económico.
Diz mais num reiatoria:
4 Ilha da fvl~dei~a he stiríce>tivcl de toda a espkcie de
~ zana tarcida,
pro$iac;tas, t a n h dds q;le s2 ar:hãí, d e b , ~ i xdri
como dos das tmlpvr,rilas e frigidas : siia p3siçZ.o geogr8Fica
he importanti;sini,i, 3159 sO pzlo que diz rcsp.2ito à escala d e
iiavegação e suas çi>:~;eqaencií~s,mas y r;ia con~i:lzraçãoque a

(*) Foi publicatfa um folhzto ein q w 23;:'iio narratias as feskiis ilú 1.O
ariiv:~r;;f?i.inda Carta C:o:lsiiiucional no Funchctl.
sua posse presta á Mãe Pátria, e tambein porque em circuns-
tancias criticas e notaveis tem prestado..
AS aturadas guerras continentais e o reciproco bloqueio
que se imposerá~o governo inglez e o de Napoleão Bonaparte,
fizer50 com que a Ilha d a Màdeirci se encontrasse na feliz e
occidental posi~iiod e niio ter q u e m c3m ella concorresse com
vinhos no mercado inglez e ser por isto, só quem fornecia a
Grã-Bretanha e suas imensas colbnias, desta artigo.
Foi por esta siinples causa que este produto do seu solo
obteve huma demanda prodigiosa, a par de hum preço exccs-
sivo e por esta tambem a simples raz:?o, os habitantes destas
Ilhas abandonarão toda a especie d e agric!~lturae industria q u e
não fosse a cultura de vinhos, fazendo-se indiscretainerite de-
pendentes da sorte boa ou m a deste unico artigo.
Com o produto dos v i n h ~ spagaviio toda a classe de arti-
gos necessários A vida e de liixo e a p c í ; de
~ tudo, a circulação
de, então, em metais preciosos, foi prndigiosa, n propriedade
civil e r~iraIse elevou a utn valor difficil de se acreditar, e o
jornal, seguia a mesma propor@o, r ~ g d a r de ~sendo rc?gul;i\l:,
pelo valor dos vinhos e de toda a esgecie de proprie:jad?s »
Atendendo à falta qiie as praças do regimento tiè milicias
faziam a agricultura e intt.:resses dornSsticos, o capitao-gvceral
Valdez, em ordem de 30 de Junho de 1827, manda iicencia-llts,
ficando o serviço a ser feito pelo Batalhão d e Artilharia, ii~as
como restava diminuta fcrça para a guarniçiio, ficou reunida a
um destacalxento do di'E:3 Regimento compasto de 1 capitão,
2 subalternos e 33 praças $.c! baioneta a quem seja menos vio-
lento continuar no serviço.
Olhou pela defeza da ilh3, que achou etn muito nias con-
diqões, pois as fôrçns da Ilha, segundo u lei, deviairi ser:
*-uni batalhão d i ~Artilharia d e líiihs, de oitccenlas e
cincoenta praças, armado e disciplinsdo tambe:n como Infanta-
ria, e como tal fazer o S F ? I V ~ Ç (;>
-tr& regimentos dc xilicias dc inill e cem praqss c a d ~tini
a saber: Frtnchal, Calhefct e S. Vicente.
Inforinã ainda :
Tem a Ilha, na cidade e costas, vinte e seis f~rtei;,baterias
e zeductos, que montam duzentas e vitite bocas de iogo, rn:iis
de metade de grosso calibre.
Havia para guarnição das referidas fortificações, artilheiros
miIicianos na proporção das referidas bôcas de fogo, somando
o seu total perto de dois mil homens.
O estado, porém, ude desarranjo e indisciplinaa tornava
essa força de pouca consistencia.
Desde a morte de D. João VI os absolutistas, sob10 co-
mando do marquês de Chaves, tomaram armas no norte d e
Portugal, mas foram batidos e obrigados a internar-se em Es-
panha, onde conseguiram um auxilio, embora secreto, e de no-
vo, com mais alento, apoderaram-se de quase toda a provincia
de Traz-os-Mon tes.
Foi então qlit' C, Gnbinete inglês, sob a influência de Lord
Sanning, deridia '7111: s e dava o cnsus foe,deris pwa a interven-
ção, enviando a r'mjugal o general Cliton, com 6.030 homens.
Os miguelisias rec~mr3n-1passando a fronteira.
O conselho < ? 3 R1!$rici,i re~ovíiva-se,e a Rainha D. Car-
lota Juaquina inlhiia sob::: os ânimos que aiidavamn eferves-
centes.
Em 3 de Julha de 18131. L). :7r'dro preparando a unificação
dos partidos, nomeou seti irLii50 D. Xiguel, regente do Reino,
devendo vir tomar posse deste cargo, ate a maiaridade da rainha
D. Maria, com quem estava ajustado o casamento, sendo só
então a régio consorte.
Em Portilgal sucediam-qe os motins, a mudança de minis-
tros e adoecera a InfanLa Regente.
A Câmara do Funchal encarrega o pintor Nascimento d e
executar o retrato a óleo de D. Miguel, por 40$000, adiantan-
do-lhe desde logo 10$009 para preparos.
Estando próximo a chegada a Lisboa do Senhor Infante D.
hliguel, e decretado pela Senhora I.ifanta D. Isabel Maria, ha-
ver demonstrações de plausivel regosijo, iltiminações, uin bôdo
aos pobres e aos presos da cadeia.
Regência de D. Miguel

O infante D. Miguel, ao ter conhecimento da sua nomea-


ção para Regcnte do Reino, abandonou a Corte de Viena de
Austria, diri:;;:! :.'--?e para Inglaterra, onde a politica mudara
para o pzrti:l:1 i l o í!i:qiie de 'Uellington, desfavorável aos cons-
titucionais. C9,~tr 3.10 ri Lisboa a 22 de Fevereiro de 1828, qua-
tro dias depois pirst;iva em Cortes, d e novo, juramelito de
observar a Cwts Ccns titiiciq t11:il.
Os itbsr?l~xti.;bas, 11'7 3 t!j:i-inv~nzn serio essas formalidades,
pois aberta:n~iitr,o dv~la;.:!iiini seu chefe, piigiinndo para que
p i ~ ~ a s s e p e seus
l o ~ ciirzit.x, c;>.ilU brrdeiro do irbno e n oposi-
ção c? seu irnlao.
O capitiio-geneml VaIf-lez enviou a Lisboa o seu ajudante
e parente, Luiz Gsidinho Travnssgs Valdez, uafiin de apreseii-
tar os protestos» oficiais de fiddiclade e respeito dos habitantes
da Madeira ao Princlpe Regente.
As diferentes ailtoridsdes, pulo mesmo motivo, eriviaram
mensagens congratulatbrias mais ou menos expressiveis.
O bispo satisfeita mandou repicar de quarta i? quarto de
hora. e m :3 dias seguidos, os sinos das igrejas da cidade.
Na I I i u d o Poiit:, Santo n governador, Cosnlt: Dal-níão da
G i ~ n t i sIídie, aEe!:to tannbgrn ao regime absoluto, preparou gran-
des rn2iiiie~t:~\ões festivas.
Ncl vz::.laçjo exir~ror,lir~;iri;i da Cfimarli do Fi~iichalem 9 de
Ptl:~rí.,-) d e 1823, f t 3 i licio riin ofícis cds Mi~iiiistri,tia Idlarinkia, co-
rnuniszirdi~qiie Sua Alieza Scrvriiçsima c:n nome d'El-rei «usan-
do d3 poder i~irtJerador,no titulo 5.0 cup. 1: art. 74 da Carta
Constitu:*ícrnai, f$ra servido dissolver a C." dos Deputados por
Decreto de 3 de Murqo de I828 e crias u m a coinissão para a
f~ct!frdd e novas inst~uçõespara as E!?iqOes, afim dt: qus em
harmoilia coin o disposto na Carta Constitucional e com os
g o s a n t i e louvaveis costuines destes Reinos pudcsse a Nnqiío
Portuguesa ser tlir;~-ixilentereprrsvntdilii, ficsndo revoqadas a s
disposições mandadas observlir pelo Decreto de 7 d e Agosto
d e 1821..
A Câmara do F~inchaldeliberou iriar-idar o Pr~~curadc;.i (10
Conselho D. João rrederico c1.i L;"t:-;~:r;iLztne a Lisbon, íinzcsell-
tar saudaqões ao Regerite, e ~i 9 de Mdio, c[:i;ldo e.;tci c m t a da
sua incurnb2.ncizi. relata ern oficio «o nod do lisongeiro porque
S. A. se dignou receber a ft'lic itacfic>>.
Chegando a híaclcira, eiil 12 de Maio, noticias sobre reno-
vados motins e m Lisboa, pre:cnder~d;~ D. Miguel fcizer-se pro-
clamar rei absoluto, resoiveu o general Valdez usay d e todos
os rn?ios para cc>riscrSt7ara 11113 ern obedlZncia a D. Pedro IV e
h Carta Constit[icion,il, priidcnternrntc. sem dnclarar-se, p.lra n:io
ser atacado antes d e poíler t1cfí.n 1í.r-sc.
Mandou cnnstriiir trlc: rír f:is l i r , ? ; pontos mais el~vu;!os d 3
costa sul tia M;ideirn, d e fál:il ro!n:i i i :!..,I? ótitc?, e c:ii,i:?:i cr;?
que se piizesse no inelllí!r est,i{13 C ) batíllh5r) d e linhli e $e dis-
ciplinassem 0 s rcgiinentos dc rnifirias do Funcllsl e C;iliii't;i.
O bispo e os rio seu ;~;irtiilo ~nexiqin-see espefi;iir:ientc
nos campos fazia-se propng~znda,As cl;arns, da c.iu*a ('19: l h o -
lutisino. Doido ou n5o, iim fr;ide do convento d\- S. Frai~cisrr),
no Ftmchal, saíu a rua a gritar «que havia falado c3:x o S~f:~ilt)r
D. Miguel e qui: cque:ia se quizrsse salvar que o segiiissv)>.O
general exigiu que o bispo o c;i~ti;;asse e foi inetiilo ng aljrii,c.
A 15 de de Juntto, o paquete d e Lisboa t r a m e a rioti,:ia
de se haver levantado n ~ i d r r d ed o Porti-, coi1tri.i a regencia d e
D. Miguel e Valtlez tratou 1t;gi) de sesu;idar esse movimerito,
preparando uma forrnül decíaraqiio contra o governo Uc Lisboa,
o que se executoii no difi 2%d e ftinko, comunicaildo para o
Brasil as suas inrençoes a D. P e d r ~ .
A <<Flordo Oceano», ?erió:!icc, qtie apareceu a 27 de Ju-
nho, retintariiente cc-anst;tuui.)nal,dA notícia desse a;oiitcci;~ierito
político, elogiando o procediniento havidc :

* O valoroso def:nsor de Bríigunça o Ill!iií). e Extnn. sr. Go-


vernador e capit;?(, g";nei.zI J,)ç& Lticio 'I'ravíissc~sV:tltlez Iazcn-
do justiqa fideljdadt e p ~ t r i t i t i s w nrios imarizirenses, h3 muito
que havia projectado >;~gilliloil~(:iórouem seu !iiùnifesto, sal-
var a Madeira dos I - i ç ~ sdli pcrljdid e cla tr:iir;Uo.
Designado pelo seu talento o dia 22 do corrente para nele
aparecer sem rebuço algum, toda a effusão aos honrados sen-
timentos desta porç5o de s u b d i t ~ sportugueses. S. Ex.8 deter-
minou unia luzidi parada e, sem dizer para que fim, ordenou
qiie o senado da Ccilnara se reunisse nos paços do concelho e
ahi esperassem iil-ieriores comunicac$es.
Seriarn ~7::e horas e meia do dia, quando o brioso e fiel
batalkao de arii:li:iria de linha, comandado pelo seu digno co-
ronel, o sr. Frdricisco ?&ari!iel Patrone, marchou do seu quartel
para o Passeio I'iiblico; syuiri-se-lhe imediatan~ente o luzido
regimento de milicins do Fuilchal, comandado pelo seu coronel
o sr. António J w k Spi:loI~iValdavesso; e nem tardou que o lar-
go d a Cathedr,*l I o s s ~nccupado por um foriiioso parque d e
* ~ nobre companhia destacada do regimen-
artilharia, ~ e r v i l . <pr-!q
to de art:!:i*ir:tk ;:.O 2 e cornaildada pelo seu digno capitão, o
: ~Costa.
sr. Joaqrai~n t : ~ - ; i : . o : ~0;; ~~
Era mrin diz, {i crs j A ;irimeroclissiino o cgncurso de todas
as classes do\; !~:i';:i 3.1 Ftlnuhd, q:iando S . e x a sahiu do
:nt;:k;

palacio da G,:vei'11:1:3a')r :_~':~!l~p;i,:h~;.l~ .c13 hljnrado e illustre


coronel, o sr. 3 ~ 2 0I?;? C<!"i*c:l;~cll, p;fl:~sseas ajudantes e por
muitos e dístinctc;~ofii::i,iib r:-;tuclo r-klt-aior.
S. E'r." passando ~ : o! c . ~ i ; : ~ toe 1~911esta bril!iante divisão,
cornandarla pelo sr. hii::-ir!;:;ro Aiiioiiio Rebel!o ~aihares,%ece-
beu as hoiiras que siia ; ! ; - v ~ c99 I ~ scu elevado emprego e não
menos de suas virtudes.
Fazendo uso da sua natural bondade e delicarlessl, o ge-
neral se clpeoii junto dos paços do coricelho e o senado da
Camara foi agradavelinerrte surprehcndido pela sua inesperada
e honrosa visita.
S. Ex.", então com todo o interesse que pode inspirar a
virtudtx, a honra e a fidelidade, comtanicou ao si'l:.iado da cama-
ra seri heroico p r o j - c b e coiividcu a qu2 assistisse a feliz e
sulemnu reacclsirnclc;i{~da IegiÉimid~~de do nosso cxcelso mo-
narrha o sei?iic\r D. Fzcl:;, I'I, e ao pre~icstode niorrer, sendo
necc2cLrio, juri:n das .i11;1s ba:~:l>iras,acFc:i~drndo seqs inauferí-
veis direitos, os de srma mgus'id filha, a s c n t ~ r arainha D. Ma-
ria da Gloria e a iiart.3 coostitucional da iiioiiardPia portuguesa.

A camara se dirigiu i:nrmdiztarnctnte c o m o seu es e


e com a maior deccncia ao adro da cathedra1, e no e
incalculavel numero de pessoas, estando já a tropa for:iiada em
colunna cerrada, recitou S. ex." as duas preciosas prociamações
e manifesto. . . .. . N5o reina mais profundo sileiicio no largo
oceano quando e:n noites sereiias a lua lhe prateia a su!~erficie,
de que reinou entre a r~utiidanoprrlaq5o desta forrnos:~citl:ide.
emquanto o general inanii"zstava seus briosos se,.rltirn-znto,;,que
eram os de todos#os honrados portugiiesesb.
Relata ainda a Flor do Oceano :
« O magnifico templo da sé, adornado e illuimiriado (coino
por encanto em breve espaqo de tempo) com a devida parnpa,
acoIheu em seu amplo recinto grar~lleparte da popnlaqfio da
cidade; e emqiianto urn coro executava ern excelente rn:isica
o hymno Tc Drurn Znizdnmtzs, do coração dos inzdzireilses re-
s mais pura devoção de fidelidade
colhia o Altissimí, os v ~ t o da
para cotn o monarcha legitimo e da íiffecto a carta cmstitu-
ciunctl a esta sabia e fundainental lei da moriarchia portu-
gliesa.
O Exmo. general, finda qiie foi a sole~iinidacle,se recollieri
ao paIaci:,, recebeu as felicitaçõi:~dos mais conspici~os habi-
tantes da cidade dg Funchal, riem f ~ l t o uo sen3dq da cainara
em retribuir a S. ex." a h:~nrosc\ distíncçao que d'ele havia re-
cebido.
Um cdital do i1l.m" senado d l C a m r a convidali todos o s
cidadãos a iliurnirrar suas c ~ a na s n:$íie do mesmo dia.. , Os
paços do conselho offerecerai~numa vistosa illuminaçfio com a
retrato de sua magestade o senhor D. Pcdro IV. A' custa de
varios patriotas se illuminou de velas todo o Passeio Publico,
onde a banda de musica do batalhão de artilileria, tocando o
hymno e outras excelentes pc.ças, attrahiu urn numerosissiino
conc~urso de senhoras, elegante e ricailiente adorriadas e que
pareciam formar uma só farriilia.
Enifim, uma bdlissiinq musica de curiosos, tocanrlo os
hymnos constitiicioiiais p;,iac; ruas de cidade e seguida de
grande numero de pova, I.>i jaíit~ao palacio recoiher os aplau-
sos de S. ex." e de um grdsdf: numero de senhoras e cavaihei-
ros que se achavam nas saias do inesino palacio brilhanternelate
iluminado, onde foi servido um chá niagnific~e se psssou a
noite e m aqradavel baile, eniq~iantoem toda n cidade, durarite
toda esta festa naci~nal,reiiiou sempre o mais profu~adosoceg0.B
Não Iiciviri. porkin. caliiia em algumas freguesias do norte
da ilha, oiiii~.os partidrírios de D. Miguel fomentaram uina re-
volta a q t l . se associnrarn alguns niilitiires das companhias de
ordenanças, tendo elm1 parte o apoio do elemento eclesiástico.
O geiierdl Vrilílez ordenou itnediatarnente a formação d e
l i i ! i ~ . f .)rca que riiarztiasse a sufocar os revolt;osos, expedindo a
scquirite
ORDEM

Jt?st: Lwiz 1'i.avnssos Valdrz, do co/zselho de Sua


/I l!~,~i75f nlfe fidt~lissimn: condccorndo l~rllornesmo nu-
. ~ r i / s fS ~L * ~ I / I O ~c-n::f
-, n meclnl/~adc seis carrrpanhas da
g:lrrrn ~ ~ f / i i i i . ~ ~P ' lcor12 ' : i ~ a de cor~~attdo nas bntalhas
cJI2 O ~ t l l r zi* / ~ 0 : 1 1 ~ ~ 1 1 5 por ~ ?.qestade brifanica
1 ~ ; S I Z . ttt
com n (JE coriz!l.u:lra li!z ~,zIczI/z.s S.7lafn~nca;por szta
~ ; t r i t a r i o comnrzdo nu de Aibrrc-
m n L ~ r ~ s t n~-~t,'/(~ii:-.í
dt~
r ;I C r(!;?'!tTí~.:.yrul nas illzns da Madeira
tD S(:/ililtcri-.

Pnr.t19 díy.cfr t cidí~:%'O fcrrt.iitc-coronel Fllipe Joa-


yci:rl 13 -{Y.lr'n!i, mcrr njzltiizrzi~de ordens c í e sertíana,
com o ca/~it Jí~.~qiiltn A 12torzio (lu Cnrvallzo, comrnan-
f t ~rrrn di~stilctrrnfniorio batnlhüo de artilharia
c i a ~ ~ (ir.
de linlzn, dc scJssenfa yr:zçns e de orrtro do regimento
de milicirs clo Flincluzl, conzposto de trirzta praças,
com o fin? dc pretzdt.?r em Roaventura e S. Jorge, ou
1711~qunlqrrt7r orltro distrito, os azrtores dos motirzs que
co/lfrn o ft~iiz sj~sternngrre nos ucge ali tenham per-
pretado: n'crvcndo ernprt..pr todu n -forca e violen~i~z
n possa tornnr para se conseCy~~ir
que / ~ ~ ç r s s n u i se o
s(7cego.
(7un'rtzo po?:ati,fo n ioi.irns as nrlforirlnde~que lhe
j~~rstcrnfolbo o I T I ! X ~ ~ ~que
O o referido meu ajudante
ti? grdetrs l h ~ sc-~igit. e sntisfi~arntodas as ordens
4l.v pnra t a l fi,vz I ~ C Sintimar enz me& nome, como se
EU presente gà?sre.

i9alneiiz rlo Cioi7trrx7, 27 d ! e/rrntzo de 1928.


f n Jose 1,ucia Valde;oi)
O coronel do regimento de milicias de S. Vicente havia já
ordenado a s medidas que julgara oportunas para apaziguar a
desordem, fazendo prender os cabeças da revolta.
O tenente António Francisco Rego, dêsse regimento, to-
mando o comando da tropa fiel, teve uin recontro com os re-
voltosos .em numero de mais de cem, ficando d'elles, oito gra-
vemente feridos no campo e levando outros comsigo, que po-
deram conduzir.
O tenente Rego teve um morto, um ferido gravemente e
poucos levemente*.
Os acontecimentos observados, embora por testemunhas
presenciais, são sempre diferentemente relatados - por melhor
que queiram dizer a verdade. Em um apontamento tirado da
«Chronica da rainha senhora D. Maria II,, de Francisco de Al-
meida Arauju, que ficou incompleta, s e le doutra maneira :
d a r i o s clerigos em Ponta Delgada e iinrnediaçóes (no
norte da Ilha) conseguiram revolucionar o povo e alguns mili-
cianos do regimento de S. Vicente, que no dia 27, em numero
de trezentos homens, pela maior parte armados de espingardas,
marcharam sobre S. Jorge, Sendo o general avisado disso, den-
tro de duas horas fez sair um forte destacaniento da cidade,
coin marcha forçada para os dístrictos do norte da ilha, onde
duas companhias do mesmo districto de S. Vicente despersararn
os rebeldes, perdendo estes dois mortos, dez feridos e ficarido
alguns prisioneiros.
O destacamento enviado da cidade voltou passados três
dias, trazendo prezos os que haviam rnais culpa dos..^
A tradição local, porem, ao sabor dos plirticihrios politicos,
inventa acções fabulosas de heroismos, dc parte a parte, dos
seus, citando nomes, ate de pessoas de farnilia, e uma acção no
desfiladeiro da Entrosa corri grande morianb::de, e mais recon-
tros em Boa Ventura, Ponta Delgada, S. Vicernte e Porto da
Cruz !
O bispo, alcunhado peios constitucionais, como o rF;gfe
dos aposto'licos, consequentemente se arreciava de sofrer qual-
quer enxovalho, recolhera-se a Quinta do Pilar, nos arredores
da cidade, mas ali, vendo que a sua resiclPncla se achava cer-
cada nunia manhã, suppo/zdo fosse poreccc n sf.,o:rre/rça,coralo as-
sim oficiou ao govarnador, comunicrt~do-lheo ocorrido, jredia-
-lhe par2 v91tar à cidade ou qualquer lugar, quando Ih'o desi-
g/inS $L'.
0 ge!i.tr,il Vnldez iiiandou uin dos seus ajudantes socegá-
10, P 13 i O ci(.í):;ij~~:n!~;ir 210 ~),!Iá~io d e S. Lourenço, se quizes-
.;C, ;:;,,:I r l c tt?r u l n I c~iriferêricia,a que aczdeu, e, declarando
s~ ;:t:ii,ir tiociiie, coirinriic:oii que ia entregar o governo ecle.
sijstico ao Lcibido, e pedia Iicei~çapara se ausentar para o
Continente, tratar da sua saude. Fez-lhe a v o ~ t ~ i doccapitão-
gelierc\l, sob a ct,iidiçiio d e publicár urna pastoriil antes de sair
da Mnrieira, exortz~rldoos fieis á obedit'ncia a D. Pedro 1V e ái
Carta constitucional.
D. Fr;incisco Rodrlgiles de Ancirade, ancioso por sair da
PVfiidèird,C C ~ I I S ~ T ~ ~ I ; ~ ' T ~::IZ,S
~ U - Cesteve
>C, pelo ajuste.
Dessa gastcml sr?o cs seguintes periodos da orat6ria sa-
gruds ;i:
O!ivi a v2z r!n p-istor (li?e ~ i 3 emar aos VOSSOS ouvidos e
d,ie-llie ei~trdda vossos curac;Ges.
E' uti1 dever da s;tilfa rciigiao que professamos, recorihccer
o iegitirni) rei qtie nos fui dado e obedecer ao seli poder. Esta
vrrii(lde náo SOCI~L? co;1trn~iiçB3;ella e 11:11a dri mais recornen-
riadas e q~ li,>rrni r> m3is firme esteio do p í f c t ~ social. Ouvi
ao grende aoó-.tr>iadas gerites (S. Piulo, n2 epistola aos rorna-
nos cap. XEII).
Todo o espirit~oesteja sujeito aos poderes silperiares, por-
que f:c?rl fta poder que não venha de Deus; c par;l não deixdr
chiví,l:,. nlgu!na r-r'csta iinwsfaii~teverdade, ele mcsizro declara
o n:arir~ d a n9ssli obixctienitia, tlizendo-no$ que cstn seja, não
r 6 prlq tcm13r do ca>ti,ro, iIt,as por dever da consçiencia.
??:.:n oi!tra cox-iscquen..ia mais justa se poderia esperar,e ti-
r::;. d e t i:riifi7i;~io:; {i:>qtlrt a q ~ c l ! eque elic nos r~.~ostrou: que
qt!c.;~ r e s i ~ t aj 3 ; ~ o d c iq : s:?
~ n,:!lrt c i ~ ~ i s t i t u iresiste
d~, ao mes-
JLO D 2 ~ s .

E' a nbse:v.ll+*i.i tl'c5t.i do~iirinaque egora esperamos de


v6s, hei2 pvrsnudi.los qac :::tas verdades n l o estarito apagadas
em vcssos coracõeei~.
A noticia de que n2 cidade do Porto se forinara uma jnn-
ta constitucional levou o general Valdez a comunicar B regên-
cia, ali estabelecida, a sua formal adesãb, e os acontecimentos
da Madeira, enviando como emissário o sr. José Maria Marti-
niano da Fonseca.
Igualmente para Londres fez seguir o brigadeiro António
Rebêlo Palhares «ordenando-lhe que se entendesse com os
plenitotenciários de D. Pedro IV naquela côrte. o marquês de
Palmela e o visconde de Itabayana, e que devidamente fizesse
chegar ao alto conhecimento de sua magestalle britânnica, os
acontecimentos políticos d'esta ilha no dia 22 de Junho, supli-
cando o possivel auxilio para ser sustentada na soberania d e
D,Pedro.
No dia 11 d e Julho, saiu o bispo com o seu secretário e
mais alguns frades e clkrigos desafectos ao governo constitu-
cional, em direcção ao Porto, como Ihes fora concedido e logo
no dia imediato chegou ao porto do Funchal urna escuna dan-
do a sensacional noticia que a regência do Porto falhara por
desentendimento entre os seus membrss. A corveta inglesa
*Medina», chegada de Lisboa, confirmou o acontecimento, in-
formando a retirada dos constitucionais que se haviam ai em0
barcado para Londres.
Foi proibido, então propalar estes acontecimentos para não
esmorecer a actividade nos trabalhos d e fortificação, de recru-
tamento,de refôrqo e outros da defesa que se estava preparan- '

do. Organizava-se um batalhão d e voluntários reaes de D. Pe-


dro IV e uma companhia de cavalaria, anexa ao inesmo bata-
lhão, formada de voluntários que apresentassem montada sua.
No Gorgulho e Praia Formosa procedia-se á escavação d e trin-
cheiras, e m disposição de pequenas obras de fortificação im-
provisada.
O cabido da Sé do Funchal sem ser a isso coagido, como
«havia sido o prelado,, quiz também deitar pastoral, piira agra-
dar aos constitucionais:

((Amados filhos diocesanos, a vós vos dirigimos,


ouvindo hoje a nossa voz, sabei que e a força da ver.
dade que nos faz fallar. A facção iniqua tem inventa-
do todos os !nodos de enganar-vos; finge direitos e m
qilein os n3o tein. doira o m i l e maldiz o bem, e at6
para alcançar victoria facii, injustamente acusa a sabia car-
ta de ser contra a religião de nossos pais. A h ! Não acredi-
t e i ~t.11 irngostiirfi! A nossa religiá:, não pode ser prevale-
cida ein telnp? aig(i;n pelas po.tas do inferno, segundo a
prùtness t d o Salvatior. Falços pregadores, einfirn pseudo
profetas, tcenn aridsdo entre v6s com pelle: de ovelhas, mas
sabei que no seu interior são todos devoradores. Estes
para clinsegnirein os sinistros fins do seu egoisrno teem
rcvesti~io o seu nsqiialido pensar, das vestes da religião,
mas coiilo diz S. Paulo aos coríntios, estes sã] operadores
enganosos que se transfiguram em apostolos de Christo,
porquanto os que vivem mal, apezar de s e chamarem chris-
tgos, fazern injuria a Christo, diz Santo Agostinho.

Antados filiios, quem vos fdla é a corporação capitu-


lar que h á milito Iamcrita no seu coração a exi~tência
de i m e n s ~ s nlalcs, proveniantes da divisão d e opiniões,
.
scisrna politico .
Am idos diocesanos, consagrai a vossa fidelidade in-
teira ao imtnortal soberano qge nos entregou a carta e ;ii
augusta filha, u senhora D. Maria II ...

O Bispo Andrade chegado a Lisboa deu conhecimento ao


governo de D. Miguel, dos acontecimentos da Madeira, a que
vinham sobrepor-se os que se haviam dado na Ilha Terceira,
onde o batalhão de infantaria 5 ns iioite de 21 para 22 de Jufhn
se manifestára por D. Pedro IV. prendendo o capitão general
e mais autoridades civis e militares, iiistituindo um governo
constitticional.
O Regente faz~seRei

Os aferrados ao absolutismo serviam-se d e todos os meios


para alastrar o seu partido, querendo que as Camaras munici-
pais de Portugal representassem ao Regente para que acabasse
com a Carta e se asscntloreasse da C6roa.
A rainha viuva, D. Carlota Joaquina, incitava-o a reagir con-
tra a submissão a D. Pedro, e a consultar a nação sobre a legi-
timidade dos seus direites á realeza.
Levado nesta onda, D. Miguel mandou convocar, 5i forma
antiga, os Trez Estados e reunidos estes separadamente : o cle-
ro, ern Sto. António da Sé; a nobresa, ein S. Roque e o povo
e m S. Francisco, decidiram em 30 de Junho de 1828 que, sendo
D. Pedro soberario do estado indeoendentz do Brasil, a suces-
são á Coroa de Portugal devia portanto recair e m seu irmão.
Ka Madeira, o capitão' general Valdez, antevendo jB a
itsurpação, liavia-se tfeclarâdu por D. Pedro, lançando procla-
mações justificativas do seu procedimento que foram tambem
enviadas ac~corpo consular na Madeira, trocando-se afectuosos
oficios com Henrique Veiteh, consul geral de sua magestade
britanica; Diogo Silva, consul da Dinamarca; Patricio Malheiro
de Melo, vice-consul de sua magestade el-rei da Prussia; Ale-
xandre Hally pro-consul Liardo; Pedro Jorge Monteito, c o n s d
aeputado dos Paises Baixos; e J. Gordon, consul geral d e sua
magestade imperial e real apostólica (Alistria) que informaram
aos seus respectivos governos a reaclarnação de D. Pedro efe-
tuada na Ilha da Madeira,
D. Miguel tratou logo de substituir todos os cargos publi-
cos e enviou ás Ilfias a fragata «Principe Real* que apareceu
na tarde de 25 de Junlio, defronte do Funchal, pedindo prittico
do porto. Foi-lhe enviada a visita do governo e da saúde, com
a recomendação especial de ocultar a tnudança politic~, pois
se arreciava da maníFestaç(5o imediata de tiostiliil;ide. Na ver-
dade, vinham a bordo, o capitão de mar e guerra. Jose Mdria
Monteiro para tornar o cargo de Governqdor d i Madeira e se-
guia para os Açores, o vice-alinirailto Henriqut. d e Sousa Pre-
go, como capitão general desse arquipelag*~, e assiri1 o partici-
pavam para os devidos efeitos.
O general Valdez comunicou-lhes, ent50, o qur! s e havi*i
passado na Madeira, enviando-lhes 9s !n inifus!os e proclama-
ções e a intirnação, de quc 1133 qtisrend 3 se acçociar ao partido
de D. Pedro, se afastass2 a frag.tta d i s .iy?s da Funchal, o
que não cumprindo e em se aproximnndo, seria considerada e
tratada como rebelde. Este vaso d e guerra airida se cijnservou
a distância, dois dias, a vista, desaparecendo no dia 27.
No dia imediato, apareceram u m s corveta e um brig~ieq:ie
vinham estabelecer o bloqueio á ilha, a que se lhe juntou rnais
um outro brigue no dia 30.
O consul inglês Veitch indo a bordo da carveta, aprcsen-
-tou u m protesto contra a prete;isão do bloqueio, e assim, ês:e
não subsistiu. Tratou, então d i inforrnw o seu g i ~ ê r n n desta
ocorrência, lernbrandq a conveniência em ser eliviado urií navio
de guerra britânico, para este porto, ss'u o preiexto de proteger
as propriedades iriglesas.
Havia no entanto tima certa inquietaç#Zonos espiritos, pela
demora da chegdda d e armas, rnlgni~dese apetrech1)s de glier-
rã que tinham sido pedidos urgwtemente pnr:j Londres pelo
governador, assirn como n i vinda de oii;:iais, dos refugiados
em Inglaterra, e que o marquês de PaIrneta prolnetera fazer
embarcar para reforço da Guarnic;ão da Madeira.
Nos estaleiros do Csbn dr, Calhau activava-se a adapta-
ção de dois escaleres da Aifiindegi e:n barco..; canhoneiras e
de um barco grande do Porto Santo, com as borlas reforçadas
e montagem de artilharia, embarcações estas destinsdas ao re-
conheciinento da costa e de auxilio a qualquer embarcação em
perigo.
Em Portugal preparava-se uma a r m a h poderosa pEra vir
submeter os cartistas.
D. Miguel, em 5 de Agosto, foi a bordo dos navios des-
tinados a essa exprdição ás ilhas e conferen!:iou coin o vice-
almirante Henrique de S9usa Prego e cnpitáo de mar e guerra
Jose Maria Monteiro,, respectiva:nen tc: govz rriador das &ores
e Ma leirn il'on:ie Iiaviam regressado na fragata ~PrincipeReal*,
vist\> a r e c i i ~ asofrida em serem recebidos comoautoridades do
reginie abuoluto.
O co.n-i!i<-laiiterfri expèdição recebera um documento elu-
cilitiv;, cd>i:1a pldata d i bzia do Fiinchal e o contarno da costa
siil, etlirz C,iln;irx d; Lobas e a Poritd da Oliveira, fornecido
por quem tirih2 c~r!!izei:.iientod a topografia e dos elementos
dci r1efes:l i.,:;cntc, pais nele se esclarece a situac;ão das baterias,
r ~ ) peças que montavam nesse tempo.
o calibre e r i u ~ ~ 2 das
Nota de alguns trechos:

A bntiil d o Fiiqch 11 l-2:n um bom porto nos mezes de in-


verrio. p.~t-én, deve ate;i,iitr-se ao seguinte :
Os ventos sul e su i+.>estesoprdrn com frequencia nes-
ta costa, pxqnít levari taiii io-,r.)graniie.; vagas i: põem em gran-
d e ris:o as e:nl)lrt:aq6?s s ~ ; i t< n 9 port),, principalmente porque
de terra na:, se lhe p 1 ~ 1 2r i ] i : l~i l r s >v:3rro e portanto, ainda que
haja boas a:nnrrdçóei, pe.fi: a pra ieilcia que todo o navio d e
guerra que qiicir~i a!Ico:Jr rie,td biihia, de outubro a mítrcu,
fique norte-si11 com a $ul,; irit31 Iest!: dClpraça do Iihsu e inir'inte
de L). Guiornar, leste oeste com as duas pontas dt) Garajau e
da Cruz, pnis que se fundear na fortaleza de S. L~urençopara
leste, garr i i i i ), p:) -1e i: iir sob.-e a rvstio.,ra drt r 3 :h3 rnergnfha-
dd por iórd d 3 ilraC1 ;ir3 5 Liago e t3itá slijeit.3 a s c ~ r r e n t e que
s
ha piira a parts d e X:ia-Legua. N l s outros mezes, pode che-
g-ir-se a terra ai$ a disi meia dv 441)braçds, seili perigo.

A planta junta a,, relatbrio, rnarca e especifica as fortifi-


csqões que glaarneciain o Furivhal corn o niimero de peças, ca-
libre e s u a disposiqiio.
Nela vzem, então, inencionado?: A b~tdriada Pmha de
França, o fc,rte (12 S. José no caes da Pontin'ii-i, o forte de S
Lazaro, a batarili dii; Fonics, af#)rtalesade S. Lourenqo, a bata-.
rid da AlfLin3ega, o furte do Pelouiinho, o f ~ r t etriangular de
5. Pejro, u fortaleza d e S. Thiag!,, a fortaleza do Pico, a praça
do IIIir?u, e o;itr,ts b,itaridâ ein diferentes poiltrts, CoInO no Ca-
ihan d o Gorgillho, as batorias d;i Ptaia Formosa, Câmara de
Lobos, Pia] (ir3 Q~ebr;: I~J~;,P i a do Fiiricho, etc.
s ltL;i~.r,.>>j 1:" a~3aip3:ihíân a Clrtii Rigia, passada
por D. Miguel ao capitão general Jose Maria Monteiro, se lê no
Art. 2." - O sr. comandante da tropa expedecionaria, d e
acordo com o comandante da esquadra, ao qual s e acha muito
recomendado que proteja os diversos desembarques, fazendo
calar o fogo e desmontar aqueles pontos, que podem ser: villas
de Machico, Santa Cruz, Pontinha, Calheta o Camara de Lobos,
para fazer uma diversão nas forças dos rebeldes (constitucio-
nais) tendo sempre e m vista a dificuldade que há para o de-
sembarque na costa daquela ilha.

No caso que se não possa efectuar o desembarque, ten-


do-se feito todas as diligencias para conseguir em algilns dos
pontos acima indicados, se devera tentar em Porto iJovo, ou
nas suas imediações, ou na costa do Caniço, dirigindo-se logo
sobre o ponto da Camacha e marchando d'ali a ocupar as al-
turas que dominam a cidade.

A 15 d e Agosto d e 1828, dia de festa no Porto Santo, em


que era costume de manhã apanhar as ultimas uvas para o la-
gar, e de tarde ir o povo a contra costa da Ilha, em excursão
para comemorar a Assiinção de N." Senhora, aportou, em fren-
te da vila, a corveta -Urania~pertencente a esquadra que D.
Miguel mandava para subordinar a Madeira.
O governador local,coronel Damiáo da Cunha Fidik, desta-
cou logo para bordo, o tenente José Sebastiáo da Silva e Mou-
ra, do batalhão da ilha, para assegurar ao comzndante da refe-
rida corveta, que podia mandar tratar -fra/zc~~rnente dos /rego-
cios que vem encarrepado, porque a ilha estava em obediencia
ao principe regente, como solenemente fora reconhecido.
Voltou o tenente José Sebastião a terra, acompanhado de
um tenente da armada real, trazendo um maço de documentos
com os inipresssos do assento das cortes geraes, e a proclama-
ção d e D. Miguel.
imediatamente, foi dada uma salva de 21 tiros no forte de
S. José, acorrendo logo os habitantes, a quem o governa-
dor fez uma fala congratulatória, expondo tambern a obrigaqar,
d e fornecer a armada real de refrescos e o mais que estivesse
no alcance da ilha poder fornecer, o que ccrnsístiu e m doze bar-
guetns gunrnecidns de gente e equipadas e quatro barcos d'a-
gzzeles qzre se costumam empregar na conduçio de vinhos para
ns oz~trnsilii 7s e n s s h como tambern alggns bons práticos
das ilhas da hI::dci1'3 e A~ores,tza certeza que trtdo seria pmn-
fnrnrntt. /Ja.g-o.
O serviço de informação do comandante da esquadra era
tZo perfeito. que referindo-se aos p r i t i c ~ sque req:iisitava. as
sim se expressa: - Lenrbvo os avrnes Calisto, Pedro e José Es-
cói-io, 120 caso de se n r l ~ n r e mn'essa 2ha.
A curveta Urania fez-se ao largo no dia 17, a reunir-se ii
esquadra no mar alto,

A ilha do Porto Santo Et!stejou a soberania de D. Miguel em


três dias seguiclos, 17, 18 e 19 com uma salva no forte de S.
José etn cada dia. No primeiro, houve missa solene e-Te-Deum.
uma grande parada em que a tropa deu três descargas de fogo
de alegria, uina espécie de fogo vivo que gela direita prilrci-
piava e s e g ~ ~ i a - scorrido
c em toda a lirzha da frente.
Na marcha em retirada par3 O quartel, foi acompanhada
a coluna pelo srnado da Cnrnnrn, clero e mais pessoas que
se ac/~uvamea rcftriiltz i ~ r e j a unde
, assistiram ao Te-Deum.

Na segunda semana d e Agosto chegaram ao Funchal, vin-


dos de Inglaterra, o tenente coronel Shwalback, major Francisco
Xavier d e Sousa Pereira, capitíies Jose pedra de Melo e Tomiis
de Araujo, tenentes Francisco Jose dd Mata e Francisco de
Pai110 Lima, alferes D. Diogo dii Camara Leme e o lente An-
tírnio Aluisio Gervis de Atougula.
Com este refôrço de pessoa&o general Valdez organizou
melhor a defesa da Madeira, presumindo o ataque prcixirno.
A sua especial atenção recaiu sobre a costa sul, entre Ga-
mara d e Lobos e Machico.
Os três regimentos de milicias do Funchal, Çalheta e S.
Vicente, receberam ordens especiais em conformidade com o
plano estabelecido.
Ao da Calheta competia manter a Costa de Baixo. Meia-
de das forças de S. Vicente seria deslocada para a vila de Sta.
Cruz, aguardando ordens. A outra metade seria suficiente para
a defesa dos portos da costa nmte. onde qualquer desembar-
que não se tornava práticável pelas dificuldades . prepsradas
pela própria configuração topográfica.
A zona da Costa de Ciina, do Caniqo para Icste, foi com-
fiada ao tenente coronel Shw,3ihmk qcic depois d z a visitar
num breve reconhecimento, e;tdbule:ea pri:n?ira+n?nk 2 a drtfe-
sa de Machico, dando-lhe p3r coinandante o ca;]itno Me1 1, tzn-
do como imediato o tenentl: Lima, superints.n,lsnte iiri arte-
lharia.
Uma companhia de milicianos foi postada n o altq .1-1 Qwi-
mada com um posto de observaqão. A vila de S t Z ~Cruz. . orga-
nizada defensivamente, fico;i a cargo ;lv : 3 . n 1.1I 1nte d i rnili-
cia de S. Vicente, dando uins coinpanhia p l r a o Porto di, Sei-
xo.
O principal centro de a p ~ i oe resist?:isi.3 r.3n;istia nn p3-
voação do Caniço, para ond: foi um o ~ t . i l i i i )cl I rr!$ n'33t13d e
milicias d o Funchal, sendo coloczda artilli iria p i: i b i t s r :I e ;tra-
da e estabelecido um posto de observar,g I n 3 a l t ~dl Cama-
cha.
No Palheiro do Ferreiro constituiu-se um niicleo de rèfòrco,
podendo acudir ao Caniç;, 011 dzs:e: ein a ! ~ x ' l i o cl i cidade,
conforme as circunstâncias.
Na Praia Formos,?, onde no sec~ilc~ X V I tinhtm d z s ~ i n b w -
cado os francezes, cavarain-se trínch2irls pd3s or,l!snanç2s e
ailtearam-se parapeitos para c o I ~ c ~ ç ádeo artilh- tia.

Compunha-se ri armsda miquelist3 da n x i <<D.JoZo VI.;


fragatas ~PrincipeReal» e <<PrincesaR ~ a l . ; c7watas ~<Pciiicesa
Real* e «Uranh*; charruas ~{Galatea-e ccOreL5tes»; brigues
e3lori;i~e aD. Sebastião», trazendo fnrças de desembarque
formados por um batalhão de caçadores n." 1, outro de caça-
dores n." 2, um contingente de c~-iça*lores n.0 11 e destacamen-
to de engenharia e artilharia f ~ r i r i c i : l dums
~ espediçã:, c o m m -
dada pelo coronel Jose AntOnio de Azevedo Luín~scom 1600
homens.
Vinham a bordo, noineados por Carta Régin de 6 de Agos-
to, afim de procederem a uma rigorosa d e v a s a do crime de re-
belião na Madeira, os desembargadorcs Francisco António Ma-
cíel Mcnteira e Manuel Luciano Magalhtíes Abreu Figueireào,
a quem era mandada dar aposentadoria.
A esqiiadra q u e passou no Porto Santo onde enviou um
I>ri:.ue rio tiia 15 c i ~Agosto ao reconhecimento e fazer requi-
sicõcs, dirigiu-se logo para a Madeira, sendo avistada na ma-
nttá de 16, reconhecendo-se que era portuguesa.
O general Valdez mandou logo tocar a rebate, distribui-
das as tropas pelos fortes e dispôs tudo para a defesa.
om vento favorável formou-se a esquadra em linha de
combate e avançou sobre o porto cio Funchal. A certa distan-
cia fóra d o alcance da artililaria da terra, fez avançar urna
lancha com bandeira branca, trazendo o psrl;iil~eniiri('uin
ofício do vice-almirante, exigindo a entregd da cidade, pois
de corítrário a arrazaria.
Despediir o capit?io general o parlamentário, mandando
retirar os navios qiic se achrivarn ern frente das batarias de
terra, para n3o obstar o campo de tiro, tal foi a resposta si-
gnificativa.
Esperava-se a cada ni~i-nen to o ataque, porém a esquadra
fez-se muito ao mar.
A bordo da nau chefe acorreram lanchas dcs outros na-
vios de guerra, o que fez siipor se formou conselho, conser-
vaiido-se a esquadra era evoluções, e no dia 18 como a querer
ir atacar a Praia Formosa e atneaçar os portos de oeste e por
vezes deixava de estar visivel.
No dia 31, tornou ruriio para nordeste da illía, parecendo
querer retirar-se, tnas loco na niantiã seguir~te,com vento fa-
vorável, velejava para Machico, tomando disposições para
cambate.
Segue-se o descritivo de um Retatd'rio do próprio geneo
ral Valdez:
.. .pelas onze horas do mesmo dia, soube-se pelo
telegrafo e pelo estrondo de artilharia que a esquadra atacava
para Maci-iico; e prosto que muito se confiasse na bravura e
iríteligencia rio coniandtrnte d'aquele distrito, 0 tenente coro-
nel Scwalback, nos officiais aguerridos que com elte se acha-
vam e na vantggem das posições, não aconteceu r, m-mo
pelo que respeitava a disciplii~ae valor das tropas, quasi to-
das rnilicianas, pela maior parte recentemente recrutadas e
muito mal armadas, não tendo jámais cliegado os socorros
que corn tanta ai.itccifia<ão se I~aviam requisitado.
Pelas mesmas razões contaiído o general que o inimigo
poderia effectuar o desenibarque marcl~ou da cidade com
toda a força disponivet, apenas constoii q u e a csqun:Irn qrc-
tendia atacar, participou isso ao tVne:lte c~i-íbtiilScliw:i!b;icl~,
por outro dos oficiais q u e c o m el!e t i i i h l c!ic.,rado d e Ii~yia-
terra, o capitão Caey e a situação a cl:i;i p?odi:i ii~ciisp:-on ta:-+
tamente enviar-lhe as participa~descluc tí :esse a faz~i--lh:, c
imediatamente tratou o gyneral de z i * i ~ a r : i n~s~ ~1 7t0'' 1tos d:i
Camacha e Porto Novo e logo d-pois o lDoi5n, ii:íicos p o r
onde o inimigo, depois de c ~ n s t c : ~ ior dc5enib ii-que, poderiir
dirigir-se para atacar a cidade.
Deu portanto as c o m p e t e i ~ t ?ordens
~ pnrn o batalliao d c
linha e o regimento de iiiilicias d o F~ii~clial iri~cdiataiiieiitesc
dirigissem aos altos d o Pail~eiroFerreiro. E'oi aos respectivos
quarteis avivar pessoalmente a sua saída e il~flarnirnc,-10sa
mostrar o valor e denodo que as circunslancias exiqisserii.
Mandou sair o major de caçadores n." 12, f'rai~ciscoXavicr
da Silva com u m destacanieiito escolt~idod e cento e ciricoen-
ta i~omens de milicias da Callieta (de que Ilie havia dado o
comando) na direcção do Cai] iqo, depois de f1avt.r a:] i tiiado
esta tropa qtié havia ~ n a n d a d ovir cle Cari~arad e Lobos para
a cidade; dois dias antes, quaricio fez s;ír para a Costa d e
Leste trezentos honierts d e ~ i ~ i l i c i zdo
s í'ur:ctiai e m c o t ~ s t ~ -
quencia dos rnovirr!entos q i i e a e ~ q ~ i ~ tn,;'io
~ í ! ~ ;havia
i feito.
Mandou q1:ati.o voluntarios d e cnl;ii:ii-i:i, p:ira as o r c k t ~ s
do tenente coronel Scliwvalback, nlCin dos q ~ i se t ac!iA[rnri~ia
com eik, para que, por incio d'rllc;, pi~drsstlser iiiíorinado
d o que ocrrera.
Entregou o comando geral da cidade e imediações A p'i-
tente maior, o coronel do batniháo d c artiillaria da Iinl~a,
Francisco Manuel i'atrone dal~do-iiie2s' iristrtacões q u e teve
por convenientes, deixalido com ele nit ci:i::de o bat~li15ode
voluntários de D. Pedro 1V a maior parte :ia conip~?ritiia de
artilharia n." 2 do exército de Pori!ig:zl, L: i;! dcis:ac:zrne:~to d o
batalhão da linha, com arrnas e pouco mais cii mznos d i i z e n -
tos homens, recrutados de p i ~ u c ot ~ i n p odo mesino ba:aiiiáo,
para quem niio Iiavia arnias, mas q u e sc cnipregavarz n o ser-
viço das peças dos fortes e baterias em ~ u r i r ~ l acrc., s , as reç-
pectivas guarnições de artiitieii.os i:.~íl:ciartas e!il i 3 i : ~ ~ ' i - ~ l t ? ~
fortes e baterias as ordenanças ern al-iiia; c o!-dem geral parri
concorrerem dos coritornos .i cida:ie.
Deixou determinado que purcci cio !*c gifi~ci!to da Calhei-a
fosse mandudo entrar logo i13 cida-i2 c o rec;:u c se ~tpi.~:,i-
masse a ela á medida que se efectuasse movimentos na di-
recção oposta aos pontos que primeiramente lhe eram con-
fiados.
Mandou sair os barcos canhoneiras na direcção de Sta.
Cruz para observarem os movimentos da esquadra e avisa-
rem com a possível antecipaçáo a cidade, caso se tentasse
algum outro ataque.
Feito tudo isto com a maior rapidez, saíu o general cor-
rendo a cavalo com alguns voluntários de cavalaria e seu es-
tado maior, a que uniu como seu ajudante de campo o bra-
vo alferes de cavalaria n." 1 D. D~ogoda Camara que se mos-
trou infatigável; e einquanto a infantaria ia com toda a dili-
gência efectuar o seli trabalhosa missão, tencionava o general,
dirigindo-se na direcção d o Caniço, observar qual era o ver-
dadeiro ataque.
Havendo contudo cessado (por algum tempo) de ouvir o
fogo e parecendo-lhe q u e mais conviria conhecer o ponto a
que etn maior força se dirigiam, se o desembarque se ectuas-
se, correu na direcqão de onde poderia, das alturas reconhe-
cer estas circuristancias; como, porém houvesse um grande
nevoeiro para a parte qtie preteiidia observar, teve de voltar
a toda a pressa as alturas a que tinha mandado dirigir as tro-
pas, para as fazer postar nos pontos corivenientes, por ter
cessado o fogo e lhe constar o desembarque.
Foi distribuida na cidade do Fnnchal, uma folha avulsa,
pelo partido migueiista, noticiattdo os acontecimentos :
&Tendo-seaproximado pelas onze haras da manh3i do dia
22 do corrente do porto de Machico a esquadra cornposta de
uma nau, duas fragatas, duas corvetas, dois brigues e duas
charruas, rompeu o fogo pelo meio dia o brigue «infante D.
Sebastiãov contra o forte que defendia o flanco esquerdo do
dito porto, por ser desafiado peios tiros cio mesmo forte,
cujo fogo foi imediatamente seguido com toda a vivacidade
no espaço de três horas peta nau, que fundeando na melhor
posição e a meio tira de canháo, não s6 fez calar perFeita-
mente as defesas de frente e flancos, mas poz em precipitada
fuga as suas guarnições povos e vizinhos que juntos á tropa
ocuparam todas as alturas, d'onde foram igualmente disper-
sados pelo fogo da mesma nau, dando lugar a desembarca-
rem sem a menor resistencia e com toda a commodidade, a
tropa de caçadores, infanteria, artilharia e artifices enge-
niros. ..h

O desembargador Dr. Francisco Monteiro, presidente


da alçada, que se achava a bordo da nau «D. João Vi*, rela-,
ta o combate de Macliico, a que assistiu, de uma mar~eira cu-
riosa, salientando que não se assustou muito com o es-
pectáculo :
=...A custa de trabalho se pôde oliter chegar a u m pe-
queno porto chamado Machico, cinco icguas distante da ci-
dade, oper'ação que foi feita com o prumo na tnão, e execu-
tada com o melhor acerto e felicidade, tendo-se levado a nau
a um local, onde talvez se não tenham ancorado ilavios pe-
quenos e fomos ali recebidos com alguiís tiros dos fortes
que o defendiam e lhe resporidernos com tnais de quiniten-
tos tiros da nau e inais alguns de outras embarcações, de tal
forma que a guarnição não só foi o b r i g a d ~ a abandonar as
fortificações, mas até mesmo outras posições crn que se pre-
tenderam colocar.
Conseguimos, assim lançar a nossa tropa em terra, sem
que um soldado tivesse o menor incómodo, assim ccmo o
não teve a nau, apesar de Ih2 chegarem três balas que vie-
ram ao csstado e lhe deixou leves vestigios, e apenas o bri-
gue Infante D.Sebastião teve do fogo u!na pequena avaria.
Nota pessoal do juiz desembargador :

Eu não estava disposto a assisfir a um eornbate


naval* porém assim mesmo é fao grnnde o mea horror
aà mar, que na presençu d'ele foi o meu susto inropnpa-
ravelmente menor do que o que havia so ffrido dois dias
.
da grandtí vento ainda que sem tormeizta . .

O ofício do tenente coroi~elJoão Scfiwalback comandan-


te da costa de leste e enviado de Sta. C r u z ao capitão gene-
neral Vafdez, patenteia o seu desânimo, mascarando-o com a
esperança de ocupar ainda uma posição donde desbarate a
tropa miguelista.
KTencio-szq3pt-cxirnndo o ini7nit:o ri baliia d e hlacliico
/ ? C I ~ < 170\',? i10..I \ CI L i 1 1 ; l ' i f1.l ( d c ~ 22 d? /I < ~ P S ~d< O 1828)
fiz i r ~ ~ r c i i i jl~r: l l - < l a ireiitc to,ia a trop.i d ~ , : ~ o , i i v : ld u e Iravia
neste acantona:rie!ito, deixando ficnr il'es te 13:) ii t:) o coroiiel
de tílj2icii; (1.b .I; Vi -:2;1t: ;i t l ~ ~ t~' li ? ;b:t .!*i 1 - , ,<.q , ,,,..-i : : L i ~
tx
. .
1q:r;i, ~ ) p ~ : ~ i (f. ! : :',,zc*--,ne :i ,res::n~~:r t o d x :i ti-o ):i L ~ I Iviesse ~
i c I ; t i i )i t i ,S I ) I tenente
~ O i . 0 ~ 1 -i2 ~ 1 , 1 1 \ i 1 . ) 1 ) Ai~ilt%!1311 q x !: \ C 2: 12'ifa ' o ci ; i q r ) , y L l t
i l i ~ ~ : : i ~ : ~ **+ I ~k.2~ n I : I , ~ T ! - ~ I I -2S co 13 a, f.jrq i s ~ L I C:\!:i colii:~~~~i;iva
l ~ i r r \i ( - ' i * c ) , o 1.1 r ~ : ~ s :I-i ) 1 Í ~ o r d ~ ~e ~ ~~~ :-: ~
- i ~ i { l1s ~r ,s e ~ a r l -
/,
d> O til.:., ;I J t:,ili)> C D ~ U ~ I ~ aC V.
~:' ~ Y e j t ~i110vi-
111ento.
t:i t t; c h : : ~ ? t!li:lli?; dic; ?nsiqO::;, puz-rne e m marc11,i com
0 cii,jltr > ~ i i c 0 A z i1 1:) :i:) s i t i 0 C i l l q U 2 S e \$:h1 !i e,r.ia
o : 1 I j 1 0 : ' i j r i ~d S F ~ X O , obsisv:i-
al:tli
va 0 s riiovitii :litc,s ~ 3 ~ i i) ~ ;i I . :o c t r l e ~ r : i i ~ i i i c .:tite
t ~ ~ ios coii;-
municava a v.'\x.".
A esqu8iira . ini!r:i::.i ~ - t ~ S ) ; ~ ? f i i i i iai l siin
d ~ cl:rro:a, fez c?;?-
proxirnrt:. u;2i ,D:-i'lii: :i Ali;.l~iio, o 111121 r~-)~np:u o fngo a C I ' I ~ '
resyo.idei-a:n o i ,ioi:, io;-[cri ~ \ ' : ~ ~ j ! l/',:L t ? I ~ ! ! . I , f:! :i:ido P O T ; ' . ~ ~ ,
logo ao t:rz:ii*i> t m ) , t>).l i a tlr<\r1içTt) c10 i i l r t 2 do Aiico;-x-
dntrro; p o ~ c ot:i?iL)í) de:)ois, r o ! i 0 .i n i?:i I a ç:rn poçiç.io clo
briautt, e 1x10 vi r o f ;~:í, q u i e s t a e o5 insiis vn de gjiSrr<;
friziarn, ~ L Zcai:iia nq \ i i l l è forte N i:;s i Sch:~li(>:- 1 -! :~*II,?~T-P,
qtie rl13is ~ C , T I ~ 1O 1 . ~ ~ i*,?1 3ji.,tid,), por I C Z I 17 !!I !3 te:iL::it :
Lima ... EritJo vi q!!e c:, c f m : ~ i b ; i r q ~er.1 i e itievit.í*icl e c:ri brc-
ve se dispt>zcr:i:rl a; la.ic'li*isa r c c c b ~ ra tr+o;~ae rsiiriincio-su
junto á ndu, d'alii sig.iira.ri toda; aí, seu d e ; t i t i ~....

O troar dos canhões i l u n drspejo irícbssat~t?de projec-


t e i ~ já S C ~ I alvo determinad:), prodtrziu o efrit(3 aterrndor
desejad:?, pelo rib3:r:bo q u e se prolongava, ecoante peio pro-
fundo vale de Mari~icrl.
Abari40~1-lni.ioso_;fortes, a fiiqa dos defensores d~ vila de
M ~ c l ~ í cfdi
o geral e :i ocup3çSo r120 o t r r z c t u a in:nor resis-
tineia.
Dali, as forças mi:uelistsç se d i s t r i b ~ i r a mem dnzs colu-
nas, urna ern inspc!~:ide rccc-ir~tic-imet~tc)sobre a povciaq~o
do Saiitu dii -)rrrtt !73;-1,o i i f b ? a iilztoi. p . ~ r t zctn. Tente tiilfra
fugido; e outra, qitt: era a principal, ferido p,)r o5jrctivo a
ocupação da cidade, marchando pela estrada d o litoral, con-
solidando as posições ocupadas.
O pânico que se contagiou pelos defensores foi indis-
critivel, de sorte que, a tropa miguelista efectuou apenas u m a
marcha militar, sem tropeços.

A's 9 horas da noite a vila d e Santa Cruz era atravessada


e seguidamente a povoaçiio de Gauia.
Ao amanhacer do dia 23, a coluna chegava ás ribas d o
Porto Novo, cortadas pela ribeira, ein profundo abismo de-
fendido na margem direita por um forte bem artiltiado.
O coronel Lemos, comandante da força expedicionária,
referindo-se ao Porto Novo, escreveu no seu relatório:

Conhecendo que só com muita perda se poderia levar


aquella formidavel posição, de cornbinação com o bravo te-
nente-coronel Azeredo, marchei pela direita, a fim de atacar
pelo flanco; e como soubesse que elles tinhzm um obuz tio
Palheiro do Ferreiro e três peças no sitio da Camacha, 10-
gares contiguos com uma força de infantaria, e que m e es-
peravam n'aqueles desfiladeiros, julgrtei então que O mellior
partido era ir tornar-lhe as alturas, ficando o teneiite-coronel
Azeredo com caçadores e duab comyanliias d e infantaria em
frente da posição d o inimigo.
Vendo êste que ia ser cortado, começou a retirar com a s
peças de campanha puchadas a bois, mas não obstante con-
tinuei a marcha, voltando peio caminho que eles occupava~n,
por onde encontrei alguns milicjanos que, ou se apresentavam
G U fugiam pelos desfiladeiros; nesta ocasião, recebi uma carta
d o tenente coronel Azeredo, dizendo-me que se achava na
Malhada do Caniço, a legua e meia da cidade, perguntando,
-me se queria que avançasse para a cidade, ou viesse reunir-se
a mim; respondi-lhe que marchasse cautelosamente para a ci-
dade, onde entramos, fazendo ocupar as fortalezas e guardas,
tomando as providencias que se julgaram necrssariae, para se
evitarem os roubos e desordens; tendo marchado por pessi-
mos caminhos, desde as quatro horas e meia da inanhã, sem
interrupção até escurecer, unicamente esperando aquela força
que julgava sufficiente reunir para cambater, sendo atacados.
A falta de instrtição e ausência de espirito militar, inde-
ciso sobre o partido a tomar, que influencias opostas lhe
apregoavam berreficios, redundaram numa cobardia contagio-
sa, loqo qlie os milicianos da Madeira avistaram a tropa mi-
guelista deserribarcada em Machico e em marcha apressada
para chegar a cidade.
Em utn unico ponto essa marcha foi retardada, na forte
posiç:To ílo Porto Novo, onde houve a explosão de urn caixão
de rnuriiqoes, de q u e ficou gravemente ferido, o seu coman-
dante, teiieiite coro.lel Schwalback e a maior parte dos gra-
duados.
Toda a tropa se intimidou e foram baldados todos os esfor-
ços p:ir:i s~.;t;;it,irdepois as posições i t i termédias que cobriam
a cidade.
O general Valdez q u c se achava no Caniço, observando
a debindada geral e a impossibilidade de msis resistêricia,
reqressoii ao Funclxii ;i foririar conseii-io, em que foi reco-
nhecida a derrota e i n u t i i qualquer resistência.
Em tais circ~~iistatlcias e por intermédio do consul inglês
Veitch, o cerieral VaIdez e as principais autoridades militares,
civis e eclesiasticaç, biiscaram protecção a bordo da fragata
Aiiig~tor qttr tiá já dias entrára no porto, aguardando os + i : - & .-*-

acontecimentos. ( , .
1 , " i

" ';4** -
A tropa de ocupação entrou na cidade do Funchat na ' "- "

tarde do dia 23, sob ocomando do coronel Lemos que to-


mou todas as medidas necessirias para manter a ordem, en-
carregando os seus oficiais de tomar conta da cil~findos di-
ferentes serviços e apaziguamento dos espiritos.
O novo capitão general José Muria Monteiro, tendo re-
cebido um oficio do comandante da força de ocupnção, noti-
ficando-lhe q u e podia vir toinar conta do governo da ilha,
quando julgasse conveniente,desembarcou com o seu séquito
no dia 24 d e Agosto, de bordo da esquadra que viera fun-
dear no porto d o Furichat.
A massa d o povo que se moveu como o vento de vira-
ção, acudiu á praia e á entrada da cidade, para ver e saudar
o novo chefe que entrava triunfatite.
Fez este logo coiivocar a Camara em sessgo extraordi-
nária, para o acto da aclainaçiio que se realisou tio dia 26, a
qtie a c q i s t i : ~ i1.n irne!rqo cotic1-irso d e pítssoac dos três esta-
dos--cfcro, r i ~ ~ b rt r es povo, --Íicnii,ll, 3 asta ctii nbrrto até o
riia I?; dt- Scte:~li>r.~~, ;\3rn sècoltier o ~ n a i u riiuinei-o de assina-
turas.
Ern oficio d:3 '29 d e Aqo.;tr, ,?o ,Ili:iisti.o c i o IJltramnr, o
gnt.crrinaor JOS: i\liri:i .ll*>ritcii4> d.*isz tr,i1i;~3nr<ca- a sua i11-
quictncãr2 I. receio de q i ~ c0 5 coristirucioti.,is i n teiitassetn re-
tiaver o poder.
Infornilt qit? o bntalli?~d e vofurit:írior, d-;: D. Pedro dis-
pcrsoit-se, irias nii~<:iieinse ti i i i i z a ~ r e a e it:\iio.
i A retirada da
fnrqri naval e terrestre, pXr.1 a Iliin -1-crccira, ficando apenas o
bntrtlh5t3 n." I, qu:trctitz artifli-iros e ti!ii oii dois navios,
bem pode ser 0 i,oiito q ~ i i ' :iit:stiriern p:irn a r e a c ç ? ~ ,que se-
ria fatal se se rcc~iil;i5-c.Aié,ii d ' i s o , 6 voz co!ist:intz de de-
ver checar aqui ttriii ii-,l:iti i~:-<t<ile~r:l O. / z > w h !Maria, com
arrrias, dirítieiro e i t i u i t o s ~nilit:ircs fuqiciai do Porto; tarnbem
1150 Ilri niiid:i esnct 1; r l o t i i i n i d o est:i,-io clna povo,zçõrs d o
,,
norte, n,?o se pctd:, ?,!Ir f 1lt.r ci? t e i n ; ~ tcr ~ i i ~ii dtoinzrllo as
medidas de se:ur'irii.a quc v50 to.tiar-se e até iliesino por
se naa tcrcm a p r c s c : tndo
~ iriui tas pratas d o b:it;rlIiio d e ter-
ra; por todos estes nir)tivas, c u n v o ~ l u ; r io dcse.nbsrgtdor sirl-
dicarite. o co:*r~:-~.ior,o juiz de fóra, o iiiiiii-o r segundo
cc)rnnridante da cxpcdiçio c o mesmo j~rizd o povo e todos
succssiva:nentc. coticorJ i r a n y ,{ese oficiassz x~ vice-al:niraii-
te, conrnndant-. d i c j q u r l l ~ nafim , d: suipeii3:r sua rnarch2
para a Terccir~.ac~iq:laritoelr ;nijsnI p Lr;! : i . ~ . ~ j str. sua ma-
geçtrtLk t ~ f f r 3O f>fitidi':a:i';) il s> rczi'b:;sc*-.li s ~ 1st r21is deter-
mii~acõrj.vist« ri3o e a i d r aiiidl totalineiite coiisoiidada a paz
e a ordem riesta i l l i a ~ .

Em substituiqão d o batalhlo de ~ 0 1 u i i i á i i 0d~e D. Pedra,


crindo pelo general Vaidez, foi orqn:iis,ido o de voluntários
. .
realistas urbnnos. par2 s-rviço d c piIic;:i c iiiior nzçTo. o q u e
deu f u n s t o s resultaJos prlas co:1ieiil3s qii: origi:ioii e in-
cessante s n h r e s ~ ato
l en trc os fiâbi tantítt;.

Gm facto vem acirrar mais os partidos pela transparencia


dus desjos.
Foi o caso de D. Miguel, tendo dado um passeio em caco
rinho puxado a mulas, entre Queluz e Caxias, estas se =espaak(
tassetn c,) n iis ;irla.n~çc'i t; e vozciria da populaça, de sorte
que o cai.i-c>voltou-su a D. Miguel sofreu a fractura da coxa
direita.
Ernlnra tiio f ' x ;e qravz o e s t a l o do enfermg, sobrevie-
rm-1112 a :t.jj:3s 6:bris e os rn6dicos assistentes puzeram-no
inco;n:iiiicav:l, o q u e fez incutir no povo, receio; fatais de
risco de vida.
Conheciain-se critHo pela expressão da cara, os a f e i ç ~ a d o s
o:i n!i ) r i o rec:i!ne, e dai os insuItos e altsrcaç3s e o apare-
cirnentí~d e pLip:is sub;jersivos, alguiis indicando até a chama-
d:i da r a i n h - m i e , D. 'larlota J o q u i n i , para tomar posse-do
Gover iio d o í<ei:lo, porpzt n. M.!g.wI,e R oitro tsr~.goenzrgi-
co, se nchn enfraqnrvido pela molestia e pelas mrtchlnagii~s
dos vis que o cercam !
A doença de D. Miquel deu azo a uins grande actividade
diplomática das duas facciks opostas, cada uma querendo
interessar na sua causa as pot61icias europeias no probleina
da sucess30, no caso d e se dar o falecimento de D. Miguel.
A ~ G a z l t ade Lisboa* apressou-se a publicir os boletim
sobre a marcha da doença e dentro em pouco anunciava r,
restabeIt.cirncnt'o do enfirrno, tendo dado beija mão.
Foi efujivam2nte felicitado pelo governador Montciro,
bispo D. Fraricisco, governador do i'orto Sznto, Câmara d z
Santa Cruz, etc., pela recuperaçao da sua saUJe.
Miiitos apostolicos iluminaram duraiitt rioites seguidas,
as suas residências, e deram-se conflitos nas ruzs, ficarido ape-
lidados os cartisias de rnrzbhados, em alusão à raça. dz; mulas
que puxavam o carrinho de D. A4iguel.

Ao retirar-se para bordo da frayata ~Alligator*,a gene-


ral Vaidez fez uina proclamação, explicando o seu procedi-
mento.
@faço-vos sciente que m e retiro d e entre mí;, recomen-
dando-vos todo o socego e moderação, e que imediatamente
a Carnara da cidade, os cornrnandatites dos corpos da 1." e 2?
linhn tiatein de buscar os ineios de conseguir q112 as tropas
invasoras entrem como amigos e respeitem vossas casa; e di-
reitos, pois que já atendes cumprido o que vos mandou,
quem vos tinha sido dado para vosso governador e capitáo
general*,
Foram baldados todos os esforços exercidos pelo vice-al-
mirante da esquadra e pelo governador miguelista para que o
comandante da fragatz «Alligator* entregasse os refugiados,
trocando-se correspondência irritante.
Por sua vez, o governador o Monteiro indispoz-se com
o comandante da expedição porque queria que as tropas lhe
ficassem subordinadas, o que era contra as !nstruções régias
recebidas por este, o qual lhe respondeu desabridamente, e
em oficio ao Ministro do Ultramar pede que o governador
Monteiro seja quanto antes rendido por um homem polifico e
milliar; êle é mais que incapaz e não oave senão umn infame
roda de individuos atrominaveis por seus vicios e maus costu-
mes. (*)
Com o consul inglês Veitch, também se indispôs, a
ponto de solicitar a sua transferência, dizendo que ele prote-
gia os constitucionais.
Este consul que era um hábil diplomata, escreveu-lhe
uma carta bastante interessante, para provar que não protegia
$6 constitucionais, mas todos os que carecessem de auxilio.
Não quiz dar a missiva a forma de oficio. Chama-lhe um
aviso e sem data. E' d o teor seguinte:

*Ainda que não dou credito aos boatos que se teem es-
palhado e muito confio nas activas providencias de V. Ex ",
contudo a demora dos navios esperados de Lisboa póde ter
influido, e em tempos tão vacilantes produzir desgostos, cu-
jas consequencias se não pode prever. Nestas circunstancias
tomo a liberdade de assegurar a V. Ex.* que, no caso de al-
gum daqueles lances tão frequentes na guerra, e ainda mais
nas crises politicas, V. Ex? pode ccntar com a fragata &Aili-
gator*, cujo comandante, prevenido por mim, se prestará a
todo o serviço pessoal que V. ExP ou sua familia possa d'elle
precisar, sem que eu m e dispense de offerecer da mirhha casa,
o que a V, Ex? possa ser util.

(*) Documentos para a Histbria das Cortes Gerais da Nação Portu-


Buesa, V.me 5.O qag 385.
Sensivet ás attenções e amisade com qu- V. Ex." me tem
tratado, peço a V." E.a receba este aviso, ao quzl não peço
resposta, mas q u e V. Ex? o repute n3io escripto, quando
d'elle não precise, como muito e sinceramente estimarei.

De V. Ex." attento venerador e servo


Henrique Ycitch
Ao Il.."" e Ex."' Sr. José Maria Monteiro.

O Bispo D. Francisco Rodrigues de Andrade que s achava


no Continente, julgando qiie o regime de D. Miguel estava
bem implantado nn Madeira e a ordem restabelecida, escre-
veu uma pastoral, datltcia de Lisboa, em 13 de Setembro, em
oposiçjo á que fora coagido a publicar no Funchal,em Junho,
cxort d o os diocesanoi a guardar obediência a D. Pedro IV
e D. Maria 11. Fôra rnandadâ jlí riscar pelo Cabido, a anterior,
em todos os livros das paroquias, e classificada de infame.
Quis o bispo envia-la para a sua diocese,mas ele proprio
a trouxe no seu regresso em O ~ ~ t u b r eo , distpibuida foi em
26, referendada pelo seu secretário, o berieficends António
Joaquim Gançalves de Andrade.

A linguagem agora é de humilhação e de louvor a Deus,


pelos benefícios concedidos aos defensores do regime de D.
Migrrel, quando já havia pedido o mesmo, para os defensores
de D. Pedro I V !
Alguns trechos, apenas para s e fazer uma ideia da mudan-
ça operada: Graças infinitas sejam dadas ao Deus de immen-
sa bondade, que assim como foi servido que fossemos humi-
lhados pelas tribulações, tarnbem nos confortou no meio dos
nossos trabalhos e não permitiu que por muito tempo sentis-
semos os justos castigos da sua ira; e hoje, que a nação por-
tuguesa gosa do maior bem na posse do seu arnado rei, o
senhor D. Miguel, dêmos-lhe repetidas graças c seja maior o
nosso reconhecimento por dignar-se ouvir os nossos fervo-
rosos votos e dar-nos um rei segundo o seu coraçc?~;e le-
vantando as mãos ao Ceu, digamos conio o recoiihecido Za-
carias «Bemdito seja o Senhor Detis de Israel que ;iciiou com
aiserichrdia para o seu povo e o libertou do Captiveiros

Amados filhos, ouvi a nossa voz que livremente vae soar


nos vossos ouvidos e atendei aos sentimentos do nosso cora-
qáo tão indignamente suffocados por um partido rebelde,
que ate levou o arrojo a que vos fallassemos como elle que-
ria e já que o Senhor se compadeceu de nossos males, de-
mos-lhe infinitas graças, por um tão assignalado beneficio da
sua mão omnipotente.
Conseguistes já o rei que desejáveis; cumpre agera sus-
tentar o seu trono com o vosso sangue e a vossa fidelidade;
façamos de nossos peitos um muro de bronze em sua defesa
e seja o nosso timbre morrer pelo nosso rei e acabar-se pri-
meiro o nome portuguez do que elle soffrer perigo dos seus
inimigos. Assim mostrareis que sois verdadeiros christãos e
vassallos fieis.
E para que alcancemos do Sezhor a efusão das suas gra-
ças sobre a augusta pessoa de nosso soberano, determina-
mos que, assim em a nossa cathedral, como em todas as pa-
rochias e igrejas dos conventos da nossa diocese, se façam
preces publicas por três dias, as quaes começarão no primei-
ro domingo depois daquele em que for lida esta nossa pas-
toral.
e . . . . . . . . . . . . S . . f

O governador mandou licenciar os milicianos por falta


de canfiança neles, mas dá outra razão explicativa:
*A medida mais salutar que se me offerece nas actuais cir-
cunstancias é dar na presente estação mais braços aos tra-
balhos da agricultura e é por este motivo que ordeno que os
trez corpos de milícias d'esta ilha sejam plenamet~telicencia-
dos, até segunda ordem, devendo ter principio a primeira
reunião em 4 de Janeiro do anno proximo futuro de 1829;
ordeno igualmente a todos os srs. comandantes dos referidos
corpos, q u e mandem fazer entrega ao real trem, de todo o
armamento, correames, polvora, e mais petrechos da real fa-
zenda, a cargo dos quais fica a sua eonservação~.
Esta resolução do governador rniguelista, relativa ao li-
cenceamento das milícias, já a havia também tomado a seu
antecessor Valdez, (como ficou exposto a pag. 10 desta me-
mdria).
O desembargador MacieI hion teiro, presidente da alçada,
só iniciou os seus trabalhos no fim de Agosto, pelos motivos
seguintes q u e expôs ao ministro da justiça, salientando:
«a falta de conhecimento de caracter e sentimentos das
pessoas, me poz em cuidado por não saber em quem confias-
se, sem receio de ser enganado; ocrescia a isto haver ficado
na cidade s6 uma pequena parte da tropa, por que a maior
parte se havia dispersado pelas montanhas e os chefes da re-
belião tendo-se acoutado a uma corveta de guerra inglesa,
que sucpeito ter vindo a esse fim, se demoraram a bordo,
aonde existem até hoje (3 de Setembro), com o maior escan-
dalo, pareceildo assirn ameaçar a renovação dos males, espe-
rariçados na chegada dosrevolucionarios do Porto, segundo
constax.
Participa maib, que vai proceder ao sequestre dos bens
dos principais cumpiices e fugidos, não sabet~dobem como
isto se deve arrumar para dar entrada no Erário ou Junta da
Fazenda.
Referindo-se ao Coronel João Carvalhal, diz ser ele pos-
suidor de grande quantidade de vinhos e aguardentes, pedin-
do para ser a Junta autorizada a fazer as despezas necessirias
para a sua c o n s e r ~ a ç ~ o .
Quere tambem saber quais os vencimentos que lhe com-
petem, pois na Madeira corre o dinheiro em moeda fraca e
o valor em Lisboa é mais 25 U/,. Precisa portanto instruções
sobre as dúvidas que se Ihe apresentam.

Pela faculdade que cada qual tinha de denunciar quem


não era affecto a I). Miguel, encheram-se rapidamente as pri-
sões e além da cadeia civil e aljube, permaneciam os incri-
minados nas fortalesas d o Pico, S. 'Tiago e llheu, na fragata
aD, P e d r o ~e corveta 'Princesa Real*.

A fragata inglesa ~Alligator* depois de ter por quinze


dias refugiados a seu bordo, sendo intimada a deixar o porto
d o Funchal, não o fez e comunicou que o seugoverno fretara
o brigue ~ J a n ecomandado
~ por um oficial da Marinha de
Guerra, para os conduzir a Inglaterra.
Chegou, depois, a Saint-Ives, a 19 de Setembro, com 13
dias de viagem.
Nela seguiram :
-José Leio Travassos Vallez, ex-governador e Esposa, 5
filhos e duas criadas.
-Os oficiais que tinham sido enviados pelo marquds de
Palmela, de Inglaterra, para reforço da. guarriiçâo da
Madeira,
e ainda mais:
--Tenente-Coronel Fellpe Joaquim Aciaioli.
-Major Luiz Sodinho Valdez
-Cap tão João Carlos Fernandes
-Juiz de fóra Manuel Seabra da Mota e Silva.
-Coronel, Francisco Manuel Patrone.
-Sargento m6r, Francisco Moniz Escorcio.
-Capitão, João de Bettenc~urtFreitas.
-Tenente, António Gonçalves de Carvalho.
-Luiz Saumire. Luiz Monteiro e Luiz Alexandre da SiI-
va, voluntários de D. Pedro IV.
-António Januario Moderno, juiz ordinário.
-Januário Vicente Camacho, deão da Sé do Funchal.
-Sebastião Casimiro de Vasconcelos, magistral da 56.
-Frei António das Dores, provincial dos franciscancra.

Na alçada da Madeira, foram pronunciados 220 ii~divi-


duos, dos quais seguiram 77 presos para Lisboa.
Entre o clero houve grande número que se manifestou pelo
partido de D,Pedro, cujos nomes vão extraídos duma rela-
ção geral dos implicados, organizada pelo desembargador,
escrivão da alçada, o que mostra não ser todo o elemento
ecttesíastico favorável a o absolutismo, a saber :
Fr. António*de Ave Maria, franciscano
Fr. António das Doees, franciscano
P." António Joaquim Jardim, vigário d e Machico
P." António Joaquim de Oliveira, cura do Campanário
P." António Joaquim Rodrigues, cura de S. Iioque
Cónego António José Fernandes
P.e Caetano Alberto de Barros, coadjutor do Esfr~itode
Câmara de Lobos
P." Caetano A!berto Soares, vigário geral
P." Dio,:o de Mesquita, capelão da Sé
P." Feiisberto de Gouveia, vice-vigário da Ribeira-Brava.
P." Florencio Januario Te10 de Menezes, vice vigário da
Cal ii e ta
I?" Francisco António de Sá, vigário do Porto da Cruz
P." Fi.anci,sco J>lácidoda Silva Nunes, capeláo da Sé
P.e Gregorio Nazianzeno Medina
P." Guiihrrtne José Nunes, capelão da Sé
Cóncgo J;tnil;irio Vicente Camacho, deão da Sé
P.' Jeroniriio Alves da Silva Paulino, vigário de Santana
P.' Jo2s Henriqines Moniz, promotor eclesiástico
i'.' Jo5c9 Al:;:iuel d a Silva Branco, vigário de S. Jorge
P.' José A n i i i n i o Fernandes, vice vigário de St? Cruz
.
i'.' José I'er~;.iitl:c.s d e Andrade, vigário do Eitreito de
C h i a r a d c 1-oilos
P.Q Luiz Frn i;cizci~de h e i t a s , vigário do Arco de S. Jorge
I)." Manuei Joaquirii de CarvaIllo, vigário de Boa Ventura
P." ~VariuelJoaqiiiin de Sotlsa Gouveia, cura de Machico
i:',' Marcelino João da Silva, cura de S. Jorge
P." Paulo 1-ienriyues Cunha, cura do Porto da Cruz
P." Rufino Soares Pereira, capelão da Sé
Cónego Sebastião ( i s i m i r o Medino, magistral
Frei Silvério da Esperança, guhrdiáo de S. Francisco.
P." Sirníio de Oliveira
P." Tomsz ce Aguiar, vigário de Câmara de Cilmata de
Lobos
Cónego Tomás Tolelitino da Silva
P." Vicente Neri da Silva, vice vigário de S. Oonçaio
P." Vicente Severiano de Bettencourt, capelão do Socorro
O emissário que o general Valdez havia enviado ao Por-
to, quando da Junta constitucional ali estabelecida, comuni-
cando-lhe a adesão da Madeira fpag. 20) só chegou aquela
cidade a 13 de Julho. Estando já ali reconhecida o governo
de D. Miguei, foi logo preso o Dr. José Martiniano de Fon-
seca, a quem foi apreendida toda a correspondencia de que
era portador.
Sofreu a masmorra durante dez meses. Julgado em 9 de
Abril de 1829, foi condenado a morte e executado na Praça
Nova, em 9 d e Maio. A sua cabeça esteve exposta três dias
erri S. João da Foz.
Um outro madeirense, o Dr. José Ferreira Pestana
foi também condenado pelo mesmo tribunal e na mesma
data, pelo crimz de rebelião. Tomara capêlo em matemática
na Universidade de Coimbra, e afecto ás ideias liberais entrou
para o Corpo Académico com o posto de tenente.
Deveu á dedicaçáo de sua consternada esposa, D.
Maria Lecor, não ter sido executado, pois esta se-
nhora prostrando-se aos pés da infanta D. Maria da Assun-
ção, lhe implorou obtivesse misericórdia para seu marido e
esta conseguiu dos juizes da alçada a comutaç3o da pena de
morte, em degredo perpétuo para Angola.
São muitos os madeirenses que figuram na história das
lutas desta época trágica, uns, do lado de D. Pedro, outros,
partidários do absolutismo, divididos por vezes, os membros
duma fzmilia, como em oposição estavarn os dois irmãos,
causa primordial desta intensa contenda.
D. Pedro enviara sua filha á Europa para completar a sua
educação na corte de Viena de Austria, mas ao chegar a Gi-
braltar, o marquês de Barbacena que a acompanhava, tendo
conliecimento da conduta em Portugal do regente D. Miguel,
tomou a resolução de se dirigir a Inglaterra, onde a jovem
rainha encontraria mais afecto e liberdade. Dando-se porém
a subida ao poder do partido fory sob a presidência de Iord
U'ellington, perderam os liberais o spoio que contavam no
anterior ministério.
A fragata brasileira imperatriz^, comandada pelo vice-
-almirante, visconde de Souzel, entrou no porto d e Falrnouth
ao troar dos canhões das fortalezas, a 24 de Setembro de
1828, tendo deixado o Rio de Janeiro a 5 de Julho. Trazia á
vista o estandarte real, anunciador da alta personagm. EI-rei
da Inglaterra mandou-a cumprimentar por dois gen tishomens
da Real Câmara.
A Senhora D. Maria I1 cliegsu a Londres a 6 de Outubro,
tendo, ficado dois dias a bordo, para dar tempo ao marquês
de Barbacena de se avistar com os ministros britânicos e
cuidar do alojamento.
A 1%de Outubro, aniversário natalicio de D. Pedro IV,
realizou-se um Te Deum na capela da embaixada portuguesa
em Lnodres, com a assistência dos fieis subditos portugueses
e brasiieiros, residentes, que pies4aram homenagem á jovem
rainha, devendo ser contudo esta, como a data histbrica do ini-
cio do seu reinado.
S L Imajestade
~ britânica que esteve por afgum tempo dgen-
te, marcou o dia 32 de Dezembro para receber a reinha de Por-
tugal no palácio de Wíndsor. pLra isso preparado.
(<AotOpo da escadaria achava-se o soberano inglês e toda
a f<~tnilia real e os ministros convocados para a assistência.
«Durante o jantar, bebeu o rei ii saúde de sua magestade
fidelissitna, sua fiel aliada, a rainha de Portugal; e sua magesta-
de fidelissinia, bebendo i saúde de el-rei, disse que n i o era só
ali, mas seitipre, desde que estava no reino de sua magestade
britilnica, era o brinde que todos os dias fazia, e sempre o pri-
meiro.»
No Rio de Jxieiro, lord Stranford, ministro plenil:jotenciário,
abordava a q!:eçtlio de LI:^ acbrdo entre I). Pedro e D. Miguel,
mas niío foi toin~ti:?em considerdçáh) a sua proposta.
O governo ingl2s observava, depois, não poder consentir
que os refugia:ios portiigueses S. conservassem em Plymouth,
e indicava os locais para a sua dispersão, e fixmdo o número
de homens que poderia por 16 Eicar.
Em consaquência desta resoIii~Zo,o marques d e Piilmela
tratou de fretar alguns trans;iortes afim d e condcizir os einigran-
tes portugiieses ao Brasil, se não pudesse o desembarque ser
efectuado noutro lugar, como desejavam.
Para a Terceira, não os deixava seguir o governo inglês,
porque classifícciva ser isso unia rutura de neutralidade, estabe-
lecendo portanta intencionalmente, naqueles mares, uin cruzeira
coíbitivo de qualquer aproximação.
Saldanha, a frente de uma expedição, tentou desembarcar
na Terceira, mas lhe foi obstado o intento pela esqura inglesa.
O conde de Vila Flor teve melhor sucesso, pois canseguiu
desembarcar reforços, quando os navios ingleses se afastaram
no encalço a expedição do Saldanha.
Em Agosto de 1829 uma esquadra d e 20 nzvios e 3.000
homens enviada por D. Miguel, tenta dominar a Terceira e a
11 desse més fere-se a batalha no mat e ein terra, no litoral
da Vila da Praia, acção desastrosa para os absolu"tstas que não
tinham barcos suficientes para o embarque e desetnbarque e se
viram esmagados dz encontro as escabrosas e verticais escar-
pas da penedia da costa.
Exultararn os partidàrios de D. Pedro em qiialquer ponto
onde se achavam e os emigrados da Inglaterra encheram-se de
esperança de vir entrar em combate dentro de pouco tempo.
Os acontecimentos da Terceira, influiram tambbm nos conss-
titucionais da Madeira na sua resistencia passiva. criando difi-
culdades ao regime absoluto.
A rainha D. Maria 11, porém, não se sentindo A vontade,
num meio politico repressivo, como o de Inglaterra, em que
lord 'A'ellington continuava a dominar, tratou do seu regresso
ao Brasil, o que descontentou muito os refugiados politicos.
No Rio de Jaseiro, D. Pedro era acusado de despresar os
assuntos respeitantes ao império, para só prestar atenção aos
de Portugal, por isso lhe criaram uma posição um tanto me-
lindrosa,
Abdica então o império do Brasil em seu filho menor D.
Pedro 11, ri 7 de Julho de 1831, e parte pare a Europa com sua
segunda esposa e 1). Maria da Glória, tomando para si apenas
o titulo de duqne de Bragança.
Passando depois à França, onde conta agora com a simpa-
tia do governo de Luis Felipe, consegue preparar uma expedi-
ção com destino aos Açores, juntando os seus partídarios ern
Belle Isle, na Bretanha, em Fevereiro de 1832, fazendo-se a
vela no dia 23.
Toma conta da Regencia da Terceira e organiza a adminis-
tração, distribuida em ministérios, ficando o conde de Vila Flor
comandante das forças de terra e o vice almirante Sertorius
com as forças do mar.
Angra ficou sendo a capital da monarquia portuguesa
constitucional, que já abrangia todas as ilhas dos Açores.
A Regência projectou um ataque à Madeira, ein que o
próprio D. Pedro estava resolvido a comandar,mas foi dissuadi-
do, pela maioria de opinião d3 conselho convocado.
N3 zntanto, a ideia da ocupação ficou de pé e transpirou
dando azo E, que de Portugal viessem reforçgs e houvesse tem-
po para aumentar a defesa na Madeira.
Os constitucionais de tudo careciam e faltava lhes o di-
nheiro que e a mola real e apoio sonante das revoluçóes.
O duque de Bragança conseguiu transformar e armar uns
navios que constituiram os vasos de guer-a de Sertorius, in-
cumbido de se assenhorear das ilhas da Madeira.
Compunha-se essa divisão naval da fragata «D.Maria II*,
brigue &onde de Viia Flor» e escuna =Terceira*.
Foi esta ultitn3. que apareceu no Porto Santo a 8 da Abril
de 1832, e ein terra foi logo arriada a bandeira realista, no forte
de S, José, para evitar complicações.

O comandante do brigue fez um oficio, no dia seguinte ao


governador local, Francisco Antónío de Alencastre, pedindo-lhe
para declarar que na véspera havia abatido ja a bandeira mi-
guelista e lha mandasse,
Então. desembarcou nesse dia, de bordo do navio chefe,
Luiz tia Silva Mousinho d e Albuquerque, que vinha para go-
vernador da Madcíra, e o capitão Bento Josk de Oliveira que to-
mou posse d o governo da Ilha do Porto Santo, ein nome de
D. Mar!a 11, sendo ~ s t aaclamada com regosijo, e lidos o ma-
nifesto do duque de Bragança e a Gazeta, narrando os acon-
tecimentos da Ilha Terceira.
O novo governador, Oliveira, no seu discurso, declarou que
eram respeitada as pessoas e propriedades, e as requisições,
tanto para a tropa que vinha guarnecer a ilha, como para GS
navios estabelecendo o bloqueio da Madeira, seriam integral.
mente pagas.
Em nome do Governo da Regência mandou valorizar a moe-
da corrente, passando o cruzado novo a valer 600 rs; a pataca
espanhola 1.175 rs; a peça de curo, 10.000 rs.
Entrou e m circulação no Porto Santo uma moeda que fdra
cunhada pela Junta Provisória da Ilha Terceira, em Maio
de 1829.
Esta moeda era de bronze e obtida pela fundicão dos si-
nos dos conventos, tal o apuro ern que s e achava D. Pedro nos
Açores, escasseando-lhe os recursos que esperava de In-
glaterra.
Na cidade de Angra, havia sido improvisada uma fundi-
çâo. Esta Casa da Moeda não tinha por utetisilios mais que um
tosco caixão de madeira, cheio de areia fina, húmida e batida,
na qual se moldava a nova moeda de bronze, e sobre estes
moldes se vazava depois o metal fundido e limava-se em volta
no contorno, para as aperfeiçoar. A estas moedas chamava-
-lhes o vulgo-rnniucos e veem descritos-MALUCOS- moeda
obsidional d e bronze fundido, valor 100 reis, peso aproximado
6 oitavos e 13 grãos.
MARIA I1 D. G. PORT. ET ALG. REGINA- E S C U ~das
O ari11aS do
reino.
No verso :
ILHA TERCEIRA UTILITATI PUBLICAE 1829. AO CWllpO dois ra-
mos, tendo ao centro -80.
Em oficio à Câmara do Porto Santo é pedida a relação dos
carros, cavalgaduras, barcos e seus cioi~os,e determinado y ue se
não pague mais o dízimo do pescado ou qualquer imposto no
ramo de pescaria.
A Câmara reuniu em 13 de Abril, para fazer entrega do
dinheiro que tinha em caixa, conforme lhe foi determinado e
mandar cobrar as dívidas em atrazo.
Em vista da pequena produção do vinho na colheita tran-
sacta, a Câtnara fez dê!e requisição para a tropa.

No dia 14 de Abril iniciou-se o alistamento para a Guarda


Nacional de Defesa do Porto Santo e um edita1 avisltva que
nunca seriam obrigados os habitantes a saír da sua terrd e táo
sbrnente a defenderem-na de qualquer ataque estranho, para
corzsolidar o socego publico,
Uina outra organização, porém, tinha um ideal mais ale-
vantado e destinava-se a vir reforçar a guarnição da Terceira
a acudir aonde carecesse a defesa da Constituiçáo e da Pátria,
e denominava-se Companhia de Volrtntn'rios cio Porto Snnto.
A esta Companhia acudiram muitos patriotas da Mddeira,
que em barco se fizeram transportar a ilha visinha, sendo rece-
bidos com entusiasmo.
Era permitido as tropas da 2." linha transitarem para as no-
vas cumpanhias em formação.

A noticia de que no Porto Santo s e organizavam forças


para seguir para os Açores e dali para Portugal, como volun-
tários da Rainha,desoertou um vivo interesse entre as senhod
ras das familias constitucionais da Macieira, que conibinaram
secundar esse esfdrço, com o auxilio que melhor se efetivasse
e enviaram para o chefe militar, Mousinlio de A!buquerque,
roupas, pano e comestíveis que lii chegaram satisfatóriamente
e foram muito apreciados.
Os s i i v i c o s d e organizição iiiilitar e defesa do Porto San-
to ernin co::~jiivados pelo inadeiretise António Aluisio Jervis
d e .\toiii:i;i i . niiareiitzdo com muitas das senhoras da cornis-
sZo ct;s a!~:<iii\) i s forcas c o ~ ~ s t i t u c i o i ~ ~ i s .
N!iiils c L;-;:I n i i i i ~ r t delas, s u l prima fidalga, recomenda-
-1;it- o i!::iios CL~~C!,IJO em iião se expor à persequição do go-
v c r i ~ a ~ i oIi: I-~ ;ueiist:i, ficarido impedida da sua elevada missão.

Sr 6 p~?~:riifillo n ur7t Izorncrn dirigi?-se a uma se-


nhordn ( ~ N L ' í1!?(7 ft?i>?(z / ? ~ j i ~ . c ?&
i coezhzcer pessoalmente,
dI>c;rr:l;7;-;:;;7I.. P k " cr lihcrcr'nir'L~qnc tomo para nsse-
.
.crilvny I! V.a c 2 s s!lns C S : ~ ~ : Z : L V Lani~as, ~~S do meu YCS-
l~tYii;c r7oil~i{t~*r~rZr,> e ~ l q i ) ~ u / ; t~OI Z Cnüo é poçsivel fa-
zc-lo pessdal!i.rz~zIe,o QI~L GS;ICTU serli breve.

Hoje recebi a c a ~ t nde V. E x a e a @ria qtre


17. E + Y . ' emnis ' ~ seezlzoras remetem pízra a Cornparzhia
dc Vulrlnihiios q::c aqui o ~ ~ ~ ~ z n i z d m ~ ~ s ,
S:tn Ex." o SI/:.. P/lot,rsir;lzonre j~eifeque crn se0 no-
me c íl'z pntVfe 17'5s i*itercssadm aq~zdí:,rna V. Ex ""
csQe obscgrlio ffrtc foi r;ill~!todc valor pela rnuiin tze-
' I ~ ~ lzavlc(l C10 ! I ~ I ? C I .
C L ' S S ~ ~ ' L qr:e
P\)eccbi i g ~ rl:;zzi.~Cc
z rr fzl cnixafa com doce, que eu e
as iríeus C C ~ ~ ~ ~ I ~ - ; f~: ~~ Z: [: l IhSaL~ra&cexos a V. Ex.~'.
Asseguro a V. Ex.""ue com toda a considet acão
e respeito SOU

Muito obg.* ctiado

Porto Santo, 17 de Maio de 1832, (*)

A situação especial da Ilha do Porto Santo fez com que


tivesse aceitado as mudanças politicas sucessivas, que Ihc im-
puzeram, e em verdzdc, isolada e abordável, sem elementos
de defeza eficaz, e com falta de mantimentos, o que havia d e
fazer, senão submeter-se aos capriclios da imposição, umas
vezes dum partido e logo do contrário, e este em vencido,
voltado outra vez em vencedor, nesse meio restrito, ficava
sugeita aos vaivens da sorte.

Triste período duma luta de irmãos, malquistando tantos


parentes, por um capricho de predomínio que acendeu ódios
e armou braços, batendo-se por um ideal tão diferentemente
interpretado, em que se acumulavam as r a ~ õ e sde utn e outro
lado, conforme a paixão as ditava,
Aquela boa gente d o Porto Santo, tão tranquila, estava
acostumada na sua longa praia a vêr a maré subir e descer e
a onda espreguiçar-se com mais ou menos itnpeto sobre a
areia, alizando-a sempre sem covas traiçoeirac, aplanando o
grão minúsculo e movediço, deixando-se levar de arrasto ou
na escuma do quebra-mar, em volteio, para onde o quizessem
pousar em mell~oracondicionameuto.
Na conformidade desta filosofia simples, assim procedeu
o portosantense, durante todo o tempo em que os partidos
se assenhorearam da sua terra, conformando-se com as m a t ~ i -
festações do regosijo oficial que era necessário apresentar,
imperiosamente,

(*) Artigo ~Voluntariosdo Porto Santo, do «DiBrio de ~ o t i c i a s , d o


FunchaI de 15-10-922, da autoria de Alberto Xrtur.
E' dic!ia de consideração esta quadra local, pois ali se
fizernin viriss czclainações e se lavrarm outras tantas actas
pacificas, eini~ornriscando-se e tornando-se a riscar os livros
oficizis, r;ini por baixo dessa tinta negra ou pardaça, na
aguada d e ferro capa-rosa e noz de galha, se pode adivinhar
por trniispor~ricin o registo do tempo, no pêndulo da indife-
rença, cniborn urna força de ocasião o obrigue a balouçar.
O bloqueio estabelecido 3 Madeira pelas f6rças navais da
RèhE~icia foi t_ii.dio e ineficaz, por haver já sido reforçada a
giinrniç5o d o ['lincha1 com tropas vindas do Continente; in-
considcr:ido c. sem scqiiérlcia, por que não tendo resposta os
avisos e !-rc~cl~~~;;:;çt-j~s
criviados para terra,limítou-se a dar caça
a peque ri:^^ eiiib:~rcac;Grs iio alto mar, a hostilizar os barcos
dos pcscadoi-cs, liso se nfmitatido a nanhurna empresa de im-
porthcia.

O vice-;tln~ir-anteSertorio teve coi~hecirnentopela fraga-


ta inglesa <c-Tlis B r i t o ~ is:.tída
~ do Fui~chaIe que acompanhara
os constitiicionais, que seria urna boa presa o brigue 18 de
Maio)) ancorado n o porto, il-ias esta embarcação poude esca-
par-se, de noite, scin yualquer incotnodo.
Tinlia o governo miguelista nestes mares a corveta K y b e -
le» de boa atidadura, q u e sempre se escapou à perseguição.
A baía do Porto Santo niio s e ~ d oabrigo seguro, o vice
almirai~te Scrtório fez-se aos Açores no brigue «Conde de
Vila Flor», propondo iima nova expedição que desembarcaria
duas colunas iia costa norle da Madeira, para vir sobre o
Funchal, mas esse plano foi regéitsdo, reciosa a Regência,
justamente d o contrái-io, isto é, que da Madeira partissem
forças para acoineter a Terczira.
Forani conduzidos ao Porto Santo, pelo bloqueio, alguns
navios mercantes, obrigados a descarregar na praia e a ven-
der os n~atiiime:itos,apresados os navios escuna &Monte do
Carino e Almas» e iate «Aurora Brilhante)). Com o produto
da venda dl;s cargas, foram pagas as requisições locais que
até afi 11aviain sido feitas.
Postas as coisas em ordein, concentradas as forças navsis
na Baía do i30rto Sacito, rccoliiido o destacamente de artilha-
ria que tinha vindo com a c x ~ ~ e d i ç ãeo form2da
, a Coml,anliia
de Voluntários, clian~ada da Rnln11a rio total de 104 prat;:is.
tudo se preparava para uma retii-3d;i estrattkica.
Veiu ordem do D u ~ cíe u B~ i - n z ~ n q ai3210 bzrco a v n p i r
d<Surprise» para ser lei~aiit.idodefini tivatnente o bloqueio rí
Madeira e se reunissein todas as fGrç;ii na Terceira, I.,~'1r:1 a
fortnação de um exército expcdicioriiric~cluc ter1tnsse a sos te
no Continente, aproveitatido o dc.;coiitetitam~iitoi;in!~ifesracio
pelas últimas opress6es e so!~i-ecnrqsde i~npostose periln do
apoio que o regime ab.;o!uto :;osasa do3 govPrnos d e Itig!;~-
terra e França.
Tinha a Regência da Terceira navios assalariado^ uue
nestes mares faziam a pegueizn ,olerra para diiicuitar as
acções contrárias. Entre estes, é digno de iiiençrio a b2rca i n -
glesa «Iiuntley* que entrou ~ i oporto do I"unclial, apreseri-
tando papeis legais procedente d e Londres, iriforinaritio vir
tomar carga para o Cabo da Boa Esperança. A o deixar o
porto mostrou estar armada e m querra e rn:ido~ia batideira
inglesa pela azul e branca con~titucionnl,e pnssa~idoa cha-
mar-se barca «hladeira~.
Chegada ao 130rto Santo, q u i z assitlalrir a sua acçiio, em-
bora em serviço secundário, mas para ficar registzdo se lê
no Livro das Vereações de lSS2 a f.' 4 :

There are to c ~ v t i f ytlzat tlzis Island a,rrai/t sur-


rendered to their lcgittimute sovereip Donnn Maria
Segzznda and siptz.ted ihis rzsig-/zntion to Capt. Van-
derburg of Her Most Fuitlzful Mízgestj Ship - the

(*) E' muito extraordinário este lançamento em inglês, no Livro das


actas das Vereaqões na Câi~iara, com a assinatura do cornalidantc da
barca mercenária e do coiisul inglfis.
O CLipit;lo General I). Alvaro da Costa de Sousa Macedo,
Govcrtiacior da Madeira em substituição de Jose Maria Mon-
teiro, tendo conhecimento da retirada do Porto Santo pelas
forciis da Ekg?ncin, e da aIternativa que s e dava, na ocupação
da ilha, :i incrcê de qualquer embarcação armada enviou ali
tima correiqiio, coinposta do juiz Freire, inspector major Roque,
ajiidaiite de ordens Andsade, tenente. de engenharia Sousa Pe-
g l i d ~ , e iirn clestac~i~i~ento de 30 praças sob o comando do
alferes A z P v ~ ~conduzido
~o, pelo iate aBonfirn».
Em 29, dia de S. Pedro, foi novairiente aclamado D. Mi--
guel, na Ilha do Porto hanto, e na Câmara se lavrou mais uma
acta nevse s c ~ t i d o .
TodLis ;i5 i ~ ~ ~ ~ I u t :e&assuntos
s referentes à administração
da Regêriçi,~fl>r:i.rr c~~ihiderados ilulos, voltaildo a moeda a ter
O seu anterior v c i i o ~ .
Qricrn estivc-s:,c (!c p , ~ s ede mn!zicos, a moeda de bronze
da Terceir,i, devia ii;iecii<ot:i!~ieiiteentregá-la a autoridade, s o b
pena de i n c ~ r r e ina pcii(ilid,l~lt: da Lei q ~ i e ia sei ficava de pas-
sador de moeda faisll q u e m as possuisse.
Recolheu-se assiin, lt)0$09~3reis dessa moeda, que foi tro-
cada pela corrente no ie!71po cie D. ,"liguei.
O relatório da correiq5.o coiicjrii:l dizendo que <as pessoas
q u e se excederam, prest:iram ajada, conselho e favor» aos
constitucionais, e 35 que eram dessfectas a D. Miguel, tinham
seguirio coni as forcas que ali estiveram.
No final, relata «que os habitantes sZo decididamente do
partido do legitiino e p a t c r ~ i a lgovêrno.
Isto assim, é o qire se chama u n ~relatório bcm feito, a
contenio dos cioiç partidos.
Num ponto estavam de acordo os antagonistas, segundo
dizia o vigc'rrio de então, q u e éra: mandar celebrar um Te
Derztn, se:iipre o mcsmù, coin a niesma rnusica, mas por uma
causa diferente.

Qnalquer g0~Cri13 pode ser forte na sua casa, ei~quanto


iiáo lhe surgelnc oinplicações de política exteriia e nZo o aniqui-
lem as crises económicas e financeiras.
O regime da violencia teve a s u a época, pelo terror que
infundiu, po;k:n os sixceçsivos desacatos cometidos nem scin-
prc piidera!~~ter uma apregoada justificação, tais os despotis-
mos dos mandatarios e representantes do poder.
Na Madeira, D. Alvaro, preocupava-se com a fortificaçzo
da ilha e incumbiu o engenheiro militar Souza Pegado, de or-
ganizar a defesa exterior da cieade eni três linhas envolventes
e de apoio.
A primeira linha seria apoiada por dois fortes nos extre-
.mos: um na Ribeira do Porto Novo, e outro na Ribeira dos
Socorridos.
A segunda linha, fazendo um 3emicirculo na distancia de
3/4 de légua, seria estabelecida por 14 redutos, alem de
fortes intrincheiramentos, construidos para ligarem entre si al-
guns dos mesmos redutos, e para melhot os sustentar.
A terceira linha, teria o ponto d e apoio na fortaleza de S.
João do Pico, a qual aumentaria de força com a nova fortifica-
ção feita no Pico de S. João a oeste da dita fortaieza, ficando
com esta obra cortada a passagem das estradas que por aquele
lado entram na cidade, e desta maneira se preveniu o ataqiie
pelo ínterior, achando-se ao mesmo tempo reparados e aumen-
tadas as forfalezas que formam a cortina e batem a enseada
deste ancoradouro, sendo igualmente fechada a muralha em
frente do mar.
O projecto da defesa compreendia tatnbém o fabrico de
foguetes incendiários, lançados as einbarcações.
D. Alvaro modificou a companhia de voluiitarios urbanos,
com ampliações de policiamento à cidade, enviando muitos
vagabundos para Africa, e expulsou cinco estrangeiros julgados
prejudiciais ao regime absoluto.
Aos mais acirrados partidarios de I). Miguel era-lhes con-
cedida a medalha da Real Effigie e alguris até a requereram
para ser usada pelas suas esposas e filhas, havendo tainbém
uma medalha corn a efigie de D. Carlota Joaqiiina.
No Teatro Grande do Funchal eram frequentes as desor-
dens, sendo necessária a intervenqão da tropa, e tão frcqtien-
temente provocadas, que r2dundavam na interrupqão dos es-
pectáculos e imensas prisões,
O governador, não achando meio para coibir as manifes-
taç6es disfarçadas, mas intencionais, levou-se de desespero e
mandou demolir o teatro.
Foi uma verdadeira prepotencia que nada remcdeou e des-
contentou mesrnc alguns dos seus partidários.
Aprcxinava-se o rnome~itopróprio para o triunfo da causa
liberal. Havi~. um soinatório d e vontades tendentes ao mesmo
fim, tnntd mais que a politica europeia evolucionava para sacu-
dir a opressr?~.
A Regeilcia i ~ r t Terceira trabalhava afincadamente e d e
coraq5o.

A forcri maritima de D, Pedro consistia em 2 fragatas, 2


corvetas, 3 I~rigiies, 1 barco a vapor e 75 embarcações d e
transpor te, com u guarniçáo d e 2400 marinhniros portugueses
e inglesec.
O esércif~)de terra somava 8.129 homens, dos quais, 7.500
e que esti?vrirn c;ri~i:rdos.
i ~ ! ~ as forças de D. Miguel.
Era pouco, ~ . c > t : ~ : ~ : i r icuin
O duqiie de Bragrir;(;!t aciidia a tudo e o seu fito era pizar
o sYlo dc Portiiga! p;:rc; itpol;ir u alnvanca onde, decerto, se lhe
uni1iam os ci~nstitt:cYion;iis aii-icia acobt-rlados.
No dia 8 de Julqo tde 1832, dese!ubarca na praia do hlin-
de10 no Iilgar onde hoje se clicirna Fiaia da Memória, não longe
da p o v o a m , com sete rnil e qriirt!~cntoshomens, os históricos
úruvns do A/li/zdelo t" rio dia seguinte, entra na cidade do Porto
antepondo-se-lhe algilincts d e c e p ~ 0 v se obstáculos, resguardan-
do-sa porbm, coa1 ornas d e fortificac;iío improvisada que sofre-
rairi intenso bonib~srdetcimen to.
Tenda-se dado dessidências entre os liberais, D. Pedro to-
mou o coxiairdo d a s tropas, c h a i ~ ~ a n dpara o o seu serviço o
general fraricis Çolignlic, das carnpmhas d e Napoleão, a quem
deu o posto de rnarec;hal. Orgaiiisou novos batalhões e o mar-
ques d e P~ilrnelavai a I~iglaterrapara obter fundos, o que con-
segriiii COM a i t o .
A 29, dia do arcanjo S ,hvlig-uel, promoveram os realistas
um grande ataque a cidade do Porto. mas foi repelido com
grandes perdas e evacuada Vila Nova.
O duque de Bragança luta cr)m mais dificuldades, ate a
colera afligiu a tropa, rnas com sua presença anima os defen-
sores e os doentes.
O vice almirante Sertorio força u esquadra miguelist~a
retirar para Lisboa.
A s tcrcris navais de D. Pedro passam a ser con-]andadas
pelo cepitiío inglês Napieri tornando o nome de Curlos Ponza
e o posto de vice-almirante, aprisiona a esquadra miguelista
perto do Cabo de S. Vicente.
O duque da Terceira virido pelo Algarve, atravez do Alen-
tejo, vencido e niorto Teles Jorduo, na outra Banda de Lisboa,
em Alinada, entra na capital e aclama D. Maria I1 e a Carta
constitucional.
D. hlig?iel levanta o cerco do Porto e D. Pedro entra e m
Lisboa, coin os seus rriii~istros.
A Inglaterra reconhece D. Maria 11, legitima soberana de
Portugal. A Rainha entra na capital em 23 de Outubro de 1833
com sua madrasta, a duqueza de Bragança.
A batalha de Assiceira em 16 d e Maio de 1834, em que o
exército realista depos as armas, seguida do cunvénio de Evo-
ra-Alente, e m que D. Miguel obtem a faculdade de se retirar,
decidíu o tríunfo da Carta.
,4s noticias chegadas do Continente a Madeira puzeram em
alvoroço os liberais e em revolta os absolutistas que provoca-
ram disturbios.
Na tarde de 3 de Junho de 1834 entrava serenamente no
porto do Funchal a escuna *Amelia», com a bandeira azul e
branca, trazendo ordem de D. Pedro ao capitão general para pro-
clamar o novo sistema governativo, já implantado no país.
D. Alvaro compreendeu que era inutil reagir.
Um grupo de patriotas no dia 5de Junho com a anuência
do governador entron na fortalesa de S. Lourenço, iqando no
mastro do baluarte nordeste a bandeira bicolor, sendo o acto
oficial da aclamação de D. Maria I1 realizado na Cgrnara no
dia 6.
As autoridades continuavam as mesmas até que em 2 d e
Julho um grupo de oficiais graduados representava a Câmara
Municipal, convidando-a a demitir-se por não representar a
vontade do povo.
Registo de uma represei?taçEo que niotivou a elle-
ger-se nova Câmara : (*)

Vossas Senhorias sabem perfeítantente que esta


Camara foi elleita no tempo da Uzurpação e nomeada
* Arquivo Geral da C. M V. fls. 17 p. 3 8 v.
por arzt/ioridade do Uzrtrpndor; e sabem que são nul-
los todos os Acfos da Tirania, que felizntente acabou
E QUC em conseque~zciaesta Canzara é nulla; Sabem
qizc aZ~ntdisso estão cxtintas as Camaras eleitas pelo
nnt'<i,ro sisf~trra;Snbeum que tendo-se restabelecido o
Legitit~zoGovêrno da Rainha i? da Carta, YeaS SS8 não
poTIEnz clrgtzcrrzente representar um 130 vo Constltucio -
rral; Snúcnz .finnlrnentc que 110 Reino, logo que se pro-
cln?iloit o iízrsnzo Ze.,oz'timo Governo, em qztalqaer Ci-
cltztlí: o ! ~Vii'l.7, se dissolvia a Camnra ali existeate e
sc rromcn va rrlrza Co~rzissãomítnicipal grze provisoria-
~ Í L Cnmnra Constitucional, até instala-
~ i l r / ;Sf ~~T~L ~,m-ln
cA?.;r'a.EiPn pois de esperar grte pezando Voos Sna8
forlas c s i ~ sror~sl'ilcrn~6cs na balança da prodencia e
f I I O ~VI I > S S E I ~es;io~ztnn~arnente
dn j ~ s ij::7, deposio a au-
fhorihdt., G'P qrrz rzullnrncr2f;:foram investidos.

Segu2m-se nulilerosas assinaturas que ocupam de fls. 19 v.


a 81 v. do T." 17.

Oficio da Cliinara ao Goveniador: (*)

IZl.mo Ex.mO Snr.

Estn Cantara anuindo, como era de seu dever,


a zrmn repucsentaç80 que Zlze enviarão diversos cidadãos
deste Concellzo, deliberort convocar imediatamente os
A/lembp.os cia Governarzca desta Cidade, afim de no-
rncavern uma Cornissão protlisdria Manicipal para
exercer as funç6es necessnrias fé a irzstala~ãoda Ca-

(*I T.0 17 a fls. 81.


mara Consfitucional, o que nos parece acertado levar
ao conhecimenfo de V." Ex." por ser isto um Acto Ne-
cessario semelhante ao que no Reino se tern g ~ r n l -
mente praticado pela legislação no vissirn a do Decreto
de 16 de Maio ultimo.

Funchal em Vereação aos 4 de julho de 1834.


ill.mO Ex.mo Snr. G.Or e capitão G."l desta Provincia.
0 Juiz Presidente Pedro Jose de Ornelas-O
Vereador João António de Gouveia Rego=O Ve-
reador Ricardo Estanislau da Costa=O Procurador
do Concelho João Agostinho de França e Vascon-
celos=Pedro de Santa Anna-Mester Antonio Pe-
dro de Gouveia-Caetano d e Sousa.
Joaquim Teles de Menezes, escrivão da Ga-
mara o subscrevo e assino.

Oficio didgido ao Governador da Provincia: (*)

Achando-se eleita a Carnara Provisorin Munici-


pal do Concelho do Funehal, esta julga rzecessario
levar ao conhecimento de V. Ex." que se acha no eser-
cicio das srtas funções.
Funchal, em sessão 5 de Julho de 1834.
Il.mO e Ex.mO Sar. Governador desta Provincia
Luiz Teixeira Dorist. Presidente=Valentlm d e
Freitas Leal, Vice-presidente, José Francisco de
Florença=Luiz de Ornetis e Vasconcelos-Trís-
tão Joaquim Bpttencourt da Carnara.

I*) Idem fb. 82 v


Fez-se pacificamente, quase amigavelmente. a mudança da
Câmara do tempo da Uzurpação para o novo regime constitu-
cional.
Na Acta se declara anuindo como era seu dever, pois sen-
tiam-se mal no desempenho de funções em caracter oposto, o
que redundou em tumultos sérios não havendo das dúbias au-
toridades a força moral para os sufocar ou ao menos apazigdar.
tomando assim a Câinara Provisória jLt formada, a iniciativa de
oficiar em 12 de Julho, sobre o assunto ao comandante da fra-
gata &D. Pedra,, H P. Bertrand, estacionada no porto do Fun-
chal.
Assim consta da acta da sessão extraordinária :

«Sendo notórios 3s acontecimentos nesta Ilha desde o me-


moruvel dia cinco d e Junho pcrterito, ein que apenas se pode
dizer que houve mudcinçn de sistema, tenda permanecido em
Authoridade todos os individiios que apoiaváo o uzurpador ex-
pulso, e tendo náo menos a certeza dos disturbios recentemente
suscitados na Villa d ~ Calheta
i por ulgans facciosos accintemen-
te rebeldes que ein t u ~ ~ ~ uchegar50
lto a assassinar pessoas de
ambos os sexos, alem des vosearias que ein diversos pontos e
freguesias da Ilha se tem ouvido, sem que das Authoridades
tenha havido a menor opposição, como é bem constante a esta
Comissão Municipal, em tais circunstancias espera que o rxes-
mo Coniandante se conserve estacionado neste Porto em quanto
s e não remover todos os tropessos a tranquilidade do pais.»

O Duqae de Bragança ordenou h C%mara do Funchal que


lhe seja enviada com urgencia uma cópia autentica da Acta da
kclamqiio de S. M. a Rdinha D. Maria II talvez para verificar
as pessoas q u e tirihaiitií estampado os seus nomes com facili-
dade.
A primeira é o capitiio general D. Alvaro da Costa que
assina :

com o titulo com que fora recentemente agraciado por D.Mi-


guel,
A segunda e a do bispo D. Francis~oGliz de Andrdde que
publicara duas pastorais coinpletarnente opostas, e resume o
seu nome a uma unica letra
F. BISPO
Ao prelado, segue-se a governança antiga, o cabido, o co-
mandante Bertrand, o coslu Veitch e rnuita gente que apareceu
nos dias da espera, ein que acta ficou abenta.

No seu paIacio de Queluz ao receber o documento pedido,


o duque de Bragança ficou ciente das recer~tesconvicções da
gente da Madeira.
Atendendo, talvez comovido ao requerimento dos que pre-
feriram perder os seus empregos publicos do que servir na
companhia de voluntários urbanos que D. Alvaro organizara,
juntavam agora o certificado de quu preferiram reuunciar aos
seus titulas, sofrendo coin suas famílias privações, do que obe-
decer ao chamaniento mascarado coin o titulo de volrtntário.
A Câmara Provisória passou-lhes os atestados pedidos para
instruirem os seus requerimentos e anciosa desejava a nomea-
ção de outro governador, indicando o comandante Bertrand e
assim o trataudo já,

Qficio ao Governador desta Ilha, H, P, Bertrand.

Ill.,"" e Ex."' Snr.


Tendo chegado ao conhecimento da Carnarn Mu-
nicipal desta cidade que o Governador que foi desta
Puovilzcia, D. Alvaro da Casta, abandonara o gover-
no em que fOra c o n s ~ ~ z t lpor
' h necessidadg, achando-
se a bordo da Fragata do Comaizdo de Vossa Excel-
lencia, em virtude da nrztoviciatt'e que lhe é reservada,
a mesma C n m a ~ ate~lza satisfagão, em casos identi-
cos, em que V. Ex." queira suprir aquela aufhoridade,
até que o Duque dt. B~a~qançíz ern nome da Rainha
faça expedir Arttlzo~idades, que já consta estare.%
nomeados, pois a Camara e toda n Municipalidade
fiel ds institariç5es da Mon;zrcPzir&ortto~~aclns íi A1a~ão,
deposita em V . Ex." toda a corzfiunga, sciente dos
serviços relevantes que V. Exgatem presta& d Naçlfo
Portuguêsa e â Rainha.
A Camara 9ate mais que tudo anhela pela tran-
quilidade e socego publica, desde jd se oferece a V.Ex!'
para o coadjuvar na medida para o mesmo fim que
V. E x . ~entenaa conveniente.
D.' guarde a V. Ex."
Ill.mOEx."" Snr. H. 13. Bertrand, (3.'' desta Prõvineicz.
Ein 14-7-1834 (*)

Oficio do Governador desta Provincia, Bertrand.


Illu strissimos Senhores
Recebi o oflcio com que a Camara Municipal me
honroa em data de hoje, e sobre sea conteudo se me
oferece resportder que o Ex."' Governador e Capitão
General não abandonou o Cioverfio, antes sim, em
virtude da conferencia anterior, ontem &s 5 1/2 da
tnrde ter resignando o mesmo Governo, petas razões
expendidas por ele e por ter de se apresentar a S. M,
Imperial, o duque de Bragança, Regente em nome da
Rainha, foi logo instalado o Governo interino, sega&-
do as formnlidades do costume, na conformidade do
Alvará de 17-12-1770 e os Membros do Osverao na-
quele aclo acceitarão os ctt mprimentos dos Conandau-
tes dos Corpos que estavam prevenidos pelo ex-00-
vernador da criaçúo do Governo interino de gae fctdo
se tem dado conta a S. M. Imperial o Brcqrte &ente,
para resolver como convier.
Desejo assegurar ao Ex."" Presidmte e seus
membros da Camara, que o meu principal objectivo,
em aceitar ser Presidente do Governo de S~tcessão,
segutzdo a Lei, meio arzthorizado e leg~zl,qge pubssc
ter luzar desta Provincia, foi secunda^ e promover o
objecto que tem em vista na representação que me
fizerão, removendo assim os obstaculos que esta Ca-
mara . j ~ ~ l f f interpostos
n no socego a &tm desta Ilha,
(*) :Arquivo Geral de ;'.M. F. T.O 17 fls. 95.
sdjeifandú-me assim d responsabilidades e risco com
a esperança que continuando a cooperar com o respei-
tavel publico desta Pro vincia, pudesse consolidar o
sistema constitucional e sustentar a authoridade do
legitimo Governo de S. M. Fidelissima, porérrf, Iarnen-
to que V. S.& me pedisse agora para assim ser o Go-
vernador interino desta Pro vinriu, r egeitartdo as pes-
soas que nomeia a Lei, para serem parte do mesmo
Governo, por posição que nem a Lpi e as circn~zsfancias
permitem, e portanto, eu espero que V. S."' não dese-
jem comprometer-me, tornando sobre mim uma respon-
sabilidade ião arriscada.
Asseguro a V. S."' que serei sempre pronto a
atender as suas pretensões justas, mostrando-me a
Lei que justifique os seus pedidos, não deixarei de
atendê-los, pois sinceramente desejo consolidar o sis-
tema e o feliz Governo que agora rege nesta Pro-
vinda.
Em 14-7-1834

A Camara do Funchal deseja que o duque de Bragança


fique ciente de tudo o que s e passa na Madeira, enviando o
seguinte oficio ao ministro do Ultramar, para informar nesse
sentido o Regente.
Oficio ao Minístrn e Secretario de Estado:

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor


A Camara Municipal Provisória da Cidade do Fun-
chal da Ilha da Madeira, tem a honra de participar a
Vossa Excelencia, para ser presente a S, M. Imperial
Regente em Nome da Rainha, que tendo-sz aclamado
nesta cidade, successivamente em toda a Provincia, no
dia cinco de Junho preterito, a Carta Constitucional da
Monarçhia. a Senhora D. Maria Segunda e S. M. Impe-
~ i a l Regente em Nome da mesma Augusta Rainha;
persistindo porem, as Authoridades mandadas pelo
Uzurpador para flagellarem a Provincia, mal poderão a
Camara, e os subditos fieis da Rainha, ter nellas con-
fiança, principalmente, porque dispondo o Governador
D. Alvaro da Costa, de uma desmedida força armada
regular e de muitos corpos de algozes por elle organi-
zados, chamados atiradores, só á força de instancias
tomava alguma medida para restabelecer a tranquilli-
dade e socego perdidos desde a uzurpação e suffocar
a s agitações que nunca inteiramente cessarão em va-
rios pontos e freguezias e ultimamente na Villa da
Calheta. onde muitos malvados, ein tumultos, chegarão
a sacrificar pessoas de ambos os sexos, pcr serem fieis
as instituiqões proclamsdas, sendo necessario que o
Governador, depois de instado e finalmente de accor-
do com o Commandante da fragata «D.Pedro» aqui
estacionada, expedissem forças consideraveis para re-
duzir a orde121 aqueles tuinultuosos assassinos, que
iizarão resistir com perda de mais de trinta mortos.
de muitos feridos e prisioneiros, fugindo a maior parte
para a serrasvjsinhas. Nesta melindrosa situação, resol-
veu a Camara rogar ao Cominandante da ditta fragata H.
P. Bertrand, para que se conservasse aqui estacionado,
ate que chegassem as authoridades Legitimas.
No dia 14 de manhã, ao som da salva da artilha-
ria de terre e cio i ~ ~ aconstou
r, que o Governador D.
Alvaro havia resignado da Ilha, recolhendo-se a bordo
{lu sobreditta fragata. A Camara sempre solicita pela
paz e ordern, passou a nomear o mencionado com-
mandante par-t substituir aquelle Governador ausente,
prestanrls-se para coadjuvar e para melhor se conse-
guir o socego publico. No intfsrno dia de tarde, recebe:]
;i Camara uril oficio donde se colhe que em virtude da
Lei d e 1770, fora instalado um Triunvirato para interi-
narilente governar a Provincia, vindo porem a Camara
no conhecimento de que o dítto Triunvirato se cam-
punha do referido cornrnaridante Bertrand, em qiie to-
dos drpositFio a rnaior confiança, mds éarnbem, d e
Eloy Nery da Silva, antes da ~izurpação,Vigario da
freguesia d o Caiíiço, depois delia, Cónzgo da Sé do
Funchal, e (10 Corregedor d;l Co;nrnarca, bem conheci-
do em Portugal e riesta Provi:ii:ia, j>dasua adhesão ao
uzurpador e rnais desufectos ás instituições que nos
regem, participou c? Carnara ao mesmo Cornrnandante,
por officio de hoje, que nelle reconheceu authoridade
para interinamente governar a Provincia, com exclusão
dos dois referidos vogais.
A Camara Provisória, em toda esta sua conduta,
nada tem mais em vis.t;a do que o socego e tranquili-
dade dos Povos, até agora tão vexados e não e levada
por intenq0es ambiciosas qiie talvez se lhe queíra atri-
buir.
Desta ingeiiiia e singela exposiqtío, tirará V. Ex.a
o resultado necessiirio de concorrer promptan~enteao
bem estar dos fieis habitantes da Provincid que S. M.
Imperial e Regente, com a rnaior corlstancia deseja fe-
licitar.
D.s guarde a Vossa Excellcncia, em Camara, 15
de Julho d e 1834. Iil.'"" Ex,rn9 Snr. Francisco Simão
hlargeock, Ministro Secretario d'llstado de Marinha e
Ultraniar.
Luiz Teixeira Doria. Presidente, Valentim de
Freitas Leal, vice-Presider~te,Tristão Joaquim da
Camara, vogal, Joáo Francisí:~ Florençi:, voga 1
Luiz de Ornelas de Vascetixelos. (*)

A Câmara mandou fazer um retrato de D. Maria I1 pelo


pintor João Jose do Nascimento, ajustado em 30$000 rs., e este
para afirmar o seu patriotisino, declarori oferecer 5$01)0 a o
concelho.

L). Maria I1 foi definitivamente aclamada na Ilha do Porto


Santo, a 7 de Junho de 1834.
O oficio à Ccimara, determinando esta solex~ida3e,é assina-
do pelo capitão general i). Alvaro da Cùsta, o rnesmo que,
dois anos antes, enviára os reconhecimentos ao Porto Saiito e
uma espécie de alçada para inquirir quais os habitantes que
se excederam em manifestação a Rainha.

(*) Arquivo Geral da Câniara Municipal tio Funchal. T. 17 fls. 92

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