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AS questões Vinicola e Sacarina d a Madeira

respectivamente
--- ..-. de 23 de Julho
e - de Agosto de 1927
- - de 25 -
.

Como foram e como devem ser resolvidas


estas questões, a bem dos superiores e legl-
tlmos Interesses do Arquipelago Madeirense

José Agostinho Rodrigues


Coronel-medlco

LISBOA
1 9 2 8
As -questões Vlnlcola e Sacarlna da Madeira
e

O s Dec."?n."' 13.990,14.167 e 14.168


tespectlvamente de 23 de Julho e de 25 de Agostcl de 1917
A s questões Vinicola e Sacarina da Madeira

respectivamente de 23 de Julho
-

e de 25 de Agosto de 1927
- 7

Como foram e como devem ser resolvidas


estas questões, a bem dos superiores e legi-
tlmos interesses do Arquipelago Madeirense

.7
'
'
José Agostinho
Y
Coronel-medi
odrigues
Ex.""r. Ministro da Agricultura

Nomeado para fazer parte da ComissBo encarregada dea pre-


ciar os decretos n . O 13990 e 14167, respectivamente, de 23 de Julho,
e de 25 de Agostc de 1927, relativos a vinhos, e n." 14168, de 25
de Agosto do mesmo ano, referente ao regimem sacarino do arqui-
pelago da Madeira, venho, depois desse trabalho, apresentar a V. Exaas
reciarnações que apresentei d referida ComissBo, com as objecções
que lhe foram feitas, e as respostas que foram dadas, reclarnaçóes
que esta0 justificadas no relatorio junto.
Começando pelo decreto n." 14168, em vista do assunto ter
maior urgencia, concretiso do seguinte modo os altos inconvenientes
do mesrno decreto; os seus efeitos ruinosos para a agricultura, para
a indttstria, para economia, e para a saude publica, do districto
do Funcha!; indico o modo de resolver com justiça o assunto, in-
tegrando Interesses, conciliando os superiores e legitimos interes-
ses do srquipelago, embora com isso sejam prejudicados os mo-
nopotistas, - e s6 eles.

OS altos inconvenientes e os efeitos


ruinosos do decreto 14.168 n.O

Este decreto concede a duas emprezas industriais sete mono-


polios, par praso indefenido, que d8o de lucros tis mesmas empre-
zas catorze mil (14.000) contos, anualmente, isto C, mais sete mil
(7.000) contos do que tinham antes da publicaç8o do mesmo decreto,
7535' dos quais pertencem 6 firma W.' Hinton & Sons.
Estes lucros s8o absolutamente segilros; porque ou a cultura
da cana s e mantem ou aumenta, ou ela desaparece, e neste caso, os
monopolistas importar80 melaço e assucar para refinar que Ihes dar80
mais miI ou dois mil contos, anualmenle.

Deste modo o decreto 14168 foi valorisar as fabricas de as-


sucar e aicool nalgumas dezenas de milhares de contos, pelo me-
nos, deficultando a tarefa g o ~ e r n a t i ~quando
a, seja necessario alte-
rar o regime sacarino, o que levará, porventura, a exigencias de in-
denisaçoes consideraveis, apoiadas atC diplomaticamenie, como je o
fez a referida firma CV."' Hinton & Sons.

Enquanto as fabricas de assucar e alcool, assim s8o tratadas,


são mandadas encerrar a s fabricas de aguardente da zona sul da Ma
deira, dando-se-lhes como indenisação cinco rnil e oitocentos contos
(5.800) pagos e m seis anos. quando o valor industrial delas C de
quarenta mil cojitos (4Ci.nOfi), prlo menos, como exzzbernntementeo
prova u decreto, clar?t301 m ~ r a l l l ~ ~ ndois
t e , mil contos (2.000, de
lucros ds fabricas de :tssuciir : .;!cool, pelo alcool, destinado ao
desdobramento, pagos no praso de dois mêses.

Estes monopolíos foram concedidos sem que os concessio-


natios dessem coisa alguma, salvo a obrigação de comprarem cerca
de oito mil (8.000) contos de cana de assucar, uma grande parte da
qual sem preço fixo, e por isso, pelo preço que qulzerern, cana
que, no ultimo ano, foi paga por seis escudos (6$00) cada unidade.
Ewes monopolios deixam sem defeza a agricultura da cana,
contra a s greves, e as violencias, dos monopolistas, que teem interesse
em reduzir a cultura da cana, porque a importaçáo de assucar para
refinar, e de melaço para alcool lhes dB maiores lucros.
Em 1922 houve uma greve, apesar dos monopolistas serem
obrigados d compra de cana. greve que durou longo tempo e repre-
sentou grande prejuizo para a agricultura.

Esses monopolios deixam sem defeza a agricultura do vinho,


contra os conluios dos exportadores de vinho, ou possíveis cri-
ses de exportação, que determinem grandes baixas de preços, não
permitindo a destilação.de vinhos da Regi80 da Madeira que não te-
nham mercado, ao passo que se importará melaço para o fabrico do
alcool para vinhos e até para consumo directo.
Este facto representa uma perda de cerca de tres mil contos,
(3.000)e porventura mais, para a agricultura.

Esses monopolios, pouco a pouco, reduzirfio as principais cul-


turas do arquipelago -a cana C a vinha, - em favor dos monopo-
listas, que cada vez ter80 maiores lucros, com o assucar e o me-
[aço importados.

Esses moncipolios entregam nas m8os dos monopolistas a pro-


duç8o do alcool para bebida, premiando d'esse. modo os grandes
culpados do alcoolismo, alcoolismo que foi creado, alimentado, e 6
mantido principalmente pelos mesmos monopolistss, que fabricam
alcool clandestinamente, em larga escala.
1 O*'

0 alcoolismo, na Madeira, tem sido mantido pelo alcool dos


monopolistas, que, desdobrado, tem sido lançado no mercado em
quantidade muito superior a 1.500.000 litros, anualmente, isto C, mais
do dobro, da aguardente das fabricas que entra no consumo directo,
embaraçando e prejudicando os legitimos interesses das mesmas
fabricas, que n8o teem podido vender regularmente a sua aguar-
dente, apesar de terem pago, antecipadamente, pesadissimos impostos,
cenhum pagando as fabricas de alcool.

Por efeito do decreto, a agricultura da cana perde de modo


imediato mil e trezentos (1.300) contos, anualmente; e de modo
mediato, milhares de contos, sucedendo o mesmo com a agricul-
tura da vinha,

12.O

Por efeito do decreto, a economia madeirense perde de modo


mediato dois mil e quatrocentos (2.400) contos no assucar, dois
mil (2.000) contos da IaboraqHo das fabricas mandadas encerrar, di-
nheiro que reverte na sua quasi totalidade para os cqfres dos mono-
palistas,

Esses monopolios afectando gravemente os altos interesses do


distrito do Funchal, tiram a uns para dar a outros, e m prejuizo da
colectividade ; obrigam a populaçiio do arqulpelago, a beber uma
mistura de alcool, agua, e aguardente distilatla em 26'' Cartier,
mistura desagrsdavel e toxica, em vez da aguardente tradicional,
destilada em 29.9 30" Cartier, cujo uso 6 secular e nunca produziu
alcoolismo, utilisada como era, moderada e oportunamente.
Esses monopolios, prohibern o regresso d tradiçdo da ifiniibul-
da Madeira, prohibindo o fabrico de aguardente vinica, com que
durante seculos, foi temperado o Vinho da Madeira. Este facto, por
~ 6 ndo
, permitlrd que esses vinhos retomem o logar que
compete no mercado mundial de vinhos.

NHo creio, nau posso crer, que V. Ex.' depois da leitura das re-
clamações que faço, da justlficaç~odelas, feitas no relatorio jurito,
n8o as atenda, aceitando o projecto de decreto que tambem se junta,
e que, a ser aprovado, como creio, colocar8 cada um no seu logar,
náo ferira interesses legitiinos; não dará a um o que pertence a ou-
tro; e por isso representa um justo equilibrio de interesses que
unirá, e ndo dividir8 ; que crearti justas afeições ao Governo, e
ndo desafeiçóes; e cuidando dos srrperiores interesses da colectivi-
dade, ser8 abençoado por ela, afastando a tristeza, a desolação, a
pobresa, e a escravidão aos monopolistas, escravidão que s6 seria
Verdadeiramente sentida e detestada, s e o decreto 14168 enirasse
em plena execução.

Como resolver a questão sacarina

Mantendo cada u m no seu logar, no seu legitimo e tradicional


campo de açãio. E por isso,
As fabricas de assucar e alcool, fabricam estes productos; as
fabricas de aguardente, fabricam aguardente, de cana e vinica, e fa-
bricam o mel integral da cana, producto tradicional e secular, con-
forme a legislaçao anterior;

A venda de alcool e de aguardente, só deve ser feita pela AI-


fendega do Funchal, unico modo de obstar a fraudes no fabrico e
venda desses produtos. Quem produz alcool n&o vende alcool,
quem produz aguardente, nsù vende aguardente.

A apIicaç80 do alccol e da aguardente vinica aos vinhos, 96


deue ser fiscalisada pela Alfandega do Funchal, onde devem existir
a s contas correntes dos productores e exportadores, e 1180pela Es-
tação Agraria da Madeira.

Deve haver liberdade de instalaçiio de novas fabricas de assum


car e de transformaçtio em assucareiras, das fabricas de aguardente
existentes, -unico meio pratico dos agricultores s e libertarem de
possiveis Violencias dos monopolistas, - conforme a legislaç8o vi-
gente 6 data do decreto 14.168.

Os rateios do alcool para tratamento de vinhos e do assu-


car importado para refinaçgo, devem ser feitos pelas fabricas propor-
cionalmente 6 cana comprada no ano anterior a esse rateio, con-
forme o disposto no decreto n." 5492 de 2 de maio de 1919.

A importaçéo de melaço, - a grande causa do alcoolismo --


deve ser absolutamente prohibida, ou deve ser tributada com um direito
alfandegario, prohibitivo, de $60 centavos, oiro, sobre cada quilo.

Deve ser prohibida a extração de alcool de melaço importado,


alcool que s6 dever&ser destilado dos residwos do assucar de cans
madeirense, do vinho produzido no arquipelago e seus derivados, e
diretamente da referida cana, se necessario for, para tempero de
vinhos, conforme a legislaç$ío vigente antes da publicaçáo do mesmo
decreto.

Com estas medidas ficain deuidadamente acautelados os QF~.-


ços da cana que deve ser cultivada, e por isso n8o ha necessidade
de fixar o preço da cana, que deve ser ajustado livremente entre
comprador e vendedor. D'esse modo evitar-se-&que as fabricas exi-
jam compensações que injustiça seria conceder-lbes.
Como porem os agricultores, em geral, preferem a fixaçlo do
preço, entendo que ela se poderia admitir sem prejuizo do que fica
dito nos numeros anteriores e nas seguintes contlições.
(a Aumento do preço da cana, elevando o do assucar até o
preço por que seria vendido se fosse mantido o decreto.
(b A compra d'ela seria por zona e não por grau conforme
preceitua no decreto 14168.
(c As fabricas de assucar e alcool ficariam obrigadas a ter
agentes em iodos os cais de embarque de cana, onde esta seria pe-
sada e entregue aos mesinos agentes, sem mais despezas para os
agricultores.
(d As fabricas de agliardente pagariam a cana pelos mesmos
preços que as outras fabricac.

Exposição apresentada á Comissão


encarregada de apreciar
os Dec. 13.990,14.16'7 e 14.168

A comissao, como disse, apresentei a seguinte exposição, que


evidencia os gra~issimosmales que á Madeira traz o decreto 14168.

E x . ~ ' 'Senhor
O abaixo assinado, membro da Comissão encarregada de zpre-
&r os Decretos 13.990 e 14.167, relativos a vinhos, e o 14.198 re-
lativo ao regime sacarino da Madeira, afirma o seu maior respeito
e consideraç80 por Sua Ex' o Ministro da Agricultura, por todos
os mernbròs do Governo da Ditadura e por Sua Ex."o Presidente
da Republica; crê, estd absolutamente conuenddo, de que aqueles
decrétos foram elaborados nas melhores intenç0es; mas afirma
tembem que, por efeito das erradas e incompletas informaçõespres-
tedas ao delegado de Sua Ex.' o Ministro da Agricultura, - o Sr.
DC Teixelm de Lencastre, esses decretos n8o atingiram, nem po-
diam atingir, o fim que se tinha em vista, e que o ultimo, em especial,
representa a ruina agricola e econornica do srquipelago da Ma-
deira. em favor dos rboiiopolistas ; representa a manutenç8o e agra-
vamento do chamado alcoolismo da Madeira ; e representa ainda
uma medida que, pela suas injustiças, pelas suas faltas de equidade,
pelar suas protecçòes a interesses Ilegitimos e anti-niadeir~nses,n8o
está, nem pode estar, dentro do plano do Governo dos srs. Minis-
tros da situaçgo do 28 de maio, que veiu para moralisar, para reniea
diar, para combater males, e não para premiar e acumular de bene-
ficlos aqueles que nada fazem para os merecer, e demais a mais em
detrimento da colectividade.
Deixando de Iado os decretos 13.000 e 14.167, visto ser mais
urgente a apreciaçao do D. l4,l!i?, o abaixo assinado, afirma o se-
guinte :

O D. 14,l!i8, creou sem necessidade, sem que ninguem o pe-


disse, sem que ninguem tenha ititeresse com isso, - salvo 08 mono-
polistas, os seguintes monopolios :
a) Do sssucar;
b) h aicool para tempero de uinhos ;
c) Do a!cool para bebida;
d) Da importação de assucar para rtzfinuç80 :
E ) DO comercio do assucar;
f ) Pa distilaç80 de vinhos e seus derivados;
,v) Da importaçilo de melaço para fabrico de alcool.

2.' Lucros

Tddos estes monopolios elevaram os lucros dos felizes con-


templados de 7 a 14 mil conios, seni que eles dispendam coisa
alguma, porque o aumento do preço da cana de grau superior a:9
BaumC, t compensado pela baixa do preço da cana de grau inferior
a A,Y, que no corrente ano foi paga a 6f00, e agora C paga pelo
preço que os monopolistas q~ilzeremdar.
E ainda que se admitisse, mera hipotese, como o fez o sr. Dr.
Teixeira de Lencastre, .ia "Voz", que os monopolistas d8o mais 480
contos, esta dadiva, em confronto com 7 mil contos, n8o chega a ter
o valor do prato de lzritilhas de Jacob.
Todos os nionopolistas d8o dinheiro ao Estado, 4s corpora-
cões ,ds colectividades; as fabricas de aguardente pagavam pesados
impostos.
Mas os felizes monopolistas da Madeira, constituem uma en=
cepç8o: Recebem ainda milhares de contos de mdo beijada.
Pode ser isto? Pode isto manter-se? É isto justo?

3."Os fins do decreto 14,168

Os fins deste D. foram, evidentemente :


a) Proteger a agricultura ;
b) Melhorar as condições econornicas do arquipelago ;
c) Cuidar da higiene do districto do Funchal;
G) Resolver as questões sacarina e vinicola, de modo a n8o
ferir interesses legitirnos, seni necessidade, procurando um justo
equilibrio entre esses interesses, de modo a integral-os e não a
feril-os, causando de-uniões, sempre inconvenientes, quando sBo
justificadas.
Desgraçadamente o D. 14.168, nada disto consegi:iu : produziu
e produz efeito negativo, arrancando á agricultura, á industria e B
economia, tnadeirenses, Inde~idarnente,sete mil contos, anualmente.
Com cfeito ;

4." Prejudica a agricultura

A ) Dos vinhos

ai Mantendo o regime existente da fiscalisação da venda do


alcool pelos productores, regimen que a experiencia tem mostrado
ser inconveniente, e ineficaz - (Quem produz alcool nHo deve ven-
der alcool). E deste modo.
b) Permite que seja vendido alcaol para falsificaçlío de vinhos ;
c) Permite que seja vendido atcool para desdobramento, man-
tendo a referida fiscali~ação;
d) Permite que anualmente sejom lançados no mercado mais
de um milhlo e quinhentos mil litros de alcool desdobrado;
e) Manda encerrar fabricas de aguardente que são precisas
para a distilaç8o d e vinhos da Madeira, n l o permitindo assim o
regresso á traii!qão embora lentamente.
1) Prohibe que as fabricas de aguardente, que s8o mantidas,
distilem ginhos e se'ts derivarios ;
p) Permite que seja importado melaço para alcool, quando os
vinhos devem ser tratados com agilardente vinica dos vinhos da ar-
guipelago ;
h) E por isso deixa a agricultura da vinha sem mtios de defe-
za contra greves ou conluios dos exportadores, e ainda contra pos-
siveis crises d e exportaç80: Nao podendo queimar os seus vinhos,
porque o transporte deles para o Funchal lhes absorve somas enor-
mes, ter80 os pobres agricultores de entregar o seu producto pelo
preço que lhe quizerem dar, se Ih'o derem, o que representa uma
oiolencia,
Pode isto ser? Pode isto manter-se? É isto justo?

( B Da cana

a) Porque encerrando fabricas que compravam nove mil tonelas


das de cana, e. a pagavam por mais $50 escudos, por unidade, oca-
siona o prejuizo de 150 contos.
b) Porque obrigando o s freguezes das fabricas a trazerem as
suas canas para o F~nchal,ocasiona-lhes um prejuizo de 400 contos
em transportes.
c) Porque este prejuizo ainda se agravará elevando-se a mais
650 contos, preço da cana que s e perder8 totalmente, visto a cares-
tia dos transportes nHo permitir a sua condução para as f i b r i c ? ~
dos monopolistas.
d ) Porque deixa sein defeza a agricultura da cana contra as
9iolencias dos monopolistas que ora por um, ora pbr outro pretexto
poderão fazer tudo o que lhes apeteça como a experiencia o tem
mostrado.
E isto 6 sisroim :
c) Porque n&o permite a instalaçio de novas fabricas de assu-
car, nem a trti~sfornieiçãot m assucareiras das fabricas de aguar-
dente eristentes, apesar dos lucros serem de tal ordem que chegam
para a justa remuneração de mais quatro fabricas pelo menos.
f ) Porque permite a importaçao de melaço para alcool, na falta
de resfduos do assucar de cana madeirense, quando tasse alcuol
a r o seja preciso deve ser substituido pela aguardente ~ i n i c a e na
bita desta por alcool e~trahidodirectamente da cana, conforme o
D. 5482 de 1919. E deste modo:
g( Porque o elcool do melaço dB maiores lucros, e por isso os
monopolistas procurarão diminuir a producçiio da caiia.
h) Pofque manda que os rateios do alcool para tempero de
qinhos, e para desdobrar, que a importaç80 do assucar para refinar,
e que a impotta~Hodo melaço para alcool, sejam feitos segundr: a
capaeidad;!de laóoraçdo daí fabricas, e ndo segundo a quantidade
de cana laborada no ano anterior, o que representa urna absoluta
ínjusfiça com grave prejuizo para a agricultura.
i) Porque en'trega nas m8os dos monop3listas os agricultores
com euna de grau inferior a 8,5" BaurnC, agricultores que no cor-
rente ano obtiveram 6$00escudos pela cana.
j) Porque a fluaç8o do preço, segundo o grau, põe toda a agri-
cultur8 aas minos das monopolistas, que mandar80 cortar as canas
quando entenderem, e obter80 o grau que quizerem.
k) Porque obriga o agricultor a sofrer um descont~no preço
da ama, qusndo quelra ser pago de pronto, contra o que estava es-
Qibelackio, derconto que representa um prejuizo de 130 contos
snualr pare a agricultura.
I) Porque estabeleceu odiosos monopolios, escravisando toda
'a egricqltura aos monopolistss, como a experiencia dolorosa do
madeireases j4 bem o experimentou por largo periodo, monopolistas
que h e o , de facto,*oque Ihes apetecer. Na verdade assim é,
mj Porque a cana tem de ser posta na fabrica dentro d e 24 ou
36 horas depois de colhida; tem de ser fresco, sa, limpa, nHo sabu-
gada; tem d e ser cortada, quando o mandarem os monopo!istas; tem
de "ser-lhemedido O grau; e deste modo ha~erAmil pretextos para
O exerckcio de vlolencias, quando os monopolistas o entendam, nâo
kndb 0s agricultores o direito de estabelecer uma fabrica, quando
qufze- Mbertar-se dessas Vio1eni:ias.
n) Porque são inuteis todas e quaisquer reclamações que os
agricultores façam : Gastariam tanto dinheiro, perderiam tanto tempo,
que n8o cairão em reclamar; e se algum o fizer obter6 o mesmo re-
sultado, provavelmente, que o signatario, que tendo feito uma tecla-
maça0 ha cfesessete anos (1910) nunca conseguiu que ela fosse re-
$olvida, tendo por isso de abandonar i questso, entregando o julga-
mento do caso á justiça de Deus.
Pode isto ser? Pode isto manter-se? E' isto justo?

5."- 0 decreto prejudica gravemente a situação


economica do arquipeiago da Madeira

a) Tirando áagricultura 150 contos que ela receberia a mais,


vendendo as suas canas ds fabricas que s8o mandadas eiicerrar.
1>1 Tirando á agricultura mais 400 contos, excesso de trans-
portes que ter8 de pagar para apresentar as suas canas nas fabri-
cas dos mon?polistas.
c) Tirando á agricultura 130 contos nos descontos feitos nos
pagamentos.
d) Tirando ti agric'!iitiira 650 contos da cana que vai perder-se
por não poder vir para o Funchstl ern consequencia da carestia dos
transportes.
e ) Tirando aos oprrarios, gerentes, artifices, e mais pessoal
das fabricas mandadas encerrar, dois mil contos que, anualmente,
por eles eram distribuidos, e constituiam um dos melhores meios de
manter a sua existencia, e de suas familias.
fl Tirando A populaç~uda Madeira, o mel integral de cana d e
que ela faz uso em larga escala, em substituição da fruta, e como
conduto d o pilo, milho, batatas, e outres alimentos, em logar do
peixe que C escasso. e do bacalhau que é importado, ficando ela
obrigada a importar mel e bacalhau, de que poderia, em parte, pres-
cindir.
g)Tirando ao comercio a faculdade de importar assucar, im-
porta~& que
~ corrigiria os desmandos dos monopolistas que s e des-
sem, p e ! ~direito diferencial de $50 em cada quilo d e assucar impor-
tado.
h) Arrancando ao consumidor 2.400 contos anualmente por
efeito do direito a que se refere a alinea anterior, que leuarti os mo-
iiopolistaç a venderem por mais $50 cada quilo, a s 4.800 tonela-
das de sssucar consumidas na Madeira, dinheiro este que vai Pa-
rar 6s mãos dos monopolistas, cotn vantagem s6 Para eles
i,rArrancando ás fabricas de aguardente dois mil contos anuais?
que s8o o sustento de numerosissimas familias, que ficam com a vida
embaraçada, sem poderem viver, para os dar aos ricos e ~ o d e r o s o s
monopolistas, com vantagem s6 para eles, e sem que a Madeira 0
pedisse.
7. Monopolisando o comercio do assucar, em desfavor dos lu-
cros legitimos da classe comercial, e aiimentando assim 0 s lucros
ilegitimos dos monp:polistas.
ki Obrigando a Madeira á exportaçso de oiro para compra de
bebidas alcoolicas, de qualidade muito inferior h bebida tríidicional
da Madeira, - a aguardente de cana, distilada e m 29" Cartier-
21 Tirando 4 Junta Geral 100 contos, de contribuições pelo en-
cel ramento das fabricas.
mi Tirando ao Estndo cerca de 300 contos em impostos de
transacções, e outros.
ni Arrancando h Madeira 5.800 contos para indenisação das
fabricas mandadas encerrar, dinheiro qne devia ser pago pelos ricos
e poderosos rnonopolistas, e nunca pela desgraçada populaçHo na-
deirense que precisa de aguardente para os seus trabalhos, como
meio de matzfer a sua saude.
o i Arrancando ti populaçào madeirense três mil contas de di-
ferença de preço da aguardente coisd que é incompativel com a
sua sítuaçiio economica e financeira.
pi E de tudo isto resulta e resultará a niiseria, tristeza, a
desolação, 0 mal estar, o abandono das terras, a emigraçao.
0 s superioreci e legitimos interesses do arquipeiago são assim
sacrificados nas garras de dois monupolistarr que em vez de ganha-
rem 7.000 contos, pela compra de 6.300 contos de cana, querem-ga-
nhar 14.000 coiitos. pcla compra de 5.200 contos d e cana, arruinando
uma ilha inteira,
Pode isto ser? Pode isto manter-se? E' isto justd?
6."-- O decreto n." 14.168 mantém, estimula e desenvolve
o chamado alcoolismo da Madeira

que se observa nas diversac na-


Ns Madeira ha o nlcoolísrn~~
qcies. 4 carnpanhct feita contra el?, tem sido uma exploraqáo desti-
nada 3 obter ele~açãode inipostos, e a valorisar a s o~itresfabricas
pela passagem para os nionopolistss do fabrico de aguardente para
bebida. Esta é que é a verdade.
Mas o D. pretendendo sanear a Madeira, e cuidar da higiene
publica, mantem e agrava a situaçao:
ai Permitindo que os productores de alcool, vendam alcool, o
qudl só deve ser vendido pela alfandega do Funchal onde devem
existir todas as contas correntes d e producfores e exportadores
de vinhos que precizem de alcool.
4 ) Manten'lo a venda do aicool nas niãos dos prol:iictores,
contin:iarb a rlctual situação, sendo lançados no rnercadd 1.500 niil
litros d e alcool dt-dobrado para bebida, em vists dz inutilidade da
fiscalisa$io que é feita.
c! Mantendo a fiscalisaçiío da aplicaçi!io do alcool nas mãos
da E. A. M. que exuberantemente tem mostrado nZLo ter aptidgo para
fiscalisar coisa alguma.
di Permitindo a entrada do melaço para o fabrico do alcool,
que assim fica pelo preço de cerca de l$50 o que pernaite aos mo-
ncrpolistas, vender a l c ~ o la rodo, clandestinamente, com prejuizo da
ssude publica e dos inrerisses da J u n t a Geral que ntio conseguir&
vender a sua aguardente, ~ e n ã oem px!-te insignificante.
e! Provoca a entrada na Madeira de bebidas estrangeiras
(wisky, genebra, coynac, e outras) preparadas com alcooes tie qua-
lidade inferior, com prejuízo do cambio e da S S L U ~pnblica,
Z e com
prejuizo da bebida sadia e tradicional -a aguardente d e canq disti-
lada em 29.0.
Empurra a população rnadeirense para o fabrico clandestino
d e bebidas alceolicas de qualidade inferior, agra~aiilfoassim o ai-
cucílismo.
g,Dando parii bebida uma mistura de aicr>ol <em gosto nem
sabor, misturado com aguardente di etilada e m 26.", bebida inf e'rior
e mais antimhigienica do que a aguardente distilada em 29." conforrnt
a tradiçdo.
h) Favorecendo, indirecta ou directamente, a falsificaç80 de
vinhos, que prejudica e agrava o alcoolismo, levando a população a
beber de facto alcool em vez de vinho.
i) Prohibindo a distilação pelas fabricas dz aguardente, de vi-
nhos para tempero dos restantes. aguardente mais higienica e mais
conforme a tradiçiho.
Pode isto ser? Pode isto manter-se? E' isto justo?

7:-0 decreto n8o atende a um justo equilibrio entre


10s Iegitimos interesses das diversas classes. Fere
Injustamente uns em favor dos outros. E, embora
pubiicado com as melhores intencões, não esta,
salvo o devido respeito, em harmonia com os prin-
c i p i o ~d e justiça e de boa moral:

a) Porque dá o fabrico de alcool destinado ao desdobramento


para bebida, aos alcooleiros que crearam, desenvolueram, alimen-
$aram, e alimentam o chamado alcoolismo da Madeira, em vez de
batem esse fabrico 8s fabricas qiie foram rnaiidadas encerrar.
ó; Porque esse fabrico dh aos referidos alcooleiros, principais
uilpaQos d'esse alcoolismo, dois tnii contos anuais de lucros, de
m8o beijada, arrancados 6s fabricas de aguardente, que são expro-
prlades fbra dos termos e condições legais, por uma importancia
que representa a 7. parte do mero valor industrial d'esse fabrico.
e) Porque na venda do assucar dB aos mesmos monopolistas,
de mfio beijada, 4.800 contos, arrancados á agricultura e d economia
do distrito, sem Vantagem para ninguem, salvo os referidos rnono-
polistas.
d) Porque mandando encerrar as fabricas de aguardente. ar-
rancqu aos agricultores o unico elemento de defeza contra os mo-
nopolistas que poderão voltar a fazer greves, como em 1922, a pre-
textos uarios, apesar de serem obrigados a laborar cana, no refe-
rido ano.
e) Porque mandando encerrar as fabricas de aguardente, e
prohibindo o fabrico de aguardente de uitho, arrancou ao pobre vi-
tlcultor o unico meio de defeza contra os conluios dos exportadores,
w contra possiveis crises de exportação, que determinem conside-
raueis baixas nos preços dos vinhos.
fi Porque prohibindo a instalaçiio de novas fabricas de assu-
m, arranca ao agricultor de cana o unico meio de defeza contra as
Molendas e conlui~sdos monopolistas, violencias e conluios de
biste memoria, contra os qusis silo, e ser80 inuteis todas as recla-
mações.
gj Porque perinitindo que os monopolistas vendam alcool, em
@orasob fiscalisação, permite a fraude do fabrico clandestino de
alcool e da sua venda, como sucede presentemente em que si30
lançados no mercado mais de 1:500.000 litros de alcool desdo-
brados, apesar diis fiscalisações exercidas pela G. F. e pela
E* A, M.
h) Porque favorece um dos rnonopolistas prejudicando grave-
mente o outro, que, de resto, já reclamou contra isso. +

i i Porque cria um imposto diferencial sobre o assucar impor-


fedo na Madeira, sem necessidade, arrancando ao pobre consumi-
der, anualmente 2.400 cclntos.
j) Porque deixa livre, apesar de todas as vantagens. a fixaç8o
do preço do assucar, que este ano, e por proposta dos actuais mo-
nopollstas foi fixado em 26600 para o preço do alcool de 9850 es-
cudos, fixado no Decreto 14.168
k) Porque estabelece sete monopolios que dgo aos ricos e po-
deroaos contemplados 14.000 contos (mais 7.000 do que tinham)
sem que eles d&em coisa alguma 6 Madeira, monopolios que tanto
mabres lucros Ihes darao, quanto menor f8r a quantidade de cana
prodpzfda, visto o assucar e melaço importados Ihes darem riielho-
rcs lucros, o que C verdadeiramente extraordinario.
l) Porque pune as fabricas de aguardente por faltas que a
malorla delas não cometeram.
RZ) Porque atenta contra o direito de propriedade que não foi
aitdfdo em Portugal, favorecendo os principais culpados do cha-
mado alcoolismo da ~ a d e i r a .
Pode isto ser 3 Pode isto manter-se 3 E' isto justo ?
8 @ - Nõo ha motivos para o encerramento de fabricas
de aguardente

Justifica o Decreto o encerramento das fabricas de aguar-


dente alegando:
a) -Que elas teem desacatado a lei produzindo mais aguardente
do que a que lhes pertence no rateio.
b) Que fabricrrn um producto toxico. (aguardente em 26"
Cartáer).
c) Que por estas razões fomentam o alcoolismo.
d ) E finalmente que deve ser trarisformado em assucar e ai-
eool. a cana de melhor qualidade do sul ds ilha.
NBo teem raziiu de ser estas acusações :
a) Porque se houve excesso de produç8o foi ela devida d
errada mediciío dos aparelhos dlstiladores das fabricas feita pele
comissão encarregada desse serviço nos termos legais, facto de
que n8o s&o culpadas as fabricas.
b) Porque sendo a producçáo da aguardente fiscalisada pela
E, A, M. e n&o tendo as fabricas sido a~toadasou tendo sido absol-
)Idas, nenhum delito oti infração de lei cometeram.
e) Porque a lei pert:iite á freguezia do Faia1 a distilação de
toda a cana, e disso nClo sfio c:llpadas NS fabricas mandadas en-
cerrar,
Porque se as fabricas I:, I izem a aguardente em 26" é por-
L

que a lei as obriga a isso, o que 6 contra cls interesses delas, e da


wude publica.
e) Porque 6 inutil, e até prejudicial á agricultura, não transfor-
mar em aguardente a cana, que é paga por melhor praço, para que
esse aguardente seja substituida por alcool desdobrado produzido
por melaçi, estrangeiro cuja importaçao arruina a agricultura da cana.
f ) Porque se esse excesso de aguardente tem contribuido para
o abolismo existente, os verdadeiros culpados s8o a E. A. M. que
nio.Htcallsou devidamente a producç80, e que tendo verificado que
a capacidade distilatoria dos alambiques, tinha sido meaida errada-
mente, nilo promoveu que essa mediqllo fosse corrigida.
p, E por issc. tião ha razão nem justiça rio encerramento das
fabricas ; pois que
h ) O al~oolisrr~o
rta .Valieira, foi creado. alimentado, e é man-
tido pelo alcool desdobrado ~ J E anualmente,
, entra ainda no meriado
em quantidade superior a 1 :500.000 litros.

9." --Porque são hostilisadas as fabricas de aguaraente

A hostilidade contra :&s, i , especial, dos seguintes


p r c ~ ~ e nem
factos concretos :
ai Pagam *..elhor a t a m . dardo a agrici~lturaum cscesso no
preço dela d e 1%50contos (9.000 tor?.)
Bi Labnrarn ii :anil irias localidades, evitando pesadas despe-
zas c o m o trans-nrte dela para o Funchat, 6: permitindo íh agricultura
tima econc\mia de 600 contos, E desti rnodcj:
C) . 4 , . ~ u r n t mo prcç\, e a u ~ l t u r a&i czria, o que prejudica os
monopolistas, aite só lucram com a extinçao dela. Em 1922, os mo-
nnpotistas, depois d r tima 'reve tieriiorada, pagaram a cana a 4 es-*
cudos, e B S fabricas fizeram-no a 5 esclidos.
LI) Porque sáo um recurso para OS casos de greue como su-
cedeu em 1922. Sem elas, então, a grc-\le [ião se teria roto. Foi o
receio de t:iancfar transfíirrnar a cana em aguardente em 30." que
aniquilou a greve.
e} Porque fabricam o mel íntegra1 da cana, que 6 usado como
conducto do yao, niiiho, rr outros alimentos, em substituição do ba-
calhau e outros peixes, e ainda de fructa. Prejudicam é certo a im-
portação do mel, do bacalhaii, e r l í i melaço rico, mas fizvorpcem a
popuIaç3o e o cambio, que 6 o qiie interessa o arquipelago,
fi Porqtie estimulam a cultura da cana o que prejudica os mo-
nopolistas que preferem :! iniportaçiio de assucar e melaço, que lhes
d6 maiores lucros com menos trabalho.
g) Porque são êoncorretrtcs e um obstaculo h venda áe 1:500.000
litros de EIICOOI desdobrado, venda feita clândestinarriente, e contra
a qual as fabricas teem protestado srnipre.
hf Porque s8o os naturais e fraclicionaís dIstiladorcs dos vi-
nhos produzidos nris concelhos <;<r arquipelago, distilaçdo que é
precisa, para renome dos vinhos da Madeira, e que nHo pode ser
feita no Funchal por isso que s6 os transportes dos vinhos absorve-
riam o produato da venda da aguardente.
i) Porque deste modo ?i30 elementos d e defezli contra os pos-
slveis conluios dos exportadores, ou contra possiveis crises de ex-
portação, que determinem consideraveis baixas de preços. Niio 6
admissi~elque o viticultor a y n a s obtenha pelo vinho 70 ou 80
escudos por pipa, quando distilando-o pode obter 500 escudos. E
esse facto tem-se dado repetidas vezes, sendo preciso que n8o volte
a repetir-se. E por isso,
j) Porque, silo um obstaculo i4 falsificaç80 de i n h o s , contri-
buindo para que se regresse á tradip70, temperando os vinhos com
aguardente vinica.
k) Porque deste modo estimulam a produçilo ginicola; estimulam
a producçgo de aguardente vinica; trazem a diminuição do emprego do
alcool, o que prejudica os alcooleiros, que importam melaço barato,
para a producçaq do mesmo alcool, obtendo lucros d e milhares de
contos, que devem ser distrlbuidcs pelos agricultores. É obuio que
os alcooJeiros não podem deixar de combater as fabricas embora se
envergonhem de ser tambem aguardenteiros, como reslmente o
silo, presentemente. .
I) Porque fabricando aguardente uinica, e reduzindo ainda o
consumo do vinho, as fabricas combatem o uZcoolismo, contra 0
qual tanto s e fala, alcoolismo que os alcooleiros desejam manter
para que tenha consumo o seu atcool desdobrado.
Porque destilando ~inhos,as fabricas ~alorisarnas colhei-
tas em três ou quatro mil contos anuais, o que: desagrada Bque-
les que perdem lucros ilegitimos, eiii favor da agricultura, como é de
justiça,
R) Porque a sua extinçtio representa um pesado tributo lançado
sobre a populaçiio da Madeira, - o da indenisação das fabricas,
- diniieira que empregado na viaç80, atrazadissima como est8, vi-
ria favorecer a agricultura, cujos interesses dependem principal-
mente da$ culturas da cana e do vinho, que aos alcooteiros não con- '
Vem que sejam estimuladas.
Pode isto ser ? Deve isto ser ? Confiamos que V. Ex." e o Go-
verno n8o atacar80 deste modo os interesses superiores da Madeira
para favorecer quaisquer interesses de classe.
É mister reatar o fio da tradição, e náo rompe-lo ;C mister
manter-se o uso da aguardente em 29' e nnHo o alcool de melaço im-
portado misturado com agua ; é mister tratar o vinho com aguar-
dente de vinho, dispensando pouco a pouco o alcool de cana.
É mister em suma manter as fabricas que foram mandadas en-
cerrar pelo decreto 14.168.

10.0 - Como se podem remediar todos os males apon-


tados

A resolução destc problema e de uma simplicidade extraordi- .


naria, simplicidade que se náo foi vista pelo sr. Dr. Teixeira de
Lzncastre, foi apenas porque ele foi victimci de erradas e incomple-
tes informações.
A questao sacarina resolve-se, obrigando cada um a colocar-
se no seu logar, exercendo a sua actividade apenas no seu campo
de acçiio. E assim:
a) As fabricas d e assucar e alcool, só devem fabricar estes
productos, n8o podendo o alcool entrar n o consumo directo, e ser-
vindo apenas para tempero d e vinhos e usos farmaceuticos e indus-
triais.
b) As fabricas de aguardente devem ser mantidas, fabricando
aguardeute de cana, aguardente vinica, e mel integral da cana.
C) A produção de assucar, do alcool, e da aguardente, quer
de cana quer de vinho, deve ser fiscalisada pela alfandega do Funchal.
dl As fabricas de alcool e assucar, e as de aguardente, devem
ser prohihidas de vender aicool ou aguardente.
e) A venda dos productos a que se refere a alinea anterior,
s6 deve ser feita pela alfandega do Funchal.
f) Deve manter-se a liberdade da instalaçiio de novas fabri-
cas c)e assucar e alcool, bem como a liberdade de transformaçiio,
em assucareiras, das fabricas d e aguardente, sem praso limitado. -
g) Os rateios do alcool para tempero de vinhos, e o do assu-
car importadoepara refinar, devem ser feitos pelas fabricas que exis-
tirem, proporcionalmente ti cana laborada na colheita anterior a
esses rateios, conforme o D. 5492 de 2 d e mriio de 1919, - unico
meio de proteger a agricirltura da cana, r não proporcionalmente
tl capacidade de laboraçdo das inesmao fabricas. INUTIL é esta
capacidade, se ntío fôr utilisada ern favor da agricultura.
h) Deve ser INre o fabrico de mel integral da cana, como pro-
tecçÊlo 4i agricultnra e B populaçlio.
4 Deve ser livre o fabrico de aguardente viiiica por todas as
fabricas de aguardente, de modo a proteger a viticultura.
j) Deve ser absolutamente prohibida a entrada de melaço no
districto dÒ Funchal.
k) A aplica~tiodo alcool aos vinhos deve ser verificada pela
slfandega do Punchal, e não pela E. A. da Madeira.
li A fiscalisaçao da producçiio do vinho deve ficar a cargo da
* alfandega e os manifestos de produção devem s(:r enviado d mesma
alfandegs.
m) O preço da cana deveria ser ajustado livremente entre com-
prador e vendedor, evitando que aqueles alegando obrigações, exi-
jam comperisações absolutamente inadmissiveis como se verifica :no
decreto 14.168.
n ) Quando o alcosl proveniente dos residuos do assucar de
cana qadeirense náo seja siificiente para o tratamento dos vinhos
destinados d exportação, ser8 empregado nesse tempero a aguar-
dente vinfca, proveniente de vinhos do arquipelago. E quando esta ain-
da nHo fôr suficiente, sers o alcoal preciso extrahido directamente da
cana,
o) Os direitos que deve, iam incidir sobre o assucar estran-
geiro, importado na Madeira, deveriam ser apenas os da pauta geral
das atfandeqas, adicionados dos mais imposloç gerais e locais, sendo
abolido, por isso, o direito diferencial d e $50 escudos por quilo,
a que se refere o D. 14.168.

11' - 0 justo equilíbrio dos interesses legitimos das


diversas classes

Deste modo tiremos devidamente protegidos:


al A cultura da cana, cujo preço ha de aumentar alem do fi-
xado do Decreto.
b; A cultura da vinha, pelo consid~?raveiaumento do preço do
Vinho,
c) Os interesses legitimos da industria assucareira, alcooleira
e aguardenteira.
d ) Os interesses econornicos do arqiiipelsgo.
C) O fabrico dos vinhos generosos da Madeira.
f) Os legitimos interesses do comercio.
,c)E os superiores interesses da saude publica.

12." Findo os trabalhos da comissão o signatario ela-


borará um relatorio.

O signatario, nesta exposiçZio, mostra os males graves que<ao


arquipelago da Madeira adviriam se o decreto 14.168 fosse mantido,
e na discuss80 a efectuar no seio da comissão, mostrará as razões
porque assim pensa, com factos e nurneros. As objecções feitas pe-
los outros niembroç da' comiss80, responderá, e mostrar6 as razóes
porque julga estar dentro da verdade, da justiça, e da equidade.
E nHo querendo fazer obra de negação, elaborar8 um relato-
rio minucioso e concreto ticerca da questáo sacarina da Madeira, de
modo a esclarece-la perante as estações superiores e perante Sua
Ex.' o Ministro, concrctisando ainda as ideias expendidas num pro-
jecto de decreto que, espera, serti aprovado, porque as suas dispo-
sições põem termo ti desordem sacarina da Madeira, colocando
cada um no seu logar, e sem prejuizo dos seus interesses legiti-
mos, e integrando devidamente a maxima soma destes; unindo e
n8o dividindo ; agradando e nHo aborrecevdo; evitando desafeições.
justificadas, que, embora silenciosas, prejudicam sempre a acçgo d e
quem quere governar em justiça, e equidade.

Lisboa, 30 de Dezembro de 1927.


RELATORIO
Neste reIatorio justifico as afirmações mencionadas anterior-
mente, rebatendo as objecções qrie ihes foram feitas, no seio da
Comissão, ou de outras de que eu tenha conhecimento.
Para melhor e mais facil compreensão, porém, dos altos e gra-
vissimos inconvenientes do decreto n." 14.168, passo d exposiçlo
de factos que constituem aesclarecimentos gréviosp necessarios
para se poder apreciar com justiça o referido decreto.

Esclarecimentos prévios

1." - A cultura da cana - O regime sacarino - A neces-


sidade da sua existencia, sem monopolios.

A cultura da cana é secular, e tem-se mantido porque ela as-


segura :
a)---O aliniento para o gado que vive, em geral, em estabulos;
b)-O mato para a cama dos gados;
c)-O mato para enterrar, favorecendo as terras ;
d)--O mato para segurar as terras nos extremos dos regos por
ocasilo das regas.
Sai muito cara esta cultura, feita toda pelo braço do homem;
mas é mister mantê-la onde a cana atinge 8,5" Baumé, visto nZLo ha-
ver cultura rica que a possa substituir. E por isso ha necessidade
de protegê-la excluindo, porém, monopolios, que só prejudicam a
colectividade.
Emcampo aberto para todos, e n8o em espaço fechado como o
faz o decreto n." 14.168, é que se protege convenientemente a cul-
tura da cana.

2." - A laboração da cana

A cana sacarina tem sido laborada no arquipelago, nas fabri-


cas de assucar, nãs fabricas de alcool, e nas fabricas de aguar-
dente,
Presentemente ha duas fabricas de assucar, uma de alcool e
48 de aguardente, estas tiltirncis disnersas pelos diversos concelhos
da Madeira, 16 das quaiseno vertente norte da mesma.
A rtizáo do estabelecimento de tantas fabricas foi a necessidade
de laborar a cana dos diversos concelhos, Não havendo viação,
sendo mister cuItiuar a cana, e não podendo esta ser transportada
para O Funchal pela carestia dos carretas, estabeleceram-se fabri-
cas, que teem prestado e prestam assinalados serviços d agri-
cultura,

3."- As fabricas de assucar e de aicosi

As fabricas de assucar e de alcocrl teem a sua séde no Fun-


chal; a de W.m Hinton & Sons, arrendou a de alcool, formando
hoje as duns um todo industrial ; a á e Henrique Figueira da Silva,
esti5. independente,
As capacidades de laboraçiio destas fabricas estilo ofi~ialmriite
fixadas do wguinte modo :
W." Hinton 81SOES70%'.
Henrique F. da Silva 24 % .
Herdeiros de j. de Lemos 6 ~ ~ ' ' .
Como esta ultima ~ J t harrendada á primeira, conclue-se que
dos lucros dos iiiiioi~op~>iio~,
cerca de 75%' pertencem a W." Hin-
tpn &r Sons, o que explica o Interesse qw essa firma tem totnado
para que se n~anteriha o iiecreto n.' 14.168, defendendo-o nos
jornais de Lisboa, e no se[! jornal, Diario Mucfeir.2, no Pun-
chal.

4." - O fabrico d o asçucor e d o alcool - O rendimento


da cana e do melaço
A) O alcool e os vinhos

O regulamento da produçilo e cornêrcio de vinhos da Regi80


da <Madeira,atacando u tr.:dição, prescreveu que esses vinhos
generosos só f ~ s s e m tratndos com alcool de cana e de delaços
exoticos, confirmando uina pratica seguida, acidentalmente, anos
antes, por efeito das doenças que tinham destruido os vinhedos.
Desta medida que s6 veiu favorecer a alteraçdo do fipo dgs
vinizos rlu Regido, resultou, e tem resultado, que, ao passo que os
Vinhos produzidos sào vendidos por preços irrisorios, importa-se
melaço para o fabrico de alcool para os vinhos que podiam e de-
v i ~ mser tratados com aguardente Jinica, como sucede no Conti-
riente da Republica.
É frequente verern-se anomaiias destas : o arqulpelago não ter
o direito a óeneficios que srio concgdidos aos continentais, por-
que influencias varias, e interesses ilegithos, se opõem a isso. E
de justiça é que estas anomalias ntio sejam maotidas como o faz o
decreto n."14.163, prejudicando grrruemente a agricuitura madeiregse.
Atites das doenças qlie destruiram os vinhedos, o consum de
alcool no districto d,o Funchal era, de facto, nulo. Infelizmente o
USO do alcool foi utn desastre para os vinhos, e para 0 alcoolismo:
para os vinhos permitindo a sua falsificaçâo e sobretudo a suapre-
paraçrlo rapida, para exportação, corn prejuízo dos ~nesmosvinhos
para o nlcoolisrno, creando-o, tiesenrolvendo-o, alimentando-o, e
mantendo-o, como sucede presentemente.
É o que se ver& em breve, neste relatorio.
-- O rendlmenta da cana e m assuear e a l c ~ o l ,
se forem esgotados as melaços
Segundo as declaraçaes dos fabricantes feltas ao Sr. Dr. Tei-
%eira de Lencastre, delegado de V. Ex.', cada tonel21da'dc cana la-
bomda dB em ri~ediw:
r\ssucar - oitenta e seis quilos.
Alcool -- dose litros.
Outras informações dadas ao mesmo funcioiiario asseguram qu
cada torielada de cana dd noventa e iinco quilos de assi:car, o que
se aproxima mais d:) que deve ser :I verdade, embora ainda seja
hfurior d realidade.
Com efeito, a cana cultivada na Madeira, que no principio tinha
grau sacarina pouco elevado, foi melhorando sucessivamente, con-
forme o confessam W." Hinton & Sons, atC que, ein 1914, era jd pos-
extrahir uma mkdia de 91,5 quilos por toneiada («Nova Ques-
t8o Hintow).
Ora esta declaração esta em absoluta desharrnonia com o que
consta oficialmente: Em 1912, jd essa fabrica, ent8o monopolista,
cxtrahia ma:s de 95 quilos (*O probltma zacarino da Madeira, por
Pestana Junior~);quantidade de assucar que sinda em 1915 era ex.
tnrhída', por tonelada.
É pois evidente que os numeros forileçidos na (Nova Questgo
Hinton*, esta0 erradas, compreenderido-se bem porquê.
Desde 1914 ate hoje, a cana tem melhorado sucessi~amentede
grau, por um lado, e por outro tem sido abandonada a cultura da
cana em terrenos de qualidade inferior. Esta melhoria de grau tem,
de resti., sido verificada nas fabricas de aguardente. como o conhece
bem o signatarío,
Por estas razões t5 legitimo concluir que cada tonelada de cana
deve produzir, pelo menos, cem quilos i% nssucar se f6r esgotado
O melaço ; 2 nu caso contiario, deverá procíu.cir em alcool, o que
deixou de produzir em assucar.
Objectam os industriais que :i cana está hoje depauperada, e
tem rendimento menor. As razões expostas, e a melhoria de grau
verificado nas fabricas de aguardente, levam h concluç80 contraria
DOLI,pois, como asseste que cada tonelada de cana dai, em bases
*conservadorase ern media, pelo rrx enos :
Assucar -noventa e cinco quilos;
Alcool -quinze litros.
C) - O rendimento da cana em assucar e alcool
quando se não esgotem os melaços

Suporido que as fabricas, - como teem feito porque ihes con-


vem, - não esgotam os melaços, e transformam em alcool parte do
assucar, é ntister vêr qual o rendimento obtido por quilo de assucar.
Segundo a informaçao prestada pelo Sr. Botelho Monis,
chefe da Estaçiío Agraria da Madeira, h corniss80, cada quilo de
assucar cristalisado "dh 0,88 litros de alcool em 40.0 Quere isto dizer
que, se em Vez de extrahireni 95 quilos de assucar, apenas fa%ri-
carem 86, como dizem, as fabricas obterãlo a seguinte quantidade de
alcool, por tonelada de cairr em media: de 9 quilos de assucar,
7,92, e de rksiduos 15, total 22,93 litros.
Esta extraçiio n€ío foi contestada pelos representantes das fa-
briccts, perante a afirmação categorica do mencionado funcionario.
D)-0 rendimento dos melaços importados em aicool

Os melaças importbdos r.39 podein ter grau de sacarosr supe-


rior a 55'1, É obvio que as fabricas importar80 melaços t8o ricos
quanto possivel.
Por outro lado, segundo confessam W." Hlnton & Sons, quafro
quilos de melaço esgotado, da cana sacarina mandeirense, produ-
zem um litro dz alcool.
Supondo que o melaço importado contem' 507, d e sacarose, em
média, dois quilos dele d8o : de um quilo de assucar 0,88Iitros de
alcool, e dos residuos 0,50 litros, ou o total de 1,38 litros.
E quando o grau de sacarose fasse. em media, de 4V[., ainda o
rendimento fie dois quilos seria de 1,124 de aIcool.
E)- 0 rendimento d a cana em alcool

Dizem os fabricantes de alcoot que iima tonelada de cana dá,


em média, 64 litros de alcool em 40'.
É mais uma das afirmações conservadoras que eles fazem, que
se compreende, mas que não é exacta.
Como j& mostrei c rendimento rnedio de uma tonelada d e cana
C de 95 quilo6 de assucar, e 15 litros de alcool.
Produzindo cada quilo 0,88 litros como mostrei, o assucar proa
duz 83,60, e os residuos 15, isto é, o total de 98,60 litros de alcool
em 40", e não 64 como dizem os interessados.
Conclusaes :
-
a) Cada tonelada de cana madeirense produz 95 quilos de
assucar, e quinze Iitros de alcool em 49;
b) -Ceda quilo de assucar produz 0,88 litros de alcool em 4V;
C) -Cada dois quilos de mela~ocom W1. de sacarose produ-
zem 1,38 litros de alcool a 40";
d)-Ctida tonelada de cana ~roduz98 litros de alcool em 40'.
Ser8 com estes nurneros, estribado nas razões que ficam ex-
postps, que basearei os meus calculas.

5."- O alcool preciso para temperos de vinhos


da Madeira

0 ar. dr, Teixeira d.e Lencastre, defendendo o decreto noo14.168


na Voz, afirmou que os lucros dos rnonopolistas eram pequenos,
porque por efeito do mesmo decreto, o alcool preciso pata o tem-
pero de vinhos ser$. no futuro, 300.000 litros, em vez dos 800.OCO
Htras actuais. Essa diferença de 500.000 litros no alcool, reduz ae-
sim, diz ele, os lucros dos monopdistas.
Ora*nada disto t exacto.
Com efeito a produçao de vinhos da Madeira, orça por desolto
mil pipas de 500 litros arluaimente. Deste vinho sBo tratados com
datino a vinhos generosos para exportaçao 7.0W pipas, que exi-
gem por si s6s, 355.000 litros, e dessas 7.000 pipas, cinco mil (e até
mais) sao exporhdos para os paizes escandinavoe, e para elas sb
preciso& mais 4 Olo. isto C, 100.000 litrós, prefazendo o total de
46000 litros de alcool.
Como se fala em 300.000 litros?
Restam ainda 11.000 pipas, que ndo tendo, corno até uqrri,
aguardente pera o ueu tratamento (em vista do seu elevado preço),
tetio de comprar alcool, na quantidade de 330.000 litros pelo menos,
o que dd um total de 795.000 litros, afóra o preciso para frrrnacias
c usos industriais.
6 evidente, pois, que os monopolistas teern sempre crssewridi
a m x i a de 800.000 litros de alcool, visto que o preço da agr.rdeak
fixado no Decreto, 50$00,torna imposdvel a compra da ultima.
Alega o sr. Teixdra de Lencastre, que com as rnecild*~t o m
das, o ilcool preciso tem de dlminiir.
Ainda n&o & exacto isto.
Com efeito :
a) - O vinho para os paizes escandinavos, cuja exporta@o es tP
a aumentar, tia de continuar a exigir 15 Oli, de atcool, e cerced4o
impossivel, pois esse alcool foi pedido atC pehs vias diplomatks),
como necessidade ;
b) - O vinho para cnportaç80, destinado a outros paizes, exige
e exigir& os 55 (1 1 Olo) litros por pipa de quinhentos litros como r
experiencia o tem mostrado ha largos anos. Tentar mecher nissa,
perder tempo, levantar atritos, causar dificuldades e quem governa,
e prejudicar a expor'taç8o;
c) - O vinho que os produtores desejam conservar, embora M o
para para exportação, necessita de, pelo menos, 8 de alcool (40
litros por pipa), e se lh'os não derem declararão que é destinado a
ser exportado, e em vez de 40 litros, ter80 55 litros ou perder80 o
vinho.
d) - Finalmznte, o vinho para consumir a praso curto necessita
3 a 4 "10 e é preciso dar-lh'o.
O facto de ir proceder-se enxertia das vinhas, n t o altera os
logat-, essa enxertia 8 6 pdde fazer-se
calculos f e i t ~ :s E m ~rir~~eit-c,
pouco a pouco, durante anos, e a produção ser8 sempre abundante
bastante para exigir os 800.000 litros de alcool. Haver4 sempre
12.000 pipas de vinho para tratar como generoso, dor quais 5.000
para os paizcs escandinavos.
E o tratamento dos vinhos abafados (surdos) exigir4 sempre
quantidade especial de alcool, embora o decreto n . O 14.108 mande
inclui-lo na quantidade total do alcool a que teem dkeito os produ-
tores ou exportadores.
a r a isto é outra anomalia do inesmo decreto, e representa uma
violencia.
Com efeito, se os vinhos generosos da Madeira devem ser
adoçados com vinho abafado, e nao com assucar (o que4 ilegal se-
gundo o Regulamento); se o vinho abafado exige em média 25 '[r
de alcool; como $ possivel privar os produtores, ou os exportado-
res, dos meios precisos para cumprir a lei? !f isto possivel?
Conclusáo : As fabrica8 monopolistas teriam assegurada a venda
de 800.000 litros de alcool, anualmenti, se fosse mantido o decreto
n.' 14.166.
6."- Qual a quantidade de alcool produzido

Como disse, a quantidade de alcool necessaio para tempero de


vinhos e usos farmaceuticos e industriais, orça em média por 8 0 0 . 0
litros, anualmente. Mas como cerca de onze mil pipas de vinho des-
tinadas ao consumo local, utilisam aguardente para esse tratamento
(cerca de 300.000 litros e mais), vista a dificuldade de comprar al-
COO], que s6 se vendia no Punchal, e tinha de ser misturado com
vinho, deve concluir-se que a quantidade de alcool que tem sido pre-
ciso para o tempero de vinhos e a outros usos indicados, 6 , em me-
dia, de 500.000 mil litros o marimo, actualmente; e era de 400.000
litros, antes de ser elevada a 15 "[O a percentagem do alcool para os
vinhos destinados aos paises escandlnavos.
Vejamos agora o alcool que tem sido prodilzldo, o que e! muito
interessante.
A) - Desde 1895 a 1911

Em I909 foi publicado o Regulamento para 3 Produç%o e Co-


mercio de Vinhos da Madeira, que limitou a 55 litros o alcool para
tempero de vinhos, de cada pipa de 500 litros, alcool que era sufi-
ciente, e é ainda hoje, salvo para os vinhos destinados aos paizes
escandina~os.
Este simples facto levou a firma W.". Hinton â Sons a recia-
mar contra essa Zimitaçdo, exigindo 650.000 iiljras de indenisaçao
pelos prejuizos que sofreria durante os dez anos restantes da con-
cesslb que tinha na venda do alcool.
Alegavam assim um prejuizo de 65.000 libras, anual.
Ora ao cambio de ent8o representava esta quantia 300 contos.
e como o lucro de cada galão (3,6 litros) orçava por $50, deve con-
cluir-se que aquela firma fabricava seiscentos mil galões, 2.160.000
litros de alcool em 40", ou 3.024.000 litros em 2V, anualmente, alcool
este que tinha Úm consumo i l e ~ a listo
: 6, servia para falsificar .vi-
nhos e para consumo directo, fazendo assim concorrencia & aguar-
dente.
E como a fabricri Lemos Iançaqa no mercado cerca d e um terço
dessa quantidade, C forçoso concluir, - que eram desdobrados e
entravam no consumo, cerca de quatro niilhões de litros de aicoo1
em 26" ilegalmente, a maior parte do qual era laórieado clandesti-
namente, pelas fabricas alcooleiras.
Contra esta iriundação de alcool desdobrado, reclamaram egri-
cultores e fabricas de aguardente, repetidas vezes, e em especial
em fevereiro de 1907, mencionando os prejuizos : para a agricul-
tura, que advinharn da entrada do melaço e alcool barato desdobrado ;
para os fabricantes, da concorrencia deslial e ilegal do akool; e
para a saude publica, creando e desenvolveudo o alcoolismo.
Nada conseguiram.
Ora foi esta inundação de alcool, no periodo calamitoso de 1895
a 1911, alcool produzido pelo melaço importado, que creou, alimen-
tou, desenvolveu e fez prosperar o alcoolismo, contra o qual tanto
falam aqueles que o promoveram.
Quem creou c desenvol~euo alcoolismo, foram a? fabricas ai-
cooleiras, e niio as aguardenteiras, que existiam desde seculos, na
sua maior parte,

6) - - Desde 1911 a 1919

Em 191 1, foi estabelecido tiovo regimen sacarino, sendo proi-


bido, como antes, o desdobrar alcool para consumo .directo.
Mas o fabrico clandestino de alcool, e o seu desdobramento,
continuaram em larga esçula, como se vê dos seguintes numeros:
a) - A produçao oficial de alcool nos anos de 1912 a 1917, foi
de 3.975.000 litros. Deduzindo 290.000 litros exportados para França
em 1916, fica uma média de produção anual de 615.000 litros ;
b) - Durante o mesmo periodo foram extraídos da cana, oficial-
mente, 1.067.000 litros, de 16.174 toneladas, sendo o rendimento
oficial de 64 litros por tonelada. Mas sendo esse rendimento de 98
litros (e nso de ti4) como já se demonstrou, a produção foi d e 264.000
litros anualmente ;
c) - Como é habitual, a quantidade de cana laborada nas fabri-
cas, nHo é tornada publica com exactidão, por motivos obvios. É de
crer que a laboração da cana durante o periodo de que s e trata,
fosse superior em 5.000 ou 10.000 toneladas, em média anual. E
admitindo aquele numero teríamos mais 475 toneladas de assucar
transformadas e m alcool que representariam mais 400.003 litros
em 400.
Deste modo na0 é audacioso concluir que, durante os anos de
1911 s 1919, houve uma produçao media anual d e 615.000 -+ 264.000
-+ ~ . 0 0 0 =1.279.000 MOS.
E como para os vinhos apenas foram precisos cerca de trezen-
tps mll litros (Pestana Junior: ((0Problema Sacarino da Madeira,)
6 legitlrno concluir que foram fabricados clandestinamente cerca de
seiscentos mil litros de alcool; e que entraram no consumo dire-
cto novecentos mil, isto C, 1:260.000 litros de alcool em 26", anual-
mente, em concorrencia com a aguardente das fabricas de destila-
@o*
C)-Em 1920

Em 1920, a produçho oficial de alcool foi de 420.000 litros, e


foram importadas duas mil toneladas de melaço para o fabrico de
alcool.
Ora este melaço produziu itm rnilh8o de litros, ,que com os
420.000 prefazem 1:420.000. E conlo apenas foram precises para o
-tratamento dos vinhos cerca d? yuinhcntos mzl litros, concue-se
que entraram no consumo directo mais de 900.000, isto 6, 1 :260.000?
Como, p o r h , houve nesse ano cerca de 30.000 toneladas de
cana laborada, deve ter sido fabricada ainda maior quantidade de
alcool, que, desdobrado, entrou no consumo directo, alem do assu-
. a r que do mesmo modo foi utilisado para a produç8o de alcool.

estes tres anos a laboraçào de cana deve ter sido e m média


30.000 toneladas: Admitindo, porém, em bases conseruadoras que
essa Iaboraçi!~foi apenas de 25,010, deveriam produzir 2.375 tone-
ladrts de assucar.
Segundo as notas oficiais essa produç80 foi apenas de 1.400
toneladas. o que significa que 950 torieladas de assucar foram trans-
fattnadm em aIcool, dando 800.000 litros, em 40." ou 1,120.000 em 2C.
Mes além deste foram prodiizidos 800.000 litros, anualmente,
das quais quinhentes mil foram enipregados em viiihos, sendo os
restantes entregues ao consumo directo, isto 6 , mais 420.000 em 26."
É legitimo concluir pois que, nestes anos, em media, foram fa-
bricados clrndestlnamente 800.000 litros, os quais, com mais 300.000,
foram desdobrados para o consumo,
Nestes calçulos n8o se entra eni consideraçiio com o maior ren-
dimento do melaço importado, rendimento que deve aumentar muito
a quantidade de alcool fabricado e desdobrado, clandestinamente,
que entro3 no mtrcadc, e qiie n&o dever8 andar longe de dois mi-
Ih6es de litroc !

Em 1927, verifica-se coisa analoga. As fabricas alcooleiriis labo-


raram pelo nienos 25.000 toneladas de cana que deviam produzir
2.375 toneladas e de que s6 extrahiram 1.557.000 quilos, transfor-
mando, por isso, em alcool, 800 toneladas de assucar que d8o 700.000
litros. Estes, somados com 470.000 produzidos oficialmente d8o
1.170.000; e corno, nesse ano, a quantidane de alcool preciso não
excedeu 500.000 litros (os vinhos náo desti~adosa exportação foram
tratados cor11 aguardente,) conclui-S.: que 630.000 litros forarn ou
v80 ser de~dobrados,tlar~~lo 880 000 eri; 26O, os qusis esta0 emba-
r a ~ a r i d oa verida da agdardentc, n;rtrla u~*frralmcnte.
qpesar de tudo isto, 6 r~aturalque e m brrce (se ja náo foi fei-
to). se ~ c ç aa iniportação d i melaço plira aciidir aos vinhos que es-
tão sem ai1:uol. . .poique este tt~ireaplicação ilegal apesar de to-
CIds as fiscalisações. . .
Conclusões :
a) - A quantidade de alcool produzido, ani~alrnente,e m 40°,tem
orçado por cerca de 1 .(i00.000 litros, em 40" ;
b) - Desse alcool, em face do que fica exposto, 800.000 teem
sido prodi~zidosclandestinamente ;
c) - Teeni sido desdobrados e entregues ao consumo directo
ceriia de 1:500.009 litros d e alcool desdobrado em 26." Cartier, anu-
almente. esto é, rnais do dobro da aguardente das frbricas entre-
gue ao riresnio consuino;
d) - - S . > ha uma maneira de evitar este atentado contra a saude
publica: Prohibindo as fahrlcas productoras de aloool, que vendam
este producto; passarido o encargo dessa venda para a Alfandega
do Funchal ; encarregando esta da fiscaliseç80 da protlução de vi-
nhos ; e encarregando-a airide d ? fiscalisação da aplitaç8o do aicooi.
Nada disto fez o decreto n." 14.188, que deixou os serviços de
fiscalisaç80 a p ~ s s o a lgire sobejamente terli demonstrado, ndo ser
~*uprrzde fiscalisar inoi~aal,qunra, incluindo o funcionario que foi
recentemente nonr~eactopara a fiscslísa.80 da execuçiia do decreto
n.O14.167, funcionario que, durante anos, fiscalisou por parte da Co-
mirslbo de Viticultura a produç80 de vinhos da Madeira, e que nada
conseguiu, como o rnostrou a experiencia.

7 O - O alcoolismo na Madeira - Quem o creou, alimen-


tou, desenvolveu e alimenta, foram e são as fábri-
cas de assucar e alcool
Pelo que disse no nomero anterior vê-se que estas fabricas,
lançando no rriercado mais de 1.500.000 litros de alcool desdobrado,
anualmente, isto 6, mais do dobro da aguardente que entra no con-
sumo directo, si30 as principais factoras do alcoolismo, contra o
qual tanto elas falam. Apesar de Q detestarem, os monopolistas tecm
sido e são proprietarios de fabricas de aguardente. e um deles
W." Hinton & Sons, embora se desfizesse dos seus interesses nas
fabricas da Zona Sul, conservou os que tem numa fabrica da Zona
Norte, como se tivesse a previsdo de que as desta ultima Zona, n8o
eram mandadas encerrar.
Bem sabiam as fabricas produtoras de alcool que n8o era pos-
sível a continuação do fabrico e desdobramento de tal quantidade
de alcool, com e agravante de estar sendo embaraçado o legitimo
comercia da aguardente, que tem pago pesados impostos (3300 por
litro no ultirrio ano):ao passo que o alcool nenhum paga.
E dahi uma das principais causas da exploraç80 ignobil do al-
coolismo, que, se existe, não é devido ás fabricas de aguardente,
que sdo antigas, e nunca o pruduziram, mas s i n &s outras que im.
portam melaço barato, e transformam em alcool o assucar que devia
seT extrahido da cana, e das ramas de assucar importadas :

8."-.A fiscallsaç&o da produçdo e venda de alcool e


da sua aplicação

E? feita esta fiscalisaç$~opela G. F. e e venda feita na presença


da mesma, pelos produtores.
Pelos numeros dados, pelo que t5 publico e notorio, torna-se
necessario que a venda do rilcool seja feita pela alfsndega.
Quanto d aplicação do alcool é ;rbsolutamente indispensavel
que ela seja fiscelisadi pela mesma alfandega, e n8o pela Estaçgo
Agraria da Madeira, que bem tem rz~elado nHo ter aptidllo para
SSO,quer fiscalisando essa apficaçao, quer fiscalisando a produçáo
da aguardente.
Passando todos estes servicos para a alfandega do Fitnchal,
teremos uma segunda fiscalisaç80, que porti cobro aos desmandos
mencionados.

As fabricas de aguardente
9."-

Estas fabricas dispersas pela ilha, foram estabelecidas Para


laborarem a cana, destilarem vinhos, e fabricarem 0 mel integral da
mesma cana.
O s vinhos da Madeira eram tratados com aguardenle vinica, e
quando os vinhedos foram em grande parte destruidos, passaram 0s
vinhos a ser tratados e m grande parte com aguardente de cana em
50." (restilo), sendo a outra tratada com alcool de melaço.
Apesar da antiguidade das fabricas, nunca na bíadeira houve
habitos alcoolicos da sua populaçiio. A aguardente destilada em
28." e 29." Cartier, $6 era utilisada em trabalhos pesados, nas reyas-
sobretudo de noite, e para acudir àqueles que sob cargas pesadas
se alagavam em suor, de modo a evitar-lhes resfriamentos.
A aguardente assim destilada (28.929." 30.') tem um sabor agra-
d a ~ e l um
, óouquet excelente, est8, praticamente, liberta de princi-
pior toxicos (em 29. e 30."),é estimada pela populaçiio como sendo
a sua bebida tradicional e é usada ainda nas suas constipações,
nos seus resfriamentos, e nas suas doenças.
Terra acidentada, sem uiaçáo, sem meios de transporte, onde
o homem C quem sustenta todas a s cargas, essa bebida nacionnl e
tmdia'onal é precisa, até para a conseri>açãoda sarrrlt. tomada
nos devidos limites, como o era antes.
O rlcool, pelo contrario, 6 bebido sern gosta. sem sabor, sem
'I
bouquet' e para entrar no consumo, necessita atC de ser misturado
com aguardente, como I! publico o notorio.
Suprimir fabricas productoras da bebida nacional, tradicional,
para substituir este por alcool agun e aguardente em 26."n8o s e com-
preende, sobretudo atendendo a que se foi premiar aqiieles que
i-~~aisculpados são do alcoolismo existente,
Náo t facil conhecer ao certo qual a quantidade de aguardente
ptoduzida a t l 1895; mas, das informações colhidas, C legitimo suo
pOr que essa produçiro orçava por 600.000, anualmente, destiktd*
no grau mCdio de 29." Cartier.
Posteriormente a 1895, com o desdobramento do alcooi em lar-
ga escala, e c o r a.necessidade de lutar contra eie, C d e crer que
essa produt$o aumentasse, chegando a cerca de um milha0 de li-
tros, m&dia anual.
No reglmen de 1911, as estatísticas acusam uma media anual
de l.@lO.WfI litros em 26." Cartier (Pestana Junior, f?lheto citado),
8endo admissivel que essa prodtiç8o fosse um pouca superior por
defklencias de fi~~rlisaçiio.
Pooterlorme!nte a 1919, a mCdia da produç80 deve ter sido d e
cerca de 800.000 litros em 26." por efeito das deficiencias da Hsca-
Iisaçloi e da mediçdo errado. ofkiul da produção dos alambiques.
Ora se atendemos s que cerca de 300.090 litros de aguar-
dente teem sido sempre empregados no tiatamento de vinhos, 6 li-
cita concluir que, eni rntdia, a quantidade de aguardente, entre*
ao consumo directo, nunca excedeu 800.000 litros, e que poste*
órmente a 1919, tem sido menor, n8o excedendo 700,000,o que rem
presents uma capituç8o d e 3,s litros, que 6 muito inferior d de'qua-
sf todas as na~õesdo nutndo, sobretudo tendo e m vista que rta.
Nrrdefrs o conmmo de vinhos e outras bebidas, 6 muito pequeno.
Cmiclirrlo: Não foi a aguardente das fibricas de destilaçW. a
bebida tradicional e nacional, que creou o alcoolismo na Madefra ;
fui e C: o Plcool das fabricas de assucar e alcool, fabricas que ago-
ra foram premiados pelo decreto n.' 14.168, que lhes deti o fabrico
de alciool para bebida, e mandou encerrar fabricas.

33." A flscalleaçdo da produqéío de aguardente

Estd entregue d ~8tsçaoAgniria da Madeira. Se houve irregu-


laridades, se houve excesso de produçao, e culpa foi da lei da ff'b
calisaç80. e de quem mediu erradamente a capacidade do produ-
ção dos alambiques.
Se as fabricas viam a fiscalisaç&oconcordar com esse exces-
sa de produção, pelo menos tacitamente, 6 iiatural e humano que
muitas delas (como diz o decreto) fossem tentadas a exagera-la, e
tanto mais que tinham de lutar com o alcool desdobrado, qat ne-
nhum imposto pagava, ao passo que a aguardente estava tributada
fortemente, três escudos (3$00)por litro em 1927.
Como jd me referi a este assunto na exposlçilo que foi pre-
sente á comissão, passo adiante. Ali mostro a sem razáo do encer-
ramento das fabricas, e que as razões alegadas, salvo o devido res-
peito, silo razões sem razHo nenhuma.

-
12." Porque são hostilisadas as fabricas
de aguardente

Na referida exposiçho mencionei as razões dessa hostilidade.


mo a liberdade de chamar a atençso de V. Ex." para elas poy-
que s8o interessantes e eloquentes

13."- As funções das fabricas de aguardente

SBo importantissimas, prestando serviços . relevantes fi agricul-


tura, e a sua conseruaçi!ío representa urna necessidade para a agri-
cultura e para a economia do districto.
Os beneficios por ela prestadtis, podem avaliar-se pelos se-
guintes numeros :
contos
a)-$!% por 30 quilos de cana pagos n mais do que o
fazem as outras fabricas (9.000 toneladas). ...... 150
b) -Economia nos transpo~tes...................... 400
c)-Perda da cana que não ser8 laborada por o n8o
permitirem as despezas dos transportes para o
Funchal (3.000 toneladas). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 650
d)-Perda nos desconto' dos pagamentos ordenada
peIo decreto n." 14.168.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
e)--Perda pare a viticultura com a prohibiçao de *des-
tilação de vinhos (produç8o de 18 000 pipas a 200
escudos). . . . . . . . . . . . . o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , . 3.600
Perda anual para a agricultura. . . . . . . 4.050
A estes acrescem os seguintes para a economia do districto
pelo decreto n." 14.168:

.Direito diferencial no assucar consumido


(4.800 toneladas). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.400
De salarios, etc., etc, dispendidos pelas
fabricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.000
.De indenisaçao das fabricas. . . . . . . . . . . . . . 5.800
De contribuições. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
De impostos de transaçéo. . . . . . . . . . . . . . . . 100 10.400

Pbde manter-se isto? Para que? Para combater o alcoolismo 7


Nao 6 necessario : Piscalisando as fabricas de aguardente pelo
tempo, depois de medidos os alambiques; desmontados parcialmente
estes e selados pela alfandega ,prohibida a venda de alcool e aguar-
dente pelas fabricas, e fiscalisada a produçào de vinho8 e a aplica-
t$ho do aalcool, pela mesmo alfandega, teremos saneado a Madeira,
e evitado a falsiflcaçilo de vinhos. Sem isto nada se conseguirá+

14." -- O fabrico do mel integral da cana

Desde o inicio &I cultura da cana na Madeira se fabrica mel


integral dela, para o consumo da população, mel que k absoluta-
mente diferente do melaço, residuo do fabrico do assucar.
Este mel é feito pelas fabricas de aguardente, t um optimo e
f~adicionalalimento, sadio, e que 6 de uso geral antiquissimo, au-
mentando o seu consumo de ano para ano, servindo. para bolos,
e a1Cm de outros usos, para conduto de batatas, papas d e milho,
C&,-e outros, em logar de peixe, e sobretudo de bacalhau, facilim
tendo a iida da popuia@o madeirense, sobretudo pela carestia do
peixe.
O decreto n . O 14.168, extinguindo as fabricas, veiu perturbar
considera~elmentea vida economica da Madeira, pois n8o pode ser
fabricado mel (art." 14?), e ar febricas do norte nHo teem cana pro.
proprie para ele, e ainda que o tivessem o preç;, teria de ser multo
mais elevado.
Seria extraordinario que a Madeira deixasse de ter esse ali-
mento tradicional, sadio, de uso gersl, e se visse obrigada a impor-
tar mel de abelhas, de figos, e de outros frutos.
Acaso n$ío deve ser protegida a agricultura madeírense?

15."- A distilasão dos vinhos

Uma das medidas absolutamente necessarias Ci agricultura da


Madeira 6 a faculdade dz distilar tlinhos, transformando estes em
aguardente vi~iicadestinada ao tri.,tri;r!ento das colheitas.
NBo se compreende que sendo obrigatorio no continente da
Zepublica o tempero de vinhos com aguardente v i ~ i c a ,essa facul-
dmlc niio seja dada B Madeira.
Ora os vinhos do arquipelago sào produzidos em concelhos
rurais, em grande parte, e precisam rer q.ieimsdos nas localidades,
evitando as despezas ccrn transportes p:xn o Funchal, e a sua trans-
formaçho em aicoo!, o que rrpresetita um g r . ~ n d eprejuizo.
O s alambiques para esta dlstilaçao s8o os das fabricas de aguar-
dente, fabricas que, por isso, devem ser rnantidas em beneficio da
ngirculturij, a qual obterá um beneficio an:ial nunca inferior a 3.600
contos.
NHo se corníreende que o pobre agricultor, que trabalha de sol
s sol, tenha de vender o s e u vinh, a 70, 100 e 200 escudos, cada
pipa, em consequencia da abundancia, como tem sucedido, e não
possa queime-los nas fabricas proxirnas, obtendo 400 a 500 escudos
livres de despesas, por pipa, e beneficiando o tempero dos seus vi-
r.hos, e os dos outros, fazerido coni que s i regresse ao ttadicionul
vr'nho da Afadciru.
É obsio que isto n8o convem aos fabricantes de afcool, nem aos
exportadores de vinhos que terão d e os comprar mais caros.
Mas convem h agricultura, e os regimes são para proteger a
terra, sem prejuilo dos outros interesses irgitirnoc.
Apreciaçdes das disposições do Decreto
n." 14.168

1"3ão encerradas 34 fabricas (art. 1.') e desmon-


tados e Inutllisados os alambiques respectivos

Se tal disposição fosse mantida, haveria, anualmente, uma perda


para a ;igricoltura de 1.300 contos, como jh se viu, d é m da perda
póssi\let e provauttl anual de 3.600 contos para a viticu!tura, sem
mclhoria alguma no preço da cana.
Mais : A econo,nia madeirense serh ferida com a perda de 2.400
contos no imposto diferencial dt: $50, com a perda d e 2.000 contos
distribuidos, anualmente, pelas fabricas, por efeito da sua laboraçáo ;
perderia a irnportancia de 5.800 destinados B'expropriaçéo do fabrico
de aguard~nte,importancia que serR elevada ao dobro se fôr apro-
vada a proposta de um dos vogais da ComissBo, o sr. Carlos Fer-
reira ; perder6 a Junta Geral cem contos de contribuições; perder8
O Estado 1.500 contos em confáibuições e em direitos alfandegarios
por importação de assucar bruto.
Ex."' Senhor Ministro. Ngo creio, nso posso crer, que tais pre-
jufzos possam ser sofridos, sem vantagem alguma para a colecti-
vidade.

2.' - As tabricas encerradas serão indemnisadas


segundo a rateio de 1922 (art. 2
.'
)

Seria um principio justo, se fosse utii ou vantajoso o encerra-


mento das fabricas, o que n8o sucede.
O modo como a Lei 1584 estabeleceu o rateio, foi abselutr-
mente injusto, porqae s6 permitiu que beneficiassem dele, os frbri-
antes que ttveram conhedniento prévio da mesma lei.
Contra esse rateio rêclatnaratn cercIi de 40 industriais p t f a t ~ k
V. Ex." e perante o parlamento, reclamações que esta0 pendentes
a i n d a de resoluç80.
E como o actual Goueruo, assumiu funqões iegisiatiues, seria
acto de mbra justiça atender os reclamantes, fazendo que o rateio
d a aguardente volte a ser o d e 1922, como teria de resto sido jB re-
solvido, se não assumisse o Governo do Paiz, o 28 de kI~io.
Esse rateio deve vigorar para os efeitos do fabrico, e n8o da ,
indrnisaçao porque espero se faça justiça, n8o havendo encerra-
merito das fabricas.

3."-A indernnisaçao serd 2$40 por litro, e por ano,


durante seis anos

A admitir a expropriação do fabrico- 6 irrisoria esta indenisa-


çao, e por isso absolutamente injusta.
Se ás fabricas alcooleiras C dado o fabrico do alcool para des-
d o b r a r , 1292.500 litros); se cada litro de alcool 4 fabricado com 11150.
isto é, dois quilos d e melaço que custam, em media 1800, e $12 de
irnposto ; se esse alcool dd aos referidos alcooleiros 2.040 contos
de lucros liquidas, C natural que a indeilisação das fabricas orcasse
p o r 40.000 contos, pagos d e pronto.
N i o pude saber qual a base que serviu para a fixaç8o desta in-
denisação. .E bastante, disse apenas o sr. Lencastre, e com isso
ficam bem pagos*.
Assim será, talvez; mas ri80 compreendo corno é que tima in-
dustria que d& 2 040 contos de lucros certos anuais, aos alcooleiros,
póde ser papa aos aguardenteiros por 5.800 contos pagos em seis
anos.
E ainda que a indenisaçào fosse elevada a 5$00, ainda seria
irrisoria.
Mas o peor nao é isso. Os alambiques das fabricas serlarn inu-
tifisrdos, e elas não receberiam dinheiro algum, porque a Junta Ge-
ral nau o feria Fara pagar. A 50$00, e por maioria de razio, a
65200, r Junta Geral não venderia 60.000 litros de slcool desdobrado ;
as fabricas alcooteiras continuariam a f~bricd-10em larga escala, inun
dando o mercado : c rllnal as fabricas ficariam sem coisa rlgwnr !
Se o decreto fosse mantido, dar-se hin Isto por certo. Sem re-
tirar a Venda do alcool aos alcooleiro~nada s e poder4 obter, com
relaçào h saiide publica. O futuro o dirá.

4." -- A quantidade de aguardente a consumir na Ma-


deira, continua a ser de 500.000 litros, constituida
por 100.000 litros fabricados na Zona Norte, mls-
turados com 292.500 Iltros de alcool desdobrada
(art." 3."e seus $51

Esta disposiçho é absolutamente infeliz. Se ha nec~ssidaeede


aguardente, deve ela ser fil&ricaailapelas r-specti~asfabricas. Ani,
quilar estas para dar d s outras é urna náso/ufa iniustica.
Alega-se que assim e preciso :
a) - Porque as fabricas produzem aguardente em 26.", altamente
toxica ;
b) -- Porque é ciificil a fiscalisação das fabricas.
São razões, salvo o devido respeito, sem raz8o nenhuma, reveq
lando descorihecimento dc! assunto.
Como já se disse s e a distilaç8o e feita em 26". 6 em obedlen-
cia 5i lei. Autorise-se o fabrico em 29" e 30" e elas o far8o com ale-
gria cunio o f~ziamantes. Foi isso reclamado, mas elas nunca fo-
ra.:i ate:ididas.
Por outro lado, a fiscaiisação é simplicissíma, e de resto, vai ser
feita em 14 fabricas no Nortt>, onde eln mais dificil é, na nparencia,
Tr-ihalhando em determinado tcrnpo, não admitindo interrupçbes,
sal;io em casos es+~eciais, fiscalisando o inicio e o termo da Iabora-
çBo por um ernpregado superior da alfsndega, n8o ha~ertífabdco
clandestino de aguardente, que de resto n&o pode nem deve ser
vendida pelas fabricas, conforme o projecto de decreto junto.
Mas ainda que fosse julgado preciso o uso do alcool, conira o
gosto Itn poprrl~~pio, contra a t r a d i ~ d o ,deveria esse alcoof ser
produzido pelas fabricas mandadas encerrar, e nunca pelos mono-
polistas, cuja industrla foi, por esse factu, alor risada ein dezenas d e
milhares de contos, de nzcZo beijada, com prejuizo da dos outros;
estabelecida á sombra do lei.
Essa coocess8o representa, de facto, 2.040 eonfos de lucros
Iiquidos, anualmente, como jJ d i s s ~ .
Mais : A aguardente destilada em 29O-30° est8 liberta, de facto,
de principias toxicas, e é produto mais higienico do quz a mistura
de alcool. agua e aguardente em 26" que o decreto manda dar para
bebida, em vista desta ultima aguardente ser muito toxica.
Nada ha pois que justifique esta disposiçáo do decreto n." 14.168,
que é mais prejucial á saude publica do que a medida que propo-
nho no adjunto projecto de decreto - a distilaç80 da aguardente
em 29".

5."- A a g u a r d e n t e p r o d u z i d a n a Z o n a Norte (100.000)


virá p a r a o Funchal, s e r á l i g a d a com o alcool, e
v e n d i d a a 50$00 (88 3.@,
4."e 7." d o art. 3.')

Estas disposições s8o, praticamente, inexequiveis. Produzir


aguardente no Norte, trazê-la para o Sul, misturh-Ia e vende-la a
50800. 6 coisa que náo será possivel. O alcool desdobrado em quan-
tidade superior a 1:500.000 litros anualmente, como jB demonstrei,
aumentar& será vendido mais barato, e a Junta n8o poderi4 vender
a tal mrsturu ou liga de que fala o decreto.
Esta disposiçáo C conveniente, sim, para os monopolistas, que
fabricarào alcool clandestinamente, em mais larga escala, e decerto
tem o apoio caloroso deles.
Se em vez de 50500 passasse para 65$00, a venda seria de
facto nula; a Jiinta Geral ficaria sem coisa alguma, e as fabricas
mandadas encerrar, ficariam sem alambiques e sem dinheiro.

6.' - O alcool p a r a d e s d o b r a r (5 2.' do art. 3.9,o assu.


c a r e m e l a s o i m p o r t a d o s (3 1.' do art. 9.'), e o
alcool p a r a t r a t a m e n t o de vinhos (art. 26.'), serão
r a t e a d o s pelas f a b r i c a s proporcionaimente á sua
c a p a c l d a d s de laboraçãio

Estas disposições, sem que V. Ex." desse por isso, apenas fa-
vorece c monopollsta Hinton, contra o outro, que reclamou com in-
teira razão.
O regimen sacaririo é para proteger a agricultura e não ir~dus
riais; destes devem ser prutegidos de preferencia aqueles que mais
servem e protegem a agricultura, e por isso aqiieles rateios, que
são essencialnierite lucrati~os,devem ser feitos groporcionafmznte
á quunti(.~LIede cuna loharadu no ano anterior aos mesmos ra.
teios conforme o decreto n." ,5.492 de '3 de M:iio de 1919, - unico
modo de proteger a caiia. É inutil que uma fhrica seja grande, se
não utilisar a sua c(zp~2cirludede Zaòornçào. Isto é que é impor -
tante fixar,
Alega-se coritra isto :
a) -- Que esse rateio deve ser feito conio diz o decreto, pois é
o mesmo que s e faz com as fabricas d e moagem;
b)- Que Sendo as fabricas obri'padas a comprar a cana que
lhe fBr apresentada, náo ha razão para que tais rateios se façam
proporcionalmente í4 cana comprada.
Salvo o devido respeito, estas razões s8ci razões sem razão
nenhuma.
- Com efeito o meio de proteger a agricultura é levar as fabrica
a verem-se obrigadus a comprar cana ; a procurá-la, a dar facilim
edades ao agricultor, a tratl-10 bem, a ser justo e benevolo com ele,
a ndio t r i t á . 1 ; ~ mal, ccm injustiças como a experiencia mcstrou
largos anos.
Com as condições impostas no decreto (artigo 15.') os mono-
polistas faráo o que quizerem ; e toda a agricultura madeirerise fica-
r6 esçravisada a qles, e por tempo Nidefnido.
Ora o caso das fabricas de moagem 6 diverso. N&o C mister
acautelar o s interesses dos produtores; os trigos nào sâo cana d e
assucar, fresca, ss, limpa, cortada quando fôr ordenado pelas fsbri-
cas, postas na fabrica em 24 ou 36 horas, tendo mar agitado, e ha-
vendo falta de meios de transporte,
Niio! . 'xE Senhor Ministro. As canas nso sao trigos; as ca-
nas nPo s8o laboradas e vendidas c o m o os trigos; as canas ficar80
sem protecçao se essa disposiçiio f6r mantida, e o monopolista Hin-
ton, ficar& com 75 " ~ t ) dos rateios seja qual fôr a cana que compre.
P6de ofender, maguar, afugentar os productores. O s seus
rateios Zd estdo dsseLcziradosnr decreto. Embora todos os agri-
cultores Ihe fujam por necessiddde, ele ficará sempre com a par te
5@ -
de :::ao, importanjo melaço e açsucar que lhe dào maiores lucros!
E desi,: modo prejudicará, e arruinará ate a agricultura da cana!
Mas ha mais e muito pior:
Se esta violenta e injusta disposição fosse rnantida tornar se-ia
irn?~ssivela insialaç80 de riovas fabricas d e assucar, ou a trans-
forrnaçao crn assucareiras, das fabricas de aguardente, faculdade
q ~ i t i:ievrt haver.
9 ~ saldo
3 3s rateios proporcionais á capacidade de laboração
e :?.i.) á quantidade de cana comprada, n8o será possivel o estabe-
iecimeiito de novas fabricas, porque nas são precisas fabricas com
a capacidade da de W."' Hinton 81 Sons, fundada em tempo em que
a ciiltura da caiia era frita em larga escala.
E 6 coiitrci este facto que a agricultura reclama, com raz8o. se-
gundo me parece: É mister dar aos productores de cana uina arma
d e defeza contra as fabricas existentes, se elas exercerem vio-
lencias sobre 3 agricultura.
E essa arriia d e defeza, é a faculdade de estabelecer fabricas
d e assilcsr. O j:ilgdrnento das questões a que se refere o art.' 13.",
do 2::creto (5 ") é, praticarne~te,inuti). O pobre productor arrancar6
a can i, !nas não fará rzclamaçõ~s,creando inimigos e gastando di-
nheiro.
7.' -Mão é permitida a instalação de novas fabricas (artr 7.') e
quando qualquer delas deixe de Ibborar poderá o Governo
autorisar a montagem com .capacidade Igual. á que deixau
de trabalhar (ai-.16.":

No numero anterior já mostrei os incon~eni3ntes e os males


que para a agriciiltura adveem de tais disposições. Não permitir a
montagem de novas fabricas ou a transforrnaç80, em assucareiras,
das fabricas d e agiiardente, é amarrar, de p6s e rriaos, a agricultura,
e entrega-la nas mãos dos monopoiistas.
O d-creto foi aindd rnais longt do que isto. Na0 perniite que
uina fabrica qu.3 venha substituir outra, tenha capacidade diversa.
Se a de W. Hinton â Sons deixar tle trabalhar, pode ser substi-
tuida por outra, inas di: iqzzul cnpacirinde apesar d e tal n8o ser
n a e s s a r i o para a Iabornção da cana.
Parquê : Para qiiê? Para manter a mes i:a capacidade de
laboração. Mas para que serve ela, se não ha cana para Iaborar?
A isto objecta-se que a instalaçiio de novas fabricas, pulverisa
a industria, criando uma situaç8o economica desgraçada d Msdeire
e por isso é mister pôr um trau8o nessas instalações.
Ora isto, como se vê nas notas que vgo no fim deste reta-
forio, não é exacto. A industria do assucar e alcool na Madeira,
tem um lucro certo de sete mil (7.000) eorttos (para comprar
3.000 contos de cana), sem monopolios e com o regimen que pr*
ponho no projecto de decreto junto, lucro que, segundo me parece,
retribue o trabalho de quatro fabricas, e que pode e deve ainda
aumentar se as fabricas forem bondosas c: justas para com os pro-
ductores de cana,
Com os monopolios que lhes dtí o decreto, essas fabricas tem
um lucro certo de quatorze mil contos (14.0@0), para comprarem
oito mil contos (8.000) de cana de assucar o.que é estupendo (ddC
notas no fim).
Póde pois dizer-se que nHo ha motivos para receios, com reh*
çao a esta industria. A maior pul~erisaçãodela só poder8 trazer
grandes beneficios agricolas, que o regime sacarino pretende cone
solidar .
Alega-se ainda que permitindo o decreto '.n 5.492 de 2 de
Maio de 1919 a instalaçgo de novas fabricas de assucar e akad,
apenas s e instalou uma, n8o aperfeiçoada, o que mostra n8o poda
essa industria sustentar mais fabricas.
É esta uma afirmaçiio, que estd a ser sempre feita apesar de já
lhe ter sido dada resposta precisa e concreta.
Nao se estabeleceram mais fabricas, por ter sido oltemdo o
disposto fio art." 5.' do referido decreto n . O 5.492, isto é, por ter
sido determinado que o rateio do alcool para o tempero de vinhos,
fosse feito pelas fabricas de assucar e alcool, propot~ioflal-
mente d capacidade de Zahoração, e não d quantidade de cana
i:omprada, como preceituava o mesmo decreto.
Nestas coridiçõ~snenhuma fabrica se instalou, salvo a de Hen*
rique F. da Silva, que tendo sido montada, teve de futar com enorv
mes dificuldades em anos sucessivos, vendo-se com enormes
~ t o c k sde residuos do assucar, que n8o podia distilar, porque o setr
.ilcool nãa tinha consumo, pela exiguidade do rateio.
Prejuizo sofria e tem sofrido na importacfio de mdeço e de
asstlcar para refinar.
Essa modifica@ío do art." 5 do Decreto n." 5492 foi feita para
satisfazer uma reçlamaçHo da firma Hinton, apoiada ate oficiosamente
pelas vias diplomaticas, segundo constou então.
Deste modo, como se podiam montar fabricas? Quem se atre-
veria a faze-lo ?
Fabrica grande para quê, se n8o havia nem haver8 cana, como
j5i houve?

8.' Estabelece um imposto de $50 por quilo de assu-


car importado (art. 8.")no Funchal, para a Junta
Geral

Este imposto permitira aos monopolistas vender o assucar por


mais $50 por quilo, o que e m 4.800 toneladas consumidas, em &dia,
por ano, rcpresenta 2.400 contos dados aos mesrnos industriais, sem
iiecessidade nem vantagem para mais ninguem.
É clarc? que a Junta Geral nilo cobrará imposto algum. Nenhum
comerciarite poderá concorrer no mercado com o assucar dos mo-
nopolistas, que podem ainda importar assucar bruto das Colonias
para refinar pagando 50 "1, dos direitos pautais.
Esta dispssiçáo do decreto é evidentemente injusta contra a
colectividade qui- nada recebe.

9."--Toda a cana tem d e ser transformada em assucar,


s o l v o a que estiver alterada (art. 14.9; o alcool é
distilado apenas dos residuos do melaço, e da
mesma cana quando alterada; e quando essa mate-
ria prima n ã o for suficiente, será importado me-
iaço estrangeiro ou colonial

Estas prescripções s8o altamente prejudiciais i4 Madeira e rer


vogarri a legislaçáo vigente. Para a produção do alcoul n8o e miste-
importar melaço ; basta destilar a cana directamente, como preceitua
o decreto n." 5492 já mencionado. Só desse modo se protege a
cultura da cana.
E nao se diga que sendo a cana para assucar, tião deve ser
destinada a alcocl, porque issc não é assin?. Nãc faz sentido qi;e 0
Segirne v6 proteqer a entrada do rnelaçc, pondo d e lado a cana. É
~ r e c i s oaproueitar esta inclusiv6 a qlie, ter~dograu inferior, pode
ser iitilisadu nesse fabrico ; a d o norte da Ilha, rectificando a aguar-
dente dessa zona, dará born c?lcooI.
De resto o assucar ccioniai prt.cisa é pago em escudos e u
ratnbio nada sofre curn isso.
Sendo isto assim para que se foi revogar o art." ri." do Slecre-
,o n," 5403 3
A entrada do melaço na Madeira, foi o gri;n<ie fautor d a s ialsi-
iicações de vinhos ; da perda d:i fania dos vinhos da Regiao, e do
,tlcoolismo que aii existi:.
Entendo que 2tVo frisar o seguint proposito deste ponto : .
O alcnol para tempero d!: vinlios deve ser. extrrthido apenas
i o ç residios do sssucer ; se estes iiã(3 forem suficientes, dd aguar-
dente rrctificada da Zona Sorte; se airjda nno fôr suficiente, deve
ser extrahido da cana. directamentk:, e quando ngo haja esta, deve
ser considerado, automaticanlente, extincto o regime sacarino.
Tudo isto sem pibejiiizo tlo uso da crgu.irder~tevinica, coiiforrne
e nas condições que cot~signcliio proj+cto d ê dtxreto junto.
t ~ decerto será adop-
Tudo isto é tão fdt i1 dt' fa /.:- r e tiio j i ! ~ que
tado lwr V. Ex.'"

'rO.()-Sá os msn@pofistcrspodem i m p o r t a r açsucar colo-


nial ou estrant:%eirs pwcr refinar, pagando 50 %
dor; direito.: (art. 9.")

Esta disposição representa, de facto, iiir-i inonopoIio para 0 s


industriais do asscccar, qrie Ik. s dá graiitir iiicro. r o s arrasta a não
proteger a cultura da catla.
Com efeito, cada quilo de assiicar bri~to,refinado, flca ás fa-
bricas por cerca de 2Q10, livre d e despezas. Este assucar, com Q
imposto d e $50 sobre o assucar importado permite que as fabricas
o vendam por 3330, havendo por isso tl Ii~crode 1$50 em cada
quilo. Em 2.000 toneladas de assucar, terào c lucro de três mil.
contos.
Apr sclr disto tùrlo as fabricas, pelo decreto n." 14.168, nada
dão á ag ricult~~ra.
F'6de isto ser 3

I 1 A s fabricas de assucar e alcool são obrigadas a


Comprar t o d a a cana, em determinadas condições
(art. 13.")

Eirt cumprirne~~to do prescrito no art," 13." do decreto ntO,5492.


o oreço da ctiia tira livrz, ajiistatlo entre comprador e vendedo
desde 1925 incltisivé.
Foi esta uma bela e sadia disposição daqueie decreto, e com
ela iienhum prejiiizo i'i,ili h agricultllrs, Pelo contrario, o preço da
cana teni aumentado: Em lC)25,7500 por 30 quilos ; em 1926,
e e m 1927, (3$00.
S c n d o assim, porqlie n8o continíia o regime tie livre ajuste para'
o preço da cana? Por uma razão muito simples: porque aos indus-
triais coijuenl uma 0Bri't'a{:1ZOafim de terem base para exigir com-
pensnt.(Tes.
E foi o que sucedeu com o dtxrtsto n." 14.168. Só pelo facto
de se obrigarem a comprar cana hôa , pagando a mais par esta. o
que tiram á de qualidade inferlor, obtiveram as fabricas um aumento
de 7.00i~coi~tosde I!lcros. Se se não tivesse alterado o regime sa-
carinu, a agricultura terh, em conjuncto, sido beneficiada.

12."- O q u e v a i e o preço, da cana fixado


pelo decreto na014.168

.2 rxpicração que se tem teito com o chamddo aurncnto do


preço do cana, chega a ser ignobil, como passo a demoristrar.
Em Abril do ano findo, os monopalistas fizeram a proposta se-
u n t e 6 comissáo fixadora da preço do alcool:
Se essa comiss8o fixar o preço do alcool em 9$50 (em vez de
9$00 coino n o ano anterior), nós receberemos mais quatrocentos
contos. Mas não ficareirio$ con eles; distribui-10s-hemos pela a
agricultura, dando G$OO por 50 quilos, eni vez de 5550 como em
1925, por toda a cana seja qual for o sen .,rrrarc.
E faremos mais, disseram. Msntereinos o preço corrente d e
2$50 por quilo, do assucir que fabricarmos da cana.
Ex."" Sr. Ministro.
Isto quere dizer que as fabricas contavam laborar pelo ineaos
24000 toneladas de cana ; que se julgavam suficientemente remune-
radas com o preço do alcool 3 9900; e que ainda dos seus lucros
podiam dispensar a parte que Ihes coubesse ng aumento do prefo
do assucar que por ventur:i se dess:: no mercado.
Essa proposta, mostra bem, quanto os industriais se julgavam
em boas condições de trabalho; mostra que eles se julgavam remu-
nerados suficimtemente.
Bois bem ! Pc!o decreto n." 14,168' os industriais não d80 mais
dinheiro pela cana. O que d8o a mais pela cana superior a 9.' Bau-
mé, é o que tiram á cana inferior a 8, 5, cana que em 1927 foi paga
a 1i$00.
Deste modo o preço médio da cana f i x ~ d opelo decreto, C,
yzccznílo m u i t f ~de
, 45300, igual ao que foi pago no ano findo.
Mas sendo assim, para qile se foram dar ao9 monopolistas.mais
sete mil contos de lucros ? Parti quê? Qie compensações d8o eles?
É isto possivel ?

13."--A venda do alcool continua a ser feita pelas


fabricas produtoras como até aqui (art. 18.')

E este ;im i-)s pontos fnais iii?oitnnte$ do decreto, e que ne-


cessita ser alterado
Neste relatorio tenho acentuado a absoluta necessidade d e que
a veiida do slcool n&o seja feita pei:is fabricas, embora na presença
da G. F.
Mostrei as razórs r-invirtude das qiiais n8o pode nem deve
deixar de conc!uir-se que o fabrico claridzsti:io d e alcool tem exis-
tido em larga escala, -cerca de centenas de milhares de litros. É
este alcool, o principal fautor do alcoolismo, e 6 por isso mister que
a venda e aplicação do alcool seja feita unica e exclusivamente pe-
la a alfandega. que terá entrepostos, para onde passar8 todo o at-
cor1 fabricado.
Deste modo ha~erduma segunda fiscalisaç80, que é precisa,
em vista das razões apontadas.
Se se n8o fizer isto, n8o ser6 possivel sanear a Madeira, nem
evitar a falsificaç80 de vinhos.

-
14.' Nenhuma das fábricas que ficam pode destilar vl-
nhos (art." 22); essa destilação s 6 pode ser feita
pelas fabricas de a s s u c a r e a l c o o l (art.' 29)

Ora esta dis,poslção vem revogar o prescrito no art. 16." do


decreto na0 5192.
Prohibir ás fabricas a destilaçáo de vi~ihos,para a produç8o da
aguardente vinica, destinada ao tempero de vinhos, e! obstar ao re-
gresso 6 fradiedo, A vinicuifurrr tradicional da Madeira, com a
agravante de prejudicar a agricultura em milhares de contos.
Seria injustiça que á Madeira n8o fosse dada a faculdade de
destilar vinhos quando ela existe no Continente. Seria estupendo
que se estivesse a importar melaço para alcool, ou a destilar cana,
com o Vinho a preços irrisorios, por n8o poder ser queimado.
Pois é isto que dispõe o Decreto n." 14.168.
Póde isto ser?
O modo como deve ser resolvido o problema
sacarino da Madeira

lW0-Deve haver preço fixo para a cana? -No caso


positivo qual deve ser ele?

Para a resoluç8o do problema sacarino madeirense, é mister


assentar pr6v:arnente se deue ou não fixar-se o preço da cana.
No meu parecer, - e assim o disse na exposi@o apresentada
B ConiiasBo, - nBo se deue fazer isso. Essa fixaçáo, impõe uma
obrigaçdo. e a pretexto desta, s8o feitas as maiores exigencias por
parte das fabricas. O decreto n." 14.168 6 uma prova eloquente disso.
Pelo fscto das fabricas serem obrigadas a comprar cerca de dois
S cana, sem darem, em conjunto, um centavo a mais do que
~ E ! I Ç O da
no ano ultimo, íeceberam de m8o beijada sete mil contos de lucros,
a mais do que tinham, o que e, e m meu parecer, uma absoluta in-
justiça.
Mantendo as fabricas de aguardente qlie foram mandadas en-
cerrar; mantendo a liberdade de montagem de novas fabricas de
assuar ; estabelecendo os rateios de alcool para os vinhos, e da
importação de assucar para refinar, proporcionalmente é4 cana labo-
rrida, e ndo d capacidade de laboraç80 ; extinguindo o imposto de
$50 por quilo s que se refere o art. 8.0 do Decreto n.O 14.163, e
prohbiodo a bportação de melaqo, ou tributando-a com $60, oircr
por quilo; o preço da cana está n8o 96 assegurado, mas melhorara
-
sucessivamente para a cana de bom grau, visto que a restante
deve ser eliminada.
-58-
Por outro lado, porem, reconheço que o agricultor em gera!
prefere a afixacão desse preço. E por isso, iiie parece tarnbem que
ela pódr ser teita, desde que se acautelem os interesses da agricul-
tura, e não esquecendo-os, como o faz o decreto n.' 14.168, por
motivo do delegado de V. Ex.' ter sido mal Informado.
Para fixar o preço da cana devemos ter em vista o q u e a eu-
periencia tem mostrado, e o que dizem as proprias fabricas.
Pelo qrie jh disse anteriormente, as fabricas na sua proposta
d e 4 de Abril do ano findo, feita á cornissào fixadora do preço do
alcool, confessam que se julgam suficientemente remuneradas, ven-
dendc o assucar produzido a 2$50 cada quilo, e pagando toda a
ccznn (fosse qual fosse o seu grau de sacarnse) a 6500,-cada 30 qui-
los, se o preço dr, alccol fosse fixado em 9t550.
Este facto 6 evidente e não admite contestação.
Ora o decreto n." 14.168 manteve o preço do alcool e deu,
só na aiimlinto do preço do assucar, ?.SOO contos, por causa do im-
posto de O$5O (r>rt. 8."), pelo bonus no assucar importado (art. 9.0),
e pelo aumento do preço do assticar produzido que, em 1927, foi
vendido a 2$60,
É por isso qtie julgo acto d e méra justiga que essa importan-
cia seja, em parte, aumentada no preço da cana que f8r fixado ;as.
fabricas, em Abril de 1827, julgavam-se bem remuneradas com o que
tinham.
Para que dar-lhes tudo o mais ?
Ora como o arquipelago produz cerca de quarenta e duas mil
toneladas de cana, actualmente ; como nove mil s8o precisas para
a s fabricas d e aguardente, com destino a aguardente e mel, terão
a s fabricas de comprar 33.000 toneladas. das quais 11.000 sBo de
grau inferior a 8,Fi" Btiurne, e por isso silo pagas pelo preço que
c h s yuizt7rcrn, e portanto, s6 quando lhes derem lucros remune-
radores.
Atendendo a que 6 tambem de justiça que as fabricas assuca-
reiras tenham mais a!guns lucros; a que ha fluctuações no mercado
d o assucar que tenha de ser importado para refinaçao ; afigura-se-
m e que deve o preço da cana ser elevado a 9$0O para a cana
egutil ou superior a 9 O Baumk, e a S$50 para a que tiver graul
epual ou superior a 8,5O e inferior a 3"ara o que ser80 necessa-
rios dois mil contos, ficando os restantes. 2.800 contos para as fa-
Wcas.
Sllo estes os preços que proponho no meu projecto de de-
creto junto, e que assim ficam justificados.
Abaixo de 83" ha ainda muita cana, 6 certo, mas essa deve
debaparecer, pouco a pouco, e ser substituida. por outras culturas.

0 s trabalhos da Comissão e o decreto 14.168


Ia0--

Ao apreciar este decreto, toda a Comissão se pronunciou no


sentida de que ele n8o devia ser mantido, tal como estd.
Mas ao discutirem-se as alterações e modificações devidiram-
çe os pareceres que podem classificar-se em três grupos:
1" - 0 dos que entendem que deve manter-se o decreto com
pequfinus alterqões.
2' - Os que entendem que o Estado deve expropriar .o fabri-
co da aguardente e do mel das fabricas do sul da Madeira; deve
ccmprar as fabricas de assucar e alcool, e desde jd a de ?V.* Hino
tan Sons, entregando a industria do assucar, do slcool, e de al-
coo1 para des sobrar, a uma empreza particular, mediante determi-
nada renda anual, e por periodos fixos.
3' -43 dos que entendem que o decreto deve ser profunda-
mente alterado, sem prejuizo, e ate com va@agem e por necessida-
de, para a consecução dos fins que ele tem em dista: a protecção
a agricultura, ;5 economia, e B saude publica do distrito do' Funchal.
'Jejamos o que $alem estas digersas resoluções do problema.

a) Manutenção do decreto com pequenas alterações

É um modo de resolver a questito sacarina, que, pode dizer-se


afoitamente, ninguem aceita de b6a vontade, salvo as fabricas inte-
ressadas, e os que desconhecem, ou conhecem mal o assunto.
Ex."'" Sr. Miiiistro . É grave, gravissima esta nfirrnaçáo,
eu, respeitosa, e firineniente, faço-a perante V. Ex.".
Niiiguern accei ta o decreto, salvo os rnonopolistas : as forçul.
vivas, os que trabalham, os que n ã i pretendem ser escravisados, e
os qlie conhecem, ~lt!caonjrttzio,o decreto, desejam vê-lopelo menos
profundamente alterado.
E a melhor llrova riisto esth em que tendo rnuita grnte pedlda
a manutencào do decreto, nin,qzzem jzzstificou esse pedido, d e
traindo o s argamenios c'presentados contra ele ;ninguem veiu red
presentar esses protestantes contra os adversatios do decret~,e o
unico membro da comissão qiie representou classes varias, - o 't,
Carlos Ferreira,- representou apenas pequenos grupos, e nHo con-
segfiiu desfazer uma s6 das aflrmações que fiz perante a comiss80,
e ria minha exposiçào que apreseiltei á mesma, e que estd junta.
Contestou por n e , p g d o .
Os representantes das fabricas d e assucar e alcool (dois) e 06
srs. Teixeira de Lencaçtre e Botelho Monis, sustentam o decreto,.
ainda, porque, como Ihes disse repetidas vezes, em sessao, MO~ 0 -
nhecem o assunto tlevidaniente, por estarem mal informados $cerca
dele.
As peyuecas aitersções que o vogal Sr. Carlos Ferreirs prci*
poz sBo: supreçsiio do imposto de 3$00 sobre a aguardente da ZO-
na Norte, (art. 5.") ; a elevação a 5$00 da indenisaçao a que se rje-
re o (5 unico do a r t 2."; a elevação do preço da venda (8 73d0 art.
5.0) da aguardente e alcool desdobra- a 65$00; e a flxaçiko do pe-
riodo pttra o cdrte da cana zté 31 de Julho
Ora neniii~madestas alterações modificam o decreto de modo
3 torna-lo !]til h Madeira, e veem pelo contrario fomentar o alcoo-
lismo, e o fabrico clandestino de alcool para desdcbrar.
Coin efeito :
íz) A supressho do imposto é de mera justiça, e ests incluida
rio m e u projecto:
h) O aumento de indemisação d e 9$40 para 5$00,6 irrisorio: se-
o fabrico do ale001 para desdobrar dá um lucro de2:040 contas, p?r
por ano, a indenisilçãa dos fabricos da aguardente e do mel, nnncrr
deveria ser&inferior a 40.000 contos, sobretudo atendendo ao au-
mer~tode lucros de 7.00G contos para os rnonopolistas.
Coino i>rop(>nhoa manutençâo das fabricas de aguardente,
falo neste ass:nin por !néro i~:ide:~tr, niostr:lndo a dureza com
que o decreto ir:ita os interesses Jai fabricas de aguardente que
protegeni a agricultiira da cana e do vinho.
c ) A venda da aguardente 55$30 é hôa medida para o des-
+:-

dobramento do :ilconi. e para que a Junta, nrfo venda nenhuma, CO-


m o eu disse á cornirsãri. O proponente, embora bem intencionado,
est8 coq~pletan~rntt: iliidildo. Se o ifecreto fosse mantido, ainda com
o preço de 50309 para a agliardt:riic, ficaria a Junta crivada de bi-
vidas, oorque nHo venderia o seti pyoduto, r as fabricas ficariam
stim alantbiqiics, #c: som :Irn cc.iitauo de indenisação. Haveria
m:iis: os rnonopolistas :linda teclsniariam inderiisaçóes, apesar do
seu fabrico clandestino d e alcool cl~xtlobradopara consumo.
Firislinenre a fixtic;$io cio pras3 para a terminaçáo do d t t t
d3 cana está cor~sigi~dda no mi:u projecto, e c i e ~ eser 15 de Julho
e MQO õ1 cllsse tfiês. a bzrn da agricultura que precisa de culturas
irrtei'caiares, para poilet niaiiter-se,
A colheita da cai13 pode e deve estai terminada em 15 dessa
mês.

b) A p r o p r i a ~ ã odas fabricas de assucar e alcool gelo Estado, e a


sua entrega a uma empresa particular, mediante certa
renda e m concurso publico

É este o modo de resolver o problema sacarino proposto por


dois dos membros da cornissao, os Srs. Quirino A. de Jesus e An-
tonino Pestana.
E s t e ultimo náo tendo podido comparecer, enviou o seu pare-
cer por escrito. E o primeiro, a iilstancius minhas, coricretlsou essw
parecer nufri projecto de decreto que foi Iício em sess&o*
Segundo esses vogais, a C I U ~ ~ Ssacarina
~ ~ O da Madeira resol-
ve-se facilmente, mantendo a extiiição das fabricas conforme o de-
creto n." 14.168; comy raiitio desde já a W."' Hintún & Sons, a sua
fabrica, q u e 6 a principal, e arrendando-a a uma empresa, que fica
assim substituindo aquela firma, evitando que ela, como estrangeira
que C, inco~iodeo Govemo com reclamações. O Estado iria com-
pra!ido, poiico a p ~ u c o ,as outras fabricas de assucar e alcool,
fil2iido assim :i industria uní'/icada, com vantagem, Gizem, para a
b!zdeira, para ct Estado, e para a saeide publica.
Foi esta proposta devidfirnente yonderada, nao obtendo o voto
de :I:-I $6 t;:jgal salvo o autor da proposta pelas seguintes razões :
,I - P ~ r q i i eessa proposta mantem, de facto, o decreto ' .n
l-I,lbi*!,com a Gifereriça de que W.m Hinton & Sons. são substituidos
For 1:ut:s ernpres:r, e por isso, 'sso rnanfidos todos os iriconve.
niei-tt s e males que teeni sido apontados.
7 ) Porque se torna necessaria a organisaçà;~de uma em-
presa idocra com grandes capitais, o que não será facil.
c) - Porque ainda que se otganisasse rima, póde sornpre fa-
Ihx a substituição por outra, c7so o contracto com a primeira tenha
d~ cer rescindido, vendo-se o Estado em serios embaraços para
manter a lal~oração.
( 1 ) -- Porque essa empresa, pelos riumeros que foram dados,
em nada beneficia a a;.ricultura, mantendo os prejuizos que acar-
reta R decreto n." 14.168; irripede a destilação de vinhos, o fabrico
de r:el, e escravisa, afinál a Madeira, B mesma empresa.
c.) - Porque o Estado não deve meter-se em aventuras desta
ordeni, visto que para assegurar o bom resultado da laboraç80 ne-
cessita de pessoal idoneo que não tem,
j) - E finalmente pcrque, - raziio irnportantissirna, - a em-
presa ficaria com a venda do alcool e da aguardente na sua mho,
não teria de facto, quem a fiscaiisasse, e por isso, ~oltariamose
1909, lançando-se no mercado três miIhões de Iitros de alcool des*
dobrado, nznntendo se, e agravando-se o alcoolismo que s e pretende
ext-irtninar.
Outras razões ha contra essa proposta em que n8o ha equi-
da&. As fabricas de aguardente expropria-se o-fabrico, por irma
quantia que representa menos de metade do valor do mesmo fabrico;
a fabrica de W." Hinton & Sons compra-se pelo preço que eles
quize!-ern; E as outras fabricas compram-se quando puder ser, se
puder ser.
Parece-se tião poder haver duvidas de que tal proposta, pre-
judicando a agricultura, e mnntendo e agravando o alcoolismo C,
a negaça0 de um regime sacarino util para a Madeira, e deve ser
gosto de lado.
C) A modificação profunda do decreto nS014.168 sem
prejuizo da consecuçdo dos fins que ele teve e m
vista: Proteger a agricultura, a economia e a
saude publica do distrito do Funchal

Deste parecer sào os Srs. Joao Alexandrino dos Santos Ma-


nuel Jorge Pinto Correia, Fernandes de Azevedo e eu.
Todos estes membros da comissilo sustentam que as fabricas
de aguardente devem ser rnantidas para vantagem da agricultura
que deve haver liberdade de instala~iode novas fabricas de assu-
car; que os rateios do hlcool para os vhhos, e do assucar bruto a
importar, devem ser feitos pel as fabricas, proporcionalme~t~ d ca-
na comprada ; que nâio deue haver importaçio de mefaço na Madei-
ra ; que a produç8o do alcool e da aguardente deve ser rigúrú~men-
te fiscalisada pela alfantlega; e que 96 esta deve vender alcoal e
aguardente, passando estes productos para entrepostos, ad jun-
tos B alfandega do Funchal, unico modo de evitar o'escanda.
loso fabrico clandestino e o desdobramento de afcool, e a manukn-
çgo e agravamento do alcoolismo, d e que tanto falam os fabricantes
de assucar e alcool, os quais, de certo, serdo osprimeiros a pedir
a desobrigatdo de venderem alco02, contribuindo assim para que
se desfaça o que se diz publicamente, e estã provado, pelas razões
apresentadas neste relatorio.
Mas os vogais mencionados divergem entre si, nalguns pon-
tos : a ) .-- O sr. Alexandrino dos Santos entende entre outras coi-
sas, que n8o C preciso fixar o preço da cana, porque a que tiver grau
conveniente, tem sempre preço remunerador; entende que deve ser
suprimido o imposto de $50 por quilo, porque issa representa um au-
mento do preço desse genero na Madeira, onde, diz, ele nã[ó deue
custar mais caro do que no Continente; entend: que deve ser s ~ p l i -
mido o imposto de 3$00 em litro da aguardente da Zc!l Yoee ;
entende que toda a cana desta Zona deve ser laborada ern aguar-
dente, sendo a que exceder o rateio, rectificada, e transforinada em
alcool, para tempero de vinhos, em vez de se importar melaço.
b) - O Sr. Pinto Correia, anten~e,entre outras coisas, que o
preço da caiia, deve ser, tanto quanto possluel, actualisado em valor
oiro, devendo combinar-se os preços do assucar e do alcool de modo
que, aumentando o deste, baixe o daquele, e ice-versa ;entende
que C aceitavel o aumento do preço do assucar atC 3380 c quilo,
em beneficio da agricultura; entende que a produção da aguardente
deve diminuir at4 300.000 litros, em 1930; entende que os preços
da venda da agitardente devem ser fixados pelas fabricas, pagando
impostos, conforme os preços qiie Hxa, venda que, como se disse,
deve ser efectuada pela alfandega.
No me2 projecto de decreto incluo disposiçdes que atendem
na medida do --ossivel o quz me parece razoavel.
Pelas razdes que jP expuz, parece-me aceitavel o imposto de
$50, em beneficio da cana, e o aumento do preço desta; acho ain.
-
da aceita~elque a ag~ardenteem excesso, - se a houver, da Zona
Norte, seja transformada em alcool para o tratamento de vinhos, sen-
do as despezas deduzidrs do preço da aguardente excedente que
será laborada por conta dos productores de cana.
Ngo me parece que a quantidade de aguardente a produziede~a
baixar a 300.000litros, porque ela C evfdentemente insuficiente para o
consumo, e por isso o restiltado ser6 o fabrico clandestino de b e m
bidas inferiores, ou o consumo de estrangeiras, com prejuizo da
saude publica e do cambio ; penso tambem que seri mister permitir
a entrada de assucar bruto para refinar, se for preciso, afim de com-
pensar as fabricas pelo aumento do preço da cana ; e finalmente
entendo que é melhor deixar á Junta a fixação do preço da aguar-
dente, visto que i ela a principal interessada nos lucros da venda
dela.
d) O modo cama me parece que o problema pode e deve ser re-
solvido, de modo simples, e concreto, sem prejuizo, e
ate com vantagem, para a consecuc;ão dos fins q u e
o decreto n a 014.i68teve em vista.

Em todo este relatorio, e aios docrrrnt2ntos que o acrirnpanham,


estd exuberantemente dernoiístrado qu&to decreto de que, se trata
não realisa os fins que motiV:,ram a srla piiblicaçPo, embora feito
nas melhores intenções.
O conhecimento iinconryleto do assu:ita, 3s deficientes i r i f ~ r -
mações, e a pressa coni que ele f<.i i:laborado, ilerani esses resul-
tados.
Mas todos esses males podein ser ren~ediados,conciliando in-
teresses; integrande estes TIO seu maximo possiuet; unindo a poprr-
laça0 da Malideira; favorecendo a agricultura, a ir~d~istria, e a eco-
nomia* madeirtrses; colocrrndc, cada rrm no sen irr'::.rrr;obrigando
os disersos interessados a trabalharem n o seu campo de acçHo, sem
invadir o dos outros; dando, a Cesar o qiie é de Cesar, e o Deus
o que 6 de Deus : e exterminai~doo alcolisino, até onde é possivel.
O projecto d-decieto que juiito, e ao qual, alem da forma ju-
ridica, faltarfi qualquer disposiçllo de crdern seccindaria, satisfaz ple-
namente esse desirleraturn, segundo me partbce.

Com efeito :

n, - -- Mantem as fabricas de agiiiirtfente que forani mandadas


encerrar, respeitando esse capiital, favorecendo a agricultura, e a
saude publica, pela destilaçgo da aguardente ern 2g0, mais sadia, e
menos toxica do que 5i desagradavel rnisturci dit alcocl, agua, e aguar-
dente destilada em 26".
ó) - Mantem a liberdade de instalação de novas fabricas de
assucar, como havia antes (ait. 5." d o Decreio i 1 . O 54i)%),
J Prescreve que os rateios do alcool para tratamento de
vinhos e do aasucar importado, sejam feitos pra~~orcionalmente 4
cagr! coinprada, - unico meio de proteger a agricultura, - e não
progorcionalmente á capacidade de laboraçáo, capacidade que é inue
til se rião fôr aproveitada para laborar cana; conforme o prescripto
no r e f ~ r i d oDecreto n . O ,5492.
' I i - Estabelece preços para a cana b6q deixand~aollha@
deve desdparec#?r, e ser slibstituida por cultura .diversac respei-
tan(io assim o s jilteresses das fabricas, e os agricolas.
ei -- Estabelqce q!ie :is fabricas d e aguardente de~+rncorn-
prar as canas pelo? preços das oi.itras, regime que nunca houve.
i - - Obriga 11s fabricas a ter agentes em todos os portos de
embarqlre, onde Ihes serão entregues aq canas, depois de pesadas.
t , r r ,

g) -- Fica l~rohibida a importação do melaço, pelo direito de


$Gí), oiro, por quilo, com que é tributado.
h) - Estabelece qiie quai;do os residuos do assucar nêp se-
jain suficientes? para a prudiição do alcool necessario, serh ele extrh-
hido directaíi~riiitrda cana, conforrne o decreto n.' 5492 fart Yr3).
i) --Prohibe á s fabricas de assucar e d e alcool ~endPrern;'ql-
coul, r á s de aguardente d e v e n d ~ r t r naguartiente, venda que s6
pede ser feita pela alfanliega'do Filnchal.
j) --Estabelece medidas para fiscalisação da produção 4 apli-
caçâo do alcoal, t.i~licaçàoq u e teni de ser verificada pela aIfandega.
li) --.. Estabe!+.::e que a flsmli~çilc,de :,)roduçao dos vinhos
feita pela :ilf;tndega.
1. - Estabelece a permissão de ser destilada de .vinhos e
sc 1s derivados, anualmente, urna qiiantidadt- de aguardente vinica
n51o si~periora iCi"1, da quantidade de alcool que for fixada para
o tempero de vlnhcs, aguardente que C produzida sop a fiscalisaçHo
e q~:ct i;;issa para ri alfandegi, qrie a venderá para o tratamento de
vinhos destinados ao consumo local, e para os destinados il expoi-
tacão qucdndfo o sssli~~tarcm o$export~~rlorí~s,
Deste niodo, e com as restantes disposiçdes do projecto dg_
decreto, atendem-se aos szperiores P ligitirnos iriferesses do
fil~tleira, ú coleefividatle, á trati?$íTo e no renome dos' sens vi-
n JZOS,
Os decretos 13.990 e 14.167, relativos a vinhos e
á viticultura da Madeira, respectivamente,
de 23 de Julho e 25 de Agosto de 1927

Estes decretos elaborados como o 14,168, com as mais rectas


e justas intenções, náo atingiram, nem atingirão, um só dos seus
fins, porque em vista do desconhecimento da verdadeira situação,
e das erradas informações que recebeu o delegado de V. ExSana0
poude propor as medidas neaessarias e uteis ao fim que tinha em
vista, e por isso os mesmos decretos, têm sido e s80, Sr.
Ministro, letra morta, com prejuizo da agricultiira, da saude pu-
blica, e do prestigio do Poder.
E o que vou mostrar apreciando sinteticamente os mesmos de-
cretos.

A I O decreto n." 13.990

a) O que dispõc, este decreto

Pretendeti este diploma obstar ds falsas declaraçóes da pro-


duç80 vlnicola (art. 1.3; prescreveu que a compra dos vinhos aos
~iroductoresapenas p6de ser feita pelos exportadores (art. 5.";
estabeleceu as condições a que devem satisfazer os exportadores
(artP 6.3; e estabeleceu pesadas penalidades, que silo uma cruel-
dade, inexequiveis, como aquela que manda ne,qar alcool durante
tres anos consecutivos aos viticultores que falsearem a sua decla-
raçHo, alem do pagamento de 10$00 por litro (alinea c) do art." 2.".
Faço justiça, acreditando que n8o era esta a intenção
d e V. Ex.', e menos ainda a de apreensão de todo o vinho ar-
mazrnado, ao exportador que falsificasse vinhos ( 5 unico do art: 9.').
Essa e outras disposições do mesmo deqeto eu creio que
serão modificadas, como mero acto de justiça.
A serie de cartas e entrevistas que o sr. Teixeira de Len-
castre publicou na imprensa, ácerca da situação da Madeira, de
falsificações de vinhos, - ate com vinagre, - dada a categoria do
funcionario seu autor, bastante afectaram, sem necessidade, o bom
nome dos vinhos e outros interesses daquele arquipelago. Isto mes-
mo declarei ao sr. Lencastre, erT1 sessão da comissão.

b) Porque não surtiu, nem surre efeito o decreto n." 13.990

Não deu, 1150 dá, nem das8 resultado, este decreto:


Porqiie deixou a fiscalisaç80 da produção dos vinhos nas
mhos da cornissrio d e viticultiira, como atC ent8o;
bt Porque cit:ixoii :-i passagem dos manifestos dessa produç8o
6s repartições de finanças, como ate entao;
r , Porque deixou a passagem das guias para aicool P E. A. M.,
como até entao;
i l ' l Porqtie deixou a fiscalisaç80 da aplicação do alcool A E.

A . $I ., ate eritão ;
como
L', Porque deixou a t~end~z 110 alcool ás fabricas produtoras,
coiiio até entso, apesar d e ser publico e notorio que o fabrico
clandestino do alcuol, e que o desdobramento de alcool, se faziam
e fazem, ein lardil esc:+la,sendo inutcis, todas as fiscalisações.
Sendo isto assinr, - e é incontestasiel que o é, -- embora o
descoiihect:sçe o de!zgado *!eV. Ex:', cumo 4 possiuel evitar falsi-
ficaçõcs de vinhos; como 6 possi~elevitar o desdobramento de
e n o r m qiiantida:_ie de: alcool; como é possivel proteger a agri-
cultura 2
Na, Ex."'O Sr. Ministro. É mister, é uma necessidade, modifi-
car, e raomp!et~treste decreto, incluindo nele disposições que permi-
tam atingir-se o fim justo que eYe teve em vista.
Adiarite iiiilico essas inedidas, aliás tie facil realisaçib
6) O decreto n.' 14.167

a) O que dispõe este decreto

Dispõe que no praso d e seis anos se proceda A enxertia d e


f o h as castrrs exot;car, cultivadas no srquipt:lago (art." 1 ; que
.I')

para isso a Estação Agraria da Madeira d ê todas as instruções e


facilidades necessarias (5 1 ." do art " I .") J que coritinua a ser perrni'
tida a estcfagern pelo sol, e pelo calor artificial (art.O 2." e 3.') ;que,
quando seja usado este ultimo s i s t ~ r n a ,a temperatura n8o poder&
exceder 15." centigrlidos (ait . O 4.") ; estabelece penalidades v a W
que ser80 aplicadas aos infractores, entre os quais o arrancamento
das vinhas nào enxertadas no período indicado (8 2."& artP-I.*)e?
a apreenção do vinho cuja estufagern esteja a ser feita com tempe-
ratura superior a 45.' (art." 7." e seus 5 $9.
Coln o devido respeito, peço liut?nça para dizer que este de-
creto mais trn ddcs que, tendo sido elaborados nas melhores in-
tenções, é inexeqciivel. nao será cle fact~, cumprido, sofrendo com
isso a agricultura e o prestígio do Poder.
Neste caso, f n i ainda o conhecim~ritoincompleto da assunto
que levou o delegado de V. Ex." ci sr. I-ericastre, a propor as me-.
didas que acabntri de Icr-se.
Com efeito :
ui Ngo C possivel, nem 6 coti\ienitink, procederese á enxertia
de todas as castas aoticas ' e m seis anos, no arquipelago, porque
isso representa uma despeza, e uma ciirniriuiçb de receita incompa.
tive1 com os haveres dos agricultores. Quem disser o contrario, não
conhece o assunto, e nesse caso s e encontra a E. A. M. Embora
esta d ê facilidades, embora forneça :xgarfosa, náo pode o viticultor
dar execução B lei, e ninguem 4 obrigado tiquilo que n8o pode -
ad impossibilíu ncmo fenefrtr.
ó) - Aiiida que a enxertia fosse exequivel nesse praso, 6 alta-
mente inconi?enienfepara a Madeira. As castas indigenas, diko pe-
queno rendimetito, relati~arne,ite; as exoticas produzem em rnaitir
abundancia, e essa abr~ndanciaé precisa para compensar despezas,
Ora sendc mister vinho para a aguardente vinica, e para conslimo,
serd urn erro groced+-r h enxertia d e toda a vinha, em todo o ar-
quipelu,iv, destr~~indo cepas de boa produçfio, e que di3o á agricula
tura o que 6 preciso para compensar tlespezas.
-
--isso sim, as zonas dos vinhos de castas
Poderia fi.~r-ir-se,
indigeniis, e as dl- castas exoticas; mas niandai enxertar tudo é um
erro grave. que 6 futuro mostrará vibranteniente; e seria ate o mè-
Zhor meio e~?itnr-seo r q r e s s o d trad;ydo, tratando os vinhos
com aguardente vinica,
cl-A ~stufogrniem 45." r o tratamento do vinho coma aguarden-
t e Ylnica, seriam os n~elhoresmeios de evitar a falsificaçêío de vinhos.
Nessas condiçõ~s,tiao 6 ela possivel de facto, Mas a essa tempe-
ratura o vinho exigir3 muito tenino de cstufageni, o que embaraça a
exportação, prejtitlicatido-a, etri face da concorrttncia lá f6ra, emba-
raços que é con;jenii.trte evitar. Mais : muitos vinhos, necessitam
d e ser csferilis.aílos,sem o que riao ser&f:icil mante-!os, sem fer-
mentar. E por isso necessitarri de ser submetidos a uma temperatura
elevad~z (60." a '70.") rapida, sendo prekiso tnontar o serviço de
modo que possa fazer-se essa pastenrisap20 e ndo prohibir que
ela seja feita.
(li- As penalidades impostas d:iriarn origem a verdadeiras
~rneld~z~ics, que V. Ex." não teve em vista. O arranque das Vinhas,
quando a erlxertia pode n&o ter sitio eficaz, e a apreensao dos *i-
nhos, aos seus doiios, sem castigo parti os proprietarios das estufas,
que são Os culpadcs das infracções, sHo medidas que V. ExWade
certc: niio yerfilhcnrd.

b) O alcosi para tratamento de vinhos

Pelo rigu1:imento respectivo, de 1913, os vinhos da ReBBo


da Madeira s6 podem ser tratados com alcool de cana sacarina ou
de meláço importado, o que exclue o uso da aguarderite vinica. É
isto uma anomalia, uma injustiça, que deve ser reparada.
Segundo o referido regulamento, s quantidade de alcool em 40;
Cartler que póde ser empregado para o tempero de vinhos 4 de
11O,", podendo ser elevada a 15"[. para os vitihos destinados &os*
Paizes Escandinii~os (decreto n . O 11674, de 19 d e Maio de 1926).
iiesulta destas disposições que qual.luer produtor ou expor-
tador de vinhos pode requisitar I1"l. de alcool para vinhos que ndo
destine <i rxportaçiío, rnus sim ao consumo local, caso em que
esses vinhos n8o precisam dt: tal puantidade de alcool.
Ora os decrstos n."V13.090 e 14.167, nada prescrevem para
obstar á posssi~elfraude, que, de resto, é publico e notório, se rea-
lisa d i ~ n a m t v t e ,sendo desdobrado esse alcool para consumo di-
recto, e indo fazer concorrencia 4 aguardente.
C f decreto n." 14.168, entrega d E. A. M. o encargo de verifi-
car a quantidade de alcool preciso para os vinhos (art." 12.O), dispo-
sição esta que seria utturnente perturóadorn para a vinicultura Es-
perar o prodiictor, ou o exporttidor, que a E. A. M. venha ver a al-
coo1 de que precisa, c que só depois ele lhe seja fornecido, seria
como disse, perturbador do serviqct d e tempero de vinhos. A-E. A.
M. precisa e deve estudar os diversos tipos de vinhos; precisa
arraiijar padrõrs desses tipos, para conironto com a s analise que.
faça ; precisa, desse niodo, habilitar-se a prestar inforrnaçdes pira e
alteraçgo do regiilarriento, se fôr mister. Mas andar dia a dia, pelos
armazens, a ver vinhos, marca1130 litros para estes, e litros para
aqueles, nem é pratico netn é aceita~el.
É preciso que oficialmente, sc fixe o alcool que & neces-
sario.
Entendo que, pro~isoriainente,o regulsnlento de 1913 deve ser
alterado, atendendo a que os vinhos para consumo local não neces-
sitam de 1 l o [ o de alcool oii a equivalerite quaiitidade de aguardente
vinica, como iiidico rio meti projecto de decreto junto.

C) As a l t e r a ~ õ e sque d e v e m ser feitas aos


decretos n." 63.990e 14167

Em vista cio que tenho exposto, julgo necessario, a bem dos


interesses da Madeira, a iiiodificaç&otiestes decretos estabelecendo,
entre outras disposições julgadas necesscirias, as seguintes :
1.'- Que os manifestos de produç80 vinicola, sejam feitos em
quadruplicado, sendo o original envindo A direcçao da alfandega do
Funchal; o (luplicado á comissão de ~itlculturapor intermedio da
direcçgo de finanças ; o triplirado, ao administrador do concelho,
por intermedio do regedor da freguesia ; e o quadruplicado, ficando
na m$io do productor.
2." - Que estes manifestos sejam feitos dentro do praso de
trintu dias, a contar da data em que o productor terminou a sua
vindima, em cada concelho.
3." - Que estes manifestos s6 sejam obrigatorios no caso dos
pi odutores tencioriarem requisitar alcool ou aguardente vinica.
4." - Que nesses manifestos seja indicada a quantidade
de vinho destinado a ser tratado para exportaçiio e do que ser6
consumido localmente.
5." - Que estes manifestos sejam feitos em impressos forne-
cidos gratuitamente pela alfandega do Funchal.
6." - Que na alfandega do Funchal haja um livro para re-
gistrú dos produtores, que necessitem de alcool, ou aguardente
vinica.
7 - O - - Que pedas administrações dos concelhos sejam afixadas

as relações dos produtores, nas respectivas freguesias, com indi-


cações das quantidades de vinho manifestadas.
8." - Que em caso de suspeita de falsas declarações, p a r a
rnnis, sejam elas comtinicadas à alfandega do Funchal, que proce-
derti As necpssnrias averiguações, e aplicarh as penalidades da lei.
9." - Que pela E. A , M. sejam estudados os padróes dos vi-
nhos das diversas localidades, que sirvam de confronto com os
Vinhos submetidos & analise da mesma E. A. M.
10.' - Que a estufagern de vinhos n8o possa ser feita a tem-
peratura saperior n 50 ", sendo porém permitido a pasteurisaçito
dos mesmos vinhos,
11.' - Que seja livre a destilaçáo de vinhos da região da Eradei-
ra para a produção d e alcool e aguardente vinicos.
12." -- Que a E. A. M,estimule a enxertia de castas exoticas,
r180 sendo, porém, obrigatoria a mesma enxertia.
5 ' ' Que sejam modificadas as penalidades, a que fiz refe-
rencia, como se me afigura de justiça.
14." -- Que n alcool e agilardente Vinicos, só ,rossam ser vcn0
o s z ' 1i 3 i C iio rispectlJo registro.
seodo efao brigada a verificar a apiiEaç3o dada squeies 2o$dt8% +. f* d I . r

15.'- Que, enquanto não for alterado o respectivo regulhm&t$,


s6 possam ser fornecidas, para tempero d e vinhos, as Quantidiidkk
de alcool ou aguardente vinica abaixo designadas :
a) - Para os vinhos generosos, destinados 6 exportaç8[b'pm
os Paizes Escandinavos, 1 5 O l 1 , , de alcool, ou n equivalente quantidade
de aguardente uinica, se a houver, e os exportadores a prefefiHt.
h) - Para os vinhos destinados d exportaç80 pata ouho5@dh&
1 l01,,, ou a equivalente quantidade de aguardente vinicai se a houver
e os exportadores a preferirem.
e) Para o tratamento de vinhos destinados ao constirno local,
belo de alcool ou a equivalerite quantidade de aguardente ~idea;~ se~B
hotlver.
Tais sao as alterações que ine p:irece devem ser. introduzidas
nos decretos de que se trata.
Fiscaliznndo a alfandega a produçdo vinicola, .umderido o al-
coo1 e aguardente vinica, em conforniidade com os manifest~s~iaeif-
bidos, verificando ela a aplicação dos mesrrtos productos, e fãáns
cendo-se estes a todo o vinho, mas apenasas quantidedes inflcadas,
teremos dado um grande passo parn o combate do alcoolismo,tee
mos anulado, de facto, a falsificaçiio d e Vinhos, e teremoc~enfreido
no caminho que, pouco a pouco, nos for8 regressar=-h tr~dícllo:
Vinho da Madeira tratado oom sguardente de vinho da Regao!

A representação das Camaras do Distrito


do Funchal

A comissão apreciou a representação das camaras do distdtb


do Funciiai, pedindo a suspensão, do decreto n . O 14.168, suprqsqq
do fabrico de aguardente, a prohibiçilo do desdobramento de al&oi,
a liberdade d o estabelecimento d e novas fabricas de assucar; e a
justificação desses pedidos. Nessa aprtciaçfio, a comiss8o utilisolr a
noticia publicada i ~ c r imprensa.
Essa representação vale iriuito como indicaç80 de que'o refe-
rido decreto nHo deve ser maiitido, e nela se justifica esse parecer.
Náo posso, porém, concordar em que seja suprimido o fahito
de aguardente e do mel integral, porque não é poseire!, nem L justo
que os madeirenses nao possam fazer uso da sua bebida e de um
alimento, tradicionais, quando os continentais o fazem; nHo C justo
que a agricultura sofra os prejuizos que foram indicados neste reta-
torío; como ni3o é justo que a cana da Zona Norte se perca com-
pletamente, e se permita a entrada de melaço para aIcool. Do mesmo
modo nao é justo que o Estado tenha o prejuizo dos direitos do as-
sucar bruto importado.
Mas é interessante o que se diz nessa representeção, acerca
dos males que á Madeira advirão pela exectição do decreto de que
se trata.
Repito: s6 tima minoria, que eni graride p ~ r t edesconhece OS
efeitos do decreto, pede a sua manutenção, ainda que seja com as
tais alterações de que já falei.

Ha um equivico em toda esta questão que


é mister desfaxer

Diz-se que os fabricantes de aguardente esti3o jd de acordo


com a expropriação do fabrico da aguardente e do mel, e que atC a
desejam, afirmaçáo que náo 6 exacta, e nada tem com a questáo sa-
carina.
A Madeira nHo pede a conseruaç~odas fabricas por elas pro-
prlas; pede-a por scr necessária para proteger a agricultura, como
mostrei:
Ainda que os fabricantes quizessem ser expropriados, n8o
Ihes deveria ser satisfeito esse desejo, porque o que 6 mister 6 pro-
teger a terra, o que C preciso é favorecer a agricultura.
Náo 4 a extinçáo das fabricas que motiva estas reclamações ;
sáo os prejuizos resultantes dessa extinçilo que levam a Madeira a
pedir, a instar, pela siia conservação.
Que s e desfaça o equivoco, porque assim C preciso.

O s lucros são os indicados nas notas


que võo no fim

No fim deste trabalho estão exaradas umas notas que esclare-


cem a questao sacarina, e a rozho porqne os rnonopolistaç tan-
to se esforçam pela manutençao do decreto.
Declaro a V. Ex." que me desagrada falar etn lucros dos mo-
nopolistas, mas, desde que se tem alegado e alega, que é mister nHo
permitir a montagem de novas fabricas de assucar, porque n8o ha
lucros para e industria; desde que se alega que o decreto no 14.168
quesl nada deu aos monopolistas; desde que s e alega que a agri-
cultura foi favorecida, quando isso nho é exacto, afigura-se-me que
4 absolutamente preciso destruir essas afirmações, de modo que á
Madeira seja feita justiça.
Se fosse pussivel fazer um inquerito a esta questão sacarina,
ela revelaria tal desharmonia entre o s algarismos oficiais, e os
reais, que esta questSlo ficaria defenitl~amente morta, sobretudo
no que diz respeito ao.alcoolismo, que foi creado, mantido e alimen-
fado pelo alcool desdobrado, e não pela aguardente, que n8o tem
entrado no consamo em proporção suficiente' para isso, c o r n ~ ,de
resto, C bem conhecido.
Mais um modo de resolver a questão sacarina

E possiuel, 6 provavez,- se nHo certo, - que os rnonopolistes


n8o aceitem de boa vontade o projecto de decreto junto, alegande
niio poderem pagar a cana pelo preço nele fixado.
É muito facil resolver essa dificuldade. Basta voltar ao regime
anterior, isto 6 , a o preço livre da cana, como o tem sido desde
1925.
Neste caso, ainda o projecto de decreto junto é optimo para
resolver a questáo, com as seguintes alterações:
a) Suprimindo o imposta de $50 por quilo de assucar impor-
tado no Funchal de que fala o art." 50 do mesmo projecto;
bj Suprimindo o bonus de 50 "1, nos direitos que recaem sobre
o assucar bruto importado das Colonias, a que s e refere o arteo51."~
sendo pago o imposto por inteiro e revertendo 50 '1, para a Junhi
Geral ;
c) Mantendo o disposto nc $ unico do art." 31.';
d! Suprimindo os art.0"32.0 e suas condições e 33.";
e) Suprimindo as alineas a) e ói do art." 51.0 ficando os preços
do alcool e da aguardente dependentes do preç3 da cana que f6r
oferecido pelos rnonopolistas, como sucedeu em 1927.
I-leste modo, o que a agricultura recebe a menos, por um lado,
recebe a populaç80, por outro, pagando o assucar por menos 2.400
contos por ano, e revertendo para a Junta cerca de oitoctBntoscon-
tos anualmente, protienieates dos 50 do imposto sobre o assucar
bruto.
Com estas alterações, o projecto de decreto junto resolve
plenamente a qtiestao sacarina, a dar-se a referida difilcildade.
Um apelo

O dt:sen~oivirnentdado a este relatorio tem por fim esclare-


cer e?@ questao, que reoi sido ernbrr~2/2adne :~onzplichcldude ha
mllitos anos, sem necessidade, e aperws com Vantagem para interes-
&@8i-j@ltin~s, prejudicando ti colzcti~idade,
Ao .ternaina.io, eu apeio para V, Ex", eu apelo para todes os
Ex."'Oq Ministros para que, antes de resolverem este assunto, chamem
a:$&eete processo, de modo a, ptssoalmente, se integrarem nele e
poderem julgar corn pleno conhecinterito de causa, pois é ele muito
imp9.xtarite para o arquipelago dri Madeira.
Estou: wrto de que aqueles que atendem em primeiro logar
aos. wperjqres e legitimas interesses daquela terra,:t: conhecerti os
tefilueis; efeitos do decreto n." 14.168, fazem seu este meu apelo
a a - Q o i ~ ~ ndao Repilblica,
A Madeira pede que a n-io submetam a munupolics , que a ttêo
escravisem a ningueni; que lhe dêem meios de defender-se, se f o r
preciso; que lhe permitarn usar, quando nt:cessario, a siia bebida
ks$fdi~nal a aguqrderitr e r i 29." Cartier (7.1.' ceritessimais) e
a- ,rnrl integral da cana, - como o faz hrr seculos ; que lhe pei--
mitani rdgressar á ttadiqgo, tratando os seus vinhos com aguarden-
te .\zin@ ; que lhe melhjrem a situaç3o ecanomico, c que se não
permita quq ,as ,fabricas vendam alcool ou aguardente, bebidas que
SP PUE .-gala estaç8o afieiaí devem ser vendidas - unico meio de
c o n t ~ t e ro alcoollsrno, e de sanear Q distrito.
Se pedem a rnanuterição das fabricas de aguardente não é por
egtas, t)Hg 6 pela industria, apenas ; é sobretudo pe:a agricultura da
cana, e do ~iljho.
E tâo pouco o que pede, s&otáo modestos os seus desejos, e
é tão simples e facil a siia satistaçáo, q!ie eu riào creio, que eu n8o
posso crer, que V. Ex." e o Goverrio os n&o satisfeçam, pois :!do
prt.jlri;rcl paro consrcurGfo dos fii?.r que o decreto nkO14.168 te-
ve t m vista : beneficiar a agricilltiira t? a economia madeirenses, e
proteger a saude ~ u b l i c a , fins que o mesmo decreto não atingiu,
egravsiid~,pelo contrario, a situaçáo, como t e n h o dertionstrado e
dei::c?listrei perailte a Comissão.
Estudando o processo, não precisará V Ex." de mais esclareci-
nientos. Mas, se as minhas afirmações forem contraditadas, e se V.
Ex." assim r,l entender, tr?ria grande honra e supremo prazer em
prestar informações s'tplementatec.
Resolvendo o assunto conforme consta do projecto de decreto
qiie j i l n t ~ ,fica ele rrsolvido definiti~nrnente,seni prejuizo para tiir?
gueln. respeitrinrfo todos os int-resses ligitinios, e p r c j u d i u n ~ l o
(II)PIWS OS r n o n o p o l ~ ~ f ~ l s , em vez de ganharem 14.000 contos,
ipie
ga:;hsrão apenas 7.0d0, como obtinham antes, lucro que & bastante
remunerador para eles e atio para mais duas ou três fabricas de
assucar.
Maritendo o decreto, sem ou com as pequenas alterações a que
houve referencia no seio da Comissão, V. Ex."e o Governo leua-
rão a tristeza, a desolaçfio, e a pobreza B Madeira; com estas
tiirrão o dosanimo, o abandono das terras, a ernigraçiio,
Conhecitlo ele devidamente, postos de lado impic:dosarnenic
interessiis ile,yitirnos, V. Ex.', todo o Governo, vai fazer justiqa pie-
na á Madeira, conciliando interesses, e adquirindo a boa vontade de
todos, unindo, e ndo desunindo, e afastando desafeições, que, embora
não ruidosas, são sempre prejudiciais a quem governa, e é de b6.i
vontade,

Lisboa, 7 de Janeiro de 1925.


Projecto de Decreto

Artigo I .O - -A partir de I de Abril de I 928 aáo livres, no arquipela-


go dâ Madeira, as industrias abaixo designadas, com as res-
triçóes constantes deste decreto com força de lei:
I .' - O fabrtco de assucar e de alcool de cana sacarina produ-
-

zida no mesmo arquipelago ;


2.. - - 0 fabrico de alcool proveniente de vinhos e seus derivados
ali prodnzidos ;
3".- fabrico de aguardente proveniente de vinhos e seus deri-
vados produzidos no referido arquipelago ;
41 - 0 fabrico de aguardente proveniente de cana sacarina ma-
deirense ;
5.'- O fabrico de mel integral proveniente da mesma cana.
Artigo 2.'- Sómente pódem fabricarao alcool a que se referem os
n."" .O e 2.' do artigo anterior :
a) -- As fabricas que á data da publicação do decreto noo 14.168
de 25 de Agosto do ano findo, estavam autorisâdas a faze-10;
6) -- As fabricas de aguardente que, de futuro, se transformem
em assucareiras, transformação que 6 autorisada por este
decreto com força de lei;
c ) - As fabricas de assucar que, de futuro, se estabeleçam no
arquipelago, estabelecimento que e' autorisado por este de-
creto com força de lei,
Artigo 3 . O -- Somente pódem fabricar a aguardente a que se refere
os na0' 3." 44 do art.' 12'e o mel a que se refere o niO5.0
do mesmo artigo, as fabricas de distilaçáo de aguardente
existentes no arquipelago da Madeira á data da publicação
do decreto n.' 14.168 de 2 5 de agosto de 192j.
Artigo 4.' -- 0 alcool a que se referem os n.OS I.' e 2.' do art.' I.' des-
tina-se exclusivamente, salvo o disposto no art.' 14.' ao tem-
pero de vinhos produzidos no melicionado arquipelágo ;será
perfeitamente rectific,idci; e terá a graduação minima de
40." Cartier á temperatur;l de I 5." centigrados.
Artigo 5O. - A aguardente vinica a que se refere o n." 3.' do arte0I.'
destina-se exclusivamente, salvo o disposto no art." 14.q ao
tempero de vinhos produzidos no arquipelago da Madeira,
e em especial aos destinados ao consumo local ; e terá a
graduaçáo de 29." Cartier, á temperatura de I 5.' centi-
grados.
. - A aguar&nte de cana a que se refere o n." 4 1 do ar." I."
Artigo 6O
deste decreto com força de lei, destina-se ao consumo directo,
e terá a gradunçáo miiiima de 29.'' Cartier á referida
temperatura
5 uoico. -É permitida a distilaçáo desta aguardente em 30.' havendo
por isso a tolerancia de um grau para mais.
Artigo 7.'- 0 mel integral da cana a que se refere o, n.' 5 . A o art."
I." 4 destinado ao consumo local.
Artigo 8.O -Todos os anos até 28 de fevereiro será oficialmente fixa-
da, pela alfandega do Funchal, a quantidade de alcool e de
aguardente vinica, necessarias para o trattirnento de vinhos.
5 I.' --O alcool em 40." e a aguardente vinica em 29: Cartier entra-
rão na totalidade, que for fixada, na proporção de 7S0/. e
25'/, respectivamente.
2.' - Quando exista alcool ou aguardente vinica nos entrepostos
alfandegarios a que se refere o art.' 26.' deste decreto com
força de lei, serão as respectivas quantidades descontadas
para o efeito do disposto neste artigo.
9 3.' - Quando não haja nos entrepostos a que se refere o (i anterior,
aguardente vinica, será esta substituida por alcool, para os
efeitos do disposto neste artigo.
Artigo. 9."- 0 alcool que nos termos do artigo anterior, for neces-
sano para o tempero de vinhos será rateado pelas fabncas
existentes na referida data, rateio que será feito nos termos
do disposto no artigo seguinte.
Artigo -I o." - - O
rateio do alcool a que se refere o artigo anterior,
será feito proporcionalmente ás quantidades de cana da co-
lheita imediatamente anterior, compradas pelas fabricas, em
face das notas oficiais enviadas pelos chefes das estações
fiscais, á direcção da alfandega do Funchal, notas a que se
refere o artigo 24." deste decreto com força de lei.
I -- As fabrícas transformadas ou estabelecidas de novo, a que se

referem as alineas b ) e c) do artigo 2.' deste decreto, com


força de lei, entram em rateio, no primeiro ano da sua la-
boraçáo, com a capacidade respectiva reduzida, isto é? eom
essa capacidade multiplicada pela relaçao entre a cana com-
prada no ano anterior pelas fabricas já existentes, e a capaL
cidade de eyremer cana das mesmas fabricas.
3 2 . ' - DO segundo ano de laboraçáo, inclusivé, em diante, as fabricas
a que se refere o 9 anterior, entram no rateio do alcool nos
termos do disposto no corpo d'este artipo.
8 3." Se algumas fabricas constituirem um só todo industrial, nos
termos 40 ."
9 u11ic0 do artigo i I do regulamento de 4 de
maio de I 92 I , OS calculo^ devem basear-se na quantidade
de cana comprada pelo todo industrial.
4 4." Se essas fabricas separarem as suas funçóes, a quantidade de
cana da última colheita, calculada para a laboraçáo das
mesmas fabricas juntas, considerar-se-ha para o efeito da
determinaçáo das suas cotas, como tendo sido laborada por
elas na proporç," das suas capacidades de laboraçáo da cana.
Artigo I I .O - 0 alcool, salvo o disposto no artigo 2 I .O deste decreto
com força de lei, só pode ser distilado do melaço resultante
do fabrico do assucar de cana madeirense, da garapa da
mesma caiia, quando esta esteja avariada e impropria para
assucar, por motivo de força maior, e bem assim do vinho
produzido no arquipelago e seus derivados.
9 I .O- Quzndo alguma fabrica não tenha materia prima de produção
local para preencher a cota do alcool que lhe pertenceu no
rateio, as restantes fabricas terão o direito de exceder as
suas cotas em alcool daquela mesma natureza até se com-
pletar a quantidade total fixada para o consumo, nos termos
deste decreto com força de lei, guardando-se no referidb
excesso a proporçáo das mesmas cotas, quando sejam duas
ou mais fabricas que de tal direito se aproveitem. '
g 2-: Se apesar do disposto no fj anterior ainda faltar alcool para o
consumo aurorisado, qualquer nova autorisaçáo dada pelo
Governo para o fabrico de alcool ainda necessario, será ex-
tensiva a todas as fabricas na proporçáo das suas cotas.
Artigo I 2."- A quantidade de aguardente vinica a produzir será dis-
tilada nas fabricas das localidades onde haja quem queira
produzi-la.
-
9 mito. A distilação desta aguardente pode ser feita quer por conta
da fabrica produtora, quer por conta do produtor ou com-
prador dos vinhos.
Aflgo I 3;' - Emquanto não forem fixadas definitivamente as quanti-
dades de alcml ou de aguardente vinica, autorisadas para
tratamento de vinhos, será observado o seguinte:
a;-- Aos vinhos generosos destinados á exportação para a Dina-
marca, Suecia Noruega, são concedidos I 5 o/o de aicool,
ou ta quantidade equivalente de aguardente vinica, se os
~qortedoreso preferirem ;
8) Aos vinhos gmerosos destinados á efportaçáo para os res-
tantes paiees, são concedidos i r '/o, ou a quantidade equi-
v&ae de aguardeute vinica, se os exportadores o perferirem
c)- o tratamento de vinhos destinados ao consumo local
8 e/o de alcool, ou a equivalente quantidade de aguardente
. viniea tendo preferencia a ultima.
A#go i4."- A venda do alcool e da agu:irdentr vinica para farma-
uas, e do alcool e aguardente para usos industriais, será
feita, livremente, pela alfandega do Funchal e pelos preços
arrentes no mercado, devendo a direcção da mesma ai-
fandzga providenciar para que seja verificada a aplica~ão
da& ao mesmo alcoof ou aguardente.
Artigo I 5 . O -E finada em 500.000 litros, anualmente, a quanti dadr de
aguardente de cana, a que se refere o artigo 6 . O deste de-
creto com força de lei, que em conjunto podem produzir
as fabricas de destilaçáo existentes no distrito do Funchal
á &%tado Decreto n." 14.i 68.
-
9 unico O r@eio desta quantidade de aguardente pelas fabricas seri
feito na mesma proporçáo em que o foi o rateio de I 922.
Artigo I 6." -A distilaçáo da aguardente, a que se refere o artigo an-
terior, pode ser feita e m dois periodos, não podendo mediar
entre a terminação do primeiro e o começo do segundo un:
intervalo superior a vinte dias.
9 i .' -- Em qualquer destes periodos podem as fabricas de destilação
suspender esta por periodos não superiores a oito horas:
a fim de procederem á limpeza dos alambiques.
92.' --- A distilaçáo da aguardente, a qlie se refere este artigo, sgrá
feita nos precisos termos'do disposto nele, e do § anterior.
não sendo por isso levadas em conta quaisquer avarias, que
sejam alegadas, -- salvo as de quebras de cilindros ou ro-
das, ou rutura de caldeira, verificadas pelo engenheiro da
Circunscriçáo industrial.
fj 3.' NO caso das avarias a que se refere o @ anterior t e r e m sido
verificadas, terá a fabrica que as sofreu, o direito de, no
ano seguinte, distilar a quantidade de aguardente, que dei-
xou de ~ r o d u z i r ,por efeito das mesmas avarias.
Artigo I 7 . O - - Para as fabricas de aguardente, ha duas zonas distintas :
a ) - A Zona Norte, a que pertencem as fabricas dos concelhos
'
do Porto do Monis, S. Vicente, Sant'Ana, e bem assim a:
da fregue~iado Porto da Cruz, do concelho de Machico;
6 ) - A Zona Sul a que pertencem as restantes fabricas.
A r t i g o 18.'- É expressamente proibido ás fabricas da Zona Sul labo-
rarem ri aguardente que tiver sido distribuidapelo rateio ás
fabricas da Zona Norte, e vice-versa.
Artigo r 9.' - O Ministro da Agricultura poderá, e m casos justificados:
e ouvindo o. director da E. A. M. e engenheiro d a 7.' Cir-
cunscriçáo Iiidu5tria1, autorisar a mudança de local de qua'-
quer fabrica de aguardente dentro aa área da mesma fre-
guezia.
Artigo 20.' --E permitido o fabrico de mel integral da cana madei-
rense a que se refere o artigo 7.' deste decreto com forçu
de lei, sem limite de quantidade.
Artigo 2 I .O Quando o alcool e a aguardente produzida nos termos
do art.' I r ." deste decreto, náo forem suficientes para
tratamento dos vinhos produzidos no arquipelago da Ma-
deira, será distilado directamente da garapa o alcool que
for ne cessario.
Afi$~o22.0 - 0 assucar, o alcool, a aguardente e o mel, a que se re-
ferem os n?' I .O, %.O, 3.O, 4." e 5.' do artigo I .O deste de-
creto, produzido pelas diversas fabricas, ficam isentos de
qalquer imposto geral ou loca!.
Artigo 232 - As fabricas de assucar e de alcool teem uma fisialisa-
çáo privativa exercida pela G. F. durante o periodo de la-
boraçáo, e as despezas dessa fiscalisnçáo seráo pagas pelas
respectivas fabricas.
9 I?- Em cada fabrica de assucar e alcool existirá uma estação fiscal
com um sargento e dois soldados, qiie seráo rendidos men-
salmente.
2.0 - Haverá ainda um empregado superior da alfandega encarre-
gado de buperintender iin fisçalisaçáo de todos a., fabricas
de assucar e alcool.
$f 3.'- Finda a distilaçáo, seráo os alambiques das fabricas parcial-
mente desmontados e selados por um empregado superior
da alfandega do Funchal.
Anigo ,24.O - Os chefes das estagóes fiscais das fahriias de assucar e
alcool enviarão diariamente, ao director da alfandega do
Fundial, notas das quantidades de cano sacarina comprada,
do assucar, da alcool, e do alcool vinico produzidos, indi-
cando tambein as quantidades de assucxr que foram entre-
gues ao consumo local.
Altígo i5.'- A fiscalisaçáo da produgáo d i agiizrdente será feita do
seguinte modo :
r .O - Procederse-hn a Lima rigorosa inedicáo da capacidade de
produgáo dos alambiques das diversas fabricas.
2.'- Será fixado o numero de horas de destilaçáo para cada um.e
delas, distilaçáo que será feita nos termos do disposto no
artigo 16.' e seus $8 deste decreto com for94 de lei.
3.'- Um empregado superior da alfandega do Funchai, assis-
tirá ao inicio da distilaçh, á hora fixada, e ao encerra-
mento da mesma distilaçgo em cada periodo.
4P -Finda a distilaçáo do I .O periodo serão os alambiques sela-
dos pelo mesmo funcionario, e terminada a distilaçáo seráo
0 s me smos alambiques parcialmente desmontados e devida-
mente selados, pelo referido empregado superior da al-
fandega.
Artigo 26." - O alcool de cana, o alcool vinico, a aguardente vinica e
a aguardente de cana, só podem ser vendidos pela alfan-
dega do Funchsl, e por isso spráo estabelecidos um ou mais
entrepostos adjuntos á mesma alfandega, para onde passa-
rão todos esses produtos, a medida que forem sendo pro-
duzidos, ou finda a laboraçáo.
5 I ." -- Serão esi:ihelecidos entrepostos nos concelhos riirais, se assim
fòr julgado conveniente.
9 '.2 - - As despezas com os entrepostos seráo pagas pela verba de
meio por cento ('1%()/o) do produto das vendas efectuadag
cios mesmos produtos, percentagem que será abatida nas
importancias a entregar aos interessados, salvo o disposto
no $j2.' do arte0 54.O deste decreto.
9 3." O assuc:ir e o mel integral da cana, seráo vendidos pelas fa-
bricas produtoras.
Artigo 27.O - N:i alfandega do Funclial ser50 estabelecidas contas
correntes dos exportadores de vinhos, e dos produtores des-
tec que requisitem alcool ou aguardente vinica.
fjiinico. -- Para :I organisaçáo das respectivas contas correntes, envia-
rão os productores de vinho, á mesma alfandega, o origi-
nal d o n~anifestodos seus vinhos.
Artigo 2 8 . O -- Recebidos e armazeiiados os productos a que se refere
o artigo 26.' deste decreto com força de leí, terão eles os
seguintes destinos :
a) - O alcool e a aguardente vinica seráo vendidos para tem-
pero de vinhos a pronto pagamento, nas quantidades men-
cionadtis no artigo I 3.' deste decreto com força de lei, e
pelo preço que fòr fixnao nos termos do artigo 59' do mes-
mo decreto,
b) -- A aguardente de cana será vendida a pronto pagamento
pelo preço qiie a .Junta Geral do districto do Funchal indi-
car, e em quantidades nunca inferiores a cem lit-, nem
siiperiores a mil litros.
Artigo 29." - 4 aplicaçáo do alcool e da aguardente vinica será de-
vidamente fiscalisada pela alfandega do Funchal.
Artigo 30.' - O assucar importado no districto do Funchal pagará os
mesmos direitos estabelecidos, ou que venham a ser esta-
belecidos pela pauta geral das alfandegas, alem dos impos-
tos gerais ou locais a que estejam actualmente sugeitos e
de um imposto de a50 por quilograma a cobrar pela Jun-
ta Geral do districto por intermedío da alfandega do Fun-
hcal,
Artigo 31.'-- Quando faltar para o consumo o assucar de produção
local, as fabricas de aisucar poderão importar assuear bru-
to, das Colonias Portuguezas, para refinar, pagando 50 por
cento dos direitos, e isento do imposto creado para a Jun-
ta Geral pelo artigo 30." deste decreto, e demais impostos
gerais e locais.
-
9 U ~ ~ C O . A importação do assucar a que se refere este artigo é feita
pelas fabricas de assucar proporcionalmente á quantidade
de cana sacarina, iia colheita anterior a essa importaçáo, la-
borada por cada uma delas.
&*O 3~.*-- As fabricas de assucar e alcool são obrigadas a comprar
toda a cana que lhes seja oferecida da Zona Sul da ilha,
pagando-a pelos preços minimos de gjboo e 88ho, por 30
quilogramas, nas seguintes condições :
I . -
~ A cana com gradua~áoegual ou superior a 9." Baumé
~ o ; ao de graduaçáo entre 8,s.". inzlusivk, e 9.' Baumé,
8a>500; e a de graduação inferior a 8,s.' será comprada por
prep livremente ajustado entre comprador e vendedor ;
2.. - A cana, cuja compra 4 obrigatoria pelos preços esta-
belecidos neste decreto com força de lei, deve ser fresca,
sã, limpa de sabugo e palha, e apresentada nas fabricas
dentro de vinte e quatro horas depois de colhida, sendo a
cana do mesmo contelho em que estão as fabricas compra-
doras ; ou nos diversos cais de emb?rque dentro do mesmo
periodo, onda as mesm.is fabricas são obrigadas a ter agen-
tes que a recebam e a pesem devidamente, ficando o trans-
porte d'ela para as fabricas compradoras e as respectivas
despezas, :i cargo das mesmas fabricas ;
32 - A fabrica compradora designará o dia para o corte da
cana e poderá transferi-lo em caso de força maior;
4: - O corte de toda a cana, deverá estar completo at& 1 5 de
Julho de cada ano;
5.'-- A caril s ~ r ápaga de pronto, ou dentro de sessenta dias,
á escolha do comprador, devendo neste ultimo caso o
vendedor beneficiar de um juro equivalente á taxa de des-
conto da Agencia do Banco de Portugal no Funchal;
6." - As questóes que surgirem entre productores e fabricantes,
com respeito á compra e venda de cana de assucar, salvo
as que por sua natureza devam ser submetidas ao poder ju-
dicial, serão resolvidas por uma comissão composta de um
delegado dos fabricantes, do engenheiro chefe da 7.' Cir-
cunscrição Industrial, e de .um representante do autor da
reclamaçáo ;
i. --a Da decisão da comissáo a que se refere a condição ante-
rior ha recurso para o ministro da Agricultura que resol-
verá em ultima instancia.
Artigo 33." --A venda da cana, cuja compra é obrigatoria, pode tarn-
bem ser feita por zona,*e náo por grau, sem prejuizo da
verificação deste, sempre que o vendedor ou comprador o
exijam.
Artigo 34 .O A contar da data da 'publicaçáo deste decreto com força
de lei, todo o melaço importado no arquipelago pagará o
' o imposto de 860, oiro, por quilo, quer seja proveniente
das Colonias, quer do estrangeiro.
Artigo 35." - k expressamente proíbido ás fabricas de assucar e alcool :
a, - A produgáo e venda de aguardente;
bj - A venda de alcool ;
c ) -- O desdcbramento de alcool;
d) -- 4 permissão para a saída de qualquer quantidade de al-
cool, salvo para ser entregue á alfandega do Funchal nos
termos do disposto no arte026.4 deste decreto ;
e ) -- A saída de garapa doce ou em qualquer grau de fermen-
taçh ;
f) - A producc<oclandestina de alcool.
5 1." -- Náo se compreende na proibiçáo a que se refere á alinea a),
deste artigo, a prodilçáo da aguardente que fôr meramente
um produto intermediario para a obtenção do alcool.
9 2.0 - Quando as fabricas de assucar e alcool formem um todo indus-
trial poderão transferir entre si o sumo e xarope de cana e
demais produtos da sua industria, mediante a competente
fisculisação.
Artigo 36.O - É: expressamente proibido a qualquer individuo ou enti-
dade o desdobramento de qulilquer pc,:.iiío de 1ili00: para
bebida, sab pena de apreensão de todo o ~ l i < > 0puro
1 ou
desdobrado qur tiver armazenado e da multa fixa de dez
mil escudos, -aplicada em processo do contencioso fiscal.
Grtigo 37.'- Quando alguma fabrica de assucar ou de alcool se
recusar á compra de cana nas condiçóes e pelos preços es-
tabelecidos neste decreto com força de lei, pagará uma
multa de cem contos (~oo.ooo~oo), e em caso de reinciden-
cia, será definitivamente encerrada, sem direito a qualquer
indenisaçáo.
0, unico. -- 0 s produtos e materias primas que se encontrarem numa
fabrica encerrada por infracção da lei, ficarão desde logo
sujeitos a todos os direitos e demais imposições correspon-
dentes.
Artigo 38.'- A qualquer fabrica de assucar e alcool, que fabricar clan-
destinamente assucar ou alcool, que desdobrar alcool, que
vender alcool, que produzir ou vender a'pardente, ou que
permitir a saída de alcool, salvo para ser entregue á alfan-
dega do Funchal, nos termos do disposto no art.' 26.O deste
decreto com força de lei, ser-lhe-ha apreendido todo o al-
coo1 que tiver armazenado, e pagará a multa fixa de cem
contos, imposta em processo do contencioso fiscal.
'Qunico. -Quando se prove que a fabrica foi completamente estranha
á saída de alcool fóra das condiçóes legais, será o culpado
desse acto condenado a um ano de prisão não remivel, e em
caso de reincidencia, a uma multa de dois contos, e a dois
anos de prisáo tambem náo remivel.
A , q p 39"-E expressamente proibido ás fabricas de aguardmte :
a)- A produçiio de aguardente além da que é permitida nos ter-
mos deste decreto com força de lei ;
b) -A venda de aguardente ;
c)- A permissáo para a saída de aguardcnte, seja qual fôr a sua
quantidade, salvo para ser entregue á alfandega do Fun-
chal, nos termos do disposto no arte0 26.0 deste decreto
com força de lei.
-
8 iP É permitida a qualquer fabrica de aguardente, a produção desta
bebida até mais ou menes dez por cento (10 '/o) de modo a
aproveitar o resto da garapa fermentada que por ventura tenha.
§ Quando qualquer fabrica se aproveitar da concessáo a que se
2." --
refere o 8 anterior, será a quantidade de aguardente pro-
duzida a mais, ou a menos abatida ou aumentada á que lhe
couber no rateio do ano seguinte.
Artigo 40." -A fabrica de aguardente, que produzir esta bebida clan-
destinamente, que vender aguardente, ou que permitir a
saida dela, salvo para ser' entregue á alfandega do Fun-
chal nos termos do art. 26." deste decreto com força de
lei, sofrerá a apreensáo de toda a aguardente que será con-
siderada, como em descaminho de direitos, e em caso de
reincidencia será definitivamente riicerrada, sem direito a
qualquer indenisaçáo.
3 unico. - Quando se prove que a fabrica nada teve com a saída dessa
aguardente. e apenas foi vitima da má fé ou abuso de c&-
fiança de alguem, será esse alguem, condenado a um ano
de prisáo ~or~eccional, náo remivel, pela primeira vez, e em
caso de reincidencia a dois anos de prisáo náo remivel, e
de uma multa de dois contos (r2000b00).
Artigo 41."- As fabricas de assucar e alcool que interrompam a sua
laboraçáo por um ano ou mais por qualquer motivo, salvo
os casos de força maior, serão encerradas defenitivamente,
sem direito a qualquer indenisaçáo.
Artigo 42."- As fabricas de aguardente, que interrompam a sua labo-
ração por um ano ou mais, por qualquer motivo, salvo os
casos de força maior, serão encerradas defenitivamente, sem
direito a qualquer indenisaçáo.
Artigo 43.')- Quando qualquer fabrica cesse a sua laboraçáo defeniti-
vamente, quer voluiitariamente, quer por infracçáo da lei,
quer nos termos do disposto do artigo anterior, será a sua
cota do rateio distribuida proporcionalmente pelas restantes
fabricas.
Artigo 44." -- A partir da data da publicaçáo deste decreto com força
de lei, não é permitido o estabelecimento de novas fabricas
de aguardente no arquipelago da Madeira.
Artigo 45." -- E' expressamente proibida a transferentia de cana saca-
rina da Zona Sul para a Zona Norte, sendo, porém, per-
mitida essa transferencia da Zona Norte para a Zona Sul,
Artigo 46.O - E' proibida a entrada no arquipelago da Madeira de
aguardente ou alcool simples procedentes do territorio por-
tuguez ou do estrangeiro, em vasilhas de qualquer capa-
cidade.
Artigo 47,"- E' permitida a entrada no mesmo arquipelago de todas
as bebidas alcoolicas, não especificadas a que se refere o
artigo 460." da pauta geral das alfandegas, dos direitos de
importação, com exclusão da denominada ginginha e as do
tipo V'anac e semelhantes, não compreendendo o Cognac.
5 r." - A entrapa pela alfandega do Funchal das bebidas alcoolicas
não especificadas só poderá fazer-se em vasilhas de capa-
cidade não Superior a dois litros.
8 2." -- A tributação das bebidas alcoolicas náo especificadas, entradas
no distrito do Funchal, far-se-ha de harmonia com o dis-
posto na Portaria n." 4.350 de 16 de fevereiro de 1925.
Artigo 48.O - O produto da venda do alcool pela alfandega do Fun-
chal será entregue, semanalmente, ás fabricas produtoras,
e na prqporçáo dos rateios que llies tenham cabido.
ij ~inico.- Dc modo analogo se procederá com relação á aguardente
vinica vendida, cujo produto será entregue quer ás fabri-
cas, quer aos prodlitores de vinho, quer aos compradores
d'ele, na proporçáo das quantidades prodiizidas.
Artigo 49."- 0 prodiito da venda da aguardente de cana a que se
refere a alinea c) do art." 51." deste decreto com força de
lei, será entregue ás fabricas de aguardente, quinzenal-
mente, na proporçáo da aguardente que tenham produzidoo
com exclusãodo excesso a que se refere 9 I." do art." 39.,
deste decreto com força de lei, cuja importancia só pode-
rá ser recebida 110 ano seguinte.
Artigo 50."- Para facilitar a venda da aguardente a que refere o ar-
tigo anterior, poderá a nlfandega estabelecer depositas m-
rais, e em especial n.is &der dos concelhos do distrito do
Funchal.
Artigo 5 r .O - Os preços do slcool, da aguardente vinicn, e da aguar-
dente de cana sáo os seguintes :
a)-O alcool, 9 ~ 5 por 0 litro.
bl - O da aguardente vinica, Br300 por litro.
c)- O da aguardente de cana, por litro, r oaoo que será pago ás
fabricas pi*odutoras.
5 i .O - O preço da venda de aguardente de cana pela alfandega do
Funshal será o que lhe f6r indicado pela Junta Geral do
Distrito ao Funchal.
(j 2.' - O preço da aguardente a que se refere a alinea c) deste artigo,
será pago aQs fabricantes sem deduçáo alguma.
8 3.O - A percentagem de meio por cento (4,2 ()/O) a que se refere o
# 2.' do art." 26O deste decreto com força de lei, incidirá
sobre a importancia da venda da aguardente a que se re-
fere a alinea b) do art.' 28.O.e será deduzida da importan-
cia a entregar á Junta Geral do Distristo do Funchal, nos
termos do artigo seguinte.
Artigo 52." - Quinzeiialmente será entregue á Junta Geral do Distrito
o producto da venda de aguardente, deduzida a importan-
cia a pagar iis fabricas nos termos da alinea c) do art. 52.'
deste decreto com força. de lei, e ainda da percentagem a
que se refere o $ 3 . O do artigo anterior.
Artigo 53." - Quando a produçáo de assucar de cana sacarina madei-
rense exceder o consumo do arquipelago, será importado
no continente, sem pagamento de direitos alfandegarios
alguns.
Artigo 54." - A laboração da cana madeirense terá o seu inicio em I
de abril e o córte de toda a cana deve estar completo em
I 5 de julho, de cada ano.
Artigo 55.'- As fabricas de aguardente, são obrigadas a comprar a
cana que laborarem, pelos preços fixados no artaO3%' deste
decreto com forr;a de lei.
Art.' 56.O--Quando por efeito da diminuiçáo da cultura da cana, náo
haja a necessaria para n produção do alcool preciso
para o tempero de vinhos, ertrahido directamente da
mesma cana, e para a produção da agiiardente destinada
ao consumo, conforme o disposto no art.' 15.' deste
decreto com força de lei, considera-se, automaticamente,
estincto, o rrgirneii sacarino da Madeira.
Art.' 55."--0s preços estabelecidos neste decreto com força de lei,
para a cana, alcool e aguardente vinica e de cana, são
baseadas no cambio actual de 95@o« por libra esterlina.
Art.' 58.'---Antes de começar a laboraçáo das fabricas, no caso de
haver qualquer alteraião no cambio, seri estabelecido o
I'P~ÇO da caiia, do alcool. da aguardente vinica e de cana,
propoicionalmente á altrraqáo havida, pela direção da al-
fandega cio F1:nch:il.
Art." jg.?--Sáo isentos de direitos adiianeiros, no districto do Funchal,
quaisquer maquinas ou aparelhos importados que se des.
tinem e seja111 aplicados á transformação em assucareiras
das fabricas de agi-ilrdente.
Art." 60.'---Todas as fabricas que pretendam laborar, devem requerer
ao ministro da Agricultura, por intermedio da Estação
Agraria da Madeira, até o dia 30 de novembro de cada
ano, licenç<~para a labora(;áo no ano imediato.
9 unico--A concessáo desta l i c c n ~ aautorisa as fabricas a distilarem
náo só aguardente de caiia, inas tambem a de vinhos, e o
fabrico do mel, nos termos deste decreto com força de
lei.
Art." 6 I ."- -OS lucros liquidas obtidos pela Junta Geral provenientes
do imposto a que se refere o srt.O 30.' e da venda da aguar-
dente, nos termos deste decreto, serão distribuidos do
seguinte modo :
a) - - Para a Junta Ger:il, 60 1', ;
3) - Para as Camaras Municipais, 30 '1,;
c) -- Para a Estação Agraria da Madeira, 10 "1.,
Art.' 62."-A importancia atribuida i Junta Gera!, pela alinea a) do
artigo anterior, serli destinadn exclusivamente á viação do
distrito do Funchal.
Art.' 63.'-(Transitorio ) N o ano de i 928, podem Iiiborar todas as
-

fabricas que o requererrrn at6 30 dias depois da entrada em


vigor deste decreto com força de lei.
Art." 6~+.')-(Transitorio) ----Noano de 1928 podem todas as fabricas
cujos aparelhos distilstorios lhes tiáo permite a distilaçáo
em 29.' Cartier, fuzerem-no em 28.O pelo menos, não po-
dendo porem laborur em 1929, sem qiie tenham modifi-
cado devidamente os mesmos aparelhos, de modo a pro-
duzirem a aguardente que llies couber no rateio, em 2gmo4
Art." 65."---(Transitorio)--A agilarderite existente em poder das fabri-
cas proveniente das laboraçóes dos anos anteriores, será
entregue á alfandega do Funchal att: 3 I de março do cor-
rente ano, por conta da Junta Geral, que a pagará por
i 3 r ~ o 0cada litro, aguardente que será vendida pelo preço
quc for fixado pela mesma Junta.
A aguardente :i que se refere este artigo 1150 poderá exceder a
qiianti~acie q u e em rateio coube á respectiva fabrica no
ano de 1927.
a z.o Se aitida alguma fabrica tiver em deposito, maior quantidade de

aguardente do que a mencionada no 9: anterior, será ela


entregue á mesma alfandega pelo preço de I 0 ~ 5 0cada li-
tro.
g 3.0 '4 importancin dc aguardente a que se refere este artigo e seus
paragraí'os, será recebida sem desconto algum conforme
o disposto no 5 2." do arte05 1.' deste,. decretc.
Ar-." ti(;.@ - -0 Governo promulgará os regulamentos necessarios á
completa execuçáo deste decreto com força de lei, e á fis-
calisaçáo rigorosa da producáo de alcool e aguardente.
Art.O 6 7 . O -Fica revogado o decreto n.O 14.168de 2 5 de agosto de
1927, e mais toda a legislaçáo em contrario.
Notas
l,a--- O consumo de assucar no dlstrlto do Punçhal

Em 1923. ................ 2858 toneladas


n 1924 ................. 3337
I92 'j................. 3579 3
1926 ................. 4561
» 1927.. ............... 2077 (atCAgosro)

Vê-se que o consumo de assucar no Funchal aumenta continua-


mente, em cerca de 400 toneladas por ano. Em 1928 u consumo pita
seri inferior a 4.800 toneladas, numero que tambem fui ulailado pelo
Sr. Teixeira de Lencastre, em artigo publicado na "VOZ".

2.' - O preco do assucar estrangeiro Importado.m Pun-


chdl, se fosse mantldo o dmcreto n.O 14.168

Preço de u m quilo de assucar c. i. f. Funchal. . . . . 1665


Direitos alfatidegarios.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I@S
Despezas varias, encargos, catretos, etc.. . . . . . . . . . $20
Inlposto municipal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Imposto para a Junta Geral (art. &'do dec. n." 14.168).
Soma. ..........

Significa isto que 0s monopolistas teem garantida a venda do seu


assucar pelo preço de 3$60 o quilo, quando no ano ultimo o venderam
a 29660.
-
3." O preço do assucar das colonias, depois de refl-
nado no Funchal pelos monopolistas, se fosse
mantido o decreto 14.168

Preço de um quilo' de assucar bruto colonial c. i. f.


Funchal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I $4.0
Imposto 50 Oro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . $4 2
Refinação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . $2 5
Descarga, transportes, etc.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Soma . . . . . . . . . . .
---
~$10
03

As ramas de primeira qualidade a que se refere este preço não dão


qiiebras ; e alguma que haja, 6 compensada amplamente pelo alcool ex-
trahido dos residuos delas.
Vendendo o assucar a 3660, como j& vimos, teem os monopo-
listas um lucro de 1$50 por quilo.

-
4." Os lucros auferidos pelas fabricas, antes d a publl-
caçdo do decreto n." 14.168

a) Receita
Contos
28.000 toneladas de cana, a 95 quilos ãe assucar, dão
2.660 toneladas que, a 2$60, representam . . . . 6.916
28.000 toneladas, a I 5 litros de alcool, dão
420.000 w 9$50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 -990
380.000 litros de alcool (extrahido da cana) a 99650. 3.610
2.140 toneladas de assucar importado (para as 4.800
ton.) a ~ $ 5 0(lucro liquido). . . . . . . . . . . . . . . . I .qg8
Soma. . . . . . . . . . . 16 0 1 4
b ) Despeza

3 3.000 toneladas de cana a 2oo$,oo ( 5 .ooo para ali001) 6.600


Fabrico de 2.660 toneladas de assucar a $60. . . . . . r .6oo
Fabrico de 420.000 litros de alcool a $40 (extrahido
dos residuos) . . . . . c . . . . . . . . . . . . . . . * . . . . . . I 68
Fabrico de 380.000 litros de alcool a 96qo . (extrahido
-
d a . cana) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Lucros liquidos. .....
Este çalc~ilo de lucros 6 muito moderado. Em vez de distilar o.
llcool de cana, teem os nionopolistas iniportado melaço por despachos
iiri~iistoriuis.o que lhes tem dado maiores lucros, e facilitado o ,fabrico
cla?rdrstiico de alcool em larga escala, alcool que tem sido lançado no
niercado, eiii coiicorrencia com a aguardente que è acusada de todos os
niales. . .

5.3 O que o decreto n." 14.168 deu de mik, beijada


aos monopolistas alcooleiros

nl Receita
Contos
q.ooo toiieladas de cana, a 95 quilos de assucar, dão
855 ton. que, a 3$6o, representam. . . . . . . . . 3 .o78
9.000 toneladas, a I 5 litros de alcool, produzem
108.ooo que, a ~ $ 5 0 0 , dão. . . . . . . . . . . . . . . . 1.026
292.500 litros de alcool, para desdobrar, fabricado de
iiielaço, a 79600 (lucro liquido). . . . . . . . . . . . .
Aurilento no preso do assucar (3945 tori.) de I$OO.
Sotna. . . . . . . . . . .
-
2.047
3.945
I 0.096
bi Despeza

9.000 toneladas de cana a a ~ o $ o o .. . . . . . . . . . . . . . 1.890


Fabrico de 835 torieladas de assucar a $60. . . . . . . . 513
Fabrico de 1o8.000 litros de alcool a S 4 0 . . . . . . 43 2:;46
Lucros a mais do que tinham antes. . . 7 50

Ainda q u c a cultura da cana aumentasse e o alcool fosse extraliido


da caiia ; ou aiiida que esse alcool fosse obtido pela rectificaç3o da agudr-
deiite da Zona Norte, os alcooleiros teriani seiiipre sete mil (7-000)
coritos de Mo brijnrlir, dados pelo decreto n.0 14.1(;8.
O sr. Teixeira de I,encastre, defendendo o decreto, diz que os mo-
iiopolistas iiso teriam cstes iticros, porque perderiai~z a veiida de yoo.000
litros de alcool tio tempero de vinhos, eni vista das eiirr*qicas inedidas
totrindas, pois iião serão precisos mais de 3oo.ooo litros.
i rrlatorio que nada disto 6 esacto, e n.ío preciso re-
J d ~ ~ i o s t r c110
petir aqui o qiie disse e que demoiistra que os tnonopolistas teriaiii sem-
pre a~segtirsdn n vetida de 8oo.000 iitros. É vcr as estatisticas. As tais
iiiedidas riiergiins s5o leti-'2 inorta coiiici digo neste relatorio.
O s lucros dos monopolios concedidos
-

pelo decreto n.O 14.168 representam 14.000 contos,


anualmente

a) Receita
Contos
42.000 toneladas de cana, a 95 quilos de assucar, dão
3.990 ton. que, a 3$60, produzeni. . . . . . . . . 14.364
42.000 toneladas, a 15 litros de alcool, diio 6jo.000
que, a 99650, representam. . . . . . . . . . . . . . . . . . j -98 5
Mais 170.000 litros de alcool de melaço importado,
a 9$500, para prefazer os 8oo.000 litros. . . . . 1.615
292.100 litros de alcool, para desdobrar, a 8$50. . . 2.486
810 toneladas de assucar importado (para as 4.800
de consumo) a 1$5o (lucro liquido). . . . . . . .
Soma. . . . . . . . . . .
-1.215
25.665

b) Despezas

28.000 toneladas de cana (2131, a 6$30 czda 30 quilos,


z ~ o $ o opor tonelada.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
I 4 ooo toneladas de cana, a 4$jo, 15o$oo por ton..
Fabrico de 3990 toneladas de assucar a $ 6 0 . . . . . . .
Fabrico de 630.000 litros de alcool de residuos a $40.
gz5.ooo quilos de melaço importado a $50 . . . . . . .
Impostò sobre o melaco ($06 por quilo). . . . . . . . . .
Fabrico de 462.500 litros de alcool de xnelaqo e ou-
tras despezas a $38 por litro. . . . . . . . . . . . . .
Lucros líquidos. . .

Estes lucros estxo calculados de modo iuferior á realidade.


Como jk disse, a produç3o de assucar é superior a 95 quilos por.
tonelada, e por otitro lado a cultura da cana de grau baixo iria diminuir
consideravelmente, e ate desaparecer, se ela fosse paga a 4550, como
indico nestes calculos. Dimiiiuindo a cana, auiiieiita a iinportação do me-
laço e assucar que dlio maiores lucros.
O decreto dando tudo isto aos iiionopolistas ,que sao a causa do
alcoolismo na Madeira, esqueceu a agricultura que rzada ~-ect.bet+inse fosse
mantido esse diploma legal.
7."- O s lucros das fabricas segundo o regime
do decreto qbe proponho

Contos
28.000 toiieladns de caiia, a gy quilos de assucar,
da0 2.660 toli. que, a 3$6o, produzem. . . . . . . . 9.576
28.000 toneladas, a I 5 litros de alcool, dão 420.000
quc, a g $ p , representam.. . . . . . . . . . . . . . . . . 3.990
380.000 litros de alcool, extraliidos da cana. a q$50 3.610
3.140 toneladas de assucar iniportado a 1$5o (lucro * -
. liquido). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.210
Soma. . . . . . . . . . . 20.3 86
b : Despezas
Contos
22.000 toneladas de caiia, a 8975 cada 30 quilos,
2qz$oo por tonelada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.422
I I .o00 toiieladas, a 6$oo, 2oo$oo por ton . . . . . . . . 2.200
Carretos de 21.000 toneladas de cana dos cais de
embarque para o Funchal (1850 por 30 qui-
los em média). . . : . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . r.do
Fabrico de 2.660 toneladas de assucar .a $60. . . . . . I ,600
Fabrico de d2o.000 litros de alcool dos residuos a $40 GB
I
Fabrico de j8o.ooo litros, extrahidos da cana, a $90 342
Lucro liquido. . .

Se os p r q o s dos vinhos baixarem de modo que haja distilaçáo de-


les, nte 200.000 litros, que é a hipotese mais desfavoravel para os a l c o o
leiros, estes apenas produziráo 650.000 litros, e negse caso os lucros li-
q u i d o ~ficar30 reduzidos a 7.613 contos.

8."- Nõo ha motivo para recelos ácerca do futuro


da industria

n se v;, as fabrica. de assucar e alcool trem devidamente ga-


nlitidos os seiir lucros, que permitirão ate a iiiolitagem de mais duas
ou trCs fabricas, se as que existem tratarem a agricultura de modo que
ela p ~ ~ c i sdce ,i(:fendrr-se. Náo lia pois motivo para que se prohiba a
iiiotitagem de novas fabricas de assucar, ou a transforma~ãoeni assuca-
reiras das fabricas de aguardente.
QSY - O s lucros das fabricas de aguardente

para a produção de u m litro de aguardente ein 2 9 0 , sáo necessa-


rios 14 quilos de cana, em media, que pelos novos preqos representam
3$60; as despezas de laboraçáo representam 3$00, ein tiikdia, e os lucros
legitimos das mesmas fabricas, 3$40, total ~ o t o o .
I? este o preço porque as fabricas entregam a qguardente h alfaiide.
ga, preqo que recebem seni deduagúo alguma, conforme o projecto do de-
creto que apresento.
P o r outro lado, a aguardente existente de 1927 é entregue A alfan-
dega, e como pagou jA 3$oo de iinposto, o preso 6 elevado a I 3$00'
O lucro total das fabricas, pelo fabrico da aguardente, ser4 de 1.700
contos, isto 6 , merzos 347 co~rtosdo que o decreto 11.0 14.168 da aos al.
cooleiros.

- - - Com o decreto 14.168 as fabricas perderiam


os seus alambiques e não receberiam um s6 centavo

Se fosse mantido o decreto n." 14.148, ficariam as fabricas aguar-


denteiras sem alambiques e ssrnt rlWhei~*o,visto que a J ~ n t aGeral nHo
poderia vender a tal mistura de alcool, agua, e aguardciite em 2rj0, que o
deíreto lhe db, porque seria esmagada pelos 800.000 litros de alcool fa-
bricados clandestinaniente, e desdobrados, a1eíl-i do desdobramente de mais
30o.o$o que são comprados para tempero de vinhos, c i i ~ os3o empre-
gados neles.

11." - Qs exportadores de vinhos confessam que obtêem


todo s aleool que q u e r e m . . .

Numa representaçiio ao Gove;no pedira111 varios exportadores lhes


fosse auinentada a quantidade de alcod para tempero dc vinhos, decla-
rando: nE' certo que nunca deixamos de ter o alcool qlic precisanios ;
mas. *. . sailnos mais caro B . . .
Esta declaraçiio oficial dos interessados mostra bem como marcham
as coisas da Madeira.
É natural que os desdobradores de alcool possam .dizer a mesma
coisa. . . ,

1-2."-- Despezas a que tenho feito referencla

As despezas da laboração que menciono, incluem toda asdespe


de material, cascadura, combus-
?as de gerencia, conservação e reparaçáo
tivel, juros de capitais, etc., etc.

A revisão apressada deste trabalho deixou


passar muitas gralhas que o leitor henevdo
facilmente corrigirá
Tipografia PORTUGAL
14, Rua da Rosa, 16 -. LISBOA

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