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Antero de Quental em filme Saudamos a comitiva praiense de visita à California. Que levem todas as nossas saudades quando regressarem.
é um autêntico poema
Micaelense no dia 9
de Março, o telefilme
Antero - o Palácio de
Aventura.
Um filme que durou
mais de cinco meses
a realizar e que conta
a história de um dos
nossos maiores poe-
tas e escritores, nas-
cido e morto em Ponta Delagada.
Este telefilme será exibido dentro de pouco
tempo na Costa Leste. Seria importante que
o pudessemos ver na California.
CULTURA
Maria F. Simões
publica livro
No dia 22 de Março
na Casa dos Açores
de Hilmar terá lu-
gar a apresentação
do livro de Maria F.
Simões intitulado
“As Lavadeiras, suas
lidas”. A Casa dos
Açores aproveita a
ocasião para estrear Amendoeiras em Flor na estrada de acesso ao Pico dos Padres, Turlock foto de jose avila
o seu Grupo de Ma-
tanças, de Violas e Mar Bravo. Não faltem. portuguesetribune@sbcglobal.net • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com
2 SEGUNDA PÁGINA 15 de Março de 2009
S
de New York, Newark e Washington. e Cultura Portuguesas na Califor- A CEP.CA é uma nova coordenação.
eria bom que todos lessem o interessantíssimo Acusam o Governo Português de ter nia State University, Stanislaus, em Seria incorrecto afirmar o contrário,
artigo do Diniz Borges na página 10 deste jor- imposto dois Coordenadores e um Turlock. Sendo natural haver discor- pois nunca existiu nada semelhante
nal. Falar comunidade não é tão simples como Consultor de Lisboa, nomeados por dâncias de estratégias ou opiniões na Califórnia. Pessoalmente sinto-
parece. critérios de confiança política, de- entre pessoas envolvidas na mesma me muito honrada por estar aqui no
A nossa comunidade vista a trinta mil pés de altitude pois de terem dito que os concursos área de actividade, não me sinto nem preciso momento em que é possível
não é a mesma como a vista da porta da nossa casa. seriam públicos. desajustada a um contexto que já co- levar a cabo este modelo de coorde-
Penso até que a nossa Comunidade são três núcleos Estes dois Conselherios referem-se nhecia anteriormente e agora passei nação, como já antes me aconteceu
comunitários distintos inseridos neste grande Estado - às nomeações de Ana Cristina Sou- a conhecer ainda melhor, nem nunca quando vim inaugurar o 1º Leitorado
sa, que trabalha em Turlock desde me tinham dito, até ao momento em de Português no Vale Central.
o primeiro, acaba nos fins de cinquenta, o segundo co-
Setembro de 2007 e Fernanda Cos- que os Senhores Conselheiros assim A uma nova política de língua, cor-
meça nos sessenta até a meados de oitenta e o terceiro,
ta que veio para a Costa Leste, em o expressaram, que não possuo as respondem neste caso novas estrutu-
o mais importante para o futuro, começou nos oitenta até Dezembro de 2008. O consultor re- qualificações ou as competências ne- ras de coordenação. Por isso se fala
agora. O terceiro núcleo, o mais novo da nossa comuni- ferido chama-se João Graxinha e tra- cessárias para este trabalho”. de novo. Mas como sabemos, o novo
dade é realmente o mais rico em termos culturais, cien- balha no Departamento de Educação Mais à frente, Ana Cristina refere-se tem sempre uma história e por isso as
tificos, intelectuais, mas encontra-se esvaído na comu- do Estado de Massachusetts. às “QUALIFICAÇÕES DA COOR- novas Coordenadoras tentam conhe-
nidade americana, o que é muito bom e de louvar. Segundo noticia a imprensa da Costa DENADORA” cer o trabalho das Coordenações an-
O problema está em querermos que esse núcleo seja Leste, os dois Conselheiros afirmam Normalmente não costumo publicitar teriores. Por exemplo, estive a fazer
tão conhecido nas nossas mais antigas comunidades que nunca foram consultados sobre o longo caminho que trabalhosamen- a actualização das listas elaboradas
como é conhecido e admirado pela comunidade ameri- estas nomeações. te percorri na minha carreira acadé- pela Drª Graça Castanho, a anterior
cana. Então, o que é que teremos de fazer? Na carta em questão, os Conselhei- mica, mas vou fazer aqui um peque- Conselheira em Washington, conten-
ros fazem diversas considerações no apanhado do que me parece mais do o número de alunos e de escolas
Como é que podemos trazer de volta, nem que seja por
sobre os Coordenadores, seus cursos relevante para a situação vigente: que ensinam Português na Califór-
dois ou três dias por ano, essa juventude (os nossos
e vencimentos e afirmam que nos Es- - 1 Diploma de conclusão do Ensino
filhos, os nossos netos) para que possamos partilhar nia. E para o ano que vem terei de
tados Unidos teríamos pessoas alta- Secundário em Letras (Português,
com eles o futuro de todos nós. mente qualificadas para assumirem Inglês, Francês e Alemão) rever novamente essa lista, pois o nú-
Quem percorre as páginas das revistas da UPEC, da aqueles cargos. - 2 Licenciaturas: Línguas e Litera- mero de alunos não é um dado fixo,
Luso-American e outras organizações e vê as centemas turas Modernas, Variantes de Inglês/ já que o trabalho em educação está
e centenas de jovens a quem foram dados bolsas de es- Ana Cristina de Sousa, a Coordena- Alemão e Português/Inglês sempre em fluxo e não se pode dizer
tudo, pergunta “Onde estará toda esta gente, hoje com dora colocada na California, já res- - 1 Mestrado: Estudos Norte-Ameri- que alguma coisa está feita de uma
30, 40 anos?” pondeu à carta dos Conselheiros e canos, Literatura Norte-Americana vez por todas e para todo o sempre”.
Que é feito deles? afirma a certa altura na sua carta: - 1 Doutoramento (em fase de con-
O Tribuna vai tentar encontrar muitos deles e partilhar ”Não tenho conhecimento de qual- clusão): Formação de Professores de E mais disse, numa longa carta, de-
quer grande polémica em relação à Português com apoio da tecnologia fendendo sempre a seriedade e as
com todos vós esse achamento. Ajudem-nos também.
minha nomeação em Setembro de (cujo enfoque é precisamente a Ca- qualificações da sua escolha.
2007, data em que assumi a Coorde- lifórnia)
Em tempo devido solicitámos ao Presidente da SATA nação do Ensino Português na Cali- - 1 Certificado de pós-graduação em
uma entrevista, mas até ao fecho desta edição ainda fórnia e outros Estados Ocidentais Educação e Formação Online
não recebemos a sua concordancia. Pode ser que na (CEP.CA). Muitos dos meus colegas - 1 Certificado de pós-graduação em jose avila
nossa próxima edição a possamos partilhar convosco. professores e significativo número Facilitação e Tutoria online
jose avila
O
dos, e se alcançam vários favo- rem pertencido ao número dos Dito isto, vamos agora aos adá-
saudoso vilafranquen- cessor”. res. Diz-se que por meio dele se primeiros animais aqui espalha- gios: o boi com muito viço dá
se padre Ernesto Fer- Seja-me permitido, aqui e ago- pode dar cabo duma pessoa que dos a fim de apoiar os trabalhos com o corno no toutiço. O boi
reira, em “Animais ra, advertir que no capítulo 32 nos seja importuna, ainda mesmo dos povoadores”. pelo corno e o homem pela pala-
de cor negra”, no seu do Livro do Êxodo está descrito que viva em Reinos Estrangeiros, Relativamente ao boi, prossegue vra. Quem não tem bois, trabalha
livrinho Ao Espelho da Tradição, o episódio ocorrido no deserto, sem haver necessidade de sair- Carreiro da Costa, “trata-se dum com vacas. Quem seu carro unta,
deixou dito que “no Egipto faraó- quando os israelitas moldaram mos de nossa casa, e assim dar animal que tem sido considera- os seus bois ajuda. Não vai o car-
nico gozava da maior celebridade em estátua um bezerro de ouro, lugar a que pessoa alguma saiba do como sagrado, devido sem ro adiante dos bois. Onde vai o
o boi Ápis, que era retintamente presumivelmente em lembrança das nossas intenções”. dúvida, não apenas a certas re- carro, vão os bois. O boi depois
preto e apenas tinha, do lado di- do boi Ápis. Seguidamente, Mendonça Dias miniscências mitológicas, como de morto é vaca. Boi bravo em
reito, uma mancha branca com a Conforme o testemunho do padre transcreve as diferentes práticas também ao facto de prestar servi- terra alheia fica manso. Boi far-
configuração de lua crescente. Ferreira, “na ilha de S. Miguel o ou métodos no emprego do co- ços apreciáveis aos trabalhos da to não é comedor nem lambedor.
Haveria alguma dificuldade em povo acredita que a cor negra de ração do boi preto, com o devido lavoura”. Boi que campeia, sinal de mau
encontrar este animal, mas logo certos animais lhes confere uma acompanhamento de determina- P’ra poupar tempo e espaço, não tempo.
que o encontravam era conduzi- eficácia singular e um poder pro- das rezas e invocações. Visto que vou agora enveredar p’la carreira Boi solto lambe-se todo; boi
do p’ra Mênfis e endeusado entre digioso. Assim, se em ocasiões não pretendo repetir essas mira- de superstições associadas com o amarrado, só um bocado. Boi que
ruidosas manifestações de rego- de trovoada alguém ocupar o lu- bolantes lengalengas, aqui fica a boi, como sejam aquelas lendá- engorda na canga, engana o com-
zijo. gar donde acabou de sair uma rês referência. rias e curiosas crónicas alusivas panheiro. Boi velho, dêem-lhe de
O boi Ápis recebia homenagens preta, pode ter a certeza de que Carreiro da Costa, na série “Tra- ao aparecimento providencial comer, que ele por si procura a
de adoração durante 25 anos, não será fulminado pelo raio. O dições, Costumes & Turismo” desse animal, cuja carne concor- abrigada. Mais come o boi duma
findos os quais os sacerdotes o fígado e o coração do boi preto (Outubro 1964), anotou que “tan- ria p’rós tradicionais bodos do só vez que a ovelha em todo o dia.
afogavam solenemente no Nilo, tem largo emprego na feitiçaria”. to o boi como a vaca ocupam po- Divino Espírito Santo, como está Boi velho gosta de erva tenra.
e em seguida o embalsamavam e Um outro ilustre vilafranquense, sição de destaque no quadro das amplamente patente em diversas Vaca do monte não tem boi certo.
sepultavam no templo de Serápis, dr. Urbano de Mendonça Dias, superstições populares açorianas, páginas do livro “Açores, Lendas Vaca que não come com os bois,
com magnificentes honras fúne- no quarto volume de “A Vila”, o que não é de admirar, uma vez & Outras Histórias”, de Ângela ou comeu antes ou depois.
bres. Depois procuravam-lhe su- apontou ser “muito apreciado, e Furtado Brum. Não se aparelha um boi e um
Não quero deixar em branco que, burro ao mesmo arado. O boi
em português, temos “olho-de- conhece o dono e o jumento a
boi” aplicado à chamada cla- manjedoura. O inferno não se fez
rabóia (skylight, em inglês), ou p’rós bois, nem p’ràs vacas. A boi
seja, aquela abertura envidrada velho chocalho novo. Ainda que
existente no alto de edifícios e o teu boi seja manso, não o mor-
destinada a iluminar e ventilar o das no beiço. De boi manso me
interior. A expressão “passo de guarde Deus que do mau eu me
boi” significa andar devagar, en- guardarei. De pequeno verás que
quanto “andar com o carro adian- boi terás. Guarda-te do boi pela
te dos bois” indica fazer qualquer frente, do burro por detrás e do
coisa ao contrário. E bom será demo por todos os lados.
lembrar que em vão se leva um
4 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009
Novos Tempos
Depois de alguns pedidos de leitores, aqui vai mais uma lista de
música Portuguesa que não é muito usual em terras Americanas.
Não procurem em CD na Califórnia, Infelizmente não existe
(e muitas destas musicas tem mais de 20 anos). Mas, vale-nos a
Internet!... Façam uma pesquisa e encontrarão:
Zeca Afonso
Luso-American Life
Insurance Society
License # 0825403
T
ivesse eu uma filha em devotos de duas religiões que há quer que seja a ver com o facto de Para mim, e à excepção do avião bretudo uma história vinda ainda
idade de casar e seria séculos se diabolizam. o Diakité ser muçulmano e a sua que amarou no Hudson, foi a me- de um tempo em que o casamen-
o primeiro a dar-lhe o As razões por que a história de noiva testemunha de Jeová. lhor história do mês. Uma histó- to entre duas pessoas de religi-
conselho: “Filha minha, Mourtala Diakité me encanta, Dizia Jaime Pacheco, treinador ria vinda ainda de um tempo em ões inimigas tinha como mais
desconfia sempre um bocadinho pois, não são as mesmas por que do Belenenses, na véspera si- que as mulheres se dedicavam a perigoso efeito colateral deixar o
das pessoas – mas sobretudo des- encanta Miguel Portas. Pensando multaneamente do jogo e do ca- caprichos inúteis e os homens à Belenenses sem médio defensivo.
confia muito das razões porque bem, Miguel Portas há-de ver ali, samento: “As mulheres, hoje em brincadeira viril. Uma história Infelizmente, porém, o futebol
elas se associam umas às outras, naquela história de um muçulma- dia, é que mandam.” Na sua ca- vinda ainda de um tempo em que já não é assim tão boçal. Nem o
nomeadamente se se tratar de no que se casa com uma testemu- beça, duas coisas são óbvias. A se podia discutir o casamento mundo tão inocente.
outra coisa que não de amizade. nha de Jeová apesar dos apelos de primeira é que o casamento é cla- entre duas pessoas de religiões
Desconfia de grupos e de grupe- quase toda a gente para que man- ramente coisa de mulheres. A se- inimigas com a necessidade de
lhos, filha. Desconfia de movi- de às malvas a cerimónia, mais gunda é que, apesar de tudo, um proteger um desafio de futebol
mentos e de partidos políticos. um belo conto sobre a inexorá- homem não pode viver sem uma como principal argumento – e so-
Desconfia de sindicatos e de pla- vel aproximação de civilizações: mulher, tal como não pode viver
taformas – e, já agora, desconfia mais um contributo para a extin- sem a SporTv, o GPS TomTom e a
também, desconfia muito e des- ção de todos os muros e, já agora, churrasqueira do quintal – e, por-
confia metodicamente, de religi- nova prova de que o ser humano tanto, quando elas querem mes-
ões. Portanto, se queres casar-te é fundamentalmente bom – fun- mo casar, é sempre difícil um ho-
E
com um muçulmano, casa-te com damentalmente bons todos nós, mem contrariar-lhes o capricho.
um muçulmano. Lá estarei no ca- mesmo quando apregoamos o de nada serve, como
samento. Mas, em todo o caso, ódio, a sede de vingança e o de- muito bem se viu, ape-
pensa bem.” sejo de sangue. lar à sua “sensibilida-
Naturalmente, tenho sobre Miguel Pois eu vejo ali uma história de de”. Anunciou Pacheco:
Portas uma série de vantagens. futebol – e rio-me. Rio-me e de- “Vou apelar à sensibilidade dela”
A primeira é que, independen- licio-me. Delicio-me porque tudo – e eu acredito que ele o tenha
temente dos calendários eleito- naquela história de um jogador feito. Infelizmente, como se sabe,
rais, costumo fazer um esforço que tem casamento marcado para as mulheres encasquetam estas
por pensar pela minha própria o dia de um jogo contra o Benfica coisas na cabeça e depois não há
cabeça. A segunda é que estive e, de repente, dá por si cercado de nada a fazer. De forma que Diaki-
quase sempre mais de duas horas pedidos de treinadores, de adep- té não teve outro remédio senão
nos países e territórios islâmicos tos e até de jornalistas para que casar, ficar para a boda, alinhar
que visitei. E a terceira é que sou vá lá depressa casar, mas deixe naquela treta da noite de núpcias
protestante. Ou fui protestante – a boda e a noite de núpcias para – e, naturalmente, deixar o Be-
e um protestante, conhecendo a outro dia, de forma a poder “dar o lenenses órfão no meio campo.
verdadeira dissolução familiar seu contributo à equipa”, me traz E nós, já agora, não temos outra
em que pode redundar um sim- de volta um futebol, um mundo e coisa a fazer senão compreendê-
ples casamento entre elementos mesmo um tempo de que quase lo, se ainda por cima a cínica da
mais ou menos descontraídos de me esquecera já – e de que tenho noiva se pôs (vejam bem como é
duas congregações cristãs dife- inegavelmente saudades. Deli- manipuladora) a usar argumentos
rentes, conhece também a dis- cio-me por isso – e rio-me porque como “este é o dia mais impor-
solução em que pode redundar nada do que verdadeiramente in- tante das nossas vidas”, entre ou-
um casamento entre elementos teressa naquela história tem o que tras demagogias parecidas.
Falecimento
Ana Oliveira Vieira Coisas & Loisas
Faleceu no dia 8 de Março no Hospital de An- Alcides na Televisão - quando este jornal estiver a ser
gra do Heroísmo, Ilha Terceira, Ana Oliveira imprimido (dia 13 de manhã bem cedo), Alcides Machado estará a
Vieira, contando 95 anos de idade. Era viú- cantar e a ser entrevistado no Canal 14 da Univision em San Fran-
va de Manuel Sequeira Vieira. Lamentando cisco. Assim é que é. Conquistar reconhecimento internacional tem
a sua morte deixa seus filhos, Alberto Viei- sido sempre o lema do Alcides.
ra, casado com Catarina Vieira; Bernardete
Vieira Lynch, casada com Bill Lynch; Batista
Vieira, casado com Dolores Vieira; Lino Viei-
ra (falecido) casado com Fátima Vieira; e Vel- Educação, again? - já não bastava a crise financeira,
ma Vieira Santos, casada com Dalberto San- económica, roubalheira, mental, para mais uma vez a educação vir ao
tos. Deixa 12 netos e 11 bisnetos, e duas irmãs, Isabel Amarante e Bernardete Oliveira. de cima, com insinuações graves trazidas por dois conselheiros das
Tambem deixa duas cunhadas, Maria Vieira Pires e Victória Vieira, ainda sobrinhos comunidades da Costa Leste, que deveriam ser provadas, pois está
e sobrinhas. Será celebrada uma missa sufragando a sua alma quando o filho Alberto em jogo o profissionalismo dos acusados.
Vieira regressar dos Açores e que será anunciada brevemente nas estações KSQQ
e KLBS.
Ramana Vieira - penso que seria interessante se a Ramana
Vieira cantasse o Fado em Inglês. Seria bonito e poderia trazer novos
horizontes musicais a ela e ao seu conjunto. O Fado não é a língua. O
Fado é sentimento, amor e paixão. Também pode e bem ser trans-
mitido em Inglês. Aqui fica o palpite. Em Roma sê romano.
CONVERSA COM JESUS
Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar:
Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor
do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto voltar a viver, o
leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino
Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A
minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero
com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de ter-
minar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que
peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós
aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como
o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho
confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas.
A.V.
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
Sorte na Vida
lucianoac@comcast.net
T
er ou não ter – eis hoje o simpá- nem sequer chegou a completar a quarta
tico teor da minha comovente classe. Porém, não foi tanto por não ter
questão. cabeça. Foi mais por não ter tido outro re-
médio.
Coitadinho! – Não teve sorte! – Dizem-me Por, infelizmente, ser comum demais nos
os que mal o conhecem. dias d’hoje os pais não se entenderem e
É burro! – Não tem cabeça! – Insinuam os os filhos é que pagarem as favas – como
menos bem intencionados. foi o seu caso – a sorte não esteve do seu
Francamente, não concordo com uns nem lado. Cedo se desapegou dos livros para se
com outros. apegar ao trabalho e à responsabilidade de
ajudar a trazer algum pão para a mesa que
Aguiar, sentado na sua bicicleta, peda- repartia humildemente com a mãe e com o
la forte e feio ao cair da noite a caminho irmãozinho.
do ginásio onde investe regularmente na O pai desertara-os de forma que ainda hoje
simbólica troca de suor por saúde. Com dói. As cicatrizes não mentem. É triste
boa saúde e muita sorte acredita poder vir quando um homem nem vale meio tostão.
a dar ainda este ano um certeiro pontapé O que vale é que um ilhéu tem sempre uma
na vida que o desafia à sua frente. É tam- boa safa: o seu mar – o amigo fiel que ja-
bem jogador de futebol nas horas vagas mais o abandonará.
mas continua ilusivamente à espera dum
fortuito remate vitorioso que lhe dê verda- A nadar, Aguiar era tambem um perito.
deira razão para celebrar em grande. Tinha licença de mergulhador. Durante Costa dos Biscoitos, Terceira
Lembra-se perfeitamente bem de ter fes- vários anos, de facto, encontrou no mar o
tejado há vários anos atrás a alegria única seu melhor amigo. Nunca o deixou mal. America de ida sem volta. Aguiar, sem licença nem carro seu, canta-
do nascimento do filho lá na ilha que um Ao musgo, às lapas, aos polvos, ao peixe Sem papeis, sem carro, sem carta, sem rola ao volante com gracejos e picardias,
dia nos viu nascer e mais tarde convidou em abundância mergulhava regularmente canto certo de dormir nem comida asse- sempre a rir e a brincar porque o bossa o
tambem a imigrar. para garantir o sustento da mulher e do gurada ao jantar – “…A America é nas deixa raivar desde que não bata com a ca-
Imigrou à balda e para trás ficaram filho filhote. Passaram os três momentos ines- ilhas.” – Desabafa às vezes com ilusões de beça na parede.
e mãe. queciveis picnicando à borda d’água com a regressar. “Isso é que nunca.” Garante, decisivo:
O drama continua. vida a mostrar-lhe sorridentemente o seu Apetecia-lhe mas não pode. A sua cor- “Tenho um filho crescido e quero ajudá-lo
lado melhor. rente situação, ilegal em ambos os lados, a ser alguém.”
Não teve uma infância fácil. Mas a culpa O pior, quando menos se espera, são os aconselha-o a pensar duas vezes. Não me digam que este gajo não tem ca-
não foi sua. Foi de quem, impreparada- mergulhos em seco que um homem dá – Nem a pé nem a cavalo, crama a sua sorte beça.
mente, decidiu trazê-lo ao mundo. as cabeçadas à toa nos calhaus roliços e e tenta fazer das tripas coração a ver se a Também não tem cara de burro.
Do mundo verdejante que sempre foi e traiçoeiros que lhe reviram num instante a coisa calha. A coisa, porém, como todos Ter ou não sorte na vida, isso já é outra
continua a ser a bonita ilha onde cresceu… vida de pernas para o ar. sabemos, não está para brincadeiras. questão.
guarda as melhores recordações. É certo Um desentendimento, uma querela, a se- Mas ele também não se importa. Cada qual faz a sua e ninguém julga ter a
que – sem ideia clara do futuro, atropelou paração, o divórcio – as dores que não se que merece.
então o presente faltando muito à escola – curam com uma simples passagem para a
Catarina Freitas
900 H Street, Suite G
Modesto, CA 95354
Phone: 209.338.5500
Cell: 209.985.6476
Fax: 209.338.5507
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8 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009
A
cos de 1932 em Los Angeles - o uma das melhores maratonistas E a infinita paciência da minha
mesmo ano em que Amelia Ea- do Século XX. Mulher.
rhart se tornou na primeira mu- Em 1982, nos Campeonatos da E a saudosa memória da minha jude os nossos patro-
lher a voar solo sobre o Atlântico! Europa em Atenas, a Rosa Maria Mãe.
- Zaharias conquistou medalhas correu a sua primeira Maratona. (Texto apresentado durante o
de ouro, com recordes mundiais, O ouro - dizia-se - pertencia à Encontro “Mulher Migrante em
cinadores compran-
no lançamento do dardo e nos 80 Ingrid Kristiansen. Congresso”, realizado em Espi-
metros barreiras, enquanto um Erro crasso pois a corredora por- nho de 6 a 8 de Março de 2009)
pormenor técnico a privou de ter- tuguesa prevaleceria conquistan
do os seus produtos
do na Grécia a sua primeira peça
COLABORAÇÃO 9
Sabor Tropical
Um ensinamento
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com para não esquecer
O
episódio que envol- Eles têm certeza que ficarão im- homens e essa era uma preocu- as mangas e partir para buscar nhando”. Isso é de uma falta de
veu, recentemente, punes ou que terão uma pena leve pação política com o mercado de as nossas soluções. Afinal somos amor e de um machismo sem
uma menina pernam- para o crime cometido. trabalho. Chegou a se cogitar em maioria no planeta! Todavia, en- comparações. Outra situação in-
bucana de nove anos, E o “Dia internacional da Mu- mandá-las para as colônias para quanto houver mulher que não feliz é quando ouvimos comentá-
violada pelo padrasto e que ficou lher” foi criado em 1911, numa se casarem. vota em candidatas a cargos eleti- rios de algumas mulheres se refe-
grávida de gêmeos, só ocupou as reunião de mulheres na Dina- Segundo Fernando Antonio Gon- vos por achar que os homens são rindo a outra que foi violentada (e
páginas dos jornais brasileiros marca e confirmado por decreto çalves, Professor e Pesquisador melhores e enquanto houver mu- às vezes até morta): -“Ela estava
e estrangeiros, mais tempo do pela ONU, em 1975, exatamente da Universidade Federal de Per- lher que não procura os serviços pedindo para ser violentada, por
que o comum, porque médicos e para marcar um ato de extrema nambuco, até o maior Teólogo profissionais de outras mulheres usar aquelas roupas coladas ao
familiares da criança foram ex- violência cometida contra 129 católico da Idade Media, Tomas médicas, dentistas, advogadas, corpo, aquelas blusas decotadas
comungados pelo Arcebispo de operárias de uma fabrica têxtil, e ao sorrir para os homens como
Olinda e Recife, sob a alegação da cidade de New York, em oito sorria!”.
de que aborto é crime. de março de 1857, durante uma Não vou tecer comentários sobre
O padrasto, muito embora tenha greve, quando reivindicavam as outras religiões por não saber
confessado que abusou, duran- melhores condições de trabalho, as suas doutrinas a respeito das
te três anos, da criança e da sua redução da jornada de dezesseis mulheres, mas nós, Cristãos, se
Irmã de 14 anos, com debilida- para dez horas, bem como equi- amássemos o nosso semelhante
de mental, foi preso, porém não paração dos salários com os dos como Jesus nos ensinou, se se-
foi excomungado e o Arcebispo homens (as mulheres chegavam a guíssemos os Seus ensinamen-
alega que estupro é crime, mas receber só um terço do que eles tos, não haveria diferenças en-
o aborto é um crime mais grave. recebiam, para fazer o mesmo tre homens e mulheres, porque
Bem, para mim crime é crime e trabalho). A manifestação foi re- para Jesus, homens e mulheres
todos deveriam receber o mesmo primida, a fábrica incendiada e eram iguais, segundo relatos do
tratamento pela Igreja. Há por aí as mulheres, ali trancadas, não Evangelho de São Lucas. Nas
tantos estupradores que matam conseguiram sair. Morreram car- Suas parábolas, as mulheres são
as suas vitimas - pela violência bonizadas, num ato selvagem e de Aquino (1225-1274) conside- arquitetas, engenheiras, dete- colocadas como modelos e para-
do ato - e nunca ouvi dizer que desumano. rava a mulher “um homem in- tives, etc., por também confiar digmas a ser seguido. E foi dado
algum deles tenha sido excomun- Ao longo da historia há relatos completo”. mais nos homens, nada mudará, às mulheres o privilégio de serem
gado. E o padrasto cometeu dois sobre o grande sofrimento das O “Dia internacional da mulher” porque o preconceito começa (e as primeiras testemunhas da Sua
crimes graves: estupro e pedofi- mulheres no que diz respeito à deveria servir, também, para é muito maior) entre as próprias ressurreição.
lia. violência e ao preconceito. No nós mulheres, refletirmos sobre mulheres. Como cristãos, podemos nos ale-
Não fosse a repercussão da exco- fim do século dezenove, na In- os nossos erros. Não adianta fa- Aqui no Brasil temos uma ex- grar com o que está escrito “não
munhão, a criança seria só mais glaterra, mulheres sozinhas, sem zermos passeatas, fórum para pressão popular, sem nenhuma há judeu nem grego, escravo nem
uma menina violentada, aumen- marido, eram consideradas um discussões dos problemas e ficar- graça, mas repetida também pe- livre, homem nem mulher; pois
tando a estatística das mulheres problema social. Na verdade, os mos esperando que os homens las mulheres, quando vê outra todos são um em Cristo Jesus
que são constrangidas fisicamen- detentores do poder econômico os solucionem, porque até agora apanhando ou que foi machucada (Gálatas 3.28). Um ensinamento
te ou que são assassinadas por se alarmaram porque havia, de bem pouco foi resolvido, embora pelo companheiro: ”ele até pode para não se esquecer.
homens que se julgam no direito acordo com o censo da época, reconheça boa vontade por parte não saber por que está batendo,
de praticarem tamanha barbárie. mais mulheres solteiras do que de muitos. Temos que arregaçar mas ela sabe por que está apa-
M
uitos católicos não fa- tir no Concílio de Nicea, no ano 325
zem a mínima ideia por da era Cristã, foi para provar a con-
que razão a Páscoa não substancialidade entre Jesus e Deus.
é numa data fixa. Então Os seguidores de Ario e da sua doutri-
dizem: - “Tem a ver com a lua. O en- na (Arianismo), afirmavam que sendo
trudo é que manda. Tem que se contar Jesus o filho de Deus, portanto seria
com a primeira lua do ano, etc., etc. “ subordinado ao Pai e como só há um
Houve um grande debate dentro da Deus e Jesus é seu filho, não poderá
Igreja para determinar em que dia a ser Deus.
Páscoa deveria ser observada. Muitos O Concílio condenou essa doutrina e
anos antes do nascimento de Cristo as considerou-a herética e reafirmou, por
tribos pagãs da Europa adoravam a voto dos bispos, a divindade de Cristo
bela deusa da Primavera, Eostre. Há e que Jesus, o Espírito Santo e Deus
quem acredite que esta palavra evoluiu são um só.
para Easter. Embora o imperador tivesse pedido
Os Judeus já celebravam a Páscoa para que unificassem a data da celebra-
(Pessach) com um sentido diferente, o ção da Páscoa e tivesse enviado cartas
da libertação do cativeiro do Egipto. aos bispos, alguns não apareceram ao
O imperador Constantino I, aprovei- Concílio e não houve uma concordân-
tando o encontro dos líderes ecumêni- cia geral.
cos europeus, em 20 de Maio de 325, A igreja ortodoxa celebra a Páscoa de
pediu ao papa Gregorio XIII para que acordo com o calendário Juliano e es- vada pelos emigrantes
fixasse uma data oficial para a celebra- colheram o primeiro Domingo depois alemães em 1913.
ção da Páscoa e que viria a ser o pri- da festa judaica, Passover.
meiro Domingo depois da primeira lua Os católicos usam o calendário lunar e Em tempos tive uma
cheia, a partir do primeiro dia de Pri- a formula criada no concilio de Nicea. quantidade de coelhos
mavera. Ora a Primavera começa a 21 É complicado. Não é? Mas ainda po- e agora só tenho as
de Março, data do equinócio de verão, derei complicar mais o caso se juntar o pombas e os canários.
dia em que o Sol cruza o equador. coelhinho Pascal. Quem sabe se um dia
Por isso, o mais cedo que a Páscoa po- Como é que um coelho pôe ovos? destes, em vez de ovos
derá ser é no dia 22 de Março. Usando Muito fácil: diz a lenda que o coelho nos ninhos, me vão
a data da primeira lua cheia, conta-se da Páscoa era um belo pássaro que aparecer coelhos? De
40 dias para trás, não incluindo os pertencia à deusa Eostre e um dia uma forma ou doutra,
domingos e aí se determina a Quarta- transformou-se em coelho. Como por desejo a todos uma
Feira de cinzas. E o dia antes é, então, dentro continua pássaro, contrói o seu Feliz Páscoa e o leitor
o dia de Entrudo. Portanto a Páscoa é ninho e põe ovos. acredite no que quiser.
que determina o Entrudo e não o En- Em Portugal não sei quando começou
trudo a Páscoa. essa história do coelho da Páscoa, mas
A razão principal que se viria a discu- no Brasil é muito recente, pois foi le-
10 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009
Reflexos do Dia–a–Dia
... não aproveitamos para Diniz Borges
mandar mensagens culturais d.borges@comcast.net
A
nossa comunidade alinhavado sobre a nossa comu- em mudança. brincamos com a barriga, salvo munitários pensam que elas são,
portuguesa na Califór- nidade não têm visto a luz do dia. Mas é também mais do que óbvio seja! ou até gostariam que elas fossem.
nia está em mudança! E a razão é muito simples: seriam que infelizmente estamos infesta- Enquanto nos divertimos, esque- É que cada vez que se enche um
É, seguramente, a fra- incompreendidos, seriam mal in- dos com uma grande inércia, em cemo-nos, ou fazemos que nos salão com 400 ou 500 pessoas
se mais usada e mais abusada por terpretados—bem, isto não quer termos de reflexão comunitária, esquecemos, das modificações para termos “a festa do século”,
quem pensa as nossas comunida- dizer que o que escrevo sobre o em termos de ponderar cada um que são indeclináveis numa co- há milhares de compatriotas nos-
des, quem as analisa e quem as mundo político, social e cultural dos nossos eventos comunitários. munidade que não se renova há sos que não estando no bailarico,
reflecte, além do episódico e nés- nos Estados Unidos também não E dir-se-á, até com alguma razão, mais de 25 anos. Enquanto per- estão contribuindo para a nossa
cio contacto. Apesar da frase ser seja mal interpretado. Mas tam- porque primeiro; dá trabalho; sistimos em fazer o que fazíamos comunidade, muitos anonima-
usada e abusada, são raros, quase bém nunca escrevi para ganhar segundo, pode trazer (quase sem- há três décadas, porque é mais fá- mente, nos mais variados cargos
até extintos, os espaços públicos um concurso de popularidade ou pre traz) chatices. Porém, é mais cil e dá-nos menos trabalho, per- das cidades, dos condados, da
onde se reflecte as nossas comu- uma medalha. do que sabido que sem canseiras, demos oportunidades únicas de região onde trabalham e vivem.
nidades. Há, acima de tudo, um O que é mais do que óbvio, é que, e sem aborrecimentos, o mundo levar a nossa cultura, as nossas A nossa comunidade, e a nossa
grande receio de se analisar e re- colectivamente, não gostamos não progride, nem tão pouco as tradições, junto do mundo ame- cultura, nunca estarão circuns-
flectir, objectivamente, as nossas muito de olhar e reflectir além do nossas comunidades. Daí que ricano, do qual, quer queiramos, critas a um conjunto de guetos.
comunidades. Caso para pergun- que está programado para esta continuamos com os mesmos quer não, também fazemos parte e Bem sei que os guetos são espa-
tar: porque será que temos medo tarde. Passamos muito tempo a afazeres, que nos dão prazer e é o mundo dos nossos filhos e ne- ços (entenda-se o termo não me-
de enfrentar a realidade? Será promover esta ou aquela festa, nos trazem alguns momentos de tos. Enquanto recusamos trazer ramente como espaço físico, mas
que andamos a fingir ou a fugir sem tirarmos um minuto para o felicidade efémera: mais uma à ribalta, na nossa comunicação no nosso caso sobretudo como
ao inevitável? diálogo e a reflexão. É que, como festa, mais uma matança, mais social os assuntos pertinentes, social) seguros onde muita gen-
Comecemos por falar dos espa- comunidade, cada vez mais fala- uma tarde de touros, mais uma alguns até mesmo melindrosos te se sente bem, onde outros só
ços públicos de reflexão comu- mos uns para os outros e não uns visita desnecessária de entidades duma comunidade em mudança, aí podem sobressair, brilhar até,
nitária. É sabido que num vasto com os outros. Fazemos festa vindas de Portugal e dos Açores, porque tais questões ferem sus- mas esses espaços são cada vez
Estado como a Califórnia, um atrás de festa, as quais, infeliz- mais uma dança, mais um baili- ceptibilidades, ou giram contro- menos expressivos em termos de
dos lugares privilegiados para mente, raras vezes são julgadas nho, mais uma noite cultural sem vérsia, perdemos oportunidades representarem a globalidade da
essa reflexão é, indubitavelmen- pelas mensagens que passam cultura, mais um sermão oco, de elevar o discurso e a cogitação nossa comunidade. É que a nos-
te, a comunicação social. Porém, ou pela cultura que transmitem. mais um discurso longo e pilha- comunitárias. sa comunidade está em todos os
são pouquíssimos os espaços São sim aquilatadas pelo número do de elogios fáceis, mais um Há 30 anos que ouço: isso não espaços da sociedade norte-ame-
onde há lugar para a análise fria de bilhetes que conseguem ven- momento de pseudo intelectuais é para as nossas comunidades. ricana. E nós só ganhamos com
e objectiva, para a crítica sem der ou pelos salões que enchem. em franca hemorragia apologéti- Durante 12 anos do simpósio Fi- isso! É disto precisamos falar e
rodeios e receios, para o comen- Acho que um dos maiores desper- ca, mais uma jantarada de peixe lamentos da Herança Atlântica reflectir, sem complexos nem as-
tário sério e coeso, que vá além dícios que temos tido em termos (em tempo quaresmal, à sexta- ouvi: essa cultura não é nossa. sombros. Precisamos, nos nossos
do paroquial, do populismo e do culturais é deixarmos os grandes feira pode-se mentir, pode-se fa- A verdade é que as nossas comu- fóruns públicos, ter a coragem, a
elogio gratuito e banal. Aliás, eventos comunitários, porque os lar mal, pode-se atropelar o nosso nidades de origem portuguesa na audácia, de ir além do que é fácil,
abra-se um pequeno parêntese temos em todas as comunidades, próximo para que cheguemos ao Califórnia, se entendemos por rijo, absoluto e cada vez menos
para confessar a minha própria à mercê do sabor da ocasião e não nosso objectivo mais cedo, mas comunidades todos aqueles que representativo da comunidade
culpa. É que, particularmente os aproveitarmos para transmitir- comer carne, nunca) mais uma um dia emigraram e os seus des- em geral, da tal comunidade em
nos últimos dois anos, muitos mos mensagens culturais urgen- ceia de sopa, mais um banquete cendentes, são muito mais expan- mudança.
dos textos reflectivos que tenho tes nestas nossas comunidades de caranguejo. Pelo menos não sivas do que os pseudo líderes co-
I
uma posição equidistante entre português do século XIX (estou a Constituinte (1975) com o fim de
escola” lusitana. Mas jamais es-
magino muitos ilhéus da a hostilidade cordial das mordo- pensar em Almeida Garrett, José impedir a aurora do constitucio-
quecerei a pertinente escaramuça
minha geração com a me- mias religiosas, sentia-se réu dum Estevão, sem cuidar de enaltecer nalismo democrático.
verbal que presenciei entre dois
mória fresca das homilias atrevimento deveras pecaminoso. figuras ímpares da escola Coim- Todavia, é sempre preferivel para
parlamentares do meu tempo.
que serviam para intervalar Ainda hoje a ‘palavra da verdade brã, onde o rigor do apostolado um parlamento alcançar fraca
Refiro-me ao desaguisado verbal
a lengalenga bilingue da conta- eterna’ continua a ser pesquiza- da livralhada nem sempre rimava visibilidade pequeno-burguesa
entre os deputados Adelino Ama-
da nos laboratórios da fé; e ha- com o humanismo estudantil da do que ser objecto, pela negati-
corrente da moralidade paro- ro da Costa (CDS) e Lino Miguel
via suspeitas de que a atracção “ínclita” geração integrada por va, duma inesperada curiosidade
quial. Há mais de meio século, (PCP), ambos parlamentares de
emocional pela ‘espiritualidade Antero de Quental, Manuel de existencial. Explico-me: no dia 1
para não melindrar a sensibili- reconhecidos recursos. A dado
tecnológica’ podia conduzir as Arriaga, Teófilo Braga, e outros de Março de 1954, o Presidente
dade materna, raramente falha- momento ouviu-se o adjectivo
D
mentes mais frágeis à corrida su- açoreanos mais recentes...) da Casa dos Representantes dos
va presença na missa dominical, “parvo” ribombar no interior da
persónica da fantasmagoria... ado que a comunica- E.U.A. era um congressista eleito
junto da rapaziada que se aglo- vetusta Câmara. Foi então que
Era uma vez a “palavra de hon- ção social portuguesa por Boston, chamado Joe Martin.
merava nas redondezas do “Co- o então deputado Lino Miguel,
ra”. Desde há muitos anos, vimos (e seus devotos satéli- Naquele fatídico dia, quando es-
ração de Jesus”, cujo altar ficava na circunstância o mais idoso de
procurando decifrar o idioma do tes at large) raramen- tava a conferir a presença dos 243
logo a seguir à entrada da sacris- ambos, ripostou num tom con-
Silêncio. Por vezes surpreendo- deputados federais, dois rapazes
tia. Durante a homilia dominical, te presta atenção profissional ao vincente: “- Saiba V.Exa. que não
me a desabafar com amigos so- acompanhados por uma belda-
desenrolar dos trabalhos parla- sou parvo; e não sou parvo há
a coberto do vozeirão do nosso bre a suspeita de que há silêncios de saltaram subitamente para o
mentares, acontece que a opinião mais tempo que V.Exa.” (risos)
pároco, a rapaziada discutia em mais calados do que outros... E hemiciclo a gritar “Free Puerto
pública só costuma ser alertada Como muitos talvez recordam,
surdina a “formação” da equipa até hoje não desisto de afinar o Rico”. Logo a seguir começaram
para aspectos menos dignos da antes da Primavera de 1978, a si-
de futebol que ia treinar no areal, meu “ouvido mental” para não a disparar, indisciplinadamente...
sua rotina. Foi o que aconteceu tuação revolucionária continuava
para continuar em “boa forma” perder as nuances ideológicas da Mais tarde, soube-se que os ata-
há dias com o sensacionalismo ainda “quente”, até mesmo nos
para defrontar outras equipas Palavra. cantes eram membros da mesma
em saldo, ilustrado pela “esca- Açores onde o ministro Almeida
que compareciam no Poço Ve- Imagino que há gente que prefere facção terrorista que, quatro anos
ramuça” verbal de dois deputa- Santos fora pesadamente agredi-
lho. Nos meses de verão a nossa o acesso ao discurso geométrico, antes, tentara assassinar o presi-
dos da Assembleia da Republica do por um grupo de energúme-
imaginação juvenil vagueava no desnudado de paramentos almo- dente Harry Truman.
nos. Ora perante tão dramática
dorso imaginário das ondas que fados para se proteger das quinas (PS versus PSD). Refiro-me aos ... espero nunca ver o chão
circunstância (que depressa “sal-
vinham meigamente inundar o das ideias; gente pronta a abraçar recrutas do civismo parlamen- da dignidade democrática da mi-
tou” ao plenário da Assembleia
conhecido “boqueirão”, ali no o discurso que estabeleça uma li- tar, porventura distraídos de que nha terra encharcado pelo sangue
da República) não faria qualquer
sopé sul da igreja, onde a nossa nha recta concludente, infalível, o antigo convento de S. Ben- honrado da democracia portu-
sentido ao deputado açoriamo
das falas & dizeres; o discurso to, em Lisboa, não é caserna do guesa. No discurso parlamentar o
piscina natural é protegida pelo incensar a prudência do silêncio.
que não apresente esforço extra “fala-barato”, mas sim “artéria” insulto é um vírus maligno: só o
bordado vulcânico que ainda hoje Era imperativo denunciar o inci-
para o leitor apressado; enfim, o vital da democracia portuguesa. Verbo é de oiro!
separa o areal pequeno da praia dente, sugerir medidas inequívo-
discurso que diga que, no pas- O nosso espanto não se limita a
das milícias. Naquele tempo, não cas para o reforço da segurança
sado, a nossa ilha já foi vírgula vociferar “credos-em-cruz” face
era costume aprender a nadar. O pública, e abreviar o subsequente
esquecida numa oração ao sofri- ao mau gosto dos palavrões en-
mar é que nos ensinava a nadar... apuramento de responsabilidades
mento, mas que agora é ponto de tão usados. A questão centra-se
Com mais ou menos agilidade dos governantes locais. E assim
interrogação no discurso do pro- na manifesta incapacidade de al-
cultural, éramos quase todos ino- foi.
gresso...
COLABORAÇÃO 11
Temas de Agropecuária
Sabores da Vida
Egídio Almeida
almeidairy@clearwire.net Quinzenalmente convidaremos uma pessoa a
dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma
condição - que saibam cozinhá-lo.
O
nhuma industria. Estes requerem um tanto, à medida que a indus- 1 Kg de carne boa do pesco-
ano 2009 começou extensivas investigações e testes tria foi crescendo e a quantidade ço
com terríveis conse- ao meio ambiente desde os poços de leite utilizado na classe 1 di- 2 cebolas picadas miudas
quências económicas de produção de água subterrane- minuíu em percentagem, mas os 2 dentes de alho
as, às águas usadas como fertili- entendidos dão crédito a esta lei 1 folha de louro
para a produção de
zantes na agricultura, incluindo a pelo sucesso gigantesco da in- 10 a 12 bolinhas de pau de
leite - os preços do queijo des- cravo
ceram para preços inferiores ao própria água de irrigação, fruto dustria da agropecuária na Cali-
das neves que caem nas serras. fornia nos ultimos quase 40 anos, 3/4 de toucinho de fumo, cor-
minimo estabelecido pelo Go- tado miudo
verno Federal e muito aquém dos Requerendo ainda testes ao solo, eliminando injustiças e práticas
1 colher de sal
nutrientes utilizados, incluindo destrutivas na distribuição dos
altos custos de produção, e disso 2 copos de vinho - um branco
quantidades para cada cultura, valores recebidos pelo leite na-
falaremos em mais detalhe antes tipo Chablis e um Burgundy.
documentação tem que acom- queles anos. Foi especialmente 1 copo de água
de terminar este nosso trabalho.
panhar todas estas exigências efectiva em eliminar práticas co- Forno a 350 graus.
A pressão económica sobre os ao custo de milhares de dólares merciais, em que os comercian-
produtores, especialmente os da 3 horas e meia a cozer
anuais, Segundo os mais entendi- tes e transformadores do leite
California e suas familias é tão dos, isto é apenas o princípio de em produtos do mesmo extraiam
severa que haverá dificuldades de uma longa caminhada em que a conceções aos produtores de leite Experimentem e depois
sobrevivência económica, devido industria acabará por ser sempre que ambicionavam que o seu leite convidem-nos. Nós le-
à instabilidade dos preços do leite a mais sacrificada. fosse incorporado e vendido na vamos o vinho.
e altos custos de produção, espe- O período da implantação de to- classe mais alta.
U
cialmente investimentos que não dos os regulamentos é de cinco
resultem em maiores ganhos, tais anos, para dar aos operadores o ma estimativa dos
como ambientais. tempo necessário para se adap- preços do leite para
Os regulamentos ambientais são tarem a cumprir com os regu- os meses de Feverei-
presentemente um obstáculo e lamentos e ao mesmo tempo a $9.90, quando os custos de pro- ger os grandes distribuidores que
ro e Março indica
os produtores estão procurando possibilidade de manter os seus dução estão oscilando entre $16 tem dado provas de sobejo de só
que o preco do overbase será de
resposta em como condescender negócios. e $18 dólares. Porque razão não pensarem em si próprios.
$9.64 e $9.61 respectivamente
a estes regulamentos. estão os produtores de queijo e
por cada 100 libras. A pergunta
Aqui no Vale de San Joaquin as O Senador Dean Florez (D-Shaf- outros transformadores usando
que se faz é: quando é que o Go-
leitarias estão particularmente ter) introduziu no passado dia 27 esses mecanismos para proteger
verno Federal tem mecanismos
sob rigorosa vigilancia. Há dois de Fevereiro uma proposta lei o preco minimo em vez de prote-
para garantir o preço mínimo ds
Coisas da Vida
... a qualidade e a diversidade dos
Maria das Dores Beirão
winesao@gmail.com
seus colaboradores
U
ma das coisas que te- gostos, as suas preferências lite- Sinto-me bem quando vejo os
nho a certeza acerca rárias, as suas preocupações polí- vossos rostos, quando leio os vos-
deste jornal, é a qua- ticas e o seu humanismo. sos artigos, quando sinto os vos-
lidade e diversidade Escusado será dizer que os teus sos anseios, quando me atrevo a
dos seus colaboradores. O que textos são parte da minha leitu- fazer-vos companhia.
ainda não me havia ocorrido é o ra. Sinto-me bem neste momento,
número de mulheres que fazem em que escrevo acerca destas
parte da grande lista, que nos traz Ellen Morais, com o seu “ Sabor Mulheres, embora sabendo ter
incalculáveis benefícios. Tropical”, delicia-nos com os sa- omitido valores merecidos, mas
É sobre este assunto que humil- bores e dissabores do seu Brazil, com a certeza que cada palavra
demente me debruço neste meu assim como do estado das coisas teve origem num espaço muito
pequeno apontamento. Nem to- na aldeia global. O seu talento intimo do meu coração.
das escrevem com a mesma as- como escritora e poetisa são rele-
siduidade, por isso começo por vantes para qualquer leitor. Para todas um abraço fraterno
aquelas cuja presença já é cons- Foi muito bom conhecer-te em-
tante. bora brevemente. Até à volta
M
ais de duas centenas organizaram um programa mui-
de goeses reuniram- to interessante e que certamente
se no Centro Comu- vem ajudar a construir uma me-
nitário da India em lhor ponte de aproximação e en-
Milpitas no Domingo, dia 22 de tendimento entre as comunidades
Fevereiro, para celebrar com mú- locais de Goa e de Portugal.
sica, poesia, arte e culinária a sua Nelson Ponta-Garça organizou
terra natal – GOA. e ensaiou um conjunto musical
Querendo que nesta celebração com a seguinte composição:
anual da comunidade goesa da Crystal Mendes – Vocalista
àrea da Baia a língua e cultura Luís Sousa – Voz e Acordeon
portuguesas sejam sempre dos Bruno Dutra – Violão
elementos mais importantes do Eric Moules- Bandolin
programa, o organizador e pre- Daniel Santos – Trumpete, 12
sidente desta associação, George anos de idade
Pinto, uma vez mais convidou a Nelson Ponta-Garça – Teclas
comunidade portuguesa a parti-
cipar. E durante 30 minutos estes mú-
Este ano, dois conhecidíssimos sicos, prata da nossa casa, de-
elementos da nossa comunida- liciaram a vasta audiência com
de, Nelson Ponta-Garça e João música portuguesa, mas na sua Nelson Ponta-Garca, Luis Sousa, Eric Moules, Crystal Mendes e Bruno Dutra.
de Brito, aceitaram o desafio e maioria interpretações de música
apresentação de um segmento ses espalhados pelo mundo, para
do seu documentário Fado. Este benefíciar, directamente, indiví-
segmento de 15 minutos, sober- duos e instituições de Goa. Todos
bamente filmado em Goa, e ilus- os anos Goa Sudharop seleciona
trado com música de fado, faz um novo alvo para a sua campa-
parte do documentário de longa nha de solidariedade. Neste ano
metragem que será formalmente que findou os fundos angariados
apresentado no mercado interna- foram dedicados a programas e
cional em Outubro próximo. eventos relacionados com a ju-
E o programa da tarde prosseguiu ventude de Goa. No próximo
com música e danças de Goa in- ano, o alvo será o meio ambiente
terpretadas por adultos e muitas de uma Goa que está a ser assal-
crianças trajando os mais colori- tada por um desenvolvimento de-
dos trajos regionais de Goa. senfreado e maléfico que ameaça
destruir a sua beleza natural.
Para além de Goa Institute of San Celebrando Goa é um evento que
Francisco, uma organização com certamente merece o maior apoio
mais 35 anos de idade, no ano de da comunidade portuguesa, aju-
2000 a comunidade goesa criou dando assim a estreitar os laços
Goa Sodharop, uma instituição de amizade entre todas as fac-
sem fins lucrativos, que ainda ções da comunidade lusófona da
este ano passado angariou mais California.
de 300 mil dólares entre os goe-
João de Brito declamando um poema seu regional dos Açores. Para fina-
Embaixo: O jovem Daniel dos Santos tocando o Hino Nacional lizar a actuação deste conjunto,
Português. Direita: Catedral de Santa Catarina em Goa Nelson apresentou o jovem e ta-
lentoso Daniel Santos para tocar
o Hino Nacional Português. E
sem a menor hesitação, toda a au-
diência se levantou, e em silêncio
e com o maior respeito, escutou a
magnífica interpretação do hino
nacional por aquele jovem.
Agua Viva
Filomena Rocha
Carlos César
filomenarocha@sbcglobal.net em Winnipeg
Não vais as Ilhas este ano?
Agora, o tema é sempre o mesmo, e a pergunta é sempre
igual à de todos os anos: Vais este ano a Portugal? Não
vais às Ilhas este ano?
Há que matar as Saudades a qualquer preço. E o Açoriano
é o mais saudoso da sua terra. Se preciso for, para ajudar
a coragem, faz uma promessa ao Divino Espírito Santo,
ou outro Santo ou Santa da sua devoção e até vem mes-
mo a calhar aquela promessa que um dia os pais fizeram,
mas que não tiveram tempo nem oportunidade de “pa-
gar“… Porque os problemas inesperados acontecem e se
avolumam de ano para ano. Se a doença ou a morte se
antecipam, por muita Fé que se tenha, o que está escrito,
escrito está para ser cumprido. De nada adianta atribuir
culpas seja a quem for. Deste modo, se os filhos sabem que
o pai tinha aquela promessa, querem cumpri-la para que
a sua alma fique em paz. E sempre é uma oportunidade,
talvez única, de ir visitar os lugares de origem, onde nas-
ceram, brincaram, foram à primeira escola, e até se deram
as primeiras cambalhotas que no momento custaram um
amargo puxão de orelhas… Mas que agora ao recordar até O presidente do Governo dos Açores revelou ter aceite latura, em Lisboa, o que não deixará, na sua opinião, de
parece doce. Esfrega-se as mãos de contente, e um brilho- um convite da Casa dos Açores de Winnipeg para visitar ser interessante e igualmente muito pedagógico, “evi-
zinho nos olhos sobressai do propósito e da nostalgia dos a comunidade açoriana residente naquela cidade cana- denciando a qualidade da nossa comunidade açoriana e
velhos tempos. diana. a sua inserção nos níveis de decisão do país”.
A verdade, é que em chegando esta época, já a inquietante Carlos César, que recebeu em audiência o presidente Isso seria, de resto, semelhante ao que já aconteceu
Saudade, aliada ao bichinho “carpinteiro” começam a in- da instituição, José Santos, acrescentou que conjugará aquando do Dia dos Açores em Fall River e ao que suce-
comodar os mais “fraquinhos”, isto é: os que não resistem as comemorações do Dia dos Açores, já marcadas para derá com as comemorações marcadas para Toronto, no
à Saudade; e dôa a quem doer, pernas para que vos quero. Toronto, com deslocações a locais de mais significativa Canadá, país onde a nossa comunidade “é muito qualifi-
Está tudo a aprender a outra forma de vida. É uma questão presença de emigrantes açorianos, quer no Canadá, quer cada, dispersa por muitas actividades profissionais, eco-
de cultura. O Americano também vive para o dia de hoje. nos Estados Unidos, pretendendo mesmo visitar, neste nómicas, universitárias e outras – e é a essa diversidade
O Mexicano a mesma coisa. E nós aprendemos com eles
último país, o estado de Rhode Island, no cumprimento que nós prestamos homenagem, quer do ponto de vista
ao fim de muito conviver e labutar. Talvez seja um pou-
co frívolo e um tanto irresponsável pensar assim, mas o de um compromisso que assumiu com autoridades ame- territorial, quer das funções que os açorianos desempe-
contrário não será também uma falta de Fé em Deus e no ricanas. nham por todo este mundo”.Carlos César deixou ainda
futuro? Então, seja o que Deus quiser. Realçando a importância da comemoração, fora dos a reafirmação do apoio do seu Governo a todas as ini-
E não fosse esta maldita crise que há tanto se apregoa por Açores, do dia da Região, o presidente do Governo disse ciativas que tenham em vista a promoção dos Açores no
causa de uns quantos que esbanjaram mais do que deviam que “em boa verdade, ser açoriano é um estado de espíri- exterior e o consequente incremento do afluxo turístico,
sem se preocuparem com ninguém, e já todos estaríamos to, uma forma de estar, e é possível viver a açorianidade nomeadamente dos países onde residem comunidades
de malas aviadas, com planos feitos para as Sanjoaninas fora das nossas ilhas como nas nossas próprias ilhas”. de emigrantes, como é o caso do Canadá.
de Angra, ou as Festas do Concelho da Praia, como agora Na mesma linha, afirmou esperar que a comemoração
se diz. Isto, sem contar com as outras festas, pois eu sei do Dia dos Açores possa também ser feita, nesta legis-
que há quem tenha promessa para a festa da Senhora dos
Milagres na Serreta, mas ao preço que estão as passagens,
só mesmo por milagre.
Bem que a gente quer e fala, mas quem dá trôco ao emi-
grante? - Se até já ninguém quer dólares, nem para as pi-
pocas, milhos torrados e as saborosas pastilhas elásticas
Terceira, Frankfurt, Milão
cor-de-rosa, que antes pareciam rolinhos de rebuçado e
sabiam a coisas boas… E nos transportavam ao país das
estrelas com vestidos de chiffon dançando nas núvens com A ilha Terceira vai dispor, no próximo Verão, de ligações aos efeitos negativos que a crise económica internacional
Fred Astaire, cantando e sapateando debaixo de chuva com aéreas às cidades de Milão e Frankfurt, anunciou o se- tem produzido nos mercados turísticos”.
Gene Kelly… E sonhando com estranhos na noite na voz cretário regional da Economia, após uma reunião, hoje Para Vasco Cordeiro, “a estratégia de conjugação entre
única de Frank Sinatra… em Angra do Heroísmo, com dirigentes da Câmara de diversas entidades demonstra que podem ser encontra-
Como tudo mudou! Até o encanto da vida e das coisas Comércio e Indústria local. das soluções para captar mais turistas para a Região,
simples a que só o imigrante parece dar valor. Hoje, já nin- Vasco Cordeiro acrescentrou que, em Junho, arranca a quer reforçando a nossa presença em mercados onde os
guém parece sonhar com nada. ligação semanal directa entre Terceira e a cidade alemã Açores têm já bons índices de notoriedade, quer abrin-
Se naquela altura já tivéssemos todas as semanas uma de Frankfurt, iniciando-se, no mês seguinte, um voo cir- do novas oportunidades de negócio em mercados onde a
SATA que nos levasse e trouxesse a preço acessível, pou- cular Milão/Ponta Delgada/Lajes. Região começa agora a ser apresentada”.
cos teriam ficado na Ilha, nem que fosse apenas para tocar Segundo sublinhou, estas ligações representam “mais “Num ano que não será o mais fácil, tendo em conta a
o chão dessas estrelas do cinema e da canção. um passo no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido retracção a que temos assistido nos países emissores de
Bem que nos enchem de promessas nos discursos dirigi- com o objectivo de captar novos mercados para o sector turistas para a nossa Região, o Governo dos Açores está
dos à nossa saudade ingénua, e não faltam embaixadores turístico regional”. a fazer, e fará tudo o que for possível, com todos os par-
das festas que aproveitando o que ainda a mãe-Europa dá, Referiu , também, que as duas novas ligações aéreas com ceiros do sector, para conseguir vencer os desafios que
nos vêm acicatar o desejo de voltar. É bom vê-los, sem dú- Terceira resultam do trabalho “que tem vindo a ser re- enfrentamos”, disse.
vida alguma, mas precisamos dizer-lhes que eles próprios alizado pelas duas câmaras municipais da ilha , Angra A realização de frequências semanais com as cidades de
têm de levar o recado dos nossos anseios e preocupações do Heroísmo e Praia da Vitória, pela Secretaria Regio- Frankfurt e de Milão junta-se a outras duas ligações já
no sentido positivo de haver condições para o imigrante nal da Economia, Associação de Turismo dos Açores e realizadas em 2008 e que se vão repetir este ano, igual-
querer e poder sempre voltar, não só pelo Santo Cristo, pela Câmara do Comércio e Indústria de Angra, com o mente com o apoio do Governo dos Açores - Paris e
os que vivem na Costa Leste da América, metade do pre- objectivo encontrar soluções que permitam dar resposta Amesterdão.
ço dos que vivem no Oeste Americano. Afinal de contas,
todos somos Ilhéus. E, dr. Carlos César, a frase é sua: “O
importante é pensar Português”.
Paroles, paroles, paroles… caramels, bonbons et choco-
lats! Que não servem para adoçar as nossas vidas. Preci-
samos de resoluções!
Pensando bem, contas feitas às horas de viagem, gasolina
e número de passageiros… Se eu fosse piloto, até gosta-
ria de ter um aviãozinho daqueles… Se calhar ainda fa-
ria para os caramelos, bom-bons e chocolates para dar às
criancinhas.
14 COMUNIDADE 15 de Março de 2009
Comunicados
1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores
cumprimentos e tem a honra de comunicar que a Fundação Calouste Gulbenkian
anunciou a abertura de um Concurso, relativo ao ano lectivo 2009/2010, para
candidatura a “Fellowhip” na John’s Hopkins University.
O prazo para candidatura termina a 15 de Maio próximo
Informações sobre este Concurso podem ser solicitadas através do e-mail
transatlantic @jhu.edu ou telefonando para 202 663 5880.
Televisão em sinal
fechado à borla na net
Actualmente a internet é um veículo usado
para as mais variadas utilizações, sendo os
seus conteúdos diversos quanto baste. Ver
televisão é um das opções.
Agora, por isso, é fácil e mais barato ver
televisão e até mesmo assistir a programas
que só são transmitidos em canais codifica-
dos totalmente à borla na net.
Os principais canais nacionais, RTP, SIC e
a TVI também oferecem conteúdos televi-
sivos na internet, embora não o façam na
totalidade da sua oferta, apostando quase só
em programas de informação.
Por exemplo, o Sintonizate.net é um novo
site, com um design bastante atractivo que
lhe permite ver vários canais televisivos on-
line, no entanto, o site permite ainda verifi-
car a programação do dia, ouvir centenas de
rádios online em Portugal, vídeos retirados
do YouTube e MetaCafe e organizados por
categorias e jogar pequenos ‘joguitos’ flash.
Na área de “Televisão” do site pode ver os
vários canais online. Para além de canais
nacionais como Tvi, Sic, Rtp, Sic Radical,
entre outros, ainda é possível assistir a ca-
nais internacionais como o canal de música
MTV, o canal BBC, Cartoon entre muitos
outros, que se encontram organizados por
tema. Outro projecto português de televisão
na internet é a TV Tuga.
Pedro Botelho - parcial in Expresso das Nove
PATROCINADORES 15
16 COMUNIDADE 15 de Março de 2009
3. Não acredito que o reformado tem necessáriamente Rodrigo Alvernaz, nasceu nos Cedros, Faial, Aço- dem do Infante D. Henrique nos graus de Comendador e
todo o tempo do mundo. Só é inerte na aposentadoria res. Grande Oficial.
quem já o era dantes. As actividades que mais gosta- Estudou no Liceu Nacional da Horta, Liceu Passo Ma-
ria de fazer são precisamente as que estou fazendo. nuel (Lisboa) - Curso Liceal Ramiro Dutra, nasceu em Ponta Delgada. Estudou
Heald Colleges, San Jose e San Francisco - Accounting nas Universidades da California, Berkeley e Davis. De-
4. Aos jovens da nossa comunidade (e não só), espe- Cal State University - Business Management pois de se doutorar em Biochemistry, foi um distinto pro-
cialmente nos conturbados tempos que este País atra- Vice-Presidente Excutivo e Chefe Executivo (CEO). fessor universitário de Nutrição e Tecnologia de Alimen-
vessa, deixo a seguinte mensagem: Agraciado com a Ordem de Mérito, no grau de Comen- tação, na Technical University of the State of California.
Aproveitem o período da juventude para adquirir uma dador. Foi agraciado com o Colar do Mérito Agrícola e Ordem
boa educação (universitária ou não) e procurem de- Militar de Santiago de Espada, no grau de Comendador.
senvolver três atributos: independência, responsabili- Fernando Soares Silva, nasceu na Ribeira Grande,
dade e tolerancia. São Miguel. Iniciou os seus estudos superiores na Uni- Decio Oliveira, nasceu na Ribeira Grande, São
versidade Gregoriana, em Roma, Itália, onde se formou Miguel. Frequentou o Magistério Primário em Ponta
em Estudos Teológicos e Filosóficos. Na Universidade Delgada. Veio para a America em 1957. Cursou-se em
Independência para poderem traçar e seguir uma
de San Francisco - Licenciatura e Mestrado, respectiva- Medicina Dentária na Universidade de Davis e depois
profissão ou negócio que lhes traga satisfação e sus-
mente em Filosofia e Línguas Clássicas e Românicas, e douturou-se na Universidade da California em San Fran-
tento e os faça cidadãos prestantes. cisco. Foi médico dentista durante 35 anos en San José,
em Ciências da Educação e Psicologia. Licenciatura em
Filosofia, concedida pelo Ministério da Educação e Cul- e reformou-se em Dezembro de 1999. Agraciado com a
Responsabilidade para aceitar as consequências das Ordem de Benemerência, no grau de Comendador.
tura, de Portugal. Doutorou-se em 1968, em Ciências de
suas acções. Educação, Filosofia e Estudos Portugueses, na Universi-
dade da Califórnia, em Berkeley. Professor universitário.
Tolerancia para reconhecer que dentro do conheci- Agraciado pelo Presidente da República de Portugal, Dr. Heraldo Silva, é natural do Capelo, Faial, Açores. No
mento humano há as matérias científicas (que se re- Mário Soares, com a Ordem do Infante D. Henrique, no Seminário de Angra cursou estudos secundários, filosó-
gem pela Razão) e as não-científicas (que se regem grau de Comendador ficos e teológicos, mas não se ordenou. Fez o bacharelato
pela Emoção e dão a todos igual direito às suas ideias na Universidade Católica de São Francisco, e o mestrado
e interpretações). Eduardo Mayone Dias, nasceu em Lisboa. Licen- e o doutoramento na Universidade da Califórnia em Los
ciou-se em Filologia Germanica na Faculdade de Letras Angeles. Ensinou português, espanhol, francês e latim
Envio uma saudação cordial aos nossos jovens con- de Lisboa. Doutorou-se em 1971 na USC em Literatu- em escolas secundárias (5 anos). Como professor univer-
fiante na clarividência que eles certamente irão ex- ras Hispanicas. Leccionou 29 ano na UCLA e mais 13 sitário leccionou português e espanhol na Universidade
primir qundo tiverem os cabelos tão brancos como os anos repartidos entre Portugal, Inglaterra e Mexico. Foi Estadual de São José (24 anos). Agraciado com a Ordem
meus (os poucos que me restam). agraciado pelo Governo Português duas vezes com a Or- do Infante D. Henrique, no grau de Comendador.
18 PATROCINADORES 15 de Março de 2009
COMUNIDADE 19
Carnaval 2009
Excerto das “Heroínas Açorianas” de Hélio Costa
A pedido de várias pessoas, transcrevemos a parte final da Dança de Carnaval
“As Heroínas Açorianas” de Hélio Costa, pelo Grupo de José Enes e Amigos.
... Oh vocês. Eu fui ouvindo o que aquela Sempre no sentido de melhor agradar E as nossas lindas coroações
gente dizer quis Até tiramos férias naquela altura Tudo o que era tradicional
Mas quando a mostarda me chegou ao Para os podermos acompanhar Filarmónicas, Folclore, Matan-
nariz ças
Eu então disse tudo o que me apeteceu CARLOTA. Marchas de São João e as dan-
dizer E se chegarmos à Terceira de repente ças
O que é que alguns fazem à gente? Do nosso querido Carnaval
CHICA Fazem metade destes sacrifícios sequer?
Há gente que de tudo é capaz Com as suas maneiras pacatas CARLOTA
E no que diz não medita Levam a gente um dia à Lagoa das Patas Tudo isso veio para cá
E até amanhã se Deus quiser Sem haver razão de queixa
CAROLINA Se não damos foguetes como
Isso é o pagamento por aquilo que a gente CAROLINA dão lá
lhes faz Se algum grupo da Terceira nos vem É porque a polícia aqui não
Quando eles vêm cá de visita visitar deixa A fêmea do Herói
A gente mata-se aqui a trabalhar Como esclarecido aqui já foi
FAUSTINA (Tenta acalmar) Com amizade e gentileza CHICA Só uma tola não atina
Vocês também não hão de ser dessa Fazemos de tudo cá Construímos igrejas, Salões Se és casada com um Herói
maneira Para que levem uns dólares para lá Irmandades, associações Tens que ser uma heroína
Se calhar essa gente disse isso na Que venha reduzir a despesa Entre tantas coisas mais
brincadeira E estações de rádio igualmente (Musica de Jorge Ferreira)
Tirem vocês isso da ideia Trabalhamos por todos os lados Que transmitem diariamente “ Portuguesa é a mais linda”
Para lhes darmos um apoio financeiro As nossas musicas regionais
CARLOTA E na hora que são chamados CAROLINA
Tu tens o teu pensar e eu tenho o meu Para recebem o mealheiro FAUSTINA Povo amigo que esta festa partilhas
E não gostas da Terceira mais do que eu Alguns ainda ficam chateados Estações de rádio de primeira Muito obrigado e não nos leves a mal
Mas há certas coisas que chateia Porque esperavam mais dinheiro… Que transmitem musicas açorianas Porque somos apenas mais quatro filhas
Enquanto os rádios da Terceira Que amamos as nossas ilhas
Sempre que vem aqui alguém de Portugal CAROLINA Passam a vida inteira E o nosso Portugal
Uma filarmónica, um folclore, um baile Mas se vamos com um grupo à Terceira Só a passar músicas americanas
de carnaval A música toca muito diferente REFRÃO
Ou amigos da nossa terra amada Pagamos tudo da nossa algibeira CARLOTA Ó Emigrante
O emigrante vibra de emoção Porque ninguém dá nada à gente Por tudo isto e muito mais certamente Tu és a luz
E faz das tripas coração O que nos podem oferecer Que agora não estamos lembrados Mais cintilante
Para que nunca lhes falte nada Nos dias que estamos lá Ainda acabam por tratar a gente Da Terceira de Jesus
É alguma encomenda para trazer Por estúpidos mal-educados A alma dói
CHICA Para algum parente que tenham cá Com teus valores
Tens razão no que estás a dizer CAROLINA És um Herói
E eu concordo contigo também FAUSTINA Nunca nos esquecemos de falar português Das nove Ilhas dos Açores
A gente fica sem saber Vocês não hão-de ser dessa maneira Assim como de em português escrever
O que é que havemos de fazer O que vocês estão é precisar Ainda falamos espanhol e inglês FAUSTINA
Para que eles se sintam cá bem É de uma tigela de chá de cidreira E só não falamos chinês Os desabafos que ás vezes aqui soltamos
Para esse nervosismo acalmar Porque não foi preciso aprender Nunca são ditos para ofender ninguém
CAROLINA Só os dizemos porque com amor olhamos
E quando a gente vai à Terceira CARLOTA CHICA Tudo o que um dia deixamos
Alguns até viram o rabo à gente A gente não precisa de chá de cidreira Agora pergunto a quem está presente Na Terceira nossa mãe
Não está aqui ninguém para morrer Nesta sala majestosa
FAUSTINA Precisamos é que algumas pessoas da Será que uma ilha que tem filhos iguais CHICA
Ó mulher. Isso não há-de ser bem dessa Terceira à gente O motivo de soltarmos certos prantos
maneira Vejam os emigrantes com olhos de ver Não se devia sentir orgulhosa? Nestes palcos uma vez em cada ano
Vocês estão é nervosas certamente Se as pessoas para a realidade olhassem Não é para nos tratarem como santos
CHICA Inclusive certos fulanos Mas para que vejam os encantos
CARLOTA Os terceirenses que emigraram Não ficava nada mal se nos chamassem Do Emigrante Açoriano
A gente prejudica a nossa vida Com a sua coragem verdadeira Por Heróis Açorianos
Para andarmos com eles a passear CARLOTA
Sempre numa alegria desmedida Desde que a esta terra chegaram CARLOTA Sejam estúpidos ou até mal-educados
Para que eles estejam a gostar Nunca se esqueceram e sempre honraram Exactamente! Tal e qual como um mais O que interessa minha gente hospitaleira
Damos carro, damos cama, damos A sua Ilha Terceira um serem dois É que mesmo pela distancia separados
comida Desde que aqui chegamos Sempre adorei as tuas ideias repentinas Fomos todos embalados
Damos de tudo o que há no nosso lar Com espírito de lutadores Os nossos maridos foram uns Heróis Pelos braços da Ilha Terceira
Se vamos a um club tomar uma bebida De mãos dadas trabalhamos E a gente somos umas Heroínas
Nunca os deixamos pagar Sem ódios nem rancores REFRÃO
De tudo um pouco fazemos E por todos os cantos semeamos FAUSTINA
Para que eles sejam bem servidos As tradições dos Açores Isso é que é falar Ó Emigrante
E depois a paga que temos Com as tuas palavras me alucinas Tu és a luz
É que somos estúpidos e atrevidos FAUSTINA Carlota. Tenho uma coisa para te Mais cintilante
Nessa. Tens razão quanta queira perguntar
CHICA Além das lágrimas que choramos O que é essa coisa de Heroínas? Da Terceira de Jesus
Exactamente como estás a dizer Sempre honramos a nossa Terceira A alma dói
Fazemos um sacrifício enorme E os amigos que lá deixamos CARLOTA Com teus valores
Até chegamos a oferecer Não sabes mas eu vou-te dizer És um Herói
A cama onde a gente dorme CAROLINA Já que isso na consciência te rói Das nove Ilhas dos Açores
Fazemos tudo com ternura Trouxemos para cá as nossas procissões Uma Heroína vem a ser
DESPEDIDA Das ilhas ou continente Todos unidos, caminhando lado a lado Que ao longo destes anos
É porque adora e para nós o principal Seja qual for o estado Honram o nosso Carnaval
REFRÃO É que as festas do Carnaval Minhas senhoras senhores E deste grupo, que da Artesia aqui vem
Não importa ser de São Jorge de São São feitas para toda a gente É com orgulho que o mundo olha para Quero-vos deixar também
Miguel ou Faial nós Toda a nossa gratidão
Graciosa Santa Maria ou das Flores E é por isso, que nestas nossas sextilhas Porque juntos somos a voz E a terminar, o nosso muito obrigado
Corvo ou Pico --- nem da Terceira para Honramos todas as ilhas Das nove ilhas dos Açores E um abraço bem apertado
nós é tudo igual Com carinho e lealdade Aos emigrantes que aqui estão
O que importa é que somos dos Açores Porque no fundo, somos todos emigrantes E agora quero, a todos vós agradecer
Que partilhamos por instantes E mais uma vez dizer Não importa ser de São Jorge de
E agora vem, a moda que trás o final A dor da nossa saudade Com sentimento profundo São Miguel ou Faial
Mas sempre que há Carnaval Que o emigrante que é filho de Portugal
Cada emigrante, aqui nesta sala em flor É o mais sentimental Graciosa Santa Maria ou das
Existe uma parte assim
É com tristeza que damos a despedida Seja lá de que ilha for Dos quatro cantos do mundo Flores
Mas sabemos que na vida Para nós é um irmão Corvo ou Pico --- nem da Tercei-
Tudo o que nasce tem fim É uma bonina ou uma hortênsia azulada Também eu quero, agradecer a Jesus ra para nós é tudo igual
Que guardarei bem guardada A santa paz e a luz O que importa é que somos dos
O Carnaval, é genuíno da Terceira Dentro do meu coração Que brilha neste festival
E agradecer a todos os Açorianos Açores
Mas quem vem à nossa beira
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FC Bayern München confirmou o apura- rota na Europa –, Mark van Bommel, Mi- contra a maré e viu Butt negar-lhe o golo
mento para os oitavos-de-final da UEFA roslav Klose (penalty) e o suplente Tho- em dois fortes remates aos 36 e 37 minu-
Champions League ao derrotar o Spor- mas Müller fixaram o resultado no último tos, este na marcação de um livre directo
ting por 7-1, no Fußball Arena München, quarto-de-hora do desafio. Posto isso, o – os primeiros do Sporting ao alvo.
na maior vitória sempre nas fases a eli- Bayern segue em frente com o expressivo
minar da prova e que igualou o máximo total de 12-1 e estará presente no sorteio Mas logo a seguir, aos 39, chegou o ter-
total numa mesma ronda. dos quartos-de-final e das meias-finais da ceiro da noite, em mais um lance infeliz
prova, agendado para 20 de Março. da defesa leonina. Bastian Schweinstei-
Depois de ter averbado o seu maior triun- ger apontou um canto da direita e Polga,
fo na prova fora de portas, em Lisboa O objectivo de Paulo Bento era tentar apa- na tentativa de afastar a bola, introduziu-
(5-0), a formação de Jürgen Klinsmann gar a má imagem do encontro de Lisboa, a nas suas próprias redes. O capitão do
voltou a fazer história e assinou o melhor há duas semanas, mas as coisas começa- Sporting, Moutinho, deu o exemplo vol-
resultado em casa na principal competi- ram a ficar complicadas quando o trei- vidos três minutos ao marcar um espec-
ção europeia de clubes, na segunda mão nador dos portugueses viu a sua equipa tacular golo num pontapé de fora da área
realizada na Alemanha. A vitória báva- sofrer o primeiro tento logo aos sete mi- ao ângulo superior direito, mas na jogada
ra começou com dois tentos de Lukas nutos. Podolski recolheu um mau alívio seguinte Christian Lell aproveitou a fraca
Podolski, antes de Anderson Polga fazer de Polga, combinou com Zé Roberto e ba- oposição de Miguel Veloso no lado es-
um autogolo. João Moutinho reduziu a teu o guarda-redes Rui Patrício de fora da querdo da defesa, cruzou rasteiro atrasa-
desvantagem num espectacular rema- área. O conjunto de Munique esteve perto do e Schweinsteiger não perdoou.
te de longe, mas logo a seguir Bastian de aumentar a vantagem quando Miros-
Schweinsteiger repôs a diferença. Numa lav Klose falhou à boca da baliza a recar- Ambos os técnicos fizeram duas subs-
noite infeliz dos “leões” – a sua pior der- ga a uma bola defendida para a frente por tituições ao intervalo e o sportinguista
Patrício, após remate de Marat Izmailov, um dos novos em campo,
Mark van Bommel, mas esteve perto de marcar pouco depois do
o segundo golo teutóni- reatamento, mas o remate do médio russo
co não tardou muito. saiu ligeiramente ao lado da baliza ger-
mânica, antes de Yannick Djaló também
Hans Jörg Butt, que se ter criado perigo num pontapé de longe.
estreou em jogos da A desaceleração do Bayern e a rectifica-
UEFA Champions Lea- ção de posições por parte dos jogadores
gue no lugar do habitual do Sporting equilibraram o encontro até
guardião Michael Ren- à meia-hora da etapa complementar. Iz-
sing, repôs o esférico mailov e Vukčević viram Butt negar-lhes
em jogo com um pon- os intentos e foi Van Bommel a fazer o
tapé longo e ninguém quinto do Bayern a 16 minutos do fim,
do Sporting conseguiu antes de uma grande penalidade de Klo-
anular o lance. Quando se, a castigar falta de Pedro Silva sobre o
Polga tentou impedir dianteiro, e Müller fazerem história.
Podolski de chegar à
bola, o defesa brasileiro
chocou com Patrício e,
apesar de estar de costas In uefa.com/ Getty image
para a baliza, o avança-
do alemão não desper-
diçou a oferta. Simon
Vukčević tentou remar
PATROCINADORES 23
24 TAUROMAQUIA 15 de Março de 2009
Quarto Tércio
Forcados do Ramo Grande José Ávila
faltaram ao compromisso josebavila@gmail.com
Foi só na altura de se pagarem as passagens que os lideranca, que não compreendemos. Enfio o meu
Forcados de Turlock tomaram conhecimento que o novel Quando soubemos desta historia, lembrei-me logo de chapéu até aos
Grupo de Forcados do Ramo Grande, já não queriam alguns bailinhos de carnaval da California, em que se fa- ombros pela maneira
vir à California a não ser que os Forcados de Turlock lava acerca da maneira como os nossos irmãos das Ilhas pouco airosa como os
pagassem mais seis passagens, além das dez que estavam nos viam a nós nas Americas. Afinal o Carnaval tinha Forcados do Ramo
combinadas. Para quê trazer 16 forcados para pegarem razão. Há sempre que aprender com a poesia popular. Grande desistiram
em 3 toiros? Eu acho que tentaram esta desculpa porque Assim o Grupo de Forcados de Turlock irá pegar os seis de vir à California.
não queriam vir de qualquer maneira. toiros no dia do seu 33o. Aniversário. Parecem brincadeiras
É pena eles não virem, mas mais pena tenho pela ma- de criancas.
neira pouca airosa como não quiseram vir. Contratos são Fuerza, forcados de mi tierra! Tenho esperança
que eles um dia virão visitar-nos e que os receberemos
contratos e não é no dia de se pagaram as passagens que
sempre com muito carinho.
se anuncia que não querem vir. Houve aqui uma falta de
Abril
A Poesia de Apenas
Duas
João-Luis de Palavras
Diniz Borges
Medeiros d.borges@comcast.net
Ralph Borge
enquanto houver luz, quero ser a tua sombra
Dezembro, 2008
Nasci! Outra vida a Vida acendeu Ralph Borge, nasceu em Oakland e era
para desafiar o tempo e o mal, (*) João-Luis de Medeiros é natural de São Roque, São Miguel, professor emerito do California College of
incendiou-se mais um vendaval Açores (Dezembro, 1941). the Arts, onde leccionou durante 38 anos.
de promessas, iluminando o céu. Em finais de 1980, emigrou para os E.U.A. Presentemente, vive Era um influente professor e extraordina-
no sudoeste da California e trabalha como agente consultivo em rio pintor.
Não houve trevas nem o sol morreu Recursos Humanos. Ainda em Portugal, após a instauração da Faleceu a 30 de dezembro de 2008 com a
temendo que eu desse luz igual; Democracia, foi eleito Vereador municipal de Ponta Delgada; idade de 86 anos.
olhei com inocência o meu rival serviu como deputado à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta,
e vi-o mais velhinho do que eu... Faial, 1976); e mais tarde, serviu como representante açoriano
na Assembleia da República (Lisboa, 1978).
Adormeci. O mundo foi girando... As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas em jor-
Oh! quanto tempo eu perdi sonhando nais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunista-
ser herói, ser santo ou talvez um deus... convidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É
co-autor do livro “Em Louvor do Divino” (1993). Em 2007 pu-
Reparo agora – e já não é visão – blicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “(Re)verso da
que andei por aí marginando a Razão Palavra”.
sem nada ver para além dos erros meus... João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum
laude’ em Humanidades e Ciências Sociais (University of Mas-
(*) – Primeiro prémio: Jogos Florais do Ensino Técnico sachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ci-
Profissional (1961) ências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange,
(Este soneto não foi incluído no recente livro “(Re)verso California).
da Palavra”)
Ponta dos Caetanos, São Roque
s e r v i n g t h e po r t u g u e s e – am e r i ca n comm u n i t i e s s i n c e 1 9 7 9 • ENG L I S H S E C T I O N
Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com
About PALCUS
In order to create singular national voice to advocate for the
Portuguese-American and Luso-American communities- at-
large, PALCUS was founded in 1991 as a 501(c)3 non-parti-
san, non-profit organization headquartered in Washington,
D.C. with a mission of addressing domestic and internatio-
nal concerns of the Portuguese-American community.
PALCUS has conducted an expanding program of resear-
ch, educational and public affairs activities on salient issues
of interest to the Portuguese-American community and the
Luso-American relationship.
PALCUS is committed to serving the community through
increasingly active government relations efforts, the promo-
tion of a greater awareness of ethnic accomplishments and
encouraging stronger ties between Portugal and the United
States. In this role, we advance the community professio-
nally, politically and culturally, while working to ensure
that issues directly affecting our community are addressed
through our network of government and community leaders.
For more information, please contact the PALCUS office at
202-466-4664 or palcus@palcus.org.
“Noite de Variedades”
Concert
Friday, March 27th
07:30pm
California Chronicles
Ferreira Moreno
Goat Stories (2)
S
ince no goats are native a miner, was originally called antics of the male cousin of the
to California, the various Goatville. sheep. As for goatee, it means a
Goat Mountains, Buttes John McKenzie (Dictionary of little goat, from its resemblance
and Rocks were proba- the Bible) noted that the goat is to the scraggly fuzz on the chin
bly so named because antelope or common in modern Palestine and of the goat. There is also the Isle
mountain sheep were mistaken is frequently mentioned in the of Capri, south of Naples, once
for goats. Bible. It was considered ritually dedicated to the Goat Lord.
Yerba Buena Island in San Fran- clean as well as a sacrificial ani- In closing, a few proverbs: An
cisco Bay was called Goat Island mal. Large flocks of goats were old goat is never more revered for
for many years, because, at the kept by wealthy owners. Jacob his beard. The little goat follows
time of the Gold Rush, it was po- gave his brother Esau as a pre- his kind. No matter how well you
pulated by several hundred goats, sent two hundred female goats clean a goat, it will still smell like
descendants of half a dozen that and twenty male goats. (Exodus meat, but it is thought that later and feet, and sometimes a goat’s a goat. The goat prefers one goat
had been placed on the island 32:15). Nabal had a thousand go- (circa 4.000 B.C.) they were also hindquarters. The Satyrs, in Gre- to a herd of sheep. A goat is not
in 1842-43 by Nathan Spear and ats. (1 Samuel 25:2). In praise of used for milk, with the hair and ek mythology, were male follo- easy to fence in. The goat eats
John Fuller, merchants in Yerba his beloved, Salomon said: “Your skin being useful by-products. wers of the god Dionysos, also where it is tied. Every one fears
Buena. (Erwin Gudde, California hair is like a flock of goats, mo- Goats are very hardy animals, known as Bacchus. They were a goat from in front, a horse from
Place Names, 1998 Edition). ving down the slopes.’ (Song_of that can survive on shrubs and part human and part goat in their the rear and a fool on every side.
In Monterey County there were Solomon 4:1 & 6:5). the scanty vegetation of the de- physical and emotional characte-
a Goat Camp and a Goat Ranch. Biblical references confirm that sert, thereby utilizing areas that ristics. Sometimes they’
The first, located on Yentana Wil- goat’s milk was esteemed and its are useless for agriculture. Even were identified in Rome
derness Area, on a small grassy meat served as food. Also, goats’ today they form the basis for the with a species known
ridge between two streams, had a skins were used for water bottles nomadic existence of many be- as fauns. The Romans
large two-story barn and a small and for the manufacture of fabric duins, who live in tents woven depicted Faunus, an an-
cabin. On this rugged, steep area, used for tent cloth and for gar- from black goat hair, drink goat cient pre-Roman Italian
George Harlan (who had settled ments. milk, eat butter, yogurt and che- deity of oracles, agricul-
on this land around 1908) homes- According to “Harper’s Bible ese, sell goat meat and use goat ture and shepherds, with
teaded and raised goats. (Donald Dictionary’, the goat is one of skins as containers. It seems that goat’s feet and horns.
Thomas Clark, Monterey County the most versatile of domestic the bedouin life style has hardly Eventually, the Romàns
Place Names, A Geographical livestock animals. It has always changed since biblical times. Ac- assimilated Faunus with
Dictionary, 1991 Edition). been of special importance in the tually, numerous references are the Greek god Pan.
Goat Ranch was the name gi- Near East, where it is excellently made in the Bible to the same According to Wilfred
ven by Robert Louis Stevenson adapted to the arid climate. Goat usages of the goat. Funk, (Word Origins,
(1850-94) to the Jonathan Wri- bones, attributed to domesticated Among the ancient Greeks and 1992 Edition), the word
ght Ranch, where Stevenson was animals, are the most frequently Romans, the lore of the goat was caprice derives from
cared for after being found near found faunal remains at the Early various. Thus, the Greek woo- the ftalian capriccio
death nearby. The former town of Neolithic sites. They testify that dland and shepherd god Pan, through the Latin caper
Diamondville, northeast of Chico humans started herding goats whom the Romans identified with (goat). So when a girl is
in Butte County, laid out in 1857 about 9.000 years ago. At first, their gods Faunus and Silvanus, capricious, she is imita-
and named after James Diamond, goats were kept mainly for their was depicted with a goat’s horns ting the frisky’, playful
30 ENGLISH SECTION 15 de Março de 2009
Do meu Jardim
H
e wakes up every day pers harshly, “Shhhh!……Do say anything his wife whispered,
before the sun rises not shame you father! He works “Don’t leave me.” With a calm
over the horizon with everyday for you kids to go to saintly voice he replied, “Don’t
his son following close the University! It is all he lives worry; I’m not leaving anyone.
behind. In their trucking hats and for. The minute all three of you Not until all the kids are in Uni-
flannel shirts, the two men lead go to the University will be the versity. I know this hurts you
their cows and calves. From one moment he finally stops fighting but I will always be with you”…
grazed field to another, the men this unconquerable battle.” All [Farmers wife sobbing]…”Stop
chuckle at the ferocious appetites her children know this but the crying, it’ll be okay. You need
of their growing calves. As the son still feels conflicted. Should to keep your strength for your
sun creeps its way above the hill- he seize this opportunity to con- son. I fear for him the most be-
side, the father dismisses his son tinue studying on o Continent or cause we have spent all our lives
so he may eat and dress for his take care of his family with his working together. He needs you
last day at the university. Even fathers’ health deteriorating? He to be strong. Our eldest daughter
though the monster is eating knows the right choice, which is will watch over the youngest. We
away inside his body, the farmer why he has been packing for his know we don’t need to worry
keeps working. new life on o Continent. Not only about them…”
In her kitchen, the farmer’s wife will his son leave for o Continent Cut off by stampeding steps down
prepares a snack for her hungry but also his eldest daughter be- the hall, the farmer refrained
family. Out the window, she sees gins her internship for nursing from speaking further. Cheer-
her three children running up the school on another island. Althou- fully, the youngest daughter runs
driveway and in the garage. As gh she will not be living as far as in the room and hands her mother
usual, her son and eldest daughter the son, she too cannot help but an envelope. With a couple of te-
are picking on the youngest child also feel conflicted. In the me- ars the farmer’s wife pulls the let-
even though all three are past the antime, the youngest daughter ter out and reads, “…tenham sido
days of childish teasing. Althou- in her last year of high school is aceites para Instituto Politécnico
gh the farmer and his wife often awaiting reply from Instituto Po- de Leiria.” In that moment she
snarl at their kids to get along, litécnico de Leiria, which is also farmer’s wife asks herself how his wife tighter. Looking at his dropped the letter onto her lap
they both know their lives will on o Continent. much longer she can fight crying wife, the farmer scowled at him- and sank back into her seat with
change very soon. Outside the ki- Six months have passed and the in front of her husband. For some self in his thoughts for not telling tears. Looking left she sees the
tchen door the farmer wipes his only changed person in this fami- reason, she thinks to herself, this his wife how beautiful she is farmers body lying next to her,
shoes and comes in for an after- ly is the farmer. He is as thin as feels like the end. Thus, it is even every day. Although her eyes are lifeless. She immediately began
noon snack. As usual, he takes a 12-year-old boy is and always harder now than ever to hold back closed, the farmer cannot stop screaming, “Não, Meu Deus!
his seat at the head of the table. found praying. One gray mor- her tears. And so, for two weeks, looking at his wife. He begins to Não, Meu Deus!” while beating
A pot of calde verde whose smell ning, farmer and wife held each the farmer and his wife wake reminisce back to his wedding her hands on his chest.
makes the farmer feel sick is ste- other for warmth. Even though up each morning and fall asleep day and to the births of his three With the cold touch of a child’s
aming on the kitchen table. He the farmer’s wife is not cold, she each night saying the rosary to- children. The feeling of elated hand, the farmer’s spirit scoops
looks at his wife with pleading knows to cherish this moment. gether…until today. happiness began sweeping his his wife’s face and gently whis-
eyes and stands up to leave for a “Will you pray with me?” whis- It is nearing four p.m. and like body, the same way he felt when pers, “My purpose on Earth is
nap. After leaving the room, the pered the farmer. Like a ballet, any other day, the farmer and his he married and had his children. complete but my purpose to our
farmers’ family begins to glance the couple simultaneously sat wife are praying their rosary in Somehow, he felt in his heart that family still lives. I haven’t left
at each other with worry. The son up and began reciting the rosa- their bedroom. The last five ye- his family would not only survi- you. I’m with you and my chil-
looks at his mother and says, “I’m ry, “Avé Maria, cheia de graça, ars have been difficult… unfair… ve without him, but also flourish. dren at every breathe.”
not going to school.” His mother o Senhor é convosco…” Holding exhausting. With a slender arm This thought made him smile and
hushes him quickly and whis- in her tears with every word, the across her waist, the farmer held before he could open his mouth to