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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Março de 2009


Ano XXIX - No. 1059 Modesto, California
$1.50 / $40.00 Anual

Benvindos quem por bem vem!

Praia da Vitória - uma cidade de futuro - esta extraordinária fotografia


CINEMA panoramica de José Enes (parcialmente aqui representada) mostra bem a beleza da Cidade da Praia da Vitória.

Antero de Quental em filme Saudamos a comitiva praiense de visita à California. Que levem todas as nossas saudades quando regressarem.

Vale de San Joaquin


Produzido pela RTP
Açores e dirigido
por Zeca Medeiros,
estreou-se no Teatro

é um autêntico poema
Micaelense no dia 9
de Março, o telefilme
Antero - o Palácio de
Aventura.
Um filme que durou
mais de cinco meses
a realizar e que conta
a história de um dos
nossos maiores poe-
tas e escritores, nas-
cido e morto em Ponta Delagada.
Este telefilme será exibido dentro de pouco
tempo na Costa Leste. Seria importante que
o pudessemos ver na California.

CULTURA

Maria F. Simões
publica livro
No dia 22 de Março
na Casa dos Açores
de Hilmar terá lu-
gar a apresentação
do livro de Maria F.
Simões intitulado
“As Lavadeiras, suas
lidas”. A Casa dos
Açores aproveita a
ocasião para estrear Amendoeiras em Flor na estrada de acesso ao Pico dos Padres, Turlock foto de jose avila
o seu Grupo de Ma-
tanças, de Violas e Mar Bravo. Não faltem. portuguesetribune@sbcglobal.net • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com
2 SEGUNDA PÁGINA 15 de Março de 2009

Cada vez é maior a confusão


EDITORIAL
no Ensino de Português nos EU
... assim dizem dois Conselheiros das dos representantes das comunidades Depois, a Coordenadora interroga-se
O terceiro núcleo... Comunidades, José João Morais e
Manuel Carrelo, das áreas consulares
neste estado, já me conheciam do
tempo em que fui Leitora de Língua
sobre se a “A COORDENAÇÃO É
NOVA OU NÃO É NOVA?

S
de New York, Newark e Washington. e Cultura Portuguesas na Califor- A CEP.CA é uma nova coordenação.
eria bom que todos lessem o interessantíssimo Acusam o Governo Português de ter nia State University, Stanislaus, em Seria incorrecto afirmar o contrário,
artigo do Diniz Borges na página 10 deste jor- imposto dois Coordenadores e um Turlock. Sendo natural haver discor- pois nunca existiu nada semelhante
nal. Falar comunidade não é tão simples como Consultor de Lisboa, nomeados por dâncias de estratégias ou opiniões na Califórnia. Pessoalmente sinto-
parece. critérios de confiança política, de- entre pessoas envolvidas na mesma me muito honrada por estar aqui no
A nossa comunidade vista a trinta mil pés de altitude pois de terem dito que os concursos área de actividade, não me sinto nem preciso momento em que é possível
não é a mesma como a vista da porta da nossa casa. seriam públicos. desajustada a um contexto que já co- levar a cabo este modelo de coorde-
Penso até que a nossa Comunidade são três núcleos Estes dois Conselherios referem-se nhecia anteriormente e agora passei nação, como já antes me aconteceu
comunitários distintos inseridos neste grande Estado - às nomeações de Ana Cristina Sou- a conhecer ainda melhor, nem nunca quando vim inaugurar o 1º Leitorado
sa, que trabalha em Turlock desde me tinham dito, até ao momento em de Português no Vale Central.
o primeiro, acaba nos fins de cinquenta, o segundo co-
Setembro de 2007 e Fernanda Cos- que os Senhores Conselheiros assim A uma nova política de língua, cor-
meça nos sessenta até a meados de oitenta e o terceiro,
ta que veio para a Costa Leste, em o expressaram, que não possuo as respondem neste caso novas estrutu-
o mais importante para o futuro, começou nos oitenta até Dezembro de 2008. O consultor re- qualificações ou as competências ne- ras de coordenação. Por isso se fala
agora. O terceiro núcleo, o mais novo da nossa comuni- ferido chama-se João Graxinha e tra- cessárias para este trabalho”. de novo. Mas como sabemos, o novo
dade é realmente o mais rico em termos culturais, cien- balha no Departamento de Educação Mais à frente, Ana Cristina refere-se tem sempre uma história e por isso as
tificos, intelectuais, mas encontra-se esvaído na comu- do Estado de Massachusetts. às “QUALIFICAÇÕES DA COOR- novas Coordenadoras tentam conhe-
nidade americana, o que é muito bom e de louvar. Segundo noticia a imprensa da Costa DENADORA” cer o trabalho das Coordenações an-
O problema está em querermos que esse núcleo seja Leste, os dois Conselheiros afirmam Normalmente não costumo publicitar teriores. Por exemplo, estive a fazer
tão conhecido nas nossas mais antigas comunidades que nunca foram consultados sobre o longo caminho que trabalhosamen- a actualização das listas elaboradas
como é conhecido e admirado pela comunidade ameri- estas nomeações. te percorri na minha carreira acadé- pela Drª Graça Castanho, a anterior
cana. Então, o que é que teremos de fazer? Na carta em questão, os Conselhei- mica, mas vou fazer aqui um peque- Conselheira em Washington, conten-
ros fazem diversas considerações no apanhado do que me parece mais do o número de alunos e de escolas
Como é que podemos trazer de volta, nem que seja por
sobre os Coordenadores, seus cursos relevante para a situação vigente: que ensinam Português na Califór-
dois ou três dias por ano, essa juventude (os nossos
e vencimentos e afirmam que nos Es- - 1 Diploma de conclusão do Ensino
filhos, os nossos netos) para que possamos partilhar nia. E para o ano que vem terei de
tados Unidos teríamos pessoas alta- Secundário em Letras (Português,
com eles o futuro de todos nós. mente qualificadas para assumirem Inglês, Francês e Alemão) rever novamente essa lista, pois o nú-
Quem percorre as páginas das revistas da UPEC, da aqueles cargos. - 2 Licenciaturas: Línguas e Litera- mero de alunos não é um dado fixo,
Luso-American e outras organizações e vê as centemas turas Modernas, Variantes de Inglês/ já que o trabalho em educação está
e centenas de jovens a quem foram dados bolsas de es- Ana Cristina de Sousa, a Coordena- Alemão e Português/Inglês sempre em fluxo e não se pode dizer
tudo, pergunta “Onde estará toda esta gente, hoje com dora colocada na California, já res- - 1 Mestrado: Estudos Norte-Ameri- que alguma coisa está feita de uma
30, 40 anos?” pondeu à carta dos Conselheiros e canos, Literatura Norte-Americana vez por todas e para todo o sempre”.
Que é feito deles? afirma a certa altura na sua carta: - 1 Doutoramento (em fase de con-
O Tribuna vai tentar encontrar muitos deles e partilhar ”Não tenho conhecimento de qual- clusão): Formação de Professores de E mais disse, numa longa carta, de-
quer grande polémica em relação à Português com apoio da tecnologia fendendo sempre a seriedade e as
com todos vós esse achamento. Ajudem-nos também.
minha nomeação em Setembro de (cujo enfoque é precisamente a Ca- qualificações da sua escolha.
2007, data em que assumi a Coorde- lifórnia)
Em tempo devido solicitámos ao Presidente da SATA nação do Ensino Português na Cali- - 1 Certificado de pós-graduação em
uma entrevista, mas até ao fecho desta edição ainda fórnia e outros Estados Ocidentais Educação e Formação Online
não recebemos a sua concordancia. Pode ser que na (CEP.CA). Muitos dos meus colegas - 1 Certificado de pós-graduação em jose avila
nossa próxima edição a possamos partilhar convosco. professores e significativo número Facilitação e Tutoria online
jose avila

Year XXIX, Number 1059, March 15, 2009


COLABORAÇÃO 3

Tribuna da Saudade Na companhia de bois (2)


Ferreira Moreno por isso de muita procura o cora- que desde remotas eras, nos Aço- boi a beber água quando ele não
ção de boi preto, porque por meio res, os bois marcaram presença tem sede, nem tão pouco se ven-
dele se praticavam vários bruxe- saliente em consequência de te- de um boi por dois carniceiros.

O
dos, e se alcançam vários favo- rem pertencido ao número dos Dito isto, vamos agora aos adá-
saudoso vilafranquen- cessor”. res. Diz-se que por meio dele se primeiros animais aqui espalha- gios: o boi com muito viço dá
se padre Ernesto Fer- Seja-me permitido, aqui e ago- pode dar cabo duma pessoa que dos a fim de apoiar os trabalhos com o corno no toutiço. O boi
reira, em “Animais ra, advertir que no capítulo 32 nos seja importuna, ainda mesmo dos povoadores”. pelo corno e o homem pela pala-
de cor negra”, no seu do Livro do Êxodo está descrito que viva em Reinos Estrangeiros, Relativamente ao boi, prossegue vra. Quem não tem bois, trabalha
livrinho Ao Espelho da Tradição, o episódio ocorrido no deserto, sem haver necessidade de sair- Carreiro da Costa, “trata-se dum com vacas. Quem seu carro unta,
deixou dito que “no Egipto faraó- quando os israelitas moldaram mos de nossa casa, e assim dar animal que tem sido considera- os seus bois ajuda. Não vai o car-
nico gozava da maior celebridade em estátua um bezerro de ouro, lugar a que pessoa alguma saiba do como sagrado, devido sem ro adiante dos bois. Onde vai o
o boi Ápis, que era retintamente presumivelmente em lembrança das nossas intenções”. dúvida, não apenas a certas re- carro, vão os bois. O boi depois
preto e apenas tinha, do lado di- do boi Ápis. Seguidamente, Mendonça Dias miniscências mitológicas, como de morto é vaca. Boi bravo em
reito, uma mancha branca com a Conforme o testemunho do padre transcreve as diferentes práticas também ao facto de prestar servi- terra alheia fica manso. Boi far-
configuração de lua crescente. Ferreira, “na ilha de S. Miguel o ou métodos no emprego do co- ços apreciáveis aos trabalhos da to não é comedor nem lambedor.
Haveria alguma dificuldade em povo acredita que a cor negra de ração do boi preto, com o devido lavoura”. Boi que campeia, sinal de mau
encontrar este animal, mas logo certos animais lhes confere uma acompanhamento de determina- P’ra poupar tempo e espaço, não tempo.
que o encontravam era conduzi- eficácia singular e um poder pro- das rezas e invocações. Visto que vou agora enveredar p’la carreira Boi solto lambe-se todo; boi
do p’ra Mênfis e endeusado entre digioso. Assim, se em ocasiões não pretendo repetir essas mira- de superstições associadas com o amarrado, só um bocado. Boi que
ruidosas manifestações de rego- de trovoada alguém ocupar o lu- bolantes lengalengas, aqui fica a boi, como sejam aquelas lendá- engorda na canga, engana o com-
zijo. gar donde acabou de sair uma rês referência. rias e curiosas crónicas alusivas panheiro. Boi velho, dêem-lhe de
O boi Ápis recebia homenagens preta, pode ter a certeza de que Carreiro da Costa, na série “Tra- ao aparecimento providencial comer, que ele por si procura a
de adoração durante 25 anos, não será fulminado pelo raio. O dições, Costumes & Turismo” desse animal, cuja carne concor- abrigada. Mais come o boi duma
findos os quais os sacerdotes o fígado e o coração do boi preto (Outubro 1964), anotou que “tan- ria p’rós tradicionais bodos do só vez que a ovelha em todo o dia.
afogavam solenemente no Nilo, tem largo emprego na feitiçaria”. to o boi como a vaca ocupam po- Divino Espírito Santo, como está Boi velho gosta de erva tenra.
e em seguida o embalsamavam e Um outro ilustre vilafranquense, sição de destaque no quadro das amplamente patente em diversas Vaca do monte não tem boi certo.
sepultavam no templo de Serápis, dr. Urbano de Mendonça Dias, superstições populares açorianas, páginas do livro “Açores, Lendas Vaca que não come com os bois,
com magnificentes honras fúne- no quarto volume de “A Vila”, o que não é de admirar, uma vez & Outras Histórias”, de Ângela ou comeu antes ou depois.
bres. Depois procuravam-lhe su- apontou ser “muito apreciado, e Furtado Brum. Não se aparelha um boi e um
Não quero deixar em branco que, burro ao mesmo arado. O boi
em português, temos “olho-de- conhece o dono e o jumento a
boi” aplicado à chamada cla- manjedoura. O inferno não se fez
rabóia (skylight, em inglês), ou p’rós bois, nem p’ràs vacas. A boi
seja, aquela abertura envidrada velho chocalho novo. Ainda que
existente no alto de edifícios e o teu boi seja manso, não o mor-
destinada a iluminar e ventilar o das no beiço. De boi manso me
interior. A expressão “passo de guarde Deus que do mau eu me
boi” significa andar devagar, en- guardarei. De pequeno verás que
quanto “andar com o carro adian- boi terás. Guarda-te do boi pela
te dos bois” indica fazer qualquer frente, do burro por detrás e do
coisa ao contrário. E bom será demo por todos os lados.
lembrar que em vão se leva um
4 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009

Da Música e dos Sons


Nelson Ponta-Garça
Where are you?
npgproductions@gmail.com

Novos Tempos
Depois de alguns pedidos de leitores, aqui vai mais uma lista de
música Portuguesa que não é muito usual em terras Americanas.
Não procurem em CD na Califórnia, Infelizmente não existe
(e muitas destas musicas tem mais de 20 anos). Mas, vale-nos a
Internet!... Façam uma pesquisa e encontrarão:

(A medida que se aproxima o 25


de Abril, musica ideal!)

Milho Verde – Zeca Afonso –


Zeca Afonso no Coliseu

Venham Mais Cinco – Zeca


Afonso - Zeca Afonso no Coli-
seu

O que faz Falta - Zeca Afonso -

Zeca Afonso

Zeca Afonso no Coliseu

Vampiros – Zeca Afonso - Zeca Afonso no Coliseu

Temas mais “Mexidos”... Quase que davam para dançar:

Canção do Engate – Delfins - O caminho da Felicidade

Lugar ao Sol - Delfins - O caminho da Felicidade

Um Sonho Teu – Delfins - O caminho da Felicidade

A minha Casinha – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas

Fim do Mes – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas

Chuva Dissolvente - Xutos e Pontapés - Sei onde tu estas

Aqui Ao Luar – Xutos e Pontapes

Dunas – GNR – Tudo o que você queria ouvir

Brilho Dental – Rui Veloso – Ar de Rock

Chico Fininho – Rui Veloso – Ar de Rock

O Barco Vai de Saída - Fausto

Castelos No Ar – Rita Guerra

O Anzol – Radio Macau

Sempre Longe demais – Radio Macau

Se eu fosse um dia o teu Olhar – Pedro Abrunhosa

Vira-Vira – Mamonas Assassinas


Estes são os primeiros jovens estão a trabalhar nas suas profis- Nas nossas próximas edições
Criatura da Noite – Entre Aspas que vamos tentar descobrir o seu sões. continuaremos com este painel,
paradeiro. Todos eles receberam tentando compreeender onde es-
A Carta – Toranja Perdidamente – Luís Represas Bolsas de Estudo da Luso Ame- Quem souber do paradeiro destes tão e o que fazem toda esta juven-
rican Education Foundation em nossos jovens, digam-nos através tude portuguesa.
2003, há precisamente 6 anos, o do email portuguesetribune@sb-
que quer dizer, que a maioria de- cglobal.net ou telefonando para
les já acabaram os seus estudos e 209-576-1951.

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COLABORAÇÃO 5

Muito Bons Somos Nós A insensibilidade da sra. Diakité


Joel Neto “Tenho sobre Miguel Portas uma série de vantagens. A primeira é que costumo fa-
neto.joel@gmail.com zer um esforço por pensar pela minha própria cabeça. A segunda é que estive quase
sempre mais de duas horas nos países islâmicos que visitei”.

T
ivesse eu uma filha em devotos de duas religiões que há quer que seja a ver com o facto de Para mim, e à excepção do avião bretudo uma história vinda ainda
idade de casar e seria séculos se diabolizam. o Diakité ser muçulmano e a sua que amarou no Hudson, foi a me- de um tempo em que o casamen-
o primeiro a dar-lhe o As razões por que a história de noiva testemunha de Jeová. lhor história do mês. Uma histó- to entre duas pessoas de religi-
conselho: “Filha minha, Mourtala Diakité me encanta, Dizia Jaime Pacheco, treinador ria vinda ainda de um tempo em ões inimigas tinha como mais
desconfia sempre um bocadinho pois, não são as mesmas por que do Belenenses, na véspera si- que as mulheres se dedicavam a perigoso efeito colateral deixar o
das pessoas – mas sobretudo des- encanta Miguel Portas. Pensando multaneamente do jogo e do ca- caprichos inúteis e os homens à Belenenses sem médio defensivo.
confia muito das razões porque bem, Miguel Portas há-de ver ali, samento: “As mulheres, hoje em brincadeira viril. Uma história Infelizmente, porém, o futebol
elas se associam umas às outras, naquela história de um muçulma- dia, é que mandam.” Na sua ca- vinda ainda de um tempo em que já não é assim tão boçal. Nem o
nomeadamente se se tratar de no que se casa com uma testemu- beça, duas coisas são óbvias. A se podia discutir o casamento mundo tão inocente.
outra coisa que não de amizade. nha de Jeová apesar dos apelos de primeira é que o casamento é cla- entre duas pessoas de religiões
Desconfia de grupos e de grupe- quase toda a gente para que man- ramente coisa de mulheres. A se- inimigas com a necessidade de
lhos, filha. Desconfia de movi- de às malvas a cerimónia, mais gunda é que, apesar de tudo, um proteger um desafio de futebol
mentos e de partidos políticos. um belo conto sobre a inexorá- homem não pode viver sem uma como principal argumento – e so-
Desconfia de sindicatos e de pla- vel aproximação de civilizações: mulher, tal como não pode viver
taformas – e, já agora, desconfia mais um contributo para a extin- sem a SporTv, o GPS TomTom e a
também, desconfia muito e des- ção de todos os muros e, já agora, churrasqueira do quintal – e, por-
confia metodicamente, de religi- nova prova de que o ser humano tanto, quando elas querem mes-
ões. Portanto, se queres casar-te é fundamentalmente bom – fun- mo casar, é sempre difícil um ho-

E
com um muçulmano, casa-te com damentalmente bons todos nós, mem contrariar-lhes o capricho.
um muçulmano. Lá estarei no ca- mesmo quando apregoamos o de nada serve, como
samento. Mas, em todo o caso, ódio, a sede de vingança e o de- muito bem se viu, ape-
pensa bem.” sejo de sangue. lar à sua “sensibilida-
Naturalmente, tenho sobre Miguel Pois eu vejo ali uma história de de”. Anunciou Pacheco:
Portas uma série de vantagens. futebol – e rio-me. Rio-me e de- “Vou apelar à sensibilidade dela”
A primeira é que, independen- licio-me. Delicio-me porque tudo – e eu acredito que ele o tenha
temente dos calendários eleito- naquela história de um jogador feito. Infelizmente, como se sabe,
rais, costumo fazer um esforço que tem casamento marcado para as mulheres encasquetam estas
por pensar pela minha própria o dia de um jogo contra o Benfica coisas na cabeça e depois não há
cabeça. A segunda é que estive e, de repente, dá por si cercado de nada a fazer. De forma que Diaki-
quase sempre mais de duas horas pedidos de treinadores, de adep- té não teve outro remédio senão
nos países e territórios islâmicos tos e até de jornalistas para que casar, ficar para a boda, alinhar
que visitei. E a terceira é que sou vá lá depressa casar, mas deixe naquela treta da noite de núpcias
protestante. Ou fui protestante – a boda e a noite de núpcias para – e, naturalmente, deixar o Be-
e um protestante, conhecendo a outro dia, de forma a poder “dar o lenenses órfão no meio campo.
verdadeira dissolução familiar seu contributo à equipa”, me traz E nós, já agora, não temos outra
em que pode redundar um sim- de volta um futebol, um mundo e coisa a fazer senão compreendê-
ples casamento entre elementos mesmo um tempo de que quase lo, se ainda por cima a cínica da
mais ou menos descontraídos de me esquecera já – e de que tenho noiva se pôs (vejam bem como é
duas congregações cristãs dife- inegavelmente saudades. Deli- manipuladora) a usar argumentos
rentes, conhece também a dis- cio-me por isso – e rio-me porque como “este é o dia mais impor-
solução em que pode redundar nada do que verdadeiramente in- tante das nossas vidas”, entre ou-
um casamento entre elementos teressa naquela história tem o que tras demagogias parecidas.

Hajam bons leitores, porque livros há e dos bons!


É interessante que muitas vezes nem nos California and the Portuguese; Report: First symposium on Por- Regional dos Assuntos
apercebemos da qualidade dos livros que how the Portuguese helped to tuguese Presence in California Culturais, c1982
se publicam na California. Passamos ao Luso-American Education Foundation,
lado e só nos damos conta desse facto build up California. Os portugueses na Califórnia
A monograph 1974
quando percorremos a Internet e se ouvem por Urbino de San-Payo, Secretaria de Es-
ladainhas a aleluias àcerca dos nossos es- written for the Golden Gate international tado da Emigação [i.e. Emigração], Centro
exposition on San Francisco bay, 1939 Stories of California Azorean im-
critores e da qualidade da sua escrita. migrants: de Estudos, Fundo Documental e Icono-
Comprem e leiam as histórias que nos fize- by Celestino Soares; drawings by Jorge gráfico da Emigração e das Comunidades
an anthology of personal life sketches
ram aquilo que somos. Barradas, R and E Research Associates, Portuguesas, 1985
compiled by Robert Leroy Santos, Denair,
1970, Reprint of 1939 ed.
Calif., Alley-Cass Publications, c1998
A rota da saudade [videorecor-
Footprints in the soil: a Portugue- The Holy Ghost festas : a historic Stories Grandma never told: Por- ding] : portugueses na Califórnia
perspective of the Portuguese in tuguese women in California PBN Productions; produtor executivo, Da-
se-Californian remembers vid Martins; director, Sergio do Lago;
California by Sue Fagalde Lick, Heydey Books,
By Rose Peters Emery, Portuguese Herita- texto, Eduardo Mayone Dias
by Tony P. Goulart, project coordinator, c1998
ge Publications of California, A history of the Azores Islands
San Jose Portuguese Chamber of Com- by James H. Guill, Tulare, Calif. : Golden
merce, c2003
Flight of the Hawk Islanders: an
The Portuguese in San Jose Azorean emigrant story Shield Publications, Golden Shield Inter-
by Meg Rogers with support from the by Robert Santos national, c1993
Portuguese Historical Museum, Arcadia, The Portuguese Californians: im-
2007 migrants in agriculture Acorianos na Califórnia: prólogo, NOTA - Se forem ao Google e escreverem
by Alvin Ray Graves, Portuguese Heritage entrevistas e notas Eduardo Mayone Dias, encontrarão cente-
por Eduardo Mayone Dias, Secretaria Re- nas de referências àcerca da nossa emigra-
A quest for the story of Antonio Publications of California, c2004
ção. Vale mesmo a pena.
[305.869 B53 Case & circulating copy] gional da Educação e Cultura, Direcção
and Maria from the Azores to
Washington Township The Portuguese in California
by Doris Machado Van Scoy, c1992 by Vicky Borba ... [et al.], University of
Santa Clara, 1986
Azoreans to California: a history
Portuguese in California
of migration and settlement by Walton John Brown, R and E Research
by Robert L. Santos, Denair, Calif., Alley-
Associates, 1972 (Reprint of M.A. Thesis,
Cass Publications, c1995
USC, 1944)

Barrelful of memories: Stories of The Portuguese shore whalers of


my Azorean Family California, 1854-1904
By Pauline Correia Stonehill, Portuguese
by David E. Bertão, Portuguese Heritage
Heritage Publications, c2005
Publications of California, c2006
6 COMUNIDADE 15 de Março de 2009

Falecimento
Ana Oliveira Vieira Coisas & Loisas
Faleceu no dia 8 de Março no Hospital de An- Alcides na Televisão - quando este jornal estiver a ser
gra do Heroísmo, Ilha Terceira, Ana Oliveira imprimido (dia 13 de manhã bem cedo), Alcides Machado estará a
Vieira, contando 95 anos de idade. Era viú- cantar e a ser entrevistado no Canal 14 da Univision em San Fran-
va de Manuel Sequeira Vieira. Lamentando cisco. Assim é que é. Conquistar reconhecimento internacional tem
a sua morte deixa seus filhos, Alberto Viei- sido sempre o lema do Alcides.
ra, casado com Catarina Vieira; Bernardete
Vieira Lynch, casada com Bill Lynch; Batista
Vieira, casado com Dolores Vieira; Lino Viei-
ra (falecido) casado com Fátima Vieira; e Vel- Educação, again? - já não bastava a crise financeira,
ma Vieira Santos, casada com Dalberto San- económica, roubalheira, mental, para mais uma vez a educação vir ao
tos. Deixa 12 netos e 11 bisnetos, e duas irmãs, Isabel Amarante e Bernardete Oliveira. de cima, com insinuações graves trazidas por dois conselheiros das
Tambem deixa duas cunhadas, Maria Vieira Pires e Victória Vieira, ainda sobrinhos comunidades da Costa Leste, que deveriam ser provadas, pois está
e sobrinhas. Será celebrada uma missa sufragando a sua alma quando o filho Alberto em jogo o profissionalismo dos acusados.
Vieira regressar dos Açores e que será anunciada brevemente nas estações KSQQ
e KLBS.
Ramana Vieira - penso que seria interessante se a Ramana
Vieira cantasse o Fado em Inglês. Seria bonito e poderia trazer novos
horizontes musicais a ela e ao seu conjunto. O Fado não é a língua. O
Fado é sentimento, amor e paixão. Também pode e bem ser trans-
mitido em Inglês. Aqui fica o palpite. Em Roma sê romano.

Carnaval - alguém deveria contabilizar todas as despesas hav-


idas com o Carnaval, para se poder mostrar àqueles que não querem
pagar $5.00 ou $7.00 dólares para ver os bailinhos da nossa alegria.
Custa-me a acreditar que ainda há muita boa gente que pensa que o
mundo é quadrado e que as pessoas se vestem e se movem de terra
em terra pela força da gravidade.

Biblioteca J. A. Freitas - tal como se vai à Missa


todos os Domingos, deveríamos tirar um certo tempo da nossa vida
para visitar a melhor e única Biblioteca Portuguesa no Estado da
California. Na página 19 podem admirar quão bela ela é, com mais
de 12 mil livros à disposição de toda a gente. Visitem-na, toquem
naqueles livros, procurem autores das vossas terras, e mesmo que
não os leiam, percorram-os com os olhos. Quantas vezes é que as
nossas escolas, os nossos alunos de Português a visitaram? Aceitam-
se apostas. E já agora, visitem também o Museu da UPEC. Vale bem
a pena. Na nossa próxima edição mostraremos o Museu.

Quem não sabe pergunta - nesta altura do ano


quem passeia à volta dos canais de irrigação já centenários existentes
nalgumas cidades do Vale de San Joaquin apercebe-se dos milhões
ou biliões de cascas de ameijoas no fundo dos ditos canais, que estão
secos no inverno. Metia-nos uma certa confusão a existência de tal
“marisco” nos canais. Nada mais simples - são ameijoas de água
doce, diz-nos o MID. E esta?


CONVERSA COM JESUS
Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar:
Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor
do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto voltar a viver, o
leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino
Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A
minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero
com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de ter-
minar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que
peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós
aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como
o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho
confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas.
A.V.

Oração dos Aflitos


Aflita se viu a Virgem aos pés da Cruz. dias. Vós que sois a mais bela das mães,
Aflita me vejo eu. Valei-me Mãe de Je- a quem eu amo de todo o coração, eu vos
sus. peço mais uma vez que me ajudeis a al-
Confio em Deus com todas as minhas cançar esta graça, por mais dura que ela
forças. Por isso peço que ilumine os seja (fazer o pedido). Sei que vós me aju-
meus caminhos, concedendo-me a graça dareis, que me acompanhareis até à hora
que tanto desejo. da minha morte. Amen!
(Faça a pedido e mande publicar ao ter- Rezar 1 Pai-Nosso e 3 Ave Marias. Fazer
ceiro dia e aguarde o que acontecera no esta oração, 3 dias seguidos e alcançará
quarto dia). a graça, por mais difIcil que seja. Mande
publicar no jornal. Em caso extremo po-
Oração à nossa querida Mãe de-se fazer em 3 horas. Agradeço à nossa
querida mãe, Nossa Senhora Aparecida,
Nossa Senhora Aparecida, Nossa Que por esta graça.
rida Mãe, Nossa Senhora Agradecida.
Vós que amais e nos guardais todos as IM
COLABORAÇÃO 7

Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
Sorte na Vida
lucianoac@comcast.net

T
er ou não ter – eis hoje o simpá- nem sequer chegou a completar a quarta
tico teor da minha comovente classe. Porém, não foi tanto por não ter
questão. cabeça. Foi mais por não ter tido outro re-
médio.
Coitadinho! – Não teve sorte! – Dizem-me Por, infelizmente, ser comum demais nos
os que mal o conhecem. dias d’hoje os pais não se entenderem e
É burro! – Não tem cabeça! – Insinuam os os filhos é que pagarem as favas – como
menos bem intencionados. foi o seu caso – a sorte não esteve do seu
Francamente, não concordo com uns nem lado. Cedo se desapegou dos livros para se
com outros. apegar ao trabalho e à responsabilidade de
ajudar a trazer algum pão para a mesa que
Aguiar, sentado na sua bicicleta, peda- repartia humildemente com a mãe e com o
la forte e feio ao cair da noite a caminho irmãozinho.
do ginásio onde investe regularmente na O pai desertara-os de forma que ainda hoje
simbólica troca de suor por saúde. Com dói. As cicatrizes não mentem. É triste
boa saúde e muita sorte acredita poder vir quando um homem nem vale meio tostão.
a dar ainda este ano um certeiro pontapé O que vale é que um ilhéu tem sempre uma
na vida que o desafia à sua frente. É tam- boa safa: o seu mar – o amigo fiel que ja-
bem jogador de futebol nas horas vagas mais o abandonará.
mas continua ilusivamente à espera dum
fortuito remate vitorioso que lhe dê verda- A nadar, Aguiar era tambem um perito.
deira razão para celebrar em grande. Tinha licença de mergulhador. Durante Costa dos Biscoitos, Terceira
Lembra-se perfeitamente bem de ter fes- vários anos, de facto, encontrou no mar o
tejado há vários anos atrás a alegria única seu melhor amigo. Nunca o deixou mal. America de ida sem volta. Aguiar, sem licença nem carro seu, canta-
do nascimento do filho lá na ilha que um Ao musgo, às lapas, aos polvos, ao peixe Sem papeis, sem carro, sem carta, sem rola ao volante com gracejos e picardias,
dia nos viu nascer e mais tarde convidou em abundância mergulhava regularmente canto certo de dormir nem comida asse- sempre a rir e a brincar porque o bossa o
tambem a imigrar. para garantir o sustento da mulher e do gurada ao jantar – “…A America é nas deixa raivar desde que não bata com a ca-
Imigrou à balda e para trás ficaram filho filhote. Passaram os três momentos ines- ilhas.” – Desabafa às vezes com ilusões de beça na parede.
e mãe. queciveis picnicando à borda d’água com a regressar. “Isso é que nunca.” Garante, decisivo:
O drama continua. vida a mostrar-lhe sorridentemente o seu Apetecia-lhe mas não pode. A sua cor- “Tenho um filho crescido e quero ajudá-lo
lado melhor. rente situação, ilegal em ambos os lados, a ser alguém.”
Não teve uma infância fácil. Mas a culpa O pior, quando menos se espera, são os aconselha-o a pensar duas vezes. Não me digam que este gajo não tem ca-
não foi sua. Foi de quem, impreparada- mergulhos em seco que um homem dá – Nem a pé nem a cavalo, crama a sua sorte beça.
mente, decidiu trazê-lo ao mundo. as cabeçadas à toa nos calhaus roliços e e tenta fazer das tripas coração a ver se a Também não tem cara de burro.
Do mundo verdejante que sempre foi e traiçoeiros que lhe reviram num instante a coisa calha. A coisa, porém, como todos Ter ou não sorte na vida, isso já é outra
continua a ser a bonita ilha onde cresceu… vida de pernas para o ar. sabemos, não está para brincadeiras. questão.
guarda as melhores recordações. É certo Um desentendimento, uma querela, a se- Mas ele também não se importa. Cada qual faz a sua e ninguém julga ter a
que – sem ideia clara do futuro, atropelou paração, o divórcio – as dores que não se que merece.
então o presente faltando muito à escola – curam com uma simples passagem para a

Catarina Freitas
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8 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009

A Vida Real O Regresso à Ilha


Edmundo Macedo foi uma romaria
de Saudade
A Rosinha da Foz Velha do Porto
P
romessa implícita de contrei camélias e umas flores
... A NOSSA “BABE” ceiro ouro no salto em altura. de sentido valiosíssimo e cara ou- mim a de voltar um dia! azuis, exóticas, que ela dizia não
DIDRIKSON ZAHARIAS! A Babe excedeu no Desporto a rivesaria! Após trinta e sete anos existirem em S. Jorge; e também
Mulher! Não conseguiu exceder- É assim em todos os desportos. de ausência, foi impos- o cimo daquele pico ao qual que
A Rosinha da Foz Velha do Por- se a si própria porque foi ines- Só ganha o ouro quem nasceu sível controlar a emoção da che- só agora se tem acesso de carro
to faz-me lembrar a “Babe” Di- gotável! O seu multifacetado e predestinado! gada! e donde se avista a Vila das Ve-
drikson Zaharias, uma de sete incomparável legado que a qua- Na sua primeira Maratona Olím- ‘Onde estou, será possível’? É a las, numa prespectiva lindíssima
filhos de imigrantes noruegueses lificou como a melhor atleta - pica em 1984 em Los Angeles, pergunta que faço a mim mesma com a baía em meia lua, como
que foram fixar-se no Sudeste do homem ou mulher - da primeira a Rosinha sofreu um percalço. ao chegar ao aeroporto. De olhos eu nunca tinha visto antes. Um
Texas e se afirmou como uma metade do Século XX, nutre o Trouxe bronze em vez de ouro. extasiados vejo tudo como se sonho!
mulher-gigante do Século XX, aplauso público pela sua exce- Um transtorno do ofício, remedi- fosse pela primeira vez. Tudo é Mas isto é bem mais bonito do
juntando-se em toda a sua mag- lência em desportos tradicional- ável nas mãos dela.
nificência a Margaret Mead - cé- mente competitivos e absorve de Quatro anos depois, na Olimpía-
lebre autora e da de Seoul na
antropologista Rosa Mota corria como o vento. Coreia do Sul,
americana -, a Corria com a agilidade da gazela. a Rosa Maria
Eleanor Roo- Com a intrepidez do menino Gavroche. atacou a dois
sevelt - quiçá A Rosinha saltitava como a alvéloa. q u i ló m e t r o s
uma das mais Legou às estradas imagens de pura elegância. da meta con-
admiradas Pri- Por pouco não transformou ligeireza em volátil. quistando o
meira Dama dos ouro e deixan-
Tratava o asfalto com reverente delicadeza.
Estados Unidos do a prata para
Parecia não querer beliscar o betume negro e lustroso.
e decerto Pri- a Lisa Martin.
Corria como lume que ela ateava soprando.
meira Dama do Ouro, ouro e
Tinha no mínimo três pulmões, não apenas dois. ouro enrique-
Universo, reco- Corria-lhe nas veias sangue Lusitano.
nhecida inter- ceram tam-
A nossa Rosinha pediu asas emprestadas. bém o bolso da novo agora, mas igual aos meus que eu pensava!
nacionalmente
Tardou a devolvê-las e Portugal benfeitorizou. nossa Rosinha anos de menina, é um passado Pela manhã fui despertada por
pelo seu traba-
Corria a Maratona como se fosse em passeio de Lordelo do nos Europeus renovado e absolutamente lindo! uma vozinha doce. Era a minha
lho e esforços
Ouro a Cedofeita. de 1986 em O primitivo que renasceu, pelo prima.‘Olha vem à janela vê que
h u m a n i t á r io s
e, finalmente, Nos recônditos do seu peito pulsou sempre um coração tão Estugarda e de menos na minha memória. serenidade. O Pico e o Faial es-
a Agnes Gon- Nortenho quão Português. 1990 em Split Valeu a pena voltar para recrear tão aqui ao lado’.
xha Bojaxhiu Quando corria, a Rosinha sentia a voz dos nossos egrégios e no Mundial os olhos nessa ilha paradisíaca Tão perto! O ar tão rarefeito dei-
- a santíssima avós que haveriam de levá-la à vitória. de 1987 em que resistiu às intempéries que o xava ver os pormenores e até as
Mother Teresa Roma. tempo lhe infligiu e mesmo assim casas, o mar espelhava um céu
nascida em 1910 A Rosa Maria nunca esqueceu as nobres Comunidades. Só ganha o continua lá erguida e mais bela limpo de um azul suave onde
em Skopje, en- Emigrante nos fins de semana, cumulou-as, diligentemente, ouro quem do que nunca. È isso, cresceu em tudo parecia parado à espera de
tão parte da Ju- de esperança. nasceu predes- beleza, porque o sofrimento que ser presenciado e admirado. In-
goslávia. Robusteceu-as de orgulho. tinado! É as- não mata, fortalece. descritível.
Quatro Mulhe- Fê-las acreditar. sim em todos Lá segui para as Velas, com uma O andar pela vila foi impressio-
res-Gigantes do Fê-las sonhar. os desportos. paragem no Canavial, aquele re- nante. Tudo tinha algo de dife-
Século XX! Levou-lhes, volta e meia, alegrias indescritíveis, Em 1987, 1988 canto lindo com a pequena baía rente e que merecia a nossa aten-
Há pontos de si- Incitou-as a trazer na lapela o emblema da Ditosa Pátria. e 1990 a Rosa entre dois montes, onde o mar ção. Ruas novas com casas lindas
milaridade en- Com o verde e o encarnado, a esfera armilar e as cinco quinas. Maria triun- tem uma tonalidade inegualável. e outras que foram lindas, agora
tre a nossa Rosa fou na Mara- O progresso tirou-lhe um pouco em decadência, e as construções
O emblema mais bonito do mundo.
Maria (“Rosi- tona de Bos- o ar bucólico e tornou-o dife- felizes e as infelizes, tudo mere-
nha”) Correia ton e em 1985 rente daquele óleo que pintei na cia um olhar observador.
dos Santos Mota e a Mildred Ella um trago a plêiade que com ela e repetiu em Chicago o triunfo de juventude, e que felizmente con- As pessoas, as poucas que pude
(“Babe”) Didrikson Zaharias. contra ela competiu. 1984. segui reaver. ver, os grandes amigos do cora-
Entre elas - colossais atletas! Zaharias dominou em saltos Com a sua postura campeã privi- Ver aquele mar de onde emer- ção, esses sempre iguais. Foi aí
- há sinais e marcas distintivas aquáticos, softbol, golf, basque- legiou Roterdão em 1983, Tóquio gem rochas negras como que que doeu, doeu muito perceber
comuns, que desde logo as colo- tebol e atletismo. em 1986, Osaka em 1990 e Lon- ilhas em miniatura e com formas que eles continuavam os mes-
cam num horizonte, num trono e Zaharias desafiou noções con- dres em 1991 indo ali dizer que tão peculiares, foi um milagre. mos de sempre e a saudade to-
num “céu” inacessíveis a menos suetudinárias de feminidade com a Foz Velha do Porto e Portugal Revi-as com uma ternura imen- cou fundo, no recordar aqueles
do que gigantes! as suas arrojadas piadas à im- existiam e conquistar, categori- sa ao redescobri-las nas minhas tempos e peripécias, já tão longe
De aí que as diga fenómenos raros prensa. camente, o primeiro lugar. Sem- recordações mais distantes. para mim mas tão presentes para
e as admire incondicionalmente. Zaharias dilatou os limites acei- pre o primeiro lugar! Sempre o Como me lembro desse mar, onde eles.
De aí que as considere eminen- táveis do que uma atleta podia e ouro! os meus olhos de menina se fixa- Mas soube bem, recordar tantas
tes pelo seu talento, valor e cora- devia ser. É assim em todos os desportos. ram tantas vezes imaginando-o coisas vividas contadas por eles.
gem. A biografia de Babe Didrikson Só ganha o ouro quem nasceu com pontes que me ligariam ao Breve chegou a hora da partida.
De aí que lhes reconheça qualida- Zaharias obriga o fascínio, dá ra- predestinado! mundo, esse mundo que tanto Lá deixámos a Tia, os amigos
des de paridade com o Homem. zão a trabalho longo e torna deli- Como as essências coníferas que ansiava conhecer, e que eu sabia e a ilha, para outra ilha, outros
Curiosamente, são ambas de Ju- cioso escrever. predominam nas florestas do existir para além do horizonte. convívios familiares, outras
nho. A Babe - que viveu apenas Como, porém, se torna igualmen- norte do hemisfério, entre 1982 E a Tia? lá estava, com as mar- descobertas...e a promessa do
até 1956 - nasceu há 97 anos em te delicioso escrever sobre uma e 1991 predominou no mundo a cas do tempo no bonito rosto, os regresso!
Port Arthur no Texas e a Rosinha mulher-gigante da Nobre Cidade essência Rosa Mota! olhos negros e inteligentes, ago-
há 50 anos em Foz Velha do Por- Invicta, vou deixar por agora a Predominou a sua qualidade de ra com menos brilho. Triste pe-
to. Babe e falar da nossa Rosinha. maratonista extraordinária! las perdas sofridas mas feliz de
Zaharias distinguiu-se no prin- Irei falar da Rosa Maria como Predominou a sua genética pro- nos ver, a mim e à minha prima Julieta Maria Ferreira
cípio - em competições nos seus quem fala de uma das mais de- pensão para vencer! que chegou na manhã seguinte. Cabral nasceu nas Velas, São
primeiros anos de escola - como licadas rosinhas-de-Portugal - Para vencer sem se jactar! Ela, responsável por esta via- Jorge, Açores, e reside em Pro-
uma atleta tão dotada que excedia como as que salpicam com cor Na excelência e humildade de gem, quem me motivou e a quem vidence RI, Estados Unidos.
todas as outras a correr, saltar, jo- suave tufos alindando o lindo da Rosa Mota, Portugal resplande- nunca poderei compensar, pela
gar e a pensar - parecendo que a inigualável Sintra e despontam ceu! ternura destes dias que passá-
Natureza a produzira num rasgo como a aurora entre o verde- A Rosinha da Foz Velha do Porto mos juntas.
de excepcional perfeição. alourado do musgo, o fresco dos faz-me lembrar a “Babe” Didrik- Descrevi-lhe o meu passeio às
Na Universidade salientou-se nas limoeiros e a giesta a explodir son Zaharias ... Sete Fontes ao parque onde en-
equipas femininas de basquetebol uma sinfonia de amarelo. Ao escrever estas linhas tive sem-
e ténis e durante os Jogos Olímpi- Rosa Mota foi considerada como pre a Rosinha no pensamento.

A
cos de 1932 em Los Angeles - o uma das melhores maratonistas E a infinita paciência da minha
mesmo ano em que Amelia Ea- do Século XX. Mulher.
rhart se tornou na primeira mu- Em 1982, nos Campeonatos da E a saudosa memória da minha jude os nossos patro-
lher a voar solo sobre o Atlântico! Europa em Atenas, a Rosa Maria Mãe.
- Zaharias conquistou medalhas correu a sua primeira Maratona. (Texto apresentado durante o
de ouro, com recordes mundiais, O ouro - dizia-se - pertencia à Encontro “Mulher Migrante em
cinadores compran-
no lançamento do dardo e nos 80 Ingrid Kristiansen. Congresso”, realizado em Espi-
metros barreiras, enquanto um Erro crasso pois a corredora por- nho de 6 a 8 de Março de 2009)
pormenor técnico a privou de ter- tuguesa prevaleceria conquistan
do os seus produtos
do na Grécia a sua primeira peça
COLABORAÇÃO 9

Sabor Tropical
Um ensinamento
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com para não esquecer
O
episódio que envol- Eles têm certeza que ficarão im- homens e essa era uma preocu- as mangas e partir para buscar nhando”. Isso é de uma falta de
veu, recentemente, punes ou que terão uma pena leve pação política com o mercado de as nossas soluções. Afinal somos amor e de um machismo sem
uma menina pernam- para o crime cometido. trabalho. Chegou a se cogitar em maioria no planeta! Todavia, en- comparações. Outra situação in-
bucana de nove anos, E o “Dia internacional da Mu- mandá-las para as colônias para quanto houver mulher que não feliz é quando ouvimos comentá-
violada pelo padrasto e que ficou lher” foi criado em 1911, numa se casarem. vota em candidatas a cargos eleti- rios de algumas mulheres se refe-
grávida de gêmeos, só ocupou as reunião de mulheres na Dina- Segundo Fernando Antonio Gon- vos por achar que os homens são rindo a outra que foi violentada (e
páginas dos jornais brasileiros marca e confirmado por decreto çalves, Professor e Pesquisador melhores e enquanto houver mu- às vezes até morta): -“Ela estava
e estrangeiros, mais tempo do pela ONU, em 1975, exatamente da Universidade Federal de Per- lher que não procura os serviços pedindo para ser violentada, por
que o comum, porque médicos e para marcar um ato de extrema nambuco, até o maior Teólogo profissionais de outras mulheres usar aquelas roupas coladas ao
familiares da criança foram ex- violência cometida contra 129 católico da Idade Media, Tomas médicas, dentistas, advogadas, corpo, aquelas blusas decotadas
comungados pelo Arcebispo de operárias de uma fabrica têxtil, e ao sorrir para os homens como
Olinda e Recife, sob a alegação da cidade de New York, em oito sorria!”.
de que aborto é crime. de março de 1857, durante uma Não vou tecer comentários sobre
O padrasto, muito embora tenha greve, quando reivindicavam as outras religiões por não saber
confessado que abusou, duran- melhores condições de trabalho, as suas doutrinas a respeito das
te três anos, da criança e da sua redução da jornada de dezesseis mulheres, mas nós, Cristãos, se
Irmã de 14 anos, com debilida- para dez horas, bem como equi- amássemos o nosso semelhante
de mental, foi preso, porém não paração dos salários com os dos como Jesus nos ensinou, se se-
foi excomungado e o Arcebispo homens (as mulheres chegavam a guíssemos os Seus ensinamen-
alega que estupro é crime, mas receber só um terço do que eles tos, não haveria diferenças en-
o aborto é um crime mais grave. recebiam, para fazer o mesmo tre homens e mulheres, porque
Bem, para mim crime é crime e trabalho). A manifestação foi re- para Jesus, homens e mulheres
todos deveriam receber o mesmo primida, a fábrica incendiada e eram iguais, segundo relatos do
tratamento pela Igreja. Há por aí as mulheres, ali trancadas, não Evangelho de São Lucas. Nas
tantos estupradores que matam conseguiram sair. Morreram car- Suas parábolas, as mulheres são
as suas vitimas - pela violência bonizadas, num ato selvagem e de Aquino (1225-1274) conside- arquitetas, engenheiras, dete- colocadas como modelos e para-
do ato - e nunca ouvi dizer que desumano. rava a mulher “um homem in- tives, etc., por também confiar digmas a ser seguido. E foi dado
algum deles tenha sido excomun- Ao longo da historia há relatos completo”. mais nos homens, nada mudará, às mulheres o privilégio de serem
gado. E o padrasto cometeu dois sobre o grande sofrimento das O “Dia internacional da mulher” porque o preconceito começa (e as primeiras testemunhas da Sua
crimes graves: estupro e pedofi- mulheres no que diz respeito à deveria servir, também, para é muito maior) entre as próprias ressurreição.
lia. violência e ao preconceito. No nós mulheres, refletirmos sobre mulheres. Como cristãos, podemos nos ale-
Não fosse a repercussão da exco- fim do século dezenove, na In- os nossos erros. Não adianta fa- Aqui no Brasil temos uma ex- grar com o que está escrito “não
munhão, a criança seria só mais glaterra, mulheres sozinhas, sem zermos passeatas, fórum para pressão popular, sem nenhuma há judeu nem grego, escravo nem
uma menina violentada, aumen- marido, eram consideradas um discussões dos problemas e ficar- graça, mas repetida também pe- livre, homem nem mulher; pois
tando a estatística das mulheres problema social. Na verdade, os mos esperando que os homens las mulheres, quando vê outra todos são um em Cristo Jesus
que são constrangidas fisicamen- detentores do poder econômico os solucionem, porque até agora apanhando ou que foi machucada (Gálatas 3.28). Um ensinamento
te ou que são assassinadas por se alarmaram porque havia, de bem pouco foi resolvido, embora pelo companheiro: ”ele até pode para não se esquecer.
homens que se julgam no direito acordo com o censo da época, reconheça boa vontade por parte não saber por que está batendo,
de praticarem tamanha barbárie. mais mulheres solteiras do que de muitos. Temos que arregaçar mas ela sabe por que está apa-

Acredite no que quiser... Ao Sabor do Vento


José Raposo
jraposo5@comcast.net

M
uitos católicos não fa- tir no Concílio de Nicea, no ano 325
zem a mínima ideia por da era Cristã, foi para provar a con-
que razão a Páscoa não substancialidade entre Jesus e Deus.
é numa data fixa. Então Os seguidores de Ario e da sua doutri-
dizem: - “Tem a ver com a lua. O en- na (Arianismo), afirmavam que sendo
trudo é que manda. Tem que se contar Jesus o filho de Deus, portanto seria
com a primeira lua do ano, etc., etc. “ subordinado ao Pai e como só há um
Houve um grande debate dentro da Deus e Jesus é seu filho, não poderá
Igreja para determinar em que dia a ser Deus.
Páscoa deveria ser observada. Muitos O Concílio condenou essa doutrina e
anos antes do nascimento de Cristo as considerou-a herética e reafirmou, por
tribos pagãs da Europa adoravam a voto dos bispos, a divindade de Cristo
bela deusa da Primavera, Eostre. Há e que Jesus, o Espírito Santo e Deus
quem acredite que esta palavra evoluiu são um só.
para Easter. Embora o imperador tivesse pedido
Os Judeus já celebravam a Páscoa para que unificassem a data da celebra-
(Pessach) com um sentido diferente, o ção da Páscoa e tivesse enviado cartas
da libertação do cativeiro do Egipto. aos bispos, alguns não apareceram ao
O imperador Constantino I, aprovei- Concílio e não houve uma concordân-
tando o encontro dos líderes ecumêni- cia geral.
cos europeus, em 20 de Maio de 325, A igreja ortodoxa celebra a Páscoa de
pediu ao papa Gregorio XIII para que acordo com o calendário Juliano e es- vada pelos emigrantes
fixasse uma data oficial para a celebra- colheram o primeiro Domingo depois alemães em 1913.
ção da Páscoa e que viria a ser o pri- da festa judaica, Passover.
meiro Domingo depois da primeira lua Os católicos usam o calendário lunar e Em tempos tive uma
cheia, a partir do primeiro dia de Pri- a formula criada no concilio de Nicea. quantidade de coelhos
mavera. Ora a Primavera começa a 21 É complicado. Não é? Mas ainda po- e agora só tenho as
de Março, data do equinócio de verão, derei complicar mais o caso se juntar o pombas e os canários.
dia em que o Sol cruza o equador. coelhinho Pascal. Quem sabe se um dia
Por isso, o mais cedo que a Páscoa po- Como é que um coelho pôe ovos? destes, em vez de ovos
derá ser é no dia 22 de Março. Usando Muito fácil: diz a lenda que o coelho nos ninhos, me vão
a data da primeira lua cheia, conta-se da Páscoa era um belo pássaro que aparecer coelhos? De
40 dias para trás, não incluindo os pertencia à deusa Eostre e um dia uma forma ou doutra,
domingos e aí se determina a Quarta- transformou-se em coelho. Como por desejo a todos uma
Feira de cinzas. E o dia antes é, então, dentro continua pássaro, contrói o seu Feliz Páscoa e o leitor
o dia de Entrudo. Portanto a Páscoa é ninho e põe ovos. acredite no que quiser.
que determina o Entrudo e não o En- Em Portugal não sei quando começou
trudo a Páscoa. essa história do coelho da Páscoa, mas
A razão principal que se viria a discu- no Brasil é muito recente, pois foi le-
10 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2009

Reflexos do Dia–a–Dia
... não aproveitamos para Diniz Borges
mandar mensagens culturais d.borges@comcast.net

A
nossa comunidade alinhavado sobre a nossa comu- em mudança. brincamos com a barriga, salvo munitários pensam que elas são,
portuguesa na Califór- nidade não têm visto a luz do dia. Mas é também mais do que óbvio seja! ou até gostariam que elas fossem.
nia está em mudança! E a razão é muito simples: seriam que infelizmente estamos infesta- Enquanto nos divertimos, esque- É que cada vez que se enche um
É, seguramente, a fra- incompreendidos, seriam mal in- dos com uma grande inércia, em cemo-nos, ou fazemos que nos salão com 400 ou 500 pessoas
se mais usada e mais abusada por terpretados—bem, isto não quer termos de reflexão comunitária, esquecemos, das modificações para termos “a festa do século”,
quem pensa as nossas comunida- dizer que o que escrevo sobre o em termos de ponderar cada um que são indeclináveis numa co- há milhares de compatriotas nos-
des, quem as analisa e quem as mundo político, social e cultural dos nossos eventos comunitários. munidade que não se renova há sos que não estando no bailarico,
reflecte, além do episódico e nés- nos Estados Unidos também não E dir-se-á, até com alguma razão, mais de 25 anos. Enquanto per- estão contribuindo para a nossa
cio contacto. Apesar da frase ser seja mal interpretado. Mas tam- porque primeiro; dá trabalho; sistimos em fazer o que fazíamos comunidade, muitos anonima-
usada e abusada, são raros, quase bém nunca escrevi para ganhar segundo, pode trazer (quase sem- há três décadas, porque é mais fá- mente, nos mais variados cargos
até extintos, os espaços públicos um concurso de popularidade ou pre traz) chatices. Porém, é mais cil e dá-nos menos trabalho, per- das cidades, dos condados, da
onde se reflecte as nossas comu- uma medalha. do que sabido que sem canseiras, demos oportunidades únicas de região onde trabalham e vivem.
nidades. Há, acima de tudo, um O que é mais do que óbvio, é que, e sem aborrecimentos, o mundo levar a nossa cultura, as nossas A nossa comunidade, e a nossa
grande receio de se analisar e re- colectivamente, não gostamos não progride, nem tão pouco as tradições, junto do mundo ame- cultura, nunca estarão circuns-
flectir, objectivamente, as nossas muito de olhar e reflectir além do nossas comunidades. Daí que ricano, do qual, quer queiramos, critas a um conjunto de guetos.
comunidades. Caso para pergun- que está programado para esta continuamos com os mesmos quer não, também fazemos parte e Bem sei que os guetos são espa-
tar: porque será que temos medo tarde. Passamos muito tempo a afazeres, que nos dão prazer e é o mundo dos nossos filhos e ne- ços (entenda-se o termo não me-
de enfrentar a realidade? Será promover esta ou aquela festa, nos trazem alguns momentos de tos. Enquanto recusamos trazer ramente como espaço físico, mas
que andamos a fingir ou a fugir sem tirarmos um minuto para o felicidade efémera: mais uma à ribalta, na nossa comunicação no nosso caso sobretudo como
ao inevitável? diálogo e a reflexão. É que, como festa, mais uma matança, mais social os assuntos pertinentes, social) seguros onde muita gen-
Comecemos por falar dos espa- comunidade, cada vez mais fala- uma tarde de touros, mais uma alguns até mesmo melindrosos te se sente bem, onde outros só
ços públicos de reflexão comu- mos uns para os outros e não uns visita desnecessária de entidades duma comunidade em mudança, aí podem sobressair, brilhar até,
nitária. É sabido que num vasto com os outros. Fazemos festa vindas de Portugal e dos Açores, porque tais questões ferem sus- mas esses espaços são cada vez
Estado como a Califórnia, um atrás de festa, as quais, infeliz- mais uma dança, mais um baili- ceptibilidades, ou giram contro- menos expressivos em termos de
dos lugares privilegiados para mente, raras vezes são julgadas nho, mais uma noite cultural sem vérsia, perdemos oportunidades representarem a globalidade da
essa reflexão é, indubitavelmen- pelas mensagens que passam cultura, mais um sermão oco, de elevar o discurso e a cogitação nossa comunidade. É que a nos-
te, a comunicação social. Porém, ou pela cultura que transmitem. mais um discurso longo e pilha- comunitárias. sa comunidade está em todos os
são pouquíssimos os espaços São sim aquilatadas pelo número do de elogios fáceis, mais um Há 30 anos que ouço: isso não espaços da sociedade norte-ame-
onde há lugar para a análise fria de bilhetes que conseguem ven- momento de pseudo intelectuais é para as nossas comunidades. ricana. E nós só ganhamos com
e objectiva, para a crítica sem der ou pelos salões que enchem. em franca hemorragia apologéti- Durante 12 anos do simpósio Fi- isso! É disto precisamos falar e
rodeios e receios, para o comen- Acho que um dos maiores desper- ca, mais uma jantarada de peixe lamentos da Herança Atlântica reflectir, sem complexos nem as-
tário sério e coeso, que vá além dícios que temos tido em termos (em tempo quaresmal, à sexta- ouvi: essa cultura não é nossa. sombros. Precisamos, nos nossos
do paroquial, do populismo e do culturais é deixarmos os grandes feira pode-se mentir, pode-se fa- A verdade é que as nossas comu- fóruns públicos, ter a coragem, a
elogio gratuito e banal. Aliás, eventos comunitários, porque os lar mal, pode-se atropelar o nosso nidades de origem portuguesa na audácia, de ir além do que é fácil,
abra-se um pequeno parêntese temos em todas as comunidades, próximo para que cheguemos ao Califórnia, se entendemos por rijo, absoluto e cada vez menos
para confessar a minha própria à mercê do sabor da ocasião e não nosso objectivo mais cedo, mas comunidades todos aqueles que representativo da comunidade
culpa. É que, particularmente os aproveitarmos para transmitir- comer carne, nunca) mais uma um dia emigraram e os seus des- em geral, da tal comunidade em
nos últimos dois anos, muitos mos mensagens culturais urgen- ceia de sopa, mais um banquete cendentes, são muito mais expan- mudança.
dos textos reflectivos que tenho tes nestas nossas comunidades de caranguejo. Pelo menos não sivas do que os pseudo líderes co-

Memorandum Era uma vez a “Palavra de Honra”...


João-Luís de Medeiros
2 – No dignidade do discur- guns parlamentares para terçar, Sabemos que os adversários do
jlmedeiros@aol.com so parlamentar, “o Verbo é de com elegância verbal e educação sistema semi-presidencialista fa-
oiro”... temperamental, os argumentos zem gala das estórias macabras
em defesa da sua “dama”, ou seja que procuram denegrir a insti-
Imaginemos por um momento o a sua “ideia”. tuição parlamentar. Imagino que
1 – nem sempre o antigo enve- centes dançarinos do folclore re- talento ímpar de alguns dos vetus- muitos ainda se lembram do te-
Não receio de ser apodado de
lhece... ligioso. Quem ousasse optar por tos tribunos do parlamentarismo nebroso sequestro da Assembleia
parlamentar demófilo da “velha

I
uma posição equidistante entre português do século XIX (estou a Constituinte (1975) com o fim de
escola” lusitana. Mas jamais es-
magino muitos ilhéus da a hostilidade cordial das mordo- pensar em Almeida Garrett, José impedir a aurora do constitucio-
quecerei a pertinente escaramuça
minha geração com a me- mias religiosas, sentia-se réu dum Estevão, sem cuidar de enaltecer nalismo democrático.
verbal que presenciei entre dois
mória fresca das homilias atrevimento deveras pecaminoso. figuras ímpares da escola Coim- Todavia, é sempre preferivel para
parlamentares do meu tempo.
que serviam para intervalar Ainda hoje a ‘palavra da verdade brã, onde o rigor do apostolado um parlamento alcançar fraca
Refiro-me ao desaguisado verbal
a lengalenga bilingue da conta- eterna’ continua a ser pesquiza- da livralhada nem sempre rimava visibilidade pequeno-burguesa
entre os deputados Adelino Ama-
da nos laboratórios da fé; e ha- com o humanismo estudantil da do que ser objecto, pela negati-
corrente da moralidade paro- ro da Costa (CDS) e Lino Miguel
via suspeitas de que a atracção “ínclita” geração integrada por va, duma inesperada curiosidade
quial. Há mais de meio século, (PCP), ambos parlamentares de
emocional pela ‘espiritualidade Antero de Quental, Manuel de existencial. Explico-me: no dia 1
para não melindrar a sensibili- reconhecidos recursos. A dado
tecnológica’ podia conduzir as Arriaga, Teófilo Braga, e outros de Março de 1954, o Presidente
dade materna, raramente falha- momento ouviu-se o adjectivo

D
mentes mais frágeis à corrida su- açoreanos mais recentes...) da Casa dos Representantes dos
va presença na missa dominical, “parvo” ribombar no interior da
persónica da fantasmagoria... ado que a comunica- E.U.A. era um congressista eleito
junto da rapaziada que se aglo- vetusta Câmara. Foi então que
Era uma vez a “palavra de hon- ção social portuguesa por Boston, chamado Joe Martin.
merava nas redondezas do “Co- o então deputado Lino Miguel,
ra”. Desde há muitos anos, vimos (e seus devotos satéli- Naquele fatídico dia, quando es-
ração de Jesus”, cujo altar ficava na circunstância o mais idoso de
procurando decifrar o idioma do tes at large) raramen- tava a conferir a presença dos 243
logo a seguir à entrada da sacris- ambos, ripostou num tom con-
Silêncio. Por vezes surpreendo- deputados federais, dois rapazes
tia. Durante a homilia dominical, te presta atenção profissional ao vincente: “- Saiba V.Exa. que não
me a desabafar com amigos so- acompanhados por uma belda-
desenrolar dos trabalhos parla- sou parvo; e não sou parvo há
a coberto do vozeirão do nosso bre a suspeita de que há silêncios de saltaram subitamente para o
mentares, acontece que a opinião mais tempo que V.Exa.” (risos)
pároco, a rapaziada discutia em mais calados do que outros... E hemiciclo a gritar “Free Puerto
pública só costuma ser alertada Como muitos talvez recordam,
surdina a “formação” da equipa até hoje não desisto de afinar o Rico”. Logo a seguir começaram
para aspectos menos dignos da antes da Primavera de 1978, a si-
de futebol que ia treinar no areal, meu “ouvido mental” para não a disparar, indisciplinadamente...
sua rotina. Foi o que aconteceu tuação revolucionária continuava
para continuar em “boa forma” perder as nuances ideológicas da Mais tarde, soube-se que os ata-
há dias com o sensacionalismo ainda “quente”, até mesmo nos
para defrontar outras equipas Palavra. cantes eram membros da mesma
em saldo, ilustrado pela “esca- Açores onde o ministro Almeida
que compareciam no Poço Ve- Imagino que há gente que prefere facção terrorista que, quatro anos
ramuça” verbal de dois deputa- Santos fora pesadamente agredi-
lho. Nos meses de verão a nossa o acesso ao discurso geométrico, antes, tentara assassinar o presi-
dos da Assembleia da Republica do por um grupo de energúme-
imaginação juvenil vagueava no desnudado de paramentos almo- dente Harry Truman.
nos. Ora perante tão dramática
dorso imaginário das ondas que fados para se proteger das quinas (PS versus PSD). Refiro-me aos ... espero nunca ver o chão
circunstância (que depressa “sal-
vinham meigamente inundar o das ideias; gente pronta a abraçar recrutas do civismo parlamen- da dignidade democrática da mi-
tou” ao plenário da Assembleia
conhecido “boqueirão”, ali no o discurso que estabeleça uma li- tar, porventura distraídos de que nha terra encharcado pelo sangue
da República) não faria qualquer
sopé sul da igreja, onde a nossa nha recta concludente, infalível, o antigo convento de S. Ben- honrado da democracia portu-
sentido ao deputado açoriamo
das falas & dizeres; o discurso to, em Lisboa, não é caserna do guesa. No discurso parlamentar o
piscina natural é protegida pelo incensar a prudência do silêncio.
que não apresente esforço extra “fala-barato”, mas sim “artéria” insulto é um vírus maligno: só o
bordado vulcânico que ainda hoje Era imperativo denunciar o inci-
para o leitor apressado; enfim, o vital da democracia portuguesa. Verbo é de oiro!
separa o areal pequeno da praia dente, sugerir medidas inequívo-
discurso que diga que, no pas- O nosso espanto não se limita a
das milícias. Naquele tempo, não cas para o reforço da segurança
sado, a nossa ilha já foi vírgula vociferar “credos-em-cruz” face
era costume aprender a nadar. O pública, e abreviar o subsequente
esquecida numa oração ao sofri- ao mau gosto dos palavrões en-
mar é que nos ensinava a nadar... apuramento de responsabilidades
mento, mas que agora é ponto de tão usados. A questão centra-se
Com mais ou menos agilidade dos governantes locais. E assim
interrogação no discurso do pro- na manifesta incapacidade de al-
cultural, éramos quase todos ino- foi.
gresso...
COLABORAÇÃO 11

Temas de Agropecuária
Sabores da Vida
Egídio Almeida
almeidairy@clearwire.net Quinzenalmente convidaremos uma pessoa a
dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma
condição - que saibam cozinhá-lo.

Os tempos difíceis... A nossa convidada nesta quinzena é Maria Ascenção Mendes,


natural da Terceira, casada com Antonio Mendes e residente em
Denair, California.
Devemos dar o crédito mere- anos atrás o “Center Valley Re- para eliminar o “Gonçalves Milk
cido às familias produtoras gional Water Quality Control Bo- Pool Act”. Esta lei foi introduzida
de leite pelo seu esforço e ard” (Regional Board) adaptou por um Português Joe Gonçalves Alcatra à Moda da
participação na protecção do os regulamentos mais severos, e inicialmente aprovada em 1969. Terceira
meio ambiente nunca antes implementados a ne- A popularidade desta lei decaíu

O
nhuma industria. Estes requerem um tanto, à medida que a indus- 1 Kg de carne boa do pesco-
ano 2009 começou extensivas investigações e testes tria foi crescendo e a quantidade ço
com terríveis conse- ao meio ambiente desde os poços de leite utilizado na classe 1 di- 2 cebolas picadas miudas
quências económicas de produção de água subterrane- minuíu em percentagem, mas os 2 dentes de alho
as, às águas usadas como fertili- entendidos dão crédito a esta lei 1 folha de louro
para a produção de
zantes na agricultura, incluindo a pelo sucesso gigantesco da in- 10 a 12 bolinhas de pau de
leite - os preços do queijo des- cravo
ceram para preços inferiores ao própria água de irrigação, fruto dustria da agropecuária na Cali-
das neves que caem nas serras. fornia nos ultimos quase 40 anos, 3/4 de toucinho de fumo, cor-
minimo estabelecido pelo Go- tado miudo
verno Federal e muito aquém dos Requerendo ainda testes ao solo, eliminando injustiças e práticas
1 colher de sal
nutrientes utilizados, incluindo destrutivas na distribuição dos
altos custos de produção, e disso 2 copos de vinho - um branco
quantidades para cada cultura, valores recebidos pelo leite na-
falaremos em mais detalhe antes tipo Chablis e um Burgundy.
documentação tem que acom- queles anos. Foi especialmente 1 copo de água
de terminar este nosso trabalho.
panhar todas estas exigências efectiva em eliminar práticas co- Forno a 350 graus.
A pressão económica sobre os ao custo de milhares de dólares merciais, em que os comercian-
produtores, especialmente os da 3 horas e meia a cozer
anuais, Segundo os mais entendi- tes e transformadores do leite
California e suas familias é tão dos, isto é apenas o princípio de em produtos do mesmo extraiam
severa que haverá dificuldades de uma longa caminhada em que a conceções aos produtores de leite Experimentem e depois
sobrevivência económica, devido industria acabará por ser sempre que ambicionavam que o seu leite convidem-nos. Nós le-
à instabilidade dos preços do leite a mais sacrificada. fosse incorporado e vendido na vamos o vinho.
e altos custos de produção, espe- O período da implantação de to- classe mais alta.

U
cialmente investimentos que não dos os regulamentos é de cinco
resultem em maiores ganhos, tais anos, para dar aos operadores o ma estimativa dos
como ambientais. tempo necessário para se adap- preços do leite para
Os regulamentos ambientais são tarem a cumprir com os regu- os meses de Feverei-
presentemente um obstáculo e lamentos e ao mesmo tempo a $9.90, quando os custos de pro- ger os grandes distribuidores que
ro e Março indica
os produtores estão procurando possibilidade de manter os seus dução estão oscilando entre $16 tem dado provas de sobejo de só
que o preco do overbase será de
resposta em como condescender negócios. e $18 dólares. Porque razão não pensarem em si próprios.
$9.64 e $9.61 respectivamente
a estes regulamentos. estão os produtores de queijo e
por cada 100 libras. A pergunta
Aqui no Vale de San Joaquin as O Senador Dean Florez (D-Shaf- outros transformadores usando
que se faz é: quando é que o Go-
leitarias estão particularmente ter) introduziu no passado dia 27 esses mecanismos para proteger
verno Federal tem mecanismos
sob rigorosa vigilancia. Há dois de Fevereiro uma proposta lei o preco minimo em vez de prote-
para garantir o preço mínimo ds

Coisas da Vida
... a qualidade e a diversidade dos
Maria das Dores Beirão
winesao@gmail.com
seus colaboradores

U
ma das coisas que te- gostos, as suas preferências lite- Sinto-me bem quando vejo os
nho a certeza acerca rárias, as suas preocupações polí- vossos rostos, quando leio os vos-
deste jornal, é a qua- ticas e o seu humanismo. sos artigos, quando sinto os vos-
lidade e diversidade Escusado será dizer que os teus sos anseios, quando me atrevo a
dos seus colaboradores. O que textos são parte da minha leitu- fazer-vos companhia.
ainda não me havia ocorrido é o ra. Sinto-me bem neste momento,
número de mulheres que fazem em que escrevo acerca destas
parte da grande lista, que nos traz Ellen Morais, com o seu “ Sabor Mulheres, embora sabendo ter
incalculáveis benefícios. Tropical”, delicia-nos com os sa- omitido valores merecidos, mas
É sobre este assunto que humil- bores e dissabores do seu Brazil, com a certeza que cada palavra
demente me debruço neste meu assim como do estado das coisas teve origem num espaço muito
pequeno apontamento. Nem to- na aldeia global. O seu talento intimo do meu coração.
das escrevem com a mesma as- como escritora e poetisa são rele-
siduidade, por isso começo por vantes para qualquer leitor. Para todas um abraço fraterno
aquelas cuja presença já é cons- Foi muito bom conhecer-te em-
tante. bora brevemente. Até à volta

Filomena Rocha, mulher de Goretti Silveira, com menos fre-


muitos talentos, entre os quais quencia, oferece-nos “ A Outra V
locutora, poetisa e cantora, traz- oz”, uma voz clara e inteligente,
nos com a sua “ Água Viva”, opi- sempre à procura da justiça e
niões, análises de acontecimen- igualdade de todas as mulheres,
tos relacionados com as nossas de todas as raças e idades. contramo-nos novamente em segurança social, um serviço de
vivências, tanto daqui como do Tenho respeito pelo teu empenho Santa Catarina, sua terra natal e grande interese para a comunida-
outro lado do mar, as suas preo- e pela tua visão. assim nasceu uma amizade ali- de portuguesa.
cupações de mulher que pertence mentada pela correspondência
dois mundos. Sempre presente o Lélia Nunes, escritora profícua, virtual e pelas recordações vivi- Alícia Filomena Cota, embora
seu interesse pelos nossos costu- escreve com grande afecto acerca das em duas ilhas tão distantes, com raridade, “ Do Meu Jardim”,
mes e tradições. dos Açores, e embora raramente, mas tão iguais. espalha flores de tanta beleza nas
Leio-te atentamente e com gosto. navega na “ Maré Cheia” dos ma- páginas da nossa Tribuna e dei-
res do nosso amigo Diniz Borges, Judite Teixeira, oferece os seu xa-nos com o grande desejo de a
Margarida Silva, nos “ Traços com artigos de grande interesse. conhecimentos profissionais em conhecer. A juventude necessita
do Quotodiano”, partilha os seus Conhecemo-nos nos Açores e en assuntos relacionados com a de ti e das tuas flores.
12 COMUNIDADE 15 de Março de 2009

Celebrando Goa Fotos e Texto de J.R.

M
ais de duas centenas organizaram um programa mui-
de goeses reuniram- to interessante e que certamente
se no Centro Comu- vem ajudar a construir uma me-
nitário da India em lhor ponte de aproximação e en-
Milpitas no Domingo, dia 22 de tendimento entre as comunidades
Fevereiro, para celebrar com mú- locais de Goa e de Portugal.
sica, poesia, arte e culinária a sua Nelson Ponta-Garça organizou
terra natal – GOA. e ensaiou um conjunto musical
Querendo que nesta celebração com a seguinte composição:
anual da comunidade goesa da Crystal Mendes – Vocalista
àrea da Baia a língua e cultura Luís Sousa – Voz e Acordeon
portuguesas sejam sempre dos Bruno Dutra – Violão
elementos mais importantes do Eric Moules- Bandolin
programa, o organizador e pre- Daniel Santos – Trumpete, 12
sidente desta associação, George anos de idade
Pinto, uma vez mais convidou a Nelson Ponta-Garça – Teclas
comunidade portuguesa a parti-
cipar. E durante 30 minutos estes mú-
Este ano, dois conhecidíssimos sicos, prata da nossa casa, de-
elementos da nossa comunida- liciaram a vasta audiência com
de, Nelson Ponta-Garça e João música portuguesa, mas na sua Nelson Ponta-Garca, Luis Sousa, Eric Moules, Crystal Mendes e Bruno Dutra.
de Brito, aceitaram o desafio e maioria interpretações de música
apresentação de um segmento ses espalhados pelo mundo, para
do seu documentário Fado. Este benefíciar, directamente, indiví-
segmento de 15 minutos, sober- duos e instituições de Goa. Todos
bamente filmado em Goa, e ilus- os anos Goa Sudharop seleciona
trado com música de fado, faz um novo alvo para a sua campa-
parte do documentário de longa nha de solidariedade. Neste ano
metragem que será formalmente que findou os fundos angariados
apresentado no mercado interna- foram dedicados a programas e
cional em Outubro próximo. eventos relacionados com a ju-
E o programa da tarde prosseguiu ventude de Goa. No próximo
com música e danças de Goa in- ano, o alvo será o meio ambiente
terpretadas por adultos e muitas de uma Goa que está a ser assal-
crianças trajando os mais colori- tada por um desenvolvimento de-
dos trajos regionais de Goa. senfreado e maléfico que ameaça
destruir a sua beleza natural.
Para além de Goa Institute of San Celebrando Goa é um evento que
Francisco, uma organização com certamente merece o maior apoio
mais 35 anos de idade, no ano de da comunidade portuguesa, aju-
2000 a comunidade goesa criou dando assim a estreitar os laços
Goa Sodharop, uma instituição de amizade entre todas as fac-
sem fins lucrativos, que ainda ções da comunidade lusófona da
este ano passado angariou mais California.
de 300 mil dólares entre os goe-
João de Brito declamando um poema seu regional dos Açores. Para fina-
Embaixo: O jovem Daniel dos Santos tocando o Hino Nacional lizar a actuação deste conjunto,
Português. Direita: Catedral de Santa Catarina em Goa Nelson apresentou o jovem e ta-
lentoso Daniel Santos para tocar
o Hino Nacional Português. E
sem a menor hesitação, toda a au-
diência se levantou, e em silêncio
e com o maior respeito, escutou a
magnífica interpretação do hino
nacional por aquele jovem.

Em seguida o conhecido pintor,


João de Brito, subiu ao palco para
declamar, em inglês, um poema
de Adelina Azevedo Axelrod e
outro que ele próprio compôs
para a ocasião. Foi também a
convite de João de Brito que o
cineasta, Joshua Mellars, deli-
ciou a audiência goesa com uma
enorme e agradável surpresa – a
COLABORAÇÃO 13

Agua Viva
Filomena Rocha
Carlos César
filomenarocha@sbcglobal.net em Winnipeg
Não vais as Ilhas este ano?
Agora, o tema é sempre o mesmo, e a pergunta é sempre
igual à de todos os anos: Vais este ano a Portugal? Não
vais às Ilhas este ano?
Há que matar as Saudades a qualquer preço. E o Açoriano
é o mais saudoso da sua terra. Se preciso for, para ajudar
a coragem, faz uma promessa ao Divino Espírito Santo,
ou outro Santo ou Santa da sua devoção e até vem mes-
mo a calhar aquela promessa que um dia os pais fizeram,
mas que não tiveram tempo nem oportunidade de “pa-
gar“… Porque os problemas inesperados acontecem e se
avolumam de ano para ano. Se a doença ou a morte se
antecipam, por muita Fé que se tenha, o que está escrito,
escrito está para ser cumprido. De nada adianta atribuir
culpas seja a quem for. Deste modo, se os filhos sabem que
o pai tinha aquela promessa, querem cumpri-la para que
a sua alma fique em paz. E sempre é uma oportunidade,
talvez única, de ir visitar os lugares de origem, onde nas-
ceram, brincaram, foram à primeira escola, e até se deram
as primeiras cambalhotas que no momento custaram um
amargo puxão de orelhas… Mas que agora ao recordar até O presidente do Governo dos Açores revelou ter aceite latura, em Lisboa, o que não deixará, na sua opinião, de
parece doce. Esfrega-se as mãos de contente, e um brilho- um convite da Casa dos Açores de Winnipeg para visitar ser interessante e igualmente muito pedagógico, “evi-
zinho nos olhos sobressai do propósito e da nostalgia dos a comunidade açoriana residente naquela cidade cana- denciando a qualidade da nossa comunidade açoriana e
velhos tempos. diana. a sua inserção nos níveis de decisão do país”.
A verdade, é que em chegando esta época, já a inquietante Carlos César, que recebeu em audiência o presidente Isso seria, de resto, semelhante ao que já aconteceu
Saudade, aliada ao bichinho “carpinteiro” começam a in- da instituição, José Santos, acrescentou que conjugará aquando do Dia dos Açores em Fall River e ao que suce-
comodar os mais “fraquinhos”, isto é: os que não resistem as comemorações do Dia dos Açores, já marcadas para derá com as comemorações marcadas para Toronto, no
à Saudade; e dôa a quem doer, pernas para que vos quero. Toronto, com deslocações a locais de mais significativa Canadá, país onde a nossa comunidade “é muito qualifi-
Está tudo a aprender a outra forma de vida. É uma questão presença de emigrantes açorianos, quer no Canadá, quer cada, dispersa por muitas actividades profissionais, eco-
de cultura. O Americano também vive para o dia de hoje. nos Estados Unidos, pretendendo mesmo visitar, neste nómicas, universitárias e outras – e é a essa diversidade
O Mexicano a mesma coisa. E nós aprendemos com eles
último país, o estado de Rhode Island, no cumprimento que nós prestamos homenagem, quer do ponto de vista
ao fim de muito conviver e labutar. Talvez seja um pou-
co frívolo e um tanto irresponsável pensar assim, mas o de um compromisso que assumiu com autoridades ame- territorial, quer das funções que os açorianos desempe-
contrário não será também uma falta de Fé em Deus e no ricanas. nham por todo este mundo”.Carlos César deixou ainda
futuro? Então, seja o que Deus quiser. Realçando a importância da comemoração, fora dos a reafirmação do apoio do seu Governo a todas as ini-
E não fosse esta maldita crise que há tanto se apregoa por Açores, do dia da Região, o presidente do Governo disse ciativas que tenham em vista a promoção dos Açores no
causa de uns quantos que esbanjaram mais do que deviam que “em boa verdade, ser açoriano é um estado de espíri- exterior e o consequente incremento do afluxo turístico,
sem se preocuparem com ninguém, e já todos estaríamos to, uma forma de estar, e é possível viver a açorianidade nomeadamente dos países onde residem comunidades
de malas aviadas, com planos feitos para as Sanjoaninas fora das nossas ilhas como nas nossas próprias ilhas”. de emigrantes, como é o caso do Canadá.
de Angra, ou as Festas do Concelho da Praia, como agora Na mesma linha, afirmou esperar que a comemoração
se diz. Isto, sem contar com as outras festas, pois eu sei do Dia dos Açores possa também ser feita, nesta legis-
que há quem tenha promessa para a festa da Senhora dos
Milagres na Serreta, mas ao preço que estão as passagens,
só mesmo por milagre.
Bem que a gente quer e fala, mas quem dá trôco ao emi-
grante? - Se até já ninguém quer dólares, nem para as pi-
pocas, milhos torrados e as saborosas pastilhas elásticas
Terceira, Frankfurt, Milão
cor-de-rosa, que antes pareciam rolinhos de rebuçado e
sabiam a coisas boas… E nos transportavam ao país das
estrelas com vestidos de chiffon dançando nas núvens com A ilha Terceira vai dispor, no próximo Verão, de ligações aos efeitos negativos que a crise económica internacional
Fred Astaire, cantando e sapateando debaixo de chuva com aéreas às cidades de Milão e Frankfurt, anunciou o se- tem produzido nos mercados turísticos”.
Gene Kelly… E sonhando com estranhos na noite na voz cretário regional da Economia, após uma reunião, hoje Para Vasco Cordeiro, “a estratégia de conjugação entre
única de Frank Sinatra… em Angra do Heroísmo, com dirigentes da Câmara de diversas entidades demonstra que podem ser encontra-
Como tudo mudou! Até o encanto da vida e das coisas Comércio e Indústria local. das soluções para captar mais turistas para a Região,
simples a que só o imigrante parece dar valor. Hoje, já nin- Vasco Cordeiro acrescentrou que, em Junho, arranca a quer reforçando a nossa presença em mercados onde os
guém parece sonhar com nada. ligação semanal directa entre Terceira e a cidade alemã Açores têm já bons índices de notoriedade, quer abrin-
Se naquela altura já tivéssemos todas as semanas uma de Frankfurt, iniciando-se, no mês seguinte, um voo cir- do novas oportunidades de negócio em mercados onde a
SATA que nos levasse e trouxesse a preço acessível, pou- cular Milão/Ponta Delgada/Lajes. Região começa agora a ser apresentada”.
cos teriam ficado na Ilha, nem que fosse apenas para tocar Segundo sublinhou, estas ligações representam “mais “Num ano que não será o mais fácil, tendo em conta a
o chão dessas estrelas do cinema e da canção. um passo no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido retracção a que temos assistido nos países emissores de
Bem que nos enchem de promessas nos discursos dirigi- com o objectivo de captar novos mercados para o sector turistas para a nossa Região, o Governo dos Açores está
dos à nossa saudade ingénua, e não faltam embaixadores turístico regional”. a fazer, e fará tudo o que for possível, com todos os par-
das festas que aproveitando o que ainda a mãe-Europa dá, Referiu , também, que as duas novas ligações aéreas com ceiros do sector, para conseguir vencer os desafios que
nos vêm acicatar o desejo de voltar. É bom vê-los, sem dú- Terceira resultam do trabalho “que tem vindo a ser re- enfrentamos”, disse.
vida alguma, mas precisamos dizer-lhes que eles próprios alizado pelas duas câmaras municipais da ilha , Angra A realização de frequências semanais com as cidades de
têm de levar o recado dos nossos anseios e preocupações do Heroísmo e Praia da Vitória, pela Secretaria Regio- Frankfurt e de Milão junta-se a outras duas ligações já
no sentido positivo de haver condições para o imigrante nal da Economia, Associação de Turismo dos Açores e realizadas em 2008 e que se vão repetir este ano, igual-
querer e poder sempre voltar, não só pelo Santo Cristo, pela Câmara do Comércio e Indústria de Angra, com o mente com o apoio do Governo dos Açores - Paris e
os que vivem na Costa Leste da América, metade do pre- objectivo encontrar soluções que permitam dar resposta Amesterdão.
ço dos que vivem no Oeste Americano. Afinal de contas,
todos somos Ilhéus. E, dr. Carlos César, a frase é sua: “O
importante é pensar Português”.
Paroles, paroles, paroles… caramels, bonbons et choco-
lats! Que não servem para adoçar as nossas vidas. Preci-
samos de resoluções!
Pensando bem, contas feitas às horas de viagem, gasolina
e número de passageiros… Se eu fosse piloto, até gosta-
ria de ter um aviãozinho daqueles… Se calhar ainda fa-
ria para os caramelos, bom-bons e chocolates para dar às
criancinhas.
14 COMUNIDADE 15 de Março de 2009

Comunicados
1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores
cumprimentos e tem a honra de comunicar que a Fundação Calouste Gulbenkian
anunciou a abertura de um Concurso, relativo ao ano lectivo 2009/2010, para
candidatura a “Fellowhip” na John’s Hopkins University.
O prazo para candidatura termina a 15 de Maio próximo
Informações sobre este Concurso podem ser solicitadas através do e-mail
transatlantic @jhu.edu ou telefonando para 202 663 5880.

San Francisco, 26 de Feverejro de 2009.

2. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores


cumprimentos e, a pedido da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Co-
munidades Portuguesas, tem a honra de comunicar que quem estiver interessado
pode candidatar-se à segunda edição do Prémio Empreendedorismo Inovador na
Diáspora Portuguesa, cuja data limite é 31 de Março de 2009.
Os processos de candidatura deverão ser submetidos a COTEC PORTUGAL,
através do endereco electrónico diaspora@cotec.pt ou através do site www.cotec.
pt/diaspora.

San Francisco, 26 de Fevereiro de 2009.

Televisão em sinal
fechado à borla na net
Actualmente a internet é um veículo usado
para as mais variadas utilizações, sendo os
seus conteúdos diversos quanto baste. Ver
televisão é um das opções.
Agora, por isso, é fácil e mais barato ver
televisão e até mesmo assistir a programas
que só são transmitidos em canais codifica-
dos totalmente à borla na net.
Os principais canais nacionais, RTP, SIC e
a TVI também oferecem conteúdos televi-
sivos na internet, embora não o façam na
totalidade da sua oferta, apostando quase só
em programas de informação.
Por exemplo, o Sintonizate.net é um novo
site, com um design bastante atractivo que
lhe permite ver vários canais televisivos on-
line, no entanto, o site permite ainda verifi-
car a programação do dia, ouvir centenas de
rádios online em Portugal, vídeos retirados
do YouTube e MetaCafe e organizados por
categorias e jogar pequenos ‘joguitos’ flash.
Na área de “Televisão” do site pode ver os
vários canais online. Para além de canais
nacionais como Tvi, Sic, Rtp, Sic Radical,
entre outros, ainda é possível assistir a ca-
nais internacionais como o canal de música
MTV, o canal BBC, Cartoon entre muitos
outros, que se encontram organizados por
tema. Outro projecto português de televisão
na internet é a TV Tuga.
Pedro Botelho - parcial in Expresso das Nove
PATROCINADORES 15
16 COMUNIDADE 15 de Março de 2009

Reformados - Que qualidade de vida?


Começamos hoje uma série de con- actividade diária de grandes res- 1. Qual é a sensação que se tem quando 3.Qual era a actividade que gostariam de
versas com reformados da nossa ponsabilidades, para uma vida mais uma longa actividade profissional é inter- ter, agora que têm todo o tempo do mun-
comunidade que tiveram uma vida calma, menos “stressante” e quais rompida por uma passagem à reforma? do?
profissional muito activa. as consequências disso na saúde e no Que consequências, que frustrações? 4. Que conselhos daria aos jovens, depois
da vossa experiência de dezenas de anos
O propósito desta troca de impres- bem estar da própria pessoa.
2. Hoje, como é que passam os seus dias? de trabalho?
sões é saber como é que se passa de As perguntas foram as seguintes: Que actividades é que mantem?
um momento para outro, de uma

Rodrigo Alvernaz Fernando Soares Silva Eduardo Mayone Dias


1. Quando, em 1999, passei à reforma com 63 anos 1. A passagem à reforma acarreta sempre um período 1. No meu caso a transição foi relativamente gradu-
de idade após 42 anos de serviço, não foi por o querer de relativa confusão e desorientação no novo modo de al pois continuei a dar aulas por um trimestre após a
fazer tão cedo na minha vida, mas foi principalmente vida de quem se retira das suas habituais ocupações data oficial da aposentação. Após esse período veio
devido a razões de saúde, ou melhor, falta de saúde. A profissionais.
tranquila a passagem à inactividade profissional.
sensação original foi, sem dúvida, uma de quase com- Mesmo na hipótese de cuidadosa preparação e de pré-
pleta isolação, senti a falta do contacto diário com a via programação das suas novas actividades, o refor- A reforma fora aliás maduramente pensada. O meu
nossa gente, com colegas de serviço, com a nossa que- mado confronta temporárias, e por vezes, inquietan- colega Prof. Claude Hulet, catedrático de Literatura
rida comunidade. tes, sensações de vacuidade e de inutilidade social, Brasileira. havia-se aposentado um ano antes e não
Eu sempre disse que, graças a Deus, eu usufri do me- que podem ser agravadas seriamente quando ele se foi substituído. A sua ausência representou um rude
lhor de dois mundos. Isto é, tendo a oportunidade de refugia nos ilusórios antros da inactividade, mental ou golpe para a integridade do programa de Português e
viver neste grande e acolhedor país e lidando no quoti- física. eu senti-me frustrado ante o inevitável decréscimo do
diano com gente da minha gente. Durante a fase de adaptação à sua nova situação, o re- número de alunos, agora impossibilitados de cumprir
Eu tive a felicidade de chegar à Califórnia com 17 anos formado procura estabelecer condições que lhe permi- os requisitos da licenciatura ou mestrado.
de idade quando a imigração Portuguesa quase não tam coerência e equilíbrio, e também o desejado bem- Por outro lado, no meu último ano aumentaram os en-
existia. Eu tinha completado o curso liceal em Portu- estar no resto da sua caminhada existencial. fadonhos deveres administrativos. A reforma foi des-
gal, portanto foi aqui que me formei e entrei para o
te modo aceite com serenidade e mesmo certo alívio.
serviço da Luso-American em 1957, quando esta aca- 2. Quando ingressei nas fileiras dos reformados, não
bava de vir à luz com a fusão de duas velhas socieda- interrompi ou cessei os meus trabalhos de pesquisa e
des fraternais fundadas por imigrantes Portugueses, a as minhas actividades literárias e jornalísticas, bem 2. Difíceis problemas familiares levaram-me a uma
Beneficente fundada em 1868, e a Continental funda- como as minhas preferidas tarefas de labore exercício vida predominantemente doméstica, digamos de uma
da em 1917. No entanto continuei como um consultor físico. quase sentença de prisão domiciliária. Isso, todavia,
para a Sociedade. Assim continuo e prosseguirei com a minha colabora- permite-me algo mais de tempo para me dedicar ao
ção com jornais e revistas que desejam os meus artigos que sobretudo gosto de fazer, ler e escrever. Mante-
2. Depois dum prazo duns meses para poder ver se po- e os meus estudos e ensaios sobre uma grande varie- nho ainda alguma actividade académica, dado que me
dia recuperar a saúde e expericenciar um bom descan- dades de tópicos que interessam aos seus respectivos continuam pedindo artigos para publicações de carác-
so, resolvi voltar a uma actividade reduzida servindo leitores. ter universitário dos Estados Unidos, de Portuga e até
como voluntário na Fundação Luso-Americana para a Nos últimos anos, alarguei a já volumosa lista biblio- num caso, do Japão.
Educação, da qual tinha sido um sócio fundador em gráfica das minhas obras com a publicação de livros
Em colaboração com um colega publiquei um livro
1963. Desenvolvi essa actividade por quase cinco anos em prosa e em poesia, em Português e em Inglês, e,
como Presidente da Fundação. ainda, com a elaboração de várias dezenas de novos sobre relações culturais luso-castelhanas e a tradução
Também tive a oportunidade viajar, indo a Portugal artigos que, recentemente, têm focalizado relevantes para espanhol de uma novela portuguesa.
visitar familiares várias vezes e fazendo algumas via- aspectos da saúde e do bem-estar físico e mental hu- Tenho dado certo contributo a projectos audio-visuais
gens de cruzeiros, o que nunca tinha feito durante a mano. “Mens sana in corpore sano” é não só uma das e, sobretudo, tenho escrito muito, a um tom mais li-
minha carreira, quer por falta de tempo, quer por falta minhas principais preocupações como também o foco geiro, para vários jornais de emigração.
de dinheiro. da minha colaboração jornalística contemporânea
Agora dedico a maior parte do meu tempo gozando o 3. Considero-me satisfeito com o que estou fazendo.
prazer de ver os seis netos crescer, indo aos seus jogos 3. Além das diversificadas actividades literárias e de Sinto contudo saudades das viagens do antigamente.
de futebol (soccer) ou Americano. Enfim apreciando pesquisa supra mencionadas, eu gostaria de ocupar- Teria gostado de voltar a Portugal, interrompidas as
muito quanto vale a família, pois quando estava ao ser- me, de algum modo, em outros relevantes empreen- antigas estadias desde o ano 2000. Gostaria de ver
viço da Sociedade pouco tempo tive para poder fazer o dimentos ou assuntos, de âmbito ou carácter cultural,
como evoluiu a minha Lisboa e também de explorar
mesmo para com os meus quatro filhos. que sejam de benefício para as nossas comunidades.
Agora também desde que resido numa comunidade recantos do país, que antes lamentavelmente negli-
adulta e de golfe, jogo esse passa tempo, quando a saú- 4. A juventude de hoje será a humanidade de amanhã. genciara. Os anos passam e infelizmente já quase não
de me permite, isto é uma actividade a que me dediquei Ela é a precursora do futuro próximo e distante. me restam amigos em Portugal. Seria contudo recom-
desde que me reformei. A universalidade humana atravessa actualmente uma pensante reviver o contacto com os poucos que so-
medonha crise cuja enormidade e complexidade são brevivem.
3. Qual é esse tempo todo? Agora não tenho tempo sem precedentes na história do mundo. Esta desastrosa Também adoraria que o Pai Natal me desse de presen-
para nada, gosto muito da seguinte anedota: “A minha situação é causada fundamentalmente pela negligên- te dias de 48 horas. Poderia assim gozar de mais tem-
mulher perguntou-me recentemente, o que estás a fa- cia, pelo esquecimento ou pelo menosprezo dos princí- po para reler livros que outrora me entusiasmaram,
zer?” Eu respondi “Nada”; Ela diz-me “Tu fizeste isso pios e valores perenes que poderiam nortear a conduta abrir outros que, intactos, estão apenas acumulando
ontem!”; ao que eu respondi “Ainda não tinha acabado e os relacionamentos humanos. poeira numa estante, acabar projectos de trabalho que
de o fazer”. A juventude contemporânea irá enfrentar um muito
se vêm arrastando por anos e anos.
complexo e complicado futuro, para o qual ela neces-
4. O conselho que eu sempre dei aos meus filhos e que, sita preparar-se com uma boa e completa educação
portanto, daria a todos os jovens seria que a vida serve que lhe permita vencer ou ultrapassar com sucesso as 4. Que poderia dizer aos jovens? Pouco convivo com
para muito mais do que ganhar dinheiro. Dediquem-se exigências laborais, sociais, económicas e políticas, eles. Os antigos alunos que ainda têm a generosidade
a uma actividade profissional que vos dê prazer, acima Também indispensável será uma sólida formação éti- de se lembrar de mim já são avós ou para isso cami-
de tudo. Eu dediquei-me de alma e coração a uma em- ca e moral que lhe oriente pelo caminho da dignidade nham. Poderia sem embargo dizer que não temam a
presa sem lucros e portanto soube apreciar bem quanto humana. fase dos cabelos brancos, da bengala, do Medicare,
vale este conselho, porque sempre apreciei o meu ser- E aqui vai mais um conselho para os meus jovens lei- dos óculos para ler, da vacina anual contra a gripe e
viço embora este requeresse a minha actividade quase tores: Mesmo em tempos de procelas e de desaponta- dos descontos para isto e aquilo. Pode ser um tempo
sete dias por semana, nunca o considerei trabalho uma mento, nunca deixeis de sonhar! Os grandes empre- de agradável reflexão, da simpática constatação diá-
maneira de vida. endimentos humanos brotaram de sonhos que lhes ria de haver “acordado vivo”, do relembrar de tem-
Termino uma vez mais agradecendo ao Senhor José serviram de alicerce. Nunca pareis de sonhar... para
pos bons de antanho, de aproveitar plenamente o hoje
Ávila por esta oportunidade de conversarmos um pou- um mundo melhor!
co porque como diz o velho ditado “Recordar É Vi- como se o amanhã não existisse.
ver”.
COMUNIDADE 17

Ramiro C. Dutra Decio Oliveira Heraldo G. Silva


1. É óbvio que o individuo deve antecipar a aposen- 1. Quando resolvi terminar a minha carreira profissio- Passa breve tudo quanto passa…
tação e preparar-se para ela. No entanto, é impossível nal sabia, de antemão, que não ficaraia de braços cru- Só Deus não passa.
prever tudo e um certo senso de humor é essencial. zados, vendo televisão, semi adormecido, esperando Fernando Pessoa
Há profissões que permitem uma transicção gradual a morte.
através de um regime “part-time” nos últimos anos de Embora tivesse sido convidado para instructor clinico 1. Aposentado aos sessenta anos por motivo de do-
serviço. Foi o que eu fiz e recomendo. em Endodoncia, na Universidade da California, San ença (1998), a sensação que tenho tido é a de escapar
Francisco, não aceitei para não ter que lutar com o ao peso diário de levantar cedo e da constante prepa-
2. Após 41 anos de serviço no ensino e investigação, tráfego do dia a dia na estrada 101. ração das aulas. Até parece que é ”Domingo toda a
a ligação com a Universidade manteve-se através da semana”! Além disso, há tempo livre para leituras,
apresentação de “guest lectures”, colaboração em se- 2. Desta feita, dediquei-me ao que mais gostava, como televisão, cuidar do quintal, conviver com vizinhos
minários e assistência a estudantes graduados. passatempo, horticultura, poesia, viajar e, como qual- e amigos e participar em mais actividades comuni-
Dentro das minhas áreas de especialidade (química, quer avo, dediquei-me aos netos, para além do con- tárias.
nutrição, toxicologia e tecnologia alimentar) tenho tínuo envolvimento na Comunidade, em especial a
mantido um certo nível de actividade dentro das res- Igreja Nacional das Cinco Chagas, I.E.S., Portuguese 2. O meu dia a dia é muito normal e consta mais ou
pectivas associações profissionais e servido como re- Athletic Club, Camara do Comércio Portuguesa, Por- menos do que se segue: assistência à Missa diária
censor (referee) na publicação de trabalhos submeti- tuguese Heritage Publications, POSSO, etc. sempre que posso; trabalhos da casa e do quintal;
dos a vários periódicos científicos. Continuo a dormir as poucas horas que me acostu- consultas frequentes a médicos no Sul, Norte, Les-
O fenómeno da emigração, o interesse pela comuni- mei há muitos anos, e passo algum tempo de manhã te e Oeste da Baía. Tenho participado nas seguintes
dade e o pendor literário que sempre tive tem continu- e a noite, no computador, apreciando boa música de organizações comunitárias: Comunidades Eclesiais
ado a conduzir-me a actividades de cariz literário tais fundo. de Base – reuniões mensais de imigrantes que se jun-
como conferências realizadas pela Direcção Regional Não é surpreendente que após tantos anos de conví- tam para oração, leituras bíblicas e discussão de pro-
das Comunidades, o Simpósio Anual de Tradições vio diário com pacientes, não tenha sentido, até certo blemas de vida; Comunidade de Leigos Carmelitas
Portuguesas na UCLA, a série Filamentos da Herança ponto, um vácuo difícil de preencher, não no que diz – reuniões mensais de oração e aprofundamento de
Atlantica que se realizou em Tulare por vários anos. respeito ao trabalho, mas sim à falta do contacto hu- tópicos de espiritualidade (Santa Teresa de Ávila, São
Eram (são) eventos de excelente nível académico cujos mano, que edifiquei durante a minha carreira profis- João da Cruz e outros); actividades paroquiais: ajuda
organizadores são dignos dos melhores encómios. sional. alimentar a desalojados, cursos de Bíblia, Adoração
Mas, muitas destas coisas declinam com o rolar dos do Santíssimo Sacramento; colaboração assídua como
anos. Temos, portanto, que seguir outras oportunida- 3. Quanto à actividade que eu gostaria de ter neste revisor de trabalhos a publicar pela editora Portugue-
des. Durante vários anos colaborei com uma Escola momento, para além das actividades acima mencio- se Heritage Publications, e colaboração com artigos
Médica do Sul da California numa campanha de Sau- nadas, seria adquirir um emprego (não trabalho) na e traduções; algumas viagens para Portugal, Açores,
de Pública junto das comunidades portuguesas desta Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos SATA, Brasil, França e Terra Santa; alguma cooperação cul-
área. Também servi como perito de alimentação no para viajar gratuitamente para os Açores, sem ter que tural na Universidade Estadual de São José e nalgu-
“Board of Directors” de um grande complexo residen- me preocupar com as tarifas exorbitantes impostas mas sociedades fraternais.
cial para a Terceira Idade. Foram experiências enri- em nós imigrantes.
quecedoras. 3. O meu ideal sempre foi o de participar no desenvol-
O gosto pelas viagens e visitas a centros de cultura 4. Agora, virado para os jovens, gostaria de dizer-lhes vimento educativo, intelectual e espiritual das pesso-
(museus, universidades, etc.) adquirido durante as dé- que o saber, ninguém vos rouba, nem por morte, é a as, e é o que continuo a fazer.
cadas de serviço ainda ocupa posição prioritária no maior herança que os vossos pais vos podem deixar.
meu calendário. Aproveitem as oportunidades que as Universidades 4. Aproveitar ao máximo as oportunidades escolares
Não desprezo uma ida à praia no verão ou a Las Vegas deste grande País vos oferecem para adquirirdes qual- e a promoção profissional; não se deixar absorver tan-
no Inverno, e passo horas a fio numa enorme livraria quer que seja a vossa ambição. to pelo trabalho ao ponto de não ter tempo para Deus
onde há poltronas e café. Pensai no futuro, olhai em redor, e vereis que sem e para o desenvolvimento espiritual, para a família,
Todavia, a minha grande atracção é o ginásio. Vou uma boa educação académica, a vida se torna mais para o descanso moderado, exercício físico e convi-
lá como cliente e como observador. Vê-se lá de tudo: difícil e o futuro mais nublado. vência com os amigos. Considero o bom relaciona-
jovens e velhos, gordos e magros, um cego com o cão, mento com a pessoas muito importante para a nossa
uma senhora em cadeiras de rodas e, últimamente, saúde psicológica e emocional.
uma mãe conduzindo pelo braço um rapagão cego de Dou imensas graças a Deus pelos dons da vida física e
nascença. A motivação e o optimismo são gerais. As espiritual, da família, dos muitos benfeitores, colegas
vezes tento uma breve conversa e sinto-me feliz. e amigos ao longo dos anos.

3. Não acredito que o reformado tem necessáriamente Rodrigo Alvernaz, nasceu nos Cedros, Faial, Aço- dem do Infante D. Henrique nos graus de Comendador e
todo o tempo do mundo. Só é inerte na aposentadoria res. Grande Oficial.
quem já o era dantes. As actividades que mais gosta- Estudou no Liceu Nacional da Horta, Liceu Passo Ma-
ria de fazer são precisamente as que estou fazendo. nuel (Lisboa) - Curso Liceal Ramiro Dutra, nasceu em Ponta Delgada. Estudou
Heald Colleges, San Jose e San Francisco - Accounting nas Universidades da California, Berkeley e Davis. De-
4. Aos jovens da nossa comunidade (e não só), espe- Cal State University - Business Management pois de se doutorar em Biochemistry, foi um distinto pro-
cialmente nos conturbados tempos que este País atra- Vice-Presidente Excutivo e Chefe Executivo (CEO). fessor universitário de Nutrição e Tecnologia de Alimen-
vessa, deixo a seguinte mensagem: Agraciado com a Ordem de Mérito, no grau de Comen- tação, na Technical University of the State of California.
Aproveitem o período da juventude para adquirir uma dador. Foi agraciado com o Colar do Mérito Agrícola e Ordem
boa educação (universitária ou não) e procurem de- Militar de Santiago de Espada, no grau de Comendador.
senvolver três atributos: independência, responsabili- Fernando Soares Silva, nasceu na Ribeira Grande,
dade e tolerancia. São Miguel. Iniciou os seus estudos superiores na Uni- Decio Oliveira, nasceu na Ribeira Grande, São
versidade Gregoriana, em Roma, Itália, onde se formou Miguel. Frequentou o Magistério Primário em Ponta
em Estudos Teológicos e Filosóficos. Na Universidade Delgada. Veio para a America em 1957. Cursou-se em
Independência para poderem traçar e seguir uma
de San Francisco - Licenciatura e Mestrado, respectiva- Medicina Dentária na Universidade de Davis e depois
profissão ou negócio que lhes traga satisfação e sus-
mente em Filosofia e Línguas Clássicas e Românicas, e douturou-se na Universidade da California em San Fran-
tento e os faça cidadãos prestantes. cisco. Foi médico dentista durante 35 anos en San José,
em Ciências da Educação e Psicologia. Licenciatura em
Filosofia, concedida pelo Ministério da Educação e Cul- e reformou-se em Dezembro de 1999. Agraciado com a
Responsabilidade para aceitar as consequências das Ordem de Benemerência, no grau de Comendador.
tura, de Portugal. Doutorou-se em 1968, em Ciências de
suas acções. Educação, Filosofia e Estudos Portugueses, na Universi-
dade da Califórnia, em Berkeley. Professor universitário.
Tolerancia para reconhecer que dentro do conheci- Agraciado pelo Presidente da República de Portugal, Dr. Heraldo Silva, é natural do Capelo, Faial, Açores. No
mento humano há as matérias científicas (que se re- Mário Soares, com a Ordem do Infante D. Henrique, no Seminário de Angra cursou estudos secundários, filosó-
gem pela Razão) e as não-científicas (que se regem grau de Comendador ficos e teológicos, mas não se ordenou. Fez o bacharelato
pela Emoção e dão a todos igual direito às suas ideias na Universidade Católica de São Francisco, e o mestrado
e interpretações). Eduardo Mayone Dias, nasceu em Lisboa. Licen- e o doutoramento na Universidade da Califórnia em Los
ciou-se em Filologia Germanica na Faculdade de Letras Angeles. Ensinou português, espanhol, francês e latim
Envio uma saudação cordial aos nossos jovens con- de Lisboa. Doutorou-se em 1971 na USC em Literatu- em escolas secundárias (5 anos). Como professor univer-
fiante na clarividência que eles certamente irão ex- ras Hispanicas. Leccionou 29 ano na UCLA e mais 13 sitário leccionou português e espanhol na Universidade
primir qundo tiverem os cabelos tão brancos como os anos repartidos entre Portugal, Inglaterra e Mexico. Foi Estadual de São José (24 anos). Agraciado com a Ordem
meus (os poucos que me restam). agraciado pelo Governo Português duas vezes com a Or- do Infante D. Henrique, no grau de Comendador.
18 PATROCINADORES 15 de Março de 2009
COMUNIDADE 19

J. A. Freitas Library in San Leandro


News about the creation of a li-
brary exclusively of works related
to Portugal and her sons throu-
ghout the world, was first made
public in January 1964, just be-
fore construction of the U.P.E.C.
Office took place in San Leandro,
California.
The Board of Directors autho-
rized space in the Conference
Room of the building to house
works of Portuguese writers and
any literature related to the Por-
tuguese in the United States and
in any place in the world. This
Library, now with over ten thou-
sand titles, both in English and
Portuguese is serving as a center
of research and is destined to help
divulge knowledge of the Portu-
guese to the American public, re-
gardless of their extraction. We
are glad to see that the library is
serving its purpose. People eager
to learn and cultivate their kno-
wledge of the Portuguese people
visit it daily.
After an appeal for donations
was made, books began to arrive
from several parts of the Cali-
fornia, and Massachusetts. Lar-
ge contributions were registered
from Gulbenkian Foundation;
House of Braganca; Dr. Manuel
Pedro Ribeiro da Silva, Council
of Portugal; Cultural Institutes
in Ponta Delgada, Horta, Angra
do Heroismo, Funchal, and many
individuals.
Thanks to these original contribu-
tors, the library began to flourish
and give fruit; it is now enjoyed
by many, especially students who
come to read and borrow literary
works.
The library was originally known
as the “U.P.E.C. Library” but de-
legates assembled at the U.P.E.C.
Convention in 1965 voted unani-
mously in favor of a resolution
intended to call the library the
“J.A. Freitas Library” in tribute
to this exemplary officer of the
organization.
J.A. Freitas was a friend of the
Portuguese and throughout his li-
fetime, not only praised them but
also wished that someday Cali-
fornians would have an opportu-
nity to learn and respect the deeds
of the sons of Portugal. However,
Joseph A. Freitas, did not live to
realize his dream. On March 23,
1965, a sudden death robbed J. A.
Freitas from his countless friends
within the organization he served
and loved.
A fund has been created with a
grant from the Estate of Louise
Freitas, wife of deceased
J. A. Freitas, to purchase additio-
nal books for the library. Besides
this grant, the fund is also made
of personal donations.
You may also contribute to the
growth of this library by either
sending books (Portuguese au-
thors or foreign writer whose
works are related to Portugal and
Portuguese) or by sending your
donation to the J.A. Freitas Libra-
ry. If you intend to offer books,
please submit your list to the li-
brary in advance.
1120 E 14th St, San Leandro

from JA Freitas Library brochure


photos by jose avila
20 COMUNIDADE 15 de Março de 2009

Carnaval 2009
Excerto das “Heroínas Açorianas” de Hélio Costa
A pedido de várias pessoas, transcrevemos a parte final da Dança de Carnaval
“As Heroínas Açorianas” de Hélio Costa, pelo Grupo de José Enes e Amigos.
... Oh vocês. Eu fui ouvindo o que aquela Sempre no sentido de melhor agradar E as nossas lindas coroações
gente dizer quis Até tiramos férias naquela altura Tudo o que era tradicional
Mas quando a mostarda me chegou ao Para os podermos acompanhar Filarmónicas, Folclore, Matan-
nariz ças
Eu então disse tudo o que me apeteceu CARLOTA. Marchas de São João e as dan-
dizer E se chegarmos à Terceira de repente ças
O que é que alguns fazem à gente? Do nosso querido Carnaval
CHICA Fazem metade destes sacrifícios sequer?
Há gente que de tudo é capaz Com as suas maneiras pacatas CARLOTA
E no que diz não medita Levam a gente um dia à Lagoa das Patas Tudo isso veio para cá
E até amanhã se Deus quiser Sem haver razão de queixa
CAROLINA Se não damos foguetes como
Isso é o pagamento por aquilo que a gente CAROLINA dão lá
lhes faz Se algum grupo da Terceira nos vem É porque a polícia aqui não
Quando eles vêm cá de visita visitar deixa A fêmea do Herói
A gente mata-se aqui a trabalhar Como esclarecido aqui já foi
FAUSTINA (Tenta acalmar) Com amizade e gentileza CHICA Só uma tola não atina
Vocês também não hão de ser dessa Fazemos de tudo cá Construímos igrejas, Salões Se és casada com um Herói
maneira Para que levem uns dólares para lá Irmandades, associações Tens que ser uma heroína
Se calhar essa gente disse isso na Que venha reduzir a despesa Entre tantas coisas mais
brincadeira E estações de rádio igualmente (Musica de Jorge Ferreira)
Tirem vocês isso da ideia Trabalhamos por todos os lados Que transmitem diariamente “ Portuguesa é a mais linda”
Para lhes darmos um apoio financeiro As nossas musicas regionais
CARLOTA E na hora que são chamados CAROLINA
Tu tens o teu pensar e eu tenho o meu Para recebem o mealheiro FAUSTINA Povo amigo que esta festa partilhas
E não gostas da Terceira mais do que eu Alguns ainda ficam chateados Estações de rádio de primeira Muito obrigado e não nos leves a mal
Mas há certas coisas que chateia Porque esperavam mais dinheiro… Que transmitem musicas açorianas Porque somos apenas mais quatro filhas
Enquanto os rádios da Terceira Que amamos as nossas ilhas
Sempre que vem aqui alguém de Portugal CAROLINA Passam a vida inteira E o nosso Portugal
Uma filarmónica, um folclore, um baile Mas se vamos com um grupo à Terceira Só a passar músicas americanas
de carnaval A música toca muito diferente REFRÃO
Ou amigos da nossa terra amada Pagamos tudo da nossa algibeira CARLOTA Ó Emigrante
O emigrante vibra de emoção Porque ninguém dá nada à gente Por tudo isto e muito mais certamente Tu és a luz
E faz das tripas coração O que nos podem oferecer Que agora não estamos lembrados Mais cintilante
Para que nunca lhes falte nada Nos dias que estamos lá Ainda acabam por tratar a gente Da Terceira de Jesus
É alguma encomenda para trazer Por estúpidos mal-educados A alma dói
CHICA Para algum parente que tenham cá Com teus valores
Tens razão no que estás a dizer CAROLINA És um Herói
E eu concordo contigo também FAUSTINA Nunca nos esquecemos de falar português Das nove Ilhas dos Açores
A gente fica sem saber Vocês não hão-de ser dessa maneira Assim como de em português escrever
O que é que havemos de fazer O que vocês estão é precisar Ainda falamos espanhol e inglês FAUSTINA
Para que eles se sintam cá bem É de uma tigela de chá de cidreira E só não falamos chinês Os desabafos que ás vezes aqui soltamos
Para esse nervosismo acalmar Porque não foi preciso aprender Nunca são ditos para ofender ninguém
CAROLINA Só os dizemos porque com amor olhamos
E quando a gente vai à Terceira CARLOTA CHICA Tudo o que um dia deixamos
Alguns até viram o rabo à gente A gente não precisa de chá de cidreira Agora pergunto a quem está presente Na Terceira nossa mãe
Não está aqui ninguém para morrer Nesta sala majestosa
FAUSTINA Precisamos é que algumas pessoas da Será que uma ilha que tem filhos iguais CHICA
Ó mulher. Isso não há-de ser bem dessa Terceira à gente O motivo de soltarmos certos prantos
maneira Vejam os emigrantes com olhos de ver Não se devia sentir orgulhosa? Nestes palcos uma vez em cada ano
Vocês estão é nervosas certamente Se as pessoas para a realidade olhassem Não é para nos tratarem como santos
CHICA Inclusive certos fulanos Mas para que vejam os encantos
CARLOTA Os terceirenses que emigraram Não ficava nada mal se nos chamassem Do Emigrante Açoriano
A gente prejudica a nossa vida Com a sua coragem verdadeira Por Heróis Açorianos
Para andarmos com eles a passear CARLOTA
Sempre numa alegria desmedida Desde que a esta terra chegaram CARLOTA Sejam estúpidos ou até mal-educados
Para que eles estejam a gostar Nunca se esqueceram e sempre honraram Exactamente! Tal e qual como um mais O que interessa minha gente hospitaleira
Damos carro, damos cama, damos A sua Ilha Terceira um serem dois É que mesmo pela distancia separados
comida Desde que aqui chegamos Sempre adorei as tuas ideias repentinas Fomos todos embalados
Damos de tudo o que há no nosso lar Com espírito de lutadores Os nossos maridos foram uns Heróis Pelos braços da Ilha Terceira
Se vamos a um club tomar uma bebida De mãos dadas trabalhamos E a gente somos umas Heroínas
Nunca os deixamos pagar Sem ódios nem rancores REFRÃO
De tudo um pouco fazemos E por todos os cantos semeamos FAUSTINA
Para que eles sejam bem servidos As tradições dos Açores Isso é que é falar Ó Emigrante
E depois a paga que temos Com as tuas palavras me alucinas Tu és a luz
É que somos estúpidos e atrevidos FAUSTINA Carlota. Tenho uma coisa para te Mais cintilante
Nessa. Tens razão quanta queira perguntar
CHICA Além das lágrimas que choramos O que é essa coisa de Heroínas? Da Terceira de Jesus
Exactamente como estás a dizer Sempre honramos a nossa Terceira A alma dói
Fazemos um sacrifício enorme E os amigos que lá deixamos CARLOTA Com teus valores
Até chegamos a oferecer Não sabes mas eu vou-te dizer És um Herói
A cama onde a gente dorme CAROLINA Já que isso na consciência te rói Das nove Ilhas dos Açores
Fazemos tudo com ternura Trouxemos para cá as nossas procissões Uma Heroína vem a ser

DESPEDIDA Das ilhas ou continente Todos unidos, caminhando lado a lado Que ao longo destes anos
É porque adora e para nós o principal Seja qual for o estado Honram o nosso Carnaval
REFRÃO É que as festas do Carnaval Minhas senhoras senhores E deste grupo, que da Artesia aqui vem
Não importa ser de São Jorge de São São feitas para toda a gente É com orgulho que o mundo olha para Quero-vos deixar também
Miguel ou Faial nós Toda a nossa gratidão
Graciosa Santa Maria ou das Flores E é por isso, que nestas nossas sextilhas Porque juntos somos a voz E a terminar, o nosso muito obrigado
Corvo ou Pico --- nem da Terceira para Honramos todas as ilhas Das nove ilhas dos Açores E um abraço bem apertado
nós é tudo igual Com carinho e lealdade Aos emigrantes que aqui estão
O que importa é que somos dos Açores Porque no fundo, somos todos emigrantes E agora quero, a todos vós agradecer
Que partilhamos por instantes E mais uma vez dizer Não importa ser de São Jorge de
E agora vem, a moda que trás o final A dor da nossa saudade Com sentimento profundo São Miguel ou Faial
Mas sempre que há Carnaval Que o emigrante que é filho de Portugal
Cada emigrante, aqui nesta sala em flor É o mais sentimental Graciosa Santa Maria ou das
Existe uma parte assim
É com tristeza que damos a despedida Seja lá de que ilha for Dos quatro cantos do mundo Flores
Mas sabemos que na vida Para nós é um irmão Corvo ou Pico --- nem da Tercei-
Tudo o que nasce tem fim É uma bonina ou uma hortênsia azulada Também eu quero, agradecer a Jesus ra para nós é tudo igual
Que guardarei bem guardada A santa paz e a luz O que importa é que somos dos
O Carnaval, é genuíno da Terceira Dentro do meu coração Que brilha neste festival
E agradecer a todos os Açorianos Açores
Mas quem vem à nossa beira
PATROCINADORES 21

LUSO AMERICAN LIFE


FRATERNAL ACTIVITIES
OF THE SOCIETY
Luso American Fraternal Federation
Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel

March 2009 LAFF


Date Time Council City Location
S a t u r d a y , 5:00pm 37B-46C Antioch, Flor do Oakley
21th No-Host Byron, Wal- Hall
Cocktail nut Creek 2nd St, Oakley,
6:00 Dinner Presidents CA
Visit
Sunday, 22nd 12:00 pm No- 53B Newcastle Newcastle Por-
Host tuguese Hall
Cocktails Presidents 690 Taylor Rd,
1:00 Lunch Visit Newcastle, CA

APRIL 7:00pm Luso 3 Fremont Alvarado Portu-


Friday, 17th Cocktails Union City- guese Hall
7:30 Dinner Presidents Alvarado, CA
Visit
Sunday, 18th 6:30 pm 17B Gustine Gustine GPS
Cocktails Presidents Hall
7:00 Dinner Visit 3rd St, Gustine,
CA

FMarchch SPRSI
S a t u r d a y , 12:00 pm 3, Fremont Spin A Yarn
21th Fellowship 21,84,105 Presidents Restaurant
12:30 Lunch Visit 45915 Warms
More info: Springs, Bvld
Betty Hebel Fremont,CA
510-792-1221
Sunday,22 nd 59 Presidents More informa-
Visit tion to follow

S a t u r d a y , TBA 1119 Bakersfield More informa-


28th P r e s i d e n t s tion to follow
Visit

APRIL 11:30 am 66 Los Banos Country Waffle


T h u r s d a y , Secretary The- P r e s i d e n t s 845 W Pacheco
resa Laranjo Visit Blvd, Los Banos
2nd
209-826-2729
Saturday 4th Noon 26 Newcastle Info: Emily San-
P r e s i d e n t s tone
Visit 916-652-1237

20-30’s Associate President Liz SPRSI Presidents:


Alves, State President Liz
Rodrigues, State Youth Constance Brazil, Tisha Cardoza,
President Gary Resendes Brianne Mattos
Contact LAFF 925-828-4884
22 DESPORTO 15 de Março de 2009

UEFA Liga dos Campeões

Dragões seguem para quartos de final


Empate a zero no Dragão en- luta pela presença na final de drid, a ausência de Diego For- com Simão estatelado na área,
tre FC Porto e At. Madrid, Roma, já que o Sporting foi lan do “onze”, por opção, foi parecendo ter sido tocado em
em jogo da segunda mão dos eliminado pelo Bayern Muni- colmatada com a inclusão de falta por Bruno Alves.
oitavos-de-final da Liga dos que, com um estrondoso 12-1, Sinama Pongolle, ficando as- Fernando tentou então colo-
Campeões escaldante e im- na totalidade dos dois jogos. sim, somente, Sérgio Aguero, car o FC Porto em vantagem
previsível, coloca os azuis e Apesar de não ter feito nenhum na frente. no marcador, aos 33 minutos,
brancos na próxima fase da golo, o FC Porto foi superior Leo Franco, na baliza, uma num remate de fora da área
competição. na segunda parte (uma bola na defesa com Luis Perea, Pablo superiormente defendido por
Depois de ter empatado 2-2 barra e outra no poste, entre Ibañez, Ujfalusi e Antonio Leo Franco, embora nesta al-
em Madrid, o FC Porto par- outros lances), acabando, no Lopez, e um meio-campo tura e até ao intervalo, fosse o
tiu em vantagem para o jogo entanto, por sofrer alguns ca- com Paulo Assunção, Raul Atlético a mandar no jogo.
decisivo e, sobretudo graças lafrios na etapa final do jogo. Garcia, Maxi Rodriguez e Si- Na segunda parte, os “azuis-
a uma segunda parte de gran- O mesmo tinha acontecido no mão, completaram o “onze” e-brancos” começaram des-
de concentração, atingiu com primeiro tempo. espanhol. temidos como no primeiro
mérito os “quartos”, fase que Sem Fucile, ainda lesionado, Habituado a tomar a iniciati- tempo, com Raul Meireles e
não conseguia desde 2003/04, Jesualdo Ferreira regressou va, o FC Porto surgiu empe- Lisandro, aos 53 e 56 minu-
época do segundo título euro- ao “onze” que tinha alcança- nhado em marcar cedo e os tos, respectivamente, a darem
peu. do o empate em Madrid, com dois centrais, primeiro Rolan- os primeiros avisos.
O treinador Jesualdo Ferrei- Helton, na baliza, uma defesa do e depois Bruno Alves, ten- Diego Forlan foi então chama-
ra, que tinha falhado nas duas com Sapunaru, Bruno Alves, taram abrir activo, num lance do pelo treinador Abel Resino
épocas anteriores o patamar Rolando e Cissokho, ficando de cabeça e num livre directo, (saiu Maxi Rodriguez) e, aos
das oito melhores equipas da o meio-campo entregue a Fer- respectivamente, ambos sem 59 minutos, os jogadores por-
Europa – caiu então aos “pés” nando, Raul Meireles e Lucho a direcção desejada. tistas reclamaram grande pe-
de Chelsea e Schalke 04 – che- Gonzalez O Atlético Madrid, mais dis- nalidade, por alegada mão na
ga também, pela primeira vez Cristian Rodriguez, Lisandro creto nas investidas ofensivas, bola de um adversário.
na sua carreira aos quartos-de- Lopez e Hulk encarregaram- respondeu aos 16 minutos,
final da prova “milionária”. se, inicialmente, das manobras num remate forte de Perea,
Com o feito, o FC Porto arre- mais ofensivas do tricampeão desviado por Helton para
cada perto de 3,5 milhões de português. canto e, aos 25, num contra- Fonte: Lusa /Getty imag
euros e mantém Portugal na Do lado do Atlético de Ma- ataque rápido, que terminou

UEFA Liga dos Campeões

Bayern 7 Sporting 1 Noite Infeliz

FC Bayern München confirmou o apura- rota na Europa –, Mark van Bommel, Mi- contra a maré e viu Butt negar-lhe o golo
mento para os oitavos-de-final da UEFA roslav Klose (penalty) e o suplente Tho- em dois fortes remates aos 36 e 37 minu-
Champions League ao derrotar o Spor- mas Müller fixaram o resultado no último tos, este na marcação de um livre directo
ting por 7-1, no Fußball Arena München, quarto-de-hora do desafio. Posto isso, o – os primeiros do Sporting ao alvo.
na maior vitória sempre nas fases a eli- Bayern segue em frente com o expressivo
minar da prova e que igualou o máximo total de 12-1 e estará presente no sorteio Mas logo a seguir, aos 39, chegou o ter-
total numa mesma ronda. dos quartos-de-final e das meias-finais da ceiro da noite, em mais um lance infeliz
prova, agendado para 20 de Março. da defesa leonina. Bastian Schweinstei-
Depois de ter averbado o seu maior triun- ger apontou um canto da direita e Polga,
fo na prova fora de portas, em Lisboa O objectivo de Paulo Bento era tentar apa- na tentativa de afastar a bola, introduziu-
(5-0), a formação de Jürgen Klinsmann gar a má imagem do encontro de Lisboa, a nas suas próprias redes. O capitão do
voltou a fazer história e assinou o melhor há duas semanas, mas as coisas começa- Sporting, Moutinho, deu o exemplo vol-
resultado em casa na principal competi- ram a ficar complicadas quando o trei- vidos três minutos ao marcar um espec-
ção europeia de clubes, na segunda mão nador dos portugueses viu a sua equipa tacular golo num pontapé de fora da área
realizada na Alemanha. A vitória báva- sofrer o primeiro tento logo aos sete mi- ao ângulo superior direito, mas na jogada
ra começou com dois tentos de Lukas nutos. Podolski recolheu um mau alívio seguinte Christian Lell aproveitou a fraca
Podolski, antes de Anderson Polga fazer de Polga, combinou com Zé Roberto e ba- oposição de Miguel Veloso no lado es-
um autogolo. João Moutinho reduziu a teu o guarda-redes Rui Patrício de fora da querdo da defesa, cruzou rasteiro atrasa-
desvantagem num espectacular rema- área. O conjunto de Munique esteve perto do e Schweinsteiger não perdoou.
te de longe, mas logo a seguir Bastian de aumentar a vantagem quando Miros-
Schweinsteiger repôs a diferença. Numa lav Klose falhou à boca da baliza a recar- Ambos os técnicos fizeram duas subs-
noite infeliz dos “leões” – a sua pior der- ga a uma bola defendida para a frente por tituições ao intervalo e o sportinguista
Patrício, após remate de Marat Izmailov, um dos novos em campo,
Mark van Bommel, mas esteve perto de marcar pouco depois do
o segundo golo teutóni- reatamento, mas o remate do médio russo
co não tardou muito. saiu ligeiramente ao lado da baliza ger-
mânica, antes de Yannick Djaló também
Hans Jörg Butt, que se ter criado perigo num pontapé de longe.
estreou em jogos da A desaceleração do Bayern e a rectifica-
UEFA Champions Lea- ção de posições por parte dos jogadores
gue no lugar do habitual do Sporting equilibraram o encontro até
guardião Michael Ren- à meia-hora da etapa complementar. Iz-
sing, repôs o esférico mailov e Vukčević viram Butt negar-lhes
em jogo com um pon- os intentos e foi Van Bommel a fazer o
tapé longo e ninguém quinto do Bayern a 16 minutos do fim,
do Sporting conseguiu antes de uma grande penalidade de Klo-
anular o lance. Quando se, a castigar falta de Pedro Silva sobre o
Polga tentou impedir dianteiro, e Müller fazerem história.
Podolski de chegar à
bola, o defesa brasileiro
chocou com Patrício e,
apesar de estar de costas In uefa.com/ Getty image
para a baliza, o avança-
do alemão não desper-
diçou a oferta. Simon
Vukčević tentou remar
PATROCINADORES 23
24 TAUROMAQUIA 15 de Março de 2009

Quarto Tércio
Forcados do Ramo Grande José Ávila
faltaram ao compromisso josebavila@gmail.com

Foi só na altura de se pagarem as passagens que os lideranca, que não compreendemos. Enfio o meu
Forcados de Turlock tomaram conhecimento que o novel Quando soubemos desta historia, lembrei-me logo de chapéu até aos
Grupo de Forcados do Ramo Grande, já não queriam alguns bailinhos de carnaval da California, em que se fa- ombros pela maneira
vir à California a não ser que os Forcados de Turlock lava acerca da maneira como os nossos irmãos das Ilhas pouco airosa como os
pagassem mais seis passagens, além das dez que estavam nos viam a nós nas Americas. Afinal o Carnaval tinha Forcados do Ramo
combinadas. Para quê trazer 16 forcados para pegarem razão. Há sempre que aprender com a poesia popular. Grande desistiram
em 3 toiros? Eu acho que tentaram esta desculpa porque Assim o Grupo de Forcados de Turlock irá pegar os seis de vir à California.
não queriam vir de qualquer maneira. toiros no dia do seu 33o. Aniversário. Parecem brincadeiras
É pena eles não virem, mas mais pena tenho pela ma- de criancas.
neira pouca airosa como não quiseram vir. Contratos são Fuerza, forcados de mi tierra! Tenho esperança
que eles um dia virão visitar-nos e que os receberemos
contratos e não é no dia de se pagaram as passagens que
sempre com muito carinho.
se anuncia que não querem vir. Houve aqui uma falta de

Tiro o meu chapéu à organização da Corrida


Temporada 2009 da Festa de Stevinson por ter incluido numas das cor-
ridas o Ganadero Joe Rocha, que esteve afastado das

É tempo de se visitarem ganadarias arenas em 2008. É bom regressar.


Outras organizações deveriam também contratar gana-
darias que não correm tanto como as outras. Em tempo
A primavera é um tempo extraodinario para se começar todos apreciamos. de crise nada melhor do que distribuir a pouca riqueza
a visitar ganadarias. É neste altura que as ganadarias co- Ainda não tivemos tempo de ver nenhuma ganadaria em por todos.
meçam as suas ferras e mesmo as suas tentas. Começam pormenor, mas outro dia ao passarmos em casa de Anto-
também a separar os toiros para as próximas corridas e a nio Nunes, vimos algumas vacas bravas acompanhadas Devo uma entrevista ao Alvaro Aguiar e outra
tratá-los com uma certa atenção, não vão eles magoarem- por um bonito semental. Deixamos aqui uma foto do su- ao José João, mas tenho levado uma vida um tanto ou
se até a sua entrada nas arenas das nossas praças. Todo cedido, vendo-se as montanhas cheias de neve. quanto ocupada com este jornal e a família (tenho 7
netos e a caminho do oitavo), o que não me permitiu
o cuidado é pouco no maneio destes estes animais que
ainda a minha deslocação aos Estudios da KLBS em
Los Banos. Terei muito gosto e prazer em falar com o
meu amigo Alvaro àcerca de toiros e com o José João
àcerca do Tribuna. Falando é que a gente se entende, já
dizia o velho ditado. Está para breve.

Coloquei no website do Tribuna


www.tribunaportuguesa.com e em fotografias, um
slideshow dos melhores momentos da Temporada
2008. Vejam-no, gozem-no e digam aos vossos amigos,
muito em especial aos de Portugal, para que eles vejam
que aqui na California também temos toiros, cavalos,
aficion e praças cheias.

Acreditamos que a KIGS e a Via Oceanica


irão mais uma vez transmitir as Corridas das Sanjo-
aninas. Seria bom começar cedo e a boas horas para
que possam usar as melhores tecnologias existentes
no mercado. Até agora foi assim-assim, há tecnologias
melhores, para que possamos ver e ouvir com todo o
nível possível. Quem puder, ajude com alguns anúncios
Como um toiro perde beleza, a KIGS a suportar essas despesas, tal como este jornal
já o faz há anos. Ajudar as nossas Rádios é impera-
quando toureado à portuguesa! Até rima! tivo, porque senão acordamos um dia a ouvir musica
country ou mexicana e depois choraremos lágrima de
crocodilo pela falta que nos faz.
Quem vos avisa, vosso amigo é!

fotos de jose avila

Toiro 64 da ganadaria Açoriana, no dia 7 de Março de 2008, antes da corrida e


depois na Praça de Stevinson a 26 de Maio de 2008. Que diferença de atitude, de
beleza, de altivez? Aquelas bolas só deveriam ser usadas em toiros feios...
PATROCINADORES 25

Abril

VISITAS OFICIAIS PARA O April 17, 2009 – 6:30 PM


MÊS DE ABRIL Official Visit, Co. #15, San Francisco.
Tel: 415-731-3002
April 3, 2009 – 6:30 PM
Aril 18, 2009 – 7:00 PM
Official Visit, Co #65, Mountain
Official Visit, Co #1, San Leandro.
View. Tel: 408-243-4079
Tel: 510-814-0697
April 4, 2009 – 12:00 PM
April 19, 2009 – 12:30 PM
Official Visit, Co #37, Monterey.
Official Visit, Co #24, Stockton.
Tel: 831-758-9709
Tel: 209-477-6441
April 5, 2009 – 1:30 PM
April 26 Sunday – 1:00 PM
Official Visit, Co #32, San Jose.
Official Visit, Co #52 – Modesto. Tel:
Tel: 408-263-0935
209-556-7185
26 ARTES & LETRAS 15 de Março de 2009

A Poesia de Apenas
Duas

João-Luis de Palavras

Diniz Borges
Medeiros d.borges@comcast.net

Se a poesia passa por pensamentos que


confidências sonoras respiram e palavras que incendeiam,
como escreveu algures o poeta inglês
Thomas Gray, então temos nesta edição
aos meus da Maré-Cheia, um conjunto de poemas
Poetas esculpidos no rochedo da Espera que incandescem o nosso pensamento.

funeral da alegria ... dei por mim a escutar melodias do longe


em ecos desafinados pelo galope do tempo:
São poemas do nosso amigo e colabora-
dor João-Luís de Medeiros, com quem
quinzenalmente partilho uma página
sons estranhos ao catequismo musical deste Jornal.
Ideias! Ideias! que moraliza o ruído sob o pálio do espanto Há muito anos que o João-Luís de Me-
gemidos mentais de orgias de luz a vigiar os lapsos da longevidade humana... deiros escreve poesia. A prová-lo temos
nas fendas do pensamento... um poema de 1961. Os seus poemas são
Ideias de paz traídas pelo aroma falso bravos mortais! tenham paciência! produto dum homem irrequieto, como
de juras malditas, solenemente repetidas a morte não pode acudir a todos devem ser todos os poetas, ou não fosse
no leito nupcial da banalidade sem prévia autorização do tempo a poesia a revolta do homem contra si
feito de lascas do cadafalso do génio... próprio, como escreveu James Branch
o passado foi desperto pelo eco da distância Cabell. É que neste conjunto de po-
de sentinela no guarda-vento da memória emas vê-se, nos dois inéditos de 2008
Ó astros! certezas são cruéis pancadas
e o passaporte da morte já perdeu a validade... que o João-Luís teve a amabilidade de
no portal do erro chamuscado de verdade...
rolam magoadas pelo cinzel da eternidade nos deixar publicar, que desde 1961 até
É proibido dar esmola à saudade hoje, o poeta continua igual a si próprio.
e reinventar lágrimas soluçadas lágrimas de mármore no altar do sofrimento
A nossa gratidão ao poeta João-Luís de
pela morte de quem nunca foi vida Medeiros por partilhar os seus poemas
no útero cabisbaixo duma espera... os discípulos devotos de santa dúvida
com os leitores desta Maré-Cheia.
são fiéis defuntos junto ao túmulo da espera
Nesta edição também publicamos al-
Claridades semeadas na cava das ideias... conta-gotas da transitoriedade humana
gumas pinturas dum artista plástico
a luz não humilha a sombra p’ra brilhar recentemente falecido, Ralph Borge,
no bem-aventurado sermão da valentia. ... ó morte! noiva maldita junto ao altar da dor cujos avós paternos emigraram das
A dor e o prazer são co-pilotos da Vida aparição infalível nas bodas da despedida ilhas dos Açores. O pintor nasceu em
ambos aí estão com ornamentos trocados ó morte! atestado da certeza final da nossa hora: 1922 e faleceu em Dezembro de 2008.
a prantear falsidades no funeral da alegria... - porque finges acudir ao gemido da inocência? Sobre este pintor de origem açoriana,
acaso és irmã-gêmea da vida? Ó deusas ciumentas... teremos ainda outra Maré-cheia.
Inédito Abraços
2008 diniz
Ó vida! ousadia de pincel na tela do amor:

Ralph Borge
enquanto houver luz, quero ser a tua sombra

Revelação (*) Inédito


a espreitar o grito matinal da eternidade...

Dezembro, 2008
Nasci! Outra vida a Vida acendeu Ralph Borge, nasceu em Oakland e era
para desafiar o tempo e o mal, (*) João-Luis de Medeiros é natural de São Roque, São Miguel, professor emerito do California College of
incendiou-se mais um vendaval Açores (Dezembro, 1941). the Arts, onde leccionou durante 38 anos.
de promessas, iluminando o céu. Em finais de 1980, emigrou para os E.U.A. Presentemente, vive Era um influente professor e extraordina-
no sudoeste da California e trabalha como agente consultivo em rio pintor.
Não houve trevas nem o sol morreu Recursos Humanos. Ainda em Portugal, após a instauração da Faleceu a 30 de dezembro de 2008 com a
temendo que eu desse luz igual; Democracia, foi eleito Vereador municipal de Ponta Delgada; idade de 86 anos.
olhei com inocência o meu rival serviu como deputado à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta,
e vi-o mais velhinho do que eu... Faial, 1976); e mais tarde, serviu como representante açoriano
na Assembleia da República (Lisboa, 1978).
Adormeci. O mundo foi girando... As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas em jor-
Oh! quanto tempo eu perdi sonhando nais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunista-
ser herói, ser santo ou talvez um deus... convidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É
co-autor do livro “Em Louvor do Divino” (1993). Em 2007 pu-
Reparo agora – e já não é visão – blicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “(Re)verso da
que andei por aí marginando a Razão Palavra”.
sem nada ver para além dos erros meus... João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum
laude’ em Humanidades e Ciências Sociais (University of Mas-
(*) – Primeiro prémio: Jogos Florais do Ensino Técnico sachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ci-
Profissional (1961) ências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange,
(Este soneto não foi incluído no recente livro “(Re)verso California).
da Palavra”)
Ponta dos Caetanos, São Roque
s e r v i n g t h e po r t u g u e s e – am e r i ca n comm u n i t i e s s i n c e 1 9 7 9 • ENG L I S H S E C T I O N

Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com

It’s the economy, estupido!* PALCUS


It all started with a simple email I received that read: “I since the recession lasts longer than just a few months,
have a good day laborer that is about 5 days from being
homeless. It’s a shame but between the economy and
she now owes more on her property than the mortga-
ge. She pulls her kids from private school and moves
Internship Program
the weather he hasn’t any money. Lots of folks hurting. them to public school, drastically reduces grocery bills
Let me know and I will get a hold of him or give you his and other home expenses, eliminates all unnecessary
number if the phone still works.” expenses such as haircuts, dinners, nonfat lattés, and The Portuguese-American Leadership Council of the Uni-
It suddenly hit me. The email message came from a packs up and abandons her properties. ted States (PALCUS) is now accepting applications from
fellow neighbor who was looking after a fellow human Her rental property is foreclosed by the bank and the university students for the summer of 2009. There may be
being. remaining renters are forced to leave. internship possibilities in the fall as well. Some of the in-
I don’t claim to be an economist or an expert on how to One of the impacted renters works at the hair salon. Be- ternship positions available for this year will be at Congres-
turn the recession around, but here’s an example of how sides being told that he has lost his rental place, he was sional offices in Washington, DC, as well as at their res-
everything is connected. In uncertain times, we start also notified by his employer, the hair salon owner, that pective home offices. Positions at the Portuguese consulates
cutting back on our expenses. We usually start with his job has been eliminated because of lack of custo- throughout the United States are also to be found. PALCUS
the “luxuries” or items we can live without. If we get a mers. He’s left with no severance pay, no place to live, will also have internship positions available at its office.
haircut every 4 weeks, we start pushing back to every 8 and bills to pay. PALCUS can also help students find specific internship po-
weeks. This translates into our neighborhood hairdres- He goes to his local coffee shop to bid goodbye to his sitions in other governmental offices.Because intern respon-
ser making $20-30 per visit less per month per client. If friend, the barista. He places the $3.20 on the counter sibilities may vary from office to office, we look at each ap-
50% of her clients follow this approach, her salary was and asks her “How’s it going?” She replies that business plication individually and match students to the internship
just cut by 25% (averaged across a 2-month period). She has dropped more than 50% and most of her coworkers that will best suit them. Depending on the needs of interns,
then cuts back on home expenses — less groceries, less have been laid off already and she may be next. housing and transportation may be covered. A $100 a week
clothes, no dinners at restaurants, no going to the mo- The barista starts making plans to move back in with stipend is available for interns working a full-time schedule.
vies, etc. her parents. Her father retired a few years before, but The deadline for applications is April 17, 2009, but students
The local restaurant owner starts feeling the impact of his retirement fund all but vanished and his health is are urged to apply as soon as possible. Interested students
less or no visits by the hairdresser and her family. If 50% failing. Her parents decide to sell their house and move are also encouraged to get in touch with the office even be-
of his clientele stop their patronage altogether, another out of state, but there are no buyers. Her mother was fore completing the application.
25% reduce the number of visits to his restaurant by working part-time as a book-keeper at the local restau-
half, and another 20% continue to go out to dinner but rant earning enough to make the ends meet, but recen- About PALCUS’ Internship Program
closely monitor their expenses (no more expensive bot- tly was told that she was no longer needed. The barista’s The PALCUS Internship Program was established in 1994
tles of wine, shared plates, no dessert) then his income parents already stopped going to the local hair salon, to provide Portuguese-American students with work expe-
was cut by about 66%. He then is forced to lay off half the neighborhood restaurant, and even the coffee shop rience in their field of interest. Since its inception, over 150,
of his employees. is now off-limits. With no job, the barista cannot afford internship opportunities have been provided to university
The laid off waiter can no longer rent his apartment and to buy her parents’ house or help with their mortgage. students. Past and present internships have been in Portu-
moves out. He defaults on his leased car, auto insurance, In an act of desperation, the barista goes to the salon to gal; Washington, D.C and throughout the United States.
credit card bills, and stops all entertainment expenses get a nice hairdo and takes herself to the local restau-
(no more dinner dates, less haircuts, less groceries). rant for a quiet dinner. There, she sees someone walk Applying
The rental property owner cannot find another renter in. Nice looking, well-dressed. His name? Bond, James The application can be found at the PALCUS homepage
for the unit previously occupied by the waiter. She tries Bond! (www.palcus.org). If you have any questions, please contact
to sell the apartment building, but prices have dropped Who says that there is no happy ending to this reces- us at 202-466-4664 or by email at internships@ palcus.org.
so much, she is unable to do so. She starts defaulting on sion? Please mail all applications and their required documents
the rental property mortgage, insurance, property ta- * Actually, the proper translation is “É a economia, seu (which can be found in the application itself) to: Internship
xes, and stops all building maintenance. She mortgages Program, 9255 Center Street, Suite 404, Manassas, VA
ignorante!” 20110.
her own home to try to save the rental properties, but

About PALCUS
In order to create singular national voice to advocate for the
Portuguese-American and Luso-American communities- at-
large, PALCUS was founded in 1991 as a 501(c)3 non-parti-
san, non-profit organization headquartered in Washington,
D.C. with a mission of addressing domestic and internatio-
nal concerns of the Portuguese-American community.
PALCUS has conducted an expanding program of resear-
ch, educational and public affairs activities on salient issues
of interest to the Portuguese-American community and the
Luso-American relationship.
PALCUS is committed to serving the community through
increasingly active government relations efforts, the promo-
tion of a greater awareness of ethnic accomplishments and
encouraging stronger ties between Portugal and the United
States. In this role, we advance the community professio-
nally, politically and culturally, while working to ensure
that issues directly affecting our community are addressed
through our network of government and community leaders.
For more information, please contact the PALCUS office at
202-466-4664 or palcus@palcus.org.

PORTUGUESE BAND OF SAN JOSE

“Noite de Variedades”
Concert
Friday, March 27th
07:30pm

This concert will feature brass,


woodwind, and guitar ensembles
along with a performance by the PBSJ.
Admission is free and all are invited….
Custo: $150,000.00 dolares
28 ENGLISH SECTION 15 de Março de 2009

Terceira the third to be discov-


ered, but the first in many others ways
Part of the central group, Terceira was small craters, often filled with small lakes,
discovered as third island of the Azores mark the island’s centre. Its highest peak,
(hence the name, as ‘Terceira’ means the the Serra de Santa Bárbara, a 1,023 high
third in Portuguese) but it is also the third volcanic cone in a large crater, is domina-
largest and, next to São Miguel, the second ting the scenery of the western part. Pro-
most important island of the archipelago. tected by a fort here and there, the island’s
With an elliptical shape, Terceira covers an coasts are in general steep and dotted with
area of approx. 385 sq. km; it is about 29 numerous cliffs.
km long and up to 18 km wide. The distan- Due to its fertile soils, Terceira’s about
ce to São Miguel in the west is about 150 58,000 inhabitants make their living today
km and to its neighbor island São Jorge in mainly out of agriculture – the island has
the east about 55 km. Terceira’s capital is become the archipelago’s main cereal pro-
Angra do Heroismo (Angra of Heroism), a ducer - and cattle raising as well as algae
name, which it was granted by King Pedro harvesting.
IV in 1834 for the spirit of sacrifice and pa- Terceira’s colonization started around
triotism demonstrated against all exterior 1450, with the predominantly Flemish set- ce basis at Lajes, near Praia da Vitória, tourism combined with serene tranquility,
threats and its resistance to the then ab- tlers dedicating themselves to agriculture, Terceira’s second most important town. It the island of Terceira has everything for
solutistic Portuguese King Miguel during the main crops being cereals and pastel at has three runways, the longest being 3,600 the discerning traveler to experience an
the Civil War between the Liberals and the the time. In the 16th and 17th centuries, m, and serves both civil and military pur- invigorating holiday.
Absolutists from 1820 to 1831. Terceira also played an important role as poses. Due to military budget cuts on an
port of call for Spanish galleons charged international level, the American gover- Source: www.azores-islands.info
with the riches from the New World. With nment is constantly reducing its military
all the gold, diamonds, porcelain, spices presence, with the objective of transfor-
and silk being stocked in the port town of ming the former air base into a simple ser-
Angra, the island of Terceira had been a vice station.
favorite target for raids during centuries, Typical for the islanders’ leisure activities
with the corsairs coming predominantly are the Touradas à corda, a kind of bull-
from Spain’s enemies France, Flanders and fight using ropes, which takes place in
England. In 1597, even Sir Francis Drake, the streets and where everybody can take
leading a fleet of about one hundred ships, the challenge, but Angra has also a pro-
tried in vain to conquer the Spanish galle- per bullring, the Praça de Toiros da Ilha
ons anchoring in Angra’s port. Terceira, located in the eastern part of the
For the protection of the island against the town.
persistent pirate attacks and to ensure the From May onwards the traditional Espiri-
Spanish authority, the Castle of São Felipe to Santo (Holy Ghost) festivities take place
(called São João Baptista after the Spaniar- and Terceira is reputed for having the most
ds’ departure) and ten more castles were colourful and diversified celebrations of
built. After the pillaging of the West Indies all the islands of the archipelago. Witnes-
had come to an end, Terceira’s wealth de- ses of the islanders’ religious devotion are
Dominating the eastern part of the island, clined, but it continued to play an impor- the many – about 50 - colorful Impérios
where also the international Airport of tant role in Portugal’s history as economic, (shrines to the Holy Ghost) that can be
Lajes is located, a large volcanic plateau, administrative and religious centre of the found all over the island.
which is surrounded by the high moun- Azores. Consequently, in 1766, it became Boasting a captivating history resulting
tains of the Serra do Cume, descends sof- the seat of the General Captaincy and later in an important cultural heritage, solidly photos by Miguel Avila
tly towards the coast. The archipelago’s the regency over the Azores was installed anchored traditions, beautiful nature at-
largest crater, the Caldeira de Guilherme in Angra. tractions and interesting sights to visit as
Moniz (15 km in diameter) and numerous In 1943, the Americans built an air for- well as the comfort and offers of modern

Visiting professor teaches


at UMD
The University of Massachusetts Portuguese Studies. The course Award. Creative texts and more obtained by contacting the Cen-
Dartmouth Department of Por- will examine Portuguese fiction information about Prof. Zink are ter for Portuguese Studies and
tuguese, in partnership with the since 1974, particularly novellas available at http://www.ruizink. Culture at 508-999-8255 or www.
Center for Portuguese Studies and short stories, and discussions com. portstudies.umassd.edu.
and Culture, announces the hire will focus on political and socio- Established in 2001 by the Cen- About the Portuguese Studies
of Dr. Rui Zink, renowned Por- economic issues—in an era when ter for Portuguese Studies and Program
tuguese fiction writer, poet and Portuguese society changed Culture, the Hélio and Amélia
professor of literature at the New dramatically—as well as literary Pedroso/Luso-American Foun- Founded in 1996, the Universi-
University Lisbon, for Spring Se- form. dation Endowed Chair in Portu- ty of Massachusetts Dartmouth Contact:
mester 2009. Professor Zink will In 2001, Rui Zink is the author of guese Studies allows for the year- Center for Portuguese Studies Dário Borim, Chairperson
teach a one-semester graduate over 20 books. He wrote the e- ly hire of a distinguished scholar and Culture is a multidisciplinary Department of Portuguese
course on Contemporary Portu- novel Os Surfistas with the help and professor, specializing in the international studies and outrea- dborim@umassd.edu
guese Prose (POR 620/720) in the and occasional hindrance from vast and varied Portuguese-spe- ch unit dedicated to the study of (508) 910-6609
Department of Portuguese, under hundreds of readers who accep- aking world comprised of over the language, literatures and cul-
the auspices of the Hélio and ted to be co-writers. In 2005, his 200 million people in eight coun- tures of the Portuguese-speaking
Amélia Pedroso/Luso-American novel Dadiva Divina received tries on four continents. world.
Foundation Endowed Chair in Portugal’s prestigious Pen Club More information may also be

California cows grazing the winter fields (photo by Ilda Avila)


ENGLISH SECTION 29

California Chronicles
Ferreira Moreno
Goat Stories (2)

S
ince no goats are native a miner, was originally called antics of the male cousin of the
to California, the various Goatville. sheep. As for goatee, it means a
Goat Mountains, Buttes John McKenzie (Dictionary of little goat, from its resemblance
and Rocks were proba- the Bible) noted that the goat is to the scraggly fuzz on the chin
bly so named because antelope or common in modern Palestine and of the goat. There is also the Isle
mountain sheep were mistaken is frequently mentioned in the of Capri, south of Naples, once
for goats. Bible. It was considered ritually dedicated to the Goat Lord.
Yerba Buena Island in San Fran- clean as well as a sacrificial ani- In closing, a few proverbs: An
cisco Bay was called Goat Island mal. Large flocks of goats were old goat is never more revered for
for many years, because, at the kept by wealthy owners. Jacob his beard. The little goat follows
time of the Gold Rush, it was po- gave his brother Esau as a pre- his kind. No matter how well you
pulated by several hundred goats, sent two hundred female goats clean a goat, it will still smell like
descendants of half a dozen that and twenty male goats. (Exodus meat, but it is thought that later and feet, and sometimes a goat’s a goat. The goat prefers one goat
had been placed on the island 32:15). Nabal had a thousand go- (circa 4.000 B.C.) they were also hindquarters. The Satyrs, in Gre- to a herd of sheep. A goat is not
in 1842-43 by Nathan Spear and ats. (1 Samuel 25:2). In praise of used for milk, with the hair and ek mythology, were male follo- easy to fence in. The goat eats
John Fuller, merchants in Yerba his beloved, Salomon said: “Your skin being useful by-products. wers of the god Dionysos, also where it is tied. Every one fears
Buena. (Erwin Gudde, California hair is like a flock of goats, mo- Goats are very hardy animals, known as Bacchus. They were a goat from in front, a horse from
Place Names, 1998 Edition). ving down the slopes.’ (Song_of that can survive on shrubs and part human and part goat in their the rear and a fool on every side.
In Monterey County there were Solomon 4:1 & 6:5). the scanty vegetation of the de- physical and emotional characte-
a Goat Camp and a Goat Ranch. Biblical references confirm that sert, thereby utilizing areas that ristics. Sometimes they’
The first, located on Yentana Wil- goat’s milk was esteemed and its are useless for agriculture. Even were identified in Rome
derness Area, on a small grassy meat served as food. Also, goats’ today they form the basis for the with a species known
ridge between two streams, had a skins were used for water bottles nomadic existence of many be- as fauns. The Romans
large two-story barn and a small and for the manufacture of fabric duins, who live in tents woven depicted Faunus, an an-
cabin. On this rugged, steep area, used for tent cloth and for gar- from black goat hair, drink goat cient pre-Roman Italian
George Harlan (who had settled ments. milk, eat butter, yogurt and che- deity of oracles, agricul-
on this land around 1908) homes- According to “Harper’s Bible ese, sell goat meat and use goat ture and shepherds, with
teaded and raised goats. (Donald Dictionary’, the goat is one of skins as containers. It seems that goat’s feet and horns.
Thomas Clark, Monterey County the most versatile of domestic the bedouin life style has hardly Eventually, the Romàns
Place Names, A Geographical livestock animals. It has always changed since biblical times. Ac- assimilated Faunus with
Dictionary, 1991 Edition). been of special importance in the tually, numerous references are the Greek god Pan.
Goat Ranch was the name gi- Near East, where it is excellently made in the Bible to the same According to Wilfred
ven by Robert Louis Stevenson adapted to the arid climate. Goat usages of the goat. Funk, (Word Origins,
(1850-94) to the Jonathan Wri- bones, attributed to domesticated Among the ancient Greeks and 1992 Edition), the word
ght Ranch, where Stevenson was animals, are the most frequently Romans, the lore of the goat was caprice derives from
cared for after being found near found faunal remains at the Early various. Thus, the Greek woo- the ftalian capriccio
death nearby. The former town of Neolithic sites. They testify that dland and shepherd god Pan, through the Latin caper
Diamondville, northeast of Chico humans started herding goats whom the Romans identified with (goat). So when a girl is
in Butte County, laid out in 1857 about 9.000 years ago. At first, their gods Faunus and Silvanus, capricious, she is imita-
and named after James Diamond, goats were kept mainly for their was depicted with a goat’s horns ting the frisky’, playful
30 ENGLISH SECTION 15 de Março de 2009

Do meu Jardim

Alicia Filomena Cota


The Farmer’s Purpose
cotaa@uci.edu

H
e wakes up every day pers harshly, “Shhhh!……Do say anything his wife whispered,
before the sun rises not shame you father! He works “Don’t leave me.” With a calm
over the horizon with everyday for you kids to go to saintly voice he replied, “Don’t
his son following close the University! It is all he lives worry; I’m not leaving anyone.
behind. In their trucking hats and for. The minute all three of you Not until all the kids are in Uni-
flannel shirts, the two men lead go to the University will be the versity. I know this hurts you
their cows and calves. From one moment he finally stops fighting but I will always be with you”…
grazed field to another, the men this unconquerable battle.” All [Farmers wife sobbing]…”Stop
chuckle at the ferocious appetites her children know this but the crying, it’ll be okay. You need
of their growing calves. As the son still feels conflicted. Should to keep your strength for your
sun creeps its way above the hill- he seize this opportunity to con- son. I fear for him the most be-
side, the father dismisses his son tinue studying on o Continent or cause we have spent all our lives
so he may eat and dress for his take care of his family with his working together. He needs you
last day at the university. Even fathers’ health deteriorating? He to be strong. Our eldest daughter
though the monster is eating knows the right choice, which is will watch over the youngest. We
away inside his body, the farmer why he has been packing for his know we don’t need to worry
keeps working. new life on o Continent. Not only about them…”
In her kitchen, the farmer’s wife will his son leave for o Continent Cut off by stampeding steps down
prepares a snack for her hungry but also his eldest daughter be- the hall, the farmer refrained
family. Out the window, she sees gins her internship for nursing from speaking further. Cheer-
her three children running up the school on another island. Althou- fully, the youngest daughter runs
driveway and in the garage. As gh she will not be living as far as in the room and hands her mother
usual, her son and eldest daughter the son, she too cannot help but an envelope. With a couple of te-
are picking on the youngest child also feel conflicted. In the me- ars the farmer’s wife pulls the let-
even though all three are past the antime, the youngest daughter ter out and reads, “…tenham sido
days of childish teasing. Althou- in her last year of high school is aceites para Instituto Politécnico
gh the farmer and his wife often awaiting reply from Instituto Po- de Leiria.” In that moment she
snarl at their kids to get along, litécnico de Leiria, which is also farmer’s wife asks herself how his wife tighter. Looking at his dropped the letter onto her lap
they both know their lives will on o Continent. much longer she can fight crying wife, the farmer scowled at him- and sank back into her seat with
change very soon. Outside the ki- Six months have passed and the in front of her husband. For some self in his thoughts for not telling tears. Looking left she sees the
tchen door the farmer wipes his only changed person in this fami- reason, she thinks to herself, this his wife how beautiful she is farmers body lying next to her,
shoes and comes in for an after- ly is the farmer. He is as thin as feels like the end. Thus, it is even every day. Although her eyes are lifeless. She immediately began
noon snack. As usual, he takes a 12-year-old boy is and always harder now than ever to hold back closed, the farmer cannot stop screaming, “Não, Meu Deus!
his seat at the head of the table. found praying. One gray mor- her tears. And so, for two weeks, looking at his wife. He begins to Não, Meu Deus!” while beating
A pot of calde verde whose smell ning, farmer and wife held each the farmer and his wife wake reminisce back to his wedding her hands on his chest.
makes the farmer feel sick is ste- other for warmth. Even though up each morning and fall asleep day and to the births of his three With the cold touch of a child’s
aming on the kitchen table. He the farmer’s wife is not cold, she each night saying the rosary to- children. The feeling of elated hand, the farmer’s spirit scoops
looks at his wife with pleading knows to cherish this moment. gether…until today. happiness began sweeping his his wife’s face and gently whis-
eyes and stands up to leave for a “Will you pray with me?” whis- It is nearing four p.m. and like body, the same way he felt when pers, “My purpose on Earth is
nap. After leaving the room, the pered the farmer. Like a ballet, any other day, the farmer and his he married and had his children. complete but my purpose to our
farmers’ family begins to glance the couple simultaneously sat wife are praying their rosary in Somehow, he felt in his heart that family still lives. I haven’t left
at each other with worry. The son up and began reciting the rosa- their bedroom. The last five ye- his family would not only survi- you. I’m with you and my chil-
looks at his mother and says, “I’m ry, “Avé Maria, cheia de graça, ars have been difficult… unfair… ve without him, but also flourish. dren at every breathe.”
not going to school.” His mother o Senhor é convosco…” Holding exhausting. With a slender arm This thought made him smile and
hushes him quickly and whis- in her tears with every word, the across her waist, the farmer held before he could open his mouth to

Tom Rodrigues - painter, winemaker, baseball fan


Tom Rodrigues knew he would be an Ar- when he was a senior at Los Gatos High
tist from an early age, in fact, at 14 he was School. But Tom chose to pursue his art
apprenticing in a stained glass studio and and continue to develop his talent in art. In
by 17, he was teaching adult education the early 1980’s, he was the Designer and
classes in stained glass. Tom has always Production Manager of George Lucas’s
followed his dreams and passions. His Skywalker Ranch Studio that created in-
love and talent for baseball brought him an credible custom glass work. But Tom’s an
offer to play for the NY Mets farm team entrepreneur, so he went on to produce
“Legends at the Stick” in 1993 and had a
conceptual art show at Candlestick Park,
where his paintings were placed on the
field in the position of the players and ac-
tors portrayed the players of the era.
Tom’s wine introduction began in 1978 by
designing the Far Niente wine label and
collecting French Bordeaux and Burgundy
wines. He has since designed many wine
labels, several which reflect the influen-
ce and his love of Art Nouveau. Then, in
2001, he decided to combine his passions
for Art and Wine, and he and his sweethe-
art Linda moved to Mendocino to embark
on a new life at Maple Creek and start Ma- art and wines, go to:
ple Creek Winery. The vineyard and wines www.rodriguesstudio.
are now his canvas, and his paintings adorn com
the ARTEVINO wine labels. He is inspi- www.maplecreekwine.
red by the beauty and nature and challenge com
of being a sustainable farmer and vintner.
Tom has shown his art in galleries all over Maple Creek Winery
the U.S. and has clients all over the world. 20799 Highway 128
He still plays baseball, on the Greenwood Yorkville, CA 95494
Ridge Dragons, a men’s senior league har- Phone: 707-895-3001
dball team, and his proudest creation is his Fax: 707-895-3437
daughter Amy, who attends USC. Email: wine@maplecre-
Tom’s Azorean parents were fruit farmers ekwine.com
in the islands and grew fruit in Santa Clara
Valley and made house wine.

For more info about Tom Rodrigues, his


COMUNIDADE 31

Compre um livro português de


dois em dois meses e verá que
se sentirá mais feliz
32 ÚLTIMA PÁGINA 15 de Março de 2009

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