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Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial

ORIENTAÇÕES PARA A SELEÇÃO E USO DE


MATERIAIS DE REFERÊNCIA
Documento de caráter orientativo

DOQ-CGCRE-016
Revisão: 01 – ABRIL/2008

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Orientações para a Seleção e Uso de Materiais de Referência

SUMÁRIO
1 Objetivo
2 Campo de Aplicação
3 Responsabilidade
4 Siglas
5 Documento de Referência
6 Histórico da Revisão
Anexo – Versão Brasileira do Documento de Referência ILAC-G9:2005 – Guidelines for
the Selection and Use of Reference Materials

1 OBJETIVO
Este documento tem como objetivo fornecer aos laboratórios acreditados e postulantes a
acreditação orientações básicas sobre o uso e seleção de materiais de referência.

2 CAMPO DE APLICAÇÃO
Este documento se aplica à Dicla, aos Laboratórios acreditados e postulantes a acreditação e aos
avaliadores e especialistas que atuam nos processos de acreditação de Laboratórios.

3 RESPONSABILIDADE
A responsabilidade pela revisão deste documento é da Dicla.

4 SIGLAS
CITAC Cooperation on International Traceability in Analytical Chemistry
Cgcre Coordenação Geral de Acreditação
Dicla Divisão de Acreditação de Laboratórios
ILAC International Laboratory Accreditation Cooperation
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
MR Material de Referência
MRC Material de Referência Certificado
NIST National Institute of Standards and Technology
SI Sistema Internacional de Unidades

5 DOCUMENTO DE REFERÊNCIA
Este documento é uma tradução do documento Guidelines for the Selection and Use of Reference
Materials ILAC-G9:2005, elaborada pela Comissão Técnica de Química - CT-05.

6 HISTÓRICO DA REVISÃO
- Inclui novas siglas;
- Esta revisão 01 é a versão brasileira do documento ILAC-G:9/2005, em substituição à revisão
00 que era a versão brasileira do documento EA-04/14.
- Atualização geral do documento,
- Exclusão ou substituição do termo “certificação” por “atribuição de valor”, quando pertinente.

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ANEXO
VERSÃO BRASILEIRA DO DOCUMENTO DE REFERÊNCIA ILAC-G9:2005 –
GUIDELINES FOR THE SELECTION AND USE OF REFERENCE MATERIALS

ORIENTAÇÕE PARA A SELEÇÃO E USO DE MATERIAIS DE


REFERÊNCIA

Versão Brasileira da Publicação ILAC-G9:2005

PREÂMBULO

Este documento substitui o ILAC G9:1996 Guidelines for the Selection and Use of Certified
Reference Materials. Ele foi revisto e expandido para incluir o aumento de volume de
informação disponível sobre esse tópico atualmente.

OBJETIVO

O objetivo deste documento é prover um guia conciso, simples e fácil de usar aos laboratórios e
organismos de certificação e acreditação. São utilizadas principalmente definições da ISO e do
VIM mas há referências a textos mais abrangentes e especializados. Procura-se oferecer ajuda
aos mais inexperientes ao invés dos especialistas e, portanto, alguns tópicos são necessariamente
simplificados. Incluiu-se a discussão e esclarecimento de alguns pontos mal entendidos. Embora
baseado nos requisitos de medições químicas, há a intenção de também ser útil em outras áreas
de medição.

AUTORIA

Este documento foi elaborado pelo ILAC Accreditation Committee em conjunto com o ILAC
Laboratory Committee e endossado pelos Membros da ILAC.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 4
1-TIPOS DE MATERIAIS DE REFERÊNCIA 5
2-CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA 5
3-RASTREABILIDADE DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA 6
4-A DISPONIBILIDADE E SELEÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA 6
5-USOS DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA 7
5.1 Validação de método e incerteza de medição 7
5.2 Verificação do uso correto de um método 7
5.3 Calibração 8
5.4 Controle da Qualidade e Garantia da Qualidade (CQ&GQ) 8
6-AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA 8
6.1 Certificados e relatórios de apoio 9
6.2 Avaliação da adequação dos materiais de referência 10
7-PREPARAÇÃO INTERNA DE MATERIAIS DE REFERÊNCIA 10
8-DEFINIÇÕES 10
9-PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES SOBRE MATERIAIS DE REFERÊNCIA 11
10-REFERÊNCIAS 12
FIGURA 1: Sobreposição de funções associadas à rastreabilidade de medição e
qualidade analítica 13
FIGURA 2: Avaliação da adequação de um material de referência 14

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GUIA PARA SELEÇÃO E USO DE MATERIAIS DE REFERÊNCIA

INTRODUÇÃO

Há muitos textos detalhados e reconhecidos sobre vários aspectos dos materiais de referência, e
estes estão listados ao final deste artigo junto com algumas definições (1-4) reconhecidas
internacionalmente. Este artigo tem como objetivo prover um guia simples sobre o uso de
materiais de referência (MRs) dentro de um programa de qualidade mais abrangente.
Materiais de referência são uma importante ferramenta na determinação de muitos aspectos da
qualidade de medição e são usados para fins de validação de métodos, calibração, estimativa da
incerteza de medição, treinamento e para fins de CQ - Controle de Qualidade interno e GQ -
Garantia da Qualidade externa (ensaios de proficiência).
Num sentido mais amplo, a validade de medições pode ser assegurada quando:
• são usados métodos e equipamentos validados.
• pessoal qualificado e competente é encarregado do trabalho.
• a comparabilidade com medições realizadas em outros laboratórios é assegurada
(rastreabilidade e incerteza de medição).
• há evidência independente do desempenho (ensaios de proficiência).
• são empregados procedimentos de CQ e GQ bem definidos, preferivelmente
envolvendo acreditação de terceira parte.

Uma operação de medição freqüentemente serve a mais de um propósito, e pode haver


sobreposição de funções conforme ilustrado na Figura 1. Diferentes tipos de materiais de
referência são requeridos para diferentes funções. Por exemplo, um material de referência
certificado seria desejável para validação de um método, mas um material de referência de
trabalho seria adequado para CQ.
Orientações mais detalhadas sobre Garantia da Qualidade de medições químicas, incluindo
abordagens sobre materiais de referência, calibração, CQ e validação são fornecidas num guia
conjunto CITAC / Eurachem (5).

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1-TIPOS DE MATERIAIS DE REFERÊNCIA

MRs são usados para dar suporte a medições relacionadas a composição química, biológica,
clínica, física, propriedades de engenharia e outras áreas como sabor e odor. Eles podem ser
caracterizados para “identidade” (ex: estrutura química, tipo de fibra, espécies microbiológicas
etc.) ou para “valores de propriedades” (ex: quantidade de substância química específica, dureza
etc).
Alguns tipos de materiais de referência comumente encontrados são:
1. Substâncias puras caracterizadas para pureza química e/ou traços de impureza.
2. Soluções padrão e misturas gasosas, freqüentemente preparadas gravimetricamente a
partir de substâncias puras e usadas para fins de calibração.
3. Materiais de referência em matrizes, caracterizados para a composição de componentes
químicos principais, secundários ou elementos-traço. Tais materiais podem ser
preparados a partir de matrizes contendo os componentes de interesse, ou através da
preparação de misturas sintéticas.
4. Materiais de referência físico-químicos caracterizados para propriedades tais como
ponto de fusão, viscosidade, e densidade óptica.
5. Objetos ou artefatos de referência caracterizados para propriedades funcionais tais
como sabor, odor, octanagem, ponto de fulgor e dureza. Este tipo também inclui
espécimes microscópicos caracterizados para propriedades que vão de tipo de fibra a
espécimes microbiológicos.

2-CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA

A ISO reconhece duas classes de materiais, isto é, 'materiais de referência certificados’ (MRCs)
e 'materiais de referência' (MRs). MRCs devem, por definição, ser rastreáveis à realização exata
da unidade na qual os valores da propriedade são expressos. Cada valor de propriedade deve ser
acompanhado por uma incerteza para um nível de confiança estabelecido. MRs são materiais
cujos valores de propriedade são suficientemente homogêneos e bem estabelecidos para serem
usados na calibração de um aparelho, na avaliação de um método de medição, ou para atribuir
valores a materiais. Para a maioria dos materiais de referência químicos produzidos antes do
final da década de 1990, os valores de incerteza de medição fornecidos pelos produtores
dificilmente foram estimados em conformidade com o procedimento ISO (6,7) atualmente
recomendado. Pode-se esperar que a incerteza real seja maior que a declarada numa razão de 2-3,
nos casos onde são usadas apenas medições da precisão dentro do laboratório e num fator menor,
nos casos onde a certificação abrangeu uma variedade de métodos validados e uma variedade de
laboratórios. Alguns materiais vendidos como MRCs não possuem uma evidência de
rastreabilidade declarada. Nesses casos convém que o usuário faça um julgamento sobre a
possível rastreabilidade do valor atribuído para o MRC1. As seguintes classes de materiais de
referência podem ser encontradas:

Materiais de referência primários

Materiais de referência secundários Incerteza decrescente

Materiais de referência internos ou de trabalho

Outra terminologia, como a do NIST - Standard Reference Materials (SRM®), também é usada e
foi proposta a classificação (classe O-V) baseada no grau de rastreabilidade ao SI (8). Pan (9)
também publicou um artigo útil sobre este tópico.

1
Nota tradução: Ver Documentos de Referência, ISO Guias 30 e 35.

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3-RASTREABILIDADE DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA

Uma breve recapitulação do conceito e prática da rastreabilidade em medições químicas está


disponível no documento Eurachem/Citac Guide to Quality in Analytical Chemistry, an aid to
accreditation (5); um tratamento mais aprofundado do tópico é dado no documento
Citac/Eurachem Guide on Traceability in Chemical Measurement (5 A). Materiais de referência
são ferramentas importantes para a transferência da exatidão de medição entre laboratórios e seus
valores de propriedade deveriam ser rastreáveis ao SI, onde viável. A rastreabilidade é, no
entanto, um conceito relativamente novo no campo de medições químicas e como conseqüência
muito poucos materiais de referência químicos são explicitamente rastreáveis ao SI. Uma
hierarquia de métodos é, no entanto, usada para atribuir valores de propriedade a materiais e,
mesmo que não esteja declarada, sua rastreabilidade pode ser descrita conforme abaixo:
Método de Medição Rastreabilidade
Método primário SI
Método de tendência conhecida SI/padrão internacional
Método(s) independente(s) Resultados de métodos especificados
Comparação interlaboratorial Resultados de métodos especificados
Uma combinação de procedimentos de atribuição de valor é algumas vezes empregada, tal como
um valor de consenso derivado de uma comparação interlaboratorial na qual métodos primários
foram usados. Na ausência de rastreabilidade formalmente estabelecida o usuário terá que julgar
a rastreabilidade implícita, baseado nos dados disponíveis em relatórios e na literatura técnica. É
importante assegurar que interferências químicas e efeitos de matriz sejam adequadamente
tratados ao se chegar ao valor certificado e sua incerteza. Níveis desconhecidos de tendência não
são incomuns e contribuem para a falta de concordância entre as medições.
A incerteza de medição do valor de propriedade um material de referência utilizado num
processo de medição contribuirá para a incerteza de medição final, mas é recomendável que
contribua com menos de um terço da incerteza de medição total. Qualquer subestimação da
incerteza do valor de propriedade do MR será, é claro, repassada às medições nas quais o MR for
usado.

4-A DISPONIBILIDADE E A SELEÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA

Geralmente a demanda por materiais de referência excede a oferta em termos da variedade de


materiais e disponibilidade. É raro poder escolher MRs alternativos e o usuário deve escolher o
material mais adequado disponível. É importante, portanto, que os usuários e os organismos de
acreditação estejam atentos a quaisquer limitações dos materiais de referência empregados.
Há, no entanto, várias centenas de organizações produzindo dezenas de milhares de materiais de
referência em âmbito mundial. Entre os produtores estão instituições de renome internacional
como o NIST; programas colaborativos patrocinados pelo governo tais como o programa EU
BCR; associações de comércio ou associações setoriais semicomerciais tais como a American
Oil Chemicals Association e um número crescente de organizações comerciais. A distinção entre
institutos governamentais e empresas comerciais está desaparecendo com a privatização de
muitos laboratórios nacionais.

Nem todos os materiais que são usados como materiais de referência são descritos como tal.
Substâncias químicas de pureza variável e disponíveis comercialmente, matrizes e produtos de
programas de pesquisa são freqüentemente usados como padrões ou materiais de referência. Na
falta de dados oferecidos pelo fornecedor, é responsabilidade do usuário avaliar as informações
disponíveis e realizar a caracterização adicional conforme apropriado. Orientações sobre a
preparação dos materiais de referência estão disponíveis nos ISO Guias 31, 34 e 35, sendo que
documentos orientativos sobre a preparação de materiais de referência de trabalho também estão
disponíveis (12,13).
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Informações sobre materiais de referência são encontradas numa variedade de fontes. O banco
de dados COMAR contém informações sobre mais de 10.000 MRs/MRCs, as quais podem ser
acessadas diretamente ou através de institutos que oferecem serviço de consultoria. Informação
adicional pode ser obtida na Secretaria Central do COMAR (comar@bam.de). Serviços de
consultoria auxiliam usuários na identificação do tipo de material requerido para sua tarefa e na
identificação de um fornecedor. Uma base dados abrangendo os materiais de referência em
desenvolvimento foi preparado por CITAC e ISO REMCO (14).
O BIPM desenvolveu duas bases de dados, uma categorizada sob o Apêndice C do CIPM-MRA
e a segunda sob a responsabilidade do Joint Committee for Traceability in Laboratory Medicine
(JCTLM). Ambas as bases de dados (www.bipm.org) proverão informações úteis sobre a
rastreabilidade dos valores atribuídos às propriedades.
Uma base de dados da Internet para seleção de MRs foi desenvolvida pela Agência Internacional
de Energia Atômica (IAEA) (http://www.iaea.org/programmes/nahunet/e4/nmrm/index.htm).
O Virtual Institute on Reference Materials (VIRM) é um projeto financiado pela UE que
pretende tornar-se autofinanciável. O VIRM tem sua base na Internet e fornece informações
sobre vários aspectos relacionados a MRs (www.virm.org).
Fornecedores de MR e MRC provêem uma grande variedade de materiais, incluindo materiais
produzidos por outras organizações, numa tentativa de oferecer um só lugar de compras para o
usuário.

5-USOS DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA


Há muitos tipos de materiais de referência e alguns dos tipos comumente encontrados estão
listados na seção “tipos de materiais de referência”. Alguns exemplos de seus usos estão
descritos nesta seção, mas para uma descrição mais detalhada de seus vários usos recomenda-se
que o leitor consulte os ISO Guias 32 e 33.
5.1 Validação de Métodos e Incerteza de Medição
Estimativa de tendência (a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro) é um dos
elementos mais difíceis na validação de método, mas MRs adequados podem prover informações
valiosas, dentro dos limites da incerteza dos valores certificados dos MRs e da incerteza do
método sob validação. Embora valores certificados rastreáveis sejam altamente desejáveis, a
avaliação de diferenças de tendência entre dois ou mais métodos pode ser estabelecida pelo uso
de MRs certificados menos rigorosamente. Claro que os MRs devem estar dentro do escopo do
método em termos de tipo de matriz, concentração do analito etc., e idealmente convém que se
ensaie uma variedade de MRs abrangendo toda a faixa do método. Nos casos em que estão sendo
avaliadas modificações secundárias de um método bem estabelecido, estudos menos rigorosos de
tendência podem então ser empregados.
Medições replicadas do MR, abrangendo toda a faixa de variáveis permitidas pelo método que
estiver sendo validado, podem ser usadas para estimar a incerteza associada a qualquer
tendência, sendo aconselhável que, normalmente, a mesma seja corrigida (15).
Convém que a incerteza associada com um MR não seja maior que um terço daquela da medição
com uma amostra.
5.2 Verificação do Uso Correto de um Método
A aplicação bem sucedida de um método válido depende do seu uso correto, no que se refere à
habilidade do operador, adequação do equipamento, reagentes e padrões. MRs podem ser usados
para treinamento, para verificação de métodos pouco usados e para resolução de problemas
quando resultados inesperados são obtidos.

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5.3 Calibração

Normalmente um material de referência de substância pura é usado para a calibração que


antecede a etapa de medição de um método. Outros componentes do método de ensaio, tais como
digestão, separação e derivatização da amostra não são, é claro, considerados, e perda de analito,
contaminação e interferências e as respectivas incertezas associadas devem ser tratadas como
uma parte da validação do método. A incerteza associada à pureza do MR contribuirá para a
incerteza de medição total.
Por exemplo, um MR certificado como 99,9% puro, com uma incerteza expandida U (k=2) de
0,1% contribuirá com uma incerteza de 0,1% para a incerteza de medição total.
No caso de análise de elementos em nível traço, este nível de incerteza raramente será
importante, mas para ensaios, pode-se esperar que seja significativo.
Alguns outros métodos, tais como análise de espectrometria de fluorescência de Raios-X, usam
MRs em matrizes para a calibração do processo analítico completo. Além da compatibilidade
com a matriz, a forma do analito tem que ser a mesma nas amostras e nos MRs, e as
concentrações analíticas dos MRs tem que englobar aquelas das amostras (12).
O ISO Guia 32 e a referência 7 provêem informações adicionais úteis.

5.4 Controle de Qualidade e Garantia da Qualidade (CQ&GQ)


Convém que MRs sejam caracterizados com relação à homogeneidade, estabilidade, e o(s)
valor(es) de propriedade certificado(s). Para CQ interno, entretanto, o último requisito pode ser
relevado, mas homogeneidade e estabilidade adequadas são essenciais. Requisitos semelhantes
se aplicam a amostras usadas para estabelecer o quanto convergem ou não as medições efetuadas
em diferentes laboratórios. No caso de ensaio de proficiência, homogeneidade é essencial e a
estabilidade da amostra dentro da escala de tempo de execução do exercício deve ser avaliada e
controlada. Embora desejável, o custo da atribuição dos valores de propriedades das amostras de
ensaio de proficiência freqüentemente é proibitivo, e assim, valores de média consensuais são
usados em seu lugar. Como conseqüência, freqüentemente resta alguma dúvida sobre a
confiabilidade dos valores atribuídos e usados em ensaios de proficiência. Isso se deve ao fato de
que, embora a média consensual de um conjunto de dados tenha valor, não significa que 'a
maioria' seja necessariamente correta e, como conseqüência, os valores carregam algum
elemento não revelado de incerteza.
Portanto, a interpretação dos dados de ensaios de proficiência necessita ser cautelosa.

6-AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DOS MATERIAIS DE REFERÊNCIA

Conforme indicado anteriormente, o principal parâmetro associado ao valor atribuído é a


incerteza e a confiabilidade da estimativa de incerteza. Convém que as planilhas de incerteza
sejam derivadas usando a abordagem da ISO (6,7). Convém que o valor atribuído seja declarado
junto com a incerteza expandida, U, usando-se um fator de abrangência k=2, o qual provê um
nível de confiança de aproximadamente 95%.
Entretanto, muitas vezes nem todos os dados sobre a incerteza estão disponíveis, tornando-se
necessário considerar outros critérios como uma lista de verificação da qualidade, a fim de
determinar a adequação do MR para a tarefa em questão. Os usuários devem, portanto, ser
cuidadosos e buscar através dos fornecedores evidência clara da qualidade e rastreabilidade dos
valores de propriedade dos materiais de referência, conforme detalhado a seguir.
Nos casos em que todos os dados referentes ao valor atribuído e sua incerteza associada estejam
disponíveis para o usuário, o não especialista pode não estar em condições de avaliá-los.
Conseqüentemente os usuários devem ser cautelosos e buscar através dos fornecedores evidência
clara da rastreabilidade dos valores de propriedade atribuídos aos materiais e a competência dos
laboratórios envolvidos no processo de atribuição desses valores.

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Idealmente o material de referência deve ser produzido de acordo com um sistema da qualidade
reconhecido e que tenha sido auditado e recebido um reconhecimento de terceira parte. Sistemas,
como aqueles baseados na ISO Guia 34, que contenham referências normativas à
ABNT ISO/IEC 17025 (importante para a atribuição do valor da propriedade) estão atualmente
em operação em muitas partes do mundo, mas levará muitos anos para estes sistemas
impactarem significativamente o mercado.

Um protocolo para avaliação da adequação dos MRs está detalhado na Figura 2 e é discutido a
seguir. O usuário deve avaliar qualquer MR quanto à adequação ao uso, baseado em requisitos
analíticos e do cliente. Fatores a serem considerados incluem o seguinte:

1. A adequação de um material de referência depende dos detalhes da especificação


analítica. Efeitos de matriz e outros fatores tais como faixa de concentração podem ser
mais importantes que a incerteza do valor atribuído, conforme explicado em (11).
Os fatores a serem considerados incluem:
• Mensurando, incluindo o analito
• Faixa de medição (concentração)
• Compatibilidade com a matriz e potenciais interferências
• Tamanho da amostra
• Homogeneidade e estabilidade
• Incerteza de medição
• Procedimentos de atribuição de valor (de medição e estatísticos)
2. A validade dos dados relativos ao valor atribuído e sua incerteza, incluindo a
conformidade dos procedimentos principais ao ISO Guia 35 e outros requisitos ISO
(6,7).
3. Registros “rastreáveis” tanto do produtor quanto do material. Por exemplo, quando um
MR em uso foi submetido a uma comparação interlaboratorial, teve seus dados cruzados
pelo uso de diferentes métodos, ou há experiência de uso numa variedade de laboratórios
durante um período de anos.
4. Disponibilidade de um certificado e relatório em conformidade com o ISO Guia 31.
5. Demonstração da conformidade da produção dos materiais de referência a normas
de qualidade tais como o ISO Guia 34 ou requisitos ILAC (10), ou da
conformidade da capacidade de medição dos valores de propriedade aos requisitos da
ABNT ISO ISO/IEC 17025 (16).

Todos ou alguns requisitos podem ser estabelecidos na especificação analítica e do cliente, mas
freqüentemente será necessário que o analista exerça seu julgamento profissional. Finalmente,
qualidade não necessariamente equivale a uma baixa incerteza e assim critérios de adequação ao
uso precisam ser utilizados.

6.1 Certificados e relatórios de apoio

Idealmente, estarão disponíveis um certificado em conformidade com o ISO Guia 31 e um


relatório abrangendo a caracterização, certificação e os procedimentos de análise estatística, em
conformidade com o ISO Guia 35.
Entretanto, muitos MRs, particularmente os materiais mais antigos e materiais não produzidos
especificamente como MRs, podem não estar em conformidade com o ISO Guia 31 e 35.
Alternativamente, informações equivalentes, disponíveis em quaisquer formas, podem ser
consideradas aceitáveis, desde que forneçam evidências de conformidade que tenham
credibilidade. Exemplos: relatórios técnicos, artigos em publicações científicas, especificações
comerciais, relatórios de encontros científicos e correspondências com fornecedores.

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6.2 – Avaliação da Adequação dos Materiais de Referência

Os laboratórios têm que estar aptos a explicar e justificar as razões da seleção de todos os MRs e,
claro, qualquer decisão de não usar determinado MR. Na falta de informação específica, não é
possível avaliar a qualidade de um MR. O rigor com o qual a avaliação necessita ser conduzida
depende do quão crítica é a medição, do nível do requisito técnico e da expectativa de influência
do MR na validade da medição. Apenas quando se pode esperar que a escolha de um MR afete
de maneira significativa os resultados de medição é que uma avaliação formal de adequação é
requerida.

7-PREPARAÇÃO INTERNA DE MATERIAIS DE REFERÊNCIA

Produzir MRs de alta qualidade é uma atividade complexa e que apresenta um custo elevado, e
existindo materiais disponíveis de outras fontes, normalmente, não é interessante, em termos de
custo/benefício para o laboratório, produzir seus próprios MRs. No entanto, se isso for
necessário, há guias disponíveis (12,13) para ajudar o laboratório não especialista a preparar os
seus próprios MRs. Alguns dos pontos principais a se considerar são: seleção dos materiais
(adequação, material natural versus “spikes”, preparação do material etc.), estudos de
homogeneidade, preparação e embalagem (homogeneidade, contaminação, estabilidade etc.),
estudos de estabilidade, ensaios para a determinação do valor atribuído, estimativa da incerteza,
documentação e GQ, mecanismos para a aprovação do valor atribuído, armazenamento, e
distribuição.

8-DEFINIÇÕES

Calibração (1): Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação
entre os valores indicados por um instrumento de medição, ou sistema de medição, ou valores
representados por uma medida materializada, ou um material de referência, e os valores
correspondentes das grandezas estabelecidas através de padrões.

Material de Referência Certificado2 (1): Material de referência, acompanhado por um


certificado, com um ou mais valores de propriedades, e certificados por um procedimento que
estabelece sua rastreabilidade à obtenção exata da unidade na qual os valores da propriedade são
expressos, e cada valor certificado é acompanhado por uma incerteza para um nível de confiança
estabelecido.
Método Primário (2): Método primário é aquele método de medição com a mais elevada
qualidade metrológica, cuja execução pode ser completamente descrita e entendida, para o qual a
incerteza total pode ser expressa em termos do Sistema Internacional de Unidades (SI). Um
método primário mede o valor de um mensurando sem referência a um padrão da mesma
grandeza. Um método primário de razão mede a razão entre a quantidade de uma substância
desconhecida e a quantidade do padrão; sua execução deve ser descrita por completo através de
uma equação representativa da medição.
Os métodos identificados como tendo potencial para serem métodos primários são3:
espectrometria de massas por diluição isotópica; gravimetria, inclusive misturas gravimétricas e
análises gravimétricas; titulometria; coulometria; determinação do abaixamento do ponto de
congelamento; calorimetria exploratória diferencial. Outros métodos tais como a cromatografia,
que tem inúmeras aplicações na análise química orgânica, também foram propostos.

2
Nota da tradução: Ver ISO Guide 35:2006, que alterou a definição de Material de Referência Certificado (MRC).
3
Nota da tradução: ver documento: Evolving Needs for Metrology in Trade, Industry and Society and the Role of
the BIPM; Robert Kaarls.

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Material de Referência (MR) (1): Material ou substância que tem um ou mais valores de
propriedade que são suficientemente homogêneos e bem estabelecidos para ser usado na
calibração de um aparelho, na avaliação de um método de medição, ou atribuição de valores a
materiais.

Rastreabilidade (1): Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar


relacionado a referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais,
através de uma cadeia contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas.

Incerteza de medição (1): Parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a
dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a um mensurando.

Validação (3): Comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva, de que os


requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos. A validação de
método não foi formalmente definida, mas, um Guia sobre o tópico está disponível (4).

9-PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES SOBRE MATERIAIS DE REFERÊNCIA

Os seguintes guias foram preparados pela ISO REMCO, o comitê internacional que lidera os
assuntos relacionados a materiais de referência:
• ISO Guide 30:1992 Terms and definitions used in connection with reference materials
(ABNT ISO Guia 30:2000 - Termos e definições relacionados com materiais de referência)
• ISO Guide 31:2000 Contents of certificates of reference materials
(ABNT ISO Guia 31:2004 – Materiais de referência – Conteúdo de certificados e rótulos)
• ISO Guide 32:1997 Calibration of chemical analysis and use of certified reference materials
(ABNT ISO Guia 32:2000 – Calibração em química analítica e uso de materiais de referência
certificados)
• ISO Guide 33:2000 Uses of certified reference materials
(ABNT ISO Guia 33:2002 – Utilização de materiais de referência certificados)
• ISO Guide 34:2000 General requirements for the competence of reference material producers
(ABNT ISO Guia 34:2004 – Requisitos gerais para a competência de produtores de material de
referência)
• ISO Guide 35:2006 Reference materials – General and statistical principles for certification.
• ISO/REMCO Document N 330 List of producers of certified reference materials,
Information by Task Group 3 “Promotion”

Outros guias incluem:


• European Commission Document, BCR/48/93 (Dec 1994): Guidelines for the production and
certification of BCR reference materials
• NIST Publication 260-100 (1993): Standard Reference Materials - Handbook for SRM Users
• IUPAC ‘Orange Book’: Recommended Reference Materials for the Realisation of Physico
chemical chemical Properties, Edited K N Marsh, Blackwell Scientific Publications, 1987
• World Health Organisation (WHO) Guidelines for the Preparation and Characterisation and
Establishment of International and other Standards and Reference Reagents for Biological
Substances, Technical Report Series No 800 (1990)

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10-REFERÊNCIAS
1. International vocabulary of basic and general terms in metrology (VIM), second edition,
1993, ISO/BIPM/IEC/IFCC/IUPAC/IUPAP/IOML, Published by ISO
(Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia – VIM –
Portaria Inmetro 029, de 1995)
2. Minutes of 4th CCQM meeting, Feb 1998, Paris
3. ISO 9000, Quality management systems - Fundamentals and vocabulary (ISO
9000:2000);
(NBR ISO 9000/2000 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário)
4. Eurachem Guide: The fitness for Purpose of Analytical Methods – A Laboratory Guide to
Method Validation and Related Topics, 1998, Published by LGC UK (see
www.eurachem.org)
5. CITAC Eurachem Guide, Guide to Quality in Analytical Chemistry, An Aid to
Accreditation, 2001, 5A, EURACHEM/CITAC “Traceability in Chemical Measurement”
2003 see www.eurachem.org
6. Guide to the expression of uncertainly in measurement, first edition, 1995,
ISO/BIPM/IEC/IFCC/IUPAC/IUPAP/IOML. (Published by ISO)
(Guia para Expressão da Incerteza de Medição – Terceira edição brasileira, 2003)
7. Eurachem/CITAC Guide, Quantifying Uncertainly in Analytical Measurement, 2nd
Edition 2000, Published by LGC, UK (see www.eurachem.org)
8. P. De Bievre et al, Accred Qual Assur, 1996, 1, 3-13
9. X. R. Pan, Metrologia, 1997, 34, 35-39,
10. ILAC Guidelines for the Competence of Reference Material Producers, ILAC G12, 2000
(see www.ilac.org)
11. A. Marschal, Traceability and Calibration in Analytical Chemistry - Principles and
Applications to Real Life in Connection with ISO 9000, EN 45000 And ISO Guide25,
Eurolab Symposium, Firenze, April 1994
12. B Brookman and R Walker, Guidelines for the In-House Production of Reference
Materials, March 1997, LGC Report, UK
13. J M Christensen, Guidelines for Preparation and Certification of Reference Materials for
Chemical Analysis in Occupational Health, NORDREF, 1998 (ISBN:87-7904-010-1)
14. S D Rasberry and C L Monti, Worldwide Production of CRMs: 1996 Status Report,
NIST Report Feb 1996
15. S L R Ellison and A Williams, Measurement Uncertainty: The Key to the Use of
Recovery Factors, pp 30-37, The Use of Recovery Factors in Trace Analysis, Ed M
Parkany, RSC, 1996
16. NBR ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos gerais para competência de laboratórios de
ensaio e calibração.

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FIGURA 1: Sobreposição de funções associadas com Rastreabilidade de Medição e


Qualidade Analítica

Calibração
Validação Rastreável

Incerteza de Medição/
CQ/GQ Rastreabilidade

Medição válida

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FIGURA 2: Avaliação da adequação de um Material de Referência

Define requisito Seleciona MR candidato e


analítico (Nota 1) obtém informação de
suporte (Nota 2)

As características Não
relatadas do MR são
completamente similares Limitações porém o MR
ao requisito analítico é o melhor disponível e
preenche os requisitos
mínimos
Sim
Não
Sim

Não
Evidência de suporte no
que se refere à
qualidade é satisfatória Limitações porém o MR é
o melhor disponível e
preenche os requisitos
Sim mínimos Não

Sim

MATERIAL DE REFERÊNCIA MR INADEQUADO, BUSCAR


ADEQUADO ALTERNATIVA OU REBAIXAR
REQUISITO.

Notas à Figura 2:

Nota 1: Convém que a especificação dos requisitos analíticos inclua detalhes relativos ao
mensurando, concentração, rastreabilidade, incerteza de medição, etc.

Nota 2: Convém que as principais características constem no Certificado do MR. Informações


adicionais, por exemplo, detalhes do(s) métodos(s) usado(s) para atribuição de valores e a
planilha de incerteza completa também devem constar no Certificado ou num relatório de
suporte.

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