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Ricardo Abramovay
06/03/2009
É bem verdade que a eficiência aumenta ao longo do tempo nos países estudados.
Cada unidade de PIB vai sendo produzida com quantidade menor de matéria e energia.
Estes ganhos, no entanto, são largamente contrabalançados pelo crescimento
econômico e pelos padrões de consumo destes países. O descasamento é apenas
relativo à quantidade de materiais e energia por unidade de PIB. No entanto, em
termos absolutos, a quantidade de lixo por habitante e a de materiais e energia
utilizados no processo produtivo continua aumentando. A conclusão do livro
organizado por Matthews é inequívoca: "a mudança econômica estrutural [em direção
a uma economia de serviços] e os ganhos de eficiência tecnológica, sozinhos, têm
poucas chances de trazer real redução no uso de recursos e na produção de
rejeitos".
A liderança mundial dos próximos anos não estará nas mãos dos países que vão
crescer, vencer a pobreza e reduzir a desigualdade, e sim daqueles que conseguirem
fazê-lo modificando o conteúdo material e energético da vida econômica. O que
supõe não o mimetismo de acreditar que petróleo, biocombustíveis para motores a
combustão interna e grandes obras para exportação formam o caminho do futuro, e
sim a transição para sistemas produtivos que preservem o patrimônio natural, se
apoiem no consumo cada vez menor de matéria e energia e valorizem a
biodiversidade.