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“Defendo que o maior e mais sensato gestor não deverá almejar a maximização dos
lucros, antes sim, a ‘optimização’ dos mesmos” (Bigio, Joseph, 2002).
Verifica-se que vão aparecendo cada vez mais empresas a apresentar relatórios de
sustentabilidade, seja como complemento dos relatórios anuais de cariz financeiro, seja
como anexo aos mesmos, ou ainda apresentados independentemente daqueles e até com
periodicidade diferente.
É principalmente nas grandes empresas multinacionais que este fenómeno mais toma
forma, um pouco como moda ou corrente de pensamento, e dando ainda os primeiros
passos no caminho de uma formatação homogénea tanto na qualidade quanto na
quantidade de informação divulgada pelas administrações.
Poderá até acontecer que algumas destas entidades o façam de uma forma pretensiosa,
algo como marketing social, que ‘fica bem’. Outras, por ventura são pressionadas pelas
valorizações bolsistas, pois um dos indicadores com elevado peso nas ponderações de
cotação é a classificação da entidade pelas várias normas segundo as quais há que
divulgar se estão a ser praticados diversos pontos considerados em grelhas de
comparação.
A normalização mais difundida a nível internacional é a GRI – Global Report Initiative.
Apresenta três classificações conforme o grau de aplicabilidade e ainda uma outra
classificação relativa à certificação por uma terceira entidade quanto à aplicação das
referidas normas.
Tanto a tarefa de demonstração, por parte da empresa relatora, como a de conferência,
por parte da certificadora, são em todo o caso trabalhos que parecem ser bastante
dispendiosos pela exigência do serviço de pessoal altamente especializado.
Suscita-se assim a interrogação se apenas as grandes empresas multinacionais deverão
ponderar o caminho que estão a seguir nesta nova área de gestão e que tem a ver com o
desempenho a nível económico, social e ambiental. Parece que não!
Todos não serão de mais para tentar modificar o desequilíbrio que aparece entre países
ricos, do Norte ou pobres, do Sul;
Todos estão chamados a compreender que as empresas já não são entidades estanques
aos interesses externos aos seus proprietários e que mesmo dentro dos accionistas há
uma diferença abismal entre os capitais sociais de hoje em dia, com milhões de acções
O Debute da Responsabilidade Social das Pequenas e Médias Empresas
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espalhadas por pessoas que nunca se verão, das velhas empresas familiares em que os
sócios eram os administradores e não se vislumbravam divergências de interesses entre
eles;
Nesta aldeia global, um problema na gestão de uma empresa pode ter repercussões
terríveis nos accionistas mas também nos seus trabalhadores, nas empresas a montante
ou mesmo a jusante, nos vizinhos que suportarão externalidades, sejam negativas ou
mesmo positivas, daí provenientes, etc.
É pois necessário implementar a nível mais generalizado esta problemática que começa
a ser objecto de preocupação por alguns extractos da população mundial atentos aos
sinais dos tempos: as intempéries incontroladas, os fluxos migratórios humanos, o fosso
entre aqueles cada vez mais ricos com a pobreza generalizada que se vê, não apenas a
nível internacional mas também entre regiões ou mesmo entre bairros da mesma cidade.
1.3. Objectivos
- ajudar pequenas entidades a sensibilizar-se para a sustentabilidade;
- inquirir, através da adaptação do inquérito da Ethos-Sebrae o posicionamento de
empresas alentejanas;
2. Revisão da Literatura
“Não parece haver dúvida que os clientes, os poderes públicos, os investidores, as
entidades ambientais, e a sociedade em geral projectam hoje sobre a vida das
organizações um enlenco vasto de desafios e requisitos que recomendam velada
atenção às RSE” (Moreira et. al, 2003, p.100) .
recorda que o debate a nível europeu acerca desta questão, começou em Lisboa, na
época da cimeira europeia de Lisboa, em Março de 2000. Houve um apelo lançado
pelos Chefes de Estado e de Governo acerca da RS das empresas, e este foi, a nível
europeu, um ponto de viragem.
A Agenda de Lisboa vai neste sentido de alertar, de chamar a atenção dos responsáveis,
seja a que nível for, como recorda Dominique Be, um alto responsável pelos Assuntos
Socais da União Europeia, ao discursar no Seminário RSO, promovido pelo IDICT em
Junho de 2003. Mas não é possível ficar de braços cruzados à espera que algo se
modifique se cada um não se questionar sobre o tipo de colaboração possível. Já o
Protocolo de Quioto e Conferências como Toronto, Rio de Janeiro, Copenhaga e outras
grandes reuniões sobre esta temática chamaram a atenção de governantes para a
necessidade da Responsabilidade Social, seja de entidades públicas ou privadas.
Entidades em todo o mundo começam a despertar para a problemática como o ISEA –
Institute of Social and Ethical Accountability”, de Londres , o CEPAA – Council for
Economic Priorities Accreditation Agency ( Órgão de Credenciamento do Conselho de
Prioridades Económicas), o CERES (Coalition for Environmentally Responsible
Economies) em associação com o UNEP (United Nations Environment Programme),
que criam normas para generalizar este empenho. A International Organization for
Standardization está a desenvolver a ISO26000, como norma a utilizar na
implementação da responsabilidade social por parte das organizações, prevendo tê-la
completamente testada e pronta a aplicar em 20102.
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Terá algum interesse comparar os resultados ora propostos em que a população é essencialmente a
PME, no Alentejo, com os resultados da KPMG essencialmente baseados em grandes empresas
multinacionais. Será interessante ver a diferença de dificuldades apontadas por uns e por outros.
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“ISO has chosen SIS, Swedish Standards Institute and ABNT, Brazilian Association of Technical
Standards to provide the joint leadership of the ISO Working Group on Social Responsibility (WG SR).
The WG SR has been given the task of drafting an International Standard for social responsibility that will
be published in 2010 as ISO 26000.” http://www.sis.se/ e http://www.abtn.org.br/
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Este número estará dependente da homogeneidade das entidades que se disponibilizem e dos
sectores de actividade a que pertençam.
Uma 4ª noção fecha a conclusão: é a de que um trabalho científico não cai do céu. É
faseado no tempo. O trabalho de dissertação que o autor se propõe efectuar no próximo
ano, tem muitos cientistas por detrás que já estudaram o assunto sob várias perspectivas
ao longo dos anos, como está expresso na revisão da literatura. Mas tem também os dois
guiões de “Metodologia” que ajudaram a ancorar as ideias necessárias.
Grato.
6- Bibliografia
BIGIO, Joseph, 2002, “Capital de Responsabilidade Social – mitigar a globalização”,
UAL –Lisboa
CAMPOS, Taiane e RODRIGUES, Suzana, 2003, ”Performance social corporative e
performance económica: algumas contribuições para o debate”, Economia &
Gestão,Belo Horizonte, v. 2e 3, nº4 e 5, p. 27- 43, Dez2002/Jul2003
CARROLL, Archie, 1999, “Corporate Social Responsability: Evolution of a
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2005
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www.globalreporting.org
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http://www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/IndicadoresEtho-Sebrae2007-
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KOLEVA, Petia “La responsabilité sociale des entreprises dans les pays européens en
transition : Réalité et limites ‘’ , La Revue des Sciences de Gestion, Direction et
Gestion, nº 211-212 –RSE- (Maio 2005)
O Debute da Responsabilidade Social das Pequenas e Médias Empresas
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KPMG, 2000, “Business Ethics Survey Report‘’, Toronto
www.apcer.pt/index.php?cat=62&item=138&hrq=...cd03ac71a10b3967
MOREIRA, José; REGO, Arménio; SARRICO, Cláudia – “Gestão Ética e
Responsabilidade Social das Empresas: Um estudo da situação portuguesa”, Principia,
2003
NUNES Florbela – “Responsabilidade social das empresas – contributos para a
construção de uma ferramenta de gestão”, Economia e Sociologia, n.º 79 , 2005
PITEIRA, António e CORDOVIL, Nuno ,2008 “Análise comparativa de dois artigos
científicos”, não publicado
RAMOS, André, 2006, “Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”, Revista da
Qualidade da Ibertype, edição nº 15, Nov/Dez 2006
REGO, A.; MOREIRA, JM; SARRICO, Cláudia, 2003 “Gestão Ética e
Responsabilidade Social das Empresas – Um Estudo da Situação Portuguesa”,
Principia, Cascais.
Seminário “A Responsabilidade Social das Organizações”, Lisboa, 16 e 17 de Junho de
2003, www.ishst.pt/downloads/content/Sintese_final_Seminario_RSO_2.pdf
8- Anexos
O Cronograma, em grelha cedida pelo Professor José Roberto, está em Excel pelo que é
um documento anexo.
Está feito um pouco empiricamente por desconhecimento do tempo necessário a cada
etapa. Será uma das primeiras acções a desenvolver com o docente, ainda em Julho, se
possível. Neste cronograma pretende-se preparar o inquérito até Dezembro e efectuar o
trabalho de campo até Fevereiro para terminar a análise em Abril e preparar a entrega
final para Maio.
Também não existe muita prática na conjectura dos custos inerentes a um trabalho
desta envergadura, nem tão pouco de possíveis fontes de financiamento.
Despesas: ( em Euros)
Impressão dos inquéritos 100 exemplares 100
Circularização e distribuição 500 exemplares 500
Comunicações telefónicas 10 meses 500
Deslocações terrestres 10 meses 500
Possível deslocação ao Brasil 800
Trabalho de secretariado 4 meses * 200 800
Divulgação dos resultados 300
Despesas de representação 500
Soma 4.000
Receitas: Deus providenciará . Há bolsas de estudo para jovens, mas para seniores… Ir-
se-á contactar alguma das Fundações com sede em Évora.
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