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Mantras da irracionalidade
2009-01-10 21:01:21 by João Carlos Caribé

A indústria cultural e predatória, apropria-se da cultura popular, a reconfigura e a vende como produto
travestido de cultura popular. A sociedade de consumo assimila esta cultura enlatada como se fosse sua, e
ainda critica a cultura popular, que deu origem à sua nova “cultura”. Com consumidores assim fica fácil, à
industria cultural e a mídia, a disseminação de “trojans intelectuais”, que mantendo a analogia com a
tecnologia, são trojans que se instalam nas mentes das pessoas destituindo-os de seus sensos críticos.

Dentre as características mais veementes da indústria cultural, destaca-se seu poder em destituir dos
indivíduos a autonomia em julgar e decidir. Se a revolução industrial mecanizou a relação entre homem e
trabalho, a indústria cultural mecanizou a relação entre o homem e sua própria subjetividade.
Érica Fernandes Silva

Curioso é ver o quanto irracional nossa sociedade esta ficando, enquanto não estão consumindo a cultura
de massa, estão trabalhando para ter recursos para consumi-la, isto no mais irracional dos círculos viciosos.
Estupidamente estupendo, mas é a pura verdade, vivemos numa sociedade tão hedonicamente consumista,
que é mais importante ter o bem do que proriamente usufrui-lo. A dissonância cognitiva pós compra não se
da mais sobre o aspecto de que a compra foi ou não bem sucedida, ela vem perdendo sentido, para o
consumista irracional, toda compra é bem sucedida, por mais estúpida que possa parecer. A nova
dissonância é a depressão pós-compra, onde o vazio de possuir imediatamente inicia um novo ciclo no
processo.

A tecnologia trouxe grandes benefícios à sociedade, eu amo a tecnologia, mas nem por isto deixo de ser
crítico. Vivemos numa era dinâmica, a espiral evolutiva vem sufocando o nosso tempo, a velocidade das
coisas e digo ai todas as coisas tal como a tecnologia, os negócios, a vida, tudo, vem aumentando de forma
exponencial, e sem sinal de que isto vai mudar. Mas vai, tudo se da por relações complexas das mais
diferentes matizes que nem sempre tendem à uma combinação perfeita, os comportamentos são senoidais
(ainda publico aqui esta teoria), é como se sistematicamente entrássemos em uma via sem saída, e
tenhamos de retornar e tentar novamente, mas sempre aparece um atalho no meio do caminho… Isto esta
claro na atual conjuntura, onde o consumismo sufocou o capitalismo, num ato auto-imune, pois a relação
consumo x capital perdeu a sinergia. Isto foi exatamente o que aconteceu nos Estados Unidos, para
aumentar o consumo aumentou-se o crédito, e ai deu no que deu. Agora corre o risco do consumismo
consumir o mundo ou a nós mesmos, é viver e assistir.

Em uma sociedade assim é fácil a disseminação do “trojan intelectual”, como a Érica citou, a indústria
cultural mecanizou a relação entre o homem e sua própria subjetividade, é como se os “trojans intelectuais”
minassem nosso senso crítico de forma tão sutil que nem nos damos conta disto. Mas existe cura, a cura
esta na internet, a internet é a cura, a pluralidade de informações democraticamente disponíveis e díspares
no ciberespaço nos leva a leitura e reflexão, na reconstrução de nosso senso crítico e analítico para que
possamos avaliar qual informação é de fato relevante, ou quais partes de cada uma compõe um conjunto
sensato.

Muitos críticos irão dizer que a cura para o trojan intelectual esta nos livros e eu digo que não, por uma
razão muito simples, os livros fazem parte da indústria cultural, no modelo de publicação atual, com base no
copyright, faz do editor uma espécie de filtro de conteúdo, com amplos poderes para decidir o que deve ou
não ser publicado. Quando o autor for o legitimo detentor dos direitos sobre sua obra, e quando ele tiver o
poder de decidir a publicação, ai sim teremos um quadro onde os livros também farão parte da cura.

Dentro desta visão crítica que estou criando a nova categoria do blog, a que decidi chamar de mantras da
irracionalidade, onde farei uma leitura crítica de diversas máximas que muitos usam como verdadeiros
mantras emitidos irracionalmente.

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