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RESENHA

A ERA DOS MÁRTIRES

JUSTO GONZALEZ

MARCELO NASCIMENTO

CRISTIANISMO E HISTÓRIA

“Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a


população do império para recensear-se”.
Lc 2:1

O que é o evangelho senão que Deus tenha se inserido na história humana a fim de
redimi-la. Quando os autores dos evangelhos descrevem seus dias, é assim que
mencionam:
• Quirino era governador da Síria – (Lc 2:2);
• Nos dias de Herodes, rei da Judéia – (Lc 1:5);
• O Verbo se fez carne e habitou entre nós – (Jo 1:14);
• O Verbo estava no princípio com Deus – (Jo 1:2);
• O que temos ouvido, o que temos visto com nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos apalparam – (I Jo 1:1);
Enfim toda a mensagem bíblica dá importância à história a fim de compreensão da fé
Cristã. Mesmo no velho testamento, que pode ser compreendido de forma geral como
história dos Hebreus tem em si esta revelação: O Divino irrompendo sobre a
humanidade.
No entanto a história não é descontinuada. No Novo testamento, os Atos dos Apóstolos
é uma continuação da narrativa de Lucas em seu evangelho. Suas razões são teológicas
pois, a ascensão de Cristo não retira a presença de Deus de entre nós, pelo contrário o
próprio Jesus prometeu aos seus discípulos que não os deixaria órfãos, mas que lhes
enviaria outro consolador (Jo 14: 16-26). Deu-lhes poder para testemunhar até os
confins da terra (At. 1:8). E o começo da igreja é marcado pela vinda deste Espírito,
prometido (At 2).
O que Lucas está narrando de fato não são os Atos dos Apóstolos de Jesus e sim os Atos
do Espírito Santo através dos Apóstolos de Jesus. Assim que em sua narrativa, Lucas
narra os Atos de Cristo, em seu evangelho e posteriormente os Atos do Espírito Santo.
É impossível não notar que o livro de Atos parece uma história sem final, Paulo está
ainda pregando em Roma e o livro não nos diz o que aconteceu com ele ou com o resto
da igreja. Isto tinha de ser assim, porque a história que Lucas está narrando,
necessariamente. Não há de ter um final até que o Senhor venha. – o Espírito que rege e
atua no livro de Atos deve de fato glorificar a Cristo.
A história do Cristianismo é a história dos atos do Espírito entre os homens e as
mulheres que nos precederam na fé, assim como o Velho Testamento é a história de
Deus entre os homens e os Evangelhos são a história de Cristo entre os homens. E esta

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história tem maior valor que qualquer história de qualquer instituição religiosa, por mais
privilegiada que seja.
No decurso da história haverá que utilizará a fé da igreja para enriquecer-se ou para
engrandecer seu poderio pessoal. Outros que se esquecerão do mandamento do amor e
perseguirão aos seus inimigos com uma fúria indigna de Cristo. Em alguns períodos
parecerá que toda a igreja abandonou por completo a fé bíblica, e teremos de nos
perguntar até que ponto tal igreja pode verdadeiramente chamar-se cristã. Nestes
momentos será difícil ver a ação do Espírito, em tais momentos, talvez nos convenha
recordar dois pontos importantes:
O primeiro destes pontos é que a história que estamos narrando é a história dos feitos do
Espírito Santo, sim; mas é a história desses atos entre pessoas pecadoras como nós. Isto
se pode ver já no Novo Testamento, onde Pedro, Paulo e os demais apóstolos são
apresentados, ao mesmo tempo, como pessoas de fé e pecadores miseráveis. E, se esse
exemplo não nos basta, olhemos aos “santos” de Corinto a quem Paulo dirige sua
primeira epístola.
O segundo ponto que devemos recordar é que foi precisamente através desses pecadores
e dessa igreja, que aparece ás vezes como totalmente descarrilada, que o evangelho
chegou até nós. Ainda através dos séculos mais escuros da vida da igreja, nunca
faltaram cristãos que amaram, estudaram, conservaram e copiaram as Escrituras e que
desse modo às fizeram chegar aos nossos dias. Além disso, segundo o que iremos ver no
decurso desta história, nosso próprio modo de interpretar as Escrituras não deixa de
manifestar o impacto dessas gerações anteriores.
Uma e outra vez através dos séculos o Espírito Santo tem estado chamando o povo de
Deus a novas aventuras de obediência. Nós também somos parte dessa história, desses
atos do Espírito Santo.

II

A PLENITUDE DO TEMPO

Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei.
Gálatas 4.4

Os primeiros cristãos – Paulo entre eles - não criam que o tempo e o lugar do
nascimento de Jesus foram deixados ao acaso. Estes cristãos viam a mão de Deus que,
preparou o advento de Jesus em todos os acontecimentos anteriores ao natal, e em todas
as circunstâncias históricas que o rodearam. O mesmo pode ser dito do nascimento da
igreja, que é o resultado da obra de Jesus, e o que cremos acontecerá no segundo
advento do Senhor, o Espírito certificará e autenticará a igreja, a noiva de Cristo, assim
como o mesmo Espírito capacitou os discípulos para testemunharem em Jerusalém,
Judéia, Samaria e até os confins da terra – At 1.8.
Os primeiros cristãos eram judeus convertidos, que escutaram e receberam o evangelho,
entendendo que em Cristo se cumpria tudo que as escrituras (V. T.) prediziam. Esta fé
cresceu e se espalhou atingindo Judeus que viviam fora da palestina como Gentios que
viviam dentro e fora do império Romano

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O JUDAÍSMO NA PALESTINA
A palestina é a região onde o cristianismo deu os seus primeiros passos. Sua posição
geográfica foi estratégica em tempos antigos, uma estreita faixa de terreno, no meio de
rotas comerciais entre Egito e Mesopotâmia, Arábia e Ásia Menor, mas que foi cobiçada
por grandes impérios como Babilônios, Persas e Grego. Alexandre se fez dono dali e
após sua morte em 323 a.C. a faixa de terra se viu disputada por Seleucidas (Síria) e
Ptolomeus (Egito), descendentes dos generais de Alexandre.
As conquistas de Alexandre tiveram uma base ideológica. O propósito de Alexandre não
era simplesmente conquistar o mundo, mas unir toda a humanidade sob uma mesma
civilização de tonalidade marcadamente grega. O resultado disto foi o helenismo, que
tendia a combinar elementos puramente regos com outros das diversas civilizações
conquistadas. Ainda que o caráter preciso do helenismo tenha variado de região a região
em termos gerais foi a bacia oriental do mediterrâneo que lhe deu uma unidade que
serviu primeiro à expansão do império Romano e depois à pregação do evangelho.
Para os judeus, no entanto o helenismo era uma ameaça a sua fé em um único Deus, por
conta também da prática de equiparação dos deuses. Desta forma a história da palestina
é uma constante de pressões por parte do helenismo e sua fidelidade a seu Deus, desde a
conquista de Alexandre até a destruição de Jerusalém em 70 d.C.
O ponto forte desta luta foi a rebelião dos Macabeus. Primeiro o sacerdote Matatias e
depois seus três filhos Jonatan, Judas e Simeão, se rebelaram contra o helenismo dos
selêucidas, que pretendiam impor deuses pagãos entre os judeus. O movimento teve
algum êxito. Mas já João Hircano, o filho de Simeão Macabeu, começou a se amoldar
aos costumes dos povos circunvizinhos e a favorecer as tendências helenistas. Quando
alguns dos judeus mais restritos se opuseram a esta política, desatou-se a perseguição.
Por fim, no cão de 63 a.C. o romano Pompeu conquistou o país e depôs o último dos
Macabeus, Aristóbulo II.
A política dos romanos era, em geral, tolerante em relação à religião e os costumes dos
povos conquistados. Pouco tempo depois da deposição de Aristóbulo, os romanos
devolveram aos descendentes dos Macabeus certa medida de autoridade, dando-lhes os
títulos de sumo-sacerdote e etnarca. Herodes, nomeado rei da Judéia pelos romanos no
ano 40 a.C. foi o último com certa ascendência macabéia, pois sua esposa era dessa
linhagem.
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