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SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO


DE VALOR PROBATÓRIO

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136.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS


DO CRIME

O delito está assim tipificado no art. 356 do Código Penal: “inutilizar, total ou
parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que
recebeu na qualidade de advogado ou procurador”. A pena é detenção, de seis meses a
três anos, e multa.

O bem jurídico é a administração da justiça, o interesse estatal na preservação de


autos e documentos ou coisas de valor probatório e também a confiança que as pessoas
depositam em seus patronos, advogados e procuradores.

Sujeito ativo é o advogado ou o procurador judicial.

Sujeito passivo é o Estado e é também a pessoa que sofrer prejuízo decorrente da


conduta realizada pelo sujeito ativo.

136.2 TIPICIDADE

136.2.1 Conduta e elementos do tipo

São duas as condutas incriminadas: inutilizar e deixar de restituir. Inutilizar é


tornar imprestável, inservível, é retirar a utilidade da coisa. A inutilização pode ser total ou
parcial.

Deixar de restituir é reter, é não devolver a coisa que lhe fora entregue ou confiada,
quando chamado a fazê-lo ou no prazo assinalado.
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

Os objetos materiais das condutas são: autos, documento ou objeto de valor


probatório. Autos são o conjunto das peças integrantes dos processos, judiciais e
administrativos. Documento é o papel que contém escrito ou informação impressa sobre
fato juridicamente relevante. Objeto de valor probatório é a coisa que, por sua natureza,
possa servir para provar qualquer fato juridicamente relevante.

O objeto material deve estar em poder do advogado ou procurador, que o recebeu


nessa qualidade e que, por isso, deve mantê-lo íntegro e restituí-lo quando instado a fazê-
lo.

Não é necessário que da conduta decorra algum prejuízo material. Basta a conduta,
aperfeiçoadora do tipo.

É crime doloso. O agente deve estar consciente de que a coisa material está em seu
poder por força de sua qualidade de advogado ou procurador e agir com vontade livre de
inutilizá-la ou não devolvê-la, caso em que deve ter conhecimento de que foi instado a fazê-
lo, recusando-se livremente. É preciso vontade livre de inutilizar ou sonegar.

A destruição ou sonegação do objeto material por negligência, por desídia ou por


esquecimento não caracteriza o delito, podendo sim realizar infração disciplinar do
advogado.

136.2.2 Consumação e tentativa

A inutilização consuma-se quando o objeto material sofre a diminuição de sua


qualidade probatória, quando é rasgado, rasurado, queimado ou destruído. A tentativa é
possível.

A sonegação de autos de processo judicial consuma-se quando o agente, intimado a


devolvê-los, deixa de fazê-lo no prazo legal ou determinado. A sonegação de documento ou
objeto de valor probatório consuma-se com o ato de recusa de devolução. Impossível a
tentativa.

136.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, possível a suspensão


condicional do processo penal.

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