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RUFIANISMO
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O crime está descrito assim definido no art. 230: “tirar proveito da prostituição
alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em
parte, por quem a exerça”. A pena: reclusão de um a quatro anos, e multa.
10.2 TIPICIDADE
10.2.1 Conduta
Na outra modalidade o agente vai além, pois vive às custas da prostituta, recebendo
dela alimentação, moradia, roupa lavada etc.
Numa como na outra figura típica é indiferente que o agente tenha outra atividade
laboral.
Não há fato típico na situação da pessoa que dependa da prostituta, como seus pais
ou seus filhos, ainda que maiores, que por ela são mantidos com os recursos advindos da
prostituição. É lícito que ela sustente parentes necessitados, contribuindo para sua
educação ou formação profissional. Quem exerce a prostituição é livre para fazer o que
bem quiser com o seu dinheiro.
O que a norma busca alcançar é apenas a pessoa que tira proveito da prostituição,
aquela que, podendo trabalhar para se manter, prefere a tranqüilidade de desfrutar da
atividade desgastante de quem se entrega ao meretrício. É o preguiçoso que se prevalece
geralmente do afeto ou do amor que a prostituta lhe dedica. Muitas vezes é a própria
prostituta que busca, na presença constante do rufião, alguma segurança que ela pode
inspirar, pagando, em troca, com a repartição de seus ganhos ou provendo-o do sustento.
Nem por isso a conduta dele deixa de ser criminosa.
Só há crime quando o agente age com dolo. Exige-se que ele tenha a consciência de
que está auferindo parte dos lucros da vítima ou de que está sendo por ela sustentado,
habitualmente, e vontade livre de assim continuar.
Rufanismo - 3
É circunstância que qualifica o crime a menor idade da vítima ou uma das relações
entre ela e o agente, referidas no § 1º do art. 227, que será aplicado ao rufianismo por
disposição expressa do § 1º do art. 230. A pena será de reclusão de três a seis anos, além da
multa.
A segunda forma qualificada cuida dos meios empregados pelo agente para tirar
proveito da prostituição da vítima. Se usa violência, grave ameaça ou fraude, a pena será de
reclusão de dois a oito anos (§ 2º do art. 230), além da multa e da pena correspondente à
violência. Por violência devem-se entender as lesões corporais, leves, graves ou gravíssimas
e também as vias de fato. Grave ameaça é a promessa da causação de um mal importante.
Essa qualificadora não contempla a hipótese de fraude.
Além da pena mais severa, o agente responderá, em concurso material, pelo crime
contra a pessoa decorrente do emprego da violência – lesão corporal ou morte –, a não ser
quando esses resultados sejam derivados de negligência, caso em que incidirá o art. 223,
aplicável também ao delito do art. 230, por força do que dispõe o art. 232.
4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles
Assim, se o agente, para participar dos ganhos da vítima ou para viver às suas
custas, causa-lhe lesões corporais graves ou morte, por negligência, imprudência ou
imperícia, sua pena será reclusão de oito a doze ou de doze a vinte e cinco anos,
respectivamente.