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Especificidades da Gestão de Empreendimentos na Economia Solidária:

Breve Estado da Arte sobre o Tema

ESPECIFICIDADES DA GESTÃO DE
EMPREENDIMENTOS NA ECONOMIA SOLIDÁRIA:
BREVE ESTADO DA ARTE SOBRE O TEMA
Ósia Alexandrina Vasconcelos Magalhães*
Maria Suzana de Souza Moura**
Luiza Reis Teixeira***
Manuela Ramos da Silva****
Jeová Torres Silva Junior*****

RESUMO
A reflexão teórica sobre as especificidades da gestão de empreendimentos soli-
dários ainda é incipiente, por isso, fizemos um trabalho de pinçar idéias e referenciais
utilizados por alguns autores que discutem as organizações da economia solidária na
atualidade. Apesar desse tema não ser o foco de muitos estudos sobre economia
solidária, a problemática dos seus desafios já foi bastante explorada. A observação
desses estudos é um caminho que vamos seguir para aprofundar a nossa reflexão.
Este artigo é um dos frutos da pesquisa “Gestão de Empreendimentos Solidários: em
busca de novos referenciais teóricos”. Temos como premissa a especificidade dos em-
preendimentos solidários, que nos desafia repensar as áreas funcionais e as técnicas
gerenciais comumente ensinadas nas escolas de administração. A conclusão aponta
os desafios conceituais e metodológicos, e nos coloca questionamentos: Os empreen-
dimentos de Economia Solidária praticam um novo modo de gestão? Em que medida os
empreendimentos solidários estão criando novos processos e ferramentas de gestão?
Quais as repercussões deste tipo de empreendimento sobre as conhecidas áreas fun-
cionais da administração? E, finalmente, quais as repercussões da introdução desse
conteúdo no ensino da administração?

INTRODUÇÃO
Neste artigo, pretendemos apresentar subsídios para responder às duas primeiras
perguntas: Os Empreendimentos de Economia Solidária praticam um novo modo de gestão?
Quais as repercussões deste tipo de empreendimento sobre as conhecidas áreas funcio-
nais da administração? Destarte, para atingir nosso objetivo, pressupomos que há uma
especificidade no campo da gestão dos empreendimentos que compõem a economia solidá-
ria. Esta especificidade perpassa desde um repensar das áreas funcionais até muitas das
técnicas gerenciais comumente ensinadas nas escolas de administração.
* Formanda do curso de Administração da Escola de Administração/UFBa (osia_alexandrina@yahoo.com.br).
Bolsista de IC/PIBIC no âmbito do projeto de pesquisa “A Gestão de Empreendimentos Solidários - em busca
de novos referenciais teóricos”.
** Profª NEPOL/NPGA/EAUFBa (suzmoura@ufba.br). Coord. do projeto de pesquisa “A Gestão de Empreen-
dimentos Solidários...” e fundadora do Bansol.
*** Aluna do mestrado acadêmico do NPGA da Escola de Administração/UFBa (luizarteixeira@hotmail.com).
Pesquisadora do NEPOL no projeto “A Gestão de Empreendimentos Solidários...”, e membro do Bansol.
**** Especialista em Administração pela EAUFBa e aluna especial do mestrado acadêmico do NPGA da
EAUFBa (mrs@ufba.br).
***** Prof. Substituto da EAUFBa e aluno do mestrado acadêmico do NPGA da EAUFBa (jeovatorres@uol.com.br).
Integra o grupo de pesquisa “A Gestão de Empreendimentos Solidários...”.

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Ósia Alexandrina Vasconcelos Magalhães, Maria Suzana de Souza Moura,
Luiza Reis Teixeira, Manuela Ramos da Silva e Jeová Torres Silva Junior

Assim sendo, fizemos um levantamento bibliográfico e análise dos autores que


pensam sobre a temática da economia solidária e o que estes discutem sobre a gestão das
organizações da economia solidária na atualidade. Destas análises, produzimos um mo-
delo que nos ajudará guiar os próximos passos da Pesquisa “Gestão de Empreendimen-
tos Solidários: em busca de novos referenciais teóricos”.
Já as outras duas perguntas (Em que medida os empreendimentos solidários estão
criando novos processos e ferramentas de gestão? E quais as repercussões da introdução
desse conteúdo no ensino da administração?) necessitarão de maior aprofundamento e,
certamente, só poderão ter respostas em uma fase mais adiantada da Pesquisa. Esta nova
fase incluirá investigações em algumas práticas organizacionais de economia solidária.
Tais experiências, sem dúvida, servirão para sustentar as respostas para estas perguntas.
A pesquisa “Gestão de Empreendimentos Solidários: em busca de novos
referenciais teóricos”, a qual vinculamos este artigo, pretende discutir a acomodação
dos conceitos e instrumentos utilizados na administração de empresas mercantis à
realidade dos empreendimentos que se inserem nos marcos da economia solidária.
Em outras palavras, como estes conceitos, de uma lógica capitalista e instrumental,
atuam seguindo as lógicas da cooperação, da gestão e apropriação coletiva dos frutos
do trabalho.
Para facilitar o encadeamento de idéias, este artigo apresenta o seguinte
ordenamento: numa primeira parte, vamos expor brevemente sobre a gestão social e o
que está sendo definido como sendo esta gestão. Na segunda parte, apresentaremos o
que é o fenômeno da economia solidária e quais as características que compõem os
empreendimentos que integram tal fenômeno. Numa terceira parte, analisaremos o que
os autores examinados pensam sobre a especificidade da gestão dos empreendimentos
solidários. Por fim, nas considerações finais, mostraremos o que pode se concluir, pre-
liminarmente, sobre as repercussões deste tipo de empreendimento diante das conhe-
cidas áreas funcionais da administração.

UM MODELO DE GESTÃO ESPECÍFICO PARA AS


ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
A gestão se constitui numa dimensão fundamental do espaço das organizações. De
acordo com as diferentes lógicas e racionalidades que motivam e movimentam estas orga-
nizações, este espaço se encontra dividido em três esferas que convivem em simbiose: a
esfera dos organismos mercantis; a esfera das instituições públicas estatais; e a esfera
das organizações da sociedade civil. As lógicas específicas orientam a atuação dos empre-
endimentos, nos fazendo refletir sobre a existência de modalidades de gestão distintas
para cada uma dessas três lógicas. Nos baseando na referência às três esferas (o merca-
do, o Estado e a sociedade civil), apresentamos este marco de análise de tipologias ideais
(ver quadro 1). Deste modo, enquanto tipos ideais, estes modelos de gestão que expo-
mos podem, na prática, aparecer imbricados em virtude das organizações tenderem a
apresentar características variadas e fluidas - independente da lógica que as motivam.

QUADRO 1: Tipologia Ideal dos Modelos de Gestão

ORGANIZAÇÕES LÓGICA RACIONALIDADE GESTÃO

Econômica utilitária; Instrumental-


Mercantis Empresarial
Competição. Funcionalista

Assistencialista; Instrumental
Estatais Pública
Burocrática. e substantiva

Reciprocidade;
Sociedade civil Rel. de Proximidade. Substantiva Social

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Conforme França Filho (2003), “torna-se necessário sempre reconhecer o aspecto


da cultura mais geral, influenciando o padrão de gestão adotado pelas organizações”.
Dessa maneira, consideramos os organismos públicos estatais orientando-se segundo
a lógica do assistencialismo, da redistribuição aos cidadãos e da burocracia na adminis-
tração, operados por uma racionalidade por vezes mais instrumental (quando o Estado
privilegia o gerencialismo) e por vezes mais substantivo (quando as causas sociais fi-
cam acima dos interesses particulares). O modelo de gestão que dá conta destes entes
do poder público estatal é a gestão pública.
Existem os empreendimentos mercantis, que são sedimentados por uma lógica
utilitária e buscam com sua operação a maximização econômica dos recursos em prol do
benefício privado. A racionalidade que impera nestas organizações é a instrumental-
funcionalista, em que o fim justifica os meios. A gestão das organizações da iniciativa
privada é a que utiliza princípios, instrumentos e ferramentas a favor do máximo lucro,
conhecida por gestão empresarial. E, além dessa, ainda existem as instituições que
operam sob o signo da solidariedade, da ajuda mútua, das relações de proximidade e
vizinhança. Estas instituições representam um amplo espectro de natureza associativa
atuando no espaço da sociedade civil organizada. A substantividade é a racionalidade
que mais motiva a atuação destas organizações. A grande novidade é que consideramos
a gestão destes empreendimentos distinta da gestão empresarial (recorre ao universo
da iniciativa privada) e da gestão pública (recorre ao espaço dos organismos públicos
estatais). Tal gestão seria a denominada gestão social ou gestão dos empreendimentos
que atuam no campo social.
No tocante ao conceito da gestão social, que é o que mais no interessa neste
momento, podemos afirmar que este termo revela-se no modelo de gestão que se pratica
no espaço da chamada sociedade civil organizada. Em outras palavras, corresponde então
ao modo de gestão próprio às organizações que têm um foco de atuação que não é aquele
do mercado e do Estado, “muito embora estas organizações entretenham, em grande
parte dos casos, relações com instituições privadas e públicas, através de variadas for-
mas de parcerias para consecução de projetos” (FRANÇA FILHO, 2003). Temos, portanto,
uma esfera pública de ação que não é estatal.
França Filho (2003) observa, ainda, que na análise do conceito de gestão social
cabe um duplo enfoque. Um enfoque seria em torno da gestão de problemáticas sociais
(perspectiva macro). O outro enfoque seria na direção de haver uma especificidade no
modelo de gestão “mais apropriada a formas particulares de organizações que brotam
da sociedade civil”. As associações são as organizações que têm mais se destacado,
atuação sobre o signo de uma gestão social, inclusive, porque estas não perseguem
objetivos econômicos. O econômico
aparece apenas como um meio para a realização dos fins sociais, que podem definir-
se também em termos culturais (de promoção, resgate ou afirmação identitária etc.),
políticos (no plano de uma luta por direitos etc.) ou ecológicos (em termos de preser-
vação e educação ambiental etc.), a depender do campo de atuação da organização
(FRANÇA FILHO, 2003).
Destarte, o que nos surge como condicionantes para tratarmos de uma possível
especificidade da gestão social seriam: 1. Em relação à lógica da empresa privada - a
inversão da prioridade do fim econômico mercantil pelo fim social; 2. Em relação à
lógica da gestão pública - o caráter de promover ações muito mais redistributivas, pois
são ações que reforçam o capital social do local pela valorização das relações de reci-
procidade e pela própria construção do local; 3. As organizações que surgiram dos
movimentos sociais de pressão dos anos 60, 70 e 80 não se limitaram, jamais, a sua
esfera interna; sua vocação é de projetar-se sempre e, necessariamente, sobre o es-
paço público, numa ação política em que a gestão da organização colabora, decisiva-
mente, para promover essa ação.
De acordo com essas condições, verificamos que é no fenômeno da economia
solidária que vamos encontrar uma ambiente mais favorável para avaliarmos as
especificidades da gestão social. E mais, é no arranjo de organizações que compõem a
economia solidária, ou seja, nos empreendimentos solidários, que fomos buscar as

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características que poderão vir a compor o quadro teórico de uma gestão social. Só que esta
busca começou pelo estudo das referências bibliográficas sobre o tema da gestão dos empre-
endimentos solidários, cujos resultados apresentaremos páginas mais à frente. Primeira-
mente, abordaremos a compreensão de diversos autores sobre empreendimentos solidários
e sobre a temática da economia solidária. Construtos estes que se não forem bem definidos
e contextualizados não produzirão o efeito que pretendemos obter com este artigo.

A ECONOMIA SOLIDÁRIA E OS
EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS – O QUE
COMPREENDE ESTA TEMÁTICA
A primeira atitude que se tem de tomar diante da economia solidária é reconhe-
cer que sua existência, enquanto fenômeno social, é real. De fato, desde meados da
década de 80, o mundo verifica a elevação da contenda sobre a resignificação do papel do
Estado. Ao mesmo tempo, acontece um redesenhamento de todo o tecido social que
sustenta este Estado - através da participação cada vez mais ativa da sociedade civil em
projetos locais - e, por último, o capitalismo, diante da consagração do neoliberalismo,
produziu - alicerçado na especulação financeira e na abertura de mercados dos países
em desenvolvimento - uma massa de pobres e excluídos como jamais se viu.
Contudo, nem o Mercado e nem o Estado, pelos seus mecanismos econômicos e
redistributivos tradicionais, conseguem mais equacionar este problema. Essa incapacida-
de de solução para os problemas, antes mencionados, se traduz no surgimento de uma
tipologia de experiências que nascem do seio da sociedade civil, sob a égide dos mecanis-
mos de reciprocidade e do voluntarismo, que não possuem fins lucrativos e que preten-
dem trabalhar para a eliminação da exclusão social e por uma cultura da solidariedade.
Diante de toda esta composição existem as organizações que se enquadram no terceiro
setor; as cooperativas e empresas autogestionárias; as organizações filantrópicas; e os
empreendimentos da economia solidária.
O que se pretende, neste ponto, é revelar o conceito de economia solidária e filiá-lo
a algumas abordagens. As abordagens que se apresentam com maior vigor são: a que credi-
ta à economia solidária como sendo um modelo de regulação econômica das relações de
produção (Corrente Econômico-Ideológica/Movimento da Alternativa de Produção); e a
que defende a economia solidária diante de uma lógica da solidariedade com empoderamento
do local como caminho de convivência na sociedade mercantil (Corrente Político-Socioló-
gica/Movimento de Construção de Espaços Públicos Ampliados). Enfim, num primeiro
momento, se um sentido de preservação das experiências de economia solidária se sobres-
sair, tenderemos a acreditar que o fenômeno da economia solidária é uma nova lógica
econômica que caminha ao lado das relações capitalistas e não em completa oposição.
Fica claro, que em um embate de forças com a lógica econômica mercantil, a
economia solidária seria derrotada, já que é um pensamento emergente que ainda
precisa de sólidas bases, de aglutinação de esforços e de capilaridade. Diante desses
argumentos, o melhor seria pensar numa maneira de “conviver para transformar”.
Devemos, inclusive, aceitar a diversidade de instituições e de propostas diante da
compreensão de que mudando a propriedade dos meios de produção não se modificará
tudo. De acordo com (SINGER, 2002b, p. 86) - que percebe a economia solidária mais
como fenômeno econômico e a reconhece como um modo alternativo de produção -,
“mesmo sendo hegemônico, o capitalismo não impede o desenvolvimento de outros
modos de produção porque é capaz de inserir dentro de si toda a população economica-
mente ativa”. Para ele, a economia solidária cresce em função das crises sociais que a
competição cega dos capitais privados ocasiona, periodicamente, em cada país.
Numa abordagem que favorece a corrente econômica, Souza Santos (2002) relembra
a tradição do cooperativismo que remonta ao séc. XIX e as práticas de mutualismo. Em
seguida, ele indica uma revalorização destas experiências nos dias atuais. Segundo este
autor, a economia solidária seria um modelo econômico que encontraria correspondência
nas formas diversas de produção associativa em que se destacam as cooperativas e as

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mutualidades. Tais formas incluem desde organizações econômicas populares, constituí-


das pelos setores mais marginalizados na periferia até cooperativas próprias. Para França
Filho (2002, p.13), que segue a abordagem da sociologia econômica, conceitualmente, a
economia solidária traria características da hibridação de economias ou economia plural -
guiadonapropostadeKarlPolanyi,emsuaobra“AGrandeTransformaç2ã-o” e da dádiva,
a partir do conceito antropológico originalmente desenvolvido por Marcel Mauss 3.
Enfim, a partir de vários outros autores (ARRUDA, 1996 e 2000; ARRUDA &
BOFF, 2000; CORAGGIO, 2000; RAZETO, 1997; SINGER, 2000 , 2002a e 2002b; VAINER,
2000;) que vêm trabalhando sobre o tema, podemos dizer que o termo “economia solidá-
ria” sintetiza uma diversidade de experiências organizacionais de caráter econômico, ba-
seadas em novas e antigas formas de solidariedade. Experiências estas que podem estar
fundadas em perspectivas diferenciadas: uma alternativa à problemática do desemprego e
da exclusão social; um modelo alternativo ou diferenciado do capitalismo; e/ou uma uto-
pia experimental da vivência de novas formas de sociabilidade e de valores, expressando
uma possibilidade de interação entre o trabalho e o modo de ser cuidado 4.
A partir dessa definição, Moura e Meira (2002) definem os empreendimentos so-
lidários enquanto uma forma de expressão da economia solidária que pode assumir o
formato de cooperativa, empresa autogestionária, rede e outras formas de associação
para a produção e/ou aquisição de produtos ou serviços. Em Gaiger (1996) encontra-se
a definição de empreendimentos solidários que os diferencia dos projetos comunitários
voltados à sobrevivência e à subsistência de grupos populares. Para o autor, os primei-
ros alcançam viabilidade econômica através da acumulação e crescimento e do desen-
volvimento de uma nova racionalidade econômica. Segundo o autor, esta nova
racionalidade seria uma síntese original entre o espírito empresarial e o espírito
solidário. Esta síntese seria então responsável por um novo modo de gestão?

A ESPECIFICIDADE DA GESTÃO DE
EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS
Carolina Andion (1998; 2001) nos lembra que a gestão de organizações na economia
solidária é “um campo inexplorado”, associando tal fato a possíveis preconceitos ideológi-
cos e à “inexistência de fundamentos teóricos adaptados à natureza dessas organiza-
ções”, o que vem ao encontro da premissa da nossa pesquisa. Para a autora, a adminis-
tração é uma área que se reflete a partir da “economia formal”. Ela ainda acrescenta que
o foco da administração e do ensino da administração tem sido, fundamentalmente, a
realidade da empresa privada, de um lado, e das organizações públicas estatais, de outro.
Constatamos que organizações de outra natureza foram, certamente, incorporadas
aos estudos organizacionais nos últimos anos, principalmente com a emergência do cha-
mado Terceiro Setor, ainda assim, vejamos o que escreve Andion (1998, p. 21):
A quase totalidade desses trabalhos (sobre gestão de organizações do terceiro setor)
baseia-se numa visão tradicional e unívoca da gestão, a qual é importada das ativi-
dades econômicas lucrativas. Assim, nesses textos recomenda-se que técnicas de
planificação, estratégia, marketing, contabilidade e diversas outras – utilizadas
nas empresas privadas – sejam aplicadas à gestão de empresas sem fins lucrativos,
sem nenhuma preocupação com as singularidades dessas últimas.

No campo da economia solidária tal preocupação também se coloca. Singer (2002a)


diz que a autogestão é o que caracteriza a “empresa solidária”. O autor destaca dois
aspectos que a diferenciaria da empresa capitalista, cuja marca é a heterogestão: 1. A
forma de apropriação e distribuição do excedente da produção, que é coletiva e
não privada; 2. O exercício da democracia nos processos decisórios, transfor-
mando as relações entre trabalho manual e intelectual, entre produção e gestão, pela
inversão dos níveis hierárquicos. Na “empresa solidária”, apresentada por Singer (2002a),
os níveis mais altos da autogestão são delegados pelos mais baixos e são responsá-
veis perante os mesmos. A autoridade maior é a assembléia de todos os sócios que
deve adotar as diretrizes a serem cumpridas pelos níveis intermediários e altos da
administração.

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No entanto, para Carrion (2003), a filosofia autogestionária, ainda que importan-


te para assegurar a convivência democrática no mundo do trabalho, não substitui as
ferramentas de gestão fundamentais à sustentabilidade econômica e social de qualquer
empreendimento, independentemente da lógica que o sustente. Bastaria, então, uma trans-
posição ou adaptação dos instrumentos normalmente constituídos a partir do referencial da
empresa privada? O caminho da transposição da lógica da gestão empresarial parece estar
presente em Azevedo (2003), para a qual as empresas autogestionárias, como qualquer
outra empresa, precisam estar atentas aos cenários externos, aos concorrentes, sempre
buscando manter a fidelidade dos clientes e a conquista de novos clientes através de
produtos diferenciados, com qualidade e preços competitivos. No referido estudo, a auto-
ra busca debater sobre as possibilidades dos empreendimentos autogestionários utiliza-
rem a inovação tecnológica como ferramenta de competitividade, sem, no entanto, repro-
duzir o modelo hierárquico capitalista existente.
Contudo, ao tomar a definição de economia solidária Azevedo (2003) destaca as
características da dinâmica autogestionária das experiências: i) caráter coletivo das
experiências; generalização de relações de trabalho não assalariadas; ii) exercício do
controle coletivo do empreendimento (de suas informações, fluxos, rendimentos etc.),
e iii) “inserção cidadã” das iniciativas, ou seja, respeito ao consumidor e ao meio
ambiente, participação ativa na comunidade em que está inserida, entre outras.
Já Gaiger (1996) - de forma diferenciada de Carrion e se aproximando de Azevedo -
afirma que o empreendimento solidário tende a incorporar, inicialmente, “a base técni-
ca capitalista” para num segundo momento construir “métodos de administração,
gerenciamento e remuneração do trabalho” mais coerentes com a natureza solidária
dessas organizações. Desse modo, o autor aponta para a necessidade de se construir
ferramentas próprias à gestão de empreendimentos solidários. Até o momento, não
tivemos acesso a outro estudo do autor que fosse mais adiante nesta reflexão.
Seguindo a linha de análise das particularidades dos empreendimentos solidários,
encontramos França Filho (2001) que, a partir da sua tese de doutorado, traça o que
seriam as características básicas desse tipo de organização: a) Pluralidade de princí-
pios econômicos - articulação de distintas fontes de recursos (mercantis, através da
venda ou prestação de serviços; do poder público, através das várias formas de subsídios
e subvenções; e, os oriundos das práticas reciprocitárias, como o trabalho voluntário, as
doações e as mais diversas formas de troca-dádiva); b) Autonomia institucional - inde-
pendência em relação a outras instituições, evitando formas de controle externo; c) De-
mocratização dos processos decisórios - existência de mecanismos de decisão coleti-
vos ou baseados no ideal da participação democrática dos seus associados; d) Sociabili-
dade comunitário-pública - segundo o autor, se apresenta muito mais como uma hipó-
tese de que esses empreendimentos desenvolvem um modo de sociabilidade singular que
mistura padrões comunitários com práticas profissionais; e) Finalidade multidimen-
sional - ao lado da dimensão econômica, tende a integrar as dimensões social, cultural,
ecológica e/ou política, no sentido de projetar-se num espaço público.
Certamente, as características acima nos dão algumas pistas sobre a questão
das especificidades da gestão, particularmente no que se refere aos aspectos do fi-
nanciamento misto, da democracia como base dos processos decisórios e das finalida-
des públicas dos empreendimentos econômicos. Ao mesmo tempo, acreditamos que
França Filho (2001) nos esclarece um pouco mais sobre o “espírito solidário” de que
nos fala Gaiger (1996). Não obstante, duas questões merecem ser aprofundadas: Em
que medida estariam sendo criados ou, simplesmente, adaptados os processos e ferramentas
de gestão? Quais seriam, enfim, as repercussões deste tipo de empreendimento sobre as
conhecidas áreas funcionais e processos gerenciais da administração? Andion (1998 p. 21)
lança, praticamente, as mesmas questões ao final de seu artigo ao inquirir se
as características e os papéis singulares exercidos por essas organizações (de eco-
nomia solidária) contribuem para a configuração de um novo tipo de gestão? Em
caso positivo, quais as particularidades dessa outra administração?
Em 2001, após pesquisa em duas organizações canadenses de economia solidária,
Carrefour da Família e Casa da Ajuda Mútua, Andion (2001) publica suas reflexões acerca do
tema. Neste estudo, a autora utiliza, como referência, a teoria da Ação Comunicativa,

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elaborada por Jürgen Habermas; a noção de economia plural, proposta por Karl Polanyi; a
noção de autonomia social, desenvolvida por Edgar Morin; e a teoria das organizações
substantivas, desenvolvida por Guerreiro Ramos. A partir dessas referências, Andion
(2001) construiu e apresentou um modelo de análise, identificando quatro dimensões
interdependentes da gestão dos empreendimentos solidários: social, econômica, ecológi-
ca e organizacional e técnica.
As dimensões mencionadas são, então, subdivididas em rubricas e aspectos a
serem analisados: I. A dimensão social - que remete aos atores, aos meios e finali-
dades da comunicação, às formas de interação entre os indivíduos e os grupos e aos
processos e instâncias de tomada de decisão; II. A dimensão econômica - que se
refere aos recursos utilizados e suas aplicações (receita e despesa) e aos processos
de construção da oferta e da demanda; III. A dimensão ecológica - que diz respeito a
interface com o mundo da vida (relação com a comunidade e entre os atores) e a
interface com o mundo do sistema (relação com o mercado e com o Estado); IV. A
dimensão organizacional e técnica - que remete ao processo produtivo, ao conheci-
mento e aprendizagem, aos processos de avaliação individual e coletivo e aos níveis de
satisfação dos atores.
As dimensões apontadas por Andion (2001) ultrapassam a abordagem tradicio-
nal da administração em termos de áreas funcionais - Financeira, Marketing, Recur-
sos Humanos (ou de Pessoas) - apontando para um caminho diferenciado àquele sina-
lizado, de início, pela pesquisa. Em cada uma das dimensões podemos encontrar as-
pectos que remetem a determinadas áreas funcionais e processos gerenciais (comuni-
cação, recrutamento e treinamento, por exemplo) e outros que comumente estão à
margem dos estudos da administração, por exemplo: a interface com o mundo da vida.
O aprofundamento dessa reflexão pressupõe verificar como se operacionaliza a gestão
nos casos analisados por Andion (2001). A dificuldade é que, no momento da análise
das organizações, a autora não utilizou o quadro proposto por ela e detalha, apenas, o
que seriam traços característicos daquelas organizações (Carrefour da Família e Casa
da Ajuda Mútua). Tais características, em parte, já haviam sido abordadas por França
Filho (2001).
As particularidades encontradas nos empreendimentos investigados em Andion
(2001) são: 1 - Gestão de recursos provenientes de fontes distintas - a redistribuição,
o mercado e a reciprocidade (voluntariado e dons provenientes das relações
interpessoais); 2 - Em um momento inicial, essas organizações tendem a se utilizar
mais da reciprocidade, particularmente o trabalho sem remuneração; 3 - O processo
de profissionalização leva a uma diminuição dos recursos da reciprocidade e um au-
mento daqueles resultantes da interface com o mercado e com o Estado; 4 - A oferta,
a demanda e o preço são aspectos elaborados coletivamente pelos trabalhadores, usu-
ários e voluntários; 5 - O trabalho aparece como fonte de satisfação e engajamento
pessoal, contrariamente à visão mecanicista e impessoal de trabalho apresentada
pelas teorias tradicionais da administração; 6 - O enraizamento na comunidade é
produzido na prática, através da participação efetiva da comunidade na organização e
de alianças e parcerias com outras organizações locais, o que, por sua vez, permitem
uma ação conjunta sobre problemáticas comuns, gerando um forte capital social.
Após a leitura e reflexão sobre o que estes autores (Andion, França Filho, Gaiger,
Moura & Meira, Azevedo, Carrion, Singer) apontaram sobre a especificidade da gestão
em empreendimentos solidários, resolvemos elaborar um quadro comparativo entre
as referências (ver quadro 2), tendo como base as dimensões apresentadas por Andion
(2001) que consideramos uma forte tipologia de análise das particularidades da gestão
desses empreendimentos.

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QUADRO 2: Particularidades da Gestão de Empreendimentos Solidários

ANDION (2001) FRANÇA FILHO (2001) SINGER (2002a) AZEVEDO (2003)

Característica Características (i)


Dimensão Social Características (c) e (d)
(2) e (ii)
Dimensão
Característica (a) ----
Econômica

Dimensão Pública Características (b) e (e) ---- Característica (iii)

Dimensão Téc.- Característica


Característica (d) Característica (ii)
Produtiva (1)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A título de conclusão, encerraremos com algumas considerações a partir das
referências que utilizamos para construção do quadro de homologação conceitual so-
bre a gestão dos empreendimentos solidários. Praticamente, a principal afirmação
conclusiva já foi defendida por Andion (2001). Para a autora a gestão cotidiana destes
empreendimentos é
tão complexa e dinâmica quanto a própria natureza destas organizações, pois ela é
composta por uma série de desafios e questões singulares que não podem mais ser
negligenciadas, nem pelas pessoas que atuam nestes organismos, nem pelas teorias
que tratam desta temática (ANDION, 2001).

Apesar da questão das especificidades da gestão de empreendimentos solidá-


rios não ser o foco de muitos dos estudos sobre economia solidária, a temática dos
desafios da gestão de tais empreendimentos já foi explorada de alguma maneira. A
observação desses estudos é um dos caminhos que pretendemos continuar seguindo.
Uma outra via que vamos trilhar é a análise dos conteúdos dos cursos e das publica-
ções voltadas para a gestão de empreendimentos solidários (a partir das Incubadoras
Tecnológicas de Cooperativas Populares, da Capina, entre outras organizações que
vêm atuando na área). Por fim, a realização de estudos de caso que focalizem as
questões que estamos discutindo em nossa pesquisa.
Finalizando, recolocamos as questões mencionadas anteriormente: Em que medi-
da os empreendimentos solidários estão criando novos processos e ferramentas de gestão? E
quais seriam as repercussões deste tipo de empreendimento sobre as conhecidas áreas fun-
cionais da administração? As respostas estão apresentadas no corpo deste documento,
basta olhar o quadro de homologação ou verificar o que os autores colocam em termos
de autogestão nestas organizações - a criação de processos participativos e engajados
de decisão, a instituição do ambiente externo, o cenário das decisões e, mais que isto,
o fato real destes empreendimentos solidários estarem voltados muito mais para uma
ação exógena, ou seja, de ampliação de espaços públicos na comunidade local, que uma
ação endógena, de valorizar o lucro individual e da propriedade privada.
Enfim, estas particularidades fecham questão com o que França Filho (2003)
defende, e até expusemos neste artigo, que a “gestão de tais formas de organizações
não se limita jamais a sua esfera interna, sua vocação é de projetar-se sempre, e
necessariamente, sobre o espaço público”. Em outras palavras, a economia solidária
permitiria a essas organizações assumirem ao mesmo tempo funções produtivas, es-
paços de proximidade e espaços políticos.

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Especificidades da Gestão de Empreendimentos na Economia Solidária:
Breve Estado da Arte sobre o Tema

N OTAS
1 Pesquisa iniciada em julho de 2002 na Escola de Administração da UFBA, integrada ao PDGS/NEPOL/
UFBA e a Associação de Fomento à Economia Solidária– BanSol, além de contar com o apoio do PIBIC/CNPq.
2 Nesta obra, da década de 50, Polanyi apresenta a economia plural como sendo a possibilidade de combina-

ção de uma economia mercantil (venda de produto ou de serviço), não-mercantil (subsídios públicos oriundos
da finalidade social da organização) e não-monetária (voluntariado).
3 Mauss é antropólogo e a partir de suas observações sobre a solidariedade e o dom em tribos primitivas,

escreveu o Ensaio sobre a dádiva que serve de referência para os estudiosos de antropologia econômica
abordarem o fenômeno da economia solidária.
4 Adotamos aqui a referência de Boff (1999) quando trata de dois modos do ser humano realizar e relacionar-

se: o trabalho e o cuidado. No “modo-de-ser-cuidado .... a relação não é de domínio sobre, mas de convivência.
Não é pura intervenção, mas interação e comunhão” (p.95). Cuidado que, segundo o autor, expressa-se na
relação consigo, com o outro, com a comunidade, o país e o planeta. A perspectiva da economia solidária
aparece também como a possibilidade de combinação do trabalho com o cuidado.

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