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SIMULADO 1 detém. Assim, afirmar que saímos da era


FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS da depressão e entramos na era da
DÉCIO SENA ansiedade significa criar modelos de
conduta emocional com os quais muitos
irão se identificar.
Atenção: As questões de 1 a 11 Nem sempre podemos discriminar o
referem-se ao texto apresentado abaixo. que sentimos com clareza. A plasticidade,
as sutilezas e as ambiguidades dos afetos
A notícia saiu no "The Wall Street permitem, facilmente, o "shuttle service"
Journal”: "Não faz muito tempo, as fontes entre emoções afins. Da depressão com
de medo nos Estados Unidos eram visíveis traços ansiosos à ansiedade com traços
como um avião de bombardeio nos céus. depressivos o passo é curto. Algumas
Hoje, com tanta prosperidade e matérias de capa em revistas de grande
segurança, os céus estão limpos, mas os tiragem, alguns depoimentos de
medos persistem". O setor de especialistas no assunto, muita pressão
equipamentos de segurança para casas comercial dos laboratórios e eis no berço o
"faturou US$ 72 bilhões"; 17% dos novo "indivíduo ansioso"!
americanos sofrem de "alguma desordem Passemos rápido pelo lado caça-níqueis
de ansiedade" e, nos últimos anos, da questão. O próprio articulista se
"políticos, grupos de interesse e mídia" encarrega de dizer que os ansiolíticos se
criaram um sem número de perigos para tornaram "os medicamentos mais quentes
satisfazerem a fome de medo dos dos laboratórios farmacêuticos". A
americanos: "O bug do milênio, o veneno medicalização leviana da ansiedade, se já
Antrax, bactérias que comem carne não é, pode vir a ser um negócio das
humana, alimentos transgênicos, brigas arábias. Isentemos os reais avanços
violentas no trânsito, sequestro de científicos da psicofarmacologia de
crianças, roubo de carros com motorista compromissos com essa história escusa e
dentro, chuva ácida e o vírus Ebola". Em deixemos o resto com polícia. O outro lado
suma, a "ansiedade superou a depressão é menos evidente e mais inquietante. Se a
como problema de saúde mental predomi- informação do jornalista é justa, a opinião
nante nos EUA". dos especialistas é tendenciosa de ponta a
Para explicar o disparate, o articulista ponta. Não existe, é claro, interpretação
recorre a um psicoterapeuta e a um neutra em relação a valores ou interesses.
sociólogo. O primeiro descreve a Mas há diferença entre explicitar os
"ansiedade como uma condição dos valores e interesses que justificam a
privilegiados" que, livres de ameaças interpretação proposta e insinuar que o
reais, se dão ao luxo de "olhar para que se diz foi diretamente soprado pela
dentro" e criar medos irracionais; o se- mãe-ciência.
gundo diz que "vivemos na era mais
segura da humanidade" e, no entanto, COSTA, Jurandir Freire.
"desperdiçamos bilhões de dólares em A ansiedade da opulência.
medos ampliados bem mais do que o www.jfreirecosta.com
colhido em 15.03.2006
justificável".
Não temos como confirmar ou negar a
Obs.: "shuttle service" = “ponte aérea”. Em
credibilidade empírica da notícia. Mais tradução livre: “confusão”, “má compreensão”
importante, contudo, é entendê-la como
produção de um fato cultural. O fato ▪ Jurandir Freire Costa é psicanalista, membro
cultural, diferente dos fatos físicos, só do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e
existe ao ser interpretado de forma professor no Instituto de Medicina Social (IMS),
plausível, isto é, ao ser articulado a um da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
conjunto de crenças assumidas como (RJ). Colunista da Folha de São Paulo, é tam-
bém autor de inúmeros livros, entre eles: “Sem
verdadeiras. Tornado plausível, o fato
Fraude Nem Favor”, “Razões Públicas, Emoções
pode, então, ser aceito ou recusado. O Privadas”, “O Vestígio e a Aura”.
fato cultural aceito é, em geral, aquele
cujos autores possuem poder suficiente 1. Considere as seguintes afirmações.
para transformá-lo em realidade social.
A imprensa americana é capaz de criar
I. Tomando como ponto de partida um
fatos e torná-los realidades sociais, pelo
artigo jornalístico, o autor do texto
enorme poder econômico e ideológico que
dispõe-se a criticar a existência de
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indústria farmacêutica responsável pelo (D) Para explicar o disparate, o articulista


efetivo surgimento de inúmeras recorre a um psicoterapeuta e a um
patologias ligadas à psiquiatria. sociólogo.
II. O título do texto justifica-se pela fase (E) Em suma, a "ansiedade superou a
abastada por que passa a sociedade depressão como problema de saúde
estadunidense, que, livre da mental predominante nos EUA".
possibilidade de ataques aéreos
terroristas, vem-se dedicando a 4. Em Se a informação do jornalista é
alimentar medos injustificados. justa, o adjetivo deve ser entendido
III. Diferentemente dos fatos físicos, o fato como:
cultural depende, para sua existência,
da interpretação que a ele venha a ser (A) proba.
dada e que, necessariamente, terá de (B) correta.
passar pelo crivo de aceitação da (C) íntegra.
sociedade em que ocorre. (D) verossímil.
(E) falaz.
Em relação ao texto está correto
SOMENTE o que se afirma em: 5. Levando-se em conta a diretriz
argumentativa do texto deve-se entender
(A) I. o disparate a que o autor se refere em
(B) II. Para explicar o disparate como:
(C) III. (A) a ansiedade ter superado a
(D) I e II depressão, nos Estados Unidos.
(E) II e III (B) o desperdício de bilhões de dólares na
compra de remédios para uma
2. Ainda com respeito ao título do texto, enfermidade criada pelos próprios
indique a alternativa em que não se cidadãos americanos.
observa passagem textual contida em (C) a existência, nos Estados Unidos, de
seu ambiente semântico. tantas fontes de medo, tais como o
bug do milênio, o veneno Antrax,
(A) Hoje, com tanta prosperidade e bactérias que comem carne humana,
segurança, alimentos transgênicos,...
(B) "desperdiçamos bilhões de dólares em (D) o fato de o aumento alarmante da
medos ampliados ... ansiedade – ou mesmo das chamadas
(C) O setor de equipamentos de se- doenças mentais – ser uma criação
gurança para casas "faturou US$ 72 cultural, produto de interesses
bilhões" diversos, entre os quais inserem-se
(D) "vivemos na era mais segura da aqueles de natureza econômica.
humanidade" (E) a inexistência de razões, nos Estados
(E) "ansiedade como uma condição dos Unidos, para que as pessoas tenham
privilegiados" problemas de saúde mental.

3. A imprensa americana é capaz de criar 6. Não está presente no texto :


fatos e torná-los realidades sociais,...
Para comprovar esta afirmativa, o (A) a partir do terceiro parágrafo, o
autor lança mão do argumento: frequente emprego de formas verbais
em 1ª pessoa do plural, recurso com
(A) O próprio articulista se encarrega de que o autor torna o texto menos formal
dizer que os ansiolíticos se tornaram e busca envolver o leitor em suas
"os medicamentos mais quentes dos ideias.
laboratórios farmacêuticos". (B) emprego de passagens que
(B) A notícia saiu no "The Wall Street exemplificam emprego de linguagem
Journal” coloquial.
(C) Algumas matérias de capa em revistas (C) abundante linguagem técnica, que
de grande tiragem, alguns torna o texto de difícil compreensão
depoimentos de especialistas no para os leigos na área da farmacologia.
assunto, [...] e eis no berço o novo (D) a dificuldade quanto à precisão de
"indivíduo ansioso"! diagnóstico envolvendo a ansiedade e
a depressão.

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(E) intencional utilização de pronomes 9. Considerando-se o contexto, traduz-se


indefinidos com o interesse em corretamente o sentido de uma
enfatizar a maior parcela de expressão ou frase do texto em:
responsabilidade na criação do novo
indivíduo ansioso. (A) Não temos como confirmar ou negar a
credibilidade empírica da notícia. – Não
7. Assinale a alternativa em que se faz temos como ratificar ou denegar a
referência incorreta acerca de credibilidade racional da notícia.
elementos da estrutura textual. (B) Nem sempre podemos discriminar o
que sentimos com clareza.- Nem
(A) em criaram um sem número de sempre podemos inocentar o que
perigos para satisfazerem a fome de sentimos com clareza.
medo dos americanos o verbo (C) Passemos rápido pelo lado caça-ní-
sublinhado poderia surgir grafado queis da questão. – Passemos céleres
satisfazer e o texto preservaria sua pelo lado empresarial da questão.
gramaticalidade. (D) ... a opinião dos especialistas é
(B) no fragmento O fato cultural, [...], só tendenciosa de ponta a ponta.- a
existe ao ser interpretado de forma opinião dos especialistas é parcial de
plausível, a oração sublinhada introduz cabo a rabo.
nexo semântico temporal. (E) A medicalização leviana ..., - A
(C) a passagem "vivemos na era mais prescrição medicamentosa feita sem
segura da humanidade" poderia ser seriedade ...
reescrita vivemos a era mais segura da
humanidade, preservando-se a 10. Remédios não faltarão jamais para os
correção do texto, mas alterando-se a doentes. Há mais remédios do que
regência verbal. existem doentes. Na verdade,
(D) em Não temos como confirmar ou fabricam-se os doentes para que
negar a credibilidade empírica da consumam os remédios. A indústria
notícia. Mais importante, contudo, é farmacológica, na falta de doentes,
entendê-la como produção de um fato inventará os doentes. O importante é
cultural. o pronome átono refere-se ao que produzam, cada vez mais,
substantivo credibilidade. remédios.
(E) em criar modelos de conduta
emocional com os quais muitos irão se Podem-se evitar as repetições dos
identificar. A preposição que antecede elementos acima sublinhados no
o pronome relativo é exigência da fragmento acima substituindo-os, na
forma verbal “identificar”. ordem dada, por:

8. Na proposta de uma nova redação para (A) Há mais eles – existem-nos –


uma frase do texto, cometeu-se fabricam-se-nos – consumam-nos – os
deslize quanto à concordância verbal inventará –
em: (B) Há mais aqueles – estes – eles são
fabricados – os consumam – inventá-
(A) Não fazem muitos anos, as fontes de los-á
medo nos Estados Unidos eram visíveis (C) Há-os mais – os existem – se os
como um avião de bombardeio nos fabricam – consumam-nos – inventará-
céus. os
(B) 17% do povo americano sofrem de (D) Há mais estes – aqueles – eles são
"alguma desordem de ansiedade" fabricados – consumam-nos – inventá-
(C) A sutileza, a tenuidade do afeto los-á
permite, facilmente, o "shuttle service" (E) Há mais aqueles - estes – eles são
entre emoções afins. fabricados – consumam-nos – os
(D) Não existe, é claro, interpretação neu- inventará
tra e desinteresse mercadológico em
relação a valores ou interesses. 11. Está correto o emprego de ambos
(E) Mas deve haver diferenças entre os elementos sublinhados na frase:
explicitar os valores e interesses
a) O articulista faz menção a fato de cujo
conhecimento todos aqueles cujos

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aspiram a mundo melhor não podem quando chegarem a casa, já


ignorar. encontrarão todos dormindo.
b) O médico aludiu a substâncias cujas (B) A escolha da profissão e da futura
fórmulas eram desconhecidas por esposa é preocupação de todos os
todos os com que trabalhavam naquela jovens, que se dedicam, no entanto,
área científica. muito mais ao exame acurado daquilo
c) O sentimento de pânico de que são em que irão trabalhar do que da futura
tomados os atuais estadunidenses aos companheira, o que é errôneo, uma
quais se perguntou isto é advindo do vez que, na verdade, despenderão
sentimento de opulência. muito mais tempo no trabalho do que
d) O medo que aflige os atuais cientistas em casa, na qual encontrarão, após um
é de que, apesar dos cuidados para os longo dia de labuta, todos dormindo.
quais se cerca a indústria (C) De modo inadvertido, uma vez que
farmacológica, haja excessos na passarão – na maioria – mais tempo no
manipulação das drogas. trabalho do que em casa, à qual, ao
e) O consumo de drogas cujas pro- retornarem de seus afazeres
priedades farmacológicas ainda não encontrarão todos dormindo, os
são comprovadas por aqueles nos jovens dedicam, na inelutável decisão
quais cabe verificar sua validade vem que têm de tomar, mais atenção à
sendo motivo de preocupação das escolha de seus futuros esposos do que
autoridades médicas. às futuras profissões, deixando
algumas de lado sem maiores
“Todo jovem tem de tomar pelo menos considerações.
duas grandes importantes decisões na (D) Ao chegarem a casa tarde da noite,
vida. A escolha da profissão e a do após passarem todo o dia no emprego,
cônjuge. A maioria estuda e namora o os jovens lamentam-se por não terem
futuro cônjuge nos mínimos detalhes, mas tido o cuidado, no momento em que
escolhe e tiveram de escolher a profissão e o
descarta dezenas de profissões com uma futuro cônjuge, decisão a que
única frase. Muitos passarão mais tempo estiveram submetidos anteriormente,
no emprego do que com de dar mais atenção ao futuro
o marido, a esposa e a família. Quando profissional do que à escolha de seus
chegarem em casa, todos já estarão futuros companheiros.
dormindo.” (E) Todo jovem que tem de tomar as duas
grandes decisões de sua vida no
KANITZ, Stephen, tocante à escolha de sua profissão e de
Escolhendo uma profissão. seu futuro marido ou esposa dedica
http://www.kanitz.com.br/veja/profissao.as muito mais tempo, infelizmente, à
colhido em 15.03.2006
análise destes últimos do que daquela,
o que será lamentado no futuro,
▪ Stephen Kanitz é consultor de empresas e
conferencista. Mestre em Administração de quando chegar do trabalho tarde da
Empresas pela Harvard University, foi professor noite e já encontrar todos dormindo
Titular da Faculdade de Economia, em casa.
Administração e Contabilidade da Universidade
de São Paulo. É árbitro da BOVESPA na Câmara Instruções: As questões de números 13 a
de Arbitragem do Novo Mercado. 20 referem-se ao texto seguinte:

12. A frase que mantém o sentido do Horkheimer gostava de citar um trecho


texto acima transcrito é: de Maquiavel, da “História de Florença”:
“Examinem as maneiras de agir dos
(A) A maioria dos jovens – que têm de homens. Verão que todos aqueles que
decidir-se pela escolha da profissão e chegam a ter uma grande riqueza e um
da namorada observando seus grande poder conquistam-nos graças à
mínimos detalhes – estudam e violência ou à mentira. Mas aquilo de que
descartam dezenas de profissões sem se apoderam, por esperteza ou à força,
maiores reflexões, sem se lembrarem eles o enfeitam para disfarçar o lado
de que passarão mais tempo no desprezível de sua vitória: dão-lhe títulos
trabalho do que em casa e que, enganadores de sucesso e êxito. Aquele
que, por estupidez ou falta de

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oportunidade, evita esses meios, “violência” / “esperteza” e “mentira” /


condena-se à pobreza e à servidão por “força”.
toda a vida. Os criados fieis continuam (D) serão pobres, segundo Maquiavel,
sendo sempre criados, e as pessoas todos aqueles que não se tornarem
continuam sendo sempre pobres”. astuciosos ou violentos.
[...] (E) o ser humano está fadado, segundo
Contemplem-se as imagens da Horkheimer, a ser eternamente um
ocupação de dez favelas cariocas pelo serviçal pobre.
Exército. Num primeiro nível, o que se vê
são jovens e crianças descalças, de 14. Levando em conta o segundo
bermudões e camisetas, donas-de-casa parágrafo é INCORRETO afirmar:
pobres e soldados mal-ajambrados, com
fardas que lhes caem mal, (A) os traficantes e os soldados são
desengonçados. Não são ferozes e rígidos, figuras igualadas no desalinho com que
prussianos, e sim uma mambembe tropa se apresentam.
tropical. Uns e outros pertencem ao (B) é possível inferir-se que o adjetivo
mesmo ambiente social. “prussianos” alude a “espírito militar”,
Num segundo nível, o que se dá a ver “inflexibilidade disciplinar”.
é uma notável construção social. Fugindo (C) a passagem “mambembe tropa
do trabalho inviável nas grandes tropical” é comentário que se identifica
propriedades rurais, migrantes com a anterior referência “soldados
nordestinos de primeira, segunda e mal-ajambrados”.
terceira geração estão nas favelas. São (D) a expressão “Num primeiro nível”
pardos e pretos. Eles são descendentes poderia ser substituída por “Num
dos desempregados ou desocupados que primeiro olhar” e o fragmento teria seu
foram para metrópoles do Sudeste sentido preservado.
perseguindo a miragem do (E) o fragmento “Uns e outros”
desenvolvimento. Eles são produto não do correlaciona “jovens”, “crianças” e
atraso, e sim do progresso, da “donas-de-casa” com “soldados”.
proletarização, que, em pequena escala,
de fato ocorreu. As favelas viraram 15. A expressão do texto corretamente
(des)abrigo para o exército industrial de compreendida é:
reserva em cidades onde a indústria está
sendo dizimada. Eles não são excluídos. (A) Num segundo nível = Em outro
São o contrário: estão incluídos na atual patamar.
configuração econômica. Nas favelas, ou (B) notável construção social. =
neofavelas, os que estão em boa situação extraordinária elaboração de arcabouço
cabem no texto de Horkheimer dos anos social.
30. (C) Fugindo do trabalho inviável =
escapando ao labor inexistente.
CONTI, Mário Sérgio, (D) perseguindo a miragem do
Frankfurt na favela. desenvolvimento. = afugentando a
www.nominimo.com.br, quimera desenvolvimentista.
colhido em 15.03.2006
(E) estão incluídos na atual configuração
econômica. = põem-se de encontro ao
▪ Mário Sérgio Conti é jornalista e foi diretor de
redação da revista Veja e do Jornal do Brasil. É atual desenho da economia.
autor do livro “Notícias do Planalto”.
16. “Examinem as maneiras de agir dos
13. No primeiro parágrafo, homens. Verão que todos aqueles que
chegam a ter uma grande riqueza e um
(A) nota-se uma visão humanística acerca grande poder conquistam-nos graças à
da natureza das relações humanas, por violência ou à mentira. Mas aquilo de
parte de Horkheimer. que se apoderam, por esperteza ou à
(B) observa-se afirmativa inexorável de força, eles o enfeitam para disfarçar o
Horkheimer: toda riqueza é obtida por lado desprezível de sua vitória: dão-lhe
astúcia ou tirania. títulos enganadores de sucesso e
(C) no que diz respeito à aquisição das êxito.”
riquezas, Maquiavel cria, por
aproximação semântica, os pares

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Considerando-se esse fragmento (C) tanto quanto donas-de-casa e mal-


dentro do texto, é correto afirmar que, ajambrados fazem plural de mesmo
nele: modo os vocábulos “pôr-do-sol” e
“mal-do-sangue”.
(A) todos aqueles refere-se a homens. (D) a colocação de um par de vírgulas
(B) ou em conquistam-nos graças à isolando o vocábulo sim manteria o
violência ou à mentira é conjunção texto de acordo com a norma culta da
alternativa com valor de adição. língua portuguesa.
(C) os títulos enganadores de sucesso e (E) a forma passiva sintética
êxito são dados a homens que chegam Contemplem-se, no contexto em que
a ter uma grande riqueza e um grande surge, equivale à passiva analítica
poder. “sejam contempladas”.
(D) sua refere-se a homens.
(E) lhe refere-se, tanto quanto o – o 19. A redação clara e de acordo com a
enfeitam – a aquilo. norma padrão da língua escrita é:

17. Na organização do terceiro parágrafo, (A)Os psiquiatras americanos “descobri-


ram” remédios contra a compulsão
(A) Num segundo nível é expressão que consumista. Tratam-se de um
prepara o leitor para sucessão de antidepressivo da mesma família
ideias contrárias à ideia-tese do texto. química usada no tratamento das
(B) em e sim do progresso, da distimias, da síndrome do pânico, das
proletarização, a expressão e sim fobias sociais e outros estados de
introduz nexo semântico aditivo. ansiedade com fundo depressivo.
(C) a grafia (des)abrigo questiona a (B)A notícia confirma a tendência atual da
validade do refúgio de que desfrutam medicina, qual seja, propor tratamento
as populações faveladas. farmacológico para comportamentos
(D) semanticamente, seria equivocada a psicológicos até então, e este
substituição de São o contrário: por comportamento vem desde o fim dos
“ao invés disto”. anos 50, observado como variações do
(E) a citação ao fragmento textual caráter ou da personalidade dos
atribuído a Maquiavel não se sustenta. indivíduos.
(C) Em primeiro lugar, e antes de tudo,
18. Contemplem-se as imagens da façamos justiça ao que é justo. O
ocupação de dez favelas cariocas pelo avanço das neurociências, da neu-
Exército. Num primeiro nível, o que se rofisiologia e da psicofarmacologia, nos
vê são jovens e crianças descalças, de últimos anos, têm sido formidável. É
bermudões e camisetas, donas-de-casa preciso notar, porém, que o próprio
pobres e soldados mal-ajambrados, progresso da ciência revelou a enorme
com fardas que lhes caem mal, complexidade da vida psíquica.
desengonçados. Não são ferozes e (D) Descrever a gênese bioquímica dos
rígidos, prussianos, e sim uma fatos mentais é, sem dúvida, uma
mambembe tropa tropical. Uns e tarefa desejável e admirável; restringir
outros pertencem ao mesmo ambiente a compreensão desses fatos à
social. descrições do psiquismo é um equívoco
com consequências emocionais, morais
Com relação ao fragmento acima e culturais criticáveis. Uma coisa é
transcrito é correto afirmar que: isolar correlações de causa-efeito entre
expressões emocionais e sua base
(A) no período do fragmento transcrito, as neural; outra coisa é reduzir a
preposições de e pelo introduzem compreensão dessas expressões a
expressões portadoras do mesmo explicação de tais correlações.
matiz semântico. (E) Pode-se retrucar que os psiquiatras
(B) considerada a existência da voz não ignoram o problema do consumo
passiva pronominal em Num primeiro nas sociedades modernas, apenas o
nível, o que se vê são jovens e crianças consideram como um problema de
descalças,... seria viável a presença de cidadania e não de psiquiatria! O
“vêem”, concordando com o sujeito antidepressivo em questão é um
jovens e crianças descalças,... medicamento que visa a eliminar o

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“sintoma da compulsão”, e não a


oferecer soluções políticas para
questões sociais.

20. A frase totalmente de acordo com a


norma padrão da língua escrita é:

(A) Ética tem a ver com regras postas


para nós todos enquanto habitantes da
cidade, enquanto transeuntes no
interior da esfera pública; e moral tem
a ver com as regras postas para nós
em nossa vida individual.
(B) Assim, apreendemos uma palavra
distinta de “éthos” para denominarem
costumes e hábitos que são do âmbito
do individual e do privado. Usamos a
palavra latina “mores.” Daí a palavra
“moral”.
(C)Nossa democracia liberal pressupõe
uma cidade aonde a vida individual se
põe diante de seu Outro, a cidade
moderna. Daí que regras coletivas e
regras individuais não diferem apenas
por conta de “temperamento”.
(D) Por isso mesmo, problemas relativos a
relações conjugais e sexuais são ditos
problemas morais, enquanto que
problema de corrupção de governos
são ditos problemas éticos.
(E) É triste ver que até filósofos, uma vez
envolvidos com o ensino, não saibam
distinguir isso e tenham dificuldades de
falar de ética e moral no âmbito da
escola. É triste que voltem a culpar o
professor.

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