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A COISA OU O HOMEM COISIFICADO?

A vida desabou, Tudo se esculhambou E ele estava l Seus afetos mais caros, Os sonhos mais profundos, Os mais bsicos anseios De usufruir da vida, Tudo decomps-se E ele estava l! Dele se esperava somente o trabalho, Que no lhe rendia mais do que migalhas, Enquanto o patro sua custa engordava Os seus fofos bolsos. O trato desumano Que lhe impunha o chefe, E, mais que ele, as regras Nefastas da atroz disciplina, Devia suport-lo a sorrir e jamais Expor, descontente, suas queixas e mgoas. No importa que sofresse, Amasse ou perdesse Os encantos pequenos do seu dia a dia, Todos soterrados pela atroz rotina. Sua funo na empresa Era trabalhar E ela suplantava A morte, a desgraa, O gozo, a alegria. Dele se esperava e, no fim, havia De todo se tornado, Que fosse uma pea, sem alma ou vontade, S um parafuso Na feroz engrenagem, Mais um item roto na conta Mveis e Utenslios Do gordo Balano do capitalista. Gravata, 1 de abril de 1996 Ubirajara Passos

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