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Unidade 6 – Medição de Vibrações

Unidade 6 - Medição de Vibrações

6.1 - Introdução
Em engenharia mecânica, uma das principais aplicações das vibrações está na manutenção. A existência de
vibrações em máquinas e equipamentos é, geralmente indicação de mal funcionamento. A manutenção preditiva tem
como um dos seus pilares a análise qualitativa e quantitativa das vibrações. Basicamente, o estudo das vibrações requer
três passos básicos:
1- a medição da vibração;
2- a análise do sinal vibratório medido;
3 - o controle da vibração, mediante algum procedimento de manutenção.
A análise das vibrações exige que as mesmas sejam perfeitamente identificadas. Isto acontece por meio de um
processo de medição. É extremamente importante a correta medição da vibração para que o processo de análise e a
conseqüente correção não sejam comprometidos. A medição serve então para assegurar o bom funcionamento de uma
máquina, confirmar suposições teóricas, auxiliar no projeto e operação de sistemas de isolamento ativos, identificação
de sistemas através da medição de variáveis de entrada e saída, informação de vibrações originadas por terremotos,
ação de turbulência fluida, ação de vento em estruturas, irregularidades de vias, e no acompanhamento do estado de
máquinas no processo da manutenção preditiva.
O processo de medição, ilustrado na Fig. 6.1, parte da identificação de uma característica do fenômeno
vibratório que possa ser medida, geralmente uma variável mecânica (deslocamento, velocidade, aceleração ou força). O
elemento que entra em contato com a máquina para medir esta variável é o transdutor que cumpre a função de converter
o sinal mecânico em um sinal elétrico (corrente elétrica) que é amplificado e convertido em um sinal digital ou
mostrado em um display. O sinal digital pode ser armazenado em um computador. Ainda antes de sofrer a conversão
para digital, o sinal pode ser gravado em um gravador especial. Após armazenados, os dados estão disponíveis para a
análise.
Unidade de
Máquina ou Transdutor Instrumento apresentação ou Análise de
estrutura ou sensor de de conversão armazenagem
(display, gravador dados
vibratória vibração do sinal ou computador)

Figura 6.1 - Esquema básico de medição de vibrações.


Os principais instrumentos medidores de vibração são os medidores de deslocamentos, também chamados
vibrômetros, os medidores de velocidade, os acelerômetros (medidores de aceleração), os medidores de fase e de
frequência (frequencímetros, tacômetros).
Uma das aplicações mais freqüentes da medição de vibração se dá quando se pretende determinar as
características de ressonância de um determinado sistema. A Fig. 6.2 apresenta um esquema em que se ilustra a
utilização de instrumentos para determinação de características dinâmicas de uma máquina. Nela um gerador de função
manda a informação para um shaker (vibrador eletrodinâmico ou eletrohidráulico), produzindo uma vibração com
características previamente definidas. A vibração gerada, é analisada através de metodologia adequada a fim de
determinar as características desejadas do sistema.
Analisador Gerador de
Espectral função

Shaker 80

2.5

Amplificador
Sensor

Máquina
vibratória

Figura 6.2

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6.2 - Escolha do instrumento de medição


Alguns aspectos devem ser considerados quando se escolhe o instrumento de medição.
1) Faixa de frequências e amplitudes
Um dos principais parâmetros determinantes da escolha do instrumento adequado é a faixa de frequências. Em
baixas frequências a amplitude de deslocamento normalmente é alta o que faz com que os vibrômetros sejam adequados
para medir as vibrações. Já em altas frequências as amplitudes de deslocamento são baixas e as amplitudes da
aceleração são altas fazendo com que os acelerômetros apresentem maior sensibilidade. Os medidores de velocidade
são de aplicação geral, pois apresentam desempenho razoável tanto em baixa como em alta frequência. Os medidores
de velocidade são também, largamente utilizados por serem de fácil e barata construção. Cada instrumento pode ter
suas características adequadas (projeto) para medir faixas específicas de amplitudes e frequências.
2) Tamanho da máquina ou estrutura.
Os tamanhos de máquinas e estruturas são importantes, pois instrumentos que possuam grandes massas
comparativamente às dos objetos de medição podem influir na medição das vibrações medidas distorcendo-as.
3) Condição de operação da máquina.
Condições de funcionamento severas, experimentadas por máquinas que operam em ambientes corrosivos ou
abrasivos, por exemplo, podem impedir que instrumentos sofisticados sejam utilizados. É importante que os
instrumentos não sejam danificados no ato da medição, pois isto pode também distorcer os valores medidos.
4) Tipo de análise dos dados.
A forma com que os dados gerados serão analisados é fundamental para a escolha do instrumento de medição.
Vários detalhes no processo de medição estão condicionados pela análise que será realizada. Isto pode fazer com que
determinado instrumento possa ser escolhido, preterindo-se outro mais sofisticado, por apresentar os dados de uma
forma mais apropriada para a análise pretendida.

6.3 - Transdutores
Os transdutores, como foi dito acima, transformam variáveis físicas em sinais elétricos equivalentes. Os tipos
de transdutores dependem, fundamentalmente, da variável que os mesmos transformam. São apresentados nesta seção
os principais tipos de transdutores e o seu princípio de funcionamento.
6.3.1 - Transdutores de Resistência Variável
Este tipo de transdutor tem um princípio de funcionamento que se baseia na variação na resistência elétrica de
um elemento, produzida pelo movimento. O movimento gera a deformação de uma resistência elétrica, alterando suas
características de forma a produzir uma variação da voltagem de saída do circuito elétrico do qual este elemento faz
parte. O transdutor mais utilizado deste tipo é o extensômetro cujo esquema é mostrado na Fig. 6.3.
Arame fino X

Arame fino

Papel fino

Massa

Filamentos
X
Papel fino
Figura 6.3 - Extensômetro
Um extensômetro elétrico consiste de um arame fino cuja resistência varia quando o mesmo é submetido a
uma deformação mecânica. Quando o extensômetro é colado a uma estrutura, sofre a mesma deformação que a
estrutura e, portanto, a variação em sua resistência indica a deformação sofrida pela estrutura. O arame é montado entre
duas lâminas de papel fino. O material com que mais comumente é construída a resistência é uma liga de cobre e níquel
conhecida como Advance.
Quando a superfície em que o extensômetro foi montado sofre uma deformação normal ε, o extensômetro
também sofre a mesma deformação e a variação em sua resistência é dada por

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∆R
K= R = 1 + 2ν + ∆r ∆L ≈ 1 + 2ν (6.1)
∆L r L
L
onde K é o fator de ponte do arame, R a resistência inicial, ∆R a variação da resistência, L o comprimento inicial do
arame, ∆L a variação no comprimento do arame, ν o coeficiente de Poisson do arame, r a resistividade do arame e ∆r a
variação na resistividade do arame.
O valor do fator K é dado pelo fabricante do extensômetro e, portanto, o valor de normal ε, pode ser
determinado, medindo-se ∆R e R, na forma
∆L ∆R
ε= = (6.2)
L RK
Quando o transdutor é usado em conjunto com outros componentes que permitem o processamento e a
transmissão do sinal, se transforma em um sensor (pickup). Em um sensor de vibração o extensômetro é montado em
um elemento elástico de um sistema massa-mola como mostra a Fig. 6.4. A deformação em qualquer ponto do membro
elástico (viga engastada-livre) é proporcional à deflexão da massa, x(t), a ser medida. A variação na resistência do
arame ∆R pode ser medida usando uma ponte de Wheatstone, um circuito potenciométrico e um divisor de voltagem.
Uma ponte de Wheatstone típica, representando um circuito que é sensível a pequenas mudanças na resistência, é
mostrado na Fig. 6.5. Aplica-se uma voltagem de alimentação d.c. V entre os pontos a e b.
b

R1 R2

x(t) a c E
Extensômetro
Filamentos
m R4 R3

Viga engastada

Base V

Figura 6.4 - Esquema do sensor. Figura 6.5 - Ponte de Wheatstone.


A voltagem resultante entre os pontos b e d é dada por
 R1 R3 − R2 R4 
E= V (6.3)
 ( R1 + R2 )( R3 + R4 ) 

Inicialmente as resistências são balanceadas, de forma que a voltagem de saída é zero. Portanto, para balanço
inicial, a eq. (6.3) produz
R1 R3 = R2 R4 (6.4)

Quando as resistências (Ri) variam em pequenas quantidades (∆Ri), a variação na voltagem de saída pode ser
expressa como
 ∆R ∆R2 ∆R3 ∆R4 
∆E ≈ V r0  1 − + +  (6.5)
 R1 R2 R3 R4 

onde
R1 R2 R 3 R4
r0 = = (6.6)
(R + R2 ) (R + R4 )
2 2
1 3

Se os terminais do extensômetro são conectados entre os pontos a e b , R1 = Rg, ∆R1 = ∆Rg, e ∆R2 = ∆R3 = ∆R4
= 0, e a eq. (6.5) nos dá

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∆R g ∆E
= (6.7)
Rg V r0

onde Rg, é a resistência inicial do arame. As equações (6.2) e (6.7) produzem


∆R g ∆E
=εK= (6.8)
Rg V r0

ou
∆E = KV r0 ε (6.9)

e, como a voltagem de saída é proporcional à deformação, o instrumento pode ser calibrado para que a deformação
possa ser lida diretamente.
6.3.2 - Transdutores Piezoelétricos
Transdutores piezoelétricos são aqueles que utilizam materiais naturais ou artificiais, como quartzo, turmalina,
sulfato de lítio e sal de Rochelle, que geram carga elétrica quando submetidos a uma deformação (esta é chamada de
propriedade piezoelétrica). A carga elétrica gerada no cristal devida a uma força Fx é dada por
Q x = K p Fx = K p A p x (6.10)

onde Kp é chamada de constante piezoelétrica (2,25x10-12 Coulomb/Newton para o quartzo, quando a maior face está ao
longo do eixo x do cristal, Fig. 6.6), A é a área em que atua a força Fx, e px é a pressão devida à mesma força. A
voltagem de saída do cristal é
E = υ t px (6.11)

ν é a sensibilidade de voltagem (0,055 volt-metro/Newton para o quartzo, também quando a maior face está ao longo
do eixo x do cristal, Fig. 6.6) e t a espessura do cristal.
Fx = A p x

(a) Fx

Mola

Massa

Discos
Filamentos
piezoelétricos

(b)
Figura 6.6 - Acelerômetro piezoelétrico.
A Fig. 6.6b mostra o esquema de um acelerômetro piezoelétrico. Uma pequena massa é pressionada contra um
cristal piezoelétrico por meio de uma mola. Quando a base vibra, a carga exercida pela massa sobre o cristal varia com

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a aceleração e, portanto, a voltagem de saída gerada pelo cristal será proporcional à aceleração. Os acelerômetros
piezoelétricos são compactos, resistentes, com alta sensibilidade e utilizáveis em altas faixas de frequência.
6.3.3 - Transdutores Eletrodinâmicos
Quando um condutor elétrico, na forma de um solenóide, se move em um campo magnético, produzido por um
imã permanente ou por um eletroimã, como mostra a Fig. 6.7, é gerada uma voltagem V neste mesmo condutor, dada
por
V = Dlv (6.12)

onde D é a densidade de fluxo magnético (em Teslas), l é o comprimento do condutor (em metros), e v é a velocidade
do condutor em relação ao campo magnético (em metros/segundo). Em virtude da proporcionalidade entre a velocidade
relativa entre imã e solenóide e a voltagem de saída, os transdutores eletromagnéticos são freqüentemente utilizados em
sensores de velocidade. A eq. (6.12) pode ser escrita na forma
V F
Dl = = (6.13)
v I
onde F é a força que age sobre o solenóide quando pelo mesmo passa uma corrente I. Desta forma este tipo de
transdutor pode também ser utilizado como um excitador de vibrações (a partir de uma corrente elétrica introduzida
gera-se uma força mecânica)
E
EO = Voltagem
de saida
v

Deslocamento
S N S
N

Ei
Voltagem de Enrolamento
alimentação primário

Enrolamentos
secundários
Figura 6.7 - Transdutor eletrodinâmico. Figura 6.8 - LVDT.

6.3.4 - Transformador Diferencial Linear Variável (LVDT)


Os LVDT (Fig. 6.8) são sensores para medição de deslocamento linear. O funcionamento de deste sensor é
baseado em três bobinas e um núcleo cilíndrico de material ferromagnético de alta permeabilidade. Ele dá como saída
um sinal linear, proporcional ao deslocamento do núcleo, que está fixado ou em contato com o que se deseja medir.
A bobina central é chamada de primária e as demais são chamadas de secundárias. O núcleo é preso no objeto cujo
deslocamento deseja-se medir e a movimentação dele em relação às bobinas é o que permite esta medição.
Para esta medição, uma corrente alternada é aplicada na bobina primária, fazendo com que uma tensão seja induzida em
cada bobina secundária proporcionalmente à indutância mútua com a bobina primária. A freqüência da corrente
alternada está geralmente entre 1 e 10 kHz. De acordo com a movimentação do núcleo, esta indutância mútua muda,
fazendo com que as tensões nas bobinas secundárias mude também. As bobinas são conectadas em série reversa, com
isso a tensão de saíde é a diferença entre as duas tensões secundárias. Quando o núcleo está na posição central,
equidistante em relação às duas bobinas secundárias, tensões de mesma amplitude porém opostas são induzidas nestas
duas bobinas, assim, a tensão de saída é zero. Quando o núcleo é movimentado em uma direção a tensão em uma das
bobinas secundárias aumenta equanto a outra diminui, fazendo com que a tensão aumente de zero para um máximo.
Esta tensão está em fase com a tensão primária. Quando o núcleo se move em outra direção, a tensão de saída também
aumenta de zero para um máximo, mas sua fase é oposta à fase primária. A amplitude da tensão de saída é proporcional
a distância movida pelo núcleo (até o seu limite de curso), sendo por isso a denominação "linear" para o sensor. Assim,
a fase da tensão indica a direção do deslocamento. Como o núcleo não entra em contato com o interior do tubo, ele
pode mover-se livremente, quase sem atrito, fazendo do LVDT um dispositivo de alta confiabilidade. Além disso, a
ausência de contatos deslizantes ou girantes permite que o LVDT esteja completamente selado das condições do
ambiente.
Os LVDTs disponíveis no mercado abrangem faixas de deslocamento entre 0,0002 cm a 40 cm, o que os torna
de ampla aplicabilidade. Estes transdutores não sofrem influência de variações de temperatura, mas têm limitação em
altas frequências por possuírem o núcleo magnético.
Desde que o núcleo não se mova demasiadamente do centro do enrolamento primário, a voltagem de saída
varia linearmente com o deslocamento do núcleo, originando-se o nome de transformador diferencial variável linear.

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6.4 - Sensores de Vibração (Pickups)


Um sensor de vibração é um instrumento constituído de um mecanismo medidor associado a um transdutor. A
Fig. 6.9 apresenta um instrumento sísmico montado em um corpo vibratório. O movimento vibratório é medido
achando-se o deslocamento da massa em relação à base na qual é montado.

x(t)

k T c
y(t)

Figura 6.9 - Instrumento sísmico.


O instrumento consiste de uma massa m, uma mola de rigidez k e de um amortecedor de constante de
amortecimento c, colocados dentro de uma caixa, que é ligada ao elemento vibratório. Com este arranjo, as
extremidades da mola e do amortecedor executarão o mesmo movimento que a caixa (movimento y) e a sua vibração
excita a massa dentro da caixa. O movimento da massa em relação à caixa é z = x - y, em que x é o movimento absoluta
da massa m.
Assume-se que o movimento vibratório é harmônico, possuindo a forma
y( t ) = Y sen ωt (6.14)

A equação do movimento da massa m pode ser escrita como


mx&& + c( x& − y& ) + k ( x − y ) = 0 (6.15)

Definindo o movimento relativo como


z = x− y (6.16)

a equação (6.15) é escrita como


mz&& + cz& + kz = − my&& (6.17)

e as equações (6.14) e (6.17) conduzem a


mz&& + cz& + kz = mω 2 Y sen ωt (6.18)
Esta equação é idêntica à eq. 3.66 e a solução de regime é
z( t ) = Z sen(ωt − φ ) (6.19)

onde Z e φ são dados por


Yω 2 r 2Y
Z= = (6.20)
[( k − mω ] [( 1 − r ) ( ) ]
1 1
2
) 2
+ (cω )
2 2
2 2
+ 2ζr
2 2

 cω  2ζr
φ = tan −1  2 
= tan −1 (6.21)
 k − mω  1− r 2
ω c
com r = eζ= .
ωn 2 mω n
As Figuras 6.10 e 6.11 mostram as curvas correspondentes às equações (6.20) e (6.21), respectivamente. O
tipo de instrumento é determinado pela faixa mais adequada de frequências da curva mostrada na Fig. 6.10.

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4 ζ=0
180o
ζ = 0,25
z=0 ζ = 0,5
150o
3
Z/Y

ζ = 0,7
Relação de amplitudes

120o
z = 0,25

Ângulo de fase (φ)


2 ζ = 1,0
90o
ζ = 1,0
z = 0,5

1 ζ = 0,7
60o
ζ = 0,5
z = 1,0
z = 0,7
30o
ζ = 0,25
0 1 2 3 4 5
Razão de frequências (r) ζ=0
Faixa do vibrômetro 0 1 2 3 4 5
Faixa do
acelerômetro Razão de frequências (r)

Figura 6.10 - Resposta de um instrumento sísmico. Figura 6.11 - Ângulo de fase.

6.4.1 - Vibrômetro
Um vibrômetro, também chamado de sismômetro é um instrumento que mede o deslocamento de um corpo
vibratório. A Fig. 6.10 mostra que Z Y ≈ 1 para ω ω ≥ 3 . Nesta faixa de frequências a amplitude do deslocamento
n

relativo entre a massa e a base é igual à amplitude do deslocamento da base. Este deslocamento é identificado pelo
transdutor. Para uma análise exata, consideremos a eq. (6.20). Para esta faixa de frequências pode-se escrever
z( t ) = Y sen(ωt − φ ) (6.22)

r2
se ≈1 (6.23)
[ ( ) ]
1

(1 − r ) 2 2 2
2
+ 2ζr

Uma comparação da eq. (6.22) com (6.14) mostra que z(t) representa diretamente o deslocamento y(t) com
uma defasagem dada por φ. O deslocamento registrado z(t), então está atrasado t’=φ/ω em relação ao deslocamento que
deve ser medido y(t). Este tempo de atraso não é importante se o deslocamento da base y(t) consiste de um único
componente harmônico.
Como r = ω/ωn, deve ser grande e ω depende da vibração medida, a frequência natural do sistema massa-
mola-amortecedor deve ser baixa. Isto implica em que a massa deve ser grande e a mola deve possuir uma rigidez
baixa. O instrumento resultante pode ser demasiado grande e pesado.
6.4.2 - Acelerômetro
Um acelerômetro é um instrumento que mede a aceleração de um corpo vibratório (Fig. 6.12). Os
acelerômetros são amplamente utilizados em medições de vibrações industriais e terremotos. Uma das vantagens da
medição da aceleração é que a velocidade e o deslocamento podem ser obtidos por integração, o que é
computacionalmente fácil. A equação (6.19) combinada com (6.20), pode ser escrita na forma

ω n2 z( t ) =
1
[ω Y sen(ωt − φ )]
2
(6.24)
[( 1 − r ) ( ) ]
1
2 2 2
2
+ 2ζr

Se
1
≈1 (6.25)
[ ( ) ]
1

(1 − r ) 2 2 2
2
+ 2ζr

eq. (6.24) se torna

ω n2 z( t ) = ω 2 Y sen(ωt − φ ) (6.26)

Como a segunda derivada em relação ao tempo de (6.14) é dada por


y( t ) = −Yω 2 sen ωt
&& (6.27)

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Unidade 6 – Medição de Vibrações

a amplitude da função harmônica expressa na eq. (6.26) é igual à da eq. (6.27). Então, nestas condições, o
deslocamento relativo z(t) expressa a aceleração da base, com o sinal invertido, um atraso que é função do ângulo de
fase φ, e com um fator de escala determinado pela frequência natural ao quadrado.

1,25

ζ=0

Elemento
Anel de pré-carga triangular central
1 ζ = 0,25
(1 − r ) + ( 2ζr )
2 2 2

ζ = 0,5
Elemento
piezoelétrico
1,00

Massa
sísmica ζ = 0,7

ζ=1

0,75
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Razão de frequências (r)

Figura 6.12 - Acelerômetros Figura 6.13 - Curvas de linearidade do acelerômetro.


A Fig. 6.13 mostra o gráfico da expressão (6.25). Pode-se observar que a função assume valores entre 0,96 e
1,04 para 0 ≤ r ≤ 0,6 , se o fator de amortecimento é da ordem de 0,65 a 0,7, produzindo a melhor faixa linear de
funcionamento do instrumento. Como a relação de frequências r é pequena, a frequência natural do instrumento deve
ser grande em comparação com a frequência que deve ser medida. Desta maneira os acelerômetros devem possuir
massa pequena e grande rigidez, o que permite a construção de instrumentos compactos e resistentes, com alta
sensibilidade. Na prática são os melhores instrumentos para se medir vibrações, tendo contra si apenas o custo, que, em
virtude da necessidade de se utilizar um elemento piezoelétrico e amplificadores (além da tecnologia construtiva), é
maior que o custo de outros instrumentos de construção mais simples.

6.4.3 - Sensor de velocidade


Este sensor mede a velocidade do corpo vibratório. Derivando a eq. (6.14) obtém-se a velocidade do corpo
vibratório como
y& ( t ) = ωY cos ωt (6.28)
e a derivada da eq. (6.19), considerando a eq. (6.20), leva a
r 2 ωY
z&( t ) = (
cos ωt − φ ) (6.29)
[ (1 − r ) ( ) ]
1
2 2 2
2
+ 2ζr

Se a eq. (6.23) é satisfeita, então (6.29) torna-se

(
z&(t ) = ωY cos ωt − φ ) (6.30)

que, comparada com a eq. (6.28) mostra que a velocidade do movimento relativo é igual à velocidade do movimento da
base, com um atraso determinado pelo ângulo de fase. Como nesta situação o valor de r deve ser grande, o instrumento
deve possuir uma frequência natural baixa.
Os sensores de velocidade são largamente utilizados em medição de vibração na manutenção em indústrias,
porque são normalmente de baixo custo por serem de fácil construção (transdutores eletromagnéticos).

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Unidade 6 – Medição de Vibrações

6.5 - Medidores de Frequência


A maioria dos medidores de frequência são mecânicos e baseados no princípio da ressonância.

(a) (b)
Figura 6.14 - Medidores de frequência.

6.5.1 - Tacômetro de Fullarton


Consiste de uma fita cantilever com uma massa em sua extremidade livre. A outra extremidade da fita é presa
por um parafuso de forma que o seu comprimento pode ser alterado facilmente, como mostra a Fig. 6.14a. Como cada
comprimento da fita corresponde a uma frequência natural diferente, é marcada uma escala ao longo do comprimento
em termos de sua frequência natural. Na prática, a extremidade presa é ligada a um corpo vibratório, e o mecanismo do
parafuso é manipulado alterando o comprimento da fita até que a extremidade livre atinja a maior amplitude de
vibração, quando a frequência da excitação é praticamente igual à frequência natural do instrumento, podendo ser lida
diretamente da escala.
6.5.2 - Tacômetro de Frahm
Consiste de várias fitas cantilever com pequenas massas em suas extremidades livres (Fig. 6.14b). Cada fita
tem uma frequência natural diferente. Quando o instrumento é montado sobre um corpo vibratório, a fita cuja
frequência natural mais se aproxima da frequência da vibração, vibrará com a maior amplitude.
6.5.3 - Estroboscópio
Um estroboscópio é um instrumento que produz pulsos luminosos intermitentes. A frequência com que a luz
pulsa pode ser alterada e lida no instrumento. Quando um ponto específico do objeto vibratório é observado através do
estroboscópio, este parece parado se a frequência dos pulsos luminosos coincidir com a frequência da vibração. O
estroboscópio é especialmente indicado para corpos rotativos pois não é necessário o contato do instrumento com o
elemento vibratório. Devido à persistência da visão, e menor frequência que pode ser medida com um estroboscópio é
de aproximadamente 15 Hz. A Fig. 6.15 mostra um estroboscópio típico.

Figura 6.15 - Estroboscópio.

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6.6 - Excitadores de Vibrações

x(t) = r sen ωt

F(t) = kr sen ωt

k
F(t) = mω2r sen ωt

(a) (b)
Figura 6.16 - Excitadores mecânicos.
Conhecidos em laboratórios como shakers, ou mais popularmente como vibradores, são, normalmente,
transdutores que funcionam na forma inversa dos medidores: transformam uma grandeza elétrica em uma grandeza
mecânica. São utilizados para provocar a vibração com amplitude e frequência controladas em um sistema, e com isto,
determinar características dinâmicas dos mesmos sistemas e realizar testes de fadiga em materiais. Podem ser
mecânicos, eletromagnéticos, eletrodinâmicos ou hidráulicos.
6.6.1 - Excitadores Mecânicos
A Fig. 6.16 ilustra a aplicação de transdutores mecânicos. Constitui-se de um mecanismo biela-manivela que
pode ser utilizado para aplicar na estrutura uma força de inércia harmônica (Fig. 6.16a) ou uma força elástica
harmônica (Fig. 6.16b). São normalmente usados para produzir vibração de baixa frequência (até 30 Hz) e pequenas
cargas (até 700 N).
Outro tipo de excitador mecânico, mostrado na Fig. 6.17, produz vibração originada pela força centrífuga
criada por duas massas excêntricas girando com a mesma velocidade de rotação em sentidos opostos. Este tipo de
excitador pode gerar cargas de 250 N a 25000 N. Se as duas massas m, girando com velocidade angular ω com uma
excentricidade R, a força vertical gerada é
F ( t ) = 2mRω 2 cos ωt (6.31)

As componentes horizontais das duas massas se cancelam. A força F(t) será aplicada à estrutura em que o
excitador for fixado.
ω ω
Excitador m m
R R
Viga

F(t) = 2mRω2 cos ωt

Colunas

Figura 6.17 - Excitador de vibrações com massas excêntricas.

6.6.2 - Excitador Eletrodinâmico

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O excitador eletrodinâmico, ilustrado na Fig. 6.18, funciona de forma inversa ao transdutor eletrodinâmico.
Quando a corrente elétrica passa em um enrolamento de comprimento l, imerso em um campo magnético, é gerada uma
força F, proporcional à corrente I e à intensidade de fluxo magnético D, acelerando a base do excitador.
F = DIl (6.32)

Mesa
excitadora
Suporte
flexível

Elemento
móvel

Solenóide Imã

(a)

Frequência natural do Frequência natural do


Aceleração
suporte flexível elemento móvel

Aceleração
constante

Frequência
Faixa de operação
(b)

Figura 6.18 - Excitador eletrodinâmico e características. Figura 6.19 - Excitador eletrodinâmico.


O campo magnético é produzido por um imã permanente em excitadores pequenos e por um eletroimã em
grandes excitadores. A magnitude da aceleração da mesa depende da corrente máxima e das massas da mesa e do
elemento móvel do excitador. Se a corrente que passa no enrolamento varia harmonicamente (corrente alternada), a
força produzida também varia harmonicamente. Por outro lado, se for utilizada uma corrente contínua, será gerada uma
força constante. Os excitadores eletrodinâmicos também podem ser utilizados com uma inércia ou uma mola, para fazer
vibrar a estrutura, como nos casos da Fig. 6.16.
Como o enrolamento e o elemento móvel devem executar um movimento linear, devem ser suspensos por um
suporte flexível (com uma rigidez pequena), como mostra a Fig. 6.18a. Então o excitador eletromagnético possui duas
frequências naturais: uma correspondente à frequência natural do suporte flexível e a outra correspondente à frequência
natural do elemento móvel, que pode ser tornada bastante grande. Estas duas frequências de ressonância são mostradas
na Fig. 5.18b. A faixa de frequências de operação do excitador deve ficar entre estas duas frequências de ressonância.
Os excitadores eletrodinâmicos são usados para gerar forças até 30 kN, deslocamentos até 25 mm, e
frequências na faixa entre 5 Hz a 20 kHz. A Fig. 6.19 mostra uma foto de um excitador eletrodinâmico utilizado na
prática.

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