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FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA ARTE NO

DISTRITO DE PORTALEGRE
SEC. XVIII

CONCELHO DE PORTALEGRE
Introdução

Consultando a informação sobre os monumentos religiosos classificados do


distrito de Portalegre disponibilizada no maior repositório da especialidade, a base de
dados do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, é notória a assimetria
existente entre os diversos parâmetros descritivos dos imóveis, outro tanto se podendo
afirmar relativamente a obras maiores de referência ou a publicações de âmbito mais
restrito onde, quase sistematicamente, escasseiam os elementos relativos a datas,
arquitectos, construtores e artistas envolvidos, facto a que não será alheio o escasso
conhecimento da informação contida em acervos documentais até ao presente
insuficientemente explorados, lacuna ainda mais notória no tocante aos monumentos
não classificados. Continuam, assim, a título de exemplo, a ignorar-se as identidades de
arquitectos, mestres, artífices e patrocinadores bem como os materiais empregados, suas
proveniências ou ainda os custos envolvidos.
Merecedores de particular atenção, quer pela sua abrangência espacial e
cronológica, quer, principalmente, pela natureza dos actos neles exarados, mormente os
contratos relativos à execução de obras de arquitectura religiosa e de encomendas de
arte sacra, os fundos dos cartórios tabeliónicos, continuam a revelar-se filão riquíssimo,
ainda que insuficientemente explorado. De igual modo, se bem que menos explorados,
os fundos das antigas provedorias das comarcas, dos juízos eclesiásticos e orfanológicos
e dos cartórios monásticos, integrando um número significativo de testamentos e de
instituições de morgados e capelas, conservam um importante conjunto de informações
mais ou menos relevantes mas, sem dúvida, de importância para a compreensão das
produções arquitectónicas e artísticas de inspiração religiosa, ao longo de 1700.

O presente trabalho é, fundamentalmente, – e a mais não aspira – uma tarefa de


publicação de fontes, decorrente da actividade profissional do autor, no Arquivo
Distrital de Portalegre, frequentemente confrontado com as dificuldades que aos
investigadores se oferecem, quer pela extensão dos acervos a consultar quer,
frequentemente, por uma falta de esclarecimento sobre a documentação eventualmente
pertinente para o prossecução dos seus estudos, obstáculos a que haverá que somar as
não despiciendas questões de ordem mais material a que a obtenção de graus
académicos obriga em termos de tempo, deslocações e estadia.

Não sendo o resultado de uma pesquisa sistemática mas, antes, uma soma de
achados no decurso de pesquisas de ordem vária, optou-se por impor à documentação
que agora se oferece um critério mínimo de organização, de ordem geográfica, em
função da actual divisão administrativa do distrito. Pela mesma razão, consideram-se
inevitáveis futuras actualizações, à medida que outra documentação de interesse vá
sendo localizada.

Fernando Correia Pina


Contrato que faz o Ilustríssimo Cabido com António
Marques fundidor
Em nome de Deus ámen saibam quantos este público instrumento de contrato ajuste e
obrigação ou como em direito melhor dizer se pode virem que sendo em o ano do
nascimento de nosso senhor Jesus Cristo de mil e setecentos e trinta e outo anos aos
nove dias do mês de Junho do dito ano nesta cidade de Portalegre em a sacristia da santa
sé dela aonde eu tabelião ao diante nomeado fui e aí em ela achei presentes aos muito
reverendos assinadores do ilustríssimo cabido e bem asim a António Marques fundidor
morador nesta dita cidade todos pessoas que eu tabelião por tais reconheço e certifico
serem eles os próprios aqui nomeados e no fim desta nota assinados, e logo pelos ditos
reverendos cónegos foi dito em presença de mim tabelião e das testemunhas ao diante
nomeadas e no fim deste instrumento assinadas que eles estavam ajustados e
contratados com o dito António Marques fundidor para efeito de este lhe fazer um sino
da grandeza do que está na torre da sé um chamado o da rua da mesma sé com os metais
com que se costumam fazer os mais sinos de semelhante qualidade que serão bons,
puros e sem vício algum com condição que o dito fundidor será obrigado depois de
fazer o dito sino a pô-lo à sua custa junto da mesma torre em lugar proporcionado para
se subir cuja subida até se pôr no seu lugar será por conta do ilustríssimo cabido como
também a descida dele e será mais obrigado o dito fundidor a dar o dito sino assim feito
até o ultimo dia do mês de Julho proxime venture deste presente ano de mil e setecentos
e trinta e outo anos como também a correr por sua conta dele dito fundidor todo o
perigo, quebra falta ou diminuição que tiver e mostrar o dito sino dentro de hum ano o
qual terá principio do dia em que for posto e assentado em o seu lugar e [caixa?] e for
tocado porque toda a falta que o dito sino mostrar dentro do primeiro ano será o dito
fundidor obrigado remediá-lo a sua custa de sorte que o dito sino fique bom e sem a
menor falta ou dúvida , e para que o dito sino assim seja feito se obrigam a dar-lhe e
pagar-lhe a ele dito fundidor a quantia de quarenta moedas de ouro de quatro mil e outo
centos reis cada uma que fazem a soma de cento noventa e dois mil reis por conta dos
quais lhe entregaram logo vinte moedas de ouro que somam noventa e seis mil reis os
quais o dito mestre fundidor recebeu à outorga disto em presença de mim tabelião e das
mesmas testemunhas todos em dinheiro de contado e moedas de ouro correntes neste
reino e senhorios de Portugal de que eu tabelião dou fé e que as outras vinte moedas de
ouro que faltam para completar toda a dita quantia disseram se obrigavam pagar-lhas
em assentando o sino no seu lugar e sendo caso que o novo sino tenha mais peso do que
o sino velho que se há-de fundir será obrigado o ilustríssimo cabido a pagar-lhe o
excesso que tiver de peso à razão de duzentos e oitenta reis cada arrátel e que com as
sobreditas cláusulas e condições haviam este contrato por celebrado com tal condição
porém que faltando o dito fundidor a qualquer das cláusulas dele e nesta escritura
expressadas como outrossim não dando o dito sino feito até o tempo atrás declarado
será obrigado a pagar em pena ao ilustríssimo cabido dez moedas de ouro que fazem
soma de quarenta e outo mil reis dando para tudo a fiança de que ao diante se fara
menção e cumprindo com tudo na forma sobredita se obrigavam a satisfazer da sua
parte tudo quanto por esta escritura ficam obrigados para o que obrigavam todas as
rendas do ilustríssimo cabido ; e pelo dito António Marques fundidor foi outrossim dito
em presença de mim tabelião e das mesmas testemunhas que ele com todas as cláusulas
e condições penas e obrigações contidas e declaradas e postas em esta escritura se
obrigava a fundir o dito sino e dá-lo de novo feito pondo-o por sua conta e risco ao pé
da torre até o fim do mês de Julho deste presente ano ficando também obrigado dentro
do primeiro ano a remediar qualquer falta que o dito sino mostrar ainda que seja
necessário fundi-lo de novo sob pena de perder os ditos quarenta e outo mil reis para o
ilustríssimo cabido que lhos poderá pedir pela via que lhe parecer , e que outrossim se
obrigava a cumprir tudo o mais na forma e continência desta escritura para o que
obrigava sua pessoa e todos os seus bens móveis e de raiz havidos e por haver que a
tudo cumprir obrigou e que para mais segurança de tudo assim de toda a quantia que
recebe e no fim receber do custo do dito sino como de todas as mais condições e perigos
e das dez moedas da pena oferecia por seu fiador a Manuel Ribeiro de Carvalho
morador nesta dita cidade o qual por estar também presente pessoa que reconheço e
certifico ser ele o próprio aqui nomeado e no fim desta nota assinado e por ele foi
também dito em presença de mim tabelião e das mesmas testemunhas que ele como
fiador do dito António Marques se obrigava a pagar por ele na sua falta tudo quanto por
esta escritura o mesmo fica obrigado na forma desta escritura a qual tomava e carregava
sobre si com todas as cláusulas condições e obrigações nela declaradas para cuja
satisfação disse que também obrigava sua pessoa e bens móveis e de raiz havidos e por
haver que a tudo cumprir obrigou e outrossim disseram mais todos os ditos outorgantes
que se obrigavam a responder com esta escritura e causas que dela nasçam em qualquer
dos juízos e ministros desta dita cidade aonde não serão ouvidos em juízo nem fora dele
com nenhuma razão de embargos ou duvida alguma que a isso tenham e alegar possam
sem primeiro depositarem tudo o devido na mão e poder uns de outros ou nas de quem
para isso sua acção tiver sem que para o tal recebimento lhe seja necessário darem
fiança porque desde logo se dão uns e outros por abonados para tudo cobrarem para o
que renunciavam férias gerais e especiais e dias de doente com todos os mais privilégios
Leis isenções e liberdades a seu favor presentes e futuros antes havendo demanda
querem dar a duzentos reis por dia para a pessoa que nela andar que os vencerá e lhe
serão contados desde o da primeira citação até real pagamento e consentirão na cláusula
depositária pedindo a mim tabelião em presença das mesmas testemunhas que aqui lha
escrevesse sem embargo do seu rigor e de qualquer lei em contrário passada sobre os
depósitos que nesta parte haviam por revogada em razão de quererem depositar na
forma que dito tem e em fé e testemunho de verdade assim a outorgaram e aceitaram e
mandaram ser feito este público instrumento de contrato e obrigação que todos
assinaram sendo testemunhas presentes que tudo ouviram ler o padre António Antunes e
Manuel Mourato tesoureiro da santa sé pessoas que reconheço; e declarou o ilustríssimo
cabido que sendo caso que o dito sino saia com menos peso do que agora tiver o pagará
o dito mestre fundidor a diminuição do peso pelo mesmo preço de duzentos e oitenta
reis o arrátel e que antes de se fundir será visto e examinados os metais por parte do
ilustríssimo cabido para saber se são bons e contudo outorgaram e aceitaram e
assinaram todos e eu Ambrósio de Souza tabelião de notas que o escrevi.1
Contrato que faz Estevão Manuel de Pina e Moscozo com Manuel
de Matos entalhador
Em nome de Deus ámen saibam quantos este público instrumento de contrato e
obrigação virem que sendo em o ano do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo de mil
e setecentos e trinta e oito anos aos trinta e um dias do mês de Julho do dito ano nesta
cidade de Portalegre em casas de morada de Estevão Manuel de Pina e Moscozo aonde
eu tabelião ao diante nomeado fui e aí em elas o achei presente e bem assim a Manuel
de Matos, entalhador morador nesta dita cidade pessoas que reconheço e certifico serem
eles os próprios aqui nomeados e no fim desta nota assinados e logo pelo dito Estevão
Manuel de Pina e Moscozo foi dito em presença de mim tabelião e das testemunhas ao
diante nomeadas e no fim deste instrumento assinadas que ele estava ora ajustado e
contratado com o dito Manuel de Matos para efeito de lhe fazer um retábulo para o altar
do Senhor Santo Estevão cito na Igreja do Espírito Santo desta dita cidade o qual
retábulo faria o dito Manuel de Matos na forma seguinte = Será o dito retábulo feito de
madeira de castanho boa lisa, e sã, e seca quanto puder ser todo de talho assim e da
própria forma que se acham feitos os retábulos das capelas colaterais da Igreja do
Senhor do Bomfim porque qualquer deles servirá de planta para este que se há-de fazer,
e a sua imitação será feito excepto nos lugares dos lados em que aqueles têm em lugar
de colunas figuras e este que se há-de fazer terá colunas e serão torcidas e lisas e no fim
de cada uma delas em baixo terá sua figura de sorte que fique o dito retábulo com
quatro figuras duas de cada lado e também terá este de menos as figuras que os outros
acima apontados tem nos lados da tribuna ficando em tudo o mais semelhante aos ditos
retábulos colaterais da Igreja do Senhor do Bomfim ficando todo o dito retábulo bem
polido e lixado e será obrigado o dito Manuel de Matos a dar assim feito o dito retábulo,
e assentado até dia de São João Baptista do ano que embora virá de mil e setecentos e
trinta e nove anos e fazendo assim o dito retábulo se obriga ele dito Estevão Manuel de
Pina e Moscozo a pagar lhe por ele a quantia de sessenta mil reis em que se tem
ajustado em dinheiro de contado e moeda corrente deste reino e senhorios de Portugal
por conta dos quais recebeu logo o dito entalhador vinte mil reis da mão do dito Estevão
Manuel de Pina e Moscozo em presença de mim tabelião e das mesmas testemunhas em
dinheiro de contado e os quarenta mil reis que faltam para completar os ditos sessenta
mil reis se obriga pagá-los em dois pagamentos cada um de outros vinte mil reis um
deles estando a obra meia feita e outro pagamento depois de acabado e assentado o dito
retábulo para cuja satisfação disse que obrigava todos os seus bens e rendas, e pelo dito
Manuel de Matos foi também dito em minha presença e das mesmas testemunhas que
ele com todas as cláusulas e condições nesta declaradas se obrigava a fazer o dito
retábulo na forma expressada e dá-lo de todo feito e assentado no tempo atrás declarado
pelo preço dos ditos sessenta mil reis dos quais recebia vinte e deles dava por esta
escritura quitação geral ao dito Estevão Manuel de Pina e Moscozo e os quarenta que
faltavam se lhe pagariam na forma que nesta se declara tudo na forma e continência
desta escritura contra a qual prometia de não ir por sua parte em tempo algum para o
que obrigava sua pessoa e bens móveis e de raiz havidos e por haver e para mais
segurança de tudo assim dos vinte mil que agora recebeu como dos outros que há-de
receber no meio da obra oferecia por seu fiador a Miguel Francisco de Carvalho
morador nesta cidade o qual por estar presente pessoa que reconheço por ele foi também
dito em minha presença e das mesmas testemunhas que ele como fiador do dito Manuel
de Matos se obrigava a satisfação de todo o referido e declarado nesta escritura para o
que também obrigava sua pessoa e bens e em fé e testemunho de verdade assim o
outorgaram e aceitaram e mandaram ser feito este público instrumento de contrato e
obrigação que ambos assinaram sendo testemunhas presentes o doutor Lourenço
Gonçalves Briballes, e Manuel de Paiva Pereira moradores nesta cidade pessoas que
reconheço que todos assignaram eu Ambrósio de Souza tabelião de notas que o escrevi.2
Contrato que fez o reverendo padre mestre prior e mais
religiosos do Convento de Santa Maria com Gregório das
Neves Leitão mestre canteiro
Saibam quantos este instrumento de contrato e obrigação virem que sendo em o ano do
nascimento de nosso senhor Jesus Cristo de mil e setecentos e cinquenta e sete aos trinta
dias do mês de Julho do dito ano nesta cidade de Portalegre em o convento de Santa
Maria dos religiosos Agostinhos Descalços dela aonde eu tabelião fui e aí achei presente
ao muito reverendo padre mestre frei Vicente da Conceição prior do mesmo convento
com os mais religiosos decretos [sic] dele em o fim desta nota assinados que eu tabelião
pelos próprios reconheço e bem assim estava também presente Gregório das Neves
Leitão mestre canteiro natural que disse ser da cidade de Lisboa morador na de Elvas e
assistente em Vila Viçosa conhecido das testemunhas ao diante nomeadas que disseram
ser o mesmo aqui nomeado e assinado, e pelo dito reverendo padre mestre prior, e mais
religiosos foi dito em minha presença e das mesmas testemunhas que eles estavam
ajustados e contratados com o dito mestre Gregório das Neves Leitão para efeito dele
fazer hum retábulo de pedra mármore fina para a capela mor da igreja do seu convento
cujo ajuste haviam celebrado na forma seguinte, que será obrigado o dito mestre fazer o
dito retábulo desde o fundo até à cimalha real conforme o risco que à outorga desta se
apresentou em o qual para evitar toda a dúvida que acaso possa mover-se fica posto o
meu sinal público, e assinado também pelo dito reverendo padre mestre prior e
fabricante do mesmo retábulo o qual será todo de pedra mármore fina muito clara e sem
veios de outra cor com a distinção porém que aonde o risco tem assinadas as letras P.P.
há-de ser a pedra tão naturalmente preta que por nenhum modo terá nada de fingida e
assim será brunida e lustrada com lustre de putéa, e se em alguns lugares das ditas
pedras o dito mestre quiser meter outras melhores para maior realce e perfeição da
mesma obra o poderá fazer sendo sempre com o consentimento dele reverendo padre
mestre prior, e que o altar da mesma capela há-de ser de pedra tendo em roda seu degrau
à romana na forma do mesmo risco pelo qual fica também obrigado o dito mestre a
fazer hum arco de fora da mesma capela tendo socos e frisos pretos e tudo o mais do
mesmo arco de pedra branca todo refendido com seu filete como mostra o dito risco
reflectindo nele pelo que respeita ao dito arco segundo o qual será posta em retiro toda
a mais fabrica do arco para dentro tudo muito bem feito brunido e lustrado com a maior
perfeição e primor da arte, e que depois de ser o dito retábulo totalmente acabado será
visto e examinado por pessoa inteligente para se ver se esta feito com o mesmo risco
[.?.] algum defeito que por essencial fique a dita obra menos perfeita [.?.] mestre a
emendá-lo à sua custa e a dar feito e assentado o dito retábulo até o dia vinte de Julho
do ano que proximamente vem de mil e setecentos cinquenta e oito não tendo o dito
mestre doença grave falta de vida ou embargo de el-rei para outras obras porque
sucedendo lhe qualquer cousa destas completará a dita obra quando mais comodamente
o puder fazer mas não tendo lugar nenhum dos referidos pretextos, e deixando a dita
obra não completada até o dito dia perderá como pena convencional o último quartel
que se lhe há-de satisfazer depois de assentado o dito retábulo na forma de seu ajuste
pelo qual se obriga ele reverendo padre mestre prior e mais religiosos a dar ao dito
mestre a quantia de setecentos mil reis em dinheiro corrente neste reino com os quais
lhe contribuirão nos pagamentos seguintes sendo feito o primeiro a outorga desta o
segundo em Outubro do presente ano o terceiro em Janeiro do que vem e o último
depois de assentada toda a sobredita obra e que nesta forma haviam esta escritura por
bem feita e para satisfação dela disseram que obrigavam todas as rendas e bens de seu
convento ; e pelo dito Gregório das Neves Leitão foi também dito perante as mesmas
testemunhas que com todas as cláusulas e condições expressadas nesta escritura
aceitava este contrato e se obrigava a fazer o dito retábulo na forma expressada e pelo
preço dos ditos setecentos mil reis que convinha lhe fossem pagos por pagamentos
referidos que contarão por recibos seus que valerão como parte desta escritura na forma
da qual se obrigava a cumprir tudo o mais nela declarado sem falta demora nem
diminuição alguma e convinha outrossim na pena convencional que atrás se refere, e
para satisfação de tudo disse que obrigava sua pessoa e todos os seus bens móveis e de
raiz havidos e por haver, e que para mais segurança de tudo oferecia por seu fiador e
principal pagador a João de Matos mestre alvanéu morador nesta dita cidade o qual por
estar também presente pessoa que reconheço por ele foi também dito na presença das
mesmas testemunhas que muito de sua livre vontade ficava por fiador e principal
pagador do dito Gregório das Neves Leitão e por ele se obrigava a pagar toda e qualquer
quantia que por conta da dita obra lhe for entregue sujeitando se as leis dos fiadores e
principais pagadores e fieis depositários de juízo e a todas as mais cláusulas desta
escritura na forma e continência dela para o que também disse obrigava sua pessoa e
todos os seus bens presentes e futuros; e por ele e pelo dito mestre canteiro foi
outrossim dito que para o comprimento desta escritura se obrigavam a responder nesta
dita cidade em qualquer juízo da mesma aonde este instrumento for apresentado para o
que se desaforavam do juízo de seu foro e renunciavam férias gerais e especiais e todos
os mais privilégios que a seu favor façam assim presentes como futuros; e em fé e
testemunho de verdade assim o outorgaram e aceitaram e mandaram ser feito este
instrumento que assinaram e eu fiz por me ser distribuído na presença das testemunhas
Manuel Velez Escudeiro alvanéu e Manuel Velez Picão canteiro moradores nesta cidade
pessoas que reconheço que assinaram perante as quais declarou o dito mestre canteiro
que sendo caso que os ditos reverendo padre mestre prior lhe não contribua com os
referidos pagamentos e na satisfação deles experimente alguma falta o não poderão
obrigar pela que houver na dita obra e outrossim declaro que o dito reverendo padre
mestre prior não satisfez ao dito mestre canteiro o pagamento que atrás se declara
recebia agora e assim o outorgaram eu Joaquim José de Souza o escrevi.3

1
Arquivo Distrital de Portalegre. Cartório Notarial de Portalegre. PT ADPTG/NOT/CNPTG02/001/0011, f.
19vº.

2
Arquivo Distrital de Portalegre. Cartório Notarial de Portalegre. PT/ADPTG/NOT/CNPTG02/001/0011, f.
67.
3
Arquivo Distrital de Portalegre. Cartório Notarial de Portalegre. PT/ADPTG/NOT/CNPTG02/001/0025,
f. 84vº.

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