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No seu livro “ A Insustentável Leveza do Ser” o escritor Checo Milan Kundera, dedica
um capítulo inteiro “ à questão da atitude humana da Compaixão”.
Sob uma perspectiva filológica, compara o sentido da expressão nas línguas latinas e
nas línguas germânicas e as implicações dessa nuance de sentido na vida psicológica e
sentimental dos indivíduos. Kundera afirma que as derivações latinas da palavra
compaixão significam simplesmente piedade, um sentimento que se impõe quando um
indivíduo está em posição de superioridade frente a um outro que sofre. Assim, a
compaixão torna-se uma relação de poder dominadora, na qual um indivíduo se
sobrepõe sobre outro, podendo oferecer-lhe sua compaixão como um presente, sem
porém compartilhar do sentimento que leva o próximo a sofrer.
Nas línguas germânicas, porém, compaixão assume um sentido de "co-sentimento": o
indivíduo que sente compaixão sofre junto com o seu próximo, o mesmo sentimento.
Para Kundera, a compaixão é muito mais terrível do que a piedade porque a
incapacidade humana de transpor os limites da subjectividade faz com que o sentimento
careça de um certo esforço imaginativo que quase sempre multiplica a dor do próximo,
fazendo-a mesmo maior do que a do próximo.
A metáfora utilizada para ilustrar o problema da compaixão foi Tomas na sua relação
com Teresa (duas das personagens do romance). E é através da compaixão que ele ,
Tomas sente por ela (Teresa), que ela consegue prender-se a ele em definitivo desde o
primeiro momento.