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A ORIGEM DO FOGO

Uma lenda grega, imortalizada na tragédia Prometeu Acorrentado de Ésquilo


(525 a.C. – 456 a.C.), relata que o gigante Prometeu roubou o fogo dos deuses
para presentear aos homens, por esse motivo, recebeu como castigo uma
terrível tortura.

Libertado por Hércules, ficou conhecido como Deus do Fogo, sendo


considerado seu guardião. Rubens (1577-1640), o maior expoente da pintura
Barroca, transcreveu em tela o suplício de Prometeu.
Eis aí uma explicação, mitológica como era comum no princípio da
humanidade, para explicar a descoberta do fogo, fonte de luz e calor e que
seria seu ato pioneiro de descoberta científica.

As descobertas chamadas empíricas ocorrem, geralmente, segundo uma


seqüência que envolve, grosso modo, observação, experimentação, aplicação.

A descoberta do fogo não fugiu a essa regra.

Os hominídeos perceberam pela primeira vez o fogo há muitos milênios, em


uma época que não podemos precisar, mas há provas substanciais de que já
era usado na Europa e na Ásia na Era do Paleolítico Posterior e na do
Neolítico. Assim, cerca de 500 mil anos antes de Cristo, o chamado Homem de
Pequim (Pithecantropus pekinensis) utilizava o fogo, havendo disto evidências
encontradas em cavernas. Quimicamente, o fogo corresponde à combustão,
que envolve a combinação do oxigênio da atmosfera com o carbono contido
em materiais orgânicos, folhas, grama, madeira etc. É uma reação que pode
ser espontânea ou iniciada por um agente energético natural ou intencional.

A reação espontânea pode ocorrer em ambientes orgânicos muito secos, como


conseqüência de elevação de temperatura e ao ser atingido o ponto de ignição.
Outra forma da ocorrência do fogo é por meio da ação de relâmpagos na
madeira de árvores. Em ambas as situações, nos primórdios da humanidade,
uma vez formadas as fagulhas e o fogo iniciado, a ação do vento pôde fazer
com que ele se espalhasse através de florestas e campos num processo
contínuo, como o que ainda hoje ocorre em incêndios que podem se estender
por milhares de quilômetros quadrados.
O homem primitivo inicialmente observou esse fogo surgido espontaneamente
e começou a utilizá-lo de maneira esporádica e desorganizada, como fonte de
iluminação e aquecimento. Para isso foi necessário, num primeiro momento,
descobrir como mantê-lo vivo, o que resultou provavelmente da observação de
que brasas resultantes da queima natural de madeira podiam ser reativadas
pela ação do vento, ou pelo sopro, fazendo a chama reaparecer.

A etapa seguinte consistiria em produzir voluntariamente o fogo. Talvez a


observação de que ele se propagava pelo aquecimento de galhos ou folhas
secas indicou que a chama poderia ser iniciada com temperaturas elevadas.
Dessa forma, a descoberta de que o atrito entre dois pedaços de madeira seca
elevava a temperatura até produzir uma chama, que podia ser ativada pelo
sopro, deu inicio à jornada tecnológica do homem, no seu controle da natureza.
Ainda atualmente, o método do atrito na produção do fogo é encontrado entre
povos primitivos, como em algumas tribos de índios brasileiros.

Na seqüência, outro método foi desenvolvido, consistindo na percussão de


duas pedras para a produção de faíscas. A observação de que fagulhas têm o
poder de começar uma chama e que o choque de algumas rochas produz
faíscas conduziu a mais uma forma de iniciar uma combustão. Existem
observações de achados originários da Era Paleolítica que indicam esse
processo sendo usado pelo emprego de pirita (sulfeto de ferro) sob a forma de
pequenos grãos ou ainda de sílex (variedade de rocha formada principalmente
por dióxido de silício), material extremamente duro.

Muito tempo depois foi descoberto que as fagulhas formadas eram mais fortes
e persistentes quando se batia sílex com ferro ou aço. Esse processo persistiu
até o séc. XIX. Na Europa e no Brasil ainda era encontrado no começo do séc.
XX.

O avanço seguinte, e bem mais recente, de um processo simples de produção


de fogo, surgiria com a invenção, na Inglaterra em 1827, do palito de fósforo2.
O elemento fósforo combina-se com o oxigênio tão facilmente que se acende
apenas exposto ao ar. Os primeiros fósforos fabricados acendiam por atrito e
exalavam um cheiro muito desagradável. Mais adiante, em 1845, começaram a
ser fabricados os chamados fósforos de segurança, cuja cabeça combustível
contém outros componentes não-inflamáveis, garantindo a sua utilização de
forma segura.

De acordo com os historiadores e arqueólogos o domínio da produção do fogo


foi um dos principais avanços da humanidade, colaborando para o
desenvolvimento da raça humana. Na época anterior a descoberta da produção
do fogo, os seres humanos tinham que esperar um raio cair em uma árvore ou
um incêndio numa floresta. O homem ficava totalmente dependendo do acaso
para conseguir este precioso bem. Com o desenvolvimento da inteligência,
através da observação, o homem conseguiu produzir o fogo. Este processo
ocorria de duas formas: 1) batendo uma pedra na outra e produzindo faísca
que atingia palha; 2) friccionando graveto seco numa madeira até produzir a
faísca, atingindo a palha. Com a produção do fogo, o homem pré-histórico
garantiu um grande avanço, pois podia iluminar a caverna, cozinhar a carne,
espantar os animais selvagens e garantir o aquecimento nas épocas de frio.

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. A partir desta


conquista o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito,
extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando a natureza em seu
benefício. O fogo serviu como proteção aos primeiros hominídeos, afastando
os predadores. Depois, o fogo começou a ser empregado na caça,
usando tochas rudimentares para assustar a presa, encurralando-a. Foram
inventados vários tipos de tochas, utilizando diversas madeiras e
vários óleosvegetais e animais. No inverno e em épocas gélidas, o fogo
protegeu o ser humano do frio mortal. O ser humano pré-histórico também
aprendeu a cozinhar os alimentos emfogueiras, tornando-os mais saborosos e
saudáveis, pois ocalor matava as muitas bactérias existentes na carne.

O fogo também foi o maior responsável pela sobrevivência do ser humano e


pelo grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos
períodos da história, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e
como força destrutiva.

Na antiguidade o fogo era visto como uma das partes fundamentais que
formariam a matéria. Na Idade Média, os alquimistas acreditavam que o fogo
tinha propriedades de transformação da matéria alterando determinadas
propriedades químicas das substâncias, como a transformação de um minério
sem valor em ouro.

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