PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, vol 1.
PERLINGIERI, Pietro. Perfis de Direito Civil.
TEPEDINO, Gustavo (coord.). A parte geral do novo código civili: estudos na
perspectiva civil-constitucional.
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela.
1. Relações existenciais: atipicidade dos direitos de personalidade;
personalidade como base axiológica das situações existenciais.
2. Dignidade da pessoa humana como fundamento dos direitos da
personalidade.
A personalidade humana não é um direito, mas sim um valor, a base
axiológica sobre a qual se desenvolvem uma série de situações existenciais, e sobre a qual se apóiam os direitos da personalidade.
As situações jurídicas existenciais advém dos direitos de personalidade.
A pessoa humana não se realiza através de um único esquema de situação subjetiva, mas sim através de um complexo de relações e situações referentes à personalidade.
A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição da
República) atua como a cláusula geral da personalidade, sendo, portanto, fundamento dos direitos de personalidade.
A transposição da perspectiva patrimonialista do direito para a
perspectiva existencialista coloca a dignidade humana como centro do ordenamento, fundamento dos direitos da personalidade e base sobre a qual se apóiam todos os direitos fundamentais do ser humano. Assim, a personalidade (enquanto pautada na dignidade humana) irradia uma série de direitos e obrigações. Os direitos da personalidade não são tipificados: constituem uma série aberta de direitos que devem ser amplamente tutelados, protegendo a integridade e unidade do valor da pessoa humana.
Os direitos da personalidade humana visam ao livre desenvolvimento da
pessoa humana e de sua existência plena.
O Código Civil disciplina a proteção de alguns direitos da personalidade
(em virtude da natureza aberta – atípica – dos direitos de personalidade não é possível esgotá-los na previsão legislativa, pois devem promover o desenvolvimento da personalidade humana) nos arts. 11 a 21.
O respeito e proteção às situações existenciais se impõe à sociedade
como um todo (os direitos da personalidade são dotados de eficácia erga omnes), sendo dotados de coercibilidade: sua proteção e tutela não se faz apenas para reparar lesões ou violações às situações existenciais, mas pode ser invocada para impedir que qualquer dano a uma situação existencial ocorra (tutela inibitória, tutela preventiva).
Ingo Sarlet elenca a integridade física, a isonomia, a proteção da vida e
o resguardo da intimidade como pilares do conceito de dignidade, o que já demonstra uma aproximação da tutela da dignidade com a tutela da personalidade humana (são direitos de personalidade, expressamente previstos no CC: integridade psicofísica, proteção ao nome e ao pseudônimo, direito à imagem e direito à privacidade).
Estão, também, na base das situações existenciais: direito à honra, à
saúde, à intimidade, ao livre planejamento familiar, à livre iniciativa...