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Alguns linguistas como B. Pottier (Estruturas Linguísticas do
Português, 1975) distinguem os primeiros dos segundos
reconhecendo que os morfemas lexicais pertencem a uma categoria
com um grande número de variáveis uma vez que constituem uma
classe aberta, enquanto os gramaticais pertencem a uma classe
fechada, com um número restrito de variáveis. Pottier denomina os
morfemas lexicais de lexemas ou semantemas, enquanto os
morfemas gramaticais são chamados de gramemas ou formantes,
usando o termo lexema como oposto a gramema. Ao morfema
lexical, a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso
Cunha e Lindley Cintra, dá o nome de radical, ao qual se agregam os
morfemas gramaticais que podem ser desinências ou morfemas
flexionais, afixos ou morfemas derivacionais, ou vogais temáticas.
Lexema e Gramema
Dois conceitos que, a princípio, soam complicados, mas que na realidade são
simples.
outr-o
outr-a
outr-o-s
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outr-a-s
Chamaremos de:
Lexema o morfema outr por ser a unidade de base léxica dos vocábulos;
MORFOLOGIA
1. Os elementos da morfologia:
O radical é a forma mínima que indica o sentido básico de uma palavra.
Alguns vocábulos são constituídos apenas por radical (lápis, mar, hoje).
Os radicais permitem a formação de famílias de palavras: menin-o,
menin-a; menin-ada, menin-inho, menin-ona.
A vogal temática é a vogal que, em alguns casos, une-se ao radical,
preparando-o para receber as desinências: com-e-r.
O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical, pois na língua
portuguesa é impossível a ligação do radical com, com a desinência r,
por isso é necessário o uso do tema e.
As desinências estão apoiadas ao radical para marcar as flexões
gramaticais. Podem ser nominais ou verbais:
As nominais indicam flexões de gênero e número dos nomes (gat-a e
gato-s).
Já as verbais indicam tempo e modo (modo-temporais / fal-á-sse-mos)
ou pessoa e número (número-pessoais / fal-á-sse-mos) dos verbos.
Os afixos são morfemas derivacionais (gramaticais) agregados ao
radical para formar palavras novas. Os afixos da língua portuguesa são o
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prefixo, colocado antes do radical (infeliz) e o sufixo, colocado depois do
radical (felizmente)
A vogal e consoante de ligação são elementos mórficos
insignificativos que surgem para facilitar ou até possibilitar a pronúncia
de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-
cida, rod-o-via)
Já os alomorfes são as variações que os morfemas sofrem (amaria -
amaríeis; feliz - felicidade).
1.1 Morfemas:
LÉXICO
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O “mesmo” lexema mar em francês, selecciona o “género feminino”,
por isso dizemos que o conteúdo semântico dos morfemas gramaticais
é intra-linguístico. Fala-se de estrutura lexical ou sistema lexical, para
se referir o modo como as unidades do léxico de uma dada língua se
organizam.
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Os léxicos de línguas diferentes não são meras listas de palavras que
possamos relacionar biunivocamente de uma língua a outra. Uma
mesma realidade extra-linguística (o referente) pode ser “traduzida” de
modo muito diferente por duas línguas geneticamente aparentadas.
Considerando línguas da família indo-europeia, de origem latina como o
português ou o francês, vemos que há diferenças importantes ao nível
da estrutura lexical.
2. Léxico (do grego lexis - palavra) pode ainda ser usado na acepção de
dicionário de uma língua, ou seja, conjunto de palavras ordenado,
“tesouro de palavras, disposto como está num dicionário ” (Saussure,
1986 : 305). De acordo com Mário Vilela, “o léxico é a parte da língua
que primeiramente configura a realidade linguística e arquiva o saber
linguístico duma comunidade” (1994 : 6). Tudo o que faz parte das
vidas dos seres humanos tem um nome, nome esse que é parte
integrante do léxico. O léxico abrange o saber linguístico partilhado
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pelos falantes e existe na sua totalidade no grupo formado pelos
falantes da comunidade linguística em causa.