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Monografia apresentada ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título de pós-
graduado em Psicopedagogia. Orientador(a): Profº(ª) Dra. Mecira Rosa Ferreira
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As crianças desde muito pequenas estão em contato com a Matemática. Os
números estão presentes no cotidiano, onde elas vivenciam e participam de
situações
sociais de troca, venda, compra.
Esse trabalho pretende contribuir na reflexão de como se constrói o
conceito de
número na criança e como ensinar e aprender Matemática de forma prazerosa e
significativa na Educação Infantil.
A linguagem matemática na educação infantil vem sendo objeto de estudo
para
muitos pesquisadores e educadores preocupados em conhecer o caminho que as
crianças pequenas percorrem na aquisição de conceitos e representações gráficas.
Com isso, pesquisas inovadoras trazem novas perspectivas para o ensino da
Matemática na Educação Infantil.
Essa monografia visa conhecer os fundamentos acerca da aquisição do
conceito
de número, analisar a importância dos jogos como recursos em sala de aula, saber
da
estruturação lógico-matemática e refletir sobre a prática do educador frente às
novas
propostas para o trabalho com o eixo da Matemática.
As pesquisas serão realizadas através de consulta bibliográfica qualitativas
para
que o embasamento teórico venha de encontro com os objetivos propostos.
No primeiro capítulo - A formação do conceito de número em crianças da
educação infantil ² será realizado um estudo sobre como acontece a construção do
número nas crianças através de importantes contribuições de Kamii (2008), Piaget
((apud Dehaene, 1997).
No segundo capítulo ² O jogo na aprendizagem matemática ² que será
analisado como fonte rica de desenvolvimento e aprendizado. Piaget (1998)
acredita
que ele é essencial na vida da criança.
O jogo será analisado como recurso pedagógico no tra balho com operações
aritméticas que deve ser algo prazeroso e significativo.
A ludicidade e aprendizagem não podem ser consideradas como objetivos
distintos.
No entanto, o brincar vai muito além da recreação e pode proporcionar
momentos de desenvolvimento social, pessoal, cognitivo e afetivo.
O Referencial Curricular Nacional será analisado de forma a trazer
contribuições que norteiam o trabalho com jogos na Matemática.
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O número, em termos de análise no campo dos processos mentais traz a
idéia subjacente ao conhecimento de natureza lógico -matemática.
O conhecimento lógico -matemático segundo Piaget (1 978) é uma construção
e resulta da ação mental da criança sobre o mundo. O conhe cimento lógico-
matemático não é inerente ao objeto; ele é construído a partir das relaçõ es que a
criança elabora na sua atividade de pensar o mundo. Contudo, da mesma forma que
o conhecimento físico, ele também é construído a partir das ações sobre os
objetos.
O conhecimento lógico -matemático resulta da ação mental da criança sobre
os objetos. Portanto, ele não pode ser ensinado por repetição ou verbalização.
Segundo Kamii (2008, p. 15): A criança progride na construção do
conhecimento lógico -matemático pela
coordenação das relações simples que anteriormente ela criou entre os
objetos. Ou seja, o conhecimento lógico -matemático consiste na coordenação
de relações.
A criança explora objetos e relaciona mentalmente diferenças e semelhanças
entre
eles. Por exemplo, a diferença que existe entre uma ficha azul e vermelha, é um
fundamento do conhecimento lógico -matemático. Essa diferença é a relação criada
mentalmente pelo indivíduo qu e faz o relacionamento entre os dois objetos.
Para Kamii (2008, p. 14):
[...] a diferença é uma relação criada mentalmente pelo indivíduo que relaciona
os dois objetos. A diferença não está nem em uma plaqueta (ficha) nem em
outra. Se a pessoa não colocass e os objetos dentro desta relação, para ela
não existiria a diferença.
O conhecimento lógico -matemático é estruturado a partir da "abstração
reflexiva" que
tem origem na coordenação das ações que a criança exe rce sobre os objetos. É a
partir
da coordenação das ações que se chega á manipulação simbólica e ao raciocínio
puramente dedutivo, como, por exemplo, incluir duas sub -classes, a das margaridas
e a
das rosas (classes A e A) numa classe maior, a das flores ( classe B).
A abstração empírica acontece quando uma criança considera apenas uma
característica do objeto e ignora as outras, como, por exemplo, abstrai a cor, mas
simplesmente ignora o peso, o tamanho.
Taxa (2001, p. 27) explica que:
Uma forma elementar de abstrair os dados de uma determinada realidade ou
objeto dá-se por meio de abstração empírica; e consiste em o sujeito retirar
informações dos objetos segundo suas propriedades ou seus caracteres
materiais. A abstração empírica apóia -se nos objetos físicos ou nos aspectos
materiais da própria ação e, ainda sob suas formas mais elementares, ela não
consiste em ´leiturasµ diretas da realidade. Ao abstrairmos algo de um dado
objeto, como seu peso, a sua cor, é preciso que o sujeito valha -se de
instrumentos de assimilação e esteja baseado nos esquemas sensório -motores
ou conceituais. Estes esquemas não são fornecidos a priori pelo objeto, mas
sim, construídos dialeticamente no plano de ação material e mental pelo próprio
sujeito.
Através da abstração reflexiva a criança cria e introduz relações entre os
objetos.
Assim, por exemplo, quando compara o tamanho de dois objetos de tamanhos
diferentes. Se ela não relacionasse esses objetos, a relação entre eles não
existiria. O
mesmo acontece quando uma criança ao bri ncar com pedrinhas, as coloca numa fila
e
descobre que quando as conta da esquerda para direita obtém sempre o mesmo
resultado, o mesmo número, que obteve anteriormente quando as contou no
sentido
inverso, ou quando elas foram arranjadas em círculo.
Kamii (2008) afirma que para Piaget a abstração reflexiva é a abstração do
número.
Podemos dizer que o processo de abstração está ligado a um deslocamento
realizado
pelo sujeito, a fim de que, por meio de abstração, ele seja capaz de isolar e
generalizar
certos aspectos de uma dada realidade.
A conservação do número á a habilidade de deduzir através da razão, que a
quantidade permanece a mesma quando a aparência empírica dos objetos muda.
A conservação de quantidades é fundamental para o conceito de número, pois
Um número só é inteligível na medida em que permanece idêntico a si mesmo,
seja qual for a disposição das unidades das quais é composto: é isso o que se
chama de invariância ¶do número.( PIA GET, 1975, p. 24).
É um processo intelectual complexo que ocorre de modo gradual.
Kamii (2008) descreve a prova de conservação do número, onde um
experimentador
dispõe aproximadamente oito fichas azuis numa fileira e solicita à criança que
coloque o
mesmo número de fichas vermelhas (figura 3):
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A proposta de se trabalhar o lúdico vem de encontro com a proposta de se
trabalhar
de maneira significativa, imprimindo de forma natural novos conhecimentos,
facilitando
a aprendizagem e proporcionado o desenvolvimento pessoal, social e cultural.
Na Educação Infantil, principalmente, o brincar deve fazer parte da rotina das
crianças.
É um ato essencial para que os alunos desenvolvam aspectos importantes através
do
contato social que é amadurecido com a i nteração, com a experimentação de
regras e
papéis sociais.
Segundo Smolle (2000) além de habilidades lógicas matemáticas é necessário que
os
alunos tenham a oportunidade de ampliar suas competências espaciais, corporais,
intelectuais, intrapessoais e inter pessoais. As brincadeiras infantis possibilitam
explorar
idéias referentes a número de um modo diferente do convencional, pois brincar é
mais
do que uma atividade lúdica é um modo de obter informações, além de aquisição de
hábitos e atitudes importantes.
A importância do ato de brincar fica clara também nos escritos de Nicolau (1988,
P.
78), quando afirma que:
Brincar não constitui perda de tempo, nem é simplesmente uma forma de
preencher o tempo (...) O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da
criança, já que ela se envolve afetivamente e opera mentalmente, tudo isso de
maneira envolvente, em que a criança imagina, constrói conhecimento e cria
alternativas para resolver os imprevistos que surgem no ato de brincar.
Através das brincadeiras a crian ça revive emoções, passa a criar uma situação
imaginária podendo atuar sobre ela e satisfazer seus desejos, impulsos e
frustrações.
Ao vencer as frustrações aprende a agir estrategicamente diante das forças que
operam no ambiente e reafirma sua capacidade de enfrentar os desafios com
segurança e confiança. A brincadeira infantil permite que a criança reviva suas
alegrias,
seus conflitos e seus medos, resolvendo à sua maneira e transformando a
realidade.
O Referencial Curricular Nacional (1998) diz que:
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado
papel na brincadeira faz com que ela dese nvolva sua imaginação. Nas
brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades
importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
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A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com
objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de
aprendizagem.
As regras e imaginação favorecem à criança comportamento além dos habituais.
A utilização do jogo favorece um contexto lúdico que permite ao aluno desenvolver
o
raciocínio, a memória, atenção, expressão, criatividade, interação, entre outros
aspectos importantes, além de tornar o ambiente atraente e motivador.
Segundo Kishimoto (1993) o jogo, vincula -se ao sonho, à imaginação, ao pensamento
e ao símbolo.
Brougére (1998, p.138) também diz que ´o mundo do tempo livre das crianças,
especialmente de seus jogos é cheio de sentido e significações, e é simbólicoµ.
No entanto, a criança, ao brincar, transfere ou transforma suas ações (simbólicas)
para o mundo real.
Contudo, o brincar é muito além de uma recreação, é um momento de oportunizar
os
desenvolvimentos social, pessoal, afetivo e cognitivo. Neste sentido, o jogo é uma
atividade lúdica que tem valor educacional.
Quando o processo de ensino -aprendizagem acontece em um a mbiente favorável,
rico
e harmônico a criança se torna mais segura, confiante e sujeito de seu próprio
conhecimento, carregando saberes sólidos e preparada para aprendizagens
futuras.
Outro ponto importante para o professor é encorajar o aluno a trocar idéias com
os
colegas, expor suas opiniões, suas idéias matemáticas.
O Referencial Curricular Nacional (1998, p. 215) que norteia o trabalho do
professor
da educação infantil traz como um dos objetivos:
Comunicar idéias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados
encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e
medida, utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática;
O professor, como mediador, neste contínuo e dinâmico processo de
ensinoaprendizagem
deve proporcionar momentos ricos de interação, onde o aluno respeita a
hipótese do outro e expõe o seu pensamento. Com isso a criança será estimulada a
ter
confiança em suas estratégias e acreditar em suas capacidades.
Vygotski (2008) nos lembra que o pensamento e a linguagem operam juntos para a
formação de idéias, planejamento e ação. No entanto, o diálogo se torna também,
uma
estratégia que auxilia no desenvolvimento cognitivo dos alun os e através dele as
crianças aproximam da significação dos conceitos.
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A avaliação também é parte que norteia o trabalho do educador sendo como uma
ferramenta pedagógica essencial na vida escola r.
A prática de avaliar e a prática do dia -a-dia devem estar interligadas, uma
regulando a
outra. A ação avaliativa deve ser encarada como ´uma das mediações pela qual se
encorajaria à reorganização do saberµ Hoffmann (1991 p.68).
No entanto, a avaliação é um instrumento que contribui para o processo educativo
no
sentido de ser o ponto regulador da prática pedagógica.
No eixo de Matemática, a avaliação pode ser feita por meio de observações de
atitudes e registros dos alunos.
Para o Referencial Curricular Nacional (1998, p.237) a avaliação:
Considera-se que a aprendizagem de noções matemáticas na educação
infantil esteja centrada na relação de diálogo entre adulto e crianças e nas
diferentes formas utilizadas por estas últimas para responder perguntas,
resolver situações-problema, registrar e comunicar qualquer idéia matemática.
A avaliação representa, neste caso, um esforço do professor em observar e
compreender o que as crianças fazem, os significados atribuídos por elas aos
elementos trabalhados nas situações vivenciadas.
Nesse sentido, é o que Kamii (2008) diz sobre imaginar o que as crianças estão
pensando para poder avaliar e intervir neste processo.
O Referencial Curricular Nacional (1998, p.238) ainda oriente que:
A avaliação terá a função de mapear e acompanhar o pensamento da criança
sobre noções matemáticas, isto é, o que elas sabem e como pensam para
reorientar o planejamento da ação educativa.
A avaliação torna-se uma ferramenta que auxilia o professor na realização do
planejamento e replanejamento de suas atividades, considerando o que o aluno tem
como experiência e pode ser levado para a sala de aula como algo significativo,
proporcionando aquisição de novos conhecimentos.
O papel do educador, sob uma perspectiva inovadora, deve ser de reflexão,
estando
atento a sua postura, sua prática em sala de aula. Estar em constante atualização
torna-se um ponto fundamental para que sua atuação contribua com o processo de
ensino-aprendizagem saudável e eficiente.
Através dessa pesquisa conclui-se que a criança precisa ser considerada como
sujeito de sua aprendizagem, participante ativa desse processo de
desenvolvimento.
A linguagem matemática na educação infantil deve acontecer de forma
significativa e prazerosa.
A contagem oral realizada pela crianç a, embora seja um dos primeiros contatos
com a Matemática, não garante que ela tenha o conceito de número, pois, pode
fazê-la
mecanicamente, de forma memorizada.
O conceito de número é algo a ser construído pela própria criança, em contato com
objetos, com o meio. Para haver compreensão dos números a criança precisa
estabelecer a relação quantitativa entre determinados elementos e o número
correspondente a essa quantidade.
O conhecimento lógico-matemático não é inerente ao objeto; ele é construído a
partir das relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo.
Contudo, da mesma forma que o conhecimento físico, ele também é construído a
partir
das ações sobre os objetos. É estruturado a partir da ´abstração reflexivaµ que
tem
origem na coordenação das ações que a criança exerce sobre os objetos.
No processo da construção do número a criança precisa perceber a
correspondência termo a termo ou biunívoca que acontece quando ela percebe a
correspondência um a um, fazendo relação que para cada objet o de uma coleção há
um elemento de outra.
Outro conceito importante para a construção do número é a conservação que é a
habilidade de deduzir através da razão, perceber que apesar da aparência mudar a
quantidade de objetos continua a mesma. As crianças con seguem a capacidade de
conservar o número quando já tem construído a estrutura lógico -matemática do
número.
O jogo é um importante recurso a ser utilizado em sala de aula como forma de
promover o desenvolvimento dos alunos. Atividades com jogos estimulam o agir-
pensar
com lógica e critério, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade,
memória,
imaginação, concentração e organização.
Os jogos na educação infantil favorecem tanto o desenvolvimento cognitivo
quanto o desenvolvimento da sociabilidade qu e é um fator de suma importância
nessa
fase, pois muitas vezes a escola é um dos primeiros grupos sociais em que a
criança
está inserida.
O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e
imaginação favorecem à criança comport amento além dos habituais.
A utilização do jogo favorece um contexto lúdico que permite ao aluno
desenvolver o raciocínio, a memória, atenção, expressão, criatividade, interação,
entre
outros aspectos importantes, além de tornar o ambiente atraente e motivador.
As operações aritméticas, assim como a noção de número, deve ser algo a ser
construído pela própria criança em interação com o meio.
O jogo é um recurso pedagógico valioso no trabalho com as operações
aritméticas.
Esse trabalho deve acontecer partind o dos acontecimentos diários da vida da
criança para que tenha um contexto e seja algo significativo para ela.
Nos jogos as crianças exercitam vários conceitos de operações aritméticas,
devem ter regras claras, constantes e em pouca quantidade. O registro torna-se
algo
muito importante para que a criança expresse seu pensamento matemático e este,
por
sua vez, também pode ser feito de maneira não convencional (através de
desenhos).
Com a sociedade em constante transformação, o professor, antes visto como
mero transmissor de conhecimentos, hoje se vê frente a novos desafios, tendo que
repensar sua prática, rever alguns conceitos e trazer para a sala de aula recursos
interessantes que motivem os alunos e os levem a uma aprendizagem significativa.
No entanto, o educador deve estar em constante atualização, buscando
conhecer as teorias, pesquisas para melhor entender a prática.
O papel do professor no desenvolvimento da linguagem matemática deve ser
essencial, como mediador, conhece as necessidades da criança, pla neja atividades
que
estimulem a troca de idéias e estimula o aluno a ter confiança em suas estratégias
e
pensamento matemáticos.
O professor resiliente consegue promover a resiliência em seus alunos e ainda,
estar pronto para agir de forma positiva em situ ações adversas.
O professor encorajador propõe momentos de troca de opiniões, de participação
ativa dos alunos, onde estimulem a autonomia, respeite a espontaneidade e
criatividade
de cada um.
Na educação infantil é essencial a elaboração de uma rotina que é algo que
organiza o trabalho do educador e ainda promove segurança aos alunos.
As sequências didáticas e projetos são modalidades que proporcionam uma
regularidade, além de contextualizar as atividades, tornando -as mais significativas
para
o aluno.
A avaliação é vista como uma ferramenta que regula o trabalho do professor e
sua prática pedagógica. No eixo de Matemática, essa avaliação deve ser feita
através
de observações de atitudes e registros dos alunos, pois, na educação infantil a
aprendizagem das noções matemáticas está ligada ao diálogo, à ações diferentes
para
a resolução de problemas, à capacidade de registrar e comunicar qualquer
pensamento
matemático.
A avaliação deve estar interligada às atividades do dia-a-dia e a todo processo
de ensino-aprendizagem, considerando o que o aluno já sabe, partindo desses
conhecimentos para aquisição de novos conceitos.