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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa abordar, de forma sucinta, a questão

da Responsabilidade Civil dos Pais pelos atos dos Filhos Menores, incluídos aí,

os direitos e deveres dos pais.

Atualmente, vários problemas têm sido levados ao Judiciário,

devido aos inúmeros casos surgidos após o impacto da sociedade permissiva

contemporânea, que atingiu de forma radical a autoridade paterna sobre os

adolescentes, perdendo o pai o poder da direção da família.

Antigamente a imagem tradicional de família, via o pai como

chefe de família, onde a mãe e os filhos deviam total obediência a este. O filho

era visto como uma propriedade do pai, que sobre ele exercia um poder de

autoridade absoluta, porém com a modernidade dos tempos atuais e o advento

do novo Código Civil criou-se uma nova visão de família, baseado na

afetividade, solidariedade e compreensão, atribuindo aos pais direitos e

deveres mútuos, ou seja o novo modelo de família baseia-se na igualdade

entre os membros e respeito mútuo.

No mais, abordaremos o tratamento legal, bem como as

tendências da doutrina e jurisprudência aplicáveis ao tema.


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A pretensão do presente trabalho não é exaurir o tema, que

muito se desenvolve atualmente, mas sim, trazer uma visão ampla de mais um

problema trazido pela atualidade.

2. CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

“Responsabilidade”, segundo o vocabulário jurídico origina-se

do vocábulo responsável, do verbo responder, do latim respondere, que tem o

significado de responsabilizar-se, vir garantindo, assegurar, assumir o

pagamento do que se obrigou, ou do ato que praticou.

O termo “civil” refere-se ao cidadão, assim considerado nas

suas relações com os demais membros da sociedade, das quais resultam

direitos a exigir e obrigações a cumprir.

Diante da etimologia das palavras, bem como das tendências

atuais a respeito da responsabilidade civil, vejamos a conceituação da

Professora Maria Helena Diniz para o assunto:

“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que

obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a

terceiros, em razão de ato por ele mesmo praticado, por pessoa por quem ela

responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal.”

(Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro, 7. ed., São Paulo, 1993).
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A responsabilidade civil, consiste na aplicação de medidas para

reparação de um dano moral ou patrimonial causado a outrem, em razão de

ato praticado por ela mesma, ou pelo fato de pessoas ou coisas que dela

dependam, ou ainda por simples imposição legal, visando a idéia da culpa

quando se cogita da existência de um ilícito, e a idéia da responsabilidade sem

culpa, quando cogitar um risco determinado legalmente.

De Plácido e Silva, definiu a responsabilidade, como sendo

"dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja

em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação

convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas.

Onde quer, portanto, que haja a obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma

coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a

responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento

da obrigação ou da sanção”. Juridicamente o termo responsabilidade está

ligado ao fato de respondermos pelos atos que praticamos. Desta forma,

podemos concluir que a responsabilidade civil revela um dever, um

compromisso, uma sanção, uma imposição, decorrente de algum ato ou fato.

Faz-se necessário, esclarecer que, a responsabilidade civil

adota um sentido obrigacional: é a obrigação que tem o autor de um ato ilícito

de indenizar a vítima pelos prejuízos a ela causados.


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Para alguns juristas, como Serpa LOPES, o vocábulo

responsabilidade provém de "respondere", que quer dizer aproximadamente, o

ter alguém se constituído garantidor de algo. Então, responsabilidade significa

garantia ou segurança de restituição ou compensação.

Interessante se mostra à definição de SOURDAT apud LOPES

para a responsabilidade: "é a obrigação de reparar o dano resultante de um ato

de que se é autor direto ou indireto".

Ainda mais profundamente conceitua PIERSON e DE VILLÉ

apud LOPES: "é a obrigação imposta pela lei às pessoas no sentido de

responder pelos seus atos, isto é, suportar, em certas condições, as

conseqüências prejudiciais destes".

3. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Desde que haja um dano produzido injustamente, surge a idéia

de repará-lo, com o fim de restaurar o equilíbrio social necessário que foi

rompido.

A responsabilidade civil, torna a vida mais concebível impondo

para aquele que causar dano a outrem o dever de reparar os prejuízos

sofridos.
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A previsão legal, está no artigo 186 do Novo Código Civil, que

preceitua:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência

ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,

ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Daí deduz a necessidade de pressupostos essenciais para

caracterizar a responsabilidade civil, como a ação ou omissão do agente; a

culpa ou dolo do agente causador do dano; relação de causalidade existente

entre o ato praticado e o prejuízo dele decorrente.

3.1. TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA

Na teoria da responsabilidade subjetiva, o lesado, ou ofendido

deve comprovar a ação ou a omissão do agente que provocou o dano a ser

reparado, ou seja o fundamento maior está na culpa, para fundamentar o dever

de reparar, aplicando-se como regra o disposto nos artigos 186 e 927, caput do

Código Civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.


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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar

dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Segundo esta teoria só seria responsável pela reparação do

dano, aquele cuja conduta se provasse culpado, devendo provar a vítima além

da autoria a culpabilidade, o dano e o nexo causal, ou seja o agente só será

responsabilizado, em princípio se tiver agido com culpa.

No Brasil, o ilustre jurista Caio Mário da Silva Pereira, foi um

dos líderes do pensamento que demonstrava a falta de sintonia entre a Teoria

Subjetiva e o desenvolvimento da sociedade, posto que, em vários casos, a

adoção da Teoria da Culpa mostrava-se inadequada para abranger todas as

situações de reparação. Essa inadequação era verificada nos casos em que, a

aferição das provas constantes nos autos, não eram convincentes da

existência da culpa, muito embora se admitisse que a vítima foi realmente

lesada, e que existia supremacia econômica e organizacional dos agentes

causadores do dano.

Portanto, diante da exigência da prova do erro de conduta do

agente, imposta à vítima, deixava-a sem a devida reparação em inúmeros

casos. Diante da situação, cresceu no mundo, o movimento de extensão da


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responsabilidade, criando o esboço e estrutura à Teoria da Responsabilidade

sem culpa, que veremos a seguir.

3.2 TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

Já a teoria da responsabilidade objetiva tem como elemento

fundamental o dano, ou seja basta haver dano para que sobrevenha o dever de

reparar.

Esta teoria se aplica em virtude de disposição legal, em razão

do alto risco de determinadas atividades e pela impossibilidade prática de se

provar a culpabilidade em certas circunstâncias, ou seja, basta à vítima provar

a autoria e o dano, para lograr êxito na ação reparatória, conforme

ensinamento de Carlos Roberto Gonçalves:

“A lei impõe, entretanto, a certas pessoas, em determinadas

situações, a reparação de um dano cometido sem culpa. Quando isto

acontece, diz que a responsabilidade é legal ou ‘objetiva”, porque prescinde da

culpa esse satisfaz apenas com o dano e o nexo de causalidade. Esta teoria,

dita objetiva, ou do risco, tem como postulado que todo o dano é indenizável, e

deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade,

independentemente de culpa”.
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Caio Mário da Silva Pereira, é um dos autores que nos

presenteou com um excelente conceito para o risco, sendo tal exposição citada

na obra do Ilustre Dr. Rui Stoco, conforme abaixo transcrito:

“É o que se fixa no fato de que, se alguém põe em

funcionamento uma qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que

esta atividade gera para os indivíduos independente de determinar se em cada

caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência, à negligência, a um erro

de conduta, e assim se configura a teoria do risco criado.”

4. DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DE OUTREM

A responsabilidade civil, como foi dito, pode ser ato próprio ou

por ato de outrem, o qual o agente é responsável permanente ou temporário.

A matéria é regulada nos artigos 932 a 934 do Código Civil:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação

I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua

autoridade e em sua companhia;


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Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo

antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos

atos praticados pelos terceiros ali referidos.

O maior interesse está na responsabilidade por ato de terceiro,

porque permite estender a obrigação de reparar o dano à pessoa diversa

daquela que praticou a conduta danosa. Tal extensão, só se verifica com a

presença de uma relação jurídica entre os dois agentes (o causador do dano e

o responsável) geradores do dever de fiscalização, que quando violado permite

que o subordinado pratique um comportamento culposo e ocasione, direta ou

indiretamente, dano à vítima. A responsabilidade civil com esse caráter

consiste no descuido do dever de vigilância (culpa in vigilando) ou do dever de

escolha (culpa in eligendo). Segundo o legislador de 1916, tal culpa é

presumida, ao cabendo à vítima prová-la.

No novo Código, a presunção de culpa desaparece, pois a

teoria da culpa cede espaço à teoria do risco, na qual não se perquire a culpa

do agente, recai a responsabilidade somente pela decorrência do dano a

terceiros, tratando assim de responsabilidade objetiva, os casos de danos

cometidos por atos de terceiros, conforme os artigos 932, 936, 937 e 938.
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A responsabilidade civil por ato de terceiro provia da disposição

legal, e a jurisprudência a aperfeiçoou, atendendo a segurança da vítima e

visando protegê-la. Neste sentido, cita-se o artigo 933 do novo Código: "As

pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja

culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali

referidos." O artigo antecedente mencionado refere-se aos pais responsáveis

pelos atos de seus filhos, que se destaca por ser tema do nosso trabalho, além

dos patrões responsáveis pelos atos de seus empregados, dos donos de hotéis

e hospedarias, pelos atos de seus hóspedes.

5. DEVERES E OBRIGAÇÕES DOS PAIS

A Legislação Brasileira contém várias normas que estipulam os

direitos e deveres dos pais., como por exemplo o disposto no artigo 384 do

Código Civil, que enumera de forma clara e objetiva os deveres dos pais para

com seus filhos:

“Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, dirigir

sua criação e educação; tê-los em sua companhia e guarda; conceder-lhes ou

negar-lhes consentimento para casarem; nomear-lhes tutor; representá-los até

os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade,

nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; reclamá-los de

quem ilegalmente os detenha; exigir obediência, respeito e serviços próprios à

sua idade”.
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Para Silvio Rodrigues: “o pátrio poder é o conjunto de direitos e

deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e aos bens dos filhos não

emancipados, tendo em vista a proteção destes”, e assim sendo, os pais são

civilmente responsabilizados pelos atos dos filhos menores que estejam em

sua guarda ou companhia, cabendo ao pai e à mãe suportar, através de seus

bens, o ônus de ressarcir o dano causado.

A constituição de 1988 estabelece em seu art. 299 o dever

genérico imposto aos pais de assistir, criar e educar os filhos menores que,

reciprocamente, devem ajudar e amparar os pais na velhice, carência e

enfermidade.

Art. 299. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os

filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os

pais na velhice, carência ou enfermidade

Dessa forma compete aos pais o dever de guarda e de

educação, sendo estes responsáveis pelas condutas praticadas pelos filhos

menores

Para que se desencadeie a responsabilidade dos pais em

relação à reparação do dano causado, três condições são necessárias: a

presunção de responsabilidade diz respeito ai pai e à mãe, enquanto exercem

o direito de guarda; a responsabilidade dos pais só é presumida enquanto se


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referir a um filho menor com eles coabitando e a responsabilidade dos pais só

é considerada se a criança cometeu um fato culposo.

A primeira presunção é importante porque limita a

responsabilidade aos pais e não a terceiros que, provisoriamente, detêm a

guarda da criança.

A noção de guarda é no sentido mais jurídico que material, ou

seja, se a guarda fosse interpretada num sentido material, a responsabilidade

dos pais deveria ser excluída sempre que a criança fosse confiada a um

terceiro.

No segundo caso, a presunção só pode ser invocada aos filhos

menores, logo, a maioridade exclui a presunção de responsabilidade em

relação aos pais.

Neste caso, é fundamental que a coabitação dos filhos

menores com os pais, porque daí decorre a idéia de vida em comum, familiar,

que é garantidora da fiscalização dos pais pelos atos dos filhos.

E, por último, a ocorrência de culpa é fundamental à

caracterização da responsabilidade e conseqüente reparação. Aqui se reafirma

uma condição geral da responsabilidade civil.


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O que importa saber é se a criança tinha ou não discernimento

suficiente para que se lhe impute um fato culposo, logo, uma criança demente

não tem discernimento e, pois, não pode ser responsabilizada por culpa.

No caso das três presunções se encontrarem reunidas, o pai e

a mãe são solidariamente responsáveis pelos atos dos filhos, já que sobre os

genitores decai uma presunção de culpa derivada, ou de falha na educação ou

de má educação. Os pais são responsáveis pelos atos dos filhos

A responsabilidade civil dos pais cessa com a maioridade, com

relação aos atos praticados pelos filhos com 21 (vinte e um) anos completos ou

emancipados, desde que a emancipação seja legal. Se for emancipação

voluntária, não liberará os pais da responsabilidade provinda da lei.

No caso de separação de fato, os pais responderão

conjuntamente, pois a guarda legal não se encontra regulamentada, o que

difere no caso da separação judicial, ou divórcio, que tem como determinação

unilateral de autoridade parental (colocação do filho sob guarda de um dos

genitores), excluindo a solidariedade, cabendo a responsabilidade diretamente

ao genitor sobre o qual recaiu a guarda.


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O genitor-guardião só será responsável na medida em que o

filho coabita consigo, tal coabitação não só como um vínculo de dependência

jurídica, mas como uma família.

A responsabilidade dos tutores e curadores pelos atos ilícitos

dos pupilos e curatelados é, também, a negligência na vigilância que a sua

função lhe impõe, equiparando-os à situação dos pais em relação aos

menores.

Como regra, somos responsáveis somente por nossas

atitudes. Mas há momentos em que um indivíduo pode responder por danos

provocados pela conduta de outra pessoa. Isso ocorrerá sempre que faltarmos

com o dever de bem vigiar ou escolher. São hipóteses de culpa in vigilando e

in eligendo, respectivamente.

6. A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ATOS PRATICADOS

PELOS FILHOS MENORES

A responsabilidade civil dos pais por atos ilícitos de seus filhos

menores, se caracteriza no dever da responsabilidade das pessoas obrigadas

à vigilância de outrem, englobando além da responsabilidade dos pais, que é

tema de nosso estudo, a responsabilidade de tutores, curadores, educadores, e

outras pessoas que possam ser consideradas obrigadas à vigilância de outrem.


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O artigo 932 traz as hipóteses, na esfera privada, de

“responsabilidade civil objetiva por atos de outrem”, mesmas situações antes

previstas pelo artigo 1.521 do Código Civil de 1916. Inovação importante é que

o artigo 933 do Novo Código prevê agora que tais casos não são mais de

responsabilidade subjetiva por culpa presumida (“culpa in vigilando” e “culpa in

eligendo”), mas de responsabilidade independentemente de culpa. Tal

orientação, na verdade, vai de encontro com a evolução doutrinária e

jurisprudencial que se teve quanto ao tema, apontada inclusive Rui Stoco,

citando o grande jurista Caio Mário da Silva Pereira.

Orlando Gomes, sustenta uma tese negativa da

responsabilidade dos pais que se baseia na falta de discernimento do menor.

Para o nobre jurista não deverá existir a responsabilidade civil dos pais pelos

atos lesivos de seus filhos menores, já que estes não poderão incorrer em

culpa, sendo necessário no mínimo de capacidade de discernimento, ou seja

“para alguém cometer ato ilícito, precisa ter discernimento, e para responder

pela reparação civil, ter praticado o ato culposo. Assim, se o menor não tem

capacidade de entender, não incorre em culpa, o que significa a inidoneidade

para prática do ilícito pelo filho , não havendo dessa forma a responsabilidade

paterna, ou seja se um menor de cinco anos causar dano a outrem, não se

pode dizer que agiu culposamente, posto que o menor não sabe o que faz, se

não há culpa, não há que se falar em ato ilícito, assim, o pai não responde pela

reparação do dano, porque a responsabilidade indireta supõe a ilicitude do ato

de quem causa o prejuízo.


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Para Serpa Lopes a responsabilidade dos pais se torna efetiva

quando o ato do menor toma aspecto culposo, como se fosse perpetrado por

uma pessoa de maioridade.

Segundo Vaz Serra, não deve exigir-se a culpa do autor

material do dano, pois mesmo que seja irresponsável, haverá sempre um ato

objetivamente contrário ao direito, que com a vigilância necessária teria sido

evitado, incumbindo ao ofensor provar a relação entre o ato ilícito e o dano do

incapaz, sendo presumida a responsabilidade dos pais.

7. CONDIÇÕES ESSENCIAIS PARA CONFIGURAR A

RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS

Para que se desencadeie a responsabilidade dos pais em

relação à reparação do dano causado, são necessários três requisitos, posto

que a presunção de responsabilidade diz respeito enquanto os pais exercem o

direito de guarda, ou seja a responsabilidade dos pais só é presumida

enquanto se referir a um filho menor com eles coabitando.

O primeiro requisito é importante porque limita a

responsabilidade aos pais e não a terceiros que, provisoriamente, detêm a

guarda da criança, sendo excluída a responsabilidade dos pais sempre que a

criança fosse confiada a um terceiro.


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Trata-se o segundo da presunção que só pode ser invocada

enquanto forem os filhos menores, logo, a maioridade exclui a presunção de

responsabilidade em relação aos pais. Ressalta-se ser fundamental, neste

caso a coabitação dos filhos menores com os pais, decorrendo a idéia de vida

em familiar em comum, que é garantidora da fiscalização dos pais pelos atos

de seus filhos.

E, por último, a ocorrência de culpa que é fundamental para

caracterizar a responsabilidade e conseqüentemente a reparação.

Assim, estando presentes todos os requisitos, os pais serão

responsáveis pelos atos dos filhos, já que sobre os genitores decai uma

presunção de culpa derivada, ou de falha na educação ou ainda de má

educação.

8. CONCLUSÃO

Em regra, somos responsáveis somente por nossas atitudes,

porém há momentos em que um indivíduo pode responder por danos

provocados pela conduta de outra pessoa. Isso ocorrerá sempre que faltarmos

com o dever de bem vigiar ou escolher. Como já vimos são hipóteses de culpa

in vigilando e in eligendo, respectivamente.


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O filho deverá estar em poder e em companhia dos pais, pois

se estiverem em companhia de outrem, a responsabilidade será daquele a

quem incumbe o poder de vigilância.

Os deveres e obrigações dos pais englobam tudo o que aos

menores se refere, inclusive a responsabilidade por atos ilícitos, prejudiciais,

pelos mesmos praticados até os 16 (dezesseis) anos, se comprovada

negligência ou culpa na vigilância dos responsáveis. Entre os 16 (dezesseis) e

21 (vinte e um) anos do praticante de ato prejudicial, a vítima poderá promover

ação contra os pais, contra o menor ou contra ambos, se incapacidade do

menor ficar comprovada. É denominada de “responsabilidade solidária”.

O presente trabalho não tinha a pretensão de esgotar o tema.

Ao contrário, pretendia a abertura para a discussão acerca do tema, de modo a

robustecer os pensamentos já tecidos até o momento.

9. BIBLIOGRAFIA

VIANA, Jeovanna - Responsabilidade civil dos pais pelos actos dos filhos

menores - Rio de Janeiro - São Paulo - Recife, 2004 - Ed. Renovar.

DINIZ, Maria Helena - Curso de Direito Civil Brasileiro,

vol. 1, 9ª edição, São Paulo, Ed Saraiva, 1993.


22

vol. 5, 10ª edição, São Paulo, Ed Saraiva, 1995.

Vol. 7, 5ª edição, São Paulo, Ed Saraiva, 1977.

SANTOS, Antonio Jeová - Dano moral indenizável - São Paulo, 2002. Ed.

Método, 3ª ed.

GOMES, Orlando – Culpa x Risco, in “ Revista Forense”, vol. LXXXIII, ano

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LIMA, Alvino . Da culpa ao risco, São Paulo, Ed Revista dos Tribunais, 1938

PEREIRA, Caio Mário da Silva – Responsabilidade civil – Rio de Janeiro, Ed

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PORTO, Mário Moacyr – Responsabilidade dos pais pelos danos causados

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