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Elementos da Teoria Geral do Estado

Dalmo de Abreu Dallari

Estado Moderno e Democracia


à Estado Moderno e Democracia
A Aspiração à Democracia no Estado Moderno. Origens do Ideal Democrático.
Princípios Fundamentais do Estado Democrático
à Democracia Direta, Semidireta e Representativa
Práticas de Democracia Direta. A "Landsgemeinde" Suíça. O "Referendum". O
Plebiscito. A Iniciativa. O Veto Popular. O "Recall".
àRepresentação Política e Mandato.
Características do Mandato Político.
àRepresentação Política
Os Partidos Políticos. Características e Classificação dos Partidos. Sistemas
Partidários Representação Profissional,

Estado Moderno e Democracia


75. A idéia moderna de um Estado Democrático tem suas raízes no século
XVIII, implicando a afirmação de certos valores fundamentais da pessoa humana, bem
como a exigência de organização e funcionamento do Estado tendo em vista a proteção
daqueles valores. Temos que estudar a fixação dos princípios que estão implícitos na
própria idéia de Estado Democrático, como eles foram postos e as instituições do Estão
criadas.

76. Houve uma influência das idéias gregas, onde o povo poderia controlar o
Estado. Mas a noção de povo lá era diferente, excluindo-se as camadas mais baixas,
sendo um “povo” selecionado e modelo.

77. A influência do jusnaturalismo, vinha para os pequenos Estados onde Locke


dizia que um povo que povo que governar sempre bem não necessitará ser governado,
explicitando que jamais existiu uma democracia, apenas para o deuses.

Através dos 3 grandes movimentos conduzir ao Estado Democrático:


Revolução Inglesa (influencia de Locke)
Revolução Americana (com as 13 colônias)
Revolução Francesa com a Dec. Direitos do Homem e do Cidadão (Rousseau)

A partir daí se consolidou a idéia de Estado Democrático como o ideal supremo,


chegando a um ponto em que nenhum sistema e nenhum governante, mesmo quando
totalitário, admitia que não sejam democráticos.

78.Características:
Supremacia da vontade do povo,
Preservação de liberdades e
Igualdade de Direitos

Democracia Direta, Semidireta e Representativa


79. Sendo o Estado Democrático aquele em que o próprio povo governa, é
evidente que se coloca o problema de estabelecimento dos meios para que o povo possa
externar sua vontade. Só se encontra verdadeira democracia direta na Landsgemeinde,
que se encontra nos Cantões suíços, sendo ela uma assembléia aberta a todos os
cidadãos do Cantão que tenham o direito de votar, impondo-se a estes o
comparecimento como um dever. Ela vota leis, tratados, tributos e etc. O problema é
que só se mantém a Landsgemeinde naqueles Cantões suíços menos populosos, e eles
só tem recusa ou aceitação.

80. Alguns institutos considerados como da democracia direta, não dão ao povo
possibilidade de ampla discussão da deliberação, sendo na verdade da semidireta.
Referendo - consulta à opinião pública para a introdução de uma emenda
constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um interesse público
relevante. Em certos casos as Constituições de alguns Estados modernos exigem que se
faça o referendum, sendo ele considerado obrigatório, o que se dá quase sempre quanto
a emendas constitucionais.
Plebiscito - referendum consultivo consiste numa consulta prévia à opinião
popular. Dependendo do resultado do plebiscito é que se irão adotar providências
legislativas, se necessário. A iniciativa confere a certo número de eleitores o direito de
propor uma emenda constitucional ou um projeto de lei.
Veto Popular - Pelo veto popular, dá-se aos eleitores, após a aprovação de um
projeto pelo
Legislativo, um prazo, geralmente de sessenta a noventa dias, para que requeiram a
aprovação popular.
Recall - ou para revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo, ou
para reformar decisão judicial sobre constitucionalidade de lei. (raro e errôneo)

81. A impossibilidade prática de utilização dos processos da democracia direta,


bem como as limitações inerentes aos institutos de democracia semidireta, tomaram
inevitável o recurso à democracia representativa, apesar de todas as dificuldades já
reveladas para sua efetivação. Na democracia representativa o povo concede um
mandato a alguns cidadãos, para, na condição de representantes, externarem a vontade
popular e tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse
governando.
Mandato - contrato pelo qual alguém constitui a outrem seu representante,
investindo-o de poderes para executar um ou mais de um ato jurídico.
O mandato imperativo, que foi, por assim dizer, o momento de transição, durante o qual
se manteve um caráter nitidamente contratual.

82. É uma das mais importantes expressões da conjugação do político e do


jurídico, o que também influi em suas características mais importantes, que são as
seguintes:
a) O mandatário - expressa a vontade de todo o povo,
b) O mandato é referente a todos os eleitores (a maioria a favor ou a minoria)
c) O mandatário tem absoluta autonomia e independência
d) O mandato é de caráter geral
e) O mandatário é irresponsável
f) Em regra,o mandato é irrevogável, sendo conferido por prazo determinado.

83. O Estado Moderno partiu de um misto de representação de interesses e


representação política, fixando-se nesta. No entanto, em face de graves deficiências e de
dificuldades praticamente insuperáveis, surgiram sérios opositores da representação
política, propondo-se outras bases de representação, propondo-se:
A base profissional - A base corporativa - A base Institucional
__________________________-_________________________-__________________
Representação Política
84. A necessidade de governar por meio de representantes deixa para o povo o
problema da escolha desses representantes, alguns se agrupam em diferentes grupos de
opinião, geralmente em torno de um líder, formando as primeiras linhas de cunho
partidário.
No século XVII se definiu a noção de oposição política, isto é, a doutrina, básica na
democracia,
de que os adversários do governo não são inimigos do Estado e de que os
opositores não são traidores ou subversivos.

85. As organizações clandestinas passaram a virar os partidos políticos. As


facções podem ser pessoais, quando baseadas em amizade pessoal ou animosidade entre
os que compõem os partidos em luta, e reais, quando fundadas em alguma diferença real
de sentimento ou interesses. As facções reais, por sua vez, podem ser de três espécies:
de interesse, de princípio e de afeição.
Partido - um corpo de homens que se unem, para colocar seus esforços comuns a
serviço do interesse nacional, sobre a base de um princípio ao qual todos aderem. (de
princípio determinado).

Duas noções de partido:


Geral e Universal - em certo sentido material, a qualificação de um movimento
de idéias centralizado no problema político e cuja originalidade é suficientemente
percebida pelos indivíduos, para que estes aceitem ver nele uma realidade objetiva
independente dos comportamentos sociais
Outra - de caráter mais formal prende-se à natureza do liame que reúne os
indivíduos no partido e à delimitação de seus objetivos imediatos

86. Sendo instrumentos eficazes de opinião pública, os partidos políticos se


impuseram como o veículo natural da representação política.

Classificação quando a Organização Interna:


Partidos de Quadros – mais preocupados em conseguir figuras notáveis do que
quantidade de pessoas.
Partidos de Massa - querem buscar o maior número possível de adeptos,
procurando colocar pessoas pobres em situações de poder.

Classificação quando a Organização Externa:


Sistemas de Partido Único – um só partido. Os debates eram dentro dos partidos,
e não de um para com o outro, não havendo flexibilidade dos princípios.

Sistemas Bipartidários – dois grandes partidos que se alternam pela existência de


dois grandes partidos que se alternam no governo do Estado. Existem outros, mas eles
não são expressivos. Há também a autenticidade do sistema, que deve decorrer de
circunstâncias históricas, em função das quais a maioria do eleitorado se concentra em
duas grandes correntes de opinião.

Sistemas Pluripartidários - caracterizando-se pela existência de vários partidos


igualmente dotados da possibilidade de predominar sobre os demais. Tem como causas
o fracionamento interior das correntes de opinião e a superposição de dualismos.
Existem dualismos em fatores sociais (economia, religião, social...). Se houver
absoluta predominância de um dualismo, há o sistema partidário. Se houver mais de um
teremos o pluripartidarismo, pois as opiniões vão se dissipando pelos partidos.

Classificação no âmbito de atuação dos partidos:


Partidos de vocação universal, quando pretendem atuar além das fronteiras dos
Estados, baseando-se a solidariedade entre seus membros numa teoria política de caráter
universal. Nesses casos, embora aparentemente limitados a um Estado, para se
adaptarem a exigências legais, os partidos atuam em estreita relação com os congêneres
de outros Estados, havendo unidade não só quanto aos princípios, mas também quanto
aos métodos de ação.
Partidos nacionais (a designação é defeituosa, porque decorre da confusão entre
Estado e nação, mas é tradicional e convém mantê-la para evitar dificuldades de
linguagem), quando têm adeptos em número considerável em todo o território do
Estado. Não é necessário que haja a distribuição uniforme do eleitorado por todo o
território do Estado, podendo ocorrer, como no caso norte-americano, que determinado
partido seja fortemente predominante em algumas regiões e pouco expressivo em
outras. O
que importa é que a soma de seus eleitores e a sua presença em todos os pontos do
Estado confiram-lhe expressão nacional.
Partidos regionais são aqueles cujo âmbito de atuação se limita a determinada
região do Estado, satisfazendo-se os seus líderes e adeptos com a conquista do poder
político nessa região.
Partidos locais são os de âmbito municipal, que orientam sua atuação
exclusivamente por interesses locais, em função dos quais almejam a obtenção do poder
político municipal.

87. Argumentos favoráveis:


- Favorece a criação de um grupo social para que eles conquistem o poder
político, fazendo prevalecer à opinião social dominante.
- Facilita a identificação das correntes de opinião e de sua receptividade pelo
meio social, servindo para orientar o povo e os próprios governantes.

Argumentos Contrários:
- O povo for falta de cultura não tem capacidade de se orientar em função de
idéias e se sensibilizar por debates abstratos, sendo seus interesses que determinam o
seu voto, ficando a identificação com o partido em segundo plano.
- os partidos viraram meros instrumentos para a conquista de poder, tirando a
capacidade de seleção do povo, ao invés de orientá-los.

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