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Capítulo 8 Aula 1
DIREITO DAS COISAS
Introdução e Posse
Quanto às principais diferenciações entre os direitos pessoais e o direito das coisas, interessante visualizar o
seguinte quadro comparativo:
b) Passivo (devedor)
3. Segue rol exemplificativo, reconhecendo o 3. Segue rol taxativo (“ numerus clausus”) que
art. 425 NCC a possibilidade de novos consta no art. 1.225 do novo Código Civil.
contratos, criados pela vontade humana.
4. Eficácia “erga omnes”.
4. Eficácia “inter partes”.
Exemplo.: Propriedade
Exemplo.: Contratos
As obrigações reais ou "propter rem" (em razão da coisa) situam-se em uma zona intermediária entre o direito
real e o direito obrigacional, sendo conceituadas como obrigações "híbridas" (Sílvio de Salvo Venosa).
Surgem como obrigações pessoais de um devedor, por ser ele titular de um direito real, mas acabam
aderindo mais à coisa do que ao seu eventual titular, caso da dívida de condomínio, conforme art. 1.345 do
novo Código.
2. Da posse
2. 1. conceitos INICIAIS
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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A) Teoria subjetivista ou subjetiva, cujo principal defensor foi Savigny. A posse, para essa corrente, possui dois
elementos:
- “Animus domini" - intenção de ter a coisa para si, de exercer sobre ela o direito de propriedade.
B) Teoria objetivista ou objetiva, cujo principal defensor foi Rudolf Von Ihering. Para constituir a posse, basta
dispor fisicamente da coisa ou mera possibilidade de exercer esse contato. Dispensa a intenção de ser dono.
Entendemos que o novo Código Civil adotou parcialmente a teoria objetivista de Ihering, de acordo com o
que consta do artigo 1.196 da atual codificação. Dessa forma, o locatário, o comandatário, entre outros,
para o nosso direito, são possuidores e como tais podem utilizar as ações possessórias, inclusive contra o
proprietário.
O art. 1.196 do Código Civil define a posse como sendo o exercício pleno ou não de alguns dos poderes
inerentes à propriedade. Portanto posse não depende de propriedade. O Código atual perdeu a
oportunidade de trazer uma teoria mais avançada quanto à posse, aquela que considera a sua função Social
(Raymond Saleilles). Entretanto, já adiantamos que tal teoria consta do Projeto nº 6.960/02, de autoria do
Deputado Ricardo Fiúza, pelo qual o artigo 1.196 terá a seguinte redação: "considera-se possuidor todo
aquele que tem poder fático de ingerência sócio-econômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre
determinado bem da vida, que se manifesta através do exercício ou possibilidade de exercício inerente à
propriedade ou outro direito real suscetível de posse". A função social da posse, ademais, é implícita na
codificação emergente, pela valorização da "posse trabalho", conforme arts. 1.238, Parágrafo Único;
1.242, Parágrafo Único; e 1.228, §4º e 5º, todos do novo Código Civil.
Não se pode confundir a posse com a detenção. O detentor ou fâmulo de posse detém a coisa apenas em
virtude de uma situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação.
2. 2. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE.
- Posse direta (ou imediata) - aquela que é exercida por quem detém materialmente a coisa; poder físico
imediato.
- Posse indireta (ou mediata) - exercida através de outra pessoa, havendo mero exercício de direitos.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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- Posse justa - é a que não é violenta, clandestina ou precária, adquirida de forma legítima, sem vício jurídico
externo (art. 1.200 do nCC)
- Posse injusta - é a posse adquirida viciosamente, por meio de violência, clandestinidade ou precariedade.
São suas espécies:
a) Posse violenta - é a obtida através de esbulho, for força física ou violência moral. Assemelha-se ao crime de
roubo.
c) Posse precária - é a obtida com abuso de confiança, não restituindo a coisa ao final do contrato. Tem forma
assemelhada ao crime de estelionato ou à apropriação indébita.
ATENÇÃO: A posse violenta e a posse clandestina podem ser convalidadas, conforme art. 1.208, segunda
parte, do nCC. A regra não se aplica à posse precária. Tal convalidação, para a posse violenta e clandestina,
ocorrerá caso o possuidor anterior não ingresse com a ação possessória cabível no prazo de um ano e dia da
ocorrência do esbulho ou turbação.
- Posse de boa-fé - quando o possuidor ignora os vícios ou os obstáculos que lhe impedem a aquisição da
coisa ou do direito possuído.
- Posse de má-fé - situação em que alguém sabe do vício que acomete a coisa, mas mesmo pretende exercer
domínio fático sobre a mesma, tendo o possuidor ciência do vício.
- Posse com título ("jus possidendi") - situação em que há um documento representativo da transmissão da
posse, como ocorre na vigência de um contrato de locação ou de comodato, por exemplo.
- Posse sem título ("jus possessionis") - situação em que não há documento representativo da transmissão do
domínio fático, como ocorre quando alguém acha um tesouro.
- Posse nova - é a que conta com menos de um ano e um dia. Processualmente, se a invasão ocorreu há
menos de um ano e um dia poderá o prejudicado ingressar com a ação de reintegração de posse pelo rito
especial, pleiteando liminar "inaudita altera par" para desocupação - ação de força nova espoliativa
(art. 924 CPC).
- Posse velha - é a que conta com pelo menos um ano e um dia. Se a turbação, a ameaça e o esbulho forem
"velhos", não caberá a "ação de força nova espoliativa", de rito especial e com pedido liminar, mas tão
somente a "ação de força velha espoliativa", de rito ordinário, não cabendo o pedido liminar (art. 924 CPC).
- Posse "ad interdicta" - consistindo regra geral, é a que pode ser defendida pelas ações possessórias, mas
não conduz usucapião.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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- Posse "ad usucapionem" - exceção à regra, é a que se prolonga por determinado lapso temporal previsto na
lei, admitindo-se a aquisição do domínio pelo usucapião, desde que obedecidos os requisitos legais. É
aquela posse com "olhos à usucapião", pela presença dos seus elementos.
A) Faculdade de invocar os interditos: os interditos são as ações possessórias diretas. O possuidor tem a
faculdade de propor ações possessórias objetivando mantê-lo na posse ou ser-lhe restituída a posse. Para
tanto devem ser observadas as regras processuais previstas a partir do art. 920 do CPC, para o caso das
ações de rito especial. São ações possessórias diretas:
- Interdito proibitório: proteção preventiva da posse, ante a ameaça de turbação ou esbulho, visando impedir
que se consume a violência. Geralmente, comina-se pena pecuniária em caso de transgressão da ordem
judicial.
- Manutenção da posse: se o possuidor sofre turbação, denominado como o ato que embaraça, que
incomoda, que molesta o livre exercício da posse, poderá ingressar com ação visando impedir que o esbulho
se concretize.
B) Faculdade da legítima defesa da posse e do desforço imediato: previstas no art. 1.210, §1º, do nCC,
também são denominadas autotutela, autodefesa, defesa "incontinenti" ou defesa direta.
Frutos Benfeitorias
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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2. 4. COMPOSSE OU COMPOSSESSÃO.
A composse é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios
sobre a mesma coisa (art. 1.199 do nCC). Trata-se de posse em comum, por duas ou mais pessoas, sobre a
mesma coisa.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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