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A Tensegridade de Carlos Castaneda.

A história de uma linhagem contemporânea de Xamãs.

ANTIGOS VIDENTES

No século VII d.C. após o declínio da cidade de Teotihuacán, migraram vindos do que hoje é o norte do
México, um povo que posteriormente no século X d.C. se estabeleceu em numa cidade-estado chamada
Tula-Xicocotitlan, a 64 quilômetros ao norte da atual Cidade do México , eram chamados na língua
nahuatl, de Toltecas, o que quer dizer “mestres construtores”. O povo Tolteca criou uma refinada
cultura que incluía conhecimentos de metalurgia, arte em pedras, destilação, medicina, astronomia,
matemática e principalmente toda uma tradição espiritual que indagava sobre a natureza do universo,
da consciência. Nos próximos dois séculos, Tula atingiria todo seu esplendor cultural, artístico e
espiritual gerando a Toltecayotl, seu grandioso legado. Esse conhecimento espiritual era mantido pelas
varias linhagens e confrarias de xamãs e sábios daquele tempo. Posteriormente no século XII os
Chichimecas e outros povos vindos do norte tomaram o vale central de Anahuac e saquearam Tula. Esse
foi o fim do apogeu e domínio Tolteca, porém suas descobertas, artes e ciências, e práticas xamânicas
sobre a consciência foram absorvidos pelos Mayas e Astecas, se tornando assim patrimônio desses
povos.
Tula e os Toltecas transformaram-se em símbolo de um passado idealizado onde se misturava a história
e o Mito.
O conceito de in Tolteca Topializ : “O que é de nossa posse, o que nos cabe preservar dos Toltecas”, se
tornou fundamental para os povos que os sucederam. A idéia de que havia um patrimônio tolteca que
devia ser preservado e mantido, continuou viva nos séculos subseqüentes.

AS LINHAGENS MODERNAS

Após a invasão espanhola, por causa das proibições impostas pela igreja, esse conhecimento passou a
ser mantido de forma muito sigilosa e secreta, tendo se formado diversas linhagens-irmandades de
xamãs-videntes, muitas se escudando na própria Igreja, já que publicamente agiam como indígenas
convertidos, que mantiveram esse conhecimento vivo.

No inicio da década de 60 um antropólogo chamado Carlos Castaneda vai ao México em busca de


informações sobre o uso de plantas psicoativas entre os índios. Apresentado por um amigo, conheceu o
índio yaqui Don Juan Matus, a quem contratou como seu informante de campo.

Pouco a pouco, Castaneda percebe que aquele índio era herdeiro de um conhecimento que transcendia
em muito o uso de plantas psicoativas, se constituindo em um vasto conjunto de práticas e conceitos a
respeito da existência, do universo e da consciência humana.

Ao longo dos anos, Castaneda escreveu uma série de 13 livros descrevendo seu aprendizado com Don
Juan e seus companheiros.

OS PASSES MÁGICOS

A linhagem de Don Juan a qual Castaneda passou a pertencer, tinha como um de seus principais
fundamentos a prática de movimentos corporais os quais eles denominavam Passes Mágicos.
Esses movimentos, gestos e respirações, foram descobertos por aqueles antigos xamãs através do
sonhar, vale lembrar, que o sonho é uma das principais formas pelas quais os xamãs se relacionam com
as forças que habitam o mundo invisível e obtêm seu conhecimento.

Por terem sido descobertos em estado intensificado de consciência, sua execução na realidade objetiva
pode levar-nos aos mesmos estados de consciência em que foram descobertos.

Desde a conquista, esses passes foram ensinados de modo muito secreto e reservado, dentro da
linhagem de Carlos Castaneda. Com o passar do tempo, as razões desse sigilo, foram perdendo o sentido
e ao mesmo tempo, as gerações de novos-videntes puderam verificar através de suas práticas e
observações, que o que importava como princípio funcional dentro dos passes, era a enorme
quantidade de energia que eles disponibilizavam e a subseqüente redistribuição dessa energia dentro de
nosso ovo luminoso. Essa redistribuição tem um profundo efeito sobre a consciência e a percepção.
Esses Videntes fizeram desses movimentos um de seus bens mais valiosos. Utilizando-os para entrarem
em novos estados de consciência, vitalidade e bem estar.
Durante a execução dos passes, a energia despertada com os movimentos é trazida de volta para os
centros de força do nosso corpo que são, segundo essa tradição: O Centro de Ação Imediata, localizado
sobre a área do fígado e vesícula biliar; Centro do Sentimento, sobre a área do baço e do pâncreas;
Centro da Ação Sustentada, localizado na área dos rins e das supra-renais; Centro para Decisões,
localizado no “V” na base do pescoço. O funcionamento adequado desses centros é o que gera o grande
bem estar proporcionado pelos passes.

A TENSEGRIDADE

Carlos Castaneda como Nagual dessa linhagem decidiu re-compilar todos os movimentos que havia
aprendido, em uma forma mais adequada ao nosso tempo. Ele codificou os movimentos por seus
efeitos e finalidade, em varias séries de forma que pudessem ser aprendidos com facilidade pelo
homem contemporâneo e os chamou de Tensegridade, termo retirado da arquitetura que significa a
capacidade de se obter dos materiais a máxima eficiência e resistência com o mínimo esforço.
Tensegridade é uma combinação de gestos, movimentos e respirações para nos ligar novamente à
energia do Infinito através do aumento de nossa própria energia.

Dentro da linhagem de Carlos Castaneda, a Tensegridade se tornou a cola que une e favorece a prática
das outras disciplinas dessa tradição.

Existem inúmeras séries de movimentos com várias finalidades. A primeira série, “Preparando a energia
para o Intento”, é uma combinação de quatro conjuntos de passes com a finalidade de preparar,
despertar, reunir, redistribuir e absorver a energia que antes estava estagnada em nossa aura e trazê-la
de novo aos nossos centros de força. Temos também outra série básica que são: “Os Doze Movimentos
para a Vitalidade e o Bem Estar” e várias outras.

Quando o xamanismo desponta com grande força como uma forma do homem moderno refazer sua
conexão com o sagrado, e várias da suas ferramentas para a harmonização, cura e desenvolvimento
pessoal, passam a ser utilizadas nos grandes centros, os Passes Mágicos e a Tensegridade aparecem
como um sistema de desenvolvimento psicofísico, capaz de ampliar nossa capacidade perceptiva, nos
fazer entrar em estados intensificados de consciência , silêncio interior, e desenvolver nosso corpo físico
e energético. Sendo de grande valia para todos os que se interessam em ampliar sua percepção das
dimensões ocultas da existência.
UM NOVO CICLO

Seguindo na direção que se delineou desde seus primeiros livros, e no rumo que sua linhagem seguiu
desde então, Castaneda percebe que sua função era atualizar seu conhecimento ao tempo presente.
Vendo que a forma anterior de sua linhagem havia chegado ao fim, resolve tornar publico a parte
prática dos ensinamentos que lhe foi passada por seu benfeitor, D. Juan Matus, inicialmente ensinando
a um pequeno grupo de discípulos diretos e posteriormente a grupos maiores na forma de seminários,
quando então publica o livro “Passes Mágicos- A sabedoria pratica dos Xamãs do México antigo”
dando início ao que ele chamou de “Novo Ciclo”, o ciclo dos Videntes Modernos.

Hoje, grupos de praticantes organizados em vários países se dedicam a praticar os Passes Mágicos e às
outras disciplinas dessa tradição e verificam a validade dessas ferramentas, utilizando-as para navegar
em sua jornada e aventura pessoal através do mundo e do misterioso mar da existência.

Nelson Neraiel é praticante de Tensegridade, estudante da obra de Carlos Castaneda, pesquisador do


Xamanismo e da Sabedoria Tolteca. Organiza grupos para pratica dos Passes Mágicos no Rio de
Janeiro e em outros estados.

e-mail: nelson.neraiel@ig.com.br
Cel.: 21-93673623.

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