You are on page 1of 48

SEMANA DO/A ESTUDANTE

de 11 a 17 de agosto

2008

JUV
ENT
UDE
E O
DIR
EITO
À D
IGNI
DADE

IDENTIDADE, PARTICIPAÇÃO E SENTIDO DA VIDA

Lema: Temos mil razões para viver


SEMANA DO/A ESTUDANTE
de 11 a 17 de agosto

2008

JUV
ENT
UD E E
O D
IREI
TO
À D
IGNI
DAD
E

IDENTIDADE, PARTICIPAÇÃO E SENTIDO DA VIDA

Lema: Temos mil razões para viver


EXPLICAÇÃO DO CARTAZ DA SEMANA DO
ESTUDANTE 2008

O Cartaz apresenta uma imagem de busca de dignidade


e de sentido para a vida, condizentes com o ideal cristão de vida.
Jesus Cristo afirmou que todos devem ter direito à vida em
plenitude (Jo 10,10).
Os jovens da imagem demonstram um olhar que busca
alternativas e a própria dignidade. Esta realidade reflete a
situação da maior parte dos jovens brasileiros atualmente.
Os clipes coloridos representam o dinamismo da
realidade estudantil e o ambiente escolar.
O girassol caracteriza a vida e a beleza da juventude, que
só serão vivenciados plenamente se os jovens tiverem a sua
dignidade garantida.
A Semana do Estudante de 2008 pretende refletir sobre
a defesa da vida da juventude e em alternativas para que os
jovens tenham direito à dignidade.

2
Introdução
Olá galera estudantil!

A Semana do/a estudante chega cheia de propostas


para sacudirmos as nossas escolas.
Em 2008, as atividades ocorreram de 11 a 17 de agosto,
com os seguintes tema, lema e eixos:

TEMA
“Juventude e o direito à dignidade”

O tema segue a perspectiva da Campanha da Fraternidade de


2008, com ênfase na defesa da vida da juventude.

LEMA
“Temos mil razões para viver”

É inspirado numa obra de D. Hélder Câmara que tem o mesmo


nome. (ver biografia do autor na pág. ...). Busca expressar o
dinamismo da juventude e sua busca de sentido para a vida. O
lema é o mesmo da Semana da Cidadania e do Dia Nacional da
Juventude de 2008.

EIXOS

1. Identidade: revela que os jovens, além de terem direito às


condições básicas de vida, devem ter a possibilidade de construir
a sua identidade, sendo valorizada como pessoa e como parte de
uma cultura a qual pertence.

3
2. Participação: reflete o potencial de transformação que a
juventude dispõe através de sua participação na mudança da
realidade. A participação social e coletiva é vista como alternativa
de mudança sócia quando ela toca vidas e gera consciência
crítica.
3. Sentido da vida: diante de um mundo de desilusões e de vazios
queremos refletir com os jovens sobre os seus sonhos e o sentido
de suas vidas. A Semana é uma atividade promovida pelas
Pastorais da Juventude do Brasil (PJB) e coordenada pela Pastoral
da Juventude Estudantil (PJE). Ela faz parte de um processo que
contempla mais duas atividades: a Semana da Cidadania (14 a 21
de abril) e o Dia Nacional da Juventude (19 de outubro) que
acontecem anualmente.
A semana do estudante é um exercício ousado de
cidadania. Ela se propõe a trabalhar a partir do protagonismo
estudantil para que o/a jovem estudante assuma o compromisso
de construir a educação e a sociedade que tanto quer e sonha a
partir do seu chão, que é a escola. O objetivo da Semana do/a
Estudante é ser sinal de esperança entre os jovens e as jovens. No
entanto, nos dias de hoje, ser sinal de esperança é, sobretudo
profetizar, denunciando as injustiças e anunciando a possibilidade
de construção de um novo mundo, forjado por todas as mãos e
fecundo de esperança.
Apresentamos essa cartilha para auxiliar na preparação
das atividades para a realização da Semana do/a Estudante. Ela
contém um texto de aprofundamento, três roteiros de encontros
com dinâmicas, uma celebração estudantil, além de sugestões de
atividades e dicas importantes para a sua realização.
Contamos com todos vocês para construir uma linda e
comprometida Semana do/a Estudante em todo o Brasil!

4
Sugestões
de atividades a serem realizadas

üPara a abertura da Semana do/a Estudante, podem ser


realizadas atividades culturais ( teatros, dança, shows
musicais) gincanas, caminhadas no bairro, convocando a
todos/as a participarem das atividades.
üMobilização para a nucleação de Grêmios Estudantis nas
escolas que ainda não os têm.
üMostra de cinema na escola, com filmes que abordem a
realidade brasileira, com enfoque na juventude.
üAtividades de esporte e lazer que envolvam toda a
comunidade educativa.
üSeminários estudantis, podendo envolver mais de uma escola
na sua realização.
üReuniões abertas à comunidade escolar (estudantes,
educadores, funcionários, moradores do bairro, família, etc.)
para a discussão das atividades ligadas ao Direito à
Dignidade.
üRealizar pesquisas na escola, no bairro ou na cidade para
obter dados sobre as condições sociais da juventude.
üPesquisar e montar uma rádio comunitária na escola, como
mídia alternativa, para pautar as questões da vida da
comunidade.
üCom base na pesquisa realizada, propor o desenvolvimento de
um projeto concreto que atenda as necessidades dos jovens
que têm o seu direito à dignidade negado.
üMissões jovens nas escolas públicas (para isso, pode-se
utilizar o material da Semana do/a Estudante 2003).
5
Dicas importantes
üEnvolver os estudantes na preparação e coordenação das
atividades da Semana do Estudante, garantindo o protagonismo
juvenil.
üAs atividades devem ser planejadas antecipadamente e
divulgadas pelos meios de comunicação (rádios, jornais, etc.),
por meio de faixa na frente da escola, assim como pelas
lideranças das turmas, grupos de jovens, grêmio estudantil, etc.
Garantiremos assim, a participação dos/as estudantes e o
apoio de toda a comunidade.
üEntrar em contato com a direção e educadores para apresentar
a programação e garantir o apoio e a boa realização da atividade
organizada.
üInvestir em alianças com o conselho de pais e mestres,
entidades estudantis, sindicato dos educadores, secretarias e
coordenadorias de educação.
üSugerimos alguns materiais que podem ser utilizados. Caso que
queira adquiri-los, entre em contato com a Secretaria Nacional
da PJE.

a) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


b) Recurso Áudio Visual interativo Geração da Paz: Em um mundo
de conflitos e violências.
c) Jornal Mundo Jovem.
d) Marco referencial da Pastoral da Juventude Estudantil.
e) Subsidio “Como iniciar grupos de Jovens nas escolas”.
f) Material da Semana da Cidadania 2008.
g) Material do Dia Nacional da Juventude 2008.
6
Histórico da Semana
do/a Estudante
A semana do/a estudante ocorre sempre na semana do dia 11 de
agosto, que é considerado historicamente o dia do/a estudante.
Desde 2003, as Pastorais da Juventude do Brasil organizam
atividade a ser realizada, em âmbito nacional, para celebrar essa
data e propiciar maior engajamento dos/ as estudantes no que diz
respeito às problemáticas de sua escola, do mundo da educação e
da sociedade. Abaixo estão os lemas e eixos trabalhados até
então:
2003

Lema: “A beleza de ser um eterno aprendiz”.


Eixos: Participação estudantil, Cultura e Lazer.

2004

Lema: “Caminhando contra o vento, eu vou...”


Eixos: Protagonismo estudantil, escola: espaço
de democracia.

7
2005

Lema: “Eu quero paz, que quero mudança”!


Eixos: Protagonismo Estudantil, Paz: fruto
da Educação e da Justiça Social.

2006

Lema: “A minha escola tem gente de verdade”!


Eixos: Protagonismo estudantil e segurança:
garantia dos direitos sociais.

2007

Lema: “Há que se cuidar da vida”!


Eixos: Preservação da (bio) diversidade,
Educação e Participação Estudantil: por
um mundo sem exploração.

8
Texto de aprofundamento
Juventude e o Direito à Dignidade

O direito à dignidade humana consiste em garantir vida


em plenitude a todas as pessoas, sem dividi-las em classe, etnia
ou gênero. No mundo, sobretudo no Brasil, o direito é entendido
como “aquilo que pune e que desta forma garante a segurança da
vida”. O principal desafio do direito é gerar sim segurança, mas
através da dignidade de todos e de todas. Compreender e pôr em
prática o direto como algo que garante a vida plena através do
acesso à educação, habitação, cultura, alimentação, comunicação
e aos outros meios é o nosso maior desafio.
Milhões de pessoas vivem na exclusão e na
invisibilidade. As 3 pessoas mais ricas do mundo possuem um
patrimônio superior à soma dos produtos de 48 países. No mundo,
morre uma criança por minuto. 85% da população brasileira vive
abaixo da linha da miséria. No Brasil, existem 40 milhões de
analfabetos/as. 7% da população brasileira chega à universidade.
E na universidade, apenas 2% dos/as estudantes são negros/as.
Devemos perceber que diante da desigualdade que vive
o mundo, os diferentes precisam ser tratados como diferentes. O
negro e a mulher, por exemplo, não são vistos como iguais pela
sociedade. “É preciso reivindicar a diferença quando a igualdade é
opressiva, e a igualdade quando a diferença é excludente”¹.
¹ Boaventura de Sousa Santos

9
Há séculos a história nos conta que sempre houve ricos e
pobres, senhores e escravos, amos e explorados. Mas qual será a
origem da desigualdade? Não seria o capitalismo, esse sistema
que esquarteja o que alcança e que nega as raízes do povo, que
propaga a injustiça, a fome e o medo?
Há 40 anos, em tempos de gritos silenciados e de
censura política, era morto pelas armas da ditadura cruel e
sangrenta brasileira um jovem estudante. “Para que não se
esqueça e para que nunca mais aconteça” é que lembramos do
mártir estudante Édson Luis, símbolo da resistência estudantil
que queremos ser. Hoje, em tempos de liberdade de expressão e
de globalização, a polícia já não precisa proibir o acesso à cultura,
à formação e à informação, os preços já as proíbem. No entanto,
os grandes meios de comunicação bombardeiam nossos lares e
nossas escolas fomentando o individualismo e o consumismo e
criminalizando, por exemplo, a intervenção dos movimentos
sociais e populares na luta por justiça e igualdade.
A participação social e coletiva é vista como alternativa
de mudança social quando ela toca vidas e gera consciência
crítica. A juventude tem um largo potencial de transformação, não
por ser o futuro do país, mas por ser o seu presente. Organizada, a
juventude pode fazer lutas concretas e gerar alternativas, forjando
uma educação e uma cultura libertadoras, uma economia
solidária, uma comunicação democrática, um movimento
estudantil que paute as injustiças sociais e que seja força na luta
pelos direitos da juventude e de todos os esfarrapados do mundo,
na construção de uma nação solidária e fraterna.
A educação pode ser uma ferramenta forte na garantia de
direitos e na construção da autonomia das pessoas para a
10
mudança social. Acreditamos na educação enquanto prática da
liberdade, que ensaia a vida, que respeita e vive a diversidade, que
dialoga porque aprende ao ensinar, que constrói o conhecimento
na partilha de saberes. Negamos a educação que não é forjada na
vida das pessoas, que se limita em impor o conhecimento exigido
nas provas de vestibular e que gera medo e impotência diante das
injustiças. O estudante, chamado/a de aluno/a (do latim alumnus,
que quer dizer ser sem luz) por esta educação, não encontra
perspectiva de transformação da sociedade e se sente apenas
culpado pela realidade e pela história, muitas vezes mentirosas,
que lhes são contadas nas salas de aula.
Acreditamos, sobretudo, na possibilidade de mudarmos
o rumo dessa história, sendo profetas. Profetizar é denunciar as
injustiças que ferem nossos olhos e as vidas oprimidas e anunciar
a possibilidade de fazer hoje o outro mundo acontecer. Falar de
dignidade é crer que esse mundo só será possível se todos e
todas, juntos assumirem a Vida como causa maior, co-
responsabilizando-se pela prática que gera e garante a vida. E é por
isso que, motivados/as pela esperança, entoamos o grito
proposto pelo querido profeta D. Hélder Câmara: Temos mil razões
para viver!

Bibliografia

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido Editora Paz e Terra.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra.
GALEANO Eduardo. O teatro do bem e do mal. Editora L&PM Pocket.
Marco referencial da PJE - Nossa vida, nossos Sonhos.

11
Eixos: Juventude e Direito à dignidade:
Identidade, Participação e Sentido da vida.
Lema: Temos mil razões para viver

Roteiros para Encontros de Grupo

Para realização dos encontros, sugerimos que os ambientes e


materiais sejam pensados com antecedência. Sugerimos também
que o/a educador ou assessor leia atentamente o Texto de
Aprofundamento deste material e destaque os principais aspectos
com os/as estudantes, caso os/as estudantes não leiam o Texto
integral.

12
Primeiro Encontro
- Sentindo na pele -

Objetivo
Sensibilizar os adolescentes e jovens para a realidade juvenil e
para a necessidade de indignar-se diante dos acontecimentos e
fatos que atentam contra o direito à dignidade de todas as
pessoas, suas culturas e etnias.

Ambiente
Na preparação do ambiente do encontro sugerimos:

üQue sejam coladas folhas de jornais nas paredes com notícias


sobre o país e, especialmente, sobre a juventude. Quanto mais
cobrir as paredes da sala de aula, melhor. É importante que as
notícias falem de aspectos bons e não tão bons da realidade,
com a finalidade de amostrar os contrastes entre o conceito de
desenvolvimento do país e as desigualdades existentes.
üFazer um cartaz com o fragmento (está em negrito) do texto ”Do
assassinato de Galdino Jesus dos Santos Índio Pataxó”, de
Paulo Freire.
üOutros materiais que serão necessários: rádio; Cd com a música
“O meu país”, de Zé Ramalho; Cópias da letra da música para
todos/as os/as estudantes; Papel pardo ou tecido para pintura
de painel; Tintas coloridas; Canetas hidrocor para “tatuar” no
corpo.

13
DINÂMICA DO ENCONTRO

1º Momento
Tendo preparado o ambiente com antecedência, fazer uma boa
acolhida dos/das participantes. Pode ser pensado algum gesto,
canto ou refrão enquanto é feita a acolhida.

2º Momento
Ler o fragmento da Terceira Carta Pedagógica Do assassinato de
Galdino Jesus dos Santos índio pataxó, Paulo Freire (Pedagogia
da Indignação). Seria aconselhável que um/a jovem ou o/a
professor/a tivesse tempo para preparar bem a leitura.

Assassinato de Galdino Jesus dos


Santos - Índio Pataxó
Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um
índio pataxó, que dormia tranqüilo, numa estação de ônibus, em
Brasília. Disseram à polícia que estavam brincando. Que coisa
estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio
como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável. Para
sua crueldade e seu gosto da morte, o índio não era um tu ou um
ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior no
mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva.
É possível que, na infância, esse malvados adolescentes
tenham brincado, felizes e risonhos, de estrangular pintinhos, de
atear fogo no rabo de gatos só para vê-los aos pulos e ouvir seus
miados desesperados, e se tenham também divertido
14
esmigalhando botões de rosa nos jardins públicos com a mesma
desenvoltura que rasgavam, com afiados canivetes, os tampos
das mesas de sua escola. E tudo isso com a possível
complacência quando não com o estímulo irresponsável de seus
pais.
Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar
gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma
profunda perplexidade, espantado diante da perversidade
intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em
que decresceram em lugar de crescer.
Penso em suas casas, em sua classe social, em sua
vizinhança, em sua escola. Penso, entre outras coisas mais, no
testemunho que lhes deram de pensar e como pensar. A posição
do pobre, do mendigo, do negro, da mulher, do camponês, do
operário, do índio neste pensar. (...) Adivinho o reforço deste
pensar em muitos momentos da experiência escolar em que o
índio continua minimizado. (...) Imagino a importância do viver fácil
na escala de seus valores em que a ética maior, a que rege as
relações do cotidiano terá inexistido quase por completo. Em seu
lugar a ética do mercado, do lucro. As pessoas valendo pelo que
ganham em dinheiro por mês. (...)
(FREIRE, Paulo - Pedagogia da indignação, Editora Unesp, 2004)

3º Momento
Técnica “Tô vendo tudo, mas bico calado, faz de conta que sou
mudo”.

a) Motivar os/as participantes para que escutem, com atenção, a


15
música “O meu país”, do compositor Zé Ramalho.
b)Entregar uma cópia da letra da música e solicitar que destaquem
na folha as informações que mais lhes chamam a atenção e
causam indignação.
c) Partilhar com o grupo quais são os destaques que apareceram.
d) Com a finalidade de valorizar as reações do grupo, ir criando no
papel pardo os “traços da indignação juvenil”, através da escrita
das falas individuais.
e) Como resposta a este momento cantar o refrão: “Tô vendo
tudo, tô vendo tudo. Mas, bico calado, faz de conta que sou
mudo”.

4º Momento
Sensibilizar para que os participantes olhem com mais atenção
para as duas realidades trazidas pelo texto do Paulo Freire e pela
música do Zé Ramalho:

a) Quais elementos da realidade juvenil e brasileira são apontados


pelo texto e pela música? Lembramos de outros fatos que
aconteceram e que apresentam semelhanças com as realidades
trazidas pelo texto e pela música?
b) O que entendemos por: - Dignidade? Indignação?
c) O que significa “desgentificar-se”, conforme Paulo Freire?
d) Como podemos sensibilizar a juventude?

Motivar para que haja uma rápida partilha sobre as questões


apresentadas anteriormente.

5º Momento
Iluminar com o texto bíblico estas realidades e as reações que
temos diante das realidades apresentadas. Para isso, ler o texto
de João 8, 1-11 (Jesus não veio para condenar) e ajudar a refletir:
16
a) Qual é a ligação da realidade que vivemos e o texto bíblico?
b) Que atitudes Jesus teria em nossos dias?
c) Que atitudes precisamos ter para ser coerentes com a proposta
de Jesus Cristo?

6º Momento
Sensibilizar para a atitude que se deve ter diante das realidades
com as quais nos defrontamos diariamente. Não é possível ficar
parado, calado, indiferente... Quando se vê tudo, não é permitido
ficar mudo. Por isso, depois deste debate, buscar colocar em seu
próprio corpo (incorporar), através de “marcas” (tatuagens) os
pensamentos sobre o direito que todos/as que temos, enquanto
gente, a uma vida digna. Esta “tatuagem” pode ser feita com
caneta hidrocor ou tinta pinta cara (rosto, braços, pernas). Desta
forma, será possível “marcar simbolicamente” a indignação e a o
desejo de sensibilizar outras pessoas para a não-acomodação
diante de situações injustas e contrárias aos valores propostos
por Jesus Cristo.

Depois dos corpos “tatuados”, convidar os/as participantes a


caminhar pela sala e ler o que cada colega escreveu.

Mística Final
Os /as participantes são convidados/as a se reunir, abraçados no
centro da sala. Aos poucos os símbolos e materiais utilizados no
encontro são colocados no meio do grupo reunido. Pode-se cantar
um refrão para criar um clima de tranqüilidade. Dois jovens (casal)
podem proclamar o “Creio”. Cada frase é repetida pelo grupo em
forma de salmo (oração). Ao final pode se rezar o Pai-nosso como
oração do compromisso com as realidades juvenis, com as
pessoas que sofrem com as marcas das desigualdades e que
vivem sem perspectivas.

Finalizar o encontro com o abraço da paz.


17
O meu país (Zé Ramalho) Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que
sou mudo
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Tô vendo tudo, tô vendo tudo Mas não é, com certeza, o meu país
Mas, bico calado, faz de conta que
sou mudo Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não
Um país que crianças elimina respeita
Que não ouve o clamor dos Um país que ainda morre de maleita
esquecidos Por atraso geral da medicina
Onde nunca os humildes são Um país onde a escola não ensina
ouvidos E hospital não dispõe de raios X
E uma elite sem Deus é quem Onde a gente dos morros é feliz
domina Se tem água de chuva e luz do sol
Que permite um estupro me cada Pode ser o país do futebol
esquina Mas não é, com certeza, o meu país
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz Tô vendo tudo, tô vendo tudo
E massacram-se o negro e a mulher Mas, bico calado, faz de conta que
Pode ser o país de quem quiser sou mudo
Mas não é, com certeza, o meu país Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que
Um país onde as leis são sou mudo
descartáveis
Por ausência de códigos corretos Um país que é doente e não se cura
Com quarenta milhões de Quer ficar sempre no terceiro
analfabetos mundo
E maior multidão de miseráveis Que do poço fatal chegou ao fundo
Um país onde os homens confiáveis Sem saber emergir da noite escura
Não têm voz, não têm vez, nem
diretriz Um país que engoliu a compostura
Mas corruptos têm voz e vez e bis Atendendo a políticos sutis
E o respaldo de estímulo em comum Que dividem o Brasil em mil brasis
Pode ser o país de qualquer um Prá melhor assaltar de ponta a
Mas não é, com certeza, o meu país ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Um país que perdeu a identidade Mas não é, com certeza, o meu
Sepultou o idioma português país.
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Um país que não tem capacidade Mas, bico calado, faz de conta que
De saber o que pensa e o que diz sou mudo (2x)

18
Creio
Eu creio na espiritualidade encarnada da juventude militante, da
Igreja povo que assume a causa dos excluídos e que brota da raiz
do Evangelho;
Eu creio na Igreja como casa de todos, onde todos têm voz e vez
para discutir e opinar;
Creio numa Igreja testemunha e sinal de Jesus Cristo e seu
projeto, transformadora e comprometida com a mudança, com
uma espiritualidade vivida em comunidade de forma jovem e
verdadeira;
Eu creio no Cristo libertador, naquele que morreu por nós e lutou
por seu ideal para nos salvar;
Creio no Espírito que vive em nós para termos coragem e força no
nosso viver;
Eu creio na Igreja renovadora que luta para mudar o mundo e na
espiritualidade que busca um Cristo vivo, cheio de vida,
trabalhador, que não tem medo da luta;
Creio em Jesus místico, humano, em sua proposta de vida, justiça
e igualdade, em seu convite missionário comprometedor com sua
causa;
Creio que Cristo revolucionou seu tempo e exige uma revolução
dentro de nós, dentro de meu grupo e de meu país;
Creio que Ele tem especial carinho pelos pobres sem desprezar os
ricos;
Creio na Igreja que busca a libertação integral da pessoa humana,
que encarna o projeto de Deus em sua ação e que é sinal visível do
Novo Reino;
Amém.

19
Segundo Encontro
- Direito de ser e de participar -

Objetivos
üRefletir sobre a importância de assumir-se como protagonista
da história na busca do bem comum, como possibilidade de dar
sentido à vida.
üDespertar a solidariedade, um valor indispensável à vida
humana.

Ambiente
Na preparação do ambiente do encontro estar atento/a para:

üQue sejam providenciadas fotos e/ou gravuras com rostos de


jovens e/ou jovens em atividades de grupos ou individuais junto
a outras pessoas. Estas fotos e/ou gravuras devem ser
deixadas no ambiente do encontro. Outros símbolos de
participação e protagonismo também podem ser utilizados.
üOutros materiais que serão necessários: rádio; Cd com a
música “Girassol”, do Cidade Negra; cópias da letra da música
para todos/as os/as estudantes; cópia da música “Comece”
Jorge Trevisol; Papel cartaz e pincéis atômicos.

20
DINÂMICA DO ENCONTRO

1º Momento
Tendo preparado o ambiente com antecedência, fazer uma boa
acolhida dos/das participantes, entregando a cópia da letra da
música “Girassol”, do Cidade Negra enquanto ela é ouvida e
cantada neste momento inicial.

2º Momento
É importante lembrar de fazer uma breve motivação para a
temática do encontro e, depois, ler a história de Peterson Xavier,
retirado do site do Museu da Pessoa (www.museudapessoa.net)
que aborda o tema da participação juvenil.

Peterson Xavier Quixote de La Mancha

Dia 11 de outubro de 2000, eu e mais cerca de 150


jovens internos da Febem nos preparávamos para encenar o
clássico de Miguel de Cervantes: “Dom Quixote”. A ansiedade e o
nervosismo misturavam-se à fúria que sentíamos por tanta
humilhação que passamos para estar ali: escolta policial que nos
tratava como se fôssemos bicho, funcionários da Febem que
faziam piadas sobre nossa participação no teatro, entre outros
atritos, mas incrivelmente nenhum de nós aceitou provocação.
Enfrentamos nossos moinhos de vento dignamente.
Todos prontos, o espetáculo irá começar, vozes de
diferentes tons, cores e textura povoam a platéia de 1200 lugares
do teatro do memorial da América Latina. A música inicia e com ela
21
o espetáculo. Minhas pernas tremiam. Afinal eu era encarregado
do protagonista da peça. Deram minha deixa. Eu entrei. A voz
libertou-se quase que inconscientemente. Não consigo lembrar de
muitos detalhes, mas lembro que naquele pedaço de tablado, sob
as luzes dos refletores, eu era livre.
Começou então a música final. Era o fim do espetáculo.
Uma multidão de jovens invadiu o palco, dançando e cantando.
Via-se que a platéia estava receosa esperando pelo pior, pois o
que todos esperam da Febem são monstros e não artistas. Os
familiares que estavam presentes na platéia subiram ao palco,
choros, risos e parabéns encheram o ar de sons. Ao canto vi um
homem, uma moça com um menino no colo. Era Gabriel, meu filho,
meu Sancho pança. Uma voz me fala ao ouvido: “olhe por esse
menino, pense nele”. Palavras da diretora do espetáculo, Valeria
Di Pietro, e isso ficou em minha cabeça.
Despedi-me dos meus e voltei para Febem para terminar
de cumprir a minha pena. Naquela noite eu e mais um amigo
achamos que iríamos conversar durante horas, mas a voz não
falou e sim o silêncio, o mais puro silêncio, um silêncio preenchido
de todos os sentimentos. Cerca de 1 mês e meio depois, eu recebi
minha liberdade a uma semana de outra apresentação. Queria
sentir aquilo novamente. Então voltei no dia seguinte para a
Febem, para um novo ensaio. Em casa, a exclamação: “você é
louco, menino, acabou de sair e quer voltar novamente para aquele
inferno?”.
Bom, acho que sou louco, assim como dom Quixote, saio
pelo mundo afora para lutar pelo meu sonho, eu, o dom Quixote
das ruas, acompanhado pelo meu pequeno Sancho e seu irmão,
eu o dom Quixote educador com espada e escudo derrotando
22
3º Momento
Após a escuta da história do Peterson, propor ao grupo que refaça
a “contação de história” com suas palavras, buscando reavivar na
memória a experiência de participação do jovem Peterson. A
história de Peterson precisa ressoar em cada um/a...

4º Momento
Após a memória individual e coletiva, reescrever essa história com
própria história dos/as jovens participantes do encontro. Algumas
questões podem ajudar na escrita:

a)Se você pudesse comparar a sua vida com a de alguém ou algum


personagem, qual seria?
b) Eu já tive a oportunidade de participar, a exemplo do Peterson,
de alguma organização ou evento que despertasse o meu
protagonismo?
c) Qual a relação da história do Peterson com o direito à dignidade
da juventude?
d)Essa história me mobiliza a fazer algo pela juventude? O que?

Motivar para que haja a partilha das histórias pessoais de


protagonismo e participação. Se o grupo for grande, a partilha das
histórias pode ser feita em pequenos grupos. É essencial que haja
escuta atenta de todas as histórias, porque toda forma de
participação deve ser conhecida e valorizada.

5º Momento
Buscar a iluminação bíblica e ver como a Palavra de Deus pode ser
“lâmpada para os passos” na busca de mais protagonismo e
participação. Para isso, utilizar o texto de Marcos 5, 21-43 (Jesus
e a história de fé e participação de duas mulheres):
23
a) Qual é a ligação da realidade que vivemos e o texto bíblico?
b) Que atitudes Jesus teria nos dias atuais?
c) Como você pode “fazer a diferença”, a exemplo de Jesus, na
promoção da pessoa humana e na construção de relações mais
humanas e que ajudam as pessoas a despertarem e serem
curadas da acomodação?

6º Momento
Sensibilizar os/as jovens para pensar um pouco sobre as
questões abaixo:

a) Levando em conta o direito à dignidade da juventude, qual é a


importância do jovem se assumir como jovem?
b) Levando em conta o direito à dignidade da juventude, qual é a
importância de buscar o bem comum através de uma organização
juvenil?

Motivar para a construção de um cartaz com as respostas que


forem dadas às questões anteriores. Usar a criatividade dos/as
participantes para que o cartaz possa se transformar no símbolo
do tema dos debates e das reflexões deste encontro.

Mística Final
Os/as participantes são convidados/as a fazer preces
espontâneas considerando as reflexões feitas e o que foi
aparecendo no cartaz. Para finalizar pode ser cantada a música
“Comece”, de Jorge Trevisol.

24
Girassol (Cidade Negra) Tchu ru ru ru ru ru ru ru
Tchu ru ru ru ru ru
Todo dia, toda hora
na batida da evolução
harmonia do passista
A favor da comunidade vai encantar a avenida
Que espera o bloco passar e todo o povo vai sorrir, sorrir,
Ninguém fica na solidão sorrir.
Embarca com suas dores e todo o povo vai sorrir.
Prá longe do seu lugar
A verdade prova que
A favor da comunidade o tempo é o senhor
Que espera o bloco passar dos dois destinos
Ninguém fica na solidão dos dois destinos
O Bloco vai te levar
Ninguém fica na solidão Já que prá ser homem
tem que ter a grandeza
A verdade prova que de um menino de um menino
o tempo é o senhor
dos dois destinos No coração de quem faz a
dos dois destinos guerra
nascerá uma flor amarela
já que prá ser homem como um girassol
tem que ter a grandeza como um girassol
de um menino de um menino como um girassol... amarelo!
amarelo!
No coração de quem faz a como um girassol
guerra como um girassol... amarelo!
nascerá uma flor amarela amarelo!
como um girassol
como um girassol Tchu ru ru ru ru ru ru ru
como um girassol... amarelo! Tchu ru ru ru ru ru
amarelo!

Tchu ru ru ru ru ru ru ru
Tchu ru ru ru ru ru

25
COMECE
Jorge Trevisol

1. Comece a pensar, em tudo que é preciso e possível mudar.


Tentando entender, que a história que se faz. Não vai voltar, nem
retroceder. Pergunte o por quê de tanta força perdida, sem poder
recolher. Saber ajuntar e ter nas mãos o poder e o gosto de ser, de
se transformar ô, ô, ô. De recomeçar.

Comece a criar, fazer um mundo mais humano e feliz. Não


deixe morrer a flor que surgiu no meio da dor. É vida e amor, é
fruto de paz, é justiça criança, é a esperança que se faz.

2. Comece a gritar aos quatro ventos do mundo que você pretende


lutar. Tentando dizer que o tempo que se tem aos poucos se vai e
não voltará, isto pode doer e até sangrar a ferida e o preço do
amor. Jamais se calar, fazer a verdade romper, brotar e crescer, é
dar atenção ô, ô, ô. Ao seu coração.

26
Terceiro Encontro
- Participação que dá sentido à vida -

Objetivos
Discutir o sentido da vida de cada um e cada uma e perceber que a
dignidade que dá sentido é aquela que é vivenciada e partilhada
em favor de outras vidas.

Ambiente
Preparar o ambiente do encontro e prever que haja flores, panos
coloridos e imagens de pessoas para sintonizar com a temática do
encontro.

Outros materiais: rádio; Cd com a música “Tempos Modernos”, do


Lulu Santos; cópia da música “Cio da Terra” - Milton Nascimento;
sementes para plantar; vasos de terra ou se houver a
possibilidade, um espaço (jardim, pátio, horta) no local do
encontro para o momento de plantar as sementes, canetas e
pedaços de papel para cada participante.

DINÂMICA DO ENCONTRO

1º Momento
Acolhida: Música Tempos Modernos - Lulu Santos (Música da
Semana do/a Estudante 2008).

27
2º Momento
Motivar a imaginação dos/as jovens com a seguinte história:

“Acordei num dia mais claro que o normal. Mais


silencioso que o normal. Como de costume, me vesti para a aula,
fui tomar café quando percebi que estava só em casa. Estranhei,
mas fui pra aula do mesmo modo. Na rua, não havia ninguém, nem
na escola. Aí me preocupei. Pensei: “o que pode ter acontecido?”
Comecei a levantar as mais loucas hipóteses: será que houve
uma invasão alienígena e capturaram todos da cidade? Será uma
peste? Será uma ameaça nuclear? Um asteróide? Uma
desapropriação de toda a cidade?
Voltei pra casa, sem entender. Liguei a Tv. Estava fora do
ar. O Rádio também não pegava. Não havia chegado o jornal
daquele dia. “O que é isso?” Eu me perguntava. Será que o mundo
inteiro desapareceu e só eu sobrevivi? Como pode? Pensei por um
instante que poderia invadir os mercados e as lojas de doces e
comer à vontade. Pensei em adentrar bancos, casas, lojas. Mas,
não, isso não faria sentido. Para que iria pegar dinheiro se não
tenho de quem comprar qualquer coisa? Pra que iria vasculhar as
casas, tomar objetos, se não tenho alguém para compartilhar
essas coisas? Também já não fazia sentido estudar ou
trabalhar... Afinal com quem eu compartilharia o conhecimento ou
em favor de quem eu poderia trabalhar a não ser de mim mesma?
“Para onde foram as pessoas?” Me desesperei. Decidi
rodar pelas cidades vizinhas, pra ver se encontrava sinais de vida.
Nada. De repente, ouço uma música estranha, meio mecânica.
28
Olho para os lados sem compreender. Até que sinto um toque nos
meus braços: era a minha mãe me sacudindo. Era o despertador
tocando. Hora de acordar. Tudo não passava de um sonho ruim.”

(Texto enviado por uma jovem militante da PJE, 16 anos)

3º Momento
Em duplas ou pequenos grupos, conversar sobre:

O que faríamos se nós fôssemos a protagonista dessa história?


Levando em conta a história, que sentido tem a vida dos outros
para nós?
Quais as razões que temos para viver?

Motivar para que haja a partilha no grupo sobre o que foi


conversado.

4º Momento
Iluminar a reflexão sobre o sentido da vida e a importância de
vidas em prol da outras vidas com o texto do semeador (Lucas 8,
5-8):

a) Qual o simbolismo: das sementes, do semeador, dos vários


terrenos?
b) Quais os tipos de sementes que são produzidas em nossas
relações cotidianas e que são geradoras de dignidade?
c) Quais os sonhos que cultivamos e as mil razões que temos para
viver?

29
5º Momento
Distribuir as sementes para cada participante e sensibilizar para o
plantio no espaço físico ou nos vasos. As sementes juntamente
com o gesto de plantá-las ajudam a refletir sobre o sentido que
queremos dar à nossa vida, a partir da dinâmica da terra
(importância, cuidado, fecundidade, a multiplicação, o alimento). É
importante que todos/as se comprometam com as sementes que
foram plantadas, que as cuidem, para que floresçam.

Mística Final
Finalizar com a música “Cio da Terra”, abraçados como sinal do
compromisso coletivo com a vida sonhada, semeada e assumida.

30
O Cio da Terra (Milton Nascimento) Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão

31
Celebração Ecumênica Estudantil
“Mil razões pra viver”

Orientações Gerais
1) Ler toda a proposta da celebração e ter o cuidado de prepará-la
com antecedência.
2) É importante que nesta celebração haja convite para outros
jovens estudantes, pais, educadores.
3) Motivar para que os participantes tragam algo para ser
partilhado no final da celebração.
4) Pensar no compromisso coletivo que será assumido no final da
celebração. Isso deve ser feito em cada escola ou grupo.
5) Que seja a celebração da esperança entre os jovens e as
jovens. Que tenha a marca do profetismo, da denúncia, do
anúncio da possibilidade de construção de um novo mundo,
forjado por todas as mãos e fecundo de esperança.

Ambiente
üProvidenciar painel branco, tinta colorida, girassóis, Bíblia,
imagem de Dom Hélder e outros símbolos da caminhada.
üTer o cuidado para não “poluir” a ambiente com muitos
elementos. Cuidar para que os participantes estejam em
círculo.

Outros materiais: pergaminho com o texto do Hélder; folha com


cantos necessários para a celebração; rádio; Cd com a música
instrumental; sementes ou flores de girassol para distribuir no
final.
32
Acolhida
Entoa-se o mantra:

Caminhamos pela luz de Deus,


Caminhamos pela luz de Deus.
Caminhamos sempre, caminhamos, ôôô.
Caminhamos pela luz de Deus.

Dois jovens poderão acolher os participantes da celebração.

Abertura
Música de fundo (instrumental), entrada de dois jovens com
girassóis, anunciando alguns artigos do “Estatuto da Pessoa
Humana”, de Thiago de Mello. Os participantes são convidados à
celebração e recebem as boas vindas.

Estatuto da Pessoa Humana - Thiago de Mello

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida,
e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis
em todas as janelas, que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem
permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde
onde cresce a esperança.
33
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática
sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão
juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente
dajustiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira
generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Recordação da Vida
Memória da caminhada (dos três encontros): “Sentindo na minha
pele” (1º encontro), “Direito de ser e de participar” (2º encontro) e
“Participação que dá sentido à vida” (3º encontro). Três jovens
preparam esta retomada com antecedência e a realizam de forma
breve e criativa. Podem ser escolhidos três refrões que ajudem a
resgatar aspectos dos encontros.

Hino
Orientação: todos devem receber cópia da música e, se possível,
ensaiar antes e motivar para que a música sirva para “sintonizar”
com o momento de celebração.

34
Tempos Modernos (Lulu Santos) Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...

Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...

Eu quero crer
No amor numa boa

Que isso valha


Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor


Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
35
Palavras da Vida
Preparar a entrada solene e festiva das Palavras de Vida. Dois
jovens trazem o pergaminho com o texto de Dom Hélder e a Bíblia
que serão colocadas no centro do ambiente. Será uma acolhida
festiva, com canto (à escolha da equipe de preparação) e dança,
cores e alegria juvenil.

Leitura das palavras de Dom Hélder Câmara

“Não devemos temer a utopia. Ao sonharmos sozinhos,


limitamo-nos ao sonho. Quando sonhamos em grupo, alcançamos
imediatamente a realidade. A utopia compartilhada com milhares
é o esteio da História.
Também não devemos ter medo de ser apenas uma gota
d'água. É a reunião das gotas que põe em movimento os riachos,
os rios, os oceanos, e temos que levar em conta o fato de que as
nascentes não reúnem um grande número delas.
Não devemos temer por nossa impotência diante da
força todo-poderosa dos capitães de indústria, dos financistas e
dos governos. Eles passam, e os povos ficam; um dia se darão
conta de que não podem ignorar o que verdadeiramente interessa
a estes.
Não devemos ter medo de passar por ingênuos diante
dos sábios e dos especialistas. O que são eles senão ingênuos
que se dedicaram ao estudo e à pesquisa? Foi o que lhes permitiu
elaborar e propor teorias. Mas convém refletir que não é
indispensável formular teorias para conceber e praticar a justiça e
a solidariedade.
Há muito tempo percebi que a contradição ajuda mais
que o elogio. Ela encoraja a humildade, sem a qual não se dá um
36
passo no caminho traçado por Nosso Senhor. Precisamos
entender a contradição como uma vacina contra o orgulho. Temos
que aceitar a calúnia e principalmente a calúnia à qual não
possamos responder - como uma das maneiras de que o Senhor
lança mão para nos estimular a ir mais longe e mais fundo nessa
busca da pobreza.
Na humildade e na pobreza, só nos restará colocarmo-
nos à disposição do Senhor para que, com a inteligência, a
sabedoria, a força, a prudência que Ele nos transmitiu com Seu
Espírito, Ele convença nossos contraditores de seus próprios
equívocos e faça com que se calem nossos caluniadores. Como
todos vocês bem sabem, o Senhor é sempre capaz das mais
surpreendentes maravilhas!”

Palavras de nosso irmão na fé, Hélder Câmara.

Cantar o refrão do canto “Comece” - Jorge Trevisol:

Comece a criar, fazer um mundo mais humano e feliz. Não deixe


morrer a flor que surgiu no meio da dor. É vida e amor, é fruto de
paz, é justiça criança, é a esperança que se faz.

Proclamação do texto do Evangelho: Lucas 4, 14-21 (resumo da


missão de Jesus).

Prever um momento para partilha sobre as Palavras de Vida.


Motivar para que durante a partilha, os jovens pintem no painel,
com as tintas coloridas as suas “Mil razões para viver”. É
interessante deixar exposto na escola ou no bairro este painel.
Algumas questões:
37
1) Qual a mensagem central para a vida e a caminhada dos jovens
estudantes?
2) Quais as provocações que ajudam a encontrar e assumir as mil
razões para viver?
3) Que compromissos podem ser assumidos, individual e
coletivamente com a construção do Novo Mundo, da Civilização do
Amor nas realidades estudantis?

Canto de Resposta
Como resposta às Palavras de Vida entoar o canto “Aquarela” -
Toquinho e Vinicius de Moraes

Compromisso
Ler o trecho de Dom Hélder como motivação inicial para o
compromisso a ser assumido: “Que toda palavra nasça da ação e
da meditação. Sem ação ou tendência à ação ela será apenas
teoria que está levando os jovens ao desespero. Se ela é apenas
ação sem meditação ela acabará no ativismo sem fundamento,
sem conteúdo, sem força”.

Fórmula do compromisso coletivo


Orienta-se que em cada escola ou grupo se elabore um
compromisso que será assumido por todos em prol da construção
da dignidade da vida, especialmente dos/as jovens:

- Nós, jovens estudantes..... (citar o grupo ou escola), temos mil razões


para viver e, por isso, assumimos o compromisso de... (redação
conforme cada realidade). Para finalizar pode ser rezado o Pai Nosso
Ecumênico.
38
Rito da Benção e Festa
Convidar um jovem e uma jovem para pronunciar a Bênção de
Despedida:

Que a terra abra caminhos sempre à frente dos teus passos. E


que o vento sopre suave os teus ombros. Que o sol brilhe
sempre cálido e fraterno no teu rosto. Que a chuva caia suave
em teus campos. Que a tua sabedoria nos faça encontrar
sempre mil razões para viver. E até que nos tornemos a
encontrar, Deus te guarde no calor do teu a abraço. E, até que
nos tornemos a encontrar, Deus nos guarde no calor de nosso
abraço. Amém, Aleluia, Awerê, Axé!

Motivar para que haja o abraço da paz. Convidar que haja a


partilha do que foi trazido pelos participantes.

39
De uma América a outra
Aquarela (Toquinho e Vinícius) Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
Eu consigo passar num
segundo
É fácil fazer um castelo... Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o
Corro o lápis em torno mundo...
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover Um menino caminha
Com dois riscos E caminhando chega no muro
Tenho um guarda-chuva... E ali logo em frente
A esperar pela gente
Se um pinguinho de tinta O futuro está...
Cai num pedacinho
Azul do papel E o futuro é uma astronave
Num instante imagino Que tentamos pilotar
Uma linda gaivota Não tem tempo, nem piedade
A voar no céu... Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Vai voando Muda a nossa vida
Contornando a imensa E depois convida
Curva Norte e Sul A rir ou chorar...
Vou com ela
Viajando Havaí Nessa estrada não nos cabe
Pequim ou Istambul Conhecer ou ver o que virá
Pinto um barco a vela O fim dela ninguém sabe
Branco navegando Bem ao certo onde vai dar
É tanto céu e mar Vamos todos
Num beijo azul... Numa linda passarela
De uma aquarela
Entre as nuvens Que um dia enfim
Vem surgindo um lindo Descolorirá...
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo Numa folha qualquer
Com suas luzes a piscar... Eu desenho um sol amarelo
Basta imaginar e ele está (Que descolorirá!)
Partindo, sereno e lindo E com cinco ou seis retas
Se a gente quiser É fácil fazer um castelo
Ele vai pousar... (Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Numa folha qualquer Num círculo eu faço
Eu desenho um navio O mundo
De partida (Que descolorirá!)...
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
40
Nota Biográfica de Dom Hélder Câmara -
Por Nicolau Paiva

Nasceu menino pobre aos sete de fevereiro de


1909, em Fortaleza, Ceará. Seu pai foi João
Câmara Filho (guarda-livros) e sua mãe,
Adelaide Pessoa Câmara (professora primária).
Seus irmãos são treze, mas apenas sete
conseguem sobreviver, pois os outros seis
morrem de epidemia. O pequeno Hélder foi
criado num ambiente familiar de muito respeito e simplicidade e
teve uma condição social média.
A mãe chamava-o de José, mas seu nome de batismo
ficou Hélder para atender os desejos do pai, que quis dar ao
menino o nome de um posto holandês. O batismo aconteceu no
dia 31 de março de 1909, na capela da Santa Casa de
Misericórdia. O oficiante foi o Monsenhor José Menescal. Os
padrinhos foram Diva Pamplona (irmã de João) e o vice-presidente
do Estado, Maurício Gracho Cardoso. Aos oito anos (1917), faz a
primeira Eucaristia e, aos 14 anos (1923), ingressa no Seminário
Diocesano de Fortaleza.
Sobre esse momento de sua vida, Dom Hélder guardou
as seguintes palavras de seu pai, que, embora não sendo muito
ligado à religião, falou-lhe: “Meu filho, você sabe o que é ser
padre? Padre e egoísmo nunca podem andar juntos. O padre tem
que se gastar, se deixar devorar.” Aos 27 anos (1936), já padre,
Hélder transfere-se para o Rio de Janeiro e, aos 43 anos (1952), é
eleito e consagrado bispo, mas é somente em 1955 que ele é
promovido a Arcebispo de São Luiz do Maranhão. Escolheu como
41
lema episcopal: In manus tuas (nas tuas mãos), para indicar que
sua vida e caminhada estariam entregues nas mãos de Deus.
Aos 55 anos (1964), Dom Hélder Câmara é nomeado
Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife. Frase do próprio
Hélder: “O Ceará me preparou para o Rio e o Rio me preparou para
o Recife”.
A chegada de Dom Hélder a Recife coincide com o golpe
militar de 1964. Por discordar, acabou se transformando no
“arcebispo esquerdista”. Para os pobres do massacrado
Nordeste brasileiro, Dom Hélder foi o “bispo dos favelados”, o
“bispo despojado” entregue nas mãos de Deus. Ele dizia:
“Gostaria de ser uma simples poça d'água para refletir o céu”. Foi
homem de muita oração e visão profética, que estava sempre
aberto às mais diferentes necessidades. “A voz dos que não
tinham voz”.
Dom Hélder foi dedicado às coisas práticas da vida.
Porém, não deveríamos ver isso por um lado puramente material,
e, sim, no sentido evangélico do amor ao próximo e do amor a
Deus através do próximo, pois ele foi profundamente mergulhado
numa espiritualidade de alguém que se doa, que não se pertence
e que não tem o direito de ser egoísta. Sobre Dom Hélder Marcelo
Barros escreveu o seguinte: “Ele, que nunca reteve para si o
poder, viveu os seus últimos anos e morreu como o pobre que
sempre quis ser”.

42
Pastorais da Juventude do Brasil (PJB)
A PJB é a articulação das pastorais da juventude,
Sendo estas a pastoral da Juventude Estudantil
(PJE), a Pastoral da Juventude do Meio Popular
(PJMP), A Pastoral da Juventude (PJ) e a Pastoral
da Juventude Rural (PJR). As Pastorais da
Juventude organizam os/as jovens como igreja a
partir de sua realidade.
Tem como missão organizar a ação pastoral a partir e junto da
juventude “jovem evangelizando jovem”, reafirmam a opção
profética e transformadora pelos/as empobrecidos/as
colocando-se a serviço de uma nova sociedade - a sonhada
“Civilização do Amor”.

Pastoral da Juventude Estudantil (PJE)


A PJE é a ação organizada dos jovens cristãos
estudantes no seu meio específico.
Comprometida com uma educação libertadora,
assume a escola, o bairro, os organismos
estudantis e educacionais, a família e a igreja
como campos de atuação. Tem por opção o trabalho com a
juventude empobrecida e a escola pública.
Os/as estudantes têm na PJE uma forma de se organizar pra
protagonizar a história, vivenciando um processo de formação
integral que os leva a construir a escola que sonham, aprendendo
a viver em comunidade e fazer política estudantil a partir dos
valores de Jesus Cristo.
Historicamente a PJE tem contribuído concretamente para a
mobilização e organização da juventude estudantil brasileira,
fazendo do mundo da educação um instrumento pra a construção
da nova sociedade, prenúncio do Reino de Deus.
43
SEMANA DO/A ESTUDANTE
de 11 a 17 de agosto

2008
Secretaria Nacional da Pastoral
da Juventude Estudantil
Rua Lajeado, 1300
Bairro Niterói - Canoas/RS
CEP 92120-090
secretaria@pjebr.org

Secretaria Nacional das Pastorais


da Juventude do Brasil
SGAN, Quadra 906
Conjunto B - Brasília/DF
CEP 70790-050
pjb@uol.com.br

www.pjebr.org
JUV
ENT
UDE
E O
DIR
EITO
À D
Organização Apoio Patrocínio IGNI
DADE

IDENTIDADE, PARTICIPAÇÃO E SENTIDO DA VIDA


BRASIL

Pastoral da Juventude Estudantil Pastorais da Juventude do Brasil TRILHA CIDADÃ

You might also like