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capa tech 127.

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a revista do engenheiro civil


téchne 127 outubro 2007

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 127 ano 15 outubro de 2007 R$ 23,00
ENTREVISTA
LUCIO SOIBELMAN
Avanços da
TI nas obras
■ Tecnologias de informação ■ BIM ■ Contenção ■ Texturas acrílicas ■ Argamassa reforçada com fibras ■ Ibracon ■ Impermeabilização

REVESTIMENTO
Texturas
acrílicas
CONTENÇÃO
Hospital
Albert
Einstein

O que é BIM?
00127
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

Sistemas baseados no conceito de Building Information


ISSN 0104-1053

Modeling permitem projetar em 3D e integrar


as especificações técnicas numa única base de dados
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SUMÁRIO
CAPA
44 Construção integrada
Por que o Building Information Modeling
vai mudar a maneira de projetar
e construir
Sergio Colotto/Imagens Gui Mattos

60 ARTIGO
Revestimentos de argamassa com
fibras de polipropileno
Como alterar as propriedades
do revestimento e garantir
melhor aderência

36 CONTENÇÕES 79 COMO CONSTRUIR


Superparede Impermeabilização com
Hospital Albert Einsten, em São Paulo, manta asfáltica
tem uma das paredes Veja como executar a impermeabilização
de contenção mais altas de lajes
já executadas

40 OBRA SEÇÕES
22
Acervo pessoal

Ambientes selados Editorial 4


Nova fábrica da Fundação do Remédio Web 8
Popular demandou projeto de Área Construída 10
ENTREVISTA salas limpas Índices 14
Informações integradas IPT Responde 16
Pesquisador Lucio Soibelman, da Carnegie 50 REVESTIMENTOS Carreira 18
Mellon University, fala das dificuldades Efeito acrílico Melhores Práticas 20
de se aplicar as tecnologias de Como especificar e aplicar Técnica e Ambiente 30
informação na construção revestimentos texturizados de P&T 66
base acrílica Obra Aberta 72
32 CONGRESSO Agenda 76
Desenvolvimento concreto 56 ISOLAMENTO TÉRMICO
Ibracon destaca trabalhos nacionais Conforto ambiental Capa
e estrangeiros com uso de As propriedades e aplicações das telhas Arte e layout: Sergio Colotto
concretos especiais e painéis isolantes Imagens e plantas cedidas por Gui Mattos

2 TÉCHNE 127 | OUTUBRO DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Três dimensões para projetar,
coordenar e orçar VEJA EM AU

projetista de estruturas Charles H. Thorton possui escritórios


O em 12 cidades do mundo, dentre as quais se destacam
Londres, Hong Kong, Xangai e Moscou. Entrevistado de Téchne
no 120, em março deste ano, o norte-americano esteve no Brasil
para uma conferência na feira Revestir, em São Paulo. A despeito
de abordar o colapso das torres gêmeas de Nova York, fez
questão de discorrer sobre um conceito que tem defendido com  Hotel Marabá
veemência e que ainda não encontra grande ressonância em todo  Icon Faria Lima
o planeta. Trata-se do BIM, sigla para building information  Casa Contemporânea
 Cadeiras de escritório
modeling ou, em português, modelagem de informações para
construção. A mesma ênfase ao assunto foi dada por especialistas
brasileiros, incluindo Lucio Soibelman, entrevistado desta edição VEJA EM
durante o III Encontro Tecnologia da Informação e Comunicação CONSTRUÇÃO MERCADO
na Construção Civil, promovido em Porto Alegre pela Antac
(Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído).
Mas por que tanto interesse pelo tema? A reportagem de capa
desta edição procura responder à questão. Deixa claro que, além
da possibilidade de projetar em três dimensões, a grande sacada
do BIM é integrar as especificações técnicas e elementos oriundos
de diferentes projetos em um único arquivo. Qualquer alteração
é atualizada de forma automática, inclusive nos arquivos
 Sustentabilidade
bidimensionais. Em projetos complexos, de farta documentação,
 Gestão de escritórios
tal funcionalidade constitui alívio para as equipes e libera os  Reciclagem
profissionais para o que interessa: trabalhar no projeto de fato  Venda virtual
e não em sua representação gráfica. A riqueza de informações
proporcionada pelo BIM impressiona. Ao desenhar uma parede,
por exemplo, o projetista atribui propriedades como dimensões, VEJA EM EQUIPE DE OBRA
tipo de bloco, revestimento, fabricante etc. Como se sabe, nos
CADs tradicionais, tais características são indicadas manualmente
no texto legenda do projeto. Outro diferencial refere-se à
facilidade de integração das etapas de projeto com as de
orçamento e planejamento de obras. Trata-se de um passo
indispensável, porém, ainda distante. Para chegar lá, garantem os
especialistas, os profissionais precisam aprender a desenhar em
sistemas BIM e, em uma segunda fase, a trocar arquivos entre os  Amarração: alvenaria–pilar
projetistas. O caminho é longo, mas Thorton, Soibelman e vários  Cálculo de blocos
especialistas garantem: vamos trilhá-lo. A leitura da reportagem  Descarte de embalagens
de Téchne pode ser um bom começo nesse sentido.  Como instalar caixa d’água

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Sofia Mattos
Os efeitos são obtidos com o uso de espátula, desempenadeira, rolo e até pistola

Tabela 1 – EFEITOS E MÉTODOS DE APLICAÇÃO


Categoria dos Efeito decorativo Método de aplicação
aspectos das superfícies obtido
Liso Efeito liso com relevo Rolo, pincel, pistola
superficial < 0,5 mm
Crespo Como a casca de laranja Rolo, esponja
Jateado Rústico floculado Pistola
Gotejado De gotas Pistola
Adamascado Com relevos crespos Pistola com posterior
e partes lisas desempenadeira
Baixo relevo rústico De reboco desempenado Espátula e posterior
sem pontas desempenadeira (eventualmente)
Grafiato ou arranhado De substrato rústico Com desempenadeira ou
arranhado espátula e desempenado na
vertical para acabamento
Fonte: UNI 8682, 1984, traduzida pela engenheira civil Viviane Namura, diretora da Granilita

51
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7 10

7 Reaplique a textura nos pontos que


ficaram falhos

8 Retire o excesso de material com a


desempenadeira, deixando a superfície
uniforme. Faça movimentos circulares
até que a superfície apresente um
aspecto "floculado"

9 Depois de 24 horas de aplicar a 1a demão,


aplique a massa lisa (que dará o efeito
8 11 "travertino") em pontos aleatórios com
auxílio de uma espátula e desempenadeira.
Cuidado para não formar filas verticais
ou horizontais

10 Desempene os pontos sobre a massa lisa.


Espalhe o material sobre a superfície
floculada

11 Verifique se ficaram falhas ou pontos com


excesso de textura

12 Depois de um dia de aplicada a textura


travertino, poderá ser aplicado um reagente
9 12 envelhecedor com a cor desejada

são mais resistentes, duráveis e, em mitem uma execução limpa e secam cada dois anos (periodicidade indica-
geral, têm menor toxidade e odor. rápido", afirma. da para regiões expostas a um maior
Assim como as argamassas decorati- Aplicadas com rolo, desempena- grau de poluentes). "O depósito de
vas (massa raspada, fulget e traverti- deira ou pistola, as texturas acrílicas sujeira e poluição pode acentuar a
no), as texturas não admitem reto- exigem, assim como as tintas comuns, proliferação de fungos no revesti-
ques e exigem a aplicação prévia de a aplicação prévia de um fundo sela- mento" alerta Becere.
uma camada de regularização ou dor com a função de uniformizar a Outras vantagens oferecidas pe-
emboço, pois não corrigem defeitos absorção da base e, em caso de subs- las texturas acrílicas seriam a boa
do substrato. Britez aponta algumas tratos pulverulentos, um fundo pre- aderência ao substrato e flexibilida-
vantagens dos produtos acrílicos em parador para superfícies. Como ma- de. "Esses revestimentos conseguem
relação aos cimentícios. "Além de nutenção, as texturas exigem lavagem disfarçar, por exemplo, as fissuras
virem prontos para a aplicação, per- periódica com água e sabão neutro a mapeadas de retração de secagem do

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Tabela 3 – CATEGORIA GRANULOMÉTRICA (ADAPTADA DA NORMA UNI 8682, 1984)


Classificação dimensional Classificação comercial Porcentagem mínima de cargas
G1 Granulometria grossa  Cargas ≥ 1 mm: 95%
G2 Granulometria grossa  Cargas ≥ 1 mm: 25%
 Cargas ≥ 0,63 mm: 70%
 Cargas ≥ 0,25 mm: 95%
G3 Granulometria média  Cargas ≥ 1 mm: 5%
 Cargas ≥ 0,4 mm: 20%
 Concentração em volume de cargas ≥
0,08 mm: ≥ 50% do revestimento seco
G4 Granulometria fina  Concentração em volume de cargas ≥
0,08 mm: ≥ 35% do revestimento seco
UNI (Norma Italiana) – Tradução: Alexandre Britez

Tabela 4 – CATEGORIA DE ESPESSURA (ADAPTADA DA NORMA UNI 8682, 1984)


Classificação dimensional Classificação comercial Espessura média convencional
S1 Alta espessura > 2,0 mm
S2 Média espessura Entre 1,2 e 2,0 mm
S3 Baixa espessura < 1,2 mm
UNI (Norma Italiana) – Tradução: Alexandre Britez

"Ela deverá apresentar pequena


quantidade de resina, ou ser bem
dissolvida, caso contrário a pintura
comprometerá ainda mais a per-
meabilidade ao vapor desse tipo de
revestimento, que costuma ser bai-
xa", diz Cavani. Ele explica que
quando a textura está comprometi-
da por patologias como bolhas ou
descolamento, a solução é mais di-
fícil. "Isso exige a remoção da textu-
ra com o cuidado de não afetar o
emboço e a execução de nova textu-
ra com o mesmo relevo do restante
antes da aplicação da pintura de
Antonio Talarico/ Fultec

maquiagem", explica.
Dessa forma, na maioria das
vezes torna-se necessária a remoção
completa da textura de toda a facha-
da para tratar a umidade do subs-
Texturas em geral não admitem retoques e requerem juntas como de outros revestimentos
trato. "Principalmente se a textura
for o grafiato, devido às emendas de
emboço", explica Cavani. Ele aponta tes, é preciso esperar a secagem com- execução", explica a arquiteta Már-
a baixa permeabilidade ao vapor das pleta do substrato antes de aplicar a cia Lazzarin, instrutora do Senai
texturas acrílicas como sendo a textura acrílica. (Serviço Nacional de Aprendizagem
causa da principal patologia desse Industrial). Segundo Márcia, a pin-
tipo de revestimento, isto é, o desco- Reparos tura também pode ser usada para
lamento e a formação de bolhas. O que fazer se o aspecto do re- mudar a cor das fachadas com re-
"Em hipótese alguma esses revesti- vestimento plástico de uma fachada vestimentos plásticos, desde que
mentos devem ser aplicados sobre já está comprometido com a im- seja aplicada uma demão de tinta
substratos molhados ou sujeitos a pregnação de sujeira? Segundo Ca- branca primeiro, antes da cor dese-
uma umidade intensa", acrescenta vani, uma saída para recuperar a to- jada. "Isso garante um efeito estéti-
Cavani. Em épocas do ano em que as nalidade original, sem descaracteri- co melhor", completa.
chuvas são mais intensas e freqüen- zar a textura, é aplicar tinta látex. Valentina Figueirola

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´
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Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
TCPO e atendimento ao assinante Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
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Diretor Geral
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4001-6400
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Tabela 1 – MATERIAIS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS


Materiais empregados Características
Fibras de polipropileno c=6 mm; ∅=25,80 μm; σt = 246,5 MPa; E = 2 GPa;
ξ = 2 mm/mm
Cal CH I
Agregado miúdo areia quartzosa
Cimento CP II 32
Figura 2 – Produção de revestimentos
Argamassa A5 cimento:cal:areia seca (kg) – 1: 0,401: 7,213
com espessura de 2,5 cm: avaliação feita
Argamassa A30 industrializada
por pedreiro experiente
Dosagem de água 13,5% ou 14,5% (massa de materiais secos)
c = comprimento; ∅ = diâmetro; ξ = alongamento

Tabela 2 – CONDIÇÕES E VARIÁVEIS UTILIZADAS PARA AVALIAÇÃO DA


INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE MISTURA, COM TEOR DE FIBRAS DE 3.200 g/m³.
Condições Variáveis Procedimentos
avaliadas avaliadas
Estado molhadas/ As fibras, molhadas ou secas, foram
secas adicionadas à areia seca e misturadas em
misturador planetário (5 l), por 180 segundos
Tipo de manual Fibras secas foram adicionadas à areia seca
mistura dentro de saco plástico (figura 1) e misturadas
por 180 segundos, friccionando-se as duas mãos
contra o volume de material
mecânica Fibras secas foram adicionadas à areia seca,
e misturadas por 180 segundos em
misturador planetário
Tipo de betoneira Fibras secas foram adicionadas à areia seca no
misturador (120 l) e misturador mecânico e misturadas por
argamassadeira 180 segundos. Após os 180 segundos, cal e água
Figura 3 – Aspecto da mistura mecânica
(60 l) foram adicionadas na mistura e misturadas por
das: a) fibras molhadas; b) fibras secas,
mais 90 segundos
com areia

reentrâncias da base e não endurece Portanto, analisar as conseqüências da Avaliação do efeito das fibras na
rapidamente quando aplicada. adição de fibras nas condições de mis- execução do revestimento
Como anteriormente discutido, a tura das argamassas e nas etapas do Para produção dos compósitos (ta-
adição de fibras pode alterar a traba- processo de execução do revestimento bela 3), foram escolhidos o procedi-
lhabilidade da argamassa, porque mo- com adição de fibras é fundamental, mento e o equipamento de mistura que
difica a superfície específica da com- de acordo com o programa experi- tiveram melhores resultados nas inves-
posição e a interação entre os mate- mental apresentado a seguir. tigações propostas na tabela 2. Após a
riais constituintes. Em certas situa- sua produção, os compósitos foram
ções, pode exigir maior energia para a Programa experimental aplicados em bases de alvenaria,por um
aplicação da argamassa e acabamento As características dos materiais pedreiro experiente (figura 2), avalian-
da camada. utilizados na produção das argamas- do-se táctil e visualmente as caracterís-
A adição de fibras em argamassas sas são apresentadas na tabela 1. ticas do revestimento resultante.
pode introduzir outras variáveis ao
processo de produção dos revestimen- Avaliação das condições de mistura Apresentação dos resultados
tos, pois muitas fibras são hidrofóbi- para a adição de fibras Efeito das condições de mistura
cas, apresentam propriedades mecâni- Utilizou-se uma avaliação qualita- da argamassa com fibras.
cas e físicas distintas das do agregado e tiva, identificando-se tátil e visualmen-
algumas delas podem levar ao aumen- te a ocorrência de concentração de fi- Fibras molhadas ou fibras secas?
to do teor de ar incorporado das arga- bras na forma de "novelos", a partir da A figura 3 apresenta o resultado da
massas, alterando sobremaneira as ca- combinação de diferentes condições mistura da fibra molhada (a) e da areia
racterísticas reológicas da argamassa. de mistura, identificadas na tabela 2. com fibras secas (b). As fibras de poli-

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Fotos cedidas pelas autoras

Figura 6 – Aspecto da mistura fibras e


argamassa intermediária (cal e areia),
utilizando betoneira

Figura 4 – Aglomerados de fibras


40
de polipropileno retirados da mistura Figura 5 – Aspecto da mistura fibras
areia–fibras molhadas e areia secas: a) manual (b) mecânica

Ar incorporado (%)
30 y = 0,0009x + 34,677
R² = 0,2228
Efeito das fibras na execução do
20
revestimento y = 0,0031x + 5,1284
a) manuseio da argamassa R² = 0,9585
10
 durante o transporte e manuseio,
os compósitos não apresentaram ex-
0
sudação (segregação de material); 0 1.000 2.000 3.000
 não se verificou dificuldade de Fibras (g/m³)
manuseio para todos os compósitos
A5-13,5 A35-13,5
A5. Para o A30, o manuseio foi ade-
A5-14,5 A35-14,5
quado até o teor 2.700 g/m³ (figura 7); Figura 7 – Avaliação do manuseio da
para o teor de 5.200 g/m³ houve pre- argamassa A30 com o teor de fibras de Figura 9 – Teor de ar das argamassas A5
juízo da trabalhabilidade, pois o com- 2.700 g/m³: a) passa facilmente pela e A30, determinado a partir da NBR
pósito resultou excessivamente coeso, bisnaga; b) cordões de argamassa 13278 (ABNT, 2005), em função do teor
denso e áspero (figura 8). uniformes de fibras
b) aplicação da argamassa
A tabela 4 sintetiza os resultados obti-
dos.
c) sarrafeamento e desempeno
 a adição de fibras reduziu o tem-
po para o sarrafeamento da arga-
massa. Para A5, reduziu de 55 minu-
tos para 35 minutos; para A30, de 4
horas para 3 horas, independente-
mente dos teores de fibras. Acredita-
se que a redução do tempo ocorra
porque a água utilizada para molha-
gem da superfície da fibra seja facil-
mente perdida tanto para o substra-
to quanto para o meio ambiente;
ou seja, a fibra tem baixa retenção
de água;
 para a A5, observou-se que, quanto
mais se aumentava o teor de fibras,
mais fácil se realizava o corte da su-
perfície. Essa facilidade foi observada Figura 8 – Avaliação do manuseio da
também no momento do desem- argamassa A30: a) trabalhabilidade
peno. Com poucos movimentos cir- adequada para argamassa com teor de Figura 10 – Aspecto da argamassa A30 após
culares da desempenadeira, a ativi- fibras de até 2.700 g/m³; b) difícil a realização do sarrafeamento com régua de
dade foi finalizada, sem a necessidade manuseio da argamassa com teor de alumínio: a) teor de fibras de 1.600 g/m³; b)
de borrifar água na sua superfície; fibras de 5.200 g/m³ teor de fibras de 2.700 g/m³

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Salas limpas
Confira outras duas reportagens de
Fórum Téchne
obras industriais com salas limpas Confira algumas opiniões dos últimos
publicadas na Téchne: a fábrica da fóruns do site da Téchne.
Libbs Farmacêutica, em Embu das Artes
(SP); e o Cietec (Centro de Excelência Qual é a sua opinião sobre uma
em Tecnologia Eletrônica Avançada), eventual privatização de companhias
em Porto Alegre. O material está paulistas como a CDHU, IPT, CPOS,
disponível com o extra da reportagem Dersa, Metrô e Cesp?
sobre a Furp (Fundação para o O modelo privatista não deu certo, e
Remédio Popular), obra com salas querem expandi-lo contra a vontade da
limpas classe 100 mil. Ou seja, com até sociedade. Por que não fazem consulta
100 mil partículas por pé cúbico de ar. pública antes de continuarem com esse
processo nefasto? Não podemos
pensar que os empresários são a

Marcelo Scandaroli
solução do País. A solução somos
todos, coletivamente, e aquilo que
Libbs Farmacêutica,
construímos de bom!
Embu das Artes (SP)
Renata Furigo [29/09/2007 18:36]

Os engenheiros civis, a exemplo


Comunicação entre softwares BIM dos arquitetos, deveriam
reivindicar um conselho próprio
Confira outros trechos da entrevista do
para deixar o sistema
pesquisador do Uninova (Instituto de
Confea/Crea?
Desenvolvimento de Novas Tecnologias),
A segregação divide,
de Portugal, Pedro Maló. Fonte da
conseqüentemente enfraquece as
reportagem de capa desta edição, ele
categorias. Por isso, sugiro a
fala sobre os problemas de comunicação
permanência das duas categorias para
entre os softwares BIM (Building
transformar e reivindicar, junto ao
Divulgação: TIC 2007

Information Modeling) e da utilização do


Confea/Crea, melhores condições
IFC (Information for Construction), uma
salariais e menores taxas de anuidade e
linguagem que permite a comunicação
ARTs. O feedback entre as categorias é
entre todos os tipos de sistemas BIM.
importante para o desempenho das
nossas obras.
Humberto Braga [18/09/2007 00:30]
Entrevista com Charles Thornton
O projetista de estruturas Charles O que você acha da "distorção
Thornton, que possui escritórios nas topográfica" dos túneis da Linha
principais capitais mundiais, é um dos Amarela do Metrô, em São Paulo?
defensores de peso dos softwares O erro está mais para grosseiro do que
BIM. Confira nos extras da reportagem para grave. Porém, nós, brasileiros,
de capa desta edição a entrevista precisamos aprender a conviver melhor
concedida por Thornton à Téchne 120, com nossos erros. Como diz o ditado,
Acervo pessoal

na qual ele fala, entre outros assuntos, "só erra quem faz". Se houve erro,
dos impactos que o BIM pode trazer à conserta-se e tira-se a lição com o erro.
área de projeto. Olavio N. da Silva [27/09/2007 19:51]

8 TÉCHNE 127 | OUTUBRO DE 2007


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ÁREA CONSTRUÍDA
Casas receberão revestimento blindado em morro no RJ
Normas da ABNT 50%
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) suportariam com segurança o impacto
mais baratas
quer revestir com placas cimentícias à de balas de calibre 7,5 mm a uma distân-
prova de balas as casas da comunidade cia de 20 m. Além de garantir a seguran- A ABNT (Associação Brasileira de
carente do Morro da Providência, no ça dos habitantes, a idéia é proteger a es- Normas Técnicas), o Confea
Rio de Janeiro. Essa é uma das medidas trutura das casas – produzidas geralmen- (Conselho Federal de Engenharia,
do projeto de revitalização da área, inti- te com tijolos cerâmicos sem revestimen- Arquitetura e Agronomia) e a caixa
tulado "Projeto Cimento Social". A tec- to externo – das intempéries que, com o de assistência Mútua firmaram um
nologia foi desenvolvida na EESC (Esco- tempo,reduzem a durabilidade do mate- acordo que permitirá vender pela
la de Engenharia de São Carlos) da USP rial. De acordo com o senador, as placas internet normas técnicas com
(Universidade de São Paulo). As placas proporcionam isolamento térmico su- descontos de 50% sobre seu
de 1,0 m x 1,0 m e 1,0 cm de espessura perior ao de uma argamassa convencio- valor nominal. O benefício é
serão produzidas a partir de uma mistu- nal e garantem total vedação dos tijolos. válido para os profissionais
ra de cimento, areia, cal, aditivos, resí- O projeto deve atender 782 moradias e regularmente inscritos e com
duos minerais e plástico.Segundo o pro- inclui ainda obras de infra-estrutura, os pagamentos em dia nos Creas
fessor Jefferson Liborio, do Laboratório como instalação de postes de ilumina- regionais e associados à Mútua.
de Materiais Avançados à Base de Ci- ção, criação de sistemas de proteção à As normas serão disponibilizadas
mento da EESC-USP, o custo da arga- rede elétrica e telefônica e promover o re- nos sites dos conselhos
massa é de cerca de R$ 300/m3.As placas florestamento de algumas áreas. e da caixa de assistência.
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Nova associação promoverá engenharia do vento


Para promover a cooperação regio- Serão promovidos encontros regio- sidade da República do Uruguai. A
nal entre pesquisadores, engenheiros nais sobre o tema, contatos com or- adesão à Aliv é individual e podem se
e outros profissionais que trabalham ganizações nacionais e internacio- associar engenheiros, arquitetos, me-
ou se utilizam dos conhecimentos e nais, troca de conhecimentos, idéias, teorologistas e pesquisadores da área
avanços na área de engenharia do resultados de pesquisas e cooperação de engenharia do vento. Sem fins lu-
vento, o IPT (Instituto de Pesquisas técnica. Além do instituto paulista, crativos, a associação estará aberta a
Tecnológicas do Estado de São fundaram a Aliv a Faculdade de En- doações de empresas e de pessoas fí-
Paulo) e universidades da América genharia da Universidade Nacional sicas. Interessados podem contatar
Latina fundaram em São Paulo a Aliv de Comahue e a Faculdade Nacional o coordenador regional da Aliv, o
(Associação Latino-Americana de de La Plata, ambas na Argentina, e a uruguaio José Cataldo, pelo e-mail
Engenharia do Vento, em espanhol). Faculdade de Engenharia da Univer- jcataldo@fing.edu.uy

Em SC, obras serão fiscalizadas com auxílio de GPS


Um novo sistema de georreferencia- ções do conselho e de outras fontes
mento deverá proporcionar mais sobre o local que estiverem fiscali-
agilidade e eficiência ao trabalho zando. Na capital, os serviços

Divulgação: Crea-SC
dos agentes fiscais do Crea catari- foram lançados durante visita às
nense em Florianópolis. No projeto obras da Ponte Hercílio Luz no dia
piloto Fiscalização Avançada, os 18 de setembro. De acordo com
profissionais terão acesso, por meio Kleber Medeiros Justus, gerente do dos no processo de fiscalização: a di-
de computadores de mão com siste- Departamento de Fiscalização do ficuldade do agente às informações,
ma de posicionamento global (GPS), Conselho, o projeto deverá acabar que atualmente só possui a opção de
aos dados do sistema de informa- com um dos problemas encontra- acesso telefônico.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Lei em discussão beneficiará construção sustentável


Está em discussão na Câmara de Verea- dade de absorção ou armazenamento". nas madeira oriunda de manejo sus-
dores de São Paulo o anteprojeto da Lei O texto afirma, ainda, que tanto edifi- tentável nas obras realizadas no muni-
de Política Municipal sobre Mudança cações novas quanto as já existentes – cípio. Quanto ao uso do solo, o texto do
do Clima, que tem algumas seções que quando forem submetidas a projetos anteprojeto obriga que, no licencia-
interessam diretamente ao setor da de renovação e reforma – deverão obe- mento de empreendimentos de qual-
construção civil.O documento assinala decer a critérios de eficiência energéti- quer porte, deverá ser reservada uma
a possibilidade de reduzir a Outorga ca, arquitetura sustentável e sustentabi- área mínima para o plantio de espécies
Onerosa de Potencial Construtivo Adi- lidade ambiental de materiais. De acor- nativas,de maneira a absorver emissões
cional para os empreendimentos que do com o documento,esses critérios se- de carbono e a criar zonas de absorção
utilizarem "equipamentos, tecnologias, riam definidos posteriormente por re- de águas. Caso não seja possível execu-
ou medidas que resultem em redução gulamentos específicos. Um artigo es- tar no lote, o empreendedor será obri-
significativa das emissões de gases de tabelece que o poder público deverá gado a reflorestar área de igual equiva-
efeito estufa ou ampliem a sua capaci- obrigar os construtores a comprar ape- lência em áreas públicas.

Usiminas certifica produtos


A Usiminas obteve para sua linha de ropéia, a Usiminas precisou trabalhar à RoHS, a Usiminas contratou o BVC
produtos a certificação de conformida- conjuntamente com os fornecedores (Bureau Veritas Certification), da Fran-
de à diretiva RoHS, que trata da restri- para controlar e reduzir os níveis das ça,que concedeu a certificação à empre-
ção de uso de substâncias nocivas. A di- substâncias nocivas nas matérias-pri- sa. Os regulamentos de proteção am-
retiva procura proteger o solo,a água e o mas e insumos. Procedimentos tam- biental surgiram na Europa e, gradati-
ar contra a poluição por chumbo, mer- bém foram elaborados para monitorar vamente, vêm sendo adotados também
cúrio, cádmio e cromo hexavalente, a quantidade de substâncias nocivas nos em outros continentes, já que têm in-
entre outras, usadas no processo side- produtos da siderúrgica. Para realizar a fluenciado cada vez mais o potencial de
rúrgico. Para se adequar à legislação eu- auditoria externa e atestar a adequação acesso ao mercado internacional.
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Abece quer vistoria de marquises em SP


Novo sistema de fôrmas
A recente seqüência de desabamentos
em PVC para concreto
de marquises no Brasil levou a Abece
(Associação Brasileira de Consultoria e Uma técnica construtiva desenvolvida
Engenharia Estrutural) a apresentar à no Canadá deverá chegar em breve
Câmara Municipal de São Paulo um ao mercado brasileiro. Formado por
projeto de lei para tornar obrigatória a perfis leves de PVC, o sistema
vistoria de marquises e sacadas na capi- possibilita o encaixe dos módulos de
tal paulista. De acordo com a proposta, plástico, que são preenchidos com
o trabalho seria de responsabilidade de concreto e armaduras para formar a

Daniel Ducci
profissionais autônomos ou pessoas vedação monolítica de concreto.
jurídicas com habilitação em engenha- O sistema pode ser aplicado, por
ria civil e especialização comprovada exemplo, na construção de casas
em estruturas inscritos no Crea-SP. O em quanto tempo eles devem ser inicia- populares e de edifícios de até cinco
relatório técnico da vistoria deverá dos. A responsabilidade da primeira pavimentos, de galpões e de estações
conter o histórico dos relatórios ante- vistoria do imóvel será do construtor e de tratamento de esgoto compactas.
riores, o cadastramento geométrico da terá validade de cinco anos. Os relató- Protótipos do sistema já foram
área (com dimensões, espessura dos re- rios das vistorias seguintes teriam vali- usados no interior do Estado de São
vestimentos e carregamentos atuan- dade de cinco anos. Lei semelhante foi Paulo, na construção de cerca de
tes), descrições sobre o estado geral da aprovada na cidade de Londrina em 1.500 m² de área de prédios auxiliares
impermeabilização e situação do siste- maio e obrigará, a partir de novembro, na Petroquímica Paulínia. Os edifícios
ma de coleta de águas pluviais, e a ca- que proprietários, administradores e foram executados em 60 dias pela
racterização do eventual quadro pato- síndicos da cidade apresentem parecer Construtora Norberto Odebrecht.
lógico encontrado.O documento deve- técnico com avaliação das condições de A tecnologia foi trazida pela Royal do
rá indicar as eventuais necessidades de uso e manutenção das marquises e sa- Brasil Technologies e pela Plásticos
execução de serviços de recuperação e cadas das edificações da cidade. Vipal e tem o apoio da Braskem.
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ÍNDICES
Abaixo da inflação Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Preços dos materiais sobem menos do que 35
o IGP-M em setembro e também no IPCE materiais
acumulado nos últimos 12 meses 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
Índice PINI de Custos de Edifica-
O ções, que mede a variação do custo
global de construção, encerrou o mês
25

20
de setembro com alta de 0,39%, per-
centual inferior à inflação, que segun-
15
do o IGP-M (Índice Geral de Preços de
Mercado) foi de 1,29%. Nos últimos 12
meses, a variação do IPCE foi 3,80% 10 7,53 8
8 7
frente aos 5,67% da inflação. 6,80 7 7 7 6 6 6 6 6 6
6 5 5 5 5,82
6 6 6 6 6
A alta, em setembro, foi provocada 5 6,12 6 5 5 5 4 3 3 3
3,80
sobretudo pelos reajustes nos preços 3 1 1 1
1,63
do cimento Portland e dos agregados, 0
Set/06 Nov Jan Mar Mai Jul Set/07
como a areia lavada e a pedra britada.
Os reajustes refletem a alta da inflação
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
em setembro. O saco de 50 kg do ci-
Mês e Ano IPCE – São Paulo
mento CP II, que custava R$ 13,53,
global materiais mão-de-obra
passou a custar R$ 13,84, gerando uma
Set/06 110.443,36 53.252,61 57.190,76
alta de 2,29%. A areia lavada subiu
out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
1,65%, passando de R$ 53,79/m3 para
nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
54,68/m3. A pedra britada teve seu
dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
preço alterado de R$ 50,20/m3 para R$
jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
51,00/m3, o equivalente a 1,59%.
fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
Outros reajustes significativos
mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
foram verificados nos preços do vidro
abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
cristal comum e no vidro temperado,
mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
que subiram, respectivamente, 6,03%
jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
e 5,23%. O vidro cristal comum, cu-
jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
jo preço do metro quadrado era de
ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
R$ 46,46, em setembro passou a ser de
Set/07 114.636,80 54.119,10 60.517,71
R$ 49,26. Já o preço do vidro tempe-
Variações % referente ao último mês
rado passou de R$ 149,26/m2 para
mês 0,39 0,82 0,00
R$ 157,07/m2. Em ambos os casos, os
acumulado no ano 3,27 0,56 5,82
reajustes ocorreram devido ao repasse
acumulado em 12 meses 3,80 1,63 5,82
do fabricante.
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
Caíram discretamente os preços
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
do eletroduto de PVC, do lavatório de
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
louça e do perfil de alumínio para cai-
pesquisa na última semana do mês de referência.
xilho. A cal hidratada, a chapa com-
Fonte: PINI
pensada e a manta butílica continuam
a ser vendidas pelos mesmos preços
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
de agosto. ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


iptresponde@pini.com.br

Reação álcali-agregados
Que material é a causa da reação
álcali–agregados: a brita, a areia
ou o cimento?
Eduardo S. Castro
por e-mail

Em princípio, os três materiais po-


deriam atuar na reação álcali–agre-
gados. O cimento, se apresentar teor

Acervo pessoal de Tibério Andrade


de álcalis elevado (ou seja, sódio e
potássio); e a brita ou a areia, se
apresentarem sílica amorfa em sua
composição mineralógica, ou seja,
potencialmente reativa, que inclui
calcedônia, vidro vulcânico, algu-
mas formas de quartzo e algumas
rochas carbonáticas. das "quase" que caso a caso, por isso, química já está avançada, recomen-
recomendamos ensaios laboratoriais da-se manter a estrutura de concreto
para avaliar o desempenho do con- seca para retardar ao máximo o avan-
Existem combinações mais perigosas de creto específico a ser produzido com ço do processo deletério e, paralela-
cimento e agregado que podem o material disponível na obra. mente, implementar medidas corre-
provocar uma reação álcali–agregados? tivas adequadas.

Sim, quando há presença de álcalis É possível impedir a reação


(ou seja, sódio e potássio) em teores álcali–agregados com aditivos É possível "tratar" os agregados e
elevados e de sílica com fases poten- e produtos especiais? impedir que esse fenômeno aconteça?
cialmente reativas, presentes nos Há uma corrida tecnológica de cen- Não. Entre as medidas para mini-
agregados. Cabe esclarecer que, em tros de estudos e de pesquisas, e de fa- mizar a vulnerabilidade do agregado
geral, os álcalis provêm do cimento bricantes no mundo todo no sentido potencialmente reativo é possível em-
empregado no concreto, mas não se de se encontrar soluções preventivas pregar, por exemplo, cimento com
pode descartar que podem ter ori- e definitivas para o fenômeno. Algu- pozolana, tipo CP IV, que promove re-
gem também em outros componen- mas soluções existem, mas são pon- dução na porosidade total do concre-
tes do concreto, ou seja, aditivos, tuais e devem ser avaliadas, caso a to e apresenta menor reserva alcalina.
agregados e água de amassamento. caso, em função da natureza da obra.
Ainda é importante ressaltar que as Para isso, devem ser consultadas em- Valdecir Angelo Quarcioni, químico
combinações de álcalis e sílica poten- presas idôneas de materiais de repa- Eduardo Brandau Quitete, geólogo
cialmente reativa deveriam ser trata- ros ou de aditivos. Porém, se a reação Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT

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CARREIRA

Natan Jacobsohn Levental


Engenheiro uruguaio radicado no Brasil foi um dos pioneiros no uso do
software de cálculo, ao realizar o projeto do Terminal de Passageiros do
Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP)

ão fosse o leve sotaque, ninguém te a fase preparatória para ingresso na


N diria que Natan Jacobsohn Le-
vental é estrangeiro. A fluência na lín-
universidade – os dois últimos anos do
equivalente ao ensino médio brasileiro.
gua portuguesa foi conquistada du- "Não é como o vestibular brasileiro, em
rante os últimos 35 anos em que viveu que o descontrole emocional no dia da
no País, onde desembarcou para tra- prova pode colocar tudo a perder",
balhar no projeto do Anel Rodoviário conta Jacobsohn. À época, a seleção era
de São Paulo. Hoje, já está mais que feita por meio da avaliação exaustiva
entrosado na engenharia brasileira: dos alunos no biênio. "Apenas 10% dos
além de coordenar a divisão técnica de alunos passavam para o último ano de
Marcelo Scandaroli

estruturas do Instituto de Engenharia preparatório. Do restante, apenas ou-


e ser conselheiro da Abece (Associação tros 10% ingressavam na universidade.
Brasileira de Engenharia e Consulto- Foram os anos mais penosos de minha
ria Estrutural), tem três filhos forma- carreira", revela. Ao fim do processo,
PERFIL
dos pela Escola Politécnica da USP obtivera o direito de cursar engenharia
Nome: Natan Jacobsohn Levental (Universidade de São Paulo). na Universidade de Montevidéu.
Idade: 69 anos Antes mesmo de começar a facul- No início, um período de dúvidas.
Graduação: engenharia civil na dade, Jacobsohn já era quase um enge- Não sabia se cursaria Engenharia Me-
Universidad de Montevideo, no nheiro. Quando vivia com os pais, que cânica ou Civil, mas optou pela segun-
Uruguai, em 1961 tinham uma pequena confecção na ca- da, com ênfase em estruturas. De lá,
Especialização: Pontes e Grandes pital uruguaia, Montevidéu, era ele o acredita, saiu com um diferencial em
Estruturas responsável pela manutenção das má- relação à maioria dos engenheiros:
Empresas em que trabalhou: Spie quinas de costura.A tarefa não era sim- conseguia pensar tridimensionalmen-
Batignolles, Consultores Gerais para o ples,como se pode pensar.Como o ma- te. Não à-toa. "Certamente, era por-
Anel Rodoviário de São Paulo, A. Araújo quinário era importado, não havia faci- que eu passei boa parte do meu tempo
Projetos Industriais, Iesa lidade para se encontrar peças de repo- tocando, manuseando as peças. Eu me
(Internacional de Engenharia S.A.), sição. Para contornar as dificuldades e acostumei a pensar os elementos espa-
Ultratec e NJL Engenharia e Projetos economizar o dinheiro da família, era cialmente", revela o engenheiro.
Cargos exercidos: engenheiro de preciso usar a cabeça. "Eu improvisava, Concluiu o curso em 1961, mesmo
projetos na Spie Batignolles, fiscal na usava peças de outras máquinas, que ti- ano em que foi contratado pelo escritó-
Consultores Gerais para o Anel nham outras funções", explica. Fato rio uruguaio de uma empresa francesa,
Rodoviário de São Paulo, engenheiro que, em sua opinião, foi fundamental atualmente conhecida como Spie Batig-
de projeto de estruturas metálicas na para desenvolver uma das habilidades nolles. Durante os 11 anos em que tra-
A. Araújo Projetos Industriais, chefe que considera fundamental a um enge- balhou para a empresa, passou boa
de engenharia civil na Iesa, chefe de nheiro – a criatividade. parte do tempo na "ponte aérea" Monte-
engenharia civil na Ultratec, dono da Apesar das tarefas, não deixou de se vidéu–Paris para participar dos projetos
NJL Projetos dedicar aos estudos. Sobretudo duran- de obras industriais europeus da empre-

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bra o engenheiro. Apesar do temor,


Dez perguntas para Natan Jacobsohn Levental quase imediatamente foi contratado
pela A. Araújo Projetos Industriais e
1 Obras marcantes das quais 6 Melhor instituição de ensino da voltou a trabalhar na área a que estava
participou: Terminal de Passageiros engenharia: são duas: Escola de acostumado na multinacional francesa.
do Aeroporto Internacional Engenharia de São Carlos e Escola Dois anos depois, mudou nova-
de Guarulhos, Pólo Petroquímico Politécnica, ambas da USP mente de empresa, e foi para a Interna-
da Coopesul (RS) e algumas cional de Engenharia, onde participou
plataformas de petróleo da Petrobras 7 Conselho ao jovem profissional: dos projetos que considera os mais im-
procurar tirar o máximo de proveito de portantes da carreira: a construção do
2 Obras marcantes da engenharia cada trabalho que tenha que realizar Pólo Petroquímico da Coopesul, em
brasileira: Usina de Itaipu, pelo para crescer profissionalmente Triunfo (RS), e o Terminal de Passagei-
tamanho e pelo desafio; e o Complexo ros do Aeroporto Internacional de Gua-
Viário Jornalista Roberto Marinho, 8 Principal avanço tecnológico rulhos – um dos primeiros elaborados
que une beleza arquitetônica e recente: o computador, instrumento com o auxílio de computador no País.
grandes soluções estruturais que agilizou o trabalho do engenheiro Depois de passar pela Ultratec em
estrutural, acabando com seu meados da década de 1980, montou
3 Realização profissional: realizar trabalho braçal em 1989 um escritório próprio de
projetos de grande complexidade e de consultoria em projetos estruturais, a
pequeno porte com o mesmo 9 Indicação de livro: "Teoria da NJL Engenharia e Projetos. Já estabe-
empenho e aprender sempre, mesmo Estabilidade Elástica", de Stephen lecido, não tinha mais o problema da
nas pequenas obras Timoshenko, uma obra de início falta de contatos no País. Passou a rea-
do século 20 que ainda é referência lizar serviços terceirizados para as em-
4 Mestres:Augusto Carlos de quando o assunto é flambagem presas para as quais já havia trabalha-
Vasconcelos, Julio Ricaldoni e de estruturas do, além de montar a própria carteira
Eladio Dieste de clientes – entre eles arquitetos e fá-
10 Um mal da engenharia: o grande bricas de estruturas metálicas.
5 Por que escolheu ser mal é também o grande bem – Pontes, terminal de passageiros,
engenheiro: desde a infância, tinha o advento da informática. Apesar pólos petroquímicos e até plataformas
contato com as máquinas de costura de facilitar o trabalho de cálculos de petróleo da Petrobras. A habilidade
dos pais, fazendo a manutenção. Não e de desenho na engenharia, os de se adaptar a projetos tão distintos Ja-
sabia se seguiria a engenharia computadores fizeram com que os cobsohn credita ao tempo que dedicou
mecânica, eletrônica ou civil, mas na engenheiros se sentissem onipotentes, à graduação. "A faculdade nunca vai lhe
faculdade optou pela última o que é nocivo para a carreira dar conhecimento prático, que você só
aprende no mercado. Mas é lá que você
adquire a formação para se adaptar no
sa. "Lá, vi que os problemas de cálculo calização das empresas de engenharia futuro a qualquer tipo de trabalho", ex-
propostos na graduação em engenharia e consultoras contratadas para execu- plica. Ele exemplifica com o caso dos
eram muito mais difíceis do que os da tar os projetos de pontes e viadutos do três filhos. Todos cursaram engenharia
faculdade em Montevidéu", relata. Anel Rodoviário de São Paulo. Área na – em especialidades diferentes – na
Ali, era bem remunerado, mas qual, até então, não havia trabalhado. Poli-USP, mas hoje nenhum deles pra-
uma proposta melhor partiu do Bra- Mas a empresa desapareceu quatro tica a profissão. Além da formação teó-
sil. "Ofereceram-me um salário 20% anos depois. Ficou sabendo de seu fim rica,Jacobsohn acredita que a formação
maior que o da Spie Batignolles, e eu durante a viagem de férias, em 1976, prática deve ser contínua."A aprendiza-
vim para cá", conta Jacobsohn. Vali- que fez de carro entre São Paulo e Mon- gem acontece também nos projetos pe-
dou seu diploma na Poli-USP e em tevidéu. O frio na barriga foi inevitável. quenos", afirma.
1972 foi cumprir sua nova função: fis- "Eu não tinha contatos no Brasil", lem- Renato Faria

19
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MELHORES PRÁTICAS
Pré-fabricados de concreto
Apesar de ser um processo totalmente industrializado, a construção com
pré-moldados requer planejamento de montagem para se atingir boa velocidade

Equipamentos adequados
Os equipamentos de içamento devem contar com equipamentos grandes
ser dimensionados de acordo com o para as peças de maior dimensão e
tamanho e o peso dos elementos, a menores para as demais. O apoio à
altura de elevação e o raio, a distância decisão pode ser dado pela locadora
horizontal, entre o ponto de aplicação de guindastes ou mesmo pela
e o guindaste. Obras maiores podem executora da estrutura.
Fotos: Marcelo Scandaroli

Posicionamento Içamento
É imprescindível verificar, no momento A fim de evitar acidentes com graves
da montagem de cada elemento conseqüências, os cabos de aço, ganchos
lançado, o alinhamento, o nível e o e parafusos devem ter capacidade
prumo das peças. Atenção especial adequada à carga a que serão
deve ser dada aos pilares, pois são as submetidos. A verificação visual no
peças fundamentais da estrutura, de momento anterior à montagem visa a
onde partem todas as demais. Assim, garantir que os elementos estejam em
caso estejam mal posicionados, bom estado e corretamente posicionados,
todos os outros elementos também incluindo as alças dos elementos pré-
ficarão. A verificação pode ser feita fabricados. Em caso de problemas, é
com topografia e prumos necessário realizar a troca do elemento,
convencionais de obra. devendo-se evitar improvisações.

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melhores praticas 127.qxd 4/10/2007 15:42 Page 21

Apoios
A superfície dos apoios deve estar limpa e
plana e a execução deve seguir
criteriosamente o determinado em
projeto. Ou seja, respeitar se o apoio é em
neoprene, graute, argamassa ou chapa
metálica, para que as tensões sejam
homogeneamente distribuídas. Apoio de
concreto sobre concreto é mais comum
para situações em que a carga é menor.

Ligação Segurança
No caso de ligações com graute soldadas, além da limpeza, é Com serviços geralmente realizados em
ou por meio de concretagem, é importante observar se o eletrodo é altura, com único acesso por escada,
necessário que o local esteja adequado e se o operário soldador deve haver cabo guia instalado, ponto
limpo e saturado com água. Para é qualificado para o serviço, pois se de fixação para cinto de segurança,
ligações por meio de chapas trata de elemento estrutural. correta amarração de peças e escadas,
tela em volta da obra e uso constante e
adequado de EPI. A área, em que os
elementos estão sendo içados, deve ser
Colaboraram: Laércio Souza Gil, gerente de operações da Munte e Pedro Paulo isolada, de modo que ninguém
de Macedo, engenheiro de obras da Construtora Guarany permaneça embaixo.

21
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ENTREVISTA
Informações integradas
Ao desenvolver sistemas precisos e rápidos para coleta e
interpretação de dados, tecnologia da informação tem contribuído
para racionalizar projetos e processos construtivos

LUCIO SOIBELMAN
Engenheiro civil formado pela
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, em 1984, tornou-se
especialista em tecnologia avançada
para a construção em 1991 pela
Agência de Cooperação Internacional
do Japão. Também é mestre em
ciência da engenharia civil pela
mesma UFRGS e, desde 1998, Ph.D
em Sistemas de Engenharia Civil pelo
MIT (Massachusetts Institute of
Technology). Atualmente é professor

Acervo pessoal
e pesquisador da Carnegie Mellon
University, em Pittsburgh, na
Pensilvânia, com interesse no uso da
tecnologia da informação para o
esmo que ainda lentamente, o Para comprovar as vantagens da TI na
desenvolvimento econômico e como
forma de suporte ao gerenciamento
da construção. Estuda também a
M universo da construção civil co-
meça a sofrer uma invasão de tecnolo-
construção – porque qualquer aplica-
ção prática demanda significativo apor-
integração de processos e o gias da informação que propõem me- te de recursos – é imprescindível inves-
desenvolvimento de sistemas em lhorar a concepção de projetos, a execu- tir em pesquisa. No entanto, estudos
larga escala, assim como inteligência ção e o controle da qualidade das obras, que visem à melhoria da produtividade
artificial, coleta de dados, dentre além de atuar sobre a segurança no tra- em empresas não são escopo do gover-
outros temas relacionados. balho. Embora alguns custos ainda no, da mesma forma que pesquisar
sejam altos, outros obstáculos são mais sobre como diminuir os impactos da
difíceis de superar. O exemplo máximo construção na sociedade não é o foco
é a validação efetiva da utilidade ou dos dos construtores. Se o problema parece
benefícios proporcionados pela adoção típico de um país que pouco investe em
de determinada tecnologia. É um pro- pesquisa, o engenheiro brasileiro Lucio
blema inerente à maior diferença entre Soibelman assegura que esse é um dos
a indústria da construção e as demais: o maiores entraves que enfrenta para
fato de não trabalhar com produção se- obter financiamento para pesquisa nos
riada. Dessa maneira, fica difícil avaliar Estados Unidos. Nessa entrevista ele
qual elemento – ou qual combinação de aponta como os nós têm sido desatados
decisões – determinou a melhora ou para que os canteiros de obra se benefi-
piora de uma obra em relação às outras. ciem efetivamente da informática.

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Ao observar um canteiro de obras mação, têm bateria e permitem uma cionários, com histórico médico e
moderno, podemos constatar que leitura à maior distância. Se há uma presença em obra. Também em ele-
há tecnologias que pareciam coluna muito grande e a etiqueta tem mentos mais caros, como esquadrias,
improváveis há alguns anos. que ficar no alto, tem que ser ativa. As há muita gente usando, mas ainda não
A construção demorou em abrir passivas são muito mais baratas, mas está claro se o melhor é a ativa ou a
espaço à tecnologia da informação? exigem que se chegue perto para con- passiva e qual tamanho de memória.
Não é questão de ser provável ou seguir ler. Se, por exemplo, se quiser Também estão padronizando etique-
não, mas do que existia. Houve um controlar a entrada de canos numa tas e leitoras.
grande desenvolvimento de uso da TI obra por meio de RFID, estas têm que
(tecnologia da informação) no escri- ser ativas ou alguém tem que fazer a No campo de gerenciamento, quais
tório, com o surgimento de grandes leitura com uma pistola. Outro deta- as novas ferramentas?
softwares para fazer orçamentos. lhe importante é o tamanho da me- Há o CAD 4D, que considera o
Então, não é completamente verdade mória. A construção ainda não desco- tempo de execução. Como em 3D os
dizer que a indústria da construção briu se quer ter esse tipo de coisa. projetos não estão unidos, para saber
está atrasada em relação à informática, quando uma parede será executada,
embora tenha demorado em usar o Já é possível controlar a entrada e o tem que se procurar no cronograma
computador em obras. consumo de materiais e ferramentas de obra, sendo que não existe padroni-
por meio de RFID? zação para designar a parede. Consi-
Para quais fins o computador tem Há empresas que estão fazendo. derando o tempo, tudo fica integrado
sido usado nos canteiros? Fizemos testes, passando um cami- e basta encontrar a parede no projeto
No Brasil muitas construtoras nhão de materiais por baixo de um que o sistema informa quando será
usam handhelds. Nos Estados Unidos, pórtico e obtivemos 100% de acerto. construída. Integrado com o scanner,
a idéia da extranet pegou forte, tendo Todas as 80 etiquetas foram lidas sem- pode verificar a seqüência da constru-
começado basicamente com gerencia- pre que o caminhão passou a menos ção no tempo, pois de repente o siste-
mento de projetos. Hoje o calculista de duas milhas por hora. Benefícios ma mostra que o telhado aparece
estrutural não precisa nem falar com o são muitos, tanto do operário, com in- antes da parede. O mais importante é
arquiteto, é só entrar no site da obra e formações médicas e possibilidade de que, se mostra como deve estar em de-
verificar os dados de que precisa. controle de acesso a locais e equipa- terminado dia, é possível comparar
Mesmo homens de obra têm acesso às mentos, quanto de controle de esto- com a imagem obtida pelo scanner e
informações por meio de computado- que, entrada de material e roubo. ver o que e quanto está atrasado.
res de canteiro. Também é possível controlar frotas,
com informação sobre manutenção. Quais os entraves para implantar
Têm surgido soluções tecnológicas esses recursos?
completamente novas? Qual o padrão ideal de uso dessas Isso teoricamente já foi implanta-
Algumas empresas começam a etiquetas? do há muito tempo. O problema é
usar o RFID (Radio-Frequency Identi- É interessante que durem por toda que, se não é padronizado, o constru-
fication, ou identificador por radiofre- a vida do edifício. Em elementos pré- tor tem que redesenhar toda a integra-
qüência), outras contam com scan- fabricados, por exemplo, o fabricante ção a cada nova versão dos softwares.
ners 3D a laser para controle da quali- pode incluir informações sobre o Por isso, a IAI (International Alliance
dade da execução. Esse equipamento, traço do concreto, a umidade do ar e a for Interoperability), ou Aliança Inter-
ainda muito caro, analisa os eixos das temperatura no dia da fabricação. De- nacional pela Interoperabilidade está
colunas da fôrma e do modelo 3D, pois, informações sobre o estoque, definindo nomenclaturas e desig-
comparando tolerâncias antes mesmo transporte e instalação. Dez anos de- nações-padrão a serem utilizadas
da concretagem, por exemplo. A foto- pois, se houver uma rachadura num pelos programas.
grafia digital também está revolucio- elemento, a etiqueta terá toda a infor-
nando a documentação, pois fica fácil mação do histórico do elemento, in- De acordo com sua expectativa,
provar que uma impermeabilização, cluindo dados de projeto. quais tecnologias devem ser
por exemplo, foi feita. Há sensores, incorporadas na próxima década?
ainda em fase de pesquisa, que permi- E qual o impedimento para que Ferramentas para aquisição de da-
tem ver a maturidade do concreto e o sejam usadas? dos em obra, como as citadas. Os proje-
momento para retirada das fôrmas. O problema é que uma etiqueta tos já estão no computador. Assim, se
dessas não pode ser passiva, do con- adquirirmos dados mais rapidamente,
Por que as etiquetas de RFID ainda trário tem que ter bateria. E como tro- podemos controlar melhor, analisando
não são amplamente utilizadas? car a bateria dentro de um elemento e aprendendo sobre como construímos.
Existem etiquetas de RFID ativas e de concreto? Para coisas mais simples, O TCPO (Tabelas de Composições de
passivas. As primeiras emitem infor- já é usada, como identificação de fun- Preços para Orçamentos), da PINI, por

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ENTREVISTA

exemplo, informa o tempo necessário ficação), da Universidade Federal do


para cada tarefa, mas é uma média que Rio Grande do Sul.
depende de vários fatores. Um bom en-
“A fotografia digital
genheiro de obra multiplica esse núme- também está A que se deve a dificuldade em
ro de acordo com sua experiência. Esse conciliar linhas de pesquisa com
tipo de ferramenta viabilizará uma aná-
revolucionando a realidade de obra?
lise menos baseada na experiência de ge- a documentação, Existe distância entre obra e pesqui-
rentes, mas fundamentada no histórico sadores, com falta de entendimento
de construção.
pois fica fácil mútuo, e isso não é só no Brasil. Há gru-
provar que uma pos que trabalham diretamente com
O custo é o maior obstáculo à ampla empresas, como o Norie, que trabalha
adoção de tecnologia da informação?
impermeabilização, muito com o Sinduscon (Sindicato da
Existem problemas maiores, como por exemplo, Indústria da Construção). Para meu
a falta de pesquisa e de validação das mestrado, em Porto Alegre, tinha acesso
ferramentas, esse o maior obstáculo, e a
foi feita” à contabilidade de cinco escritórios.
dificuldade de medir ganhos financei- Medi as notas fiscais de tudo o que havia
ros. Como há diversos elementos en- sido comprado e do que foi utilizado
volvidos, é difícil provar que a tecnolo- cadeia de suprimentos) na indústria para determinar perdas. Precisamos
gia foi responsável pelo barateamento da construção? mais desse tipo de pesquisa. Aqui, as
ou não de uma obra. Pode ter sido o O que precisa ser resolvido com construtoras permitem que se entre nas
projeto arquitetônico ou o gerencia- pesquisa antes da prática é a padroni- obras, mas dificilmente financiam. Pes-
mento, pois não é possível fazer 50 pro- zação e a ontologia, ou a forma como quisa é um negócio, e se é o governo que
jetos iguais, sob as mesmas condições e as palavras se relacionam entre si. É financia, tenho que adequar a pesquisa
com a mesma equipe.A única forma de necessário criar uma árvore com ter- ao governo. Daí pode não se voltar aos
analisar é por meio de estudos de caso mos, para que cada fabricante rotule construtores. Então, fica difícil fazer pes-
e, ainda assim, há incrédulos que dirão os produtos em uma folha nessa árvo- quisa para melhorar a produtividade
que um projeto é diferente de outro. re. Padronizados, os softwares conse- das empresas, se elas não financiarem,
guem pesquisar e encontrar o rótulo porque o governo não terá interesse.
O que determina a adoção ou fim de adequado e se relacionar com siste-
uma tecnologia? mas de orçamentação automática, De que maneira a área de estruturas
Tem que haver muita pesquisa, buscando preços na internet. pode se beneficiar dos avanços da
mas a adoção depende muito de al- tecnologia da informação?
guém puxar a inovação e começar a E há problemas com a padronização? É uma área muito avançada, pois
ganhar dinheiro. Depois outros vêm O ser humano interpreta as infor- foi um dos primeiros usos de TI na
atrás. De qualquer forma, o Brasil de- mações obtidas, o software não. O pro- construção.A base dos sistemas desen-
veria pesquisar mais, que é a única blema é que alguns fabricantes acham volvidos naquela época é a mesma até
forma de desenvolver. que a descrição pode ser um limitante hoje. Embora na execução ainda não
do uso do produto e acabam mentindo esteja muito difundida, há tecnologias
E com relação à tecnologia, quais os um pouco para aparecer em mais fo- se desenvolvendo que dão idéia do
obstáculos? lhas. O IAI é um primeiro passo e daí comportamento das estruturas. A
No caso do escaneamento a laser, é pode nascer algo mais avançado. comparação com o desempenho espe-
possível fazer o modelo externo, mas rado otimiza os projetos, pois se o
há elementos que não são controláveis Como é medido o potencial de comportamento é melhor que o espe-
por meio de scanner, como pintura, aplicação prática das soluções rado, modificam-se coeficientes de se-
acabamento, limpeza ou produtivida- pesquisadas e desenvolvidas? Ou gurança e diminuem-se custos. O me-
de. Outro aspecto importante é a in- seja, como calcular se uma solução lhor entendimento do comportamen-
terpretação, que ainda não é feita au- é útil e compensa o investimento? to valida modelos teóricos a partir de
tomaticamente. Como o computador Se uma única obra foi bem, vão comportamentos reais.
não sabe o que é coluna ou o que é dizer que outros elementos foram res-
viga, estamos pesquisando formas de ponsáveis. Quando há um volume E em relação à concepção?
extrair automaticamente os objetos e grande, com 200 estudos de caso e me- Desenvolve-se muito com a adoção
compará-los com o projeto. dição isenta, pode-se afirmar se funcio- de elementos finitos e análises mais pre-
na e os céticos começam a acreditar que cisas com supercomputadores. Hoje, é
Quais as dificuldades de absorção de não é coincidência. Aí que entra a uni- possível entender muito melhor o com-
conceitos de supply chain versidade e grupos como o Norie (Nú- portamento de fissuras a partir do ponto
management (gerenciamento da cleo Orientado para a Inovação da Edi- de vista micro, e não apenas macro.

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ENTREVISTA

Embora digitalmente seja possível gens. Daí se clica num elemento da


prever uma infinidade de situações, foto para se ter todas as informações.
é também possível transferir todos
“Padronizados,
os aspectos para o projeto e daí para os softwares Com tal quantidade de informações,
a execução? como torná-las produtivas?
Nem tudo precisa ser passado para
conseguem pesquisar Há uma infinidade de tipos de in-
a obra. É importante entender qual é a e encontrar o rótulo formação, com documentos de ima-
informação a ser passada para que não gem, de texto, de projeto. Trabalho
se afogue no meio dos dados. A ques-
adequado e se com ciência da informação, um novo
tão é apenas de melhorar o conheci- relacionar com campo de pesquisa que aborda como
mento em ciência da informação. Por organizar a informação, com minera-
isso recomendo aos meus alunos fazer
sistemas de ção em dados e busca de conhecimen-
cadeiras de biblioteconomia, para orçamentação to nos documentos. Ou seja, depois
aprender a gerenciar a informação. É que há os dados, deve-se modelar, criar
necessário saber como organizar e ge-
automática, buscando banco de dados e passar ao usuário de
renciar as informações. preços na internet” maneira que possa tomar a decisão.
Transformar dados em uma tabela e
Isso para considerar os documentos verificar a produtividade,por exemplo.
gerados? de água", mesmo que apareçam outros
Todos os documentos podem ser 45 objetos. Há elementos que foram Como é considerado o inevitável
unificados no projeto. São tiradas cen- registrados, mas não estão localizá- intervalo entre pesquisa,
tenas de fotos numa obra, mas não há veis. Como ninguém tem um funcio- desenvolvimento e adequação de
como pesquisar depois. Uma foto de nário para fazer esse cadastro, pesqui- projetos e processos? Quanto tempo
obra tem, em media, 46 objetos. No en- samos uma área da computação que leva para que uma pesquisa beneficie
tanto, o nome é, por exemplo, "canos trabalha com identificação de ima- efetivamente o processo construtivo?
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ENTREVISTA

Depende da pesquisa. Trata-se de Podemos afirmar que, por aumentar


um investimento de altíssimo risco. o controle sobre a obra, a tecnologia
Mas o resultado obtido por duas ou três
“O problema do Big permitiria reduzir, além de
é que fazem os Estados Unidos lidera- Dig não é corrupção, desperdícios, corrupção e desvios
rem o mercado.Quanto mais imprová- financeiros? Em caso positivo, por
vel a idéia, maior pode ser o ganho, e o
pelo menos não da que grandes obras, como o Big Dig,
gap é relativo. Quando algo muito bom maneira como é em Boston, possivelmente a maior
é descoberto, é usado rapidamente. obra dos Estados Unidos, ainda
encarada no Brasil. sofrem com denúncias de corrupção?
O fato de a mão-de-obra não ser O problema é O problema do Big Dig não é cor-
qualificada pode ser um gargalo para rupção, pelo menos não da maneira
o uso da tecnologia da informação?
operacional, pois a como é encarada no Brasil. O proble-
A computação facilita algumas coi- obra é muito grande, ma é operacional, pois a obra é muito
sas ao operário menos qualificado. Se grande, com uma verba 50% maior
ele tem dificuldade em interpretar um
com uma verba do que a de toda a Secretaria de Trans-
modelo 2D, uma planta, pode visuali- 50% maior do que portes do Estado. Isso exigiria dupli-
zar melhor uma estrutura em 3D. Sob car o tamanho da secretaria. Depois
esse ponto de vista, o computador, a
a de toda a Secretaria de dez anos, quando a obra estivesse
realidade virtual e melhores sistemas de Transportes pronta, o que fazer com os funcioná-
de medição resolvem problemas e rios? Para lidar com o problema, o Es-
criam interfaces. Computador tam-
do Estado” tado fez algo arriscado, que foi sub-
bém é uma boa ferramenta de treina- contratar o gerenciamento. As empre-
mento. Então, a pergunta tem resposta sas representariam a posição do Esta-
para os dois lados.Se tiver que interagir dados? A retroalimentação do do, que nunca se sentiu confortável
com softwares avançados e não houver processo com relação à em passar totalmente o controle. Daí
qualificação, vai ter dificuldade. Por produtividade, consumo e designou algumas pessoas para ficar
outro lado, pode ajudar muito, e algu- desempenho, por exemplo, é efetiva? acima dessa joint venture, numa es-
mas tecnologias, como o RFID, não A transformação dos dados em in- trutura complicada que resultou num
dependem da qualificação. formação e sua utilização na tomada mau gerenciamento. Então, não foi
de decisão é uma questão complexa corrupção como conhecemos. No
Como a tecnologia pode minimizar não apenas para a construção. Estou Brasil a corrupção é tão grande que
o desperdício de materiais? pesquisando para uma empresa de ro- com a TI ganharia mais alguns agen-
Os recursos já são viáveis técnica bótica que inspeciona canos de esgoto. tes: o programador e o gerente de in-
e economicamente? A empresa tem um robô que adquire formação. É possível criar o controle,
Há diversas causas para desperdí- imagens internas do esgoto e identifica mas há interesse? O problema no Bra-
cio. O maior problema no Brasil é os problemas encontrados. Com da- sil é cultural e não vai mudar com o
roubo, o que diminui muito com uso dos em mãos, quer saber o que resolver uso do computador.
de câmeras, sistemas eletrônicos de primeiro. Ou seja, não quer saber se há
detecção de intrusos, RFID e rastrea- rachadura, mas quando ela vai dar Considerando-se aspectos
mento em GPS para componentes e problemas e quanto tempo pode espe- financeiros e tecnológicos, qual a
equipamentos caros. Ele também se rar para resolver o problema. diferenciação no uso das tecnologias
relaciona com a perda incorporada, em obras públicas e privadas?
como numa laje mal escorada. Para Então, não é um problema Não se pode ter análises de produ-
não ficar com uma espessura maior específico da construção? tividade sem haver análise de produ-
do que a esperada, ferramentas como Isso acontece em todas as áreas. Os ção. Os dois são clientes, e têm caracte-
o scanner a laser ajudam a controlar o dados são adquiridos, mas há proble- rísticas diferentes de controle, mas o
posicionamento das fôrmas. As cen- mas na tomada de decisão. Essa é a área sistema pode se adaptar. O problema
trais de concreto já usam sistemas mais quente em pesquisa atualmente. maior é quando há tipos diferentes de
para controlar a mistura e todas essas Estamos morrendo de fome por co- obra, com características diferentes de
ferramentas ajudam no processo de nhecimento ao mesmo tempo em que medição. Uma obra repetitiva, como
controle. A integração é questão de nos afogamos em dados. É uma frase uma estrada, é diferente de uma casa,
tempo, cada empresa vai implemen- típica de diversas áreas, inclusive das por exemplo. Os aspectos da TI dife-
tar onde aperta mais. empresas de cartão de crédito, que renciam-se mais quanto ao tipo de
sabem como o cliente consome, mas obra, não havendo diferenças com re-
Coletados, há programas que não conseguem verificar casos de uso lação ao cliente.
interpretem adequadamente tais fraudulento, por exemplo. Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE
O túnel foi escavado a fogo,com uso
de brocas para perfuração da rocha em
até 2 m de profundidade e aplicação de
dinamite. O avanço diário foi de, em
média,5 m,pois,após a explosão,era ne-
cessário retirar os detritos de rocha. Um
máximo de duas cargas de dinamite
eram realizadas por dia, uma vez que
também se faz necessário, nessa meto-
dologia,aguardar que a rocha se acomo-
de após cada explosão. "É importante
Divulgação: DNIT

medir as deformações para verificar se é


seguro avançar", explica Flores, refe-
rindo-se ao abrupto alívio de pressão.
A afirmativa é especialmente váli-

Travessia subterrânea da quando o trecho escavado não é


rocha sã, mas alteração de rocha ou
outro tipo de solo menos coeso. "É pe-
Questões sócio-ambientais pesaram mais que custo rigoso encontrar falhas na formação
do maciço", explica Flores. Daí a velo-
e prazo de entrega na duplicação do Trecho Norte da
Craft Engenharia

cidade do avanço diminuir, mesmo


BR-101, em Santa Catarina. Solução semelhante porque se faz necessário reforçar a
parte superior para evitar desmorona-
será adotada em outros trechos mentos e revestir o trecho com cambo-
tas de concreto na abóbada e, por
custo imediato foi maior e a execu- são. Comparadas, a pista antiga apre- vezes, nas laterais. Nos segmentos em
O ção ficou mais complexa, além de o
prazo para entrega ter aumentado.Ainda
senta rampa acentuada, em torno de
6%, em ambos os sentidos, enquanto a
rocha sã, faz-se apenas uma projeção
de concreto para uniformização.
assim, o corpo técnico do DNIT (Depar- rampa mínima do túnel é 1,5%, "oca- A obra foi iniciada em agosto de
tamento Nacional de Infra-Estrutura de sionando considerável redução de es- 1997 e entregue em dezembro de 2000.
Transportes) optou por executar em forço que se traduz em economia de Apesar de antiga,os preceitos que pauta-
túnel a travessia do Morro do Boi,no Tre- combustível e menor tempo de viagem ram o desenvolvimento do projeto e a
cho Norte da BR-101,em Santa Catarina. ao usuário", observa o engenheiro Cé- execução têm voltado à tona para a con-
Localizado no km 140 da rodovia, entre sar Flores, supervisor de estudos, proje- cepção de projetos semelhantes. Com o
os municípios de Balneário Camboriú e tos e meio ambiente da superintendên- Trecho Sul da BR-101-SC atualmente
Itapema, tem 1.007 m de comprimento, cia do DNIT de Santa Catarina. em execução,em pelo menos outros três
13,9 m de largura e 9,45 m de altura, Dentre as questões ambientais di- casos – ainda em projeto ou início de
tendo exigido a retirada de 136 mil m3 de retas, a opção pela travessia em túnel execução – a solução foi adotada.
rocha quando da execução.Custou R$ 29 evitou que houvesse interferências na É o caso do Morro do Formigão, na
milhões, enquanto, de acordo com esti- mata nativa existente e com a fauna. cidade de Tubarão, atravessado por um
mativas,a travessia por fora da rocha cus- Em números, isso representa a preser- túnel de 450 m,do Morro do Agudo,em
taria R$ 12,6 milhões. vação de uma área de aproximada- Paulo Lopes, com 980 m de extensão, e
Como o túnel é parte da duplicação mente 105 mil m2. A expectativa é que do Morro dos Cavalos, no município de
da BR-101, existe uma pista a céu aber- o investimento adicional seja recupe- Palhoça.Essa última travessia é compos-
to, mais antiga, que realiza a mesma tra- rado em até 25 anos, mas "provavel- ta por dois túneis de 1.350 m de exten-
vessia do morro. Caso não fosse em mente ocorrerá em menos tempo por são que evitam interferir em uma co-
túnel, a duplicação seria paralela à pista conta do crescimento no volume de munidade indígena existente no local.
já existente, que conta 3,5 km de exten- tráfego", complementa Flores. Bruno Loturco

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CONGRESSO

Desenvolvimento concreto
Armaduras inoxidáveis, concreto para durar mil anos, novos materiais
para reforço estrutural – congresso do Ibracon movimenta os especialistas
nacionais e internacionais

Fundação Iberê Camargo


De acordo com o projetista estrutural do
edifício, o português Jorge Nunes da Silva,
o desenvolvimento do projeto foi
condicionado pela localização do edifício,
de frente para o rio Guaíba, em Porto
Alegre. "A arborização era uma
característica indispensável para o projeto",
explica. O local escolhido foi uma faixa de
terra estreita, entre um trecho acidentado
do terreno e a avenida Padre Cacique.
A obra foi erguida em concreto branco
Divulgação: Ibracon

armado com aço galvanizado em toda a sua


extensão, ou seja, não possui quaisquer
elementos de vedação. Por isso, o cuidado
Destaques do último Congresso Brasileiro do Concreto, apresentações técnicas tiveram com a preservação da armadura, que não
15 palestrantes internacionais. Durante o evento, Ibracon empossou novo presidente poderia apresentar corrosão. "Apesar de
atentarmos o tempo todo à qualidade do
concreto para evitar fissurações, fomos
entro do segmento da construção qualquer elemento de vedação, exigiu
D civil brasileira, há algum tempo o
setor do concreto vem se destacando
cuidado permanente dos construtores
– qualquer falha, segundo o engenhei-
obrigados a usar o aço galvanizado, por

em produção científica e inovações ro, exigiria a demolição do trecho exe-


tecnológicas. E foi isso o que mostrou cutado. O professor da Universidade
a última edição do Congresso Brasilei- de Berkeley (EUA), Povindar Kumar
ro do Concreto, promovido pelo Ibra- Mehta, trouxe algumas novidades do
con (Instituto Brasileiro do Concre- que está sendo desenvolvido para me-
to), realizado em setembro, em Bento lhorar o desempenho do concreto e a
Gonçalves (RS). durabilidade das estruturas.
Destaque do evento, as conferên- O seminário trouxe ao debate ainda
cias plenárias trouxeram 15 apresenta- a qualidade dos profissionais de enge-
ções internacionais. Entre elas, a do nharia do País, com a reiteração, por
calculista da nova sede da Fundação parte de algumas entidades do setor, da
Iberê Camargo, às margens do rio necessidade de aplicação de um exame
Guaíba, em Porto Alegre. A execução nos moldes do aplicado pela OAB
do edifício, projetado com fechamen- (Ordem dos Advogados do Brasil).
to em concreto branco aparente, sem Renato Faria

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Divulgação: US Oak Ridge National Laboratory


Concreto de mil anos
A solução foi apresentada pelo professor ou por perda de água; reduzir, como
Povindar Kumar Mehta: um concreto de alta conseqüência, a corrosão das armaduras;
performance, com grande volume de cinzas e diminuir drasticamente a ocorrência da
volantes. O material é apontado pelo reação álcali–agregado. Usando-se menos água–cimento da mistura. Ele conta
professor como uma das potenciais soluções cimento, o professor acredita que será que o material não apresenta fissuração
para o desenvolvimento sustentável do setor possível diminuir o impacto da produção do superficial, comum nas superfícies de
da construção. O segredo está no material concreto sobre a emissão de gases que concreto tradicionais: em um experimento,
adicionado ao cimento. Entre outros, as produzem o efeito estufa. "Vocês podem não o professor produziu fundações com o
cinzas volantes permitem reduzir a gostar de ouvir isso, mas é preciso usar concreto especial e, cinco anos depois,
quantidade de cimento e água usada na menos cimento nas construções", afirmou. não encontrou uma falha sequer.
mistura do concreto (menos de 200 kg/m³ e De acordo com Mehta, as cinzas volantes Se o cenário se confirmar, será possível
130 kg/m³, respectivamente), minimizar o funcionam como superplastificantes e no futuro produzir estruturas com centenas
fissuramento decorrente da retração térmica permitem reduzir a até 0,3 o fator de anos de vida útil.

Reforço de concreto – novos materiais


segurança. Sabíamos que afetaria a O professor Kypros Pilakoutas, da

Divulgação: Erico
aderência ao concreto, mas isso foi Universidade de Sheffield, na Inglaterra,
estudado e executado de forma mostrou algumas novidades na área de
controlada", explica Silva. Essa, aliás, não foi reforço de concreto. Entre elas, ele destacou
a única preocupação com o aço nessa obra. os polímeros reforçados com fibras de vidro e
Na cobertura, o detalhamento da carbono, utilizados na confecção de barras e
amarração das densas armaduras foi mantas. As barras substituem o aço em casos
enviado à obra não apenas em formato de especiais, particularmente em estruturas de
plantas e cortes bidimensionais, mas concreto armado expostas a agentes
também em perspectiva tridimensional, corrosivos. Em comparação com o material
para garantir a execução perfeita. que substituem, elas possuem menor
O edifício possui um átrio central que cobre módulo de elasticidade, o que leva a fissuras
o pé-direito de todo o edifício. Os e flechas maiores. As mantas são usadas nas

Divulgação: Pultrall
pavimentos são em formato de "L", regiões de encontro de vigas e pilares para
interligados por rampas em formato de aumentar a rigidez da estrutura, sobretudo
tubo com seções irregulares. "Elas também em situações de intensa movimentação,
têm um papel estrutural, pois transmitem como terremotos. Pilakoutas apresentou
os esforços horizontais resultantes da carga também a armadura de cisalhamento pré-
de vento", explica Silva. fabricada, em análise no laboratório da
universidade britânica. Serpenteada, a tira de
Marcelo Scandaroli

aço é de fácil posicionamento e apresenta


grande adesão às barras e ao concreto.
Divulgação: Pultrall

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CONGRESSO

Palavra do presidente
Quais as principais ações do Ibracon das Empresas de Serviços de
programadas para sua gestão? Concretagem), além de instituições de
Entre as principais metas, acredito que ensino. Isso é algo já feito pelo mundo – a
uma das mais importantes seja a de dar ACI (American Concrete Institute) faz isso
início ao trabalho de certificação de mão- nos Estados Unidos; a Petrobras também,
de-obra que trabalha com concreto na com o pessoal que lhe presta serviços.
construção civil. A idéia é trabalhar com as
funções internas da cadeia. O público-alvo Há ações programadas para a sua
é composto por profissionais que área de atuação, de barragens?
trabalham com o concreto – o recebedor Nós precisamos trazer de volta os

Divulgação: Ibracon
do concreto, aquele que faz a vibração construtores de grandes obras, sobretudo
do concreto etc. de barragens, que se afastaram do instituto
na década de 1980, com o desaquecimento
Como isso será feito? da economia e com a diminuição da Rubens Machado Bittencourt
A idéia é treinar essas pessoas e, quando quantidade de obras de infra-estrutura. gerente do DCT (Departamento
o curso for concluído, elas passam por Com o reaquecimento da economia e a de Apoio e Controle Técnico)
uma prova e são certificadas. O projeto volta das obras, pretendemos trazer de da Furnas Centrais Elétricas
está sendo desenvolvido com outros volta esse pessoal para completar a cadeia e diretor técnico na última
parceiros da área, como a ABCP – não apenas os construtores, mas gestão do Ibracon, o engenheiro
(Associação Brasileira de Cimento também os projetistas e outros assumiu durante o Congresso
Portland) e a Abesc (Associação Brasileira profissionais envolvidos nesse tipo de obra. a presidência do instituto

Temas polêmicos
A maior parte do tempo do debate que aquecimento da construção, cresce a Consultoria Estrutural), um passo
abordou o "Momento atual da demanda por profissionais da área", importante foi dado pelo sistema
engenharia" foi dedicada à discussão da afirma. O problema é que a Confea (Conselho Federal de
formação deficiente dos engenheiros no necessidade é urgente e a formação Engenharia, Arquitetura e Agronomia)
País. Para José Luis Saes, presidente da exige tempo. "Não se formam com a publicação da Resolução
Abef (Associação Brasileira de Empresas engenheiros de um dia para o outro." 1.010/05. Segundo o documento, os
de Engenharia de Fundações e Para garantir a qualidade dos novos estudantes de engenharia que
Geotecnia), a dificuldade de se engenheiros, é consenso entre as iniciarem o curso a partir do segundo
encontrar bons engenheiros atualmente entidades a criação de um exame semestre de 2007 se formarão com
tem origem na "década perdida" de semelhante ao da OAB (Ordem dos atribuições mínimas, concedidas pelo
1980. O pífio crescimento da economia Advogados do Brasil). Mas, enquanto Crea (Conselho Regional de
mundial implicou a redução de ela não vem, pequenas soluções Engenharia, Arquitetura e Agronomia)
investimentos de infra-estrutura no buscam melhorar a qualidade da de acordo com seu currículo escolar.
setor público e no privado. "A falta de engenharia no País. Para José Roberto Os profissionais que desejarem ampliar
investimentos ocorreu também na infra- Braguim, presidente da Abece suas atribuições poderão fazê-lo
estrutura industrial, resultando na (Associação Brasileira de Engenharia e somente mediante comprovação de
redução da capacidade de produção", títulos de pós-graduação (mestrados,
afirma Saes. Os investimentos migraram doutorados e cursos de especialização)
para o mercado financeiro, para onde em outras especialidades da
também foram os engenheiros, engenharia ou arquitetura. "Era uma
desvalorizados em suas áreas de resolução de que nós não tínhamos
especialização. "Não porque gostavam, conhecimento. Fico ao mesmo tempo
mas pela maior remuneração", aponta o feliz e triste com ela: feliz, porque é
presidente da Abef. uma iniciativa que garante a qualidade
Divulgação: Ibracon

O novo presidente do Ibracon, Rubens dos serviços de engenharia; triste,


Machado Bittencourt, acredita que a porque nenhum de nós foi consultado
tendência tem mudado. "Com o para discutir o texto", afirma Braguim.

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CONTENÇÕES

Superparede
Obras de expansão do Hospital Albert Einstein exigiram planejamento
e execução diferenciados na etapa de contenções de talude

Dentre as maiores do País,


a parede diafragma chega
aos 31,8 m de altura,
sendo 9 m de ficha. No topo
da parede, talude com 5,9 m
de altura resguarda recuo
obrigatório da Prefeitura

rios, centro cirúrgico e garagens. A


construção faz parte do projeto de ex-
pansão da Unidade Morumbi do Hos-
pital, que prevê a construção de três
prédios e um auditório, exigindo inves-
timentos de R$ 320 milhões. De acordo
Fotos: Marcelo Scandaroli

com o Plano Diretor elaborado pela


Sociedade Beneficente Israelita Brasi-
leira em 2006, as obras irão até 2012 e,
ao fim, terão dobrado o tamanho das
instalações (veja quadro).
Além das "condições topográficas
m termos de área,altura e extensão, severas", conforme ilustra o consultor
RESUMO QUANTITATIVO
DA PAREDE DIAFRAGMA E a contenção em parede diafragma
executada no terreno que abrigará o
em geotecnia da Infra-estrutura Enge-
nharia, o engenheiro Ivan Joppert Jú-
Paredes Novo Centro de Diagnósticos do Hos- nior,o subsolo é formado por sedimen-
 40 cm de espessura: 2.240 m2 pital Albert Einstein está entre as maio- tos terciários característicos da bacia se-
 50 cm de espessura: 5.349 m2 res do País. Localizado no bairro do dimentar de São Paulo, compostos ba-
Materiais Morumbi, na cidade de São Paulo, o sicamente por camadas de argilas silto-
 Concreto (fck > 20 MPa): 3.570 m3 terreno de 9,2 mil m2 apresenta desní- sas rijas a duras e intercaladas por ca-
 Armação de aço CA-50A: 235.455 kg veis de até 18 m, com o ponto mais alto madas de areia muito argilosa compac-
Viga de coroamento situado à cota 99,50 m e o mais baixo à ta. Numa profundidade ainda maior,
 Concreto (fck > 20 MPa): 35 m3 cota 81,50 m. na região da esquina das ruas Henrique
Mureta-guia (interna e externa) O prédio que nele será construído Magalhães e Albert Einstein, foi encon-
 Concreto (fck > 15 MPa): 83,5 m3 terá 16 pavimentos, sendo quatro com- trado solo residual proveniente da de-
 Armação de aço CA-50A com pletamente enterrados, cinco semi-en- composição de gnaisse, um silte areno-
6,3 mm de diâmetro: 5.204,92 kg terrados – com pelo menos uma face so muito compacto. "O solo não é tão
Viga de travamento (estronca) exposta – e sete completamente aflora- ruim, mas a areia colapsa na presença
 Perfil metálico: 523,20 kg dos.Ao término das obras, uma área de de água", informa. Uma vez que o len-
 Chapa de 12,5 mm x 400 mm x aproximadamente 70 mil m2 terá sido çol freático se encontra a apenas 4 m de
500 mm: 18 unidades construída, contemplando consultó- profundidade em relação ao terreno

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natural, procedimentos adicionais de


segurança tiveram de ser adotados.
Isso significa que, embora o pré-
dimensionamento da contenção te-
nha se valido de parâmetros de densi-
dade e resistência ao cisalhamento ob-
tidos anteriormente por meio de en-
saios com solos similares, os dados já
existentes foram aferidos à época do
desenvolvimento do projeto executi-
vo. A validação dos resultados se deu
por meio do ensaio de dilatômetro de
Marchetti, executado em dois pontos
Com 3,20 m de largura, lamelas têm 22 m ou 31 m de altura e, respectivamente,
próximos aos das sondagens.
40 cm e 50 cm de espessura. Concretadas totalmente antes da escavação,
Definido o diagrama de esforços a
receberam 642 tirantes, divididos em oito níveis
que estaria sujeita a contenção, tam-
bém durante as escavações, os dados
foram novamente confirmados. Para NÚMEROS DA EXPANSÃO
tanto, coletaram-se amostras não-de- Atual Após expansão
formadas tipo bloco para a ruptura de Área 86 mil m2 229 mil m2
corpos-de-prova em ensaios triaxiais Leitos 489 720
pré-adensados lentos. Tal procedi- Salas de cirurgia 28 40
mento foi adotado para 24 amostras Consultórios 100 250
de solo, coletadas em quatro profun- Leitos de pronto atendimento 10 59
didades díspares em locais próximos Vagas de estacionamento 1.250 4.000
aos das duas sondagens. Assentos em auditório 200 500
Os parâmetros geotécnicos consi- Salas de aula 4 12
derados são: coesão, ângulo de atrito Fonte: site da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein
interno, densidade e módulo de defor- (www.einstein.br)
mação, sendo os dois primeiros deter-
minantes para a obtenção da resistên-
cia ao cisalhamento. Para acompanhar Características da lama bentonítica
o desempenho durante as escavações e
Antes da escavação Antes da concretagem
os atirantamentos, foram instalados in-
clinômetros e medidores de conver-  Densidade > 1,03 g/cm3  Densidade > 1,1 g/cm3
gência para medir as deformações da  Viscosidade > 30 s  Viscosidade > 90 s
parede diafragma, além de medidores  pH entre 7 e 11  pH entre 7 e 11
de nível d'água e marcos topográficos a  Cake 1,0 a 2,0 mm  Cake 1,0 a 2,0 mm
montante da contenção. O monitora-  Teor de areia < 3%  Teor de areia < 3%
mento será feito a cada 15 dias até que
Fonte: livro Fundações e contenções de edifícios – Qualidade total na gestão do
toda a estrutura esteja pronta, pois esta
projeto e execução. Ivan Joppert Jr. Editora PINI.
auxiliará no travamento, mesmo não
tendo sido concebida para tal fim. "Os
consultores não acharam necessário numa das laterais. Embora tal cená- reno é grande e a declividade é razoá-
manter o monitoramento durante a rio torne cara e complicada uma obra vel", conta Arthur Brito, arquiteto res-
vida útil", explica o engenheiro Manoel repleta de subsolos, essa era a única ponsável pelo projeto, da Kahn.
Pereira, da Kahn do Brasil, empresa alternativa para implantar ali um A alternativa de contenção viabili-
projetista e gerenciadora da obra. prédio com 16 pavimentos. zada foi a parede diafragma, que aten-
Com gabarito limitado pelo Pla- dia às exigências impostas pelas condi-
Limite de altura no Diretor do Município, o edifício ções topográficas e geológicas do terre-
Além da complexidade do projeto terá os 25 m de altura permitidos, no,além de permitir a implantação dos
em si, amplificada pelas condições mais 30% garantidos pela Lei Hospi- subsolos.A profundidade de até 31 m e
geológicas, o terreno se encontra cer- talar, atingindo 32,5 m. Dessa manei- a presença de solos arenosos e água le-
cado por residências de alto padrão e ra, a escavação atingiu profundidades varam à adoção de escavação com
pelo atual prédio do Hospital Albert que variaram entre 13,36 m e 28,6 m. clamshell e lama bentonítica (veja ca-
Einstein, além de terrenos vazios "Essa variação ocorreu porque o ter- racterísticas no boxe). Era necessário,

37
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CONTENÇÕES

ainda, contar com peças estrutural-


mente robustas, com dimensões sufi-
cientes para resistir às pressões horizon-
tais provenientes dos empuxos ativos e

Fotos: Marcelo Scandaroli


verticais decorrentes do apoio das nove
lajes de subsolo na parede.
O resultado foram lamelas de 31 m
de profundidade, 3,20 m de largura e
0,5 m de espessura nas regiões mais
altas (adjacentes à rua Ruggero Fasa- Visando o desempenho ao longo da vida
no) e outras com mesma largura, mas útil, adotou-se a cordoalha com maior
22 m de profundidade e 0,4 m de es- resistência existente no País. Foram
pessura quando a escavação foi menos tensionadas ao limite para testar a
profunda (na rua Padre Lebret). capacidade de carga antes da injeção de
A mesma diferença de profundida- nata de cimento e ancoragem. A carga
de que levou a esse detalhamento do variou entre 60 t e 120 t
projeto também provoca uma "des-
compensação de empuxos horizon-
tais", explica Joppert. Era possível pas- ções, adotou-se o travamento por lienta Manoel Pereira. Na prática, todos
sar às lajes dos subsolos a responsabili- meio de tirantes. Dessa maneira, 624 os tirantes compostos por cabos de aço
dade pela absorção desses esforços. No tirantes dispostos em oito níveis e CP190RB – "o mais resistente disponí-
entanto,nesse caso,os pilares sofreriam com cargas variáveis entre 60 t e 120 t vel no mercado", segundo Joppert –
forças horizontais excessivas no senti- foram protendidos e ancorados na foram tensionados até o limite e depois
do do lado mais alto para o mais baixo, face externa das paredes diafragma. aliviados e ancorados, garantindo que
com conseqüentes momentos e forças Cada um deles foi limpo e pintado resistiriam aos esforços aos quais foram
cortantes de valores muito altos nas de modo a evitar problemas com corro- dimensionados. "A responsabilidade
fundações, o que tornaria a estrutura são, o que também é evitado com a in- técnica não é só do projetista, mas tam-
muito pesada. "A solução seria aumen- jeção de nata de cimento pressurizada bém da executora", afirma Pereira,
tar a massa, o que tornaria a estrutura em toda a extensão. Tiveram a resistên- referindo-se ao fato de a Racional Enge-
muito cara", complementa. cia testada de acordo com os quesitos nharia ter contratado um consultor
Para que a estrutura trabalhasse de presentes na NBR 5629 – Execução de para auxiliar nessa etapa de execução.
forma independente e pudesse ter a Tirantes Ancorados no Terreno.Aliás,o Eles avançam 25 m sob a terra, mas
concepção otimizada, além da necessi- controle da qualidade da obra prevê não invadem terrenos vizinhos nem
dade de escavar os subsolos até o fim testes individuais. "Não fizemos con- instalações de concessionárias, devido à
antes de iniciar a execução das funda- trole por amostragem, mas total", sa- profundidade – cerca de 6 m abaixo da
superfície da rua. Isso porque é respei-
tado um recuo de 5,6 m exigido pela
Prefeitura, o que levou, nesse trecho, à
execução de um talude. Dessa maneira,
a parede diafragma não foi arrasada no
topo da escavação. Após a conclusão da
obra, esse talude será aterrado.
A parede tem uma altura, consi-
derando o trecho desconfinado, de
22,75 m. Se contarmos o trecho de
ficha, são 31,8 m, suficientes para atin-
gir um solo menos permeável e evitar
que o subsolo sofra esforços de sub-
pressão devido ao lençol freático. Du-
rante a execução da parede foram con-
troladas as características da lama ben-
tonítica, a resistência e a trabalhabili-
dade do concreto, assim como o
Presença de prédios e residências na vizinhança e solo instável devido ao lençol tempo desde a saída da usina até sua
freático alto levaram à realização de ensaios de confirmação das características aplicação e as características do aço.
do solo e implantação de equipamentos de monitoração Bruno Loturco

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OBRA

Ambientes selados
Produção de remédios exige controle absoluto do clima interno e
independência entre os ambientes de produção para evitar contaminações

RESUMO
Obra: Fábrica de Produtos
Farmacêuticos Especiais –
Prédio 25 da Furp (Fundação
para o Remédio Popular)
Cliente: Furp
Execução: Consórcio MPD-TEP
(MPD Engenharia e TEP
Tecnologia, Engenharia
e Processos)
Localização: Guarulhos (SP)
Construção: julho de 2006
a julho de 2007
Área construída total:
7.520 m2; prédio de
produção: 5.500 m2; central
de utilidades: 500 m2;
mezanino técnico: 860 m2;
Fotos: Marcelo Scandaroli

docas: 660 m2
Terreno: 25.300 m2
Volume de concreto: 1.000 m3
Quantidade de aço
utilizada: concreto
armado: 50 t; estruturas
aior fabricante público de medi- nos antes da chegada da Furp. A outra
M camentos do Brasil, a Furp (Fun-
dação para o Remédio Popular) sur-
unidade fica na cidade de Américo
Brasiliense, na região de Araraquara,
metálicas: 150 t
Isolamento térmico: 5.500 m2
Painéis de fachada: 3.000 m2
giu em 1974 por iniciativa do Gover- no interior paulista. Impermeabilizações:
no do Estado de São Paulo. A unidade A obra em questão é resultado do 1.000 m2
sediada na cidade de Guarulhos, na incremento na produção da unidade Alimentação elétrica: 13,8 kV/
Grande São Paulo, conta com mais de e passou por duas etapas. Durante a 380-220 V
40 mil m2 de área construída e mais de primeira, há cerca de três anos, foram Carga instalada normal:
mil funcionários, tendo alcançado, executadas as fundações, em estacas 2.000 kVA
em 2006, uma produção de 2,5 bi- pré-moldadas, os fechamentos e o Carga instalada de
lhões de unidades farmacêuticas, dis- piso. À época ainda não se sabia sobre emergência: 700 kVA
tribuídas entre 80 tipos de medica- a finalidade funcional do prédio. A No-breaks: 150 kVA
mentos. Com 220 mil m2, o terreno "casca" foi executada, portanto, antes Sala limpa classe
abrigava um hospital para hansenia- da definição do projeto da fábrica de 100.000: 3.500 m2

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medicamentos em si. A segunda e úl-


tima etapa foi iniciada em meados de
2006, já com o projeto final definido,
levando à construção de um mezani-
no de produção, um mezanino técni-
co e um edifício de utilidades. A divi-
são em etapas deveu-se à impossibili-
dade de prever os aportes de verbas
governamentais. Nesse intervalo, o
prédio foi utilizado como depósito.
Obviamente, a situação causou al-
A pressão interna do galpão que dá início e finaliza a produção é menor que a das
guns transtornos técnicos que exigi-
demais áreas da fábrica, permitindo a expulsão de insetos e sujeiras
ram adaptações no projeto original.
"Como não existia um projeto pré-
definido foi necessário adequar o pré-
dio às necessidades", pontua o enge-
nheiro Ricardo Luiz Mahfuz, assessor
técnico da Furp. A estrutura interna
para suporte das salas limpas foi re-
forçada com aço, com fundações para
o mezanino em estaca-raiz, fazendo
com que a planta farmacêutica ficasse
interna, envolta pela estrutura cons-
truída na primeira etapa da obra. "Foi
uma adaptação, mas as indústrias far-
macêuticas costumam funcionar as-
sim", pondera Mahfuz. O layout in-
terno também foi modificado, exigin-
do alterações nas divisórias internas.
As fundações do prédio são em es-
tacas de concreto e os fechamentos em
painéis pré-fabricados. Esse tipo de es-
trutura, escolhido no projeto inicial,
não é o ideal para indústrias farma-
Para que não fique parada e propicie a proliferação de fungos e bactérias, a água
cêuticas. "As juntas podem acumular
ultrapura corre em ramais contínuos (à esquerda). Ambientes onde ocorre a lavagem de
sujeira", explica Mahfuz. Por isso, as
matéria-prima são revestidos em inox devido à presença de umidade no ar (à direita)
áreas de produção foram revestidas
com painéis de poliuretano revestidos
por laminado melamínico. A cobertu- pas até classe 100.000", salienta em re- partir das docas. Por ele chegam
ra é sustentada por tesouras metálicas ferência às determinações da Agência matérias-primas e saem produtos aca-
e fechada por telhas tipo sanduíche.As Nacional de Vigilância Sanitária para bados. Nesse ponto o ambiente já é
divisórias internas e os forros são far- ambientes com até 100 mil partículas pressurizado, mas menos do que nos
macêuticos, este último caminhável por pé cúbico de ar. locais de limpeza dos paletes, que por
para permitir manutenção por cima, e sua vez são menos pressurizados que
os pisos são epoxídicos, com rodapés, Operação dividida os pontos de pesagem. A pressão au-
roda-tetos e cantoneiras arredonda- O ponto de partida e o final das menta gradualmente até chegar às
dos e em alumínio. "Atendemos todas cinco linhas de produção abrigadas na salas de produção.Essa pressão em cas-
as exigências da Anvisa para salas lim- planta são o grande galpão acessado a cata evita a entrada de sujeira e insetos.

41
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OBRA

Fotos: Marcelo Scandaroli


Sem piso elevado, que dificultaria a
limpeza, exaustores inferiores coletam
Acúmulos de poeira e sujeira têm de ser evitados a todo custo. Assim, cantos o ar insuflado por cima para reiniciar
arredondados em alumínio e capas para interruptores e tomadas são indispensáveis o ciclo de condicionamento

O controle do ar é absoluto para é mantida a 20°C, com variação de 2o ternacionais, conta com cor diferen-
garantir a qualidade da produção. para mais ou para menos. Em dias ciada – mais clara – nos ambientes
"Trabalhamos com três variáveis: frios, resistências elétricas ao longo limpos, incluindo as antecâmaras que
umidade relativa do ar, temperatura da linha aquecem o ar até a tempera- dão acesso às salas de produção.
e quantidade de partículas por pé tura determinada. As portas que dão acesso a esses
cúbico", explica o engenheiro Carlos Em fluxo laminar, insuflado por ambientes também são especiais.
Oliveira, que fiscaliza a obra a servi- cima e recolhido por baixo, de onde Têm vidros duplos com o espaço
ço da Ductor. Assim, é natural que vai para nova filtragem, o ar determi- entre eles preenchido por nitrogênio,
cada um dos cinco blocos de produ- nou até mesmo o tipo de piso. Se para o que propicia pressão positiva e evita
ção, que dão origem a produtos dis- suprir a necessidade por um fluxo condensações decorrentes de diferen-
tintos, conte com um sistema total- contínuo de ar a adoção de piso eleva- ças de temperatura entre os ambien-
mente independente de condiciona- do se mostrava a ideal, esse tipo de tes. Qualquer eventual umidade exis-
mento e tratamento do ar, evitando piso dificulta o acesso para limpeza tente é absorvida pela sílica-gel pre-
que o ar de um local se misture ao de sob o revestimento. Daí a existência sente no vão.
outro. "Não pode haver contamina- de coletores de ar na parte inferior das
ção cruzada entre as linhas", salienta paredes, que executam a circulação Equipamentos de apoio
Oliveira lembrando que alguns me- por detrás das mesmas, alcançando os No mezanino, em steel deck, estão
dicamentos contêm penicilina, que equipamentos de condicionamento e os laboratórios microbiológico e físi-
pode causar alergia a algumas pes- tratamento existentes no mezanino co-químico, as salas de treinamento e
soas, usuárias de outros medica- superior. Assim, escolheu-se o piso descanso, o almoxarifado, a área técni-
mentos. A temperatura, a propósito, epoxídico, que, seguindo normas in- ca, os equipamentos que dão vida à fá-

Equipamentos de ar-condicionado e BIBOs (bag-in/bag-out) evitam que haja contaminação cruzada entre as cinco atmosferas de
produção da fábrica. Sensores acusam diferenças significativas de pressão e indicam momento adequado para manutenção dos filtros

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Embora seja versátil do ponto de


vista da produção, podendo ser adap-
tada para produzir outros tipos de
medicamento, e tenha um prédio ex-
terno para abrigar as utilidades, a fa-
brica não será ampliada fisicamente.
O terreno pertencente à Furp, mesmo
com parte protegida ambientalmente,
é suficientemente grande para receber
novos prédios.
Os efluentes gerados pela opera-
ção, assim como o esgoto convencio-
nal, serão tratados antes do descarte.
Seu reaproveitamento em áreas ajar-
dinadas e mesmo para resfriamento
de máquinas está sendo estudado.
Externo à planta farmacêutica, o prédio de utilidades teve implantação alterada em
Bruno Loturco
relação ao projeto original, o que permite eventuais ampliações

FICHA TÉCNICA
Controle tecnológico de concreto:
Tecconfuro Tecnologia do
Concreto e Construção; instalação
da rede hidráulica do HVAC: JG
Montagem e Instalação de Ar-
condicionado; fornecimento e
instalação de equipamentos de ar-
condicionado: Reintech Indústria
de Equipamentos e Produtos
para Controle da Contaminação;
instalações elétricas: Coppio
Engenharia e Comércio;
montagem e execução de rede
hidráulica para água purificada:
Na primeira obra, sem a finalidade de operação definida, apenas fundações,
Ajade Comércio, Instalações e
coberturas e fechamentos foram concluídos
Serviços; fornecimento e instalação
de caixilhos de alumínio: Mar
brica e o vestiário e a entrada para uma Daí vem o nome, já que, de tempos Celestial Indústria e Comércio de
das salas de produção. Esta, que abriga em tempos, esses sacos têm de ser tro- Esquadrias de Alumínio;
a fabricação de medicamentos cefalos- cados. Garantem que não haja conta- fornecimento e montagem de monta-
porínicos, é a única que conta com ves- to com os detritos, que em seguida são carga: Bass Elevadores; piso de
tiário exclusivo e em ambiente limpo, incinerados. resina epóxi: Durocolor Industrial;
com quantidade de partículas contro- As AHUs (Air Handling Units, forro em PVC modular: Brasfor
lada. Tudo para evitar contaminações Unidades de Tratamento de Ar), que Comercial; pintura intumescente:
desta para as demais e vice-versa. devem fornecer ar a determinadas Refrasol Comercial Industrial;
Além dos equipamentos de ar- pressões, são assistidas por sensores instalações hidráulicas prediais:
condicionado dedicados, as salas de de medição das pressões diferenciais CTPF Engenharia; estaca raiz:
produção também contam com equi- - antes e depois da filtragem. Esse re- Enbrageo Engenharia;
pamentos denominados BIBOs (bag- curso que possibilita saber o mo- fornecimento e instalação de
in/bag-out, ou entrada e saída de mento de trocar os sacos dos BIBOs, niveladores de docas: HBZ
sacos, na tradução livre para o portu- que, quando cheios, reduzem a pres- Sistemas de Suspensão a Ar;
guês). São equipamentos de filtragem são dos ambientes e aumentam o es- fornecimento e instalação da porta
de ar e retenção de poeira, dotados de forço dos ventiladores com inversão seccional e porta guilhotina:
sacos para acúmulo desse material. de freqüência. Ple-Leva Portas Industriais

43
materia de capa.qxd 4/10/2007 16:08 Page 44

CAPA

Construção
integrada
Novos softwares permitirão que todas as equipes
de engenharia e arquitetura trabalhem no
mesmo arquivo eletrônico. Conceito promete
revolucionar segmento de projetos

nova geração de softwares para Nos softwares BIM, o desenho é


A desenvolvimento de projetos deve
promover uma mudança radical no
mais "inteligente". Ao desenhar a pa-
rede, o projetista deve atribuir-lhe
processo de produção da construção propriedades – tipo de blocos, dimen-
civil. Eles incorporam uma nova tec- sões, tipo de revestimento, fabricantes

Ar
te
:S
nologia, conhecida como BIM (Buil- etc. –, que são salvas no banco de

er
gi
o
Co
ding Information Modeling), ou Mo- dados. A partir dele, é gerada automa-

lo
tto
/P
delagem de Informações para a Cons- ticamente a legenda do desenho. Em

ro
je
to
:G
trução, que permite organizar, em um outras fases da construção, porém,

ui
M
at
mesmo arquivo eletrônico, um banco também é possível extrair informa-

to
s
de dados de toda a obra, acessível a ções em outros formatos, como tabe-
todas as equipes de engenharia e ar- las de quantitativos de material para a
quitetura envolvidas na construção. equipe de orçamentistas.
A disseminação do BIM vem ga-
nhando força desde o desenvolvimen- Desenhos
to, há alguns anos, dos softwares CAD Com os programas BIM, os proje- tistas passarem a trabalhar com as
paramétricos para a construção. Dife- tos são elaborados já em três dimen- mesmas noções tridimensionais, e não
rentemente dos CADs tradicionais, sões. Para Eduardo Toledo Santos, pro- mais apenas com símbolos, a comuni-
esses novos programas atribuem in- fessor da Escola Politécnica da USP cação será mais eficiente. "Nos projetos
formações aos desenhos elaborados (Universidade de São Paulo), isso exi- de elétrica que recebemos hoje, por
no computador. Assim, por exemplo, girá um esforço maior de abstração exemplo, uma tomada e um quadro de
uma parede elaborada no CAD tradi- dos projetistas acostumados a traba- força são representados por pequenos
cional é "entendida" pela máquina lhar com desenhos em duas dimen- símbolos. É muito comum especifica-
como um desenho simples, um con- sões. No longo prazo, porém, um dos rem quadros que não cabem na pare-
junto de linhas sem significados. As grandes problemas da coordenação de de", explica Contier.
características da parede – especifica- projetos tende a desaparecer: as inter- Por serem indispensáveis para
ções de material, quantidades etc. – ferências entre os sistemas. Segundo o orientação das equipes que executa-
são indicadas manualmente como arquiteto Luiz Augusto Contier, da rão in loco os projetos, os modelos
texto na legenda do projeto. Contier Arquitetura, se todos os proje- 2D continuam existindo no BIM. A

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diferença é que, como todos os ou- Contier migrar para a nova tecnolo- que atualmente mais consome tempo
tros documentos, esses arquivos ele- gia. No projeto de um terminal de e atenção dos projetistas – sejam ar-
trônicos estão permanentemente li- ônibus da Prefeitura de São Paulo, a quitetos, eletricistas ou calculistas. "O
gados ao banco de dados da obra. Por altura de um dos pavimentos preci- trabalho intelectual do profissional
isso, qualquer alteração realizada no sou ser reduzida quando duas esca- deve ser em cima do projeto, não de
modelo tridimensional é automati- das rolantes já haviam sido adquiri- sua representação", afirma.
camente atualizada em todos os ar- das pela obra. Como não era possível
quivos bidimensionais e vice-versa, reduzir as dimensões do equipamen- Desafios
dispensando revisões mais detalha- to, todos os projetos arquitetônicos Mas a tecnologia tem seu preço. E
das. A vantagem é mais visível em precisaram ser alterados e revisados. não apenas das licenças dos softwares,
projetos complexos, com centenas de "Eram mais de 300 arquivos", afirma que podem chegar aos R$ 17 mil. Com
plantas e cortes. o arquiteto. De acordo com Santos, essa avalanche de informações, os com-
Foi a participação em um episó- da Poli-USP, a documentação dos putadores demandam capacidade de
dio traumático, inclusive, que fez projetos de uma edificação é a etapa processamento muito maior. Contier

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CAPA

Orçamento

Projetos
As informações do banco de dados são Projeto hidráulico
lidas por todos os softwares da obra.
Propriedades da alvenaria São usadas, por exemplo, para gerar
a planilha de orçamento Análise estrutural
do empreendimento

Banco de dados

Material: blocos de concreto Alterações controladas


Altura: 19 cm também podem ser feitas
Largura: 14 cm em todos os demais
Comprimento: 39 cm projetos. As modificações
Fck: 6 MPa são atualizadas em todos
Quantidade: 25 unidades As informações lançadas no projeto os documentos integrados
de arquitetura são salvas no banco à base de dados
de dados central e ficam acessíveis
às demais equipes envolvidas na obra

10 anos 15 anos
Elétrica Hidráulica
Os softwares BIM permitem determinar as intervenções de manutenção preventiva ao longo da vida útil do imóvel

conta que investiu pesado na atualiza- Mesmo com o custo das licenças nior, engenheiro de aplicações da divi-
ção de seu parque de informática. "Só a de uso, a procura por softwares BIM são de AEC da Autodesk, não divulga
placa gráfica de um computador custou tem crescido no País. Segundo Marcos o crescimento das vendas, mas conta
o valor de uma máquina nova", afirma. Cunha, responsável pelo segmento de que Brasil e México são dois dos mer-
Por isso, Toledo Santos acredita que a building da Bentley Brasil, as vendas cados em que as vendas dos softwares
penetração do BIM na construção bra- dos produtos BIM da empresa vêm mais crescem no mundo.
sileira deve ser lenta e começar pelos crescendo de 15% a 20% por ano nos Apesar de o banco de dados centra-
grandes escritórios e construtoras. últimos três anos. Americo Corrêa Ju- lizado permitir a comunicação de

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Telhas Reunidos em um único arquivo


Janela 02
Cimento eletrônico, todos os projetos
Porta 02
0,10 x 0,30 x Alumínio (eletrico, hidráulico, estrutura etc.)
0,05 Madeira 1,00 x 1,80 simulam o prédio já construído,
Porta 01
0,80 x 2,10 tornando possível prever
Madeira
interferências antes da execução da obra
0,80 x 2,10

Projeto hidráulico conflitando


com projeto estrutural

CAD BIM
Correção
Nesses programas, os projetos Os projetos são modelados diretamente
são desenhados em duas dimensões. em 3D. Cada elemento tem informações
O computador os entende apenas associadas (tipo de material, peso,
como um simples conjunto de linhas quantidades), salvas em um banco
e formas geométricas de dados único para toda a obra

todos os profissionais envolvidos na


execução do empreendimento, o BIM
entrou com força no mercado brasilei-
ro apenas no segmento de projetos de
arquitetura, etapa inicial da modela-
gem da edificação. Parte da resposta
está na falta de uma completa compa-
tibilização entre os diversos programas
de desenvolvimento de projetos. Na
prática, as informações inseridas no
projeto de arquitetura desenvolvido
em um software de uma empresa A são
perfeitamente "lidas" por um software

Marcelo Scandaroli
de projetos de hidráulica da mesma
empresa; mas não são completamente
entendidas por programas de uma
empresa B, por exemplo. "Esses BIMs
Arquiteto Roberto Klein prestou consultoria na implantação do BIM na SPBR,
não servem para nada, na prática, por-
responsável pelo projeto da nova biblioteca da PUC-RJ
que não são interoperáveis", afirma
Pedro Maló, pesquisador do Uninova
(Instituto de Desenvolvimento de É muito cedo para se decretar o fim
Novas Tecnologias), de Portugal. Ele do CAD, principalmente porque por Softwares que suportam
faz parte da IAI (Aliança Internacional muito tempo os programas de projetos
para a Interoperabilidade), um con- em BIM precisarão do auxílio de dese-
a tecnologia BIM
sórcio internacional que desenvolve nhos bidimensionais simples. Muitas  Active3D (Archimen)
uma plataforma comum que permita a vezes, pode não fazer sentido modelar  Revit (Autodesk)
integração dos softwares de todas as componentes tridimensionais muito  Allplan (Nemetschek)
fornecedoras. Santos, da USP, acredita pequenos, cuja especificação não seja  Archicad (Graphisoft)
que a padronização efetiva deva acon- decisiva na obra, como maçanetas ou  DDS-CAD (Data Design System)
tecer apenas em dez anos. "A constru- parafusos. Esse, aliás, foi um dos pro-  MicroStation (Bentley)
ção civil é uma atividade muito com- blemas enfrentados pelo arquiteto  Solibri
plexa, e organizar essas informações Contier em seus primeiros trabalhos  Tekla Structures
leva tempo", conclui. em BIM. "A modelagem em 3D conso-  VectorWorks

47
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CAPA

Projetos com BIM


Freedom Tower Tromsø University College
O edifício terá mais de 530 m de altura e será Próxima ao Círculo Polar Ártico, a construção da Faculdade de Engenharia e
construído no terreno onde um dia existiram Economia e da Faculdade de Educação da Universidade de Tromsø, na Noruega,
as torres gêmeas do World Trade Center, em foi o primeiro projeto que integrou, com o BIM, todas as etapas do
Nova York, Estados Unidos. A SOM (Skidmore, empreendimento. Foi um teste para avaliar o desempenho da plataforma
Owings and Merril), escritório responsável desenvolvida pela IAI para garantir a
pelos projetos de arquitetura, estrutura e interoperabilidade de todos os softwares
instalações prediais da nova torre, decidiu BIM disponíveis no mercado.
desenvolvê-los de forma integrada sob a Comparando-se com as construções
plataforma BIM. Os construtores também tradicionais, percebeu-se que a
utilizarão o banco de dados, importando os quantidade de informações no
quantitativos para compor a planilha de anteprojeto era muito maior quando se
custos. Entretanto, paralelamente, o utilizava a nova tecnologia.
orçamento também será feito pelos métodos
tradicionais – as informações geradas do BIM
servirão apenas para checagem dos dados.
Divulgação: Autodesk

Nova biblioteca da
PUC-RJ
O vencedor do concurso
foi o escritório de
arquitetura SPBR, de
São Paulo. Para
desenvolver o projeto, o
arquiteto Ângelo Bucci conta que
implantou o sistema BIM há um ano.
"Optamos pela nova tecnologia porque Yenagoa International
tínhamos folga no cronograma do Conference Centre
projeto", revela o arquiteto. Ele afirma Desenvolvido pela Contier Arquitetura semanas para desenvolver o anteprojeto.
que, até o momento, não teve para um centro de conferências no Estado "Com o BIM, duas pessoas conseguiram
problemas de adaptação ao software. mais rico da Nigéria, foi a primeira elaborá-lo em 20 dias", conta Contier. Foi
Atualmente no anteprojeto de experiência do escritório com o BIM. quando descobriu que a modelagem de
arquitetura, as obras devem ter início no Durante as negociações, os contratantes pequenos objetos era desnecessária.
ano de 2009 e durar três anos. No afirmaram não conseguir garantir a "O arquivo fica muito pesado", conta.
entanto, a SPBR fará um vôo solo: não segurança do arquiteto se ele visitasse o "É preciso saber onde parar de projetar",
será possível integrar os projetos com país. Soube-se que o governo brasileiro conclui. O contrato, entretanto, não foi
outras áreas, porque a empresa é a única enviaria uma comitiva em missão de fechado por razões burocráticas que
a usar a tecnologia no empreendimento. negócios, mas havia apenas quatro inviabilizaram o projeto.

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Processo otimizável
Como o BIM muda o processo da A engenharia de produção da
construção? construção é caótica, se comparada
Imaginemos que o arquiteto faz o seu com outros setores?
desenho e que é preciso fazer uma Eu não a classificaria como caótica.
simulação térmica do edifício. Na Vejamos que cada edifício é um protótipo,
melhor das hipóteses, isso é enviado enquanto, no setor automobilístico, vários

Divulgação: TIC 2007


para o engenheiro em formato CAD. produtos são produzidos a partir de um
Mas a ferramenta que ele usa para fazer mesmo protótipo. Mas muitos dos
os cálculos normalmente não "entende" processos da construção são otimizáveis.
esse formato. Então, ele refaz aquele Outras indústrias conseguiram melhorar
desenho da forma como lhe convém e, em muito a eficiência e produtividade de Pedro Maló
depois, calcula. O processo costuma seus processos, algo ainda para conseguir pesquisador do Uninova, de Portugal
levar duas semanas. Com o BIM, na indústria da construção.
arquiteto e engenheiro térmico usam Por exemplo, reunir os estudantes e atribuir
programas que suportam essa A formação intelectual do a cada um deles um papel na cadeia,
tecnologia. O arquiteto faz seu desenho engenheiro deve mudar para tentando fazer com que a pessoa
e o envia para o engenheiro. Este faz a trabalhar com o BIM? compreenda qual é a dificuldade desse ator
simulação e a análise e pode devolver As academias devem começar a formar naquele processo. No final, o
inclusive no mesmo dia. pessoas para trabalhar colaborativamente. empreendimento deve ser construído.

me muito processamento do equipa-


mento", afirma o arquiteto. A solução
foi anexar plantas e cortes 2D nos lo-
cais em que esses elementos ocorriam.
Uma das maiores desvantagens da
tecnologia é o tempo necessário para a
aprendizagem. O processo é demora-
do e pode levar até um ano. Para Con-
tier, a mudança do CAD para o BIM é
como a mudança da prancheta para o
computador. Maló, do Uninova, conta
que, primeiro, deve-se aprender a de-
senhar em BIM; na segunda fase do
aprendizado, realizam-se as trocas
simples de arquivos entre os projetis-
tas. Somente na última fase, deve-se in-
tegrar outras etapas – orçamento, cro-
nograma, terraplenagem, sondagem.
Nos softwares BIM, pode não valer a pena projetar peças pequenas com muitos
A MHA, empresa que desenvolve
detalhes. Isso exige da máquina maior capacidade de processamento
projetos de instalações prediais, ad-
quiriu no início do ano o software es-
pecífico para sua área de atuação. Se- Sul,conta que a tendência é que os escri- explica. Ele lembra que com a populari-
gundo Guilherme Augusto de Brito tórios percam um pouco de produtivi- zação da tecnologia, os fabricantes de-
Neves, gerente de informática da em- dade durante o processo de aprendiza- vem disponibilizar os arquivos eletrôni-
presa, até agora, nenhum projeto foi gem, mas consigam níveis até melhores cos de seus produtos na internet.
desenvolvido com a nova tecnologia. quando tiverem assimilado a tecnologia. O professor aposta ainda na facili-
Os primeiros trabalhos devem ser "No BIM, todos os objetos da edificação tação do comércio eletrônico. "Usando
iniciados apenas no início de 2008, precisam ser modelados – lavatórios, ja- as propriedades dos elementos como
depois do curso de capacitação técni- nelas, portas. No começo, o projetista parâmetros de pesquisa, é possível le-
ca dos 25 projetistas da MHA. precisa fazer isso manualmente, o que vantar custos automaticamente na in-
Eduardo Luis Isatto, professor da tomará tempo de trabalho. Depois, ele ternet", conta.
Universidade Federal do Rio Grande do apenas usa esses modelos já prontos", Renato Faria

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REVESTIMENTOS

Efeito acrílico

Juliana Costa
Formuladas com ligantes sintéticos e pigmentos,
as argamassas decorativas acrílicas requerem
bom aplicador e até ensaios do produto.
Dispensam reboco e pintura, mas apresentam
pouca permeabilidade aos vapores de água, que
podem acarretar patologias

evestimentos plásticos ou tex- estabelecer metodologias eficientes


R turas acrílicas são nomes usa-
dos para designar os revestimentos
de ensaio. "Só depois disso chegare-
mos a valores que servirão de parâ-
de ligantes sintéticos que substituem metros para distinguir os materiais
o reboco e a pintura, permitindo a bem formulados dos malformula-
criação de variados efeitos decorati- dos", complementa.
vos nas fachadas dos edifícios. Além No País, além do problema da ca-
da função de acabamento final, esses rência de critérios de classificação
produtos protegem o substrato, con- em normalização técnica, existe con-
tribuem para a estanqueidade à água fusão relativa à terminologia para
de chuva das fachadas e ainda são ca- tratar do assunto. "Com exceção dos
pazes de mascarar as fissuras super- termos usuais – grafiato, revestimen-
ficiais do emboço, devido à sua to de quartzo e revestimento plástico
grande flexibilidade. Mas um alerta: –, as denominações vêm acompa-
a grande quantidade de produtos no nhadas do adjetivo acrílico, que se re-
mercado requer atenção na hora da fere à natureza da resina constituin-
escolha, devido às diferenças de qua- te, a exemplo dos termos textura
lidade e desempenho entre as mar- acrílica ou revestimento texturizado
cas disponíveis. acrílico", explica o engenheiro Ale-
O engenheiro civil Gilberto De xandre Britez, gerente da qualidade e
Ranieri Cavani, do Laboratório de desenvolvimento tecnológico da cons-
Materiais de Construção Civil do trutora Cyrela Brazil Realty. Ele reali-
IPT (Instituto de Pesquisas Tecno- zou uma extensa pesquisa bibliográ-
lógicas do Estado de São Paulo), ex- fica na literatura e normas estrangei-
plica que ainda não existem no Bra- ras para o desenvolvimento de sua
sil normas ou parâmetros para a se- dissertação de mestrado pela Escola
leção desse tipo de material. "O ins- Politécnica da Universidade de São
tituto realiza alguns dos ensaios re- Paulo intitulada "Diretrizes para
comendados internacionalmente Gestão do Método Construtivo para
para avaliação de desempenho do Pintura Externa Texturizada Acrílica
produto para construtores e forne- em Substrato de Argamassa" (ainda
cedores", diz o engenheiro. O desa- em desenvolvimento).
fio, segundo ele, é determinar quais Em países como França ou Itália,
características devem ser avaliadas e onde esse tipo de revestimento é apli-

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Sofia Mattos
Os efeitos são obtidos com o uso de espátula, desempenadeira, rolo e até pistola

Tabela 1 – EFEITOS E MÉTODOS DE APLICAÇÃO


Categoria dos Efeito decorativo Método de aplicação
aspectos das superfícies obtido
Liso Efeito liso com relevo Rolo, pincel, pistola
superficial < 0,5 mm
Crespo Como a casca de laranja Rolo, esponja
Jateado Rústico floculado Pistola
Gotejado De gotas Pistola
Adamascado Com relevos crespos Pistola com posterior
e partes lisas desempenadeira
Baixo relevo rústico De reboco desempenado Espátula e posterior
sem pontas desempenadeira (eventualmente)
Grafiato ou arranhado De substrato rústico Com desempenadeira ou
arranhado espátula e desempenado na
vertical para acabamento
Fonte: UNI 8682, 1984, traduzida pela engenheira civil Viviane Namura, diretora da Granilita

51
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REVESTIMENTOS

Aplicação passo a passo


As texturas acrílicas devem sempre ser
aplicadas sobre uma superfície limpa,
seca, nivelada e sem patologias. O uso
de selador acrílico pigmentado (na cor
da textura) garante um acabamento
uniforme. "Utilize rolos limpos e
ferramentas de aço inox (ou PVC), de
preferência novos", recomenda a
engenheira civil Viviane Namura,

Marcelo Scandaroli
diretora da Granilita, empresa
especializada na comercialização e
aplicação de texturas acrílicas. O uso 1 4
do reagente envelhecedor na cor
desejada, depois da aplicação do
produto, garante um acabamento
rústico, com várias nuances de cores
e tons de envelhecimento.

1 Misture o material até ele


ficar homogêneo

2 Utilize, de preferência, selador


acrílico pigmentado

3 Aplique o selador sobre toda 2 5


a superfície, de forma regular

4 Utilize rolo de lã de carneiro, com


passagens suaves

5 Depois que o selador estiver curado


(superfície seca), aplique a textura
diretamente na parede. Utilizar uma
espátula para retirar o material da
embalagem e colocá-lo na
desempenadeira

6 Aplique a textura na parede


"esticando" o material lentamente 3 6

Colaborou: Showroom Granilita

cado há mais tempo (cerca de 60 dos numa espessura de 1 a 3 mm. Sua rabilidade", afirma o tecnólogo Os-
anos), existe uma padronização da durabilidade é de dez a 15 anos, desde mar Hamilton Becere, do Laborató-
nomenclatura e critérios claros de que adequadamente formulados e rio de Materiais de Construção Civil
classificação (veja tabelas de classifi- bem aplicados. "Depois desse tempo, do IPT. Ele explica que, além da
cação das normas estrangeiras). No devido à exposição prolongada aos quantidade, a qualidade da resina
Brasil, desde que foram introduzidas raios ultravioleta, elas podem perder também interfere no desempenho
(fim da década de 1970), as texturas a flexibilidade, ficando ressecadas, do produto, já que é ela que confere a
têm sido amplamente empregadas na quebradiças e fissuradas", diz Cavani. flexibilidade e mantém o revesti-
construção civil. São produtos cons- A formulação dos revestimentos mento coeso.
tituídos de ligantes sintéticos (em plásticos afeta seu desempenho. "Se o Os revestimentos plásticos são
geral, resina acrílica), cargas minerais teor de resina da formulação for mais caros do que as pinturas co-
e, eventualmente, pigmentos; aplica- baixo, pode haver diminuição da du- muns, de acabamento liso, porém

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texturas acr licas.qxd 4/10/2007 16:05 Page 53

7 10

7 Reaplique a textura nos pontos que


ficaram falhos

8 Retire o excesso de material com a


desempenadeira, deixando a superfície
uniforme. Faça movimentos circulares
até que a superfície apresente um
aspecto "floculado"

9 Depois de 24 horas de aplicar a 1a demão,


aplique a massa lisa (que dará o efeito
8 11 "travertino") em pontos aleatórios com
auxílio de uma espátula e desempenadeira.
Cuidado para não formar filas verticais
ou horizontais

10 Desempene os pontos sobre a massa lisa.


Espalhe o material sobre a superfície
floculada

11 Verifique se ficaram falhas ou pontos com


excesso de textura

12 Depois de um dia de aplicada a textura


travertino, poderá ser aplicado um reagente
9 12 envelhecedor com a cor desejada

são mais resistentes, duráveis e, em mitem uma execução limpa e secam cada dois anos (periodicidade indica-
geral, têm menor toxidade e odor. rápido", afirma. da para regiões expostas a um maior
Assim como as argamassas decorati- Aplicadas com rolo, desempena- grau de poluentes). "O depósito de
vas (massa raspada, fulget e traverti- deira ou pistola, as texturas acrílicas sujeira e poluição pode acentuar a
no), as texturas não admitem reto- exigem, assim como as tintas comuns, proliferação de fungos no revesti-
ques e exigem a aplicação prévia de a aplicação prévia de um fundo sela- mento" alerta Becere.
uma camada de regularização ou dor com a função de uniformizar a Outras vantagens oferecidas pe-
emboço, pois não corrigem defeitos absorção da base e, em caso de subs- las texturas acrílicas seriam a boa
do substrato. Britez aponta algumas tratos pulverulentos, um fundo pre- aderência ao substrato e flexibilida-
vantagens dos produtos acrílicos em parador para superfícies. Como ma- de. "Esses revestimentos conseguem
relação aos cimentícios. "Além de nutenção, as texturas exigem lavagem disfarçar, por exemplo, as fissuras
virem prontos para a aplicação, per- periódica com água e sabão neutro a mapeadas de retração de secagem do

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REVESTIMENTOS

Ensaios realizados
Os ensaios de caracterização têm a função de verificar a uniformidade do produto durante a fabricação ou mesmo definir critérios para
recebimento do produto. Já os ensaios de desempenho buscam quantificar o comportamento do revestimento considerando a
necessidade do usuário e as solicitações do meio onde será aplicado.

Ensaios de caracterização Método de ensaio


Densidade de massa Diretrizes da NBR 13.278 (ABNT, 2005)
Determinação do pH Realizar a leitura do pH da solução preparada com 50 g do
revestimento em pasta e 50 g da água desmineralizada,
com um medidor de pH com eletrodo de vidro combinado
Teor de resina Diretrizes ASTM D 3.723 (ASTM, 2005)
Distribuição granulométrica das cargas Diretrizes das NBR 9289 (ABNT, 1998) e NBR NM 248 (ABNT, 2003)
Ensaios de desempenho Método de ensaio
Absorção de água Diretrizes da NBR 15.303 (ABNT, 2005)
Resultados para cada corpo-de-prova:massa de água absorvida
Eventual empolamento do revestimento
Permeabilidade à água sob pressão Diretrizes da norma P 84-402 (AFNOR, 1989).Para os
revestimentos riscados, ex.: grafiato, a viabilidade da
aplicação do método deve ser avaliada
Determinação do coeficiente de absorção Diretrizes da norma EN ISO 15148 (EN ISO, 2002)
de água por imersão parcial
Determinação de propriedades Diretrizes da norma EN ISO 12572 (EN ISO, 2001)
da transmissão do vapor de água
Saponificação por imersão Diretrizes Comuns UEAtc (UEAtc, 1978)
Determinação da sensibilidade à água – Diretrizes das normas NT T 30-706 (AFNOR, 1983)
Ensaio de despelamento e Diretrizes Comuns UEAtc (UEAtc, 1978)
Avaliação da evolução da aderência Diretrizes da norma NT T 30-702 (AFNOR, 1983) e
sob efeitos de agentes climáticos. Diretrizes UEAtc (UEAtc, 1978)
Sensibilidade ao calor e ao choque térmico
Exposição ao intemperismo artificial – C-UV Diretrizes da NBR 15.380 (ABNT, 2006)
Aptidão para dissimular fissuras Diretrizes Comuns UEAtc (UEAtc, 1978)
Determinação da resistência ao crescimento Diretrizes da NBR 14.941 (ABNT, 2003)
de fungos emboloradores
Resistência de aderência à tração Diretrizes NBR 13.528 (ABNT, 2005)
Importante: os métodos propostos ainda estão em fase experimental e deverão ser objeto de estudo mais abrangente
no intuito de verificar a repetitibilidade e reprodutibilidade de cada ensaio. Outras exigências fundamentais aqui não
contempladas, tais como segurança ao fogo, segurança à utilização, conforto higrotérmico, conforto tátil, higiene,
entre outras, devem ser objeto de futura avaliação para a definição de critérios de desempenho.
Siglas: AFNOR (Association Française de Normalisation); ASTM (American Society for Testing and Materials); UETAc (Union
Européenne pour l' Agrément des Technique dans la Construction); EN (European Norm); ISO (International Standardization
Organization); NBR (Norma Brasileira).

Tabela 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS REVESTIMENTOS PLÁSTICOS ESPESSOS, SEGUNDO A NORMA FRANCESA NF T 30-700
(AFNOR, 1983)
Tipo Aspecto Consumo mínimo Dimensão das cargas
(kg/m2) maiores (mm)
1 Revestimento não pigmentado e de cargas coloridas 3 >1,4
2 Revestimento pigmentado de acabamento riscado 2 >1
3 Outros revestimentos pigmentados
3.1  de grão fino 1,5 >0,3
3.2  de grão médio 2,5 >0,7
3.3  de grão grosso 3,5 >1,4
Tradução: Alexandre Britez

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Tabela 3 – CATEGORIA GRANULOMÉTRICA (ADAPTADA DA NORMA UNI 8682, 1984)


Classificação dimensional Classificação comercial Porcentagem mínima de cargas
G1 Granulometria grossa  Cargas ≥ 1 mm: 95%
G2 Granulometria grossa  Cargas ≥ 1 mm: 25%
 Cargas ≥ 0,63 mm: 70%
 Cargas ≥ 0,25 mm: 95%
G3 Granulometria média  Cargas ≥ 1 mm: 5%
 Cargas ≥ 0,4 mm: 20%
 Concentração em volume de cargas ≥
0,08 mm: ≥ 50% do revestimento seco
G4 Granulometria fina  Concentração em volume de cargas ≥
0,08 mm: ≥ 35% do revestimento seco
UNI (Norma Italiana) – Tradução: Alexandre Britez

Tabela 4 – CATEGORIA DE ESPESSURA (ADAPTADA DA NORMA UNI 8682, 1984)


Classificação dimensional Classificação comercial Espessura média convencional
S1 Alta espessura > 2,0 mm
S2 Média espessura Entre 1,2 e 2,0 mm
S3 Baixa espessura < 1,2 mm
UNI (Norma Italiana) – Tradução: Alexandre Britez

"Ela deverá apresentar pequena


quantidade de resina, ou ser bem
dissolvida, caso contrário a pintura
comprometerá ainda mais a per-
meabilidade ao vapor desse tipo de
revestimento, que costuma ser bai-
xa", diz Cavani. Ele explica que
quando a textura está comprometi-
da por patologias como bolhas ou
descolamento, a solução é mais di-
fícil. "Isso exige a remoção da textu-
ra com o cuidado de não afetar o
emboço e a execução de nova textu-
ra com o mesmo relevo do restante
antes da aplicação da pintura de
Antonio Talarico/ Fultec

maquiagem", explica.
Dessa forma, na maioria das
vezes torna-se necessária a remoção
completa da textura de toda a facha-
da para tratar a umidade do subs-
Texturas em geral não admitem retoques e requerem juntas como de outros revestimentos
trato. "Principalmente se a textura
for o grafiato, devido às emendas de
emboço", explica Cavani. Ele aponta tes, é preciso esperar a secagem com- execução", explica a arquiteta Már-
a baixa permeabilidade ao vapor das pleta do substrato antes de aplicar a cia Lazzarin, instrutora do Senai
texturas acrílicas como sendo a textura acrílica. (Serviço Nacional de Aprendizagem
causa da principal patologia desse Industrial). Segundo Márcia, a pin-
tipo de revestimento, isto é, o desco- Reparos tura também pode ser usada para
lamento e a formação de bolhas. O que fazer se o aspecto do re- mudar a cor das fachadas com re-
"Em hipótese alguma esses revesti- vestimento plástico de uma fachada vestimentos plásticos, desde que
mentos devem ser aplicados sobre já está comprometido com a im- seja aplicada uma demão de tinta
substratos molhados ou sujeitos a pregnação de sujeira? Segundo Ca- branca primeiro, antes da cor dese-
uma umidade intensa", acrescenta vani, uma saída para recuperar a to- jada. "Isso garante um efeito estéti-
Cavani. Em épocas do ano em que as nalidade original, sem descaracteri- co melhor", completa.
chuvas são mais intensas e freqüen- zar a textura, é aplicar tinta látex. Valentina Figueirola

55
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ISOLAMENTO TÉRMICO

Conforto ambiental
Painéis especiais garantem, como telha, divisória ou fechamento, o conforto
térmico desejado em edificações especiais

Celso Brando

Um dos mais novos espaços de convenções do Rio de Janeiro, o Centro Empresarial Cidade Nova é totalmente climatizado, o que
demandou um tratamento especial das fachadas para reduzir o consumo do sistema de ar-condicionado

s conceitos atualmente emprega- 1970 e 1980, quando o preço do pe- climatização, ou com o uso mais re-
O dos no mercado de isolamento
térmico das edificações não são novos
tróleo disparou e o mundo tomou
consciência da necessidade de redu-
duzido possível.
No Brasil, os primeiros produtos
– foram desenvolvidos na década de zir o consumo de energia, o isola- isolantes térmicos integrados a ele-
1940, nos países de inverno rigoroso, mento térmico passou a ter impor- mentos construtivos surgiram a partir
como forma de reduzir os gastos com tância também para as regiões quen- da década de 1980, inicialmente com
energia para aquecimento. Difundi- tes, onde os gastos com climatização as chamadas telhas sanduíche (duas
dos rapidamente por toda a América eram altos. Enquanto nos países frios peças de metal entremeadas por mate-
do Norte, esses sistemas só passaram o aquecimento e o isolamento térmi- rial isolante), usadas preferencialmen-
a ser mais disseminados na Europa no co são questões de sobrevivência no te para cobertura de edifícios indus-
pós-guerra, quando as cidades foram inverno, nos países tropicais a ques- triais. Quase 30 anos depois, a idéia de
reconstruídas já sob a ótica do isola- tão é de um maior ou menor confor- proteger termicamente as coberturas
mento. Mais tarde, nas décadas de to térmico ambiental, sem o uso da – sempre um ponto crítico da cons-

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Fotos: Leonardo Bianchini/Dânica


Reformado para os Jogos Pan-americanos do Rio, o Maracanãzinho recebeu painéis sanduíche em toda fachada

trução – já é uma preocupação cons- torino. "Conhecendo as características rocha e até cerâmica. Os materiais
tante dos bons projetistas de edifícios de cada material, o responsável pelo plásticos são indicados para isolamen-
industriais. Nos últimos anos, o País projeto vai ponderar e tomar sua deci- to em temperaturas mais baixas,
passou a receber uma grande varieda- são, ainda na fase de planejamento, de nunca acima de 80º ou 90ºC, pois são
de desse tipo de produto, tanto para maneira integrada com os demais suscetíveis à deterioração pela ação do
coberturas quanto para os fechamen- projetos da obra." calor. No isolamento de telhados, é
tos laterais, forros e pisos. Apesar de O especialista do IPT explica que preciso evitar o uso desses materiais
usados prioritariamente em edifica- o ponto de partida para a escolha cor- plásticos com pintura escura na sua
ções industriais, esses isolantes po- reta do produto é saber se ele é ade- face externa, pois como eles absorvem
dem acompanhar qualquer tipo de quado ou não ao clima onde será uti- muito calor, a superfície pode chegar a
projeto que priorize o conforto tér- lizado, e ainda a temperatura externa 100ºC. Todos os plásticos são mais ou
mico ou a redução de gastos com cli- predominante, a temperatura interna menos inflamáveis, com severidades
matização, desde residências até as desejada, as fontes internas de calor, a diferentes, e podem ser aditivados
grandes torres comerciais. espessura necessária do material para para ter um melhor comportamento e
conseguir a conservação da energia resistir ao fogo por mais tempo ou,
Uma solução para cada projeto desejada etc. Só depois de obter essas principalmente, dificultar a propaga-
De acordo com o responsável pelo respostas é que se começa a analisar ção da chama. No caso de altas tempe-
Laboratório de Conforto Ambiental e outros aspectos, como os cuidados raturas, é sempre melhor optar pelo
Sustentabilidade dos Edifícios, do IPT com instalação, proteção contra a en- uso de materiais à base de lãs, que
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas trada de água no material isolante e, apresentam melhor desempenho
do Estado de São Paulo), engenheiro no caso de fechamentos com isolante nesta situação. Enquanto a lã de vidro
Fúlvio Vittorino, o isolamento térmi- de material plástico, sua resistência ao suporta temperaturas da ordem de
co bem projetado pode proporcionar fogo, e outras características de de- 250ºC, a lã de rocha suporta tempe-
conforto ambiental a edificações de sempenho do produto. raturas mais elevadas e as lãs cerâmi-
quase todo o País, tornando muitas Para as paredes, há uma maior va- cas chegam a patamares acima de
vezes desnecessários os sistemas de riação de produtos do que para os te- 1.000ºC. Já com relação à umidade, as
climatização. Mas alerta que tanto te- lhados. Todos eles são, de maneira placas de poliestireno extrudado e de
lhas quanto painéis isolantes térmicos geral, constituídos por chapas metáli- poliuretano com células fechadas têm
precisam ser usados com sabedoria, cas, de concreto, ou cimentícias, e com um desempenho superior ao das lãs.
pois não é qualquer tipo de material miolo de material isolante térmico. Os O poliestireno extrudado praticamen-
ou sistema construtivo que vai pro- painéis são elementos de fechamento te não absorve água.
porcionar o conforto térmico de uma mais leves, com isolamento térmico, Em geral, os produtos isolantes
construção. "Não existe material bom que dispensam alvenaria. O tipo e a térmicos tanto podem chegar à obra
ou ruim, todos têm suas característi- quantidade de isolamento devem ser prontos para uso quanto podem ser
cas e propriedades. Cada caso tem sua adequados a cada situação. No miolo, preparados no local. É o caso, por
especificidade que precisa ser analisa- tanto podem ser utilizados os mate- exemplo, das telhas zipadas tipo san-
da para que o isolamento seja eficaz e riais plásticos, como o poliestireno ou duíche, e os painéis destinados ao iso-
viável economicamente", explica Vit- o poliuretano, ou as lãs de vidro, de lamento das câmaras frias ou das cha-

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ISOLAMENTO TÉRMICO

sobre estruturas extremamente del-


gadas e leves, o que é excelente no
caso do telhado, elemento que pode
significar uma carga muito grande
sobre o edifício. As vantagens que
essas telhas oferecem compensam
seu custo inicial, mais alto que o de
outras soluções. Atualmente, o mer-
cado oferece telhas sanduíche com
núcleos isolantes de plásticos (espu-
mas de poliuretano ou de poliestire-
no expandido) ou de lãs (de vidro, de
rocha), de perfil ondulado ou trape-
zoidal, pré-pintadas, inclusive na cor
branca. Para as grandes superfícies,
são usadas as telhas sanduíche zipa-
das, fabricadas diretamente na obra.
Todos esses produtos já são larga-
mente produzidos no Brasil, princi-
palmente na região Sudeste, onde a
Fotos: Leonardo Bianchini/Dânica

economia é mais desenvolvida.

Painéis isolantes
"Usados de maneira racional e in-
teligente, os painéis térmicos isolantes
propiciam uma construção mais leve
Leves e de grande durabilidade, as telhas sanduíche recebem lã de rocha ou de vidro
do que a alvenaria pesada usual, com a
ou ainda espumas de poliuretano ou de poliestireno no miolo entre duas lâminas
vantagem adicional do isolamento tér-
mico", afirma o especialista do IPT. E
madas salas limpas, necessárias às in- torino, em um clima predominante- explica que a parede pesada de alvena-
dústrias farmacêutica e eletrônica. mente quente como é o caso brasilei- ria atenua o calor durante o dia, ar-
Esses painéis necessitam de um rígido ro, todas as alternativas para reduzir a mazenando-o em seu interior, e faz
controle das emendas, pois, como a transferência do calor para o interior com que a temperatura interna per-
diferença térmica entre o interior e o da construção são válidas. Segundo o maneça mais elevada à noite. Nas re-
exterior é grande, caso fique alguma engenheiro, o responsável pelo proje- giões muito quentes, essa temperatura
fresta, por menor que seja, permitirá a to pode colocar material isolante tér- ambiente, mantida mais constante,
entrada da umidade, que vai enchar- mico desde externamente, sobre o te- pode proporcionar desconforto tér-
car e inutilizar o material isolante. lhado, quanto sob a cobertura, inter- mico o tempo inteiro. "Nesses climas, a
Ultimamente, começaram a surgir namente, ou fazer uso de forros iso- adoção desses painéis nos fechamen-
no mercado alguns tipos de painéis lantes, ou ainda utilizar as já difundi- tos propicia edificações leves, e com
isolantes especiais para fachadas de das telhas sanduíche. Leves, poten- uma entrada do calor solar reduzida.
edifícios comerciais, que, por serem cialmente duráveis, e de fácil coloca- Durante o dia, os ambientes internos
mais pesados, fogem um pouco da ló- ção, essas coberturas oferecem uma isolados não sofrem com o superaque-
gica do painel leve. São placas de con- boa proteção térmica. Desde que bem cimento, e à noite, acompanhando a
creto, com proteção de lã de vidro ou colocadas, requerem pouca manuten- queda da temperatura externa, o inte-
de lã de rocha, que chegam prontas ção. Podem ser pintadas de branco ou rior apresenta uma temperatura agra-
para colocação na obra. Os fabrican- de cor clara para refletir o calor e, dável", explica Fúlvio Vittorino. Mas
tes trouxeram o sistema da Europa, nesse caso, a manutenção se resumirá ele salienta que o uso incorreto do pai-
onde é muito usado para conservação a uma limpeza periódica. Como o nel pode estragar uma situação poten-
do calor. material ficará exposto às intempé- cialmente boa. "O isolamento de uma
ries, a montagem deve ser muito cui- parede precisa ser muito bem pensado
Telhas sanduíche dadosa, principalmente com relação por conta das nossas condições climá-
Isolar termicamente uma cober- aos furos dos parafusos, para que não ticas. Quando se tem um edifício sem
tura de qualquer tipo de edifício é permitam a infiltração de água da ar-condicionado e com uma área envi-
sempre uma boa medida para evitar o chuva. Além do necessário isolamen- draçada grande, que recebe o sol do
desconforto térmico. Para Fúlvio Vit- to térmico, essas telhas são usadas final da tarde, colocar o isolante térmi-

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Arruela de aço

EPS

Parafuso

Lâmina inferior
em alumínio,
aço zincado,
Massa pintado ou
colante galvanizado

Cumeeiras e junções das coberturas com telhas isolantes requerem um rígido controle de emendas; frestas e entorno de furos dos
parafusos de fixação podem permitir infiltrações e danificar o material isolante

co do lado de dentro resultará em um fício ótimo. A solução mais adequada formam o desempenho mínimo exi-
"efeito estufa", pois o calor que entra para o fechamento dessas áreas são os gido de cada um deles. Caso desobe-
fica retido na edificação. Nas regiões painéis metálicos térmico-isolantes deça a algumas dessas instruções, o
quentes, as vedações podem ser feitas ou chapas cimentícias leves, com ma- projeto não será aprovado. Assim,
com o próprio painel isolante. E nas terial isolante térmico. Como o calor para a edificação de uma parede, a
regiões mais amenas, onde a amplitu- tenderá sempre a entrar no ambiente instrução técnica do Corpo de Bom-
de térmica diária é grande, caso se opte interno, a solução é envolver toda a beiros determina o tempo que ela
pelo isolamento térmico, este deve ser casca do edifício com o isolante: co- deva resistir a um incêndio, a geração
aplicado o mais externamente possí- bertura, paredes, e caso tenha um se- de fumaça permitida, sua classifica-
vel, deixando para o interior do am- gundo pavimento, pode-se pensar ção sob ação do fogo. Cabe ao fabri-
biente as paredes de maior inércia tér- numa proteção térmica para o piso. cante realizar os ensaios necessários.
mica. Só que o material precisa ficar Caso não seja feito o isolamento, o Com relação ao risco de incêndio, as
bem protegido das intempéries, pois, ambiente poderá ser climatizado, mas próprias seguradoras acabam forçan-
se absorverem umidade, perdem a a máquina de climatização terá de ser do o mercado a oferecer produtos
propriedade isolante. muito mais potente e consumirá com bom desempenho, pois fazem
Para ambientes que precisem muito mais energia, o que resultará muitas exigências, que, caso não sejam
manter uma temperatura interna per- em um custo final mais elevado. obedecidas, elevam tanto o valor do
manentemente baixa e constante, ou Onde isolar, qual produto utilizar prêmio que inviabilizam o seguro.
seja, sempre inferior à temperatura e quanto de isolamento térmico vai se Atualmente, o mercado está ofe-
externa, o isolamento térmico é extre- precisar são definições feitas em fun- recendo ao setor da construção varia-
mamente necessário. É o caso da ção de cada projeto, ensina Fúlvio dos tipos de painéis isolantes, com di-
construção de câmaras frias, destina- Vittorino. A atenção, em seguida, vai mensões e formatos variados, proje-
das a armazenar produtos que neces- para outros aspectos que irão garantir tados para satisfazer exigências dos
sitam de conservação sob resfriamen- o bom desempenho da edificação, mais arrojados projetos de arquitetu-
to, ou de salas limpas, onde a pureza como a forma de fixação dos painéis, ra e de engenharia. Usados para fe-
do ar e as condições de temperatura, sua resistência a intempéries, prote- chamentos, divisórias, forros, pisos e
umidade e pressão são controladas ção contra umidade, comportamento fachadas de edifícios, esses painéis
por padrões preestabelecidos. Seu sis- em relação ao fogo etc. A ABNT (As- têm núcleos isolantes de EPS (polies-
tema de climatização deve ser compa- sociação Brasileira de Normas Técni- tireno expandido), espuma de poliu-
tibilizado com o isolamento térmico: cas) tem normas específicas para vá- retano extrudado, lã de vidro, lã de
quanto mais isolado termicamente rios dos produtos térmico-isolantes e, rocha ou lã de cerâmica, revestidos
for o ambiente, menor será a necessi- além disso, no caso de projeto de edi- por placas metálicas resistentes à cor-
dade de climatização. Isso é trabalha- fícios comerciais, o Corpo de Bom- rosão, placas cimentícias sem amian-
do no projeto até que se consiga che- beiros de São Paulo tem várias exi- to ou de concreto leve.
gar a um nível de relação custo–bene- gências e instruções técnicas que in- Éride Moura

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Revestimentos de
argamassa com
fibras de polipropileno
ara melhorar o desempenho dos dos materiais, o volume de produção, a
P revestimentos de fachadas, proje-
tistas e construtores têm procurado
Rosiany da Paixão Silva
Mestre e pesquisadora na Escola
energia e o tempo de mistura (figura 1).
As fibras são mais uma variável
Politécnica da USP
soluções que minimizem problemas desse processo. Sua elevada área super-
rosiany.silva@poli.usp.br
como fissuração e destacamento, den- ficial demanda grande quantidade de
tre as quais, a adição de fibras sintéti- água de molhagem para manter a tra-
Mercia Maria Semensato
cas nas argamassas, pois podem fun- balhabilidade da argamassa e isso pode
Bottura de Barros
cionar como barreira à propagação de alterar suas propriedades mecânicas.
Professora da Escola Politécnica da USP
fissuras. Dentre as fibras empregadas, Acrescente-se ainda o formato alonga-
mercia.barros@poli.usp.br
destacam-se as de polipropileno, pelo do das fibras que intensifica os conta-
seu baixo custo e sua durabilidade na tos entre partículas da matriz, que
matriz cimentícia. Condição de mistura da argamassa pode resultar em aglomerados de sóli-
Apesar do panorama promissor ao A produção da argamassa exige a dos, caso a energia de amassamento
emprego das fibras, não se dispõem de mistura adequada dos constituintes, de não seja suficiente para vencer o atrito
informações precisas quanto às mu- modo que a pasta envolva a superfície entre os grãos. Portanto, as condições
danças necessárias no processo de dos grãos sólidos, resultando em um de mistura são determinantes na dis-
produção das argamassas, para que se material homogêneo e de fácil aplica- persão das fibras pela matriz.
tenha um revestimento adequado às ção. Essa atividade é crítica na produ-
condições de solicitação. Vários ques- ção do revestimento. Há muitas variá- Execução do revestimento
tionamentos podem ser feitos, dentre veis a serem controladas, como o tipo Para que se tenha um revestimen-
os quais: qual o melhor método para de misturador, a ordem de colocação to compatível com as condições de
se adicionar as fibras à argamassa, para exposição, determinadas característi-
que a mistura seja eficiente? Qual o cas são exigidas da argamassa, dentre
Fotos cedidas pelas autoras

teor de fibras possível de ser adiciona- elas, destaca-se a trabalhabilidade,


do sem comprometer a trabalhabili- determinante para a adequada execu-
dade da argamassa e, por conseqüên- ção do revestimento e, por conse-
cia, o desempenho do revestimento? qüência, em todas as suas proprieda-
Portanto, antes de se debater o des mecânicas, principalmente sua
potencial das fibras para a restrição resistência de aderência.
das fissuras, é preciso verificar sua Uma argamassa é considerada tra-
influência na execução do revesti- balhável quando se deixa penetrar fa-
mento. Nesse contexto, o objetivo cilmente pela colher de pedreiro (sem
deste artigo é discutir como as fibras Figura 1 – Mistura manual da areia ser fluida), mantém-se coesa ao ser
afetam as condições de mistura da com fibras: fricção das duas mãos transportada, não adere à colher ao
argamassa e o seu efeito na execução contra o volume de material contido ser lançada manualmente, distribui-
do revestimento. em saco plástico se facilmente e preenche todas as

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Tabela 1 – MATERIAIS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS


Materiais empregados Características
Fibras de polipropileno c=6 mm; ∅=25,80 μm; σt = 246,5 MPa; E = 2 GPa;
ξ = 2 mm/mm
Cal CH I
Agregado miúdo areia quartzosa
Cimento CP II 32
Figura 2 – Produção de revestimentos
Argamassa A5 cimento:cal:areia seca (kg) – 1: 0,401: 7,213
com espessura de 2,5 cm: avaliação feita
Argamassa A30 industrializada
por pedreiro experiente
Dosagem de água 13,5% ou 14,5% (massa de materiais secos)
c = comprimento; ∅ = diâmetro; ξ = alongamento

Tabela 2 – CONDIÇÕES E VARIÁVEIS UTILIZADAS PARA AVALIAÇÃO DA


INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE MISTURA, COM TEOR DE FIBRAS DE 3.200 g/m³.
Condições Variáveis Procedimentos
avaliadas avaliadas
Estado molhadas/ As fibras, molhadas ou secas, foram
secas adicionadas à areia seca e misturadas em
misturador planetário (5 l), por 180 segundos
Tipo de manual Fibras secas foram adicionadas à areia seca
mistura dentro de saco plástico (figura 1) e misturadas
por 180 segundos, friccionando-se as duas mãos
contra o volume de material
mecânica Fibras secas foram adicionadas à areia seca,
e misturadas por 180 segundos em
misturador planetário
Tipo de betoneira Fibras secas foram adicionadas à areia seca no
misturador (120 l) e misturador mecânico e misturadas por
argamassadeira 180 segundos. Após os 180 segundos, cal e água
Figura 3 – Aspecto da mistura mecânica
(60 l) foram adicionadas na mistura e misturadas por
das: a) fibras molhadas; b) fibras secas,
mais 90 segundos
com areia

reentrâncias da base e não endurece Portanto, analisar as conseqüências da Avaliação do efeito das fibras na
rapidamente quando aplicada. adição de fibras nas condições de mis- execução do revestimento
Como anteriormente discutido, a tura das argamassas e nas etapas do Para produção dos compósitos (ta-
adição de fibras pode alterar a traba- processo de execução do revestimento bela 3), foram escolhidos o procedi-
lhabilidade da argamassa, porque mo- com adição de fibras é fundamental, mento e o equipamento de mistura que
difica a superfície específica da com- de acordo com o programa experi- tiveram melhores resultados nas inves-
posição e a interação entre os mate- mental apresentado a seguir. tigações propostas na tabela 2. Após a
riais constituintes. Em certas situa- sua produção, os compósitos foram
ções, pode exigir maior energia para a Programa experimental aplicados em bases de alvenaria,por um
aplicação da argamassa e acabamento As características dos materiais pedreiro experiente (figura 2), avalian-
da camada. utilizados na produção das argamas- do-se táctil e visualmente as caracterís-
A adição de fibras em argamassas sas são apresentadas na tabela 1. ticas do revestimento resultante.
pode introduzir outras variáveis ao
processo de produção dos revestimen- Avaliação das condições de mistura Apresentação dos resultados
tos, pois muitas fibras são hidrofóbi- para a adição de fibras Efeito das condições de mistura
cas, apresentam propriedades mecâni- Utilizou-se uma avaliação qualita- da argamassa com fibras.
cas e físicas distintas das do agregado e tiva, identificando-se tátil e visualmen-
algumas delas podem levar ao aumen- te a ocorrência de concentração de fi- Fibras molhadas ou fibras secas?
to do teor de ar incorporado das arga- bras na forma de "novelos", a partir da A figura 3 apresenta o resultado da
massas, alterando sobremaneira as ca- combinação de diferentes condições mistura da fibra molhada (a) e da areia
racterísticas reológicas da argamassa. de mistura, identificadas na tabela 2. com fibras secas (b). As fibras de poli-

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ARTIGO

propileno aglomeram-se em seu esta- dispersão das fibras, proporcionando elevado atrito entre partículas sólidas
do seco. Adicionando-se água antes da distribuição mais homogênea. que supera a força de atração entre fi-
mistura com a areia, a aglomeração é bras, dispersando-as pelo agregado.
intensificada (figura 4), dificultando Mistura manual ou mecânica?
sua dispersão na matriz. A melhor dis- Os resultados da mistura areia e fi- Betoneira ou argamassadeira?
persão da fibra ocorre com a mistura bras secas são ilustrados na figura 5: (a) A mistura em betoneira resultou
fibra e areia secas, possivelmente em manual e (b) mecânica. A melhor dis- em aglomerados de fibras envoltos
função do atrito gerado entre as partí- persão ocorre pela mecânica,cuja ener- pela pasta. A argamassadeira propor-
culas sólidas, o que contribui para a gia e forma de mistura proporcionam cionou completa dispersão das fibras,
além de maior homogeneidade da
Tabela 3 – VARIÁVEIS E PROCEDIMENTOS DE MISTURA UTILIZADOS PARA A matriz (figura 6). A configuração rota-
AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS FIBRAS NA EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO cional do eixo da argamassadeira e a
Argamassa Teor de fibras g/m³ Procedimento de mistura quantidade das palhetas contribuem
A5 Ref (0) Fibras e areia secas foram misturadas para que as fibras sejam uniforme-
700 por 180 segundos. Depois, adicionaram-se mente dispersas. O movimento das
1.350 cal e parte da água, misturando-os pás proporciona contatos entre os
2.000 por 90 segundos (total 270 segundos). grãos sólidos e destes com as paredes
3.200 Após 24 horas, a argamassa internas do tambor, dispersando os
intermediária foi misturada com cimento e o aglomerados. Na betoneira, a ausência
restante da água por mais 200 segundos de pás internas ou de qualquer outro
A30 Ref (0) Fibras secas e argamassa industrializada elemento que interfira no fluxo do
550 anidra foram misturadas por 180 segundos. material não permite que haja elevado
1.100 Depois, adicionou-se a água total, atrito entre as partículas; portanto,
1.600 misturando-se por mais 360 segundos acredita-se que este equipamento de
2.700 mistura seja menos eficiente para a
5.200 dispersão das fibras pela matriz.

Tabela 4 – RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DAS ARGAMASSAS COM FIBRAS


Argamassa A5 Argamassa A30
Percepção do pedreiro:
 quando sem fibras é pesada, exigindo grande energia  quando sem fibras a argamassa é muito leve e é necessário
para o seu lançamento reduzir a energia de aplicação (em relação à A5), caso
 com a adição de fibras, a partir de 700 g/m³, "a argamassa contrário, há demasiada reflexão
ficou mais leve, mais coesa e mais fácil de comprimir contra  com a adição de fibras, "a argamassa ficou mais encorpada,
a parede, com o dorso da colher". Essa característica mais coesa e menos suscetível à força de aplicação"; no
intensificava-se à medida que a quantidade de fibra crescia entanto, estas alterações não foram intensas com baixos
e, segundo o pedreiro, "melhoravam ainda mais teores de fibras. Ficavam mais significativas com o seu
as condições de aplicação" aumento gradativo
Aplicação da argamassa:
 operário precisou reduzir a energia de lançamento  a adição de altos teores de fibras (a partir de 1.600 g/m³)
para as argamassas com fibras, caso contrário, ocorria resultava em compósitos menos suscetíveis à força de
forte reflexão de material aplicação do pedreiro, reduzindo a sua reflexão
Coesão:
 o aumento da coesão foi percebido para todas as argamassas contendo fibras, independentemente do seu teor. Obteve-se
redução da reflexão da argamassa, melhoria da sua adesão inicial ao substrato e aumento da quantidade de argamassa possível
de ser aplicada em uma demão
Aperto e espalhamento:
 a facilidade de deformação e espalhamento dos compósitos  a partir do teor de fibras de 2.700 g/m³, exigia-se do
foi percebida mesmo com baixos teores de fibras. Com os altos pedreiro maior energia para espalhar e apertar a argamassa
teores, observavam-se depressões na superfície do revestimento, do que os compósitos com teores inferiores
caso não se controlasse a energia de espalhamento
Observações gerais:
 a facilidade de lançamento e espalhamento, observada principalmente na argamassa A5, foi resultante da incorporação de ar
conferida pelas fibras (figura 9). Para a A30, por já conter elevado teor de ar, a adição de fibras não resultou no mesmo
comportamento, pelo contrário, em elevados teores houve maior coesão, exigindo maior energia para a aplicação

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Fotos cedidas pelas autoras

Figura 6 – Aspecto da mistura fibras e


argamassa intermediária (cal e areia),
utilizando betoneira

Figura 4 – Aglomerados de fibras


40
de polipropileno retirados da mistura Figura 5 – Aspecto da mistura fibras
areia–fibras molhadas e areia secas: a) manual (b) mecânica

Ar incorporado (%)
30 y = 0,0009x + 34,677
R² = 0,2228
Efeito das fibras na execução do
20
revestimento y = 0,0031x + 5,1284
a) manuseio da argamassa R² = 0,9585
10
 durante o transporte e manuseio,
os compósitos não apresentaram ex-
0
sudação (segregação de material); 0 1.000 2.000 3.000
 não se verificou dificuldade de Fibras (g/m³)
manuseio para todos os compósitos
A5-13,5 A35-13,5
A5. Para o A30, o manuseio foi ade-
A5-14,5 A35-14,5
quado até o teor 2.700 g/m³ (figura 7); Figura 7 – Avaliação do manuseio da
para o teor de 5.200 g/m³ houve pre- argamassa A30 com o teor de fibras de Figura 9 – Teor de ar das argamassas A5
juízo da trabalhabilidade, pois o com- 2.700 g/m³: a) passa facilmente pela e A30, determinado a partir da NBR
pósito resultou excessivamente coeso, bisnaga; b) cordões de argamassa 13278 (ABNT, 2005), em função do teor
denso e áspero (figura 8). uniformes de fibras
b) aplicação da argamassa
A tabela 4 sintetiza os resultados obti-
dos.
c) sarrafeamento e desempeno
 a adição de fibras reduziu o tem-
po para o sarrafeamento da arga-
massa. Para A5, reduziu de 55 minu-
tos para 35 minutos; para A30, de 4
horas para 3 horas, independente-
mente dos teores de fibras. Acredita-
se que a redução do tempo ocorra
porque a água utilizada para molha-
gem da superfície da fibra seja facil-
mente perdida tanto para o substra-
to quanto para o meio ambiente;
ou seja, a fibra tem baixa retenção
de água;
 para a A5, observou-se que, quanto
mais se aumentava o teor de fibras,
mais fácil se realizava o corte da su-
perfície. Essa facilidade foi observada Figura 8 – Avaliação do manuseio da
também no momento do desem- argamassa A30: a) trabalhabilidade
peno. Com poucos movimentos cir- adequada para argamassa com teor de Figura 10 – Aspecto da argamassa A30 após
culares da desempenadeira, a ativi- fibras de até 2.700 g/m³; b) difícil a realização do sarrafeamento com régua de
dade foi finalizada, sem a necessidade manuseio da argamassa com teor de alumínio: a) teor de fibras de 1.600 g/m³; b)
de borrifar água na sua superfície; fibras de 5.200 g/m³ teor de fibras de 2.700 g/m³

63
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ARTIGO

LEIA MAIS
Fachadas e paredes estão
doentes. Ubiratan Leal. Revista
Téchne 76, julho 2003, pg 48-52.
Fotos cedidas pelas autoras

Projeto de fachada. Juliana


Nakamura. Revista Téchne 92,
novembro de 2004, pg. 44-49.

Figura 11 – Aspecto do revestimento (após o desempeno) produzido com argamassa


Projeto e execução de
A30: a) sem fibras; b) teor de fibras de 550g/m³ após borrifar água; c) teor de fibras
revestimento de argamassa.
de 2.700 g/m³ após borrifar água e aumentar a energia de desempeno
Luciana Leone Maciel Baía; Fernando
Henrique Sabbatini. O nome da Rosa:
 o aumento do teor de fibras na A30 devem ser adicionados os outros consti- Col. Primeiros passos da qualidade
dificultou a realização do sarrafeamen- tuintes da argamassa, inclusive a água; no canteiro de obras, 2000.
to, o que limitou a adição de fibras em  mistura do compósito deve ser
até 1.100 g/m³. Acima deste teor, as fi- mecânica, com emprego de mistu- Guia das argamassas nas
bras eram facilmente arrancadas pela rador de eixo horizontal. construções. José Epitácio P.
régua metálica, ocorrendo falhas no Guimarães; Rubens D. Gomes; Mauro
revestimento (figura 10). Possivel- Execução do revestimento A. Seabra. Associação Brasileira dos
mente essa situação tenha ocorrido, O emprego de fibras nas arga- Produtores de Cal, 2004.
porque a fibra não se encontrava trava- massas deve ser feito considerando-
da pelos grãos sólidos da argamassa, se as muitas variáveis envolvidas no Influência no método de mistura
em função do seu elevado teor de ar; processo de produção do revesti- na produção de argamassas com
 o compósito A30, a partir da adição mento. Foi possível aplicar manual- fibras. Mercia M.S.B. de Barros;
do teor de fibras de 1.100 g/m³, apre- mente a argamassa A5, com teor de Rosiany da P. Silva; Vanderley M. John.
sentou dificuldades também no de- fibras de até 3.200 g/m³. As fibras de Simpósio Brasileiro de Tecnologia em
sempeno. As falhas resultantes do ar- polipropileno, por terem incorpora- Argamassas – 7 SBTA, 2007. CD-ROM.
rancamento das fibras na etapa de sar- do ar à argamassa, contribuíram pa-
rafeamento dificilmente foram elimi- ra a melhoria da trabalhabilidade do Como garantir uma boa ligação
nadas (figura 11). compósito, facilitando sua aplicação da base com a argamassa. Vinícius
e espalhamento. Abbate. Revista Téchne 72, março de
Diretrizes para o emprego de fibras Para a argamassa A30 foi possível 2003, pg. 38-39.
em argamassas de revestimento produzir compósitos com o teor de fi-
Condições de mistura bras de até 2.700 g/m³. Contudo, a Argamassa com adição de fibras
Variando-se as condições de mis- partir do teor de 1.100 g/m³, não foi de polipropileno – estudo do
tura, concluiu-se que é possível adicio- possível sarrafear o revestimento nem comportamento reológico e
nar até cerca de 3.000 g de fibras de po- desempená-lo. O elevado teor de ar mecânico. Rosiany da P. Silva.
lipropileno por metro cúbico de arga- presente na argamassa possibilita que Dissertação, Escola Politécnica da
massa, tanto para as de baixo teor de ar as fibras sejam facilmente carreadas à USP, 2006. www.teses.usp.br.
incorporado quanto para elevados superfície pela régua metálica, dificul-
teores de ar, sem que a eficiência da tando o sarrafeamento. Como conse- NBR 13278 – Argamassa para
mistura seja afetada, desde que sejam qüência, grandes falhas surgem na su- assentamento de paredes e
observadas as seguintes condições: perfície do revestimento recém-pro- revestimento de paredes e tetos –
 as fibras devem ser misturadas com duzido, o que dificilmente é elimina- Determinação da densidade de
os materiais anidros da argamassa do na etapa de desempeno. massa e do teor de ar incorporado.
(fibra mais areia seca para argamassa Por fim, chama-se a atenção quan- Rio de Janeiro, ABNT, 2005.
preparada em obra, e fibra mais arga- to ao tempo de início de sarrafeamen-
massa anidra para argamassa indus- to. A adição de fibras reduziu o tempo
trializada); de espera para que o revestimento co-
 tempo mínimo de mistura fibra- mece a ser sarrafeado. Essa redução
material anidro deve ser de 180 se- pode ser benéfica em alguns casos, mas
gundos; não naqueles em que as condições am-
 após a mistura fibra+material anidro, bientais apresentem-se mais severas.

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PRODUTOS & TÉCNICAS


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PUXADORES Indicado para uso em fachadas A Akzo Nobel Tintas Industriais
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internas e externas, os criou, em seu Laboratório de
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revestimentos cerâmicos Atlas Pesquisa e Desenvolvimento, o
puxadores, que evitam que os linha de acessórios para
possuem tamanho de 1,5 cm x Verniz UV Vítreo, que apresenta
parafusos "atravessem" portas segurança, organização e
1,5 cm. Seu índice de absorção alta resistência a riscos e é
e apareçam do outro lado. O controle e materiais para a
de água é menor do que 0,5% e indicado para madeiras
produto está disponível em comunicação visual do canteiro.
o índice de expansão por submetidas a maiores
formato redondo ou quadrado Com atuação nacional, possui
umidade é menor do que desgastes. O produto apresenta-
e, segundo o fabricante, à peça centros de distribuição em nove
0,6 mm/m. se nas versões alto brilho,
podem ser fixados puxadores Estados brasileiros.
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As placas de EPS da
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11752 revisada. Disponíveis
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em várias espessuras,
feita de forma contínua, por
proporcionam grande
uma "costura" que não deixa
isolamento térmico e são
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66
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COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO CONCRETO E


COMPONENTES PARA
A ESTRUTURA

MASSA IMPERMEABILIZANTE
IMPERMEABILIZANTE ACRÍLICO MANTA ASFÁLTICA
Isola Água, da Ceramfix, é um O Via Flex Parede da Viapol é um Sika Manta é uma manta
impermeabilizante semiflexível revestimento asfáltica pré-fabricada, à base SÍLICA ATIVA
indicado para isolar umidade em impermeabilizante acrílico que, de asfaltos policondensados, Cauê Silmix é a sílica ativa
superfícies de alvenaria e segundo o fabricante, possui estruturada com polietileno de que garante durabilidade
estruturas de concreto sem elasticidade e flexibilidade, com alta resistência. Apresenta superior e confere maior
problemas estruturais. Segundo grande resistência à grande impermeabilidade, impermeabilidade e resistência
o fabricante, o produto não lavabilidade. Desempenha o flexibilidade e aderência. Pode a argamassas e concretos de
é indicado para uso em juntas papel de selador na primeira ser armazenada por até 12 alto desempenho. Utilizado
de dilatação. demão e impermeabilizador na meses nas embalagens originais em obras de grande porte,
Ceramfix segunda demão. O acabamento e intactas. o produto oferece resistência
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PRODUTOS & TÉCNICAS


CONCRETO E ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS INSTALAÇÕES
COMPONENTES PARA ELÉTRICAS E
A ESTRUTURA TELECOMUNICAÇÕES

ESTRUTURAS CHAPAS METÁLICAS CABEAMENTO PARA


LAJES METÁLICAS A Permetal atua na fabricação DADOS
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painéis treliçados e tem disposição do cliente seus expandidas desde 1958. Sua distribuição de energia, voz,
capacidade produtiva diária de sistemas de pavilhões pré- linha de chapas perfuradas e dados e imagens, a DLP
1.700 m². A empresa presta fabricados. Segundo a empresa, expandidas é composta por Evolutiva da Pial Legrand possui
assessoria a seus clientes desde isso possibilita a produção uma grande variedade de itens tampa flexível. A solução,
a conferência das medidas padronizada e em série, com a aplicáveis às mais variadas segundo o fabricante, simplifica
in loco à vistoria antes da redução de custos, tempo de necessidades para arquitetura, e torna as instalações mais
concretagem das lajes. execução na obra e maior construção civil, decoração, rápidas. Dispensa o corte da
Maxi Lajes controle de qualidade. entre outros. tampa nos cotovelos
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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELECOMUNICAÇÕES

FIOS ELÉTRICOS CONDUTOR FLEXÍVEL


O Cabo Flexível SIL Formado com condutores de
Brasileirinho é indicado como cobre nu e têmpera mole, o
condutor de proteção em cabo flexível Lousaflex 750 V,
instalações elétricas. O produto da Lousano, possui isolamento
tem a finalidade de ajudar na de composto termoplástico
proteção contra sobrecargas, de PVC. O material apresenta
curtos-circuitos e choques características de não-
elétricos e pode ser encontrado propagação e auto-extinção
nas seções nominais que vão de do fogo.
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INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS
TELECOMUNICAÇÕES

BARRAMENTO
O sistema Mini-Way, da
Comsystel, é um barramento ou COLETOR SOLAR
trilho eletrificado sem fio. Pode O Chuveiro Solar Popsol da
ser aplicado em instalações com Soletrol é um sistema integrado,
grande quantidade de pontos de no qual o coletor solar e o
pequena potência, como reservatório térmico são uma
supermercados, shoppings peça única ligada diretamente a
centers e outros um chuveiro elétrico de baixa
estabelecimentos comerciais potência. Em termoplástico e
e industriais. com capacidade para 125 l de
(11) 4158-2440 água, toda área do Popsol está
vendas@comsystel.com.br exposta para captação da
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INSTALAÇÕES JANELAS, PORTAS


HIDRÁULICAS E VIDROS

AQUECEDORES A GÁS ESQUADRIAS


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permitem que se escolha a prontas para instalar da
temperatura por meio do duplo Sasazaki proporcionam
sistema de regulagem. Pela economia de tempo e mão-
chama, é possível economizar de-obra.Fabricadas com aço
gás nos dias quentes, e pela especial com adição de cobre,
água, economizar água nos dispensam pintor, tinta, vidro
dias frios. e vidraceiro.
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PRODUTOS & TÉCNICAS


MÁQUINAS, VEDAÇÕES, PAREDES
EQUIPAMENTOS E E DIVISÓRIAS
FERRAMENTAS

GESSO
PÁ-CARREGADEIRA A Gesso Maia oferece serviços
A pá-carregadeira 521D, da de instalação de forros em gesso
Case, foi projetada para acartonado estruturado e
aumentar a produtividade em aramado, forros de gesso
qualquer condição de trabalho, convencionais, divisórias em
como usinas de concreto, drywall e blocos de gesso e de
cerâmica, portos de areia, revestimento interno de parede.
terraplanagem etc. Sua Gesso Maia
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OBRA ABERTA
Livros

Dimensionamento Elementar Arquitetura Inspeção Predial * Projetos Brasileiros –


Humano para Espaços Flávia Ralston Ibape-SP (Instituto Brasileiro Casos Reais de
Interiores * 136 páginas de Avaliações e Perícias de Gerenciamento
Julius Panero e Martin Zelnik Editora Victoria Books Engenharia de São Paulo) Paul Campbell Dinsmore,
320 páginas www.victoriabooks.com.br 256 páginas Américo Pinto, Adriene
Editorial Gustavo Gili Como não poderia deixar de Livraria e Editora Universitária Cavalieri, Margareth F. Santos
Vendas pelo portal ser, o livro aborda variadas de Direito Carneiro e colaboradores
www.piniweb.com.br soluções arquitetônicas que Vendas pelo portal 278 páginas
A antropometria – ou estudo remetem aos elementos da www.piniweb.com.br Brasport Livros e Multimídia
das medidas do corpo humano natureza. Assim, cada capítulo No total, são 22 os autores Fone: (21) 2568-1415
em base comparativa – se ganha o nome de um que assinam essa publicação www.brasport.com.br
aplica em projetos onde exista elemento, como ar, luz, água, encabeçada pelo Ibape-SP Motivado pela necessidade
interação entre seres madeira, terra, pedra, metal e subintitulada "Check-up de disponibilizar ao meio
humanos e os elementos que ou fogo. Neles são destacadas Predial: Guia da Boa técnico referências sobre
compõem os espaços 50 das mais de 215 obras e Manutenção". Sua produção casos empresariais
interiores. Busca ser uma aproximadamente 100 foi motivada pela verificação, originados em empresas
ferramenta referencial para o projetos realizados pela por parte dos autores, de que nacionais, a publicação
profissional envolvido com arquiteta, que está em grande parte dos problemas contou com a colaboração de
planejamento físico e atividade há duas décadas. existentes nas edificações profissionais diversos. Assim,
detalhamento de interiores, Os projetos mostrados no livro poderia ser evitada com reúne diversos casos
mas afirma que os dados são obras residenciais que inspeções e manutenções nacionais – de sucesso e
antropométricos não vêm acompanhadas de periódicas. Aborda os temas insucesso – na área de
substituem um bom projeto comentários e depoimentos relativos às anomalias mais projetos. O livro se organiza a
ou qualquer análise crítica. de clientes e parceiros de comuns verificadas em partir do agrupamento em
O livro apresenta, primeiro, trabalho da autora. edificações e descreve as temas centrais dos casos
a dimensão humana, incluindo finalidades e composições dos apresentados, sendo eles:
a teoria antropométrica sistemas construtivos. gestão de portfólio;
e a aplicação dos dados. Diz Didático e bem estruturado, o gerenciamento de escopo,
como aplicá-los a idosos e livro apresenta desde as tempo, custo, qualidade;
deficientes e a toda a gama anomalias até as gerenciamento de recursos
de tipologias físicas humanas. responsabilidades legais, humanos; gerenciamento de
Um dos capítulos, repleto incluindo até definições comunicação; gerenciamento
de ilustrações e dimensões, práticas e dicas e curiosidades de risco; e gerenciamento
aborda os mais variados sobre inspeção e manutenção. de contratos.
espaços físicos, como
escritórios e espaços públicos.

72 TÉCHNE 127 | OUTUBRO DE 2007


obra aberta 127.qxd 4/10/2007 16:34 Page 73

Cursos CD-ROM

Manual Técnico de Manual Técnico 2007 – Introdução ao Uso do Aço Co-Processamento


Aditivos para Concretos Denver Impermeabilizantes na Construção Fone: 0800-0555776
e Argamassas 162 páginas Fone: (21) 2141-0001 ABCP (Associação Brasileira
118 páginas Denver Impermeabilizantes www.cbca-ibs.org.br do Cimento Portland) e Snic
Vedacit/Otto Baumgart Fone: (11) 4741-6000 (São Para divulgar a construção em (Sindicato Nacional da
www.vedacit.com.br Paulo) ou 0800-7701604 aço, o CBCA (Centro Brasileiro Indústria do Cimento)
Além de um catálogo dos (outras regiões) da Construção em Aço) www.abcp.org.br e
aditivos para concreto e www.denverimper.com.br desenvolveu um curso à www.snic.org.br
argamassa fornecidos pela As principais dúvidas sobre distância para apresentar as A indústria nacional do
Vedacit, essa quinta edição do especificação e uso dos características do material e cimento aposta no co-
manual técnico traz um breve produtos da Denver podem ser as possibilidades de aplicação. processamento de resíduos
histórico do concreto, com sanadas por esse Manual Aborda desde a fabricação do oriundos de outras indústrias
definições, composição, Técnico, que é voltado a aço e de estruturas até os para minimizar os impactos
componentes e tipos de projetistas, especificadores, sistemas estruturais, tipos de que provocariam, caso fossem
cimento. Após essa parte compradores, aplicadores e perfis e ligações, lajes, dispostos de forma
inicial, os produtos estão fiscais. A série Dicas, que vedações e proteção das inadequada na natureza.
divididos de acordo com suas antecede o índice, foi estruturas, além de trazer Esse CD traz um vídeo de
funções. Sendo assim, os elaborada a partir das exemplos de obras e aproximadamente oito
capítulos concentram os consultas mais comuns que a comparativos de custos. Foi minutos, apresentado por
aditivos plastificantes, empresa recebe, e divide-se elaborado pelo arquiteto William Waack, que demonstra
superplastificantes, em: dicas gerais, dicas de Sidnei Palatnik e está dividido como as cimenteiras
incorporadores de ar, camadas intermediárias e em dez módulos, a serem aproveitam esses resíduos
retardadores, aceleradores, proteções mecânicas e dicas estudados em dez semanas. na produção do clínquer, a
impermeabilizantes e de preparo da superfície. O próprio arquiteto fica à matéria-prima do cimento.
polímeros, além de aditivos Cada um dos produtos é disposição dos alunos para Intitulado Co-Processamento
para argamassas e produtos apresentado a partir de sua sanar dúvidas sempre que – Contribuição efetiva da
complementares. Cada um descrição, versões fornecidas, necessário. Ao participar de indústria do cimento para a
desses capítulos conta com aplicações possíveis, 80% das atividades propostas, sustentabilidade, o vídeo pode
uma apresentação técnica que vantagens, normalização o aluno recebe um certificado ser obtido por meio do
traz a forma de atuação e a pertinente e propriedades de participação. telefone 0800-0555776 ou
função dos aditivos, gerais. Informações do e-mail dcc@abcp.org.br
explicando o que ocorre com detalhadas continuam
o concreto na presença disponíveis no Boletim Técnico
dos produtos. de cada produto, no site da
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demais cidades) www.LojaPINI.com.br

73
obra aberta 127.qxd 4/10/2007 16:34 Page 74
obra aberta 127.qxd 4/10/2007 16:34 Page 75
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AGENDA
Seminários e concreto expostos ao fogo. 9 a 12/12/2007
Fone: 351 239797245 Comat 2007 – IV Conferência
conferências E-mail: lurdes@dec.uc.pt Internacional em Ciência e
5 a 9/11/07 http://fib2007.dec.uc.pt Tecnologia de Materiais Compósitos
14o Cobreap Rio de Janeiro
Salvador 12 a 14/11/2007 O evento discutirá pesquisas e aplicações
A 14a edição do Congresso Brasileiro de 4o Encontro Nacional e II Encontro de materiais compósitos nos países da
Engenharia de Avaliações e Perícias Latino-Americano sobre Edificações América Latina.
manterá a tradição de divulgar e Comunidades Sustentáveis E-mail: toledo@coc.ufrj.br
conhecimentos e técnicas da área e Campo Grande www3.coc.ufrj.br
também abordará o relacionamento com A Antac (Associação Nacional de
a sociedade e com as entidades e Tecnologia do Ambiente Construído)
instituições. Serão debatidas propostas de promove o encontro para discutir
Feiras e Exposições
ações corporativas de divulgação e de alternativas que minimizam impactos 24 a 26/10/2007
valorização das especialidades junto ao negativos que a prática da construção Abrafati 2007
público externo. vem provocando no ambiente. O tema do São Paulo
Fone: (71) 2102-6611 evento é "Construindo a A décima edição do evento mobiliza a
E-mail: rdeventos@rdeventos.com.br multidisciplinaridade na ação". cadeia de produção e distribuição de
www.xivcobreap.com.br www.elecs2007.com tintas para a Exposição Internacional de
Fornecedores para Tintas e o Congresso
5 a 7/11/2007 19 a 21/11/2007 Internacional de Tintas.
Latingalva – Congresso Latino- 13o CBENC – Congresso Brasileiro de E-mail: congresso@abrafati.com.br
Americano de Galvanização Engenheiros Civis www.abrafati.com.br
São Paulo Fortaleza
O ICZ (Instituto de Metais Não Ferrosos) O 13o CBENC reunirá profissionais e 25 a 28/10/2007
organiza o evento, que reunirá profissionais estudantes de engenharia civil com o Construsul Acabamento e Iluminação
do setor de galvanização, engenheiros da objetivo de analisar e debater realizações Porto Alegre
construção, fornecedores, representantes e potenciais dos diversos segmentos A feira, um dos maiores encontros de
de órgãos públicos, arquitetos, químicos da área. negócios da região Sul, reunirá indústrias
entre outros. A intenção é o intercâmbio de Fone: (85) 3261-1111 de acabamento, revestimento e iluminação.
informações tecnológicas sobre os mais E-mail: 13cbenc@ikone.com.br Fone: (51) 3347-8787
variados aspectos da galvanização, www.abencce.com.br www.feiraconstrusul.com.br
envolvendo produção, comercialização,
desenvolvimento sustentável e 22 e 23/11/2007 13 a 17/11/2007
meio ambiente. 2o Congresso Nacional de Construir 2007 – Feira Internacional da
Fone: (11) 3214-1311 Argamassas de Construção Construção, Engenharia e Arquitetura
E-mail: luciana.navarro@icz.org.br Lisboa Rio de Janeiro
www.icz.org.br/latingalva O congresso reunirá fabricantes, A Construir reunirá empresas e
pesquisadores, projetistas e demais profissionais do setor de construção de
8 e 9/11/2007 profissionais do setor de argamassas para todo o País.
Fire Design of Concrete Structures – debater as atuais tendências e o Fone: (21) 2178-2315
from materials modelling to desenvolvimento de novos produtos. www.feiraconstruir.com.br
structural performance Haverá a apresentação de trabalhos
Coimbra (Portugal) lusitanos da área. Especialistas de Angola,
Realizado pela Universidade de Coimbra, Brasil, Moçambique, Espanha, França e
Cursos e Treinamentos
reunirá renomados especialistas para Alemanha estarão presentes. 5 e 6/11/2007
partilhar idéias e conhecimentos do geral@apfac.pt Revestimento de argamassa e
comportamento de estruturas e do www.apfac.pt cerâmico

76 TÉCHNE 127 | OUTUBRO DE 2007


agenda anun ok.qxd 4/10/2007 16:23 Page 77

São Paulo adequação da arquitetura ao clima, (Universidade Federal do Paraná) e tem


Realizado pela Inovatec Consultores principalmente na decisão de questões a proposta de colocar em questão a
Associados, o curso detalha a execução sobre conforto térmico, determinação da discussão científica entre as linhas de
dos revestimentos de argamassa e carga térmica global dos ambientes, pesquisa relacionadas à gestão do
cerâmicos em obras de grande porte. avaliação dos potenciais de resolução dos processo de projeto de edifícios e as
Serão apresentados desde os cuidados problemas térmicos por meio de experiências desenvolvidas no
com a logística da obra até a aplicação estratégias passivas de projeto, diretrizes mercado. Para isso, convida
final dos materiais. para dimensionamento correto da carga pesquisadores, acadêmicos e
Fone: (11) 3644-3038 térmica de ar-condicionado e ventilação profissionais envolvidos na Indústria
www.inovatecconsultores.com.br mecânica (quando necessárias) e, da Construção Civil.
evidentemente, a avaliação das exigências www.cesec.ufpr.br/workshop2007
12 e 13/11/2007 humanas e funcionais para conforto de
Arquitetura e Hospitais, Clínicas e verão e inverno avaliadas por meio 6 e 7/12/2007
Laboratórios objetivo de índices de conforto. Estruturas e Fachadas em Pré-
Maceió Fone: (11) 2626-0101 moldados
O curso analisa a metodologia do projeto cursos@aeacursos.com.br Brasília
arquitetônico hospitalar, estabelece www.aeacursos.com.br O curso irá fornecer parâmetros para o
processos e métodos de projeto e montagem de estruturas pré-
dimensionamento do edifício, do setor de 4 a 7/12/2007 moldadas e painéis arquitetônicos de
ADT (Apoio ao Diagnóstico e Terapia) e Tudo sobre a Lei 8.666 e Resoluções fachadas.
das instalações e dos custos hospitalares. Sistema Crea/Confea Fone: (11) 2626-0101
Fone: (11) 2626-0101 São Paulo cursos@aeacursos.com.br
www.aeacursos.com.br A AEA (Academia de Engenharia e www.aeacursos.com.br
Arquitetura) realiza curso com
22/11/2007 informações atualizadas de projeto básico Gestão de construções metálicas
Gerenciamento de Riscos de Natureza e executivo, elaboração de orçamento, 8 a 15/12/2007
Tributária no Setor Imobiliário editais/convite, execução, gestão e São Paulo
São Paulo fiscalização de obras e serviços de Abrange aspectos da gestão e da
O curso instruirá sobre os riscos de engenharia – conforme resoluções e atos fiscalização de projetos, de fabricação,
natureza tributária envolvidos nos do sistema Crea/Confea. de logística e da montagem de
negócios imobiliários. Haverá destaque Fone: (11) 2626-0101 estruturas de aço.
para a tributação específica da construção cursos@aeacursos.com.br Fone: (11) 3816-6597
civil, a responsabilidade solidária e a www.aeacursos.com.br www.abcem.org.br
substituição tributária.
Fone: (11) 3334-5600 6/12/2007 10 a 14/12/2007
E-mail: treina@sindusconsp.com.br Gestão Tributária na Construção Instalação de Sistemas Drywall
www.sindusconsp.com.br Civil – Incluindo o Super Simples na São Paulo
Construção Civil O Centro de Treinamento Senai e a Knauf
29/11/2007 São Paulo oferecem curso de capacitação de
Treinamento Teórico e Prático: O curso oferecerá metodologia de instaladores.
Tecnologias de Impermeabilização trabalho para administrar a vida Fone: (11) 6191-6176
Tamboré (SP) empresarial com o menor custo fiscal www.knauf.com.br
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Virginia Pezzolo
virginia@proassp.com.br
COMO CONSTRUIR diretora da consultoria de
impermeabilização da Proassp

Impermeabilização
com manta asfáltica
tualmente o material mais co-
A mum para execução de imper-

Fotos: acervo pessoal de Virginia Pezzolo


meabilização de lajes é a manta asfál-
tica. Dispomos no mercado de diver-
sos tipos de manta variando sua com-
posição, espessura e tipo de estrutura.
Esses fatores influem diretamente
no seu desempenho. As mantas asfál-
ticas devem atender à norma brasilei-
Foto 1 – Molhar a superfície com água Foto 2 – Espalhar a mistura
ra NBR-9952/07 da ABNT.
e adesivo acrílico
É importante levar em conta as di-
mensões da área a ser impermeabiliza-
da e tipo de estrutura, de modo a per-
mitir a escolha do tipo de manta mais
adequado para cada caso. Também
deve-se levar em conta a vida útil dese-
jada para o sistema, pois em função
desta e do tamanho da área é recomen-
dável a utilização de dupla camada.
Esses fatores normalmente são
Foto 3 – Execução da argamassa Foto 4 – Sarrafeamento
definidos no projeto de imper-
meabilização, que é orientado pela
NBR-9575/03.
Basicamente, a aplicação da manta
asfáltica pode ser feita por colagem
com asfalto quente ou a maçarico.

Etapas de execução
Regularização da superfície
Após limpeza adequada da super-
fície e preparação das mestras, execu-
Foto 5 – Superfície após a imprimação Foto 6 – Asfalto para aderência de manta
ta-se a regularização com argamassa
de cimento e areia (fotos 1 a 4), traço
1:3 + adesivo acrílico (10%) na água Imprimação Aplicação de manta aderida com asfalto
de amassamento. A mesma deverá Após regularizar a superfície, deve- Após a completa secagem do pri-
apresentar caimento de 1% nas áreas se aguardar a secagem (no mínimo 48 mer, deve-se fixar a manta asfáltica
externas e 0,5% nas áreas internas. A horas) e, em seguida, fazer a imprima- aderida com asfalto oxidado a quen-
superfície a ser regularizada deve ser ção da área utilizando primer forneci- te (3 kg/m3)(fotos 6 e 7). Nas emen-
molhada previamente com água e do pelo fabricante com consumo apro- das, as mantas deverão ser sobrepos-
adesivo acrílico. ximado de 0,5 l/m3 (foto 5). tas em 10 cm.

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COMO CONSTRUIR

Foto 7 – Manta aderida com asfalto com Foto 8 – Aplicação de manta aderida Foto 9 – Preparação da manta para
dupla camada com emendas defasadas a maçarico aplicação da segunda camada

Foto 10 – Emendas defasadas Foto 11 – Teste de lâmina d'água Foto 12 – Colocação da camada
separadora sobre a manta

Foto 13 – Execução de proteção mecânica Foto 14 – Junta entre quadros Foto 15 – Proteção mecânica em quadros
em quadros
Camada separadora
Sobre a impermeabilização, colo-
car camada separadora composta por
papel kraft, filme de polietileno ou si-
milar (foto 12).

Trânsito normal
Nesse caso, executa-se uma argamas-
Foto 16 – Detalhe da colocação de Foto 17 – Vista da proteção mecânica sa de cimento e areia com traço 1:4. De-
isolamento na tela soldada para para trânsito pesado após a execução verá ser prevista a execução de juntas lon-
posterior concretagem do pavimento dos quadros gitudinais (mínimo 1,50 m x 1,50 m) e
transversais na argamassa (fotos 13 a 15).
Aplicação de manta asfáltica aderida Teste de lâmina d'água
a maçarico De acordo com a NBR 9575/03 Trânsito pesado
Após a completa secagem do pri- – Impermeabilização – Seleção e Executa-se uma camada de con-
mer, colar a manta com o uso de ma- Projeto, após a conclusão da im- creto, com espessura mínima de 7 cm,
çarico (fotos 8 a 10). As emendas de- permeabilização, deve-se fazer o estruturada com tela soldada. Deverá
verão ter sobreposição de 10 cm. No teste de lâmina d'água, por um pe- ser prevista a execução de juntas de re-
caso de aplicação de manta dupla, ríodo de 72 horas, para posterior tração (quadros com dimensão míni-
essas deverão ser aplicadas no mes- verificação da estanqueidade da ma de 4 m x 4 m) e dilatação (perime-
mo sentido, com emendas defasadas. impermeabilização (foto 11). trais) (fotos 16 e 17).

80 TÉCHNE 127 | OUTUBRO DE 2007

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